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Contribuições da análise espacial para a compreensão da dinâmica de transmissão da dengue: revisão integrativa

Authors:

Abstract

Introdução: a análise espacial tem sido utilizada pela vigilância epidemiológica como estratégia para identificação de espaços urbanos sob maior risco de doenças. Nesse contexto, as ferramentas da informática em saúde podem auxiliar para a compreensão dos fenômenos envolvidos na difusão da dengue nos espaços de aglomeração populacional, elucidando questões relativas aos movimentos espaciais de sua ocorrência e subsidiando o delineamento de programas de combate a seu principal vetor. Objetivo: sintetizar e discutir as informações mais relevantes produzidas pelos estudos de análise espacial de dengue, as quais vêm contribuindo para ampliar o entendimento de sua dinâmica de transmissão, no propósito da aplicação na prática da vigilância epidemiológica. Método: trata-se de uma pesquisa de revisão integrativa de literatura, realizada com publicações de 1945 a 2017, na Web of Science sobre dengue, com uso dos descritores e operadores “Spatial Analysis” AND “Dengue” AND “Urban Area”. Resultados: foram selecionados 35 artigos. O perfil das produções permitiu a identificação de sete assuntos mais abordados: mobilidade urbana, densidade populacional, fatores sociodemográficos, disponibilidade de água, temperatura, vegetação e urbanização. Considerações finais: a análise espacial, por meio dos Sistemas de Informação Geográfica, é uma ferramenta muito útil para o estudo das dinâmicas de transmissão da dengue, pois possibilita o conhecimento de áreas, períodos e fatores sociais e ambientais de maior risco, a fim de produzir alertas para os serviços de saúde
Correspondência: Lacita Menezes Skalinski. Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Rua Basílio da Gama, s/n. Campus
Universitário Canela , Canela, Salvador - CEP: 40.110-040. E-mail: lmskalinski@yahoo.com.br
Conflito de interesse:
Recebido em: 3 Maio 2018; Revisado em: 28 Maio 2018; 6 Nov 2018 Aceito em: 8 Nov 2018
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1):53-63 doi:10.12662/2317-3076jhbs.v6i4.2115.p53-63.2019
ARTIGO DE REVISÃO
Contribuições da análise espacial para a compreensão da dinâmica de
transmissão da dengue: revisão integrativa
Contributions of spatial analysis to the comprehension of dynamics of dengue
transmission: integrative review
Lacita Menezes Skalinski1,2 , Maria da Conceição Nascimento Costa3 , Maria da Glória Lima Teixeira3
1. Docente do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilheus, BA, Brasil. 2. Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade
Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil. 3. Docente do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil
Abstract
Introduction: The spatial analysis has been used by epidemiological surveillance as a strategy to identify urban spaces at greater risk of diseases. In this
context, the tools of computer sciences apllied to health can help to understand the phenomena involved in the diffusion of dengue in areas of high population
            
Objective: this study aimed to synthesize and discuss the most relevant information produced by the studies about spatial analysis of dengue, which have
contributed to enlarge the understanding of its transmission dynamics, in the purpose of the practical application of epidemiological surveillance. Method:
this is an integrative literature review carried out with publications from 1945 to 2017 in the Web of Science. The descriptors and boolean operators used
were “Spatial Analysis” AND “Dengue” AND “Urban Area. Results:     
of seven subjects: urban mobility, population density, sociodemographic factors, availability of water, temperature, vegetation and urbanization. Final
considerations: the spatial analysis, through the Geographic Information Systems, is a very useful tool to the study of dengue transmission dynamics,
because it allows the knowledge of areas, periods and social and environmental factors of greater risk, in order to produce alerts for health services.
Key words: Spatial Analysis; Dengue; Urban Area.
Resumo
Introdução    
de doenças. Nesse contexto, as ferramentas da informática em saúde podem auxiliar para a compreensão dos fenômenos envolvidos na difusão da dengue
     
programas de combate a seu principal vetor. Objetivo: sintetizar e discutir as informações mais relevantes produzidas pelos estudos de análise espacial
       
epidemiológica. Método                  
sobre dengue, com uso dos descritores e operadores “Spatial Analysis” AND “Dengue” AND “Urban Area”. Resultados: foram selecionados 35 artigos. O
       
disponibilidade de água, temperatura, vegetação e urbanização. Considerações finais:
é uma ferramenta muito útil para o estudo das dinâmicas de transmissão da dengue, pois possibilita o conhecimento de áreas, períodos e fatores sociais e

Palavras-chave: Análise espacial. Dengue. Área urbana.
INTRODUÇÃO
Na Saúde Pública, o conceito de espaço já era usado há mais
de 2.000 anos e tem sido reformulado, moldando-se de acordo
com a concepção de saúde-doença vigente em cada época. De
Hipócrates (séc. V a.C.) a Milton Santos (1996), o espaço deixou
de ser considerado apenas como uma delimitação geográca,
passando a contemplar as relações e as dinâmicas sociais,
econômicas e polícas que o modicaram no decorrer da
História1. Nesse sendo, o desenvolvimento da análise espacial
representou uma valiosa ferramenta para a compreensão sobre
como determinado contexto afeta a saúde da população e os
grupos populacionais.
A evolução da concepção de espaço, em Epidemiologia, passou
a ser orientada a parr de seu entendimento como o lugar onde
os agentes infecciosos circulam e, desse modo, possibilitou
os avanços teóricos alcançados pela Geograa2. Na pesquisa
epidemiológica, a estratégia de análise espacial foi incorporada
na perspecva de melhor conhecer e entender o padrão de
distribuição das doenças e agravos à saúde da população,
assim como seus determinantes em espaços delimitados. No
âmbito da vigilância das doenças transmissíveis, o espaço,
enquanto categoria de análise, foi incorporado às suas prácas
por permir idencar áreas de aglomeração de eventos
de saúde, ou seja, áreas de maior risco de ocorrência de
doenças, informação que representa importante subsídio para
o planejamento das ações de prevenção e controle3,4, bem
como para avaliação e monitoramento de aspectos ambientais,
condicionantes geográcos e socioeconômicos relacionados à
53
54 Análise espacial na dinâmica do dengue
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
doença de interesse.
As técnicas de geoprocessamento e a geoestasca vêm
possibilitando que os estudos ecológicos, de certa forma,
tornem mais evidentes a parcipação da conjunção de fatores,
inclusive os contextuais, na determinação da doença por
incorporar efeitos das caracteríscas especícas de cada espaço
social. Embora com limitações, essa abordagem contribui para
que a epidemiologia possa integrar, dialecamente, o social
com o natural, conforme sustentado pelos pensadores da
epidemiologia social5.
No Brasil, essas estratégias metodológicas vêm sendo
aplicadas de modo mais roneiro desde os anos de 19806,
principalmente no campo da vigilância epidemiológica, na
medida em que os espaços urbanos passaram a se destacar
devido à rápida disseminação de doenças transmissíveis. Isso
se deveu à formação de grandes adensamentos populacionais,
desencadeada pelo processo de intensa migração do campo
para as cidades, a parr da segunda metade do século XX,
os quais conguram condições fundamentais para a difusão
de agentes infecciosos, especialmente aqueles cuja cadeia
epidemiológica envolve a parcipação de reservatórios ou
vetores urbanos7.
Um dos exemplos mais emblemácos desse processo foi a
reemergência do vírus da dengue no Rio de Janeiro, em 1986,
quando produziu mais de 47 mil casos, valor superior ao de cada
uma das demais doenças de nocação compulsória. Enquanto
o Brasil foi eliminando e/ou controlando a morbimortalidade
pela maioria das doenças infecciosas por meio de intervenções
de Saúde Pública, a dengue passou a se constuir, nas úlmas
três décadas, em um dos principais problemas de saúde desse
campo, na medida em que vem produzindo epidemias de
grande magnitude, em mais de 90% das cidades do país, sem
que se vislumbre perspecva de controle e /ou eliminação do
seu principal transmissor8.
Nesse contexto, é da maior relevância lançar mão das
ferramentas da informáca em saúde para melhor entender os
fenômenos envolvidos na difusão das arboviroses nos espaços
de aglomeração populacional, tomando como exemplo a
dengue. Essas informações contribuem para a elucidação de
questões relavas aos movimentos espaciais de sua ocorrência
assim como para subsidiar o delineamento de programas de
combate a seu principal vetor. O objevo deste estudo foi
sintezar e discur as informações mais relevantes produzidas
pelos estudos de análise espacial de dengue, as quais vêm
contribuindo para ampliar o entendimento da sua dinâmica de
transmissão no propósito da aplicação na práca da vigilância
epidemiológica.
