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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v.10, n. esp. 615
Orientação acadêmica e prossional dos estudantes
com deciência nas universidades italianas
Leonardo Santos Amâncio Cabral1
Enicéia Gonçalves Mendes2
Lucia de Anna3
Introdução
No decênio 2005-2014, a Unesco indicou a necessidade de se adotar novos com-
portamentos e práticas para o desenvolvimento sustentável de uma sociedade, desta-
cando a educação como promotor central desse processo (UNESCO, 2009). Todavia,
ainda segundo a Unesco, a educação das pessoas com deciência e sua plena inclusão
na sociedade continua a ser um dos mais desaadores objetivos do século XXI.
O “Plano de ação do Conselho da Europa 2006-2015 para a promoção dos
direitos e da plena participação das pessoas com deciência na sociedade: melho-
rar a qualidade de vida das pessoas com deciência na Europa” (CONSIGLIO
D’EUROPA, 2006) colocou em evidência não só a necessidade do acesso e per-
manência do público-alvo da educação especial na rede regular de ensino, mas
também a da promoção de programas de transição ecientes e ecazes às pessoas
com deciência, em nível educacional e prossional, promovendo sua efetiva in-
clusão nas escolas, nas universidades e no mundo do trabalho.
1 UFSCar – Universidade Federal de São Carlos. Programa de Pós-Graduação em Edu-
cação Especial. São Carlos – São Paulo – Brasil. prof.leonardocabral@gmail.com
2 UFSCar – Universidade Federal de São Carlos. Programa de Pós-Graduação em Edu-
cação Especial. São Carlos – São Paulo – Brasil. egmendes@ufscar.br
3 Uniroma4 – Università degli Studi di Roma “Foro Italico”. Laboratorio di Pedagogia
Speciale. Roma – Roma – Itália. lucia.deanna@uniroma4.it
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v.10, n. esp.
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Orientação acadêmica e prossional dos estud antes com deciência nas universidades italiana s
Na Itália, particularmente, as iniciativas nessa direção começaram a partir
da década de 1970, estimulada pela “Declaração dos Direitos das Pessoas com
Deciência” (ONU, 1975, art.3), que preconizava:
as pessoas com deciência, qualquer que sejam a origem, natureza e gravidade de
suas deciências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da
mesma idade, o que implica, antes de tudo, o direito a uma vida decente, normal e
plena na medida do possível.
Foi naquele período que o governo italiano determinou, por meio da Lei
n. 517 de 1977, a matrícula compulsória de todas as crianças em idade escolar na
rede regular de ensino (CABRAL, 2010, 2013; DE ANNA, 2014).
Como consequência dessa agenda nos debates nacionais e internacionais sobre
as questões relacionadas à inclusão das pessoas com deciência, aumentou o uxo
das matrículas desse público nos contextos educacionais, de modo que, nos anos
1980, tal público foi chegando às universidades. A literatura cientíca dessa época,
em vários países, apontava uma tendência política ao desenvolvimento de programas
de suporte às pessoas com deciência, voltados à transição da escola à universidade e/
ou ao mundo do trabalho (BROWN; KAYSER, 1981; BROLIN; ELLIOTT, 1984).
Na Itália, De Anna (1989, p.3) expunha a preocupação da sociedade e associa-
ções em identicar meios de garantir às pessoas com deciência “a sua continuidade
educativa rumo aos níveis mais elevados de educação”, pois nem todos conseguiam
adquirir efetivamente o diploma de conclusão de curso. Os estudantes com deciên-
cia psíquica, por exemplo, seguiam ainda um percurso alternativo que frequente-
mente os conduzia a um mero atestado de frequência. As pessoas com deciência
física e sensorial, por outro lado, ainda que timidamente, tendiam a concluir o se-
gundo grau e a inscrever-se cada vez mais nas universidades, ainda que enfrentassem
grandes diculdades durante seu percurso acadêmico (DE ANNA, 1996).
Diante a tal fenômeno, a década de 1990 foi marcada pela necessidade de
se implementar e aprimorar serviços de orientação acadêmica e prossional aos
estudantes universitários com deciência, como apontavam Norlander, Shaw e
McGuire (1990); Rusch, Kohler e Rubin (1994) e Raskind e Higgins (1998).
