Content uploaded by Raquel Janissek-Muniz
Author content
All content in this area was uploaded by Raquel Janissek-Muniz on May 02, 2019
Content may be subject to copyright.
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
1
A dimensão de Inovação em estudos sobre Inteligência no contexto da Gestão Pública
Autoria: Claudia Melati, Raquel Janissek-Muniz, Fernanda Maciel Reichert
Resumo: Tópicos relacionados a Inteligência têm ganho importância cada vez mais crescente
tanto no meio acadêmico como organizacional. Dentre as linhas de interesse, estudos recentes
têm buscando analisar de que forma se estabelece o processo de Inteligência e quais as
dimensões inerentes no contexto da Gestão Pública. Dentre estas dimensões encontra-se a
inovação, ora em forma de output do processo de Inteligência, ora como input para alavancar
formas de Inteligência em Governo. A compreensão das duas formas da dimensão de inovação
se apresenta como uma oportunidade de estudo. Assim, optou-se pela realização de entrevistas
com Gestores Públicos visando identificar de que forma reconhecem a dimensão de inovação
nas atividades de Inteligência em Governo. Resultados sugerem que há o reconhecimento da
importância do monitoramento do ambiente e da efetiva utilização de dados e informações para
a inovação na gestão pública, bem como, desta para o desenvolvimento da atividade de
inteligência na gestão.
Palavras-chave: Inteligência, Gestão Pública, Inovação
INTRODUÇÃO
Pressupostos mais gerenciais e menos burocráticos na Administração Pública estão
sendo buscados desde meados dos anos 90 a partir do processo de modernização administrativa
(Abrucio, 1997; Batista, 2012; Pereira, 1996; de Paula, 2005; Klering et al., 2010). Para Ribeiro
et al. (2013), as reformas da administração pública contribuíram para melhorar a capacidade de
decisão política e para a descentralização do Estado, com a implementação da coordenação
horizontal e modernização do potencial humano de gestão. A tendência está na construção de
uma administração pública mais participativa, eficiente e integrada em rede (de Paula, 2005;
Secchi, 2009; Capobiango et al., 2013), propiciando uma melhor gestão pública na entrega de
serviços à sociedade.
Johnston & Hansen (2011) argumentam que, para aumentar as enormes capacidades
coletivas de indivíduos em organizar, interagir e governar, a fim de superar os desafios sociais
complexos, eles precisam de uma infraestrutura de Governo Inteligente, que é tanto mais ágil e
mais eficiente do que os paradigmas do governo atual. Além disso, os profissionais do Governo
devem compreender como uma operação mais eficiente, eficaz, transparente e colaborativa na
gestão e prestação de serviços leva a um Governo mais inteligente e usar o entendimento para
desenvolver estratégias para formar um Governo mais “Smart” (Nam & Pardo, 2014).
A temática de Inteligência possui algumas questões peculiares do contexto público em
relação ao setor privado mas estudos (Cepik, 2005, 1997; Desouza, 2005; Johnston & Hansen,
2011; Gil-Garcia; Pardo & Aldama-Nalda, 2013; Jiménez; Solanas & Falcone, 2014; Linders;
Liao; Wang, 2015; Viorel & Radu, 2015) ressaltam a importância da realização contínua de
monitoramento de ambiente e análise de dados em Governo.
Dentre as dimensões que caracterizam inteligência em governo, encontra-se a inovação
como fundamental para o processo, uma vez que permite que um governo se torne mais
inteligente, incorporando continuamente maneira novas e aprimoradas de fornecer serviços e
conduzir operações de governo (Gil-Garcia et al., 2016). A aplicação de Tecnologias da
Informação e Comunicação através do Governo Eletrônico pode ser considerada como meio e
uma das principais fontes para a mudança, transformação e inovação em Governo (Wang et al.,
2016; Wahono, 2016; Juniawan et al., 2017).
Segundo relatório da OCDE (2017), o esforço dos governos pela melhoria contínua está
no centro da inovação, e para maximizar o potencial de inovação é preciso que a gestão pública
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
2
tenha em mente quatro questões transversais: inovação como sinal de prioridade; permitir
conexões além do governo; promover a confiança através da transparência e capacidade de
resposta e, por fim, buscar parcerias com todas as partes relevantes da sociedade.
Assim, este trabalho busca identificar de que forma se estabelece a abordagem teórica
sobre inovação em estudos sobre Inteligência no contexto da gestão pública, visando contribuir
para a consolidação do papel de tal dimensão nas atividades de Inteligência em Governo.