MÉTODOS
Este estudo foi realizado em maio de 2018, mediante uma
revisão integrava, método de pesquisa bastante ulizado no
âmbito da Práca Baseada em Evidências, que se caracteriza
por propiciar uma síntese do conhecimento cienco sobre o
tema invesgado, voltada em especial para sua aplicabilidade
na práca da assistência à saúde na medida em apresenta
resultados que dão suporte para a tomada de decisão e
aprimoramento na práca clínica. Esse método de revisão é
constuído de seis etapas: 1) idencação do tema e da questão
norteadora; 2) estabelecimento dos critérios de inclusão e
exclusão; 3) coleta de dados dos argos selecionados; 4) análise
críca dos argos visando classicar as evidências encontradas;
5) interpretação dos resultados; 6) síntese do conhecimento9–11.
A base de dados ulizada na busca foi a Web of Science e os
descritores (MeSH terms) ulizados foram: Spaal Analysis,
Dengue e Urban Area. Com apoio dos operadores booleanos,
foi realizada a busca por meio da seguinte combinação: Spaal
Analysis AND Dengue AND Urban Area.
Foram incluídos na amostra apenas argos em inglês,
espanhol e português que se referiam à ocorrência de dengue,
independentemente da metodologia ulizada, e que esvessem
disponíveis para acesso completo, gratuito e que tenham sido
publicados entre 1945 e 2017. Foram excluídas cartas ao editor
e revisões, além daqueles cujo tema abordado não correspondia
ao objevo desta pesquisa.
Inicialmente, procedeu-se à busca na base de dados com a
ulização dos descritores e a seleção do período da publicação.
Em seguida, foi realizada a leitura do tulo e dos resumos
dos argos encontrados, sendo excluídos aqueles que não
estavam relacionados ao objevo e à pergunta de invesgação.
Posteriormente, os argos componentes da amostra nal foram
lidos na íntegra para análise.
A associação dos descritores na base do Web of Science
idencou 60 referências. Ao selecionar apenas os argos, a
amostra foi reduzida para 56 publicações. Após a leitura dos
tulos e dos resumos, 21 argos foram excluídos por não ter
dengue como objeto de estudo e ter, como foco, aspectos
entomológicos. Por m, 35 argos foram lidos na íntegra e
compuseram a amostra da revisão integrava de literatura,
para posterior separação em categorias.
RESULTADOS
Entre os 35 argos ciencos, foram encontradas as publicações
de 2004 a 2017, embora o úlmo ano tenha apresentado maior
número, com cinco argos, seguido de 2008 e 2016 com quatro
em cada ano. Os anos de 2009 e 2015 veram três publicações
cada um, enquanto 2007, 2010, 2013 e 2014 parciparam com
dois argos cada. Os demais veram um argo em cada ano.
Com relação ao idioma, 29 foram escritos em inglês, quatro em
português e dois em espanhol. O Brasil foi espaço geográco
de análise em 14 argos, seguido de Argenna, Tailândia e
Taiwan, com três em cada. Colômbia, Estados Unidos e Vietnã
foram espaço de duas publicações cada um. Austrália, China,
Índia, Itália, México e Trinidad e Tobago foram os países dos seis
argos restantes.
Análise espacial na dinâmica do dengue 55
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
O Quadro 1 sinteza os objevos e os resultados de cada publicação componente da amostra.
Quadro 1. País de estudo, objevo e principais resultados dos argos localizados na base de dados Web of Science (1945-2017),
que contribuem para o entendimento da dinâmica da transmissão da dengue.
Título País Objevo Principais resultados
Ascertaining the impact of public rapid
transit system on spread of dengue in
urban sengs12
Taiwan Invesgar o papel do sistema de metrô,
com mais de 50 milhões de passageiros/
ano como um fator que contribui para a
difusão da dengue em áreas ao redor do
sistema nos úlmos anos.
A difusão da dengue é um fenômeno complexo
que envolve muitos fatores. A mobilidade urbana,
de metrô, é apenas um deles, e o índice usado
para relacionar mobilidade e surtos não agrega
todos os fatores envolvidos. No entanto, é úl e
pode ser considerado entre outros índices para o
estudo das epidemias.
Modelo bayesiano para el estudio
de la enfermedad del dengue en el
departamento de Atlánco, Colombia,
años 2010 a 201313
Colômbia Estudar a relação entre os casos de
dengue e variáveis sociais, geográcas
e econômicas de 23 municípios da
Colômbia, mediante o uso de modelos
espaciais bayesianos para o período
2010 a 2013.
As variáveis sociais e o crescimento desordenado
dos centros urbanos foram os fatores que mais
inuenciaram no aumento do número de casos
de dengue.
Individual and interacve eects of socio-
ecological factors on dengue fever at ne
spaal scale: a geographical detector-
based analysis14
China Examinar os impactos individuais e
interavos dos fatores sócio ecológicos
sobre a dengue.
O risco de infecção por dengue apresentou
associação posiva com densidade rodoviária,
temperatura do ambiente, nível de urbanização,
centros urbanos e precipitação, e associação
negava com renda per capita, cobertura de
vegetação e represas.
Analysis of spaal mobility in subjects
from a Dengue endemic urban locality in
Morelos State, Mexico15
México Estudar a micro e a macromobilidade de
sujeitos infectados por dengue em um
município endêmico.
O estudo sugere que casos adultos têm papel
importante na dispersão da dengue, uma vez que
mostraram se movimentar mais do que contatos
intradomiciliares e controles fora do domicílio,
facilitando assim, a infecção dos mosquitos em
espaços fora do domicílio.
Distribución espacial del mosquito Aedes
aegyp (Diptera: Culicidae) en el área
rural de dos municipios de Cundinamarca,
Colombia16
Colômbia Determinar a probabilidade da presença
do vetor Ae. aegyp na área rural dos
municípios de de Anapoima e La Mesa,
Cundinamarca, Colômbia.
A região com maior probabilidade de presença
do vetor foi próxima aos centros urbanos.
No entanto, o índice de Breteau foi de 34 em
Anapoima e 51 em La Mesa, indicando que existe
risco de transmissão na área rural dos municípios.
Spaal Variaons in Dengue Transmission
in Schools in Thailand17
Tailândia Invesgar se escolas são locais de
transmissão de dengue para crianças, a
parr do conhecimento de infecções por
dengue e abundância de vetores nesses
locais.
Os resultados sugerem que as infecções de dengue
foram localizadas na escola e nas salas de aula. A
escola nha um grande número e diferentes pos
de locais para reprodução dos vetores.
Temporal Dynamics and Spaal Paerns
of Aedes aegyp Breeding Sites, in the
Context of a Dengue Control Program in
Tartagal (Salta Province, Argenna)18
Argenna Analisar a dinâmica espaço temporal
dos locais de reprodução do Ae.aegyp
e o efeito das ações de controle na
população por 5 anos, em Tartagal.
Os hotspots de mosquitos estavam concentrados
nas periferias, regiões com décit de água
potável, especialmente durante o verão, o que,
consequentemente, promove acúmulo de água
em um conjunto de recipientes no peridomicílio.
Spaal paern evoluon of Aedes
aegyp breeding sites in an Argennean
city without a dengue vector control
programme19
Argenna Conhecer e analisar a dinâmica espaço-
temporal dos locais de reprodução do
Ae. aegyp em Clorinda, com relação
à paisagem, usando a entropia máxima,
a m de gerar um modelo de nicho de
vetores.
O modelo obdo mostrou relação entre a
distribuição de locais para reprodução e
disponibilidade de água, aglomeração em centros
urbanos e cobertura de terrenos.
Incorporang the human-Aedes mosquito
interacons into measuring the spaal risk
of urban dengue fever the spaal risk of
urban dengue fever20
Taiwan Esclarecer os efeitos espaciais dos
lugares com aglomeração humana para
acessar o risco de exposição à dengue.
O risco de infecção por DENV esteve,
negavamente, correlacionado com a distância de
escolas, templos e cinemas. Indivíduos próximos a
esses locais veram risco maior de serem picados
por Ae. aegyp. Os locais de avidades sociais
com existência frequente do vetor devem ser
incorporados nas áreas de risco para dengue e
planejamento de intervenções.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
56 Análise espacial na dinâmica do dengue
Título País Objevo Principais resultados
Spaal Distribuon of Dengue in a Brazilian
Urban Slum Seng: Role of Socioeconomic
Gradient in Disease Risk21
Brasil Examinar se caracteríscas especícas
de comunidades urbanas estão
associadas com o risco de dengue.