Nesse sentido, a Lei italiana n. 390 de 1991, “Norme sul diritto agli studi
Universitari”, previu disposições particulares para a promoção do acesso aos es-
tudantes com deciência nas universidades e, com a demanda cada vez mais cres-
cente, a Legge-quadro per l’assistenza, l’integrazione sociale e i diritti delle persone
handicappate, n. 104/1992, deniu critérios para a disposição de equipamentos
técnicos, subsídios didáticos e recursos humanos, bem como de programas de
intervenção segundo as necessidades de cada estudante, inclusive para sua tran-
sição ao mundo do trabalho. Naquele contexto, De Anna (1996, p.2) expunha:
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Leonardo S. Amâncio Cabral, Enicéia Gonçalves Mendes e Lucia de Anna
[...] nalmente foi reconhecido que a pessoa com deciência também é um recurso
econômico a partir do momento em que for auxiliada a superar as diversas dicul-
dades advindas da situação de impedimento e a inserir-se plenamente na sociedade.
A sua formação, desse modo, constitui-se em um elemento importante para o al-
cance de tal objetivo.
Frente à demanda advinda de tais iniciativas ao longo dos anos 1990, a lei
n. 17, de 28 de janeiro de 1999, determinou que cada universidade nominasse um
pró-reitor para as questões relacionadas à deciência, o qual deveria desenvolver
as funções de coordenação, monitoramento e suporte às iniciativas necessárias à
inclusão dos estudantes com deciência no âmbito da própria universidade.
Diante ao desao imposto, os pró-reitores para as questões relacionadas à
deciência reuniram-se em diversas ocasiões decidindo, em 2001, constituírem
a Conferenza Nazionale Universitaria dei Delegati per la Disabilità (CNUDD).
Com a ativa colaboração da Conferenza dei Rettori delle Università Italiane
(Crui), a CNUDD teve como base princípios da participação ativa, do acolhi-
mento e sensibilização, da autonomia, da igualdade de oportunidades, os quais
permearam o processo de implementação da normativa n. 17/1999.
Naquele mesmo ano, foi aprovada a “Declaração Internacional de Montreal
sobre Inclusão”, a qual determinou aos governos, empregadores, trabalhadores e
à sociedade civil a se comprometerem com a promoção da inclusão dos grupos
historicamente segregados, particularmente o grupo constituído pelas pessoas
com deciência, em todos os ambientes, produtos e serviços (CANADÁ, 2001).
Todavia, autores como Collins e O’Mahony (2001) e Konur (2002) relevavam a
existência de numerosos obstáculos em aspectos estruturais, pedagógicos, cultu-
rais e sociais que ainda deveriam ser superados, particularmente no que se referia
aos contextos universitário e do mundo do trabalho.
Frente a isso, a “Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deciência”, de 2006, reforçou princípios e metas que permeariam a superação
de tais obstáculos. No que se refere à universidade e ao mundo do trabalho, após
a Convenção, houve um considerável aumento do número de serviços voltados à
orientação acadêmica e prossional, motivando os estudantes universitários com
deciência a investirem em sua formação e a colocar em prática sua prossionali-
zação (LANDMARK; JU; ZHANG, 2010; REPETTO et al., 2011; CARTER;
AUSTIN; TRAINOR, 2012).
Pode-se armar, portanto, que o segundo decênio do século XXI traz con-
sigo a herança histórica de princípios, perspectivas culturais, políticas, sociais,
econômicas e ideológicas que, atualmente, contribuem para a promoção da ple-
na participação das pessoas com deciência no contexto escolar, na sua transi-
ção da escola para a universidade e da universidade para o mundo do trabalho
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Orientação acadêmica e prossional dos estud antes com deciência nas universidades italiana s
(DE ANNA; 1996, 2002; MENDES, 2006; EBERSOLD, 2001, 2003, 2008a;
2008b; MOLITERNI; DI STASIO; CARBONI, 2011; LASCIOLI, 2012).
Todavia, questiona-se: como as universidades vêm sendo organizadas para
que se enfrente esse processo com ecácia? Quais estratégias atuais têm sido dire-
cionadas para a orientação acadêmica e prossional do público-alvo da educação
especial nas universidades? Diante de tais questionamentos, parece necessário ex-
plorar, aprofundar e organizar um quadro de boas práticas que possa responder às
necessidades e valorizar as competências e habilidades das pessoas com deciên-
cia, com vistas a propor um efetivo programa de formação prossional que res-
ponda às exigências de um contexto socioeconômico globalizado (HOGSTEDT;
WEGMAN; KJELLSTROM, 2007; MACLEAN; LAI, 2011).
