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Correspondência: Lacita Menezes Skalinski. Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Rua Basílio da Gama, s/n. Campus
Universitário Canela , Canela, Salvador - CEP: 40.110-040. E-mail: lmskalinski@yahoo.com.br
Conflito de interesse:
Recebido em: 3 Maio 2018; Revisado em: 28 Maio 2018; 6 Nov 2018 Aceito em: 8 Nov 2018
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1):53-63 doi:10.12662/2317-3076jhbs.v6i4.2115.p53-63.2019
ARTIGO DE REVISÃO
Contribuições da análise espacial para a compreensão da dinâmica de
transmissão da dengue: revisão integrativa
Contributions of spatial analysis to the comprehension of dynamics of dengue
transmission: integrative review
Lacita Menezes Skalinski1,2 , Maria da Conceição Nascimento Costa3 , Maria da Glória Lima Teixeira3
1. Docente do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilheus, BA, Brasil. 2. Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade
Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil. 3. Docente do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil
Abstract
Introduction: The spatial analysis has been used by epidemiological surveillance as a strategy to identify urban spaces at greater risk of diseases. In this
context, the tools of computer sciences apllied to health can help to understand the phenomena involved in the diffusion of dengue in areas of high population
Objective: this study aimed to synthesize and discuss the most relevant information produced by the studies about spatial analysis of dengue, which have
contributed to enlarge the understanding of its transmission dynamics, in the purpose of the practical application of epidemiological surveillance. Method:
this is an integrative literature review carried out with publications from 1945 to 2017 in the Web of Science. The descriptors and boolean operators used
were “Spatial Analysis” AND “Dengue” AND “Urban Area”. Results:
of seven subjects: urban mobility, population density, sociodemographic factors, availability of water, temperature, vegetation and urbanization. Final
considerations: the spatial analysis, through the Geographic Information Systems, is a very useful tool to the study of dengue transmission dynamics,
because it allows the knowledge of areas, periods and social and environmental factors of greater risk, in order to produce alerts for health services.
Key words: Spatial Analysis; Dengue; Urban Area.
Resumo
Introdução
de doenças. Nesse contexto, as ferramentas da informática em saúde podem auxiliar para a compreensão dos fenômenos envolvidos na difusão da dengue
programas de combate a seu principal vetor. Objetivo: sintetizar e discutir as informações mais relevantes produzidas pelos estudos de análise espacial
epidemiológica. Método
sobre dengue, com uso dos descritores e operadores “Spatial Analysis” AND “Dengue” AND “Urban Area”. Resultados: foram selecionados 35 artigos. O
disponibilidade de água, temperatura, vegetação e urbanização. Considerações finais:
é uma ferramenta muito útil para o estudo das dinâmicas de transmissão da dengue, pois possibilita o conhecimento de áreas, períodos e fatores sociais e
Palavras-chave: Análise espacial. Dengue. Área urbana.
INTRODUÇÃO
Na Saúde Pública, o conceito de espaço já era usado há mais
de 2.000 anos e tem sido reformulado, moldando-se de acordo
com a concepção de saúde-doença vigente em cada época. De
Hipócrates (séc. V a.C.) a Milton Santos (1996), o espaço deixou
de ser considerado apenas como uma delimitação geográca,
passando a contemplar as relações e as dinâmicas sociais,
econômicas e polícas que o modicaram no decorrer da
História1. Nesse sendo, o desenvolvimento da análise espacial
representou uma valiosa ferramenta para a compreensão sobre
como determinado contexto afeta a saúde da população e os
grupos populacionais.
A evolução da concepção de espaço, em Epidemiologia, passou
a ser orientada a parr de seu entendimento como o lugar onde
os agentes infecciosos circulam e, desse modo, possibilitou
os avanços teóricos alcançados pela Geograa2. Na pesquisa
epidemiológica, a estratégia de análise espacial foi incorporada
na perspecva de melhor conhecer e entender o padrão de
distribuição das doenças e agravos à saúde da população,
assim como seus determinantes em espaços delimitados. No
âmbito da vigilância das doenças transmissíveis, o espaço,
enquanto categoria de análise, foi incorporado às suas prácas
por permir idencar áreas de aglomeração de eventos
de saúde, ou seja, áreas de maior risco de ocorrência de
doenças, informação que representa importante subsídio para
o planejamento das ações de prevenção e controle3,4, bem
como para avaliação e monitoramento de aspectos ambientais,
condicionantes geográcos e socioeconômicos relacionados à
53
54 Análise espacial na dinâmica do dengue
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
doença de interesse.
As técnicas de geoprocessamento e a geoestasca vêm
possibilitando que os estudos ecológicos, de certa forma,
tornem mais evidentes a parcipação da conjunção de fatores,
inclusive os contextuais, na determinação da doença por
incorporar efeitos das caracteríscas especícas de cada espaço
social. Embora com limitações, essa abordagem contribui para
que a epidemiologia possa integrar, dialecamente, o social
com o natural, conforme sustentado pelos pensadores da
epidemiologia social5.