Regiões com baixas condições socioeconômicas
esveram associadas com o risco aumentado de
dengue.
High Resoluon Spaal Analysis of Habitat
Preference of Aedes albopictus (Diptera:
Culicidae) in an Urban Environment22
Itália Conhecer os habitats preferidos do Ae.
albopictus em áreas urbanas, a m de
auxiliar na prevenção e no controle das
doenças transmidas por esse vetor.
Vegetação, radiação solar e mês de captura
(agosto, setembro e outubro - verão europeu)
mostraram signicância na explicação do acúmulo
de ovos do mosquito.
The Spread of Dengue in an Endemic
Urban Milieu–The Case of Delhi, India23
Índia Descrever a epidemiologia espaço-
temporal da dengue, idencando
fatores de risco socioeconômicos.
O risco de dengue diminui à medida que
se distancia da oresta. uma alta
heterogeneidade na incidência de dengue em
áreas com a mesma condição socioeconômica,
com grande variação ao longo do ano. Áreas
pobres com alta densidade populacional foram
afetadas, mas áreas de melhores condições
socioeconômicas também foram infectadas,
provavelmente devido à sua localização central,
onde ocorre muita mobilidade.
Exploratory space-me analysis of dengue
incidence in Trinidad: a retrospecve
study using travel hubs as dispersal points,
1998–200424
Trinidad e
Tobago
Compreender a dinâmica espaço-
temporal da dengue para trazer
evidências para os serviços de saúde que
possam reduzir o impacto da doença.
O estudo evidenciou que as maiores incidências
ocorrem em áreas onde já existe história de
dengue em outros anos. Foi idencada a
formação de clusters próximo a estações de
transporte, com predominância de movimento do
meio rural para o urbano.
Near real-me characterisaon of urban
environments: a holisc approach for
monitoring dengue fever risk areas25
Tailândia Prover informação sobre a incidência de
dengue com relação à cobertura de terra
e estruturas urbanas.
Os casos esveram concentrados em áreas com
grande densidade populacional, cercada de densa
vegetação. Analisando a proximidade, também
foi observado que a maioria dos casos estavam
próximos às instuições, igrejas e aos mercados.
Water, sanitaon and health: An intra-
urban comparison in the municipality of
Caraguatatuba, Brazil26
Brasil Entender a possível inter-relação entre
a distribuição espacial do saneamento
básico e a epidemia de dengue de 2013.
A provisão e a qualidade dos serviços de
fornecimento de água é um elemento chave para
compreender a epidemia de dengue no município.
Entretanto, é importante considerar que a dengue
é um fenômeno de múlplas causas, e polícas
públicas devem ser voltadas para todos esses
aspectos (população, vetor e dinâmica do vírus),
para que sejam efevas no controle da doença.
Geospaal analysis: a study about dengue27 Brasil Descrever e analisar o espaço geográco
dos coecientes de incidência de dengue
segundo área urbana da Região Norte
do município de Palmas/TO, Brasil.
Os resultados mostraram que surtos não esveram
presentes apenas em áreas residenciais, e as áreas
de maior risco foram aquelas verdes, comerciais e
pouco habitadas.
Populaon Movement and Vector-Borne
Disease Transmission: Dierenang
Spaal–Temporal Diusion Paerns of
Commung and Noncommung Dengue
Cases28
Taiwan Comparar os padrões epidemiológicos,
de difusão e possíveis determinantes
entre casos viajantes e não viajantes
para esclarecer a parcipação do
deslocamento humano na transmissão
da dengue.
A análise dos clusters espaço-temporais mostrou
que os casos não associados com viajantes se
agruparam dentro de 100 m, em uma semana,
enquanto os casos relacionados a viajantes se
difundiram de 2 a 4 km e entre 1 e cinco semanas.
As viagens se apresentaram como fator de risco
que contribuíram para a difusão da epidemia.
Entre não viajantes, principalmente idosos e
donas de casa, há risco de formação de pequenos
clusters, enquanto entre os viajantes, o risco
se dissipa para áreas geográcas maiores, em
epidemias de grande escala.
Co-occurrence Paerns of the Dengue
Vector Aedes aegyp and Aedes
mediovitaus, a Dengue Competent
Mosquito in Puerto Rico29
Estados
Unidos
Desenvolver um modelo predivo
de áreas onde as espécies de Aedes
se sobrepõem, para conduzir coleta
de amostras de Ae. medioviatus e
idencar infecção pelo DENV, focar
intervenções e reduzir as futuras
epidemias de dengue.
A presença do Ae. aegyp mostrou relação com
áreas de maior densidade urbana e de árvores,
altas temperaturas e posterior período de chuvas,
provavelmente quando ocorreu acúmulo de água
para sua reprodução.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
Análise espacial na dinâmica do dengue 57
Título País Objevo Principais resultados
Quanfying the Emergence of Dengue in
Hanoi,Vietnam: 1998–200930
Vietnã Descrever o padrão temporal da
incidência de dengue e sua associação
com as variáveis climácas locais.
O padrão idencado revelou o caráter cíclico
da doença. O clima inuenciou em mudanças
na abundância e sobrevivência do vetor, na
frequência de picadas e no tempo que o mosquito
leva para se tornar infectado e produzir doença
em humanos. Períodos de fortes ventos esveram
associados com a redução nas nocações de
dengue.
Populaon Density, Water Supply, and the
Risk of Dengue Fever in Vietnam: Cohort
Study and Spaal Analysis31
Vietnã Analisar a interação entre densidade
populacional e falta de água encanada
como causa de surtos de dengue e
idencar áreas de maior risco para
infecção.
O risco de dengue foi maior em áreas rurais do
que em urbanas, o que foi explicado pela ausência
de água encanada.
Socio-geographical factors in vulnerability
to dengue in Thai villages: a spaal
regression analysis32
Tailândia Analisar preditores sociogeográcos
para ocorrência de dengue em uma
província semi-urbana.
Regiões mais próximas de áreas urbanas e
famílias com menores rendas veram maior
vulnerabilidade à dengue.
Quanfying the Spaal Dimension of
Dengue Virus Epidemic Spread within a
Tropical Urban Environment33
Austrália Analisar o padrão de difusão do DENV-2
e quancar a relação entre a difusão da
dengue e localização do caso índice da
epidemia.
Os clusters foram idencados com distância
máxima de 800m da residência do caso índice. A
movimentação humana e o número de susceveis
colaboraram para a difusão da epidemia.
Seroprevalence and risk factors for dengue
infecon in socioeconomically disnct
areas of Recife, Brazil34
Brasil Esmar a prevalência de dengue entre
áreas privilegiadas e não privilegiadas
e idencar fatores de risco individuais
e de área para infecção em três áreas
urbanas.
A prevalência de infecção foi inversamente
proporcional às condições socioeconômicas. Ter
idade avançada, viver em uma casa e ter maior
número de habitantes/cômodo foram fatores de
risco para a posividade no inquérito.
Spaal analysis of dengue and the
socioeconomic context of the city of Rio
de Janeiro (Southeastern Brazil)35
Brasil Analisar a epidemia de dengue em
relação ao contexto socioeconômico, de
acordo com áreas geográcas.
As variáveis que mostraram correlação signicava
foram: percentagem de casas conectadas com
a rede pública de água, casas com máquinas de
lavar e densidade populacional em área urbana.
Problemas relacionados ao saneamento básico
contribuem para o aumento do risco de dengue.
The spaal distribuon of Aedes aegyp
and Aedes albopictus in a transion zone,
Rio de Janeiro, Brazil36
Brasil Avaliar a variação sazonal e espacial da
abundância de larvas de Ae. aegyp
e Ae. albopictus por meio de uma
pequena escala espacial de zona de
transição entre uma área urbana e uma
área orestal do Rio de Janeiro.
O Ae. aegyp foi mais abundante em áreas
urbanas(comunidades), com picos nas estações
chuvosas.
Análise espacial da ocorrência de dengue
e condições de vida na cidade de Nova
Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil37
Brasil Analisar a ocorrência de dengue e sua
relação com as condições de vida em
Nova Iguaçu.
Os padrões espaciais indicaram que áreas com
desigualdades sociais e próximas a vias de acesso
estavam mais susceveis à doença.
Spaal point analysis based on dengue
surveys at household level in central
Brazil38
Brasil Idencar as áreas de risco espacial
para infecção, a parr dos resultados
de inquéritos de soroprevalência para
dengue.
A infecção por dengue teve maior prevalência
entre adultos e idosos e entre aqueles com
níveis de escolaridade menores. Foi encontrada
heterogeneidade espacial para áreas de risco da
doença.