Nesta direção, a presente pesquisa teve como objetivo principal identicar,
reunir, analisar e evidenciar, particularmente no que se refere ao contexto italia-
no, as possíveis boas práticas de orientação acadêmica e prossional dos estudan-
tes universitários com deciência.
A organização das universidades italianas
O sistema universitário italiano é representado por 96 instituições de diver-
sas tipologias: estatais, não estatais, institutos especiais, universidade para estran-
geiros, escolas superiores, institutos de alta formação doutoral e telemáticas. A
organização de cada universidade vem representada pelo organograma a seguir:
Organograma das universidades/ateneus italianos
ATENEO
FACOLTÀ DIPARTIMENTI ISTITUTI CENTRI
Fonte: Cabral (2013).
Segundo os dados do Miur (2012), dos 96 ateneus italianos, 68 são esta-
tais, e foi neste tipo de instituição que o estudo foi realizado. De modo geral,
35,8% dos ateneus estatais são distribuídos no Norte da Itália, 34,4% no Centro
e 29,8% no Sul, como representa o Mapa e a Tabela 1 a seguir:
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Leonardo S. Amâncio Cabral, Enicéia Gonçalves Mendes e Lucia de Anna
Mapa de distribuição dos ateneus estatais sobre o território italiano
Norte
Centro
Sul
(35,8%)
(34,4%)
(29,8%)
Fonte: Cabral (2013).
Tabela 1: Distribuição dos ateneus estatais na Itália, segundo a região
Número de Universidades Estatais na Itália
Norte Centro Sul
Trentino-Alto Adige 1Tosca n a 8Molise 1
Piemonte 3Marche 4Campania 6
Lombardia 8 Umbria 2 Puglia 4
Vêneto 4Lazio 6Basilicata 1
Friuli-Veneza Giulia 3Abruzzo 3Calábria 3
Liguria 1 - - Sicília 3
Emilia-Romagna 4 - - Sardenha 2
Tot a l 24 Tot a l 23 Tot a l 20
Fonte: Miur (2012)
Os estudantes com deciência nas universidades italianas
Foi após a Lei 17/1999 que se observa um crescimento exponencial do nú-
mero de estudantes com deciência matriculados, de 5.514 para 15.994 no ano
acadêmico 2009/2010 (MIUR, 2012), representando 5,4% do número total
de 297.441 estudantes matriculados em todo o território nacional (MIUR, 2012).
É importante ressaltar que este aumento ocorreu em um contexto no qual o
número global dos alunos matriculados diminuiu no período correspondente,
conforme indica o Istituto Nazionale di Statistica.
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Orientação acadêmica e prossional dos estud antes com deciência nas universidades italiana s
Particularmente na Università degli Studi di Roma “Foro Italico” (Uniro-
ma4), na Università degli Studi di Roma Tre (Uniroma3) e na Università degli
Studi di Messina (UniMe), que constituíram a amostra do presente estudo, esse
aumento também pôde ser observado:
Gráco 1: Evolução do número de estudantes com deciência entre o ano
letivo 2005/2006 e 2009/2010 nos ateneus Uniroma3, Uniroma4 e UniMe
800
600
400
200
0
2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10
Uniroma4
Uniroma3
UniMe
13 17 15 19 35
304 229 330
481 445
554 644 570 648 726
Fonte: Cabral (2013).
Na Itália, o serviço de Tutorato Specializzato agli studenti com disabilità e
disturbi specici dell’apprendimento é a estrutura responsável pelo acolhimento e
o apoio durante todo o percurso universitário do estudante, inclusive o momento
de sua transição à vida adulta e ao mundo do trabalho. De Anna (1996) destaca
que o acolhimento é o momento mais delicado para um estudante, principalmen-
te no caso em que a pessoa tem necessidades especiais e impedimentos.
Todavia, isso não quer dizer que o acolhimento e a orientação desta po-
pulação sejam responsabilidades atribuídas a uma única estrutura universitária,
pois promover a inclusão em todo o contexto universitário envolve esforço, co-
laboração e sinergia entre as diversas estruturas da universidade, estendendo-se
também às varias estruturas do território, segundo as Leis 104/1992 e 17/1999 e
as Diretrizes da CNUDD.
Quanto à questão do acesso ao mercado de trabalho e orientação prossional
das pessoas com deciência, a literatura indica que esta surgiu no contexto ita-
liano no nal dos anos 1980, ainda que, segundo De Anna (1989), as iniciativas
fossem realizadas de modo supercial e generalista.
