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Journal of Engineering and Technology for Industrial Applications, 2019. Edition. 17.Vol: 05
https://www.itegam-jetia.org
ISSN ONLINE: 2447-0228
DOI: https://dx.doi.org/10.5935/2447-0228.20190018
Extraction of residual phospholipids from defatted soybean meal
Paula Fernandes de Siqueira Machado1, Carlos Francisco Pedroso2, Roberto de Campos
Giordano3, Paulo Waldir Tardioli4, Raquel de Lima Camargo Giordano5
1,2 Instituto Científico e Tecnológico de Agronegócios Ltda. Rua Natal Cecone, 145, 2º Andar, 81.200-330, Curitiba, PR, Brasil;
1,2,3,4,5 Postgraduation Program in Chemical Engineering of the Federal University of São Carlos (PPGEQ/UFSCar), Rodovia
Washington Luiz, km 235, 13565-905, São Carlos, SP, Brazil;
2,3,5 Chemical Engineering Department, Federal University of São Carlos, Rodovia Washington Luiz, km 235, PO Box 676, 13565-905,
São Carlos, SP, Brazil.
Email: icta.pesquisa@gmail.com, carlos@intecso.com.br, raquel@ufscar.br , pwtardioli@ufscar.br
Received: February 11th, 2019
Accepted: February 28th, 2019
Published: March 31th, 2019
Copyright ©2016 by authors and
Institute of Technology Galileo of
Amazon (ITEGAM).
This work is licensed under the
Creative Commons Attribution
International
License (CC BY 4.0).
http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
ABSTRACT
Phospholipids are the main components of commercial lecithin, which is widely used in food and
pharmaceutical industries. This work studies the extraction of residual phospholipids (PLs) from
soybean meal, which is produced after soy oil extraction with hexane. The extraction efficiency was
evaluated with four systems: hexane, hexane:ethanol (4:1, v/v), chloroform:methanol (2:1, v/v), and
ethanol:water (3:1, v/v). Ethanol:water and hexane:ethanol were more effective, presenting similar
extraction yield. The ethanol:water relation was then varied from 30 to 90% (v/v), and the best
extraction conditions were 70 and 90% (v/v), with maximum yield of 1.50 g/100g. Although, the
highest PLs solubility, 6.225 g/L, was observed for 90% ethanol, at 75°C. This work allowed
confirming the presence of a significant amount of residual phospholipids in soybean meal, which
can be recovered using different solvent systems and processed in products with high commercial
value.
Keywords: soybean meals, residual phospholipids, lecitina, solid-liquid extraction.
Extração de fosfolipídio residual a partir de farelo de soja
desengordurado
RESUMO
Fosfolipídios são os principais componentes da lecitina comercial, substância amplamente utilizada
na indústria de alimentos, devido as suas propriedades emulsificantes. Neste trabalho foram
avaliados os rendimentos da extração de fosfolipídios residuais a partir do farelo de soja, produto
gerado após a extração hexânica do óleo do grão de soja. A eficiência de extração foi avaliada em
quatro sistemas: hexano; hexano:etanol (4:1, v/v), clorofórmio:metanol (2:1, v/v) e etanol: água (3:1,
v/v). As misturas etanol:água e hexano:etanol foram mais eficientes, apresentando taxas similares de
extração. A proporção ideal etanol: água também foi avaliada e as melhores extrações foram obtidas
com 70% e 90% de etanol (v/v), chegando a taxas máximas de 1,5g/100g, enquanto que a melhor
solubilidade do fosfolipídio foi em 90%, 6,225 g/L a 75 °C. Esses resultados confirmam a presença
significativa de fosfolipídios residuais, os quais podem ser facilmente recuperados e processado para
obtenção de produtos com alto valor comercial
Palavras-chave: farelo de soja, fosfolipídio residual, lecitina, extração sólido-líquido.
I. INTRODUTION
Fosfolipídios (PL) são lipídios polares [1] de grande
interesse das indústrias de alimentos e farmacêutica devido ao
poder emulsificante e a sua importância nutricional [2]. São os
principais constituintes das lecitinas comerciais. Apesar da
terminologia não ser a mais exata, tornou-se habitual nos círculos
industriais chamar de lecitina a mistura de fosfolipídios,
triglicerídeos, lipídios complexos e carboidratos obtida
industrialmente pelo processo de degomagem de óleos vegetais
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brutos [3]. As Lecitinas podem ser obtidas da gema de ovo e de
várias sementes oleaginosas, tais como linho, algodão, germe de
milho, girassol, colza, e soja [4]. O grão de soja é a fonte vegetal
predominante de lecitina, devido a abundância de fosfolipídios em
sua constituição [5].
Sackeheim e Lehman [6] dividem os fosfolipídios em duas
categorias: fosfoglicerídeos (ou glicerofosfolipídios, [7]) e
fosfoesfingosídeos (ou esfingomielinas, [7]), dependendo de sua
porção polar. Nos fosfoglicerídeos, o glicerol forma um éster com
dois ácidos graxos adjacentes e uma unidade fosfato ligada a um
substituinte derivado de um álcool de baixo peso molecular [8].