Dinâmica intraurbana das epidemias de
dengue em Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil, 1996-200239
Brasil Descrever os padrões espacial e
temporal das epidemias de dengue
em Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil, entre 1996 e 2002, analisando o
endereço de residência como marcador
do local de exposição.
O resultado evidenciou maior concentração de
casos no grupo de idosos (mulheres) e crianças,
que, supostamente, permanecem mais em casa
no período diurno. A transmissão viral é connua
ao longo do ano, com picos sazonais.
Indicadores sociodemográcos e a
epidemia de dengue em 2002, no Estado
do Rio de Janeiro, Brasil40
Brasil Analisar a distribuição espacial da
epidemia de dengue no Estado do Rio
de Janeiro em 2002 e suas relações com
as variáveis sociodemográcas.
Os resultados mostraram associação entre as
maiores incidências de dengue e localidades
caracterizadas pela crescente urbanização e por
décit na rede de canalização e abastecimento de
água
Spaal correlaon of incidence of dengue
with socioeconomic, demographic and
environmental variables in a Brazilian city41
Brasil Avaliar a existência de correlação
espacial da incidência de dengue e
idencar variáveis demográcas,
socioeconômicas e ambientais que
expliquem a dependência espacial.
Os resultados mostraram dependência espacial e
associação da incidência alta com casas térreas,
falta de coleta de lixo e esgoto, baixa renda,
analfabesmo, maior número de residentes por
domicílio, maior % de mulheres chefes de família.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
58 Análise espacial na dinâmica do dengue
Título País Objevo Principais resultados
Habitat segregaon of dengue vectors
along an urban environmental gradient42
Estados
Unidos
Invesgar as diferenças de habitat
terrestre de Ae. aegyp e Ae.
medioviatus em San Juan, Porto Rico.
A presença de Ae. aegyp foi maior em áreas
urbanas com alta densidade populacional,
indicando que esses são locais com potencial de
infecção dos mosquitos pela picada de humanos
doentes.
Spaal Vulnerability to Dengue in a
Brazilian Urban Area During a 7-Year
Surveillance43
Brasil Avaliar a associação entre variáveis
socioeconômicas, demográcas e de
infraestrutura urbana, com as áreas
de risco para ocorrência de dengue e
persistência de transmissão.
Os fatores que melhor caracterizaram as áreas
de risco foram baixa escolaridade, baixa renda,
densidade familiar, proporção de crianças e
idosas.
É importante considerar os diferentes níveis de
exposição da população para explicar o padrão
heterogêneo de distribuição da dengue em
ambientes urbanos.
Spaal distribuon paern of oviposion
in the mosquito Aedes aegyp in relaon
to urbanizaon in Buenos Aires: southern
fringe bionomics of an introduced vector44
Argenna Analisar o padrão espacial de oviposição
do Ae. aegyp em Buenos Aires City e
sua relação com variáveis demográcas
e ambientais.
O padrão espacial de oviposição do Ae. aegyp
parece estar relacionado à urbanização.
Os ambientes urbanos devem ter maior
disponibilidade de fontes para criadouro.
Idencação de locais com potencial de
transmissão de dengue em Porto Alegre
através de técnicas de geoprocessamento45
Brasil Localizar os casos da doença e a
presença do vetor, e idencar fatores
socioambientais que caracterizam
esses locais, por meio de técnicas
de geoprocessamento, procurando
desenvolver um modelo de prevenção
de dengue.
Os fatores que mostraram associação foram
a baixa renda e o alto número de casas
(aglomeração)
Household survey of dengue infecon in
Central Brazil: spaal point paern analysis
and risk factor assessment46
Brasil Conhecer a soroprevalência de infecção
por dengue e fatores de risco individuais
e colevos.
O risco de infecção esteve associado às maiores
idades, à pouca escolaridade e à baixa renda.
DISCUSSÃO
Os argos encontrados referiam-se à distribuição espacial
da dengue, relacionando a incidência da doença com fatores
socioambientais, e puderam ser divididos em sete assuntos
principais: mobilidade urbana, densidade populacional, fatores
sociodemográcos, disponibilidade de água, temperatura,
vegetação e urbanização. A separação desses argos nessas
categorias é relevante, pois evidencia os aspectos mais
comumente abordados nas produções sobre dengue que fazem
uso das ferramentas da análise espacial. Essas informações nos
permitem reconhecer o estado da arte a respeito dos elementos
envolvidos na dinâmica de transmissão da dengue, realçando
sua parcipação nesse processo apontando, assim, os fatores
dignos de atenção na abordagem da vigilância epidemiológica.
Mobilidade urbana
A mobilidade urbana por via terrestre ou aérea, mostrou-se
como um dos aspectos relevantes no processo de difusão da
dengue12,14. O estudo de Wen et al. (2012), mostrou que os
clusters formados ao redor dos casos de pessoas que viajam
chegam a ser vinte vezes maiores, quando comparados aos não-
viajantes28. A movimentação, especialmente de adultos que
desenvolvem mais avidades de trabalho, em turnos diurnos
e em locais distantes da residência – colabora para a dispersão
do vírus para espaços além do domicílio15. Ainda, Telle et al.
(2016) pontuam a parcipação dos residentes de áreas de
periferia, mais vulneráveis e mais afetadas, que se deslocam
para áreas centrais e com melhor condição socioeconômica,
em que a circulação de pessoas é intensa23. Gil et al. (2016)
também enfazam que a mobilidade humana facilita a
transmissão dos vírus e proliferação em outras localidades,
desde que haja presença do vetor47. Para ns de vigilância,
no que tange à mobilidade urbana, Vazquez-Prokopec et al.
(2010) recomendam medidas de migação, entre elas, ações de
controle especícas em regiões usualmente descobertas pelos
serviços de saúde e incorporação de ferramentas dos sistemas
de informação de geoprocessamento para visualização dos
raios dos clusters, a m de orientar os limites para as ações de
contenção33.
Densidade populacional
Com relação à densidade populacional, alguns estudos
evidenciaram o aumento na ocorrência da dengue e presença
do vetor em ambientes com maior aglomeração de pessoas,
como escolas, salas de aula, cinemas, mercados, igrejas e seus
arredores17,20,26,30. Sabe-se que a presença do Ae. aegyp em
áreas de maior densidade urbana - mesmo que não seja em
grande densidade vetorial - mantém o ciclo de transmissão
avo em que doentes e disponibilidade de susceveis48. A
interação de pessoas no mesmo ambiente facilita a ocorrência
da infecção do vetor a parr do humano infectado e posterior
picada em outros humanos susceveis42. Além disso, em
ambientes doméscos, o maior número de residentes/domicílio
também é um fator de risco importante para a infecção,
considerando a distância percorrida no voo do mosquito34,41,43.
Estudos realizados no Brasil apontam que a aglomeração urbana
– especialmente nas favelas – pode inuenciar a incidência de
dengue, pois se manifesta aliada a outros fatores caracteríscos
das desigualdades sociais, também propícios à proliferação do
vetor35,45.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
Análise espacial na dinâmica do dengue 59
Fatores sociodemográcos
Além da vida nas favelas, entre os fatores sociodemográcos
idencados nas publicações e relacionados à transmissão da
dengue em meios urbanos, destacaram-se: baixa renda, viver
em casas térreas, baixa escolaridade, população com idade
avançada e crianças.
Estudos referem que áreas pobres, com alta densidade
populacional são mais afetadas pela dengue18,23. Kiku et al.
(2015) evidenciaram que, em região de absoluta pobreza,
o maior risco de infecção por dengue jusca-se pela
disponibilidade de criadouros para o Ae. aegyp21. Nessas
localidades, é comum a ausência de coleta de lixo e de água
connua, devido aos obstáculos geográcos e à infraestrutura
precária, o que resulta em acúmulo de lixo e depósitos de água
em recipientes para uso domésco, criando locais propícios à
reprodução do vetor49.
Pessoas que vivem em casas térreas também foram
consideradas sob risco, quando comparadas àquelas que
moram em apartamentos34,41. Estudos prévios mostraram que
a oviposição do mosquito é menor em construções mais altas,
o que torna a parcipação dos prédios pequena nos índices de
infestação44,50.
As publicações de Siqueira Junior et al. (2008) mostraram
que a incidência de dengue foi inversamente proporcional
à escolaridade38,46, resultado também revelado por Almeida
(2007), Mondini (2008) e Gonzáles et al. (2017)13,41,43. Embora
saibamos que o analfabesmo não tenha relação direta com
a infecção, é importante discur que famílias em que o chefe
do domicílio possui pouca escolaridade acabam por possuir
baixa renda e, assim, vivem em locais de maior aglomeração,
onde se apresentam situações de vulnerabilidade favoráveis à
manutenção do ciclo infeccioso32,37,41,43,45,46.