É a partir da década de 1990 que podemos identicar e colocar em evidência
algumas normativas nacionais destinadas a propor e a colocar em prática estratégias
orientadas à garantia do acesso das pessoas com deciência ao mundo do trabalho.
Destaca-se, particularmente, a Lei n. 68, de 12 de março de 1999, a qual predispôs
diretivas para uma melhor organização em âmbito educacional, estrutural e de ges-
tão, inclusive ao membro interno da universidade, a m de consentir aos estudantes
com deciência a efetiva realização do seu projeto de vida prossional.
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Leonardo S. Amâncio Cabral, Enicéia Gonçalves Mendes e Lucia de Anna
As disposições dessa lei foram reforçadas pelas Diretrizes da CNUDD, as quais
dedicaram um capítulo inteiro sobre a orientação prossional dos estudantes universi-
tários com deciência bem como na sessão Lavoro e Occupazione, da Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deciência (ONU, 2006), raticada pela Lei italiana n. 18,
de 3 de março de 2009.
Metodologia
O presente estudo compôs a agenda do projeto “Developing a support me-
thodology of disabled students allowing to conjugate eectively academic success and
access to employment”, nanciado pelo Programa Europeu Leonardo da Vinci em
Vocational Education and Training.
A metodologia deste subprojeto envolveu um estudo de caso exploratório-
-descritivo, o qual abrangeu uma proposta de orientação acadêmica e prossional
a 20 estudantes universitários com deciência, todos em fase de transição univer-
sidade – mundo do trabalho. Dos 20 estudantes universitários com deciência,
metade tinha deciência física, 30% deciência auditiva, 10% deciência visual,
5% deciência sensorial múltipla (visual e auditiva) e 5% distúrbios de origem
médica (transplante de coração).
Os estudantes participantes eram provenientes da Università degli Studi di
Roma “Foro Italico” (10 estudantes); Università degli Studi di Roma Tre (8 estu-
dantes); e Università degli Studi di Messina (2 estudantes), sendo 50% do curso
de Educação Física, 20% das Ciências da Educação, 5% de Letras, 15% de Cine-
ma, 5% das Ciências Políticas e 5% da Economia.
Além dos 20 estudantes universitários com deciência, participaram do es-
tudo 3 tutores acadêmicos e 20 tutores empresariais de ONGs, instituições pú-
blicas e privadas.
O estudo envolveu a implementação e avaliação de um programa de orien-
tação acadêmica e prossional aos estudantes universitários com deciência par-
ticipantes, para o contexto das três universidades italianas mencionadas, tendo
como base um programa semelhante dinamarquês.4
4 O modelo dinamarquês, referência para o projeto, foi representado por práticas e
instrumentos utilizados pela Universidade de Aarhus. Vale ressaltar que o mesmo foi
implementado nos contextos da França, da Itália, da Dinamarca e da Irlanda, questio-
nado, discutido em reuniões periódicas e adaptado em cada contexto. Para conhecer
mais sobre o projeto mais amplo, acesse: www.universemploi.inshea.fr.
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Resultados
Os resultados aqui relatados foram organizados em dois temas, sendo que o
primeiro descreve o funcionamento do programa e a sinergia entre os serviços. Em
um segundo momento são apresentadas as programas de acolhimento e orientação.
O funcionamento do programa e a sinergia entre os serviços
As diretrizes nacionais de orientação acadêmica e prossional dos estudantes
universitários com deciência destacam a importância da colaboração entre os
serviços de tutoria especializada das universidades e aqueles presentes no território
municipal, provincial, regional ou nacional.
Estão disponíveis, para tanto, serviços fornecidos pelas Unidades Locais de
Saúde (USL), articulados com associações como o Servizio Integrazione Lavora-
tiva (SIL), a Unità Operativa per l’Inserimento Lavorativo (Uoil), as agências de
mediação com o mundo do trabalho e as associações de pessoas com deciência.
Preconiza-se, sobretudo, a cooperação entre os atores envolvidos nesse processo
(universidade, serviços, familiares e estudantes), para que se promova efetivamen-
te a transição das pessoas com deciência ao mercado de trabalho.