O artigo está organizado em quatro seções, iniciando com revisão teórica sobre o papel
da dimensão de inovação em estudos sobre inteligência no contexto de gestão pública. A
terceira seção estabelece o método utilizado na presente pesquisa, seguida dos resultados da
aplicação do referido método de análise de pesquisa. Finalmente, as discussões, conclusões e
direcionamentos do estudo são apresentadas.
2. INOVAÇÃO E INTELIGÊNCIA NO CONTEXTO DA GESTÃO PÚBLICA
Inteligência na Gestão Pública
Inteligência na gestão pública está relacionada com o uso de informações e
conhecimentos sistematizados, personalizados e oportunos para a tomada de decisão (Rezende,
2012), ainda auxilia o gestor público a lidar com a complexidade e incertezas do ambiente
através da coordenação, envolvimento continuado, acesso a dados abertos e informações
compartilhadas (Gil-Garcia et al., 2014; Scholl e Scholl, 2014) e por fim, busca aproveitar,
efetivamente, as habilidades e conhecimentos que muitas vezes estão latentes na multidão
(Johnston e Hansen, 2011).
Por muitos anos, um número relevante de estudos sobre inteligência na gestão pública
teve como como foco central a área de segurança nacional (Herman, 1996; Cepik, 2005;
Desouza, 2005; De Paula & Rover, 2012), no decorrer dos anos, estudos (Johnston & Hansen,
2011; Gil-Garcia et al., 2014; Scholl & Scholl, 2014) aumentaram a abrangência do conceito
de Inteligência em Governo, surgindo questões mais relacionadas à eficiência da atividade
pública, bem como a entrega de serviços públicos de qualidade para a sociedade, e a
participação desta como agente de mudança social, a partir das informações advindas do
ambiente.
As informações advindas do ambiente são apontadas como impulsionadoras da tomada
de decisão gerencial (Davenport, 1998; Choo, 2002; Janissek-Muniz; Lesca; Freitas, 2007;
Andriotti; Freitas; Janissek-Muniz, 2008; De Paula; & Rover, 2012), havendo a necessidade de
um monitoramento do ambiente externo ao qual a organização pertence, visando melhor
conhecer este ambiente a partir da interpretação seletiva das informações.
Estudos sobre atividades de Inteligência na gestão pública ressaltam a influência do uso
de Tecnologias da Informação e Comunicação em Governo (Johnston & Hansen, 2011; De
Paula & Rover, 2012; Gil-Garcia et al., 2013; Scholl & Scholl, 2014; Gil-Garcia, Zhang &
Puron-Cid, 2016). As Tecnologias de Informação são utilizadas para uma série de finalidades
em Governo: coleta de dados, que poderão ser usados para tomar melhores decisões e melhor
prestação de serviços (Gil-Garcia et al., 2013); auxílio da disseminação de dados como
estratégia para ajudar a reduzir a exclusão social e promover a justiça social (Gil-Garcia et al.,
2016); além de poder impulsionar uma mudança transformadora no Governo (Linders; Liao &
Wang, 2015).
Para Scholl e Scholl (2014), a informação acionável e onipresente, juntamente com suas
tecnologias subjacentes, são os pré-requisitos substanciais para o desenvolvimento de modelos
de Governo Inteligente, no qual as instituições governamentais inteligentes são abertas e ágeis,
bem como, adotam a participação dos interessados em colaborar em todos os níveis e ramos
do processo de governo. Liu e Zheng (2015), caracterizam Governo Inteligente no sentido de
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
3
entrega de serviços ao cidadão, além da eficiência e eficácia dos serviços prestados e na
resolução de questões de governo e sociedade, através da colaboração interdepartamental.
Ainda, atividades de Inteligência em Governo podem ser identificadas através de
múltiplas dimensões da Inteligência, cada dimensão podendo contribuir individualmente ou de
forma integrada para o desenvolvimento de um Governo mais inteligente (Gil-Garcia et al.,
2016). Segundo esses autores, Inteligência deve ser conceituada de forma ampla e
multifacetada.
Segundo Gil-Garcia et al. (2016), a capacidade de gestão de dados, o processamento de
informação e a partilha de informação através das Tecnologias de Informação e Comunicação
são considerados fatores chaves para as parcerias e as comunicações inter- organizacionais entre
várias entidades relacionadas com as iniciativas de Inteligência na Gestão Pública.
Corroborando com esta ideia dos autores, Scholl e Scholl (2014) delinearam um conjunto de
elementos governamentais inteligentes: abertura e tomada de decisão, a partilha de informação
aberta e o uso das informações, participação das partes interessadas e colaboração, a fim de
melhorar as operações e serviços governamentais, todos através do uso de tecnologias
inteligentes, agindo como um facilitador de inovação, sustentabilidade, competitividade e
habitabilidade.