No Brasil, essas estratégias metodológicas vêm sendo
aplicadas de modo mais roneiro desde os anos de 19806,
principalmente no campo da vigilância epidemiológica, na
medida em que os espaços urbanos passaram a se destacar
devido à rápida disseminação de doenças transmissíveis. Isso
se deveu à formação de grandes adensamentos populacionais,
desencadeada pelo processo de intensa migração do campo
para as cidades, a parr da segunda metade do século XX,
os quais conguram condições fundamentais para a difusão
de agentes infecciosos, especialmente aqueles cuja cadeia
epidemiológica envolve a parcipação de reservatórios ou
vetores urbanos7.
Um dos exemplos mais emblemácos desse processo foi a
reemergência do vírus da dengue no Rio de Janeiro, em 1986,
quando produziu mais de 47 mil casos, valor superior ao de cada
uma das demais doenças de nocação compulsória. Enquanto
o Brasil foi eliminando e/ou controlando a morbimortalidade
pela maioria das doenças infecciosas por meio de intervenções
de Saúde Pública, a dengue passou a se constuir, nas úlmas
três décadas, em um dos principais problemas de saúde desse
campo, na medida em que vem produzindo epidemias de
grande magnitude, em mais de 90% das cidades do país, sem
que se vislumbre perspecva de controle e /ou eliminação do
seu principal transmissor8.
Nesse contexto, é da maior relevância lançar mão das
ferramentas da informáca em saúde para melhor entender os
fenômenos envolvidos na difusão das arboviroses nos espaços
de aglomeração populacional, tomando como exemplo a
dengue. Essas informações contribuem para a elucidação de
questões relavas aos movimentos espaciais de sua ocorrência
assim como para subsidiar o delineamento de programas de
combate a seu principal vetor. O objevo deste estudo foi
sintezar e discur as informações mais relevantes produzidas
pelos estudos de análise espacial de dengue, as quais vêm
contribuindo para ampliar o entendimento da sua dinâmica de
transmissão no propósito da aplicação na práca da vigilância
epidemiológica.
MÉTODOS
Este estudo foi realizado em maio de 2018, mediante uma
revisão integrava, método de pesquisa bastante ulizado no
âmbito da Práca Baseada em Evidências, que se caracteriza
por propiciar uma síntese do conhecimento cienco sobre o
tema invesgado, voltada em especial para sua aplicabilidade
na práca da assistência à saúde na medida em apresenta
resultados que dão suporte para a tomada de decisão e
aprimoramento na práca clínica. Esse método de revisão é
constuído de seis etapas: 1) idencação do tema e da questão
norteadora; 2) estabelecimento dos critérios de inclusão e
exclusão; 3) coleta de dados dos argos selecionados; 4) análise
críca dos argos visando classicar as evidências encontradas;
5) interpretação dos resultados; 6) síntese do conhecimento9–11.
A base de dados ulizada na busca foi a Web of Science e os
descritores (MeSH terms) ulizados foram: Spaal Analysis,
Dengue e Urban Area. Com apoio dos operadores booleanos,
foi realizada a busca por meio da seguinte combinação: Spaal
Analysis AND Dengue AND Urban Area.
Foram incluídos na amostra apenas argos em inglês,
espanhol e português que se referiam à ocorrência de dengue,
independentemente da metodologia ulizada, e que esvessem
disponíveis para acesso completo, gratuito e que tenham sido
publicados entre 1945 e 2017. Foram excluídas cartas ao editor
e revisões, além daqueles cujo tema abordado não correspondia
ao objevo desta pesquisa.
Inicialmente, procedeu-se à busca na base de dados com a
ulização dos descritores e a seleção do período da publicação.
Em seguida, foi realizada a leitura do tulo e dos resumos
dos argos encontrados, sendo excluídos aqueles que não
estavam relacionados ao objevo e à pergunta de invesgação.
Posteriormente, os argos componentes da amostra nal foram
lidos na íntegra para análise.
A associação dos descritores na base do Web of Science
idencou 60 referências. Ao selecionar apenas os argos, a
amostra foi reduzida para 56 publicações. Após a leitura dos
tulos e dos resumos, 21 argos foram excluídos por não ter
dengue como objeto de estudo e ter, como foco, aspectos
entomológicos. Por m, 35 argos foram lidos na íntegra e
compuseram a amostra da revisão integrava de literatura,
para posterior separação em categorias.
RESULTADOS
Entre os 35 argos ciencos, foram encontradas as publicações
de 2004 a 2017, embora o úlmo ano tenha apresentado maior
número, com cinco argos, seguido de 2008 e 2016 com quatro
em cada ano. Os anos de 2009 e 2015 veram três publicações
cada um, enquanto 2007, 2010, 2013 e 2014 parciparam com
dois argos cada. Os demais veram um argo em cada ano.
Com relação ao idioma, 29 foram escritos em inglês, quatro em
português e dois em espanhol. O Brasil foi espaço geográco
de análise em 14 argos, seguido de Argenna, Tailândia e
Taiwan, com três em cada. Colômbia, Estados Unidos e Vietnã
foram espaço de duas publicações cada um. Austrália, China,
Índia, Itália, México e Trinidad e Tobago foram os países dos seis
argos restantes.
Análise espacial na dinâmica do dengue 55
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
O Quadro 1 sinteza os objevos e os resultados de cada publicação componente da amostra.