Outros estudos encontraram associação entre dengue e a
presença de crianças e idosos28,34,38,39. A parcipação desses
grupos favorece a manutenção de pequenos clusters próximos
ao domicílio, pois são pessoas que permanecem boa parte do
tempo em casa, enquanto os adultos jovens e trabalhadores
parcipam mais avamente na dispersão da doença28.
Disponibilidade de água
A disponibilidade de água foi citada em estudos abordando
as chuvas e os períodos sazonais, bem como naqueles que se
referiam ao décit de água potável e deciências no sistema de
distribuição. Os estudos de Teixeira et al. (2008) e Almeida et al.
(2009) no Brasil e de Schmidt et al. (2011) no Vietnã, mostraram
relação inversa entre incidência de dengue e o percentual de
população com água canalizada. Com a falta de abastecimento,
a água é armazenada precariamente em depósitos nos
peridomicílios, criadouros potenciais para oviposição do
vetor31,35,40. A esse respeito, Johansen et al. (2013) enfazam
que a provisão e a qualidade dos serviços de fornecimento de
água são fatores importantes para compreender as epidemias
de dengue26.
Em um inquérito entomológico realizado na Argenna, Espinosa
et al. (2016) revelaram que, entre os fatores ambientais, a
deciência na distribuição de água é responsável por 48% e
12% da concentração de vetores em municípios sem e com
programas de controle do vetor, respecvamente18,19. Outros
estudos encontrados na literatura demonstram que é possível
predizer espacialmente a distribuição da dengue a parr da
relação da reprodução do vetor com a distribuição de água
e chuva no espaço18,51. Foi demonstrado que em espaços
geográcos em que ocorreram períodos chuvosos, a população
de vetores aumentou51, com posterior aparecimento de casos e
ocorrência de surtos52. Honório et al. (2009) e Lile et al. (2011)
evidenciaram picos na frequência de mosquitos após esses
períodos29,36, enquanto outros autores destacam o caráter
cíclico da doença, explicitando a relação entre as chuvas,
sazonalidade e epidemias30,39.
Temperatura
Informações sobre temperatura também se destacaram entre
os fatores climácos ligados à proliferação do vetor. Coung
et al. (2011) e Lile (2011) encontraram associação entre o
aumento da temperatura média e a abundância e sobrevivência
do vetor no Vietnã e em Porto Rico, respecvamente29,30. Na
Itália, evidências estascas conrmaram que a radiação solar
é signicava para explicar a abundância de ovos encontrados,
pois eleva a temperatura nos locais de oviposição, especialmente
nos meses de agosto e setembro, que correspondem ao verão
europeu22. No estudo realizado na China, também foi encontrada
associação entre a infecção por dengue e temperaturas mais
altas, destacando-se que, quando a combinação de chuva e
temperatura são inseridas em um modelo interavo de análise,
o impacto na incidência de dengue chega a ser 12 vezes maior
do que outros fatores, como densidade populacional e renda,
por exemplo. Além disso, é interessante lembrar que, em
altas temperaturas, as pessoas passam mais tempo fora dos
domicílios e com janelas abertas, facilitando, assim, a picada e
a entrada do vetor no ambiente domésco14. Por m, Almeida
(2008) enfaza que a temperatura do ambiente é um dos três
fatores responsáveis pela redução do número de casos, junto
do controle vetorial e do esgotamento de susceveis39.
Vegetação
Sobre a vegetação, as publicações mostraram que há maior
predisposição para encontrar o Ae. aegyp e seus ovos em
áreas com árvores, provavelmente porque sua sombra oferece
um habitat favorável22,29. Tun-Lin et al (2000), enfazam que o
material orgânico, aquele entre folhagens ou abaixo das árvores
tende a produzir Ae. aegyp adultos com desenvolvimento
mais rápido e melhor sobrevivência das larvas53. Com relação
à doença, estudos mostraram que muitos clusters de áreas
residenciais eram circulados por áreas verdes25,27. Ainda,
vale lembrar que, em residências em que não presença de
árvores, as plantas ornamentais, vasos e pratos de plantas têm
papel importante como criadouros para o mosquito54,55.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
Urbanização
Estudos sobre a disposição do vetor em diferentes ambientes
mostraram que a população de Ae. aegyp é maior em centros
urbanas, quando comparada ao Ae. albopictus, que é mais
encontrado em as áreas rurais36. Em uma pesquisa realizada
apenas em áreas rurais da Colômbia, Cabezas et al. (2017)
encontraram que a presença de vetores foi maior naqueles
síos mais próximos das cidades, tendo sido encontradas
larvas viáveis em tanques para armazenamento de água para
consumo, pois nesse país 41% dessas áreas não contam com
abastecimento de água por aquedutos16. Na Argenna, a maior
densidade vetorial também esteve associada à urbanização e à
densidade populacional, o que pode ser explicado tanto pela
disponibilidade de criadouros, como de sangue, para repasto
do vetor19,44.
Junto da densidade populacional, a urbanização foi um fator
muito discudo nos argos, pois o crescimento desordenado
e acelerado da população em ambientes urbanos propicia
condições ecológicas favoráveis à transmissão da dengue13,32;
isso porque, geralmente, a aglomeração humana em pequenos
domicílios vem acompanhada de má qualidade habitacional,
em construções feitas sem planejamento, sem esgotamento
sanitário, com distribuição insuciente de água e em regiões
sem coleta de lixo14,40.
Em suma, percebe-se que é dicil isolar os fatores relacionados à
dinâmica de transmissão da dengue, uma vez que todos parecem
de certa forma imbricados nas relações sociais da população,
perpassando suas avidades econômicas, de trabalho,
mobilidade, o crescimento desordenado das áreas urbanas, a
situação de vida e de moradia e o acesso ao saneamento básico.
Todas essas condições, associadas ao clima tropical, à presença
do vetor e aos fatores intrínsecos (de imunidade populacional e
esgotamento de susceveis), facilitam a propagação do vírus e
sua dispersão entre a população52.
Nesse sendo, estudos de análise espacial merecem destaque
por sua capacidade de idencar áreas crícas, regiões
geográcas de maior risco para a ocorrência da doença,
buscando relações possivelmente explicavas. A ulização
dos SIG, aliada a técnicas estascas especializadas, permite
obtenção de resultados conáveis que possam servir de guia
para os serviços de vigilância epidemiológica e ambiental. O
desao posto ainda é criar interfaces amigáveis entre usuários
e esses sistemas6,39.
Buscando melhores resultados para além das técnicas
estascas e informações georreferenciadas, a interpretação
da análise espacial exige a percepção das relações entre espaço
e sociedade, determinadas por condições econômicas e sociais,
para melhor elaborar diagnóscos e ações em saúde56.
Neste estudo, a revisão integrava mostrou a pluralidade de
fatores envolvidos na ocorrência da dengue, fato que reitera a
necessidade de considerar a inter e a transdisciplinaridade na
análise da distribuição espacial dessa arbovirose, integrando os
conhecimentos biológicos, sociais e geográcos 57.
CONCLUSÕES
Nas Américas, a dengue tem-se destacado pelo rápido poder
de disseminação e capacidade de produzir surtos e, no Brasil,
é uma doença de caráter endêmico, com alta magnitude,
vulnerabilidade e transcendência, na medida em que acarreta
absenteísmo das avidades diárias e, em casos graves, anos
potenciais de vida perdidos.
Nesse contexto, a análise espacial se mostra como uma
ferramenta da informáca em saúde muito úl para o estudo das
dinâmicas de difusão espacial e temporal que permite observar
áreas com maior risco epidemiológico, tanto pela localização
de focos com potencial de proliferação do vetor, bem como os
fatores sociais e demográcos, que inevitavelmente predizem a
ocorrência de doença. Os SIG possibilitam o conhecimento de
áreas e períodos com maior risco, a m de produzir alertas para
as vigilâncias epidemiológica e ambiental, tanto para o controle
do vetor, quanto na organização da assistência necessária ao
atendimento dos casos.
No entanto, com base nos argos encontrados na revisão,
foi possível vericar que a produção está concentrada
principalmente entre os pesquisadores das arboviroses. Ainda
é um desao que a incorporação das ferramentas de análise
espacial seja maior no codiano dos serviços de saúde pública,
servindo como instrumento para auxiliar a tomada de decisão e
ação oportuna de enfrentamento para a redução da incidência
de casos.