Como os fosfoglicerídeos apresentam duas cadeias
hidrofóbicas longas e um grupo polar (hidrofílico), são moléculas
anfipáticas capazes de formar micelas em água [6, 8]. Os
fosfolipídios mais abundantes nas lecitinas são: fosfatidilcolina
(PC), fosfatidiletanolamina (PE) ácido fosfatídico (PA) e
fosfatidilinositol (PI) [9]. O grupo de Beare-Rogers [10] em
trabalho colaborativo interlaboratorial publicado junto à IUPAC
determinaram a composição de concentrados de lecitina de soja
comercialmente disponíveis, em relação aos níveis de
fosfatidiletanolamina (9,45 15,80%), ácido fosfatídico (4,68
12,58%), fosfatidilinositol (7,67 12,43%) e fosfatidilcolina
(9,33 19,01%), por cromatografia líquida de alta eficiência.
Atualmente, o solvente utilizado para extração de óleo de
sementes oleaginosas é o hexano [11]. O óleo bruto, obtido por
extração direta por hexano, contem aproximadamente 2-3% de
fosfolipídios. Este óleo é degomado mediante hidratação dos
fosfolipídios com água e separação dos mesmos por
centrifugação. As gomas separadas podem ser incorporadas aos
farelos proteicos de soja ou secas dando origem às lecitinas
comerciais tradicionais [12]. Diversos estudos tem demonstrado a
baixa eficiência do hexano na remoção de lipídios polares
[13-17].
Segundo Hayes e colaboradores [16], a quantidade de
lipídios residuais no farelo oscila entre 0,5 a 5% do seu peso seco.
Para a extração de lipídios residuais do farelo, os autores
sugerem a utilização de um meio de extração contendo um
solvente hidrocarboneto (hexano, n-heptano, naftas, parafinas, e
misturas) e um álcool monoídrico (metanol, etanol, isopropanol,
n-propanol, butanol, isobutanol, n-butanol e misturas desses). Se a
concentração do álcool for muito baixa (<10%) a eficiência de
remoção é reduzida, se for muito alta (>70%), haverá uma
significativa remoção de outros componentes, como açúcares. É
desejável que a umidade da mistura esteja entre 5 e 15%, não
ultrapassando esse valor.
Os lipídios tem grande faixa de hidrofobicidade sendo
praticamente inviável a utilização de um único solvente universal.
Lipídios neutros contêm apenas ligações covalentes, sendo
facilmente extraídos por solventes apolares, enquanto os lipídios
polares estão unidos por forças eletrostáticas e pontes de
hidrogênio necessitando, portanto, de um solvente polar capaz de
competir com tais interações [17]. A mistura de solvente ideal
para extração de matéria graxa de tecidos deve ser
suficientemente polar para removê-los das associações com as
membranas celulares ou com lipoproteínas, sem que ocorra reação
química. Os métodos que utilizam a mistura binária clorofórmio e
metanol para extração de lipídios têm como vantagem a
capacidade de extraírem tanto os lipídios neutros quanto os
lipídios polares eficientemente, no entanto, a toxicidade destes
solventes limita a utilização para escala de bancada apenas.
O presente estudo foi realizado com intuito de avaliar
diferentes sistemas de solventes para a extração de fosfolipídios
em farelo de soja e comparar os sistemas testados ao solvente
comumente utilizado em extração de óleo, o hexano. O
comportamento destes compostos foi estudado em diferentes
concentrações de etanol e a condição de saturação dos principais
fosfolipídios foi determinada para cada concentração etanólica em
diferentes temperaturas.
II. DESENVOLVIMENTO
Para os experimentos de extração de fosfolipídios utilizou-
se farelo de soja desengordurado e tostado Imcosoy 48, produzido
pela Imcopa Importação, Exportação e Indústria de Óleos S.A.
Os testes de solubilidade da lecitina em foram realizados com
Lecitina em Pó Solec F, produzida pela Solae do Brasil - Indústria
e Comércio de Alimentos Ltda. Os solventes utilizados foram
todos de grau analítico.
II.1 MÉTODOS ANALÍTICOS
As análises de proteína bruta, umidade e lipídios foram
realizadas no laboratório de controle de qualidade da Imcopa
Importação, Exportação e Indústria de Óleos S.A. A análise de
proteína bruta foi realizada pelo método Kjeldahl, conforme
descrito na monografia Bc 4-91 da AMERICAN OIL
CHEMIST’S SOCIETY [18]. A análise de umidade foi realizada
pela perda de massa do farelo a temperatura de 130°C por três
horas, conforme descrito na monografia Ac 2-41 da AMERICAN
OIL CHEMIST’S SOCIETY [18]. A análise de lipídios foi
realizada por extração por solvente orgânico sob aquecimento por
3 horas conforme descrito na monografia Ba 3-38 da
AMERICAN OIL CHEMIST’S SOCIETY [18].
As análises de açúcares e fosfolipideos foram realizadas
em cromatografo líquido de alta eficiência (CLAE) Agilent 1200
series e Software Chemstation.