Quadro 1. País de estudo, objevo e principais resultados dos argos localizados na base de dados Web of Science (1945-2017),
que contribuem para o entendimento da dinâmica da transmissão da dengue.
Título País Objevo Principais resultados
Ascertaining the impact of public rapid
transit system on spread of dengue in
urban sengs12
Taiwan Invesgar o papel do sistema de metrô,
com mais de 50 milhões de passageiros/
ano como um fator que contribui para a
difusão da dengue em áreas ao redor do
sistema nos úlmos anos.
A difusão da dengue é um fenômeno complexo
que envolve muitos fatores. A mobilidade urbana,
de metrô, é apenas um deles, e o índice usado
para relacionar mobilidade e surtos não agrega
todos os fatores envolvidos. No entanto, é úl e
pode ser considerado entre outros índices para o
estudo das epidemias.
Modelo bayesiano para el estudio
de la enfermedad del dengue en el
departamento de Atlánco, Colombia,
años 2010 a 201313
Colômbia Estudar a relação entre os casos de
dengue e variáveis sociais, geográcas
e econômicas de 23 municípios da
Colômbia, mediante o uso de modelos
espaciais bayesianos para o período
2010 a 2013.
As variáveis sociais e o crescimento desordenado
dos centros urbanos foram os fatores que mais
inuenciaram no aumento do número de casos
de dengue.
Individual and interacve eects of socio-
ecological factors on dengue fever at ne
spaal scale: a geographical detector-
based analysis14
China Examinar os impactos individuais e
interavos dos fatores sócio ecológicos
sobre a dengue.
O risco de infecção por dengue apresentou
associação posiva com densidade rodoviária,
temperatura do ambiente, nível de urbanização,
centros urbanos e precipitação, e associação
negava com renda per capita, cobertura de
vegetação e represas.
Analysis of spaal mobility in subjects
from a Dengue endemic urban locality in
Morelos State, Mexico15
México Estudar a micro e a macromobilidade de
sujeitos infectados por dengue em um
município endêmico.
O estudo sugere que casos adultos têm papel
importante na dispersão da dengue, uma vez que
mostraram se movimentar mais do que contatos
intradomiciliares e controles fora do domicílio,
facilitando assim, a infecção dos mosquitos em
espaços fora do domicílio.
Distribución espacial del mosquito Aedes
aegyp (Diptera: Culicidae) en el área
rural de dos municipios de Cundinamarca,
Colombia16
Colômbia Determinar a probabilidade da presença
do vetor Ae. aegyp na área rural dos
municípios de de Anapoima e La Mesa,
Cundinamarca, Colômbia.
A região com maior probabilidade de presença
do vetor foi próxima aos centros urbanos.
No entanto, o índice de Breteau foi de 34 em
Anapoima e 51 em La Mesa, indicando que existe
risco de transmissão na área rural dos municípios.
Spaal Variaons in Dengue Transmission
in Schools in Thailand17
Tailândia Invesgar se escolas são locais de
transmissão de dengue para crianças, a
parr do conhecimento de infecções por
dengue e abundância de vetores nesses
locais.
Os resultados sugerem que as infecções de dengue
foram localizadas na escola e nas salas de aula. A
escola nha um grande número e diferentes pos
de locais para reprodução dos vetores.
Temporal Dynamics and Spaal Paerns
of Aedes aegyp Breeding Sites, in the
Context of a Dengue Control Program in
Tartagal (Salta Province, Argenna)18
Argenna Analisar a dinâmica espaço temporal
dos locais de reprodução do Ae.aegyp
e o efeito das ações de controle na
população por 5 anos, em Tartagal.
Os hotspots de mosquitos estavam concentrados
nas periferias, regiões com décit de água
potável, especialmente durante o verão, o que,
consequentemente, promove acúmulo de água
em um conjunto de recipientes no peridomicílio.
Spaal paern evoluon of Aedes
aegyp breeding sites in an Argennean
city without a dengue vector control
programme19
Argenna Conhecer e analisar a dinâmica espaço-
temporal dos locais de reprodução do
Ae. aegyp em Clorinda, com relação
à paisagem, usando a entropia máxima,
a m de gerar um modelo de nicho de
vetores.
O modelo obdo mostrou relação entre a
distribuição de locais para reprodução e
disponibilidade de água, aglomeração em centros
urbanos e cobertura de terrenos.
Incorporang the human-Aedes mosquito
interacons into measuring the spaal risk
of urban dengue fever the spaal risk of
urban dengue fever20
Taiwan Esclarecer os efeitos espaciais dos
lugares com aglomeração humana para
acessar o risco de exposição à dengue.
O risco de infecção por DENV esteve,
negavamente, correlacionado com a distância de
escolas, templos e cinemas. Indivíduos próximos a
esses locais veram risco maior de serem picados
por Ae. aegyp. Os locais de avidades sociais
com existência frequente do vetor devem ser
incorporados nas áreas de risco para dengue e
planejamento de intervenções.
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56 Análise espacial na dinâmica do dengue
Título País Objevo Principais resultados
Spaal Distribuon of Dengue in a Brazilian
Urban Slum Seng: Role of Socioeconomic
Gradient in Disease Risk21
Brasil Examinar se caracteríscas especícas
de comunidades urbanas estão
associadas com o risco de dengue.