Ressalta-se, ainda, outros pontos chaves sobre Inteligência em Governo:
infraestrutura de Governo Inteligente é necessária para aproveitar, efetivamente, as
habilidades e conhecimentos que muitas vezes estão latentes na multidão (Johston &
Hansen, 2011);
o ambiente no qual o Governo está envolvido é complexo, com muitos dados e
informações sobre diversas áreas como segurança, saúde, educação (Cepik, 2005;
Desouza, 2005);
as Tecnologias da Informação e Comunicação são utensílios e ferramentas que auxiliam
no processo de gestão, organização, tratamento e disseminação da informação e
construção do conhecimento para as organizações (De Paula; & Rover, 2012),
potencializando uma melhor tomada de decisão, uma melhor prestação de serviços por
parte do Governo e potencializando questões de inovação, sustentabilidade e
competitividade (Gil-Garcia et al., 2013; Scholl & Scholl, 2014).
Diante do exposto, a partir da análise de trabalhos sobre Inteligência na Gestão Pública,
foi possível elencar dimensões importantes advindas da atividade de Inteligência. Dentre as
referidas dimensões, é possível destacar a utilização de dados e informações para a tomada de
decisão com base em evidência dos gestores públicos, visando dentre outros objetivos, a
inovação nos processos de gestão e consequentemente na prestação de serviço à sociedade.
Dimensão de Inovação nas atividades de Inteligência na gestão pública
Inovação em governo significa encontrar novas maneiras de impactar a vida dos
cidadãos e novas abordagens para ativá-los como parceiros para moldar o futuro juntos. Além
disso, envolve superar antigas estruturas e modos de pensar, abraçando novas tecnologias e
ideias e os governos estão transformando a maneira como trabalha para garantir o potencial de
inovação (OCDE, 2017). Para Mulgan & Albury (2003), a inovação no setor público pode ser
simplesmente entendida como novas ideias postas em práticas. Enquanto que para Hartley
(2005), a inovação pode ser representada através de um produto, serviço, processo (novas
formas de reorganização e redesenho das atividades organizacionais), posição (novos
contextos), estratégia (novas metas ou propósitos), governança (novas formas de engajamento
cidadão e instituições democráticas) e retórica (nova linguagem).
Dentre as atividades para superar antigas estruturas e modos de pensar, encontra-se o
processo de tornar o Governo mais Inteligente, ou seja, o Governo que pode ser descrito como
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
4
uma mistura de tecnologia e inovação, e identificado como uma parte vital da transformação
que está ocorrendo, por exemplo, em relação ao desenvolvimento de cidades inteligentes
(Juniawan et al., 2017), ainda, pode ser caracterizado como Governo 3.0, ou seja, uma nova
iniciativa de inovação no setor público que estimula a colaboração entre os governos e a
inteligência coletiva, visando melhorar a qualidade da formulação e implementação de políticas
e resolvendo problemas públicos de uma nova maneira (Nam, 2016).
Dentre os principais mecanismos básicos e facilitadores das atividades de inteligência
na gestão pública e consideradas as premissas de inovação básicas para tal atividade está o
desenvolvimento e utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em
Governo. Gil-Garcia et al. (2014), aponta Governo Inteligente como um termo que descreve as
atividades que investem em emergentes tecnologias como estratégias inovadoras para alcançar
mais agilidade e estrutura de governo, visando melhorar a vida dos cidadãos. Corroborando
com o autor, Pereira et al. (2017) argumentam que ao utilizar as TIC de forma inovadora, os
governo podem melhorar a prestação de serviço e a interação com as partes interessadas.
Wang et al. (2016) apontam que, sob o pano de fundo da cidade inteligente que varre o
contexto global como uma nova forma de administração pública e uma parte importante da
reinvenção do governo, a aplicação de TIC tem sido considerada uma das principais fontes de
mudança e inovação em Governo. Para Katelaris (2015), as inovações em TIC são pressuposto
para a gestão eficiente de recursos que levarão o esforço para cidade mais inteligentes,
otimizando infraestruturas, serviços e meio ambiente. Ainda, para Wahono (2016), realizar a
inovação no serviço público está diretamente relacionado a aplicação de TIC, uma vez que
deixa o serviço público mais acessível e também o acesso aberto a dados e informações.
Estudos de caso realizados em relação às atividades de inteligência em governo,
ressaltam o desenvolvimento e o uso da TIC como soluções que representam inovação na gestão
pública, por exemplo, Lee et al. (2013) enfatizam o aprimoramento da capacidade de
inteligência do governo de Taiwan a partir de uma processo de serviço ativo, integrando
informações governamentais e auxiliando na construção de tecnologias inovadoras. Yang et al.