60 Análise espacial na dinâmica do dengue
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Análise espacial na dinâmica do dengue 63
... Nesta vertente, verifica-se que o emprego de tecnologias que avaliam a dinâmica da distribuição espacial de agravos e doenças, em particular da hanseníase, se torna benéfica em pesquisas epidemiológicas, o que serve de subsídio para a identificação do risco de sua ocorrência de acordo com o espaço geográfico, a fim de planejar ações de vigilância em saúde 6,7,8 , inclusive por considerar os determinantes sociais imbricados no processo saúde-doença. ...
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Resumo Introdução A hanseníase se apresenta de forma heterogênea, o que requer o reconhecimento do perfil e distribuição espacial para a efetivação de ações de controle. Objetivo Descrever o perfil epidemiológico e a distribuição espacial dos casos de hanseníase na Paraíba. Método Estudo ecológico, de base secundária e abordagem quantitativa. Os loci do estudo foram os 223 municípios do estado. Os dados foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação/Hanseníase correspondentes ao período de 2015 a 2019. Utilizou-se de estatística descritiva e análise espacial com auxílio do software R. Resultados Foram analisados 3.218 casos para o perfil epidemiológico e 3.212 para a análise espacial. Verificou-se maior registro no ano de 2019 (n=778;24,2%); no sexo masculino (n=1.783; 55,5%); faixa etária 40 a 59 anos (n=1.236; 38,4%); classificação multibacilar (n=2.095; 65,2%); forma dimorfa (n= 970; 30,2%), e grau de incapacidade física 0 (n=1.611; 50,2%). Identificaram-se 171 (76,7%) municípios que notificaram casos, e houve detecção de conglomerados simples e compostos envolvendo 31 municípios, situados mais ao Leste e Oeste do estado. Conclusão Ressalta-se que a hanseníase permanece com cadeia de transmissão ativa na Paraíba e com distribuição geográfica heterogênea, reafirmando a importância de planejar e executar ações de controle mais resolutivas.
... As ferramentas de análises espaciais são capazes de armazenarem, mapearem e estruturarem com segurança e qualidade metodológica dados em saúde (Skalinski et al., 2018). Entretanto, frente a vasta gama de ferramentas utilizadas para realização de análise espacial, faz-se necessário a categorização, diferenciação e exemplificação do seu correto uso, minimizando não só o tempo de execução dos estudos, assim como erros de utilização e interpretação dos resultados. ...
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Objetivo: Mapear as evidências científicas acerca da utilização de técnicas de análise espacial para o controle do estado de saúde da comunidade com risco para arboviroses. Método: Protocolo de revisão de escopo, registrado no Open Science Framework, elaborado com base na trilha metodológico do Joanna Briggs Institute e no checklist do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews, a pesquisa ocorrerá nas seguintes bases de dados: PubMed, Web Of Science e Scopus, será guiada pela seguinte questão de pesquisa: “Quais as evidências do uso da ferramenta de análise espacial como estratégia de gestão em enfermagem em saúde pública para avaliação da Chikungunya, Dengue e Zika na população com vista no controle do estado de saúde da comunidade ?”, o software Rayyan será utilizado para o gerenciamento da coleta e seleção de estudos publicados. Posteriormente, ocorrerá a avaliação do título e do resumo de todos os estudos identificados, com base nos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, por dois revisores independentes e por um terceiro revisor para resolver possíveis divergências. Os resultados serão sintetizados descritivamente, um fluxograma e resumo narrativo acompanharão os resultados e descreverão como se relacionam com o objetivo e a questão da revisão. As informações oriundas da revisão instrumentalizada a partir desse protocolo serão úteis para categorizar, diferenciar e exemplificar o correto uso de técnicas de análise espacial em estudos com doenças infecciosas, subsidiando conhecimento ao enfermeiro, para que o mesmo planeje intervenções e desenvolva ações na saúde da comunidade.
Chapter
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Introduction: According to the World Health Organization (WHO), suicide is the third leading cause of death among young women aged 15 to 29 years. Suicidal behavior encompasses suicidal ideation with or without a plan, suicide attempts, and suicide itself. Objective: to carry out an integrative literature review on national scientific production in the period from 2017 to 2022, collecting in the literature what leads young women to attempt against their own lives. Method: an integrative literature review of the literature on suicide attempts by young adult women in Brazil. a database of the National Library of Medicine, National Institute of Health (PubMed) was searched. Results: that there is a lack of knowledge about suicide attempts with a gender perspective, as well as the creation of strategies to promote life and prevent suicide. Conclusion: there is a lack of studies in the literature in the area that cover young adult females. Through the analysis of the selected studies, it is evident that the most frequent causes in the study refer to violence, disorders and the use of alcohol and other drugs.
Article
Objetivo: Analisar a dinâmica espacial e temporal dos casos confirmados de febre de Chikungunya no estado de Pernambuco antes e durante o período pandêmico da Covid-19. Métodos: Estudo ecológico, com casos confirmados de febre de Chikungunya no período de 2018 a 2021. Foram calculadas as taxas brutas de incidência suavizadas pelo estimador Bayesiano empírico local, segundo município de residência e a dinâmica espacial apresentada por meio da Razão de Risco. A análise temporal foi desenvolvida pelo Joinpoint Regression, segundo trimestre de confirmação dos casos. Resultados: Foram confirmados 26.194 casos de Chikungunya em Pernambuco. A análise espacial destacou a Macrorregião de Saúde Agreste com concentração de municípios que apresentaram baixa incidência em ambos os períodos do estudo; A Macrorregião de Saúde Metropolitana agregou os municípios com as maiores incidências no período pandêmico e maiores Razões de Risco. A análise temporal identificou três tendências: duas de crescimento e uma de redução. Conclusão: Durante o período de pandemia de Covid-19 houve uma epidemia de Febre de Chikungunya em Pernambuco, despercebida devido aos esforços do Sistema de Saúde estarem voltados para o combate ao vírus SARS-Cov-2.
Thesis
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A chikungunya é uma arbovirose transmitida por mosquitos do gênero Aedes, que emergiu no Brasil no ano de 2014. O município do Rio de Janeiro enfrenta desde 2016 epidemias da doença. No ano de 2019, 65,25% dos casos prováveis do território brasileiro ocorreram no estado do Rio de Janeiro. Devido à cronificação de parcela significativa dos infectados, os impactos da doença se tornam duradouros, inclusive nos gastos públicos. Além disso, as arboviroses são doenças multifatoriais, diversos estudos identificam associação entre sua ocorrência e condições socioeconômicas, ambientais e climáticas. O objetivo deste estudo foi estimar o custo-doença da chikungunya no município do Rio de Janeiro no ano de 2019 e discutir como variáveis climáticas podem estar associadas ao número de casos ocorridos. Os custos foram estimados a partir das notificações de casos suspeitos realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde do município do Rio de Janeiro. Através da literatura científica foram estabelecidos pressupostos para calcular o número de casos esperados nas fases pós-aguda e crônica. Os custos diretos foram estimados considerando o fluxo de tratamento proposto pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e os valores retirados de bancos de dados do Sistema Único de Saúde e de documentos disponibilizados pelos governos municipal e estadual. Os custos indiretos foram calculados a partir da perda de produtividade para fase aguda, e da incapacidade para as demais fases. Para observar a relação dos custos e da incidência de casos com variáveis climáticas e sociais, os dados foram divididos em dois períodos que consistem nos meses de primavera-verão e outono-inverno, sendo a unidade de análise as Regiões Administrativas do município. Foi realizada análise de clusters e os dados também foram observados espacialmente através dos Índices de Moran Global e Local. Os casos concentraram-se principalmente no período outono-inverno, sobretudo entre abril e junho. Os custos estimados chegaram a R$ 127 373 305, o que pode significar 2,4% do orçamento total municipal da saúde para o ano de 2019. Foram formados três clusters para cada período e os aglomerados mostraram divisões claras e reconhecidas na cidade, inclusive popularmente, no que se chamam de zonas geográficas, que além da geografia têm características populacionais e sociais bastante divergentes. Na análise de dependência espacial apresentaram correlação com os custos as variáveis relacionadas à população, temperatura e umidade, e com incidência as variáveis foram chuva, temperatura, umidade, população, custos e Índice de Desenvolvimento Social (IDS). O período primavera-verão foi o que apresentou mais correlações. As estimativas de custos mostraram um impacto financeiro importante da doença no sistema de saúde. A dinâmica da chikungunya no município ainda é pouco explorada. As condições climáticas do Rio de Janeiro são propícias ao desenvolvimento do vetor, portanto é importante que sejam consideradas em análises futuras.