Regiões com baixas condições socioeconômicas
esveram associadas com o risco aumentado de
dengue.
High Resoluon Spaal Analysis of Habitat
Preference of Aedes albopictus (Diptera:
Culicidae) in an Urban Environment22
Itália Conhecer os habitats preferidos do Ae.
albopictus em áreas urbanas, a m de
auxiliar na prevenção e no controle das
doenças transmidas por esse vetor.
Vegetação, radiação solar e mês de captura
(agosto, setembro e outubro - verão europeu)
mostraram signicância na explicação do acúmulo
de ovos do mosquito.
The Spread of Dengue in an Endemic
Urban Milieu–The Case of Delhi, India23
Índia Descrever a epidemiologia espaço-
temporal da dengue, idencando
fatores de risco socioeconômicos.
O risco de dengue diminui à medida que
se distancia da oresta. Há uma alta
heterogeneidade na incidência de dengue em
áreas com a mesma condição socioeconômica,
com grande variação ao longo do ano. Áreas
pobres com alta densidade populacional foram
afetadas, mas áreas de melhores condições
socioeconômicas também foram infectadas,
provavelmente devido à sua localização central,
onde ocorre muita mobilidade.
Exploratory space-me analysis of dengue
incidence in Trinidad: a retrospecve
study using travel hubs as dispersal points,
1998–200424
Trinidad e
Tobago
Compreender a dinâmica espaço-
temporal da dengue para trazer
evidências para os serviços de saúde que
possam reduzir o impacto da doença.
O estudo evidenciou que as maiores incidências
ocorrem em áreas onde já existe história de
dengue em outros anos. Foi idencada a
formação de clusters próximo a estações de
transporte, com predominância de movimento do
meio rural para o urbano.
Near real-me characterisaon of urban
environments: a holisc approach for
monitoring dengue fever risk areas25
Tailândia Prover informação sobre a incidência de
dengue com relação à cobertura de terra
e estruturas urbanas.
Os casos esveram concentrados em áreas com
grande densidade populacional, cercada de densa
vegetação. Analisando a proximidade, também
foi observado que a maioria dos casos estavam
próximos às instuições, igrejas e aos mercados.
Water, sanitaon and health: An intra-
urban comparison in the municipality of
Caraguatatuba, Brazil26
Brasil Entender a possível inter-relação entre
a distribuição espacial do saneamento
básico e a epidemia de dengue de 2013.
A provisão e a qualidade dos serviços de
fornecimento de água é um elemento chave para
compreender a epidemia de dengue no município.
Entretanto, é importante considerar que a dengue
é um fenômeno de múlplas causas, e polícas
públicas devem ser voltadas para todos esses
aspectos (população, vetor e dinâmica do vírus),
para que sejam efevas no controle da doença.
Geospaal analysis: a study about dengue27 Brasil Descrever e analisar o espaço geográco
dos coecientes de incidência de dengue
segundo área urbana da Região Norte
do município de Palmas/TO, Brasil.
Os resultados mostraram que surtos não esveram
presentes apenas em áreas residenciais, e as áreas
de maior risco foram aquelas verdes, comerciais e
pouco habitadas.
Populaon Movement and Vector-Borne
Disease Transmission: Dierenang
Spaal–Temporal Diusion Paerns of
Commung and Noncommung Dengue
Cases28
Taiwan Comparar os padrões epidemiológicos,
de difusão e possíveis determinantes
entre casos viajantes e não viajantes
para esclarecer a parcipação do
deslocamento humano na transmissão
da dengue.
A análise dos clusters espaço-temporais mostrou
que os casos não associados com viajantes se
agruparam dentro de 100 m, em uma semana,
enquanto os casos relacionados a viajantes se
difundiram de 2 a 4 km e entre 1 e cinco semanas.
As viagens se apresentaram como fator de risco
que contribuíram para a difusão da epidemia.
Entre não viajantes, principalmente idosos e
donas de casa, há risco de formação de pequenos
clusters, enquanto entre os viajantes, o risco
se dissipa para áreas geográcas maiores, em
epidemias de grande escala.
Co-occurrence Paerns of the Dengue
Vector Aedes aegyp and Aedes
mediovitaus, a Dengue Competent
Mosquito in Puerto Rico29
Estados
Unidos
Desenvolver um modelo predivo
de áreas onde as espécies de Aedes
se sobrepõem, para conduzir coleta
de amostras de Ae. medioviatus e
idencar infecção pelo DENV, focar
intervenções e reduzir as futuras
epidemias de dengue.
A presença do Ae. aegyp mostrou relação com
áreas de maior densidade urbana e de árvores,
altas temperaturas e posterior período de chuvas,
provavelmente quando ocorreu acúmulo de água
para sua reprodução.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
Análise espacial na dinâmica do dengue 57
Título País Objevo Principais resultados
Quanfying the Emergence of Dengue in
Hanoi,Vietnam: 1998–200930
Vietnã Descrever o padrão temporal da
incidência de dengue e sua associação
com as variáveis climácas locais.
O padrão idencado revelou o caráter cíclico
da doença. O clima inuenciou em mudanças
na abundância e sobrevivência do vetor, na
frequência de picadas e no tempo que o mosquito
leva para se tornar infectado e produzir doença
em humanos. Períodos de fortes ventos esveram
associados com a redução nas nocações de
dengue.