(2017) ressaltam a importância do desenvolvimento de comunidade inteligente em governos
locais para auxiliar na inovação da cidade, ou ainda, Netten et al. (2016) que desenvolveram
um framework visando a exploração de dados relevantes gerados por soluções de TIC para o
sistema de justiça criminal holandês visando obter insights sobre o funcionamento do sistema.
Já para Gil-Garcia (2013), a concepção de uma cidade inteligente é a inovação do setor público
habilitada pela utilização de TIC em ambientes urbanos.
Algumas palavras-chave relacionadas à atividade de inteligência em governo ou na
expectativa de cidades inteligentes são inovação, laboratórios de inovação, inovação no setor
público e fomento de indústrias de alta tecnologia (Gascó, Trivellato, & Cavenago, 2016;
Premat, 2016; Gil-Garcia et al., 2016).
Assim, através de revisão de literatura e conforme modelo abaixo, a dimensão de
inovação pode se apresentar ora em forma de output das atividades de inteligência, ora como
input para o desenvolvimento inteligência na gestão pública.
Figura 1: Dimensão de inovação em Inteligência na Gestão Pública
Fonte: elaborado pelas autoras (2019)
Inovação atrelada a questões
de desenvolvimento de novas
Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) na Gestão
Pública como input das
atividades de inteligência.
Inteligência na
Gestão Pública
Inovação atrelada a melhoria
de processos; insights para
novas políticas públicas; novas
formas comunicação governo
e sociedade como exemplos de
output das atividades de
inteligência.
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
5
Conforme Figura 1, a dimensão de inovação como input da atividade de inteligência
está relacionada, principalmente, à utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação
como mecanismo facilitador da coleta e disseminação de dados e informações em Governo,
facilitando a organização da imensa quantidade de dados armazenados e processados para
utilização no desencadeamento da atividade pública. Por sua vez, a dimensão de inteligência
como output das atividades de inteligência, pode-se destacar os benefícios atrelados a maior
utilização de dados e informações advindos do ambiente para melhoria dos processos e
estruturas organizacionais, novas formas de comunicação entre governo e sociedade e insights
para novas políticas públicas, como principais resultados da inovação facilitadas pela atividade
de inteligência em governo.
Diante do exposto, a partir da presente revisão teórica, evidencia-se uma estreita
proximidades entre as atividades de inteligência e a dimensão de inovação em Governo. Assim,
buscou identificar o entendimentos de gestores públicos sobre a referida relação através dos
procedimentos metodológicos abaixo descritos.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Considerando o objetivo deste artigo de identificar a forma que se estabelece a
abordagem teórica em relação à inovação em estudos sobre Inteligência no contexto da gestão
pública, optou-se pela abordagem qualitativa e exploratória uma vez que “um dos principais
benefícios da pesquisa qualitativa é que ela permite que um pesquisador veja e compreenda o
contexto no qual as decisões e ações ocorrem” (MYERS, 2013, p. 5). Além disso, segundo o
autor, pesquisadores qualitativos argumentam que, se você quiser entender as motivações das
pessoas, suas razões, suas ações e o contexto de suas crenças e ações de forma aprofundada, a
pesquisa qualitativa é a escolha adequada. Dentro desta linha, a pesquisa exploratória é também
indicada, uma vez que “um dos principais benefícios da pesquisa qualitativa é que ela permite
que um pesquisador veja e compreenda o contexto no qual as decisões e ações ocorrem”
(MYERS, 2013, p. 5).
Nesta pesquisa, após revisão da literatura através de busca em bases de dados eletrônicos
como Capes, Scielo, Science Direct e Web of Science, sobre o conceito de Inteligência na gestão
pública, foram consolidadas dimensões importantes, como a inovação, e auxiliou na
determinação de um conjunto de elementos que embasaram um roteiro para a realização de
entrevistas junto a Gestores Públicos. Segundo Triviños (1987), a entrevista semiestruturada
tem como característica, questionamentos básicos que são apoiados em teorias que se
relacionam com o tema da pesquisa. Para o autor, a entrevista semiestruturada favorece não só
a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua
totalidade, bem como manter a presença consciente e atuante do pesquisador no processo de
coleta de informações.
Com base no roteiro, foram realizadas 12 (doze) entrevistas com Gestores Públicos
pertencentes a duas Secretarias de um dos Estados do Sul do Brasil que são transversais, ou
seja, que tenham vinculação com os demais Órgãos do Estado, nos meses de maio e junho de
2018, com duração média de 30 minutos. Os entrevistados foram escolhidos por facilidade de
acesso e por indicação conforme se realizaram as referidas entrevistas, desde que atendessem
ao requisito de exercer atividade de gestão em seus respectivos Órgãos. Dentre os 12 (doze)
entrevistados, 66% são homens, 33% possuem mais de 20 anos de serviço público e 55%
possuem cargo de direção junto aos Órgãos, e desenvolvem suas atividades em diferentes
setores.