Os açúcares foram analisados com detecção por índice de
refração. A coluna usada foi Supelcogel Ca 300 x 7,8 mm com
pré-coluna Supelcoguard CA 50 x 4,6 mm da Supelco. A fase
móvel foi água ultra pura. As condições cromatográficas
empregadas foram: volume de injeção de 5 µL, fluxo da fase
móvel 0.3 mL/min, temperatura do forno de coluna 80°C, tempo
de corrida de 35 minutos
Os teores de fosfolipídios foram quantificados por
cromatografia liquida em fase normal com detecção de
espalhamento de luz evaporativo. Foi usada uma coluna de sílica
modelo Varian Pursuit XRS Si 100 x 4,6 mm, 3.0 um, com uma
temperatura de forno de 40 ºC. A fase móvel usada foi uma
mistura de solventes orgânicos divididos em dois grupos. A fase
móvel A: n- hexano, 2-propanol, ácido acético glacial,
trietilamina (820/165/10/0,8 v/v/v/v) e a fase B composta por 2-
propanol, água ultrapurificada, ácido acético glacial, trietilamina
(845/140/1,0/0,8 v/v/v/v)
II.2 EXPERIMENTOS LABORATORIAIS
Testes em escala de laboratório foram planejados para se
estudar a extração de fosfolipídios remanescentes no farelo de
soja após extração do óleo bruto da soja com hexano. O primeiro
experimento foi conduzido para avaliar a eficiência de extração de
quatro diferentes sistemas de solventes: hexano, hexano:etanol,
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etanol aquoso e clorofórmio:metanol, estabelecendo-se o sistema
de solvente mais adequado para se obter o maior rendimento de
extração. Com o intuito de verificar se a concentração do sistema
de solventes selecionada no primeiro teste era a mais adequada
(75% v/v etanol aquoso), um segundo experimento foi conduzido
variando-se a concentração de etanol utilizada em solução aquosa.
Ainda utilizando como solvente a solução alcoólica, o terceiro
experimento foi realizado com objetivo de avaliar as solubilidades
dos fosfolipídios de acordo com a concentração alcoólica e a
temperatura, sendo que neste experimento a lecitina em foi
utilizada como matéria prima por apresentar um teor elevado de
fosfolipídios.
Uma amostra de farelo desengordurado de soja,
aproximadamente 2 kg, foi coletada e moída em moinho analítico
padronizando sua granulometria abaixo de 0,50mm (35 mesh).
Analisaram-se os teores de umidade, proteína bruta, lipídios e
açúcares.
Uma alíquota de aproximadamente 100g foi colocada em
papel filtro qualitativo procurando-se minimizar a compactação.
Na parte superior do papel foi colocada uma porção de algodão
para promover melhor distribuição do solvente no leito. A
amostra foi então colocada em extrator de Soxhlet de 500 mL.
Em um balão de fundo arredondado foram colocados os
solventes de extração para cada experimento: etanol 75%,
hexano:etanol (4:1), hexano e clorofórmio:metanol (2:1). O
experimento foi realizado em capela com exaustão.
As amostras foram extraídas exaustivamente por 24 horas,
procurando garantir assim uma extração completa dos
fosfolipídios possíveis pelo solvente. Após a extração o farelo o
solvente foi removido em estufa com circulação de ar a 75ºC,
enquanto o material extraído foi concentrado em evaporador
rotativo Fisatom modelo 803 a aproximadamente 60ºC e 500
mmHg. Os procedimentos de extração foram realizados em
triplicata.
No farelo desengordurado extraído procederam-se análises
de proteína, umidade e lipídios. No farelo extraído com etanol
75% analisou-se também o teor de açúcares. Nos extratos
concentrados quantificou-se o teor de fosfolipídios.
A extração foi realizada em um balão de extração aquecido
e agitado por chapa aquecedora magnética e conectado a um
condensador. As condições da extração foram: temperatura de
ebulição do solvente; farelo desengordurado moído, com
granulometria inferior a 0,5 mm; massa inicial de farelo igual a
100g; volume de solvente de 1,6 litros; tempo de extração de 45
minutos, considerados a partir do início da ebulição do solvente;
agitação constante.
Após a extração filtrou-se o farelo em papel filtro
qualitativo, com auxílio de bomba de vácuo e funil de Büchner, e
em seguida lavou-se o farelo com 300 mL de solvente limpo, na
temperatura de ebulição. O farelo foi acondicionado em copo de
Becker tarado e seco em estufa de circulação para posterior
pesagem. O solvente, contendo os extratos, foi filtrado para
remoção de qualquer resíduo lido, concentrado em evaporador
rotativo e pesado para análise dos teores de proteína e umidade
dos farelos residuais e o teor de fosfolipídios.
Primeiramente, estudou-se o comportamento da lecitina
em quando solubilizada em diferentes sistemas solventes
variando-se a concentração alcoólica de zero (água deionizada) a
100% (etanol anidro). O estudo foi realizado em temperatura
ambiente, pois se entende que o aumento de temperatura
aumentará a solubilidade em qualquer proporção de solvente
testada.
Adicionou-se aproximadamente 1g de lecitina em pó e 100
mL de solução alcoólica, anotando-se os pesos exatos da lecitina
pesada e da mistura final em balança analítica. A solubilização foi
feita em Erlenmeyer de 250 mL, por duas horas em mesa
agitadora orbital, mantida a 25ºC. Após solubilização as amostras
foram filtradas em papel filtro qualitativo e em seguida
centrifugadas a 4000 rpm por 10 minutos, pois se observou a
presença de precipitados em algumas das amostras após a
filtração. Os sobrenadantes foram enviados para análise de teor de
fosfolipídios.