Populaon Density, Water Supply, and the
Risk of Dengue Fever in Vietnam: Cohort
Study and Spaal Analysis31
Vietnã Analisar a interação entre densidade
populacional e falta de água encanada
como causa de surtos de dengue e
idencar áreas de maior risco para
infecção.
O risco de dengue foi maior em áreas rurais do
que em urbanas, o que foi explicado pela ausência
de água encanada.
Socio-geographical factors in vulnerability
to dengue in Thai villages: a spaal
regression analysis32
Tailândia Analisar preditores sociogeográcos
para ocorrência de dengue em uma
província semi-urbana.
Regiões mais próximas de áreas urbanas e
famílias com menores rendas veram maior
vulnerabilidade à dengue.
Quanfying the Spaal Dimension of
Dengue Virus Epidemic Spread within a
Tropical Urban Environment33
Austrália Analisar o padrão de difusão do DENV-2
e quancar a relação entre a difusão da
dengue e localização do caso índice da
epidemia.
Os clusters foram idencados com distância
máxima de 800m da residência do caso índice. A
movimentação humana e o número de susceveis
colaboraram para a difusão da epidemia.
Seroprevalence and risk factors for dengue
infecon in socioeconomically disnct
areas of Recife, Brazil34
Brasil Esmar a prevalência de dengue entre
áreas privilegiadas e não privilegiadas
e idencar fatores de risco individuais
e de área para infecção em três áreas
urbanas.
A prevalência de infecção foi inversamente
proporcional às condições socioeconômicas. Ter
idade avançada, viver em uma casa e ter maior
número de habitantes/cômodo foram fatores de
risco para a posividade no inquérito.
Spaal analysis of dengue and the
socioeconomic context of the city of Rio
de Janeiro (Southeastern Brazil)35
Brasil Analisar a epidemia de dengue em
relação ao contexto socioeconômico, de
acordo com áreas geográcas.
As variáveis que mostraram correlação signicava
foram: percentagem de casas conectadas com
a rede pública de água, casas com máquinas de
lavar e densidade populacional em área urbana.
Problemas relacionados ao saneamento básico
contribuem para o aumento do risco de dengue.
The spaal distribuon of Aedes aegyp
and Aedes albopictus in a transion zone,
Rio de Janeiro, Brazil36
Brasil Avaliar a variação sazonal e espacial da
abundância de larvas de Ae. aegyp
e Ae. albopictus por meio de uma
pequena escala espacial de zona de
transição entre uma área urbana e uma
área orestal do Rio de Janeiro.
O Ae. aegyp foi mais abundante em áreas
urbanas(comunidades), com picos nas estações
chuvosas.
Análise espacial da ocorrência de dengue
e condições de vida na cidade de Nova
Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil37
Brasil Analisar a ocorrência de dengue e sua
relação com as condições de vida em
Nova Iguaçu.
Os padrões espaciais indicaram que áreas com
desigualdades sociais e próximas a vias de acesso
estavam mais susceveis à doença.
Spaal point analysis based on dengue
surveys at household level in central
Brazil38
Brasil Idencar as áreas de risco espacial
para infecção, a parr dos resultados
de inquéritos de soroprevalência para
dengue.
A infecção por dengue teve maior prevalência
entre adultos e idosos e entre aqueles com
níveis de escolaridade menores. Foi encontrada
heterogeneidade espacial para áreas de risco da
doença.
Dinâmica intraurbana das epidemias de
dengue em Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil, 1996-200239
Brasil Descrever os padrões espacial e
temporal das epidemias de dengue
em Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil, entre 1996 e 2002, analisando o
endereço de residência como marcador
do local de exposição.
O resultado evidenciou maior concentração de
casos no grupo de idosos (mulheres) e crianças,
que, supostamente, permanecem mais em casa
no período diurno. A transmissão viral é connua
ao longo do ano, com picos sazonais.
Indicadores sociodemográcos e a
epidemia de dengue em 2002, no Estado
do Rio de Janeiro, Brasil40
Brasil Analisar a distribuição espacial da
epidemia de dengue no Estado do Rio
de Janeiro em 2002 e suas relações com
as variáveis sociodemográcas.
Os resultados mostraram associação entre as
maiores incidências de dengue e localidades
caracterizadas pela crescente urbanização e por
décit na rede de canalização e abastecimento de
água
Spaal correlaon of incidence of dengue
with socioeconomic, demographic and
environmental variables in a Brazilian city41
Brasil Avaliar a existência de correlação
espacial da incidência de dengue e
idencar variáveis demográcas,
socioeconômicas e ambientais que
expliquem a dependência espacial.
Os resultados mostraram dependência espacial e
associação da incidência alta com casas térreas,
falta de coleta de lixo e esgoto, baixa renda,
analfabesmo, maior número de residentes por
domicílio, maior % de mulheres chefes de família.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
58 Análise espacial na dinâmica do dengue
Título País Objevo Principais resultados
Habitat segregaon of dengue vectors
along an urban environmental gradient42
Estados
Unidos
Invesgar as diferenças de habitat
terrestre de Ae. aegyp e Ae.
medioviatus em San Juan, Porto Rico.