Como no contexto da administração pública são inúmeras áreas de atuação, desde
atividade vinculas à gestão da própria máquina pública como aquelas vinculadas a prestação de
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
6
serviço público junto à Sociedade, optou-se por não distinguir gestores públicos de uma área
específica. Para estabelecimento do contato para realização das entrevistas, foi realizado
contato via e-mail ou telefônico com os gestores públicos identificados, indicando os objetivos
da pesquisa, o assunto e a duração previstos para as entrevistas. Ao realizar as entrevistas, foram
observados e registrados os aspectos (textuais e também percepções) que se destacaram no
decorrer da conversa; por fim, foi realizada a transcrição de cada entrevista, na sua totalidade.
Para os procedimentos de análise de dados, optou-se pelo uso da técnica de análise de
conteúdo. Conforme Bardin (2011, p. 48), é possível definir o termo análise de conteúdo como
“um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou
não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção
(variáveis inferidas) dessas mensagens”.
Assim, os dados foram coletados, organizados e analisados em arquivos de texto e
planilhas eletrônicas. A partir da análise de dados, foi realizada a consolidação dos resultados
do trabalho, bem como, as conclusões da referida pesquisa, expostas a seguir.
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Primeiramente, através do desenvolvimento da fundamentação teórica, evidenciou-se a
importância da dimensão de inovação ora como input, ora como output da atividade de
inteligência na gestão púbica. Com o objetivo de consolidar tais achados teóricos, buscou-se,
através da realização de entrevistas com gestores público, compreender de que forma tal
dimensão é entendida e aplicada na prática de atividades de inteligência na gestão pública.
Corroborando com o exposto na fundamentação teórica, a partir da análise das
entrevistas, foi possível compreender que a maior parte dos gestores públicos participantes do
estudos reconhecem a importância da utilização de dados e informações, para qualificar a tomada
de decisão; auxiliar o gestor público a lidar com as complexidades e incertezas do ambiente; para
aproveitamento das habilidade e conhecimentos advindos da sociedade e como mecanismo de
inovação junto à gestão pública (Johnston e Hansen, 2011; Rezende, 2012; Gil-Garcia et al.,
2014; Scholl e Scholl, 2014; Juniawan et al., 2017).
Para o entrevistado E8, a atividade de inteligência está relacionada diretamente a
questões de inovação na gestão pública. O gestor aponta que a inovação, ressaltando o
desenvolvimento da área de Tecnologia da Informação e Comunicação para tratamento de
dados e informações advindos do ambiente, desencadeia uma série de outras mudanças na
gestão pública. Da mesma forma, o entrevistado E3 expõe que já há uma exposição maior da
dimensão de inovação na gestão pública a partir do aproveitamento de dados e informações no
desenvolvimento de uma governo mais “smart”, mas ressalta que a gestão pública está muito
longe de uma gestão baseada em inovação.
Da mesma forma que as evidências teóricas apontam para a importância e ênfase na
utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismos facilitadores do
desenvolvimento de atividades de inteligência em Governo ((Johnston & Hansen, 2011; De
Paula & Rover, 2012; Gil-Garcia et al., 2013; Scholl & Scholl, 2014; Gil-Garcia, Zhang &
Puron-Cid, 2016), quando questionados sobre a dimensão de inovação em atividade de
inteligência, os gestores ressaltaram questões relacionadas a produção e disseminação de dados
e informações influenciadas pelo uso de TIC na gestão pública.
O entrevistado E12, ao pensar em inovação na gestão pública e ao utilizar o exemplo da
implantação da Nota Fiscal Eletrônica, ressalta a importância da utilização de TIC para o
monitoramento, tratamento e utilização de dados como uma meio de aplicação de inovação em
governo. Outro processo ressaltado pelo referido gestor público, está relacionado a facilidade,
através do uso de TIC, para tratamento de dados do Sistema Único de Saúde - SUS, por
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
7
exemplo, com o qual é possível obter informações sobre cada paciente do SUS Brasil, tratar os
dados e deste melhorar o processos, as políticas pública, inovar na gestão da saúde pública. Tal
análise corrobora com os achados na teoria, no qual a inovação em TIC na gestão pública se
apresenta como input facilitador das atividade de inteligência na gestão, que ao adquiri,
processar e utilizar dados e informações, entrega para a sociedade novas e aprimoradas políticas
públicas nas mais diversas áreas de atuação.