Obtido o perfil de solubilidade da lecitina em relação ao
grau alcoólico, escolheram-se os pontos de maior e menor
solubilidade e um ponto intermediário para estudo dos perfis de
solubilidade em função da temperatura (25-75ºC). Em balão de
fundo chato colocou-se 17g de lecitina em e 1,7 litros de
solvente. As concentrações de etanol testadas foram 50, 75 e 90%.
Ao balão de fundo chato acoplou-se um condensador e todo o
sistema foi levado ao aquecimento em agitador magnético por
duas horas. Cada solvente foi testado nas temperaturas de 25, 40,
50, 60 e 75ºC. Posteriormente, as amostras foram transferidas
para tubos de centrífuga, sendo submetidas à centrifugação a
4.000 rpm por cerca de 10 minutos na temperatura de extração.
Os sobrenadantes das amostras foram filtrados com auxílio de
filtros qualitativos. As análises foram realizadas em triplicatas
para cada variável testada.
III. RESULTADOS E DISCUSSÃO
III.1 INFLUÊNCIA DE DIFERENTES SOLVENTES NAS
EFICIÊNCIAS E SELETIVIDADE DA EXTRAÇÃO DE
FOSFOLIPÍDIOS RESIDUAIS NO FARELO
DESENGORDURADO
Os resultados obtidos em 24 horas de extração etanol 75%,
hexano, etanol: hexano (4:1) e clorofórmio: metanol (2:1) em
Soxhlet estão mostrados na Tabela 1. Observa-se que os solventes
com maiores capacidades de extração dos fosfolipídios do farelo
de soja desengordurado foram o etanol 75% e a mistura hexano:
etanol. Os rendimentos obtidos (expressos em massa de
fosfolipídios por massa de farelo desengordurado seco) foram
1,48% para o etanol 75% e 1,44% para a mistura hexano:etanol,
enquanto para o hexano, solvente usualmente empregado pelas
empresas esmagadoras de soja, foi de 0,43%. Os resultados de
rendimento mássico da extração indicam que tanto etanol 75%
quanto a mistura hexano:etanol parecem ser igualmente
satisfatórios para a extração do teor residual de fosfolipídios.
Contudo, se analisarmos a composição dos extratos obtidos,
verifica-se que com etanol 75% obteve-se 8,10% de fosfolipídios
em relação à massa de extrato seco, enquanto o extrato obtido
com a mistura hexano: etanol teve 40,61% (massa de
fosfolipídios/massa de extrato seco). Essa diferença decorre,
devido a extração conjunta de fosfolipídios e açúcares pelo
solvente etanol 75%. Portanto, a mistura hexano:etanol permitiu
atingir maior grau de pureza do extrato.
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Tabela 1: Rendimentos de extração de fosfolipídios obtidos para
diferentes solventes com 24 horas de extração em Soxhlet.
Solvente
Rendimento
de extração
%
Teor de PL no
extrato seco
%
Hexano
0,43 ±0,01
34,81 ±1,45
Hexano:Etanol (4:1)
1,44 ±0,03
40,61 ±4,64
Clorofórmio:Metanol
(2:1)
1,08 ±0,07
22,05 ±1,89
Etanol 75ºGL
1,48 ±0,01
8,11 ±0,11
Fonte: Autores, (2019).
Os sistemas clorofórmio: metanol e hexano:etanol foram
escolhidos com base nos trabalhos encontrados na literatura
[15-17]. O etanol em solução aquosa foi escolhido devido à sua
utilização na produção de concentrados proteicos [19].
Adicionalmente, a utilização do etanol como solvente para
extração de lipídios tem recebido atenção por ser menos tóxico e
mais sustentável em relação aos solventes derivados de petróleo
[20-21]. A qualidade da lecitina também está relacionada ao perfil
de fosfolipídios, sendo importante a presença de fosfolipídios de
diferentes polaridades e por esse motivo foi realizada a
otimização o processo de extração de fosfolipídios em etanol
aquoso
A Figura 1 mostra uma comparação entre os rendimentos
de extração de cada solvente para os quatro principais
fosfolipídios (PC, PI, PE e PA) e para o somatório dos PLs
minoritários. Para todos os solventes, a fosfatidilcolina (PC) é o
fosfolipídio majoritário, seguida do fosfatidilinositol (PI). As
relações entre os teores de fosfolipídios de cada extrato foram
muito similares, com exceção do etanol 75%, no qual se obteve
maior extração de PI e menor extração de PA e dos PLs
minoritários em relação aos fosfolipídios totais. O
clorofórmio:metanol apresentou acentuada seletividade para os
PLs minoritários. Conforme relatado por Brum et al. [17], Nielsen
[15] e Hayes et al. [16] todas as misturas que contendo solventes
polares foram superiores ao hexano na extração dos fosfolipídios.