A presença de Ae. aegyp foi maior em áreas
urbanas com alta densidade populacional,
indicando que esses são locais com potencial de
infecção dos mosquitos pela picada de humanos
doentes.
Spaal Vulnerability to Dengue in a
Brazilian Urban Area During a 7-Year
Surveillance43
Brasil Avaliar a associação entre variáveis
socioeconômicas, demográcas e de
infraestrutura urbana, com as áreas
de risco para ocorrência de dengue e
persistência de transmissão.
Os fatores que melhor caracterizaram as áreas
de risco foram baixa escolaridade, baixa renda,
densidade familiar, proporção de crianças e
idosas.
É importante considerar os diferentes níveis de
exposição da população para explicar o padrão
heterogêneo de distribuição da dengue em
ambientes urbanos.
Spaal distribuon paern of oviposion
in the mosquito Aedes aegyp in relaon
to urbanizaon in Buenos Aires: southern
fringe bionomics of an introduced vector44
Argenna Analisar o padrão espacial de oviposição
do Ae. aegyp em Buenos Aires City e
sua relação com variáveis demográcas
e ambientais.
O padrão espacial de oviposição do Ae. aegyp
parece estar relacionado à urbanização.
Os ambientes urbanos devem ter maior
disponibilidade de fontes para criadouro.
Idencação de locais com potencial de
transmissão de dengue em Porto Alegre
através de técnicas de geoprocessamento45
Brasil Localizar os casos da doença e a
presença do vetor, e idencar fatores
socioambientais que caracterizam
esses locais, por meio de técnicas
de geoprocessamento, procurando
desenvolver um modelo de prevenção
de dengue.
Os fatores que mostraram associação foram
a baixa renda e o alto número de casas
(aglomeração)
Household survey of dengue infecon in
Central Brazil: spaal point paern analysis
and risk factor assessment46
Brasil Conhecer a soroprevalência de infecção
por dengue e fatores de risco individuais
e colevos.
O risco de infecção esteve associado às maiores
idades, à pouca escolaridade e à baixa renda.
DISCUSSÃO
Os argos encontrados referiam-se à distribuição espacial
da dengue, relacionando a incidência da doença com fatores
socioambientais, e puderam ser divididos em sete assuntos
principais: mobilidade urbana, densidade populacional, fatores
sociodemográcos, disponibilidade de água, temperatura,
vegetação e urbanização. A separação desses argos nessas
categorias é relevante, pois evidencia os aspectos mais
comumente abordados nas produções sobre dengue que fazem
uso das ferramentas da análise espacial. Essas informações nos
permitem reconhecer o estado da arte a respeito dos elementos
envolvidos na dinâmica de transmissão da dengue, realçando
sua parcipação nesse processo apontando, assim, os fatores
dignos de atenção na abordagem da vigilância epidemiológica.
Mobilidade urbana
A mobilidade urbana por via terrestre ou aérea, mostrou-se
como um dos aspectos relevantes no processo de difusão da
dengue12,14. O estudo de Wen et al. (2012), mostrou que os
clusters formados ao redor dos casos de pessoas que viajam
chegam a ser vinte vezes maiores, quando comparados aos não-
viajantes28. A movimentação, especialmente de adultos que
desenvolvem mais avidades de trabalho, em turnos diurnos
e em locais distantes da residência – colabora para a dispersão
do vírus para espaços além do domicílio15. Ainda, Telle et al.
(2016) pontuam a parcipação dos residentes de áreas de
periferia, mais vulneráveis e mais afetadas, que se deslocam
para áreas centrais e com melhor condição socioeconômica,
em que a circulação de pessoas é intensa23. Gil et al. (2016)
também enfazam que a mobilidade humana facilita a
transmissão dos vírus e proliferação em outras localidades,
desde que haja presença do vetor47. Para ns de vigilância,
no que tange à mobilidade urbana, Vazquez-Prokopec et al.
(2010) recomendam medidas de migação, entre elas, ações de
controle especícas em regiões usualmente descobertas pelos
serviços de saúde e incorporação de ferramentas dos sistemas
de informação de geoprocessamento para visualização dos
raios dos clusters, a m de orientar os limites para as ações de
contenção33.
Densidade populacional
Com relação à densidade populacional, alguns estudos
evidenciaram o aumento na ocorrência da dengue e presença
do vetor em ambientes com maior aglomeração de pessoas,
como escolas, salas de aula, cinemas, mercados, igrejas e seus
arredores17,20,26,30. Sabe-se que a presença do Ae. aegyp em
áreas de maior densidade urbana - mesmo que não seja em
grande densidade vetorial - mantém o ciclo de transmissão
avo em que há doentes e disponibilidade de susceveis48. A
interação de pessoas no mesmo ambiente facilita a ocorrência
da infecção do vetor a parr do humano infectado e posterior
picada em outros humanos susceveis42. Além disso, em
ambientes doméscos, o maior número de residentes/domicílio
também é um fator de risco importante para a infecção,
considerando a distância percorrida no voo do mosquito34,41,43.