O entrevistado E9 ressalta a importância do monitoramento do ambiente externo, por
exemplo o relacionado a mudanças e evoluções tecnológicas que são acompanhadas pela
administração pública, visando um permanente aprimoramento e a inovação na instituição, uma
vez que os fatos e informações oriundas do ambiente externo podem ser determinantes para a
tomada de decisão, bem omo, para o desenvolvimento de iniciativas, projetos e políticas
públicas.
Mas, segundo Anthopoulos et al. (2016) não são apenas inovações baseadas em TIC que
auxiliam no desenvolvimento, por exemplo, de cidades inteligentes para melhorar a vida local
de cada cidadão. Iniciativas de inovação na gestão pública podem estar relacionadas ao
aprimoramento da estrutura, dos processos, da colaboração entre governos e a inteligência
coletiva, dentre outros fatores (Nam, 2016; Juniawan et al., 2017).
Justamente a necessidade de aprimoramento de processos e estruturas internas da gestão
pública apontam como áreas importantes para que o governo possa utilizar a potencialidade de
dados e informações para inovação na gestão. “Há necessidade de resolvermos questões básicas
de estrutura para aproveitar dados e informações no desenvolvimento de um governo mais
“smart”” (Entrevistado E3). Para o referido gestor público, há dificuldade de resolver na
administração pública questões internas mais simples e acaba-se atribuindo a soluções
miraculosas, que não necessariamente vão resolver os problemas, a inovação em governo.
Para o entrevistado E10, a inovação em processo, por exemplo, pode ser compreendida
e hoje é utilizada na gestão pública quando do planejamento e roteador estratégico de uma
divisão de trabalho na qual há um monitoramento de ambiente através da busca de
benchmarking, buscando o que há de melhor para aprimorar o processo do referido setor. O
entrevista E2 expõe que no processos de compras públicas tem se buscado a eficiência na
administração e gestão, com olhar em relação aos dados e informações advindos do ambiente,
através de realização de benchmarking para inovar e trazer agilidade ao processo sem o risco
inerente da própria atividade.
Já para o entrevistado E1, uma das grandes dificuldades de inovar a partir das atividades
de inteligência está diretamente relacionado a cultura não colaborativa entre
divisões/departamentos do setor público, uma vez que há resistência quanto à aceitação de
propostas e soluções advindas de setores diversos. Para o referido gestor, são raras as iniciativas
de cooperação entre os entes da gestão pública no sentido de criar soluções inovadoras em
processos internos e políticas públicas.
Corroborando com o exposto, para o entrevistado E11, a dimensão de inovação é
dificultada pela cultura inerente da atividade pública, umas vez que o servidor parece ficar
limitado à lei, muito relacionado ao receito de ultrapassar os limites impostos pela legislação,
o que acaba por tolher a criatividade e a produção de conhecimento inovador na gestão pública.
Conforme exposto no desenvolvimento do presente estudo, há iniciativa importantes e
interessantes nas quais se apresenta a dimensão de inovação como input ou output das
atividades de inteligência na gestão pública. Entretanto, evidencia-se que conforme
Entrevistado E5 “ainda são muito incipientes questões relacionadas à inovação na gestão
pública a partir de atividades de inteligência”.
Os resultados sugerem que há o reconhecimento da importância do monitoramento do
ambiente e da efetiva utilização de dados e informações para a inovação na gestão pública, bem
como, da importância da inovação, principalmente relacionada à Tecnologia da Informação e
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
8
Comunicação para o desenvolvimento da atividade de inteligência na gestão, mas que há uma
caminho cultural e estrutural a ser alcançado para utilizar todo potencial das atividades de
inteligência para a inovação na entrega da gestão pública à sociedade.
Após a apresentação dos resultados obtidos com a revisão da teoria e a realização de
entrevistas com gestores públicos, apresentaremos algumas considerações acerca da pesquisa
na sessão que segue.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo fornece uma contribuição original não abordada na literatura, uma vez que
apresenta a análise quanto ao reconhecimento, importância e aplicação da dimensão de
inovação como forma de input e/ou output das atividades de inteligência na gestão pública sob
a perspectiva de gestores públicos de Órgãos Públicos de um dos Estados do Sul do Brasil.
As descobertas apontam que os gestores públicos reconhecem a importância da
atividade de inteligência como meio para o desenvolvimento de processos e políticas públicas
inovadoras em governo, bem como, para obtenção de insights importantes advindos da
sociedade através da inteligência coletiva. Ainda, a utilização de Tecnologia da Informação e
Comunicação inovadoras é enfatizada como um input importante e facilitador da atividade de
inteligência na gestão pública. A maior parte dos gestores entrevistados, creditam à obtenção
de TIC como o maior fator de inovação em governo, em detrimento de inovação em processos
e políticas públicas, as quais de fato, são a entrega à sociedade.
