Existem alguns poucos trabalhos acadêmicos acerca da realidade
linguística, social e histórica dos Javaé. Há, por exemplo, o trabalho de
Marcus Maia de 1986, Aspectos Tipológicos da Língua Javaé e os trabalhos
de Patrícia Rodrigues, 1993, 2008a, 2008b; Samuel Saburua Javaé
2014; Luciana Leite Silva, 2014 e André Egídio Pin, 2014. Mas até
onde se sabe, esta é primeira tentativa de realizar um diagnóstico sociolinguístico
contanto com o protagonismo do próprio povo Javaé. Graças
as ações do PIBID-Diversidade da UFG, os bolsistas de iniciação
à docência das três aldeias citadas puderam realizar a primeira coleta
de dados aplicando os questionários em suas respectivas comunidades.
No trabalho de coleta das informações, foram aplicados questionários
e adotamos a estratégia de realizar a tarefa em pelo menos três aldeias,
Barreira Branca, foram aplicados 25 questionários, Canoanã, 33 questionários,
e São João 44 questionários. Assim o fizemos por contarmos
com bolsistas de iniciação à docência do PIBID-Diversidade nestas três
aldeias e também por serem aldeias representativas da realidade do povo
Javaé. Não apenas em termos quantitativos, pois são aldeias relativamente
grandes, Canoanã conta com aproximadamente 600 habitantes, mas fundamentalmente
por entendermos que há um nível de complexidade bastante
elevado em termos de realidade sociolinguística em cada uma delas.
Canoanã, além de ser a maior aldeia do povo Javaé, é também a
mais diversa em termos linguísticos, pois conta com pelo menos cinco
línguas diferentes ou remanescentes entre seus moradores, Javaé (Iny); Karajá1
(Iny); Tuxá, Avá-Canoeiro e português. Esta diversidade pode
ser explicada, entre outros fatores, pela imposição do Estado brasileiro
em agrupar ali parte destes povos na década de 1950. Já as aldeias de
Barreira Branca e São João são mais tradicionais e menores.
O levantamento corrobora parte das constatações que foram ou
estão sendo feitas no curso de Educação Intercultural da UFG acerca
da revitalização das línguas indígenas na última década em virtude das
políticas identitárias e das ações afirmativas. Por outro lado o português
como segunda língua revela, de acordo com os dados, seu caráter
de língua de negociação e, portanto, de língua intercultural.
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