Segundo Hayes et al. [16] o álcool monoídrico não funciona
somente como um co-solvente, mas como um agente que reduz a
tensão superficial do solvente, aumentando sua capacidade de
penetração e promovendo a liberação de lipídeos do complexo
proteína-carboidrato. Em desacordo com o relatado por Brum et
al. [17], a mistura clorofórmio:metanol foi menos eficiente na
extração dos fosfolipídios que mistura hexano:etanol. Também
contrariando o relatado por Hayes et al. [16] a extração com
etanol aquoso foi tão eficiente quanto o hexano:etanol, podendo
ser utilizada como única etapa de extração para obtenção de
lecitina e concentrado proteico.
Comparando-se o perfil de PLs dos extratos etanol 75% e
hexano:etanol (4:1), que tiveram eficiências de extração similares,
observa-se que o etanol 75% extraiu seletivamente maiores
quantidades de PI e menores quantidades de PA e PLs
minoritários (Figura 1). Em contrapartida, o hexano:etanol teve
menor eficiência de extração para o PI e maior para o PA e os PLs
minoritários. Considerando que os maiores rendimentos de
extração foram obtidos para as misturas etanol:água e
hexano:etanol e que os rendimentos de extração não foram os
mesmos para alguns fosfolipídios, pode-se afirmar que nenhum
dos solventes foi capaz de extrair 100% dos PLs existentes no
farelo se soja desengordurado.
Figura 1: Perfil de fosfolipídios (PL) obtido para cada solvente
testado.
Fonte: Autores, (2019).
A partir dos perfis de fosfolipídios obtidos observou-se
que a mistura etanol: água extraiu em maior grau fosfolipídios
mais polares, como PI, e em menor grau os menos polares, como
o PA. A polaridade do fosfolipídio es diretamente associada
com o seu poder emulsificante, sendo o PC, o PI e o PE os
fosfolipídios de maior importância. A presença de altas
concentrações de PA e dos PLs minoritários reduz a qualidade da
lecitina. Com o intuito de verificar se a concentração da solução
alcoólica selecionada neste estudo foi a mais adequada (75% v/v),
um segundo experimento foi conduzido variando-se a
concentração de etanol em solução aquosa entre 30-90% (v/v).
III.2 INFLUÊNCIA DA PROPORÇÃO ETANOL:ÁGUA NA
EFICIÊNCIA E SELETIVIDADE DA EXTRAÇÃO DE
FOSFOLIPÍDIOS RESIDUAIS DO FARELO
DESENGORDURADO
Como podemos observar na Figura 2, a extração dos
fosfolipídios totais do farelo de soja desengordurado foi
aumentando conforme o aumento da proporção de etanol no
solvente, com os melhores resultados obtidos entre 70 e 80%.
Pode ser observado que o rendimento aumentou com o aumento
da concentração de etanol no sistema, atingindo um rendimento
máximo de 1,53 g/100g na condição de 70% de etanol.
A Figura 3 mostra os rendimentos das extrações dos
fosfolipídios PC, PI, PE, PA e o somatório dos demais PLs com a
variação da concentração de etanol. Podemos verificar, os
fosfolipídios isoladamente, que os fosfolipídios PC, PE, PA e
somatório dos demais PLs apresentaram o mesmo comportamento
descrito quando olhamos a soma total dos fosfolipídios (Figura 2),
ou seja, atingiram o ponto máximo de extração quando o solvente
apresentou uma concentração de 70%. Apenas o PI mostrou uma
queda significativa quando a concentração alcoólica aumentou de
80 para 90%, o que está de acordo com a literatura disponível. De
acordo com Wu and Wang [22], o PI apresenta menor
solubilidade em etanol que os demais fosfolipídios.
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Figura 2: Rendimentos de extração de fosfolipídios do farelo
desengordurado de soja em função do teor de etanol no solvente
de extração.
Fonte: Autores, (2019).
Figura 3: Variação dos rendimentos nas extrações dos principais
fosfolipídios em função do teor alcoólico. Resultados expressos
em fosfolipídios por farelo desengordurado seco (g/100g).
Fonte: Autores, (2019).
III.3 ESTUDO DA SOLUBILIDADE DE LECITINA EM PÓ
COMERCIAL EM DIFERENTES PROPORÇÕES DE
ETANOL:ÁGUA EM DIFERENTES TEMPERATURAS
Segundo Kaparthi e Chari [23], uma abordagem racional
para o projeto de um extrator eficiente para extrair óleos vegetais
de materiais oleaginosos requer um conhecimento das
solubilidades do óleo no solvente proposto. Os dados publicados
sobre as solubilidades dos óleos em etanol são escassos. Não
foram encontrados trabalhos na literatura a respeito da
solubilidade das lecitinas.
Por natureza lipídica, fosfolipídios não são solúveis em
água, mas formam emulsões estáveis. A ocorrência deste
fenômeno pode ser observada através da turbidez obtida nos
ensaios com teor alcoólico inferior a 20% (v/v). A partir de 30%
de etanol observou-se a presença de uma pequena quantidade de
precipitado sólido durante a centrifugação, mas o sobrenadante
ainda se mostrava turvo. A partir de 50% pode-se verificar a
presença de grande quantidade de material precipitado, com o
sobrenadante se mostrando límpido, podendo-se afirmar que o
material quantificado na fase líquida era realmente lecitina
dissolvida. Nesta condição apenas 0,41 g/L de fosfolipídios, dos
7,03 g/L adicionados, foram encontrados em solução. A partir
desse ponto, a solubilidade aumentou linearmente com a
concentração de etanol na solução até atingir a máxima
solubilidade em 90% de etanol - 4,93 g/L. Em solução de etanol
anidro a solubilidade sofreu um decréscimo para 4,14 g/L.