Particularmente, no que se refere à orientação prossional dos estudantes uni-
versitários com deciência, é prevista a colaboração entre os Serviços de Estágios e
Colocação no Mercado de Trabalho e o de Tutoria Especializada da Universidade,
a m de facilitar o encontro entre a demanda e a oferta de trabalho, fornecendo,
inclusive, orientação no momento da escolha e durante a formação prossional,
principalmente por meio de estágios. O excerto da entrevista descrito a seguir, de
um dos tutores entrevistados, ilustra o funcionamento dessa tutoria:
A Tutoria Especializada tem um banco de dados no qual são inseridas todas as infor-
mações sobre os alunos, principalmente aquelas que consideramos importante para a
orientação durante sua carreira acadêmica, desde o tipo de deciência até os seus conhe-
cimentos e necessidades educacionais especiais. Em caráter complementar, o Serviço
de Estágios e Colocação no Mercado de Trabalho reúne informações sobre suas habi-
lidades e objetivos prossionais, a m de poder realizar a devida correspondência com
a demanda apresentada pelo mundo do trabalho. (Tutor Acadêmico, Universidade A)
Esses serviços contam com a colaboração direta da comunidade, por meio
do contato com os Centros de Emprego provinciais, com os projetos direcionados
à orientação de estudantes universitários com deciência, com as associações, as
empresas e as organizações. Isso permite que a universidade forneça a todos os
estudantes, e não apenas àqueles com deciências, uma visão ampla das opor-
tunidades e iniciativas promovidas pelo mundo do trabalho, a m de favorecer
que a prossionalização adquirida durante a carreira acadêmica seja efetivamente
colocada em prática na sociedade.
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Além disso, os resultados do estudo evidenciam que, tanto para o serviço de
Tutoria Especializada, quanto para o Serviço de Estágios e Colocação no Merca-
do de Trabalho, o envolvimento dos estudantes, dos professores, da família, dos
colegas de classe e dos serviços relacionados, fazendo uso também de ferramentas
especícas, é importante nas várias fases do processo de orientação acadêmica e
prossional de estudantes com deciência. Gracamente, podemos representar
o funcionamento dos serviços e atores envolvidos diretamente no programa de
orientação acadêmica e prossional dos estudantes universitários com deciência
no contexto italiano.
A sinergia entre os vários atores e serviços no programa de
orientação acadêmica e prossional na Itália
Avaliação
(competências e
necessidades)
Ativação de estágios/
Orientação Prossional
Outros Serviços
CV; Cartas de Apresentação;
Entrevistas
Banco de Dados de Empresas,
Associações e Organizações
Promoção de eventos sobre
o mundo do trabalho
Monitoramento
Suporte ao Estudante
Orientação Acadêmica
Professores
Outros Serviços
Colegas
Família
IDENTIFICAÇÃO DE
OPORT UNIDA DES
DE TRABALHO
MATCHING E
SUPORTE
TUTOR IA
ESPECIALIZADA
SERVIÇO DE ESTÁGIO E
COLOCAÇÃO NO MERCADO
DE TRABALHO
ESTUDANTE
Fonte: Cabral (2013)
Deve-se ressaltar, ainda, que durante a orientação prossional estão envol-
vidos o estudante, o sujeito promotor (a universidade) e o antrião, ou seja, a
empresa, entidade, associação.
Neste processo, é prevista a presença do tutor universitário (ou um professor
da universidade) e o tutor empresarial (não necessariamente o representante legal
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da empresa), que acompanham e orientam o estudante durante o processo de sua
transição para o mundo do trabalho. Assim, podemos armar que as principais
fases de uma orientação acadêmica voltadas à transição do estudante universitário
com deciência ao mundo do trabalho são:
As 9 fases de orientação prossional dos estudantes
1a FASE
2a FASE
3a FASE
4a FASE
5a FASE
6a FASE
7a FASE
8a FASE
Avaliação do estudante
Encontro entre a oferta e a demanda
Preparação para a apresentação à empresa
Apresentação e denição dos papéis ao interno da empresa
Sensibilização e colaboração entre os atores
Desenvolvimento do projeto
Realização das atividades
Monitoramento
Manutenção ou reformulação das atividades e da funções
9a FASE
Fonte: Cabral (2013).
Ressalta-se o cuidado de não se implementar um programa de orientação
acadêmica e prossional com base em um caráter essencialmente organizacional
e tecnicista, mas, sobretudo, tendo em vista os aspectos empíricos individuais,
interpessoais, acadêmicos e prossionais dos atores envolvidos no processo de
transição para a universidade e para o mundo do trabalho.
Assim, o momento de recepção de um estudante com deciência, seja na uni-
versidade, seja no ambiente de trabalho, é uma das etapas mais importantes do
processo de sua orientação acadêmica e prossional. O tutor acadêmico e o tutor
empresarial devem