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A dengue pode ser apontada como a mais relevante arbovirose no mundo, essa patologia constitui-se um grave problema de saúde pública, de característica sazonal, dessa forma, sendo necessária a notificação compulsória para controle e estabelecimento de políticas de saúde. Em paralelo a isso, em março de 2020, no Brasil, os casos do novo coronavírus cresceram exponencialmente enquanto outras endemias, como a dengue, coexistiram no país em seus respectivos períodos de altas taxas de incidência, juntamente, com a extrema sobrecarga do sistema de saúde nesse período pandêmico. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo descrever o perfil epidemiológico da dengue no período pandêmico de 2018-2021 e avaliar se a pandemia influenciou na diminuição dos casos de notificações da arbovirose, no município de Araguari-MG. Acredita-se que os resultados do estudo possam evidenciar que existem alterações epidemiológicas na endemia de dengue durante a pandemia de Covid-19. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, observacional e transversal. Feito no município de Araguari, no ano de 2022. Os resultados mostraram um coeficiente de correlação r2=0,1969 e P=0,0299, logo, existe uma correlação negativa entre o número de casos notificados de dengue e o número de casos notificados de COVID-19 no período referido. Portanto, há uma pequena influência estatística verificada nos dados de notificação do SINAN do município de Araguari - MG entre as sindemias de Covid-19 e Dengue nos anos de 2020 e 2021, indicando que quanto mais casos de Covid-19 são notificados menos casos de Dengue são relatados junto ao SINAN.
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Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento de enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) sobre o acolhimento com classificação de risco a pacientes com suspeita de dengue. Estudo transversal, descritivo, exploratório, de abordagem quantitativa, realizado em 9 UBSs e 3 UPAs do município de São Carlos, participando 26 enfermeiros. A coleta de dados foi através de instrumento autorrespondido, adaptado de Esashika (2012). A análise de dados foi por meio da estatística descritiva. Dentre os resultados obtidos, 88% (24) dos participantes realizam classificação de risco do paciente suspeito de dengue; 77% (20) não seguem um protocolo de hidratação; e, 46% (12) responderam que as unidades de saúde possuem condições de manter os pacientes com sinais de alarme em observação por até 12 horas. Os enfermeiros possuem conhecimento sobre a classificação de risco, porém, as condutas se diferem, não seguindo protocolos padronizados. Descritores: Dengue, Acolhimento, Enfermeiro, Vigilância em Saúde. Knowledge of nurses about reception of suspected cases of dengue Abstract: This study aimed to assess the knowledge of nurses from Basic Health Units (UBS) and Emergency Care Units (UPA) about the care with risk classification for patients with suspected dengue. Cross-sectional, descriptive, exploratory study with a quantitative approach, carried out in 9 UBSs and 3 UPAs in the city of São Carlos, with 26 nurses participating. Data collection was through a self-answered instrument, adapted from Esashika (2012). Data analysis was through descriptive statistics. Among the results obtained, 88% (24) of the participants perform risk classification of suspected dengue patients; 77% (20) do not follow a hydration protocol; and, 46% (12) responded that health units are able to keep patients with alarm signs under observation for up to 12 hours. Nurses have knowledge about risk classification, however, the approaches differ, not following standardized protocols. Descriptors: Dengue, Reception, Nurse, Health Surveillance. Conocimiento de los enfermeros sobre la recepción de casos sospechosos de dengue Resumen: Este estudio tuvo como objetivo evaluar el conocimiento de enfermeros de Unidades Básicas de Salud (UBS) y Unidades de Atención de Emergencias (UPA) sobre la atención con clasificación de riesgo para pacientes con sospecha de dengue. Estudio transversal, descriptivo, exploratorio con abordaje cuantitativo, realizado en 9 UBS y 3 UPA de la ciudad de São Carlos, con la participación de 26 enfermeros. La recolección de datos se realizó a través de un instrumento de respuesta automática, adaptado de Esashika (2012). El análisis de los datos se realizó mediante estadística descriptiva. Entre los resultados obtenidos, el 88% (24) de los participantes realizan clasificación de riesgo de pacientes con sospecha de dengue; 77% (20) no sigue un protocolo de hidratación; y el 46% (12) respondió que las unidades de salud pueden mantener en observación a los pacientes con señales de alarma hasta por 12 horas. Los enfermeros tienen conocimiento sobre la clasificación de riesgos, sin embargo, los enfoques difieren y no siguen protocolos estandardizados. Descriptores: Dengue, Recepción, Enfermera, Vigilancia de la Salud.
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Resumo A maior disponibilidade de frutas, verduras e legumes (FLV) pode auxiliar no consumo destes alimentos. Objetivou-se investigar desigualdades demográficas e de renda domiciliar na distribuição espacial da comercialização de FLV em Curitiba, Paraná. Foram identificados 106 equipamentos de venda de alimentos listados no site da Secretaria Municipal de Abastecimento, nas 10 regionais administrativas do município. Os dados populacionais e de Renda Domiciliar das regionais administrativas foram obtidos do Censo Demográfico de 2010. Os pontos de comercialização de alimentos foram identificados e, em seguida, analisados quanto a correlação entre as regionais pelo índice de Moran. Foram avaliadas 407 barracas, em 103 equipamentos públicos que comercializavam FLV. Observou-se concentração das feiras na área central do município, com índice de Moran global de 0,99. Entre as regionais apenas uma não apresentou nenhum equipamento (Tatuquara). Observou-se concentração dos equipamentos nas regionais com maior renda (9,82/10.000 hab) em relação àquelas com menor renda (2,60/10.000 hab) (p<0,001). Existem iniquidades na oferta e na qualidade dos FLV em equipamentos públicos em regionais de menor renda, o que deve ser considerado pelos gestores ao programarem a distribuição dos locais.
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In 2015–2016, simultaneous circulation of dengue, Zika and chikungunya in the municipality of Rio de Janeiro (Brazil) was reported. We conducted an ecological study to analyse the spatial distribution of dengue, Zika and chikungunya cases and to investigate socioeconomic factors associated with individual and combined disease incidence in 2015–2016. We then constructed thematic maps and analysed the bivariate global Moran indices. Classical and spatial models were used. A distinct spatial distribution pattern for dengue, Zika and chikungunya was identified in the municipality of Rio de Janeiro. The bivariate global Moran indices ( P < 0.05) revealed negative spatial correlations between rates of dengue, Zika, chikungunya and combined arboviruses incidence and social development index and mean income. The regression models ( P < 0.05) identified a negative relationship between mean income and each of these rates and between sewage and Zika incidence rates, as well as a positive relationship between urban areas and chikungunya incidence rates. In our study, spatial analysis techniques helped to identify high-risk and social determinants at the local level for the three arboviruses. Our findings may aid in backing effective interventions for the prevention and control of epidemics of these diseases.
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Objective: to characterize the entomological and epidemiological aspects of dengue epidemics occurred in Fortaleza, Ceará, Brazil, from 2001 to 2012. Methods: descriptive study with data from the Information System for Notifiable Diseases (Sinan), Information System of Hospitalizations due to Yellow Fever and Dengue (2001-2009), National Program for Dengue Control (2010-2012), and Rapid Survey of Aedes aegypti Infestation Index, referring to the years in which the incidence of dengue was above 75%. Results: from 2001 to 2012, 194,446 cases of suspected dengue were notified; the epidemic years were 2001, 2006, 2008, 2011 and 2012; there was a progressive increase in the incidence of the disease (587.0/100 thousand inhabitants in 2001 and 1,561.1/100 inhabitants in 2012); there was co-circulation of up to three serotypes and high vector infestation, especially in water tanks. Conclusion: after a long period of virus circulation in Fortaleza, dengue remains as an important health issue, with severe cases and high fatality rate.
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Dengue is the most important human arboviral disease in Singapore. We classified residential areas into low-rise and high-rise housing and investigated the influence of urban drainage on the distribution of dengue incidence and outdoor breeding at neighborhood and country scales. In Geylang area (August 2014 - August 2015), dengue incidence was higher in a subarea of low-rise housing compared to high-rise one, averaging 26.7 (Standard Error, SE = 4.83) versus 2.43 (SE = 0.67) per 1000 people. Outdoor breeding drains of Aedes aegypti have clustered in the low-rise housing subarea. The pupal density per population was higher in the low-rise blocks versus high-rise ones, 246 (SE = 69.08) and 35.4 (SE = 25.49) per 1000 people, respectively. The density of urban drainage network in the low-rise blocks is double that in the high-rise ones, averaging 0.05 (SE = 0.0032) versus 0.025 (SE = 0.00245) per meter. Further, a holistic analysis at a country-scale has confirmed the role of urban hydrology in shaping dengue distribution in Singapore. Dengue incidence (2013-2015) is proportional to the fractions of the area (or population) of low-rise housing. The drainage density in low-rise housing is four times that corresponding estimate in high-rise areas, 2.59 and 0.68 per meter, respectively. Public housing in agglomerations of high-rise buildings could have a positive impact on dengue if this urban planning comes at the expense of low-rise housing. City planners in endemic regions should consider the density of drainage networks for both the prevention of flooding and the breeding of mosquitoes.