Estudos realizados no Brasil apontam que a aglomeração urbana
– especialmente nas favelas – pode inuenciar a incidência de
dengue, pois se manifesta aliada a outros fatores caracteríscos
das desigualdades sociais, também propícios à proliferação do
vetor35,45.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
Análise espacial na dinâmica do dengue 59
Fatores sociodemográcos
Além da vida nas favelas, entre os fatores sociodemográcos
idencados nas publicações e relacionados à transmissão da
dengue em meios urbanos, destacaram-se: baixa renda, viver
em casas térreas, baixa escolaridade, população com idade
avançada e crianças.
Estudos referem que áreas pobres, com alta densidade
populacional são mais afetadas pela dengue18,23. Kiku et al.
(2015) evidenciaram que, em região de absoluta pobreza,
o maior risco de infecção por dengue jusca-se pela
disponibilidade de criadouros para o Ae. aegyp21. Nessas
localidades, é comum a ausência de coleta de lixo e de água
connua, devido aos obstáculos geográcos e à infraestrutura
precária, o que resulta em acúmulo de lixo e depósitos de água
em recipientes para uso domésco, criando locais propícios à
reprodução do vetor49.
Pessoas que vivem em casas térreas também foram
consideradas sob risco, quando comparadas àquelas que
moram em apartamentos34,41. Estudos prévios mostraram que
a oviposição do mosquito é menor em construções mais altas,
o que torna a parcipação dos prédios pequena nos índices de
infestação44,50.
As publicações de Siqueira Junior et al. (2008) mostraram
que a incidência de dengue foi inversamente proporcional
à escolaridade38,46, resultado também revelado por Almeida
(2007), Mondini (2008) e Gonzáles et al. (2017)13,41,43. Embora
saibamos que o analfabesmo não tenha relação direta com
a infecção, é importante discur que famílias em que o chefe
do domicílio possui pouca escolaridade acabam por possuir
baixa renda e, assim, vivem em locais de maior aglomeração,
onde se apresentam situações de vulnerabilidade favoráveis à
manutenção do ciclo infeccioso32,37,41,43,45,46.
Outros estudos encontraram associação entre dengue e a
presença de crianças e idosos28,34,38,39. A parcipação desses
grupos favorece a manutenção de pequenos clusters próximos
ao domicílio, pois são pessoas que permanecem boa parte do
tempo em casa, enquanto os adultos jovens e trabalhadores
parcipam mais avamente na dispersão da doença28.
Disponibilidade de água
A disponibilidade de água foi citada em estudos abordando
as chuvas e os períodos sazonais, bem como naqueles que se
referiam ao décit de água potável e deciências no sistema de
distribuição. Os estudos de Teixeira et al. (2008) e Almeida et al.
(2009) no Brasil e de Schmidt et al. (2011) no Vietnã, mostraram
relação inversa entre incidência de dengue e o percentual de
população com água canalizada. Com a falta de abastecimento,
a água é armazenada precariamente em depósitos nos
peridomicílios, criadouros potenciais para oviposição do
vetor31,35,40. A esse respeito, Johansen et al. (2013) enfazam
que a provisão e a qualidade dos serviços de fornecimento de
água são fatores importantes para compreender as epidemias
de dengue26.
Em um inquérito entomológico realizado na Argenna, Espinosa
et al. (2016) revelaram que, entre os fatores ambientais, a
deciência na distribuição de água é responsável por 48% e
12% da concentração de vetores em municípios sem e com
programas de controle do vetor, respecvamente18,19. Outros
estudos encontrados na literatura demonstram que é possível
predizer espacialmente a distribuição da dengue a parr da
relação da reprodução do vetor com a distribuição de água
e chuva no espaço18,51. Foi demonstrado que em espaços
geográcos em que ocorreram períodos chuvosos, a população
de vetores aumentou51, com posterior aparecimento de casos e
ocorrência de surtos52. Honório et al. (2009) e Lile et al. (2011)
evidenciaram picos na frequência de mosquitos após esses
períodos29,36, enquanto outros autores destacam o caráter
cíclico da doença, explicitando a relação entre as chuvas,
sazonalidade e epidemias30,39.
Temperatura
Informações sobre temperatura também se destacaram entre
os fatores climácos ligados à proliferação do vetor. Coung
et al. (2011) e Lile (2011) encontraram associação entre o
aumento da temperatura média e a abundância e sobrevivência
do vetor no Vietnã e em Porto Rico, respecvamente29,30. Na
Itália, evidências estascas conrmaram que a radiação solar
é signicava para explicar a abundância de ovos encontrados,
pois eleva a temperatura nos locais de oviposição, especialmente
nos meses de agosto e setembro, que correspondem ao verão
europeu22. No estudo realizado na China, também foi encontrada
associação entre a infecção por dengue e temperaturas mais
altas, destacando-se que, quando a combinação de chuva e
temperatura são inseridas em um modelo interavo de análise,
o impacto na incidência de dengue chega a ser 12 vezes maior
do que outros fatores, como densidade populacional e renda,
por exemplo. Além disso, é interessante lembrar que, em
altas temperaturas, as pessoas passam mais tempo fora dos
domicílios e com janelas abertas, facilitando, assim, a picada e
a entrada do vetor no ambiente domésco14. Por m, Almeida
(2008) enfaza que a temperatura do ambiente é um dos três
fatores responsáveis pela redução do número de casos, junto
do controle vetorial e do esgotamento de susceveis39.