Tais resultados apontam uma contribuição importante do presente estudo, haja vista a
visão ainda calcada, na maior parte das vezes, na obtenção de TIC como inovador, e não no
resultado advindo do processamento de dados e informações, culminando em conhecimento a
ser aplicado e utilizado no desenvolvimento de políticas públicas inovadoras que atendam às
necessidades atuais da sociedade. Tal questão apresenta-se como um resultado do presente
estudo e uma oportunidade de estudos futuros quanto aos motivos pelos quais não foi
apresentada pelo gestores públicos a percepção de inovação a partir da obtenção da TIC para
processamento de dados e informações e utilização em novos processos, insights e políticas
públicas.
Pode-se concluir que ainda existe um longo caminho para a efetivação da dimensão de
inovação, principalmente, como output da atividade de inteligência, entretanto, a
Administração Pública já conta com inciativas pontuais e importantes que vão ao encontro do
exposto pela recente teoria sobre o assunto. Espera-se com este estudo ter contribuído com a
teoria quanto a aproximação conceitual entre inovação e atividades de inteligência na gestão
pública, bem como, para a Gestão Pública no sentido de fomentar a ideia para posterior
aplicação e desenvolvimento de tal dimensão na prática de atividades de inteligência.
REFERÊNCIAS
Abrucio, F.L. (2007). Recent trajectory of the Brazilian public management: a critical
assessment and the renewal of the reform agenda. Revista de Administração Pública,
v. 41, n. SPE, p. 67-86.
Andriotti, F. K., Freitas, H., & Janissek-Muniz, R. (2008). Informação informal e a monitoração
do ambiente organizacional: reflexões e sugestões para a área de TI. III Prêmio de
INovação em Inteligência Competitiva.
Ølnes, S. (2016). Beyond bitcoin enabling smart government using blockchain technology. In
International Conference on Electronic Government and the Information Systems
Perspective (pp. 253-264). Springer, Cham.
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
9
Anthopoulos, L. G., & Reddick, C. G. (2016). Understanding electronic government research
and smart city: A framework and empirical evidence. Information Polity, 21(1), 99-117.
Avalos, M., Larios, V. M., Salazar, P., & Maciel, R. (2017). Hackathons, semesterathons, and
summerathons as vehicles to develop smart city local talent that via their innovations
promote synergy between industry, academia, government and citizens. In Smart Cities
Conference (ISC2), 2017 International (pp. 1-6). IEEE.
Bardin, L. (2007). Análise de conteúdo. Lisboa: edições, 70, 225.
Batista, F. F. (2012). Modelo de gestão do conhecimento para a administração pública
brasileira: como implementar a gestão do conhecimento para produzir resultados em
benefício do cidadão.
Capobiango, R. P., do Nascimento, A. D. L., Silva, E. A., & Faroni, W. (2013). Reformas
administrativas no Brasil: Uma abordagem teórica e crítica. REGE Revista de
Gestão, 20(1), 61-78.
Cepik, M. A. C. (2005). Regime político e sistema de inteligência no Brasil: legitimidade e
efetividade como desafios institucionais. Dados: revista de ciências sociais. Rio de
Janeiro, RJ. Vol. 48, n. 1 (2005), p. 67-113.
Choo, C. W. (2002). Information management for the intelligent organization: the art of
scanning the environment. Information Today, Inc..
Clohessy, T., Acton, T., & Morgan, L. (2014). Smart City as a Service (SCaaS): a future
roadmap for e-government smart city cloud computing initiatives. In Proceedings of the
2014 IEEE/ACM 7th international conference on utility and cloud computing (pp. 836-
841). IEEE Computer Society.
Davenport, T. H. (2000). Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o
sucesso na era da informação. Futura.
de Paula, A. P. P. (2005). Administração pública brasileira entre o gerencialismo e a gestão
social. RAE-revista de administração de empresas, 45(1), 36-49.
de Paula, G., & Rover, A. J. (2012). O governo eletrônico e a atividade de inteligência. Revista
Democracia Digital e Governo Eletrônico, 1(6).
Desouza, K. C. (2005). Restructuring government intelligence programs: A few good
suggestions. Government Information Quarterly, 22(3), 342-353.
Gil-Garcia, J. R., Pardo, T. A., & Aldama-Nalda, A. (2013). Smart cities and smart
governments: using information technologies to address urban challenges. In Proceedings
of the 14th Annual International Conference on Digital Government Research (pp. 296-
297). ACM.