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El propósito en este artículo es estudiar la relación entre los casos de dengue y las variables dadas por los datos sociales, geográficos y económicos de los 23 municipios del departamento del Atlántico, Colombia, mediante el uso de modelos espaciales completamente bayesianos para el período 2010 a 2013. Se analizaron 7.786 casos de dengue presentados en los cuatro años de estudio, encontrando que los municipios más afectados por cantidad de población fueron Tubará, Candelaria, Puerto Colombia, Baranoa, Polonuevo y Ponedera. Se escogió el mejor modelo por cada año de estudio, basados en el Criterio de Información de Desviación (DIC), se encontró que las variables afines a las características sociales presentes en las viviendas y el crecimiento desordenado del casco urbano fueron las que mayor influencia tuvieron en el aumento del número de casos de dengue. El modelo bayesiano permitió identificar la relación del dengue con factores fuera del sector de salud estableciendo áreas de mayor riesgo de enfermedad.
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INTRODUCTION Climate variability, the primary expression of climate change, is one of the most important environmental problems affecting human health, particularly vector-borne diseases. Despite research efforts worldwide, there are few studies addressing the use of information on climate variability for prevention and early warning of vector-borne infectious diseases. OBJECTIVES Show the utility of climate information for vector surveillance by developing spatial models using an entomological indicator and information on predicted climate variability in Cuba to provide early warning of danger of increased risk of dengue transmission. METHODS An ecological study was carried out using retrospective and prospective analyses of time series combined with spatial statistics. Several entomological and climatic indicators were considered using complex Bultó indices -1 and -2. Moran’s I spatial autocorrelation coefficient specified for a matrix of neighbors with a radius of 20 km, was used to identify the spatial structure. Spatial structure simulation was based on simultaneous autoregressive and conditional autore-gressive models; agreement between predicted and observed values for number of Aedes aegypti foci was determined by the concordance index Di and skill factor Bi. RESULTS Spatial and temporal distributions of populations of Aedes aegypti were obtained. Models for describing, simulating and predicting spatial patterns of Aedes aegypti populations associated with climate variability patterns were put forward. The ranges of climate variability affecting Aedes aegypti populations were identified. Forecast maps were generated for the municipal level. CONCLUSIONS Using the Bultó indices of climate variability, it is possible to construct spatial models for predicting increased Aedes aegypti populations in Cuba. At 20 × 20 km resolution, the models are able to provide warning of potential changes in vector populations in rainy and dry seasons and by month, thus demonstrating the usefulness of climate information for epidemiological surveillance.
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Despite frequent use of digital devices in everyday life, cost-effective measurement of public health issues in urban areas is still challenging. This study was, therefore, planned to extract land-use types using object-based and spatial metric approaches to explore the dengue incidence in relation to the surrounding environment in near real-time using Google and Advanced Land Observation Satellite images. The characterised image showed useful classification of an urban area with 77% accuracy and 0.68 kappa. Geospatial analysis on public health data indicated that most of the dengue cases were found in densely populated areas surrounded by dense vegetation. People living in independent houses having sparsely vegetated surroundings were found to be less vulnerable. Disease incidence was more prevalent in people of 5–24 years of age (67%); while in terms of occupation, mostly students, the unemployed, labourers and farmers (88%) were affected. In general, males were affected slightly more (10%) than females. Proximity analyses indicated that most of the dengue cases were around institutions (40%), religious places (18%) and markets (15%). Thus, usage of Digital Earth scalable tools for monitoring health issues would open new ways for maintaining a healthy and sustainable society in the years ahead.
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Dengue fever, a mosquito-borne viral disease, is a rapidly emerging public health problem in Ecuador and throughout the tropics. However, we have a limited understanding of the disease transmission dynamics in these regions. Previous studies in southern coastal Ecuador have demonstrated the potential to develop a dengue early warning system (EWS) that incorporates climate and non-climate information. The objective of this study was to characterize the spatiotemporal dynamics and climatic and social-ecological risk factors associated with the largest dengue epidemic to date in Machala, Ecuador, to inform the development of a dengue EWS. The following data from Machala were included in analyses: neighborhood-level georeferenced dengue cases, national census data, and entomological surveillance data from 2010; and time series of weekly dengue cases (aggregated to the city-level) and meteorological data from 2003 to 2012. We applied LISA and Moran’s I to analyze the spatial distribution of the 2010 dengue cases, and developed multivariate logistic regression models through a multi-model selection process to identify census variables and entomological covariates associated with the presence of dengue at the neighborhood level. Using data aggregated at the city-level, we conducted a time-series (wavelet) analysis of weekly climate and dengue incidence (2003-2012) to identify significant time periods (e.g., annual, biannual) when climate co-varied with dengue, and to describe the climate conditions associated with the 2010 outbreak. We found significant hotspots of dengue transmission near the center of Machala. The best-fit model to predict the presence of dengue included older age and female gender of the head of the household, greater access to piped water in the home, poor housing condition, and less distance to the central hospital. Wavelet analyses revealed that dengue transmission co-varied with rainfall and minimum temperature at annual and biannual cycles, and we found that anomalously high rainfall and temperatures were associated with the 2010 outbreak. Our findings highlight the importance of geospatial information in dengue surveillance and the potential to develop a climate-driven spatiotemporal prediction model to inform disease prevention and control interventions. This study provides an operational methodological framework that can be applied to understand the drivers of local dengue risk.
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Urbanization is an important factor contributing to the global spread of dengue in recent decades, especially in tropical regions. However, the impact of public transportation system on local spread of dengue in urban settings remains poorly understood, due to the difficulty in collecting relevant locality, transportation and disease incidence data with sufficient detail, and in suitably quantifying the combined effect of proximity and passenger flow. We quantify proximity and passenger traffic data relating to 2014–2015 dengue outbreaks in Kaohsiung, Taiwan by introducing a “Risk Associated with Metro Passengers Presence” (RAMPP), which considers the passenger traffic of stations located within a fixed radius, giving more weight to the busier and/or closer stations. In order to analyze the contagion risk associated with nearby presence of one or more Kaohsiung Rapid Transit (KRT) stations, we cluster the Li's (the fourth level administrative subdivision in Taiwan) of Kaohsiung based on their RAMPP value using the K-means algorithm. We then perform analysis of variance on distinct clusterings and detect significant differences for both years. The subsequent post hoc tests (Dunn) show that yearly incidence rate observed in the areas with highest RAMPP values is always significantly greater than that recorded with smaller RAMPP values. RAMPP takes into account of population mobility in urban settings via the use of passenger traffic information of urban transportation system, that captures the simple but important idea that large amount of passenger flow in and out of a station can dramatically increase the contagion risk of dengue in the neighborhood. Our study provides a new perspective in identifying high-risk areas for transmissions and thus enhances our understanding of how public rapid transit system contributes to disease spread in densely populated urban areas, which could be useful in the design of more effective and timely intervention and control measures for future outbreaks.
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After more than eighty years dengue reemerged in Argentina in 1997. Since then, the largest epidemic in terms of geographical extent, magnitude and mortality, was recorded in 2009. In this report we analyzed the DEN-1 epidemic spread in Orán, a mid-size city in a non-endemic tropical area in Northern Argentina, and its correlation with demographic and socioeconomic factors. Cases were diagnosed by ELISA between January and June 2009. We applied a space-time and spatial scan statistic under a Poisson model. Possible association between dengue incidence and socio-economic variables was studied with the Spearman correlation test. The epidemic started from an imported case from Bolivia which generated two seminal clusters on February, in the northeast and south parts of the city with risk ratios of 25.24 and 4.07 respectively (p<0.01). Subsequent cases spread widely around the city without significant space-temporal clustering. Maximum values of the entomological indices were observed in January, at the beginning of the epidemic (B=21.96; LH=8.39). No statistically significant association between socioeconomic variables and dengue incidence was found but positive correlation between population size and the number of cases (p<0.05) was detected. Two mechanisms may explain the observed pattern of epidemic spread in this non-endemic tropical city: a) Short range dispersal of mosquitoes and people generates clusters of cases and b) long-distance (within the city) human movement contributes to a quasi-random distribution of cases.