Vegetação
Sobre a vegetação, as publicações mostraram que há maior
predisposição para encontrar o Ae. aegyp e seus ovos em
áreas com árvores, provavelmente porque sua sombra oferece
um habitat favorável22,29. Tun-Lin et al (2000), enfazam que o
material orgânico, aquele entre folhagens ou abaixo das árvores
tende a produzir Ae. aegyp adultos com desenvolvimento
mais rápido e melhor sobrevivência das larvas53. Com relação
à doença, estudos mostraram que muitos clusters de áreas
residenciais eram circulados por áreas verdes25,27. Ainda,
vale lembrar que, em residências em que não há presença de
árvores, as plantas ornamentais, vasos e pratos de plantas têm
papel importante como criadouros para o mosquito54,55.
J. Health Biol Sci. 2019; 7(1): 53-63
Urbanização
Estudos sobre a disposição do vetor em diferentes ambientes
mostraram que a população de Ae. aegyp é maior em centros
urbanas, quando comparada ao Ae. albopictus, que é mais
encontrado em as áreas rurais36. Em uma pesquisa realizada
apenas em áreas rurais da Colômbia, Cabezas et al. (2017)
encontraram que a presença de vetores foi maior naqueles
síos mais próximos das cidades, tendo sido encontradas
larvas viáveis em tanques para armazenamento de água para
consumo, pois nesse país 41% dessas áreas não contam com
abastecimento de água por aquedutos16. Na Argenna, a maior
densidade vetorial também esteve associada à urbanização e à
densidade populacional, o que pode ser explicado tanto pela
disponibilidade de criadouros, como de sangue, para repasto
do vetor19,44.
Junto da densidade populacional, a urbanização foi um fator
muito discudo nos argos, pois o crescimento desordenado
e acelerado da população em ambientes urbanos propicia
condições ecológicas favoráveis à transmissão da dengue13,32;
isso porque, geralmente, a aglomeração humana em pequenos
domicílios vem acompanhada de má qualidade habitacional,
em construções feitas sem planejamento, sem esgotamento
sanitário, com distribuição insuciente de água e em regiões
sem coleta de lixo14,40.
Em suma, percebe-se que é dicil isolar os fatores relacionados à
dinâmica de transmissão da dengue, uma vez que todos parecem
de certa forma imbricados nas relações sociais da população,
perpassando suas avidades econômicas, de trabalho,
mobilidade, o crescimento desordenado das áreas urbanas, a
situação de vida e de moradia e o acesso ao saneamento básico.
Todas essas condições, associadas ao clima tropical, à presença
do vetor e aos fatores intrínsecos (de imunidade populacional e
esgotamento de susceveis), facilitam a propagação do vírus e
sua dispersão entre a população52.
Nesse sendo, estudos de análise espacial merecem destaque
por sua capacidade de idencar áreas crícas, regiões
geográcas de maior risco para a ocorrência da doença,
buscando relações possivelmente explicavas. A ulização
dos SIG, aliada a técnicas estascas especializadas, permite
obtenção de resultados conáveis que possam servir de guia
para os serviços de vigilância epidemiológica e ambiental. O
desao posto ainda é criar interfaces amigáveis entre usuários
e esses sistemas6,39.
Buscando melhores resultados para além das técnicas
estascas e informações georreferenciadas, a interpretação
da análise espacial exige a percepção das relações entre espaço
e sociedade, determinadas por condições econômicas e sociais,
para melhor elaborar diagnóscos e ações em saúde56.
Neste estudo, a revisão integrava mostrou a pluralidade de
fatores envolvidos na ocorrência da dengue, fato que reitera a
necessidade de considerar a inter e a transdisciplinaridade na
análise da distribuição espacial dessa arbovirose, integrando os
conhecimentos biológicos, sociais e geográcos 57.
CONCLUSÕES
Nas Américas, a dengue tem-se destacado pelo rápido poder
de disseminação e capacidade de produzir surtos e, no Brasil,
é uma doença de caráter endêmico, com alta magnitude,
vulnerabilidade e transcendência, na medida em que acarreta
absenteísmo das avidades diárias e, em casos graves, anos
potenciais de vida perdidos.
Nesse contexto, a análise espacial se mostra como uma
ferramenta da informáca em saúde muito úl para o estudo das
dinâmicas de difusão espacial e temporal que permite observar
áreas com maior risco epidemiológico, tanto pela localização
de focos com potencial de proliferação do vetor, bem como os
fatores sociais e demográcos, que inevitavelmente predizem a
ocorrência de doença. Os SIG possibilitam o conhecimento de
áreas e períodos com maior risco, a m de produzir alertas para
as vigilâncias epidemiológica e ambiental, tanto para o controle
do vetor, quanto na organização da assistência necessária ao
atendimento dos casos.
No entanto, com base nos argos encontrados na revisão,
foi possível vericar que a produção está concentrada
principalmente entre os pesquisadores das arboviroses. Ainda
é um desao que a incorporação das ferramentas de análise
espacial seja maior no codiano dos serviços de saúde pública,
servindo como instrumento para auxiliar a tomada de decisão e
ação oportuna de enfrentamento para a redução da incidência
de casos.
60 Análise espacial na dinâmica do dengue
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