Gil-Garcia, J. R., Helbig, N., & Ojo, A. (2014). Being smart: Emerging technologies and
innovation in the public sector. Government Information Quarterly, 31, I1-I8.
Gil-Garcia, J. R., Zhang, J., & Puron-Cid, G. (2016). Conceptualizing smartness in government:
An integrative and multi-dimensional view. Government Information Quarterly, 33(3),
524-534.
Herman, M. (1996). Intelligence power in peace and war. Cambridge University Press.
Janissek-Muniz, R., Freitas, H., & Lesca, H. (2007). A Inteligência Estratégica Antecipativa e
Coletiva como apoio ao desenvolvimento da capacidade de adaptação das organizações.
In Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação
(CONTECSI), 4º.
Johnston, E. W., & Hansen, D. L. (2011). Design lessons for smart governance
infrastructures. Transforming American governance: Rebooting the public square, 197-
212.
Juniawan, M. A., Sandhyaduhita, P., Purwandari, B., Yudhoatmojo, S. B., & Dewi, M. A. A.
(2017). Smart government assessment using Scottish Smart City Maturity Model: A case
EnAPG VIII Encontro de Administração Pública da ANPAD Fortaleza / CE – 16 a 18 de maio de 2019
2019
10
study of Depok city. In Advanced Computer Science and Information Systems
(ICACSIS), 2017 International Conference on (pp. 99-104). IEEE.
Klering, L. R., de Campos Soares Porsse, M., & Guadagnin, L. A. (2010). NOVOS
CAMINHOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA. Análise, 21(1).
Lee, Y. C., Hsiao, Y. C., Hsieh, P. Y., & Ma, Y. T. (2013). The Improve Methods of Citizen
Digital Identification Card: A Case of Government Intelligence Services. In Applied
Mechanics and Materials (Vol. 263, pp. 2758-2763). Trans Tech Publications.
Linders, D., Liao, C. Z. P., & Wang, C. M. (2015). Proactive e-Governance: Flipping the service
delivery model from pull to push in Taiwan. Government Information Quarterly.
Liu, X., & Zheng, L. (2015). Cross-departmental collaboration in one-stop service center for
smart governance in China: Factors, strategies and effectiveness. Government
Information Quarterly.
Mulgan, G., & Albury, D. (2003). Innovation in the public sector. Strategy Unit, Cabinet
Office, 1, 40.
Myers, M. D. (2013). Qualitative research in business and management. Sage.
Nam, T. (2016). Government-Driven Participation and Collective Intelligence: A Case of the
Government 3.0 Initiative in Korea. Information, 7(4), 55.
Netten, N., Bargh, M. S., van den Braak, S., Choenni, S., & Leeuw, F. (2016). On enabling
smart government: A legal logistics framework for future criminal justice systems. In
Proceedings of the 17th International Digital Government Research Conference on
Digital Government Research (pp. 293-302).
OECD (2017), Embracing Innovation in Government Global Trends, OECD Publishing,
http://www.oecd.org/gov/innovative-government/embracing-innovation-in-
government.pdf
Pereira, G. V., Macadar, M. A., Luciano, E. M., & Testa, M. G. (2017). Delivering public value
through open government data initiatives in a Smart City context. Information Systems
Frontiers, 19(2), 213-229.
Rezende, D. A. (2012). Planejamento de estratégias e informações municipais para cidade
digital: guia para projetos em prefeituras e organizações públicas. São Paulo: Atlas.
(ISBN: 978 85 224 7101 0)
Ribeiro, L. M. D. P., Pereira, J. R., & Benedicto, G. C. D. (2013). As Reformas da
Administração Pública Brasileira: Uma Contextualização do seu Cenário, dos Entraves e
das Novas Perspectivas. XXXVI. Anais... Rio de Janeiro.
Scholl, H. J., & Scholl, M. C. (2014). Smart governance: A roadmap for research and
practice. iConference 2014 Proceedings.
Secchi, L. (2009). Modelos organizacionais e reformas da administração pública. RAP - Revista
de Administração Pública, 43(2), 347–369
Trivinos, A. N. (1987). Introdução à pesquisa em ciências sociais. A pesquisa.
Wang, L. J., Zhang, Y., Li, Q., & Ruan, P. N. (2016). Under the Background of Smart City
Development of E-Government Performance Evaluation—Study in Every Districts of
Beijing. DEStech Transactions on Computer Science and Engineering, (itms).
Wahono, P. (2016). Public service innovation through the application of Smart Kampong
concept in local government Banyuwangi. In Proceedings of the 2016 International
Conference on Public Management (ICPM 2016) (Vol. 9, pp. 93-97).