Outra observação importante foi que a 50% de etanol
pode-se precipitar 94,28% (m/m) dos fosfolipídios presentes. Esse
fenômeno pode ser utilizado como estratégia para futura
recuperação da lecitina extraída
Figura 4: Solubilidade dos fosfolipídios totais presentes na
lecitina em pó em função da concentração alcoólica. Resultados
expressos em gramas de fosfolipídios totais por litro de solvente.
Fonte: Autores, (2019).
A Figura 5 mostra o perfil de solubilidade dos
fosfolipídios individualmente. Nota-se que todos se comportam
de maneira semelhante, sendo a fosfatidilcolina (PC) a mais
influenciada pelas alterações do teor alcoólico. Todos os
fosfolipídios aumentaram a solubilidade com o aumento da
concentração alcoólica, atingindo a solubilidade máxima em 90%.
Figura 5: Perfil de solubilidade dos principais fosfolipídios em
função do teor alcoólico.
Fonte: Autores, (2019).
Em etanol anidro (99,3%) apenas as solubilidades do PI e
do PA mostraram reduções significativas. De acordo com Wu e
Wang (2003), PC é muito solúvel em etanol, enquanto que a
solubilidade de PI é significativamente menor em solução
etanólica. O PC em etanol 90% e anidro foi totalmente
solubilizado, ou seja, as 2,22 g/L adicionadas foram dissolvidas.
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A seguir, investigou-se a influência da temperatura na
solubilidade dos fosfolipídios. Selecionaram-se as concentrações
de 50, 75 e 90% de etanol para avaliação do perfil de solubilidade
a diferentes temperaturas.
A Figura 6 indica que, conforme esperado, a solubilidade
dos fosfolipídios aumenta com o aumento da temperatura para as
três concentrações de etanol testadas. A solubilidade nima
observada foi de 0,499 g/L, em 50% de etanol a 25°C, e máxima
de 6,225 g/L em 90% de etanol a 75°C. As concentrações de
saturação do PC não foram determinadas devido a total
solubilidade deste em etanol 90%.
Figura 6: Solubilidades dos fosfolipídios totais em função da
temperatura nas concentrações alcoólicas fixas de 50, 75 e 90%.
Fonte: Autores, (2019).
IV. CONCLUSÕES
Os experimentos de extração realizados neste trabalho
comprovaram a existência de expressivo teor residual de
fosfolipídios no farelo de soja desengordurado. Testes utilizando
diferentes solventes mostraram maiores eficiências de extração
com etanol 75% e com a mistura hexano:etanol, sendo que a
segunda apresentou uma maior pureza do extrato. Em
contrapartida, na extração com etanol 75% obteve-se um perfil de
fosfolipídios mais conveniente devido à presença em maior
quantidade de fosfolipídios de maior polaridade, como
fosfatidilcolini, fosfatidiletanolamina e fosfatidilinsitol. O estudo
da influência da proporção etanol:água mostrou que o rendimento
da extração de fosfolipídios aumenta, com o aumento da
concentração de etanol no sistema. Os resultados mostraram que
na faixa de 50 a 90% de etanol a solubilidade aumenta. A
influência da temperatura na faixa de 25 a 75°C foi
concomitantemente avaliada, apresentando uma relação direta
entre temperatura e solubilidade. Das condições testadas, o menor
valor de solubilidade encontrado foi de 0,499 g/L em etanol 50%
a 25°C. A maior solubilidade foi observada foi de 6,225 g/L em
90% de etanol e 75ºC. Vale lembrar que a extração não depende
apenas da solubilidade, mas também com a penetração do
solvente e seu poder emulsionante.
O processo de recuperação da lecitina utilizando a
precipitação com etanol será estudado em trabalhos futuros
utilizando o farelo desengordurado como matéria-prima.
Após a conclusão dos experimentos confirmamos a
existência de uma expressiva quantidade de fosfolipídios
residuais no farelo de soja, mesmo após a etapa de extração da
soja com hexano. Estes fosfolipídios podem ser recuperados
através de ensaios rápidos e de baixo custo e transformados em
lecitina de soja, produto de alto valor agregado para os produtos
derivados de soja.
V. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Instituto Científico e
Tecnológico em Agronegócio, a Imcopa Importação,
Exportação e Indústria de Óleos S.A., Intecso Soluções e
Inovações em Agronegócio pelos serviços prestados e ao
Conselho Nacional de Pesquisa, CNPq pelo apoio a essa pesquisa
e sua continuidade.
VI. REFERÊNCIAS
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... The degumming process removes phospholipids, which are soluble in water, present in the crude oil. The recovery of soybean oil phospholipids with ethanol in the process simulations was assumed equal to the one reported by Machado et al. (2019), at 60 C. The cogeneration system uses sugarcane bagasse, in a boiler operating at 65 bar (Furlan et al., 2013). Fig. 2 shows the process flowsheet for extraction of soybean oil with ethanol. ...
... The degumming process removes phospholipids, which are soluble in water, present in the crude oil. The recovery of soybean oil phospholipids with ethanol in the process simulations was assumed equal to the one reported by Machado et al. (2019), at 60 C. The cogeneration system uses sugarcane bagasse, in a boiler operating at 65 bar (Furlan et al., 2013). Fig. 2 shows the process flowsheet for extraction of soybean oil with ethanol. ...
Article
During the transition to a low carbon economy, techno-economic-environmental analyses of industrial processes will have increasing relevance. Within this context, the replacement of hexane by ethanol (either hydrous or anhydrous) as solvent for soybean oil extraction is assessed. Sugarcane bagasse was the fuel for cogeneration of energy. All processes were implemented and simulated in EMSO, Environment for Modeling, Simulation and Optimization, which is an equation-oriented process simulator. For ethanol, four different methods of solvent recovery were evaluated. An economic analysis and a Life Cycle Assessment of the processes were performed. Net Present Value (NPV) and of Global Warming Potential (GWP) were adopted for economic and environmental metrics, respectively. The results showed that all scenarios were economically feasible, with positive NPV, but hexane presented an approximately 10.2% higher NPV then the best-case ethanol process (hydrous). However, the replacement of hexane by ethanol resulted in lower GWP, avoiding the emission of approximately 10,600 ton of CO2eq. per year in an industry that crushes 125 ton per hour of soybean.
Chapter
Soybean is one of the most abundant and cheap sources of high-quality vegetable protein. The most important suppliers of this commodity, as predicted for 2020/2021, are Brazil, the United States and Argentina, with 131, 112 and 53 million tons, respectively. China is expected to remain the greatest consumer (112 million tons). The main products obtained from soybean are the oil, the defatted bran, lecithin and in some cases the protein-concentrate bran. Soybean hulls and soybean molasses are the main residues to be valorized in a soybean biorefinery. This chapter will present the industrial processing of soybean, the variety of soy-derived products and the possible valorization strategies for soybean hulls and molasses. Socio-economic and environmental aspects within the soybean production chain will be addressed in a circular bioeconomy approach.
Article
Full-text available
Methodologies of extraction of lipids from chicken breast and oats flakes were evaluated: Soxhlet, Folch et al., Bligh & Dyer and Hara & Radin. For chicken breast, the methods Soxhlet, Folch et al. and Bligh & Dyer presented the highest yields in total lipids. With oat flakes, the methods Soxhlet and Bligh & Dyer presented higher yields than the Hara & Radin and Folch et al. The Soxhlet method affected the quality of the lipid fraction in both samples. Extracted lipid components were separated by thin layer chromatography, the chloroform-methanol based was more efficient to extract the neutral and polar lipids.
Article
Full-text available
This paper reviews the production technologies for sourcing lecithins from the oil-bearing seeds soybean, rapeseed and sunflower kernel. The phospholipid composition is measured by newly developed HPLC-LSD and 31P-NMR methods. The phospholipid compositions of the three types of lecithin show small differences, while the fatty acid composition is largely equivalent to the oil source. Regulatory specifications (FAO/WHO, EU, FCC) and DGF and AOCS analytical methods for product quality are compiled. Phospholipid modifications by enzymatic hydrolysis, solvent fractionation, acetylating and hydroxylation processes result in lecithins with specific enhanced hydrophilicity and oil-in-water emulsifying properties. New available phospholipase and lipase enzymes represent opportunities for the esterification of phospholipids with special omega fatty acids and serine groups. Application characteristics are given for use in yellow fat spreads, baked goods, chocolate, agglomerated instant powders, liposome encapsulation, animal feed, food supplements and pharmaceutics.
Article
Full-text available
Soybean lecithin contains primarity PC, PE, and PI. Fractionation of these phospholipids (PL) is desirable for certain applications. Ethanol was used to fractionate PC and PI, which have different solubilities in this solvent. Various concentrations of ethanol (90, 95, and 100%) and ethanol/gum ratios (0.5, 1.0, 1.5, 2.0, and 2.5) were used. Ethanol concentration significantly influenced the yield of the PC-enriched fraction and the PC and PI fractionation: The highest ethanol concentration resulted in the highest yield of PC fraction, the most PC in the PC fraction, and the most PI in the PI fraction. The ethanol/gum ratio significantly affected the yield of PC-enriched fraction, but did not affect the relative PL composition of the PC-enriched fraction. Ethanol of 90% concentration with a solvent/gum ratio of 3 was used for further large-scale fractionation. Such fractionation resulted in a PC-enriched fraction containing 73% PC, 24% PE, and 3% PI based on the total PL content, whereas the PI fraction contained 26% PC, 35% PE, and 39% PI. Functional properties of these two purified fractions, i.e., surface tension reduction, emulsion stability, and oxidative stability, were investigated. The PI-enriched fraction had a much lower critical micelle concentration than the PC-enriched fraction, which suggests the PI-enriched fraction has a higher surface tension reduction capability. For the emulsion stability test, the PI-enriched fraction performed better than the PC fraction in both water-in-oil and oil-in-water emulsions. An oxidative stability test showed that these PL were very stable to lipid oxidation.
Article
Supercritical carbon dioxide (SC-CO2) is very effective in removing oils from a variety of seed matrices, devoid of any appreciable amount of phospholipid (PL) content. However, the limited solubility of PLs in SC-CO2 leaves behind a potentially valuable by-product in the spent seed matrix. Any PL extraction process from the spent matrix must maintain the structure and the quality of PLs and must be compatible with the end use of the seed protein meal as animal feed or for human consumption. An initial SC-CO2 extraction of soybean flakes was performed at 32 MPa and 80°C to extract the oil, leaving the PLs in the defatted soybean flakes (DSF). A second step was performed on the DSF using Xeth=0.10, varying the pressure from 16.6 to 68.9 MPa and the temperature from 60 to 80°C. For all SC-CO2/ethanol extractions, a fraction rich in PLs was obtained. The fractions extracted from defatted soybean flakes were dried and then re-dissolved in chloroform before HPLC-ELSD analysis. Quantitative and qualitative analysis of PLs on soybean seeds, DSF, and different extracted phospholipid fractions was carried out, to ascertain the effort of combinations of extraction pressure and temperature.
Article
Lipids in soybean defatted meal, concentrate and isolate were extracted by four procedures: (a) a Soxhlet extract by chloroform-methanol; (b) a Soxhlet extraction by benzene/ethanol; (c) a short extraction by chloroform/methanol; and (d) a short extraction by hexane/ethanol. Procedure 2 extracted more lipid than Procedure 1 from the isolate and meal. Both Soxhlet procedures extracted more lipid than Procedure 3 from the meal only, and more lipid than Procedure 4 from all products. Percent lipid on dry matter basis ranged for the meal, 1.56 to 4.52; concentrate 0.90 to 1.44; and isolate, 0.28 to 0.96. Lipids extracted from each product by Procedures 3 and 4 were fractionated quantitatively into (a) neutral lipids, (b) polar lipids except lecithin, and (c) lecithin. Fatty acid (C12–C20) composition of each lipid fraction was determined, and attempts were made to identify lipids. The larger amount of lipid in any product extracted by either Procedure 3 or 4 was in Fraction 1. Linoleic acid was the most abundant acid found in any lipid fraction. Significantly more oleic acid was found in Fractions I and II Concentrate lipids than in the same fractions of meal or isolate lipids. A number of lipids were found in Fractions I and II, but the only lipid in Fraction III was lecithin.
Article
Soy lecithins are important emulsifiers used in the food, feed, pharmaceutical, and technical industries. Native lecithin is derived from soybean oil in four steps: hydration of phosphatides, separation of the sludge, drying, and cooling. Such lecithin has both W/O and O/W emulsifying properties. Products with improved emulsifying properties can be obtained by modifications, involving mainly fractionation in alcohol, hydrolysis (enzymatic, acid, or alkali), acetylation, or hydroxylation. Careful processing is required to produce lecithins of a high chemical, physical, and bacteriological quality.
Article
The object of the present work has been to study those soybean phosphatides which cannot be extracted by means of nonpolar solvents but only be means of mixtures of nonpolar and polar solvents, for instance hexane and ethanol. These phosphatides were fractionated by the countercurrent distribution technique, and the following groups of substances were found: a) carbohydrates with d-inositol in the form of the methyl ether called pinitol; b) a number of nitrogen-containing substances, the nature of which is not as yet fully elucidated but which is perhaps merely decomposition products of proteins; c) a glyceroinositophosphatidic acid which contains equimolar quantities of glycerophosphoric acid and inositolmonophosphoric acid and phosphorus and fatty acids at a ratio of about 1 to 2; d) a high-molecular phosphatide acid; and e) a mixture of the three glycerophosphatides: phosphatidylcholine,-ethanolamine, and-serine.
Article
The solubility of vegetable oils in aqueous ethanol depends on the concentration of alcohol and temperature of the system. At ordinary temperatures even absolute alcohol is not a good solvent for vegetable oils since the solubility is even less than 10 g. of oil per 100 g. of alcohol. Mowrah, safflower, peanut, and cottonseed oils are soluble in absolute alcohol at 70°C. All the oils investigated are found to be miscible above the boiling point of alcohol even if the concentration is 98%. In 95% ethanol they are miscible between 90° and 100°C. Addition of a good solvent, like n-hexane, increases the solubility of oils, and the solubility temperatures are lowered. From the results obtained by various methods of solubility determination it is found that the apparatus employed in the present work yields more reliable results by eliminating the visual observation of turbidity temperatures, ensuring vigorous stirring and allowing sufficient amount of time to attain equilibrium conditions in determining the solubilities of vegetable oils.
Article
A comprehensive review of the literature about use of solvents for extraction of oilseeds is presented. Mention has been found of over 70 solvents. Currently, hexane is the major solvent in use, but recent price increases and safety, environmental and health concerns, have generated interest in alternatives. Solvents vary considerably in chemical and physical properties which affect their performance in oil extraction. The choice of solvent depends upon the primary end product desired (oil or meal). Recent research on alternative solvents has focused on ethanol, isopropanol, methylene chloride, aqueous acetone, and hexane/acetone/water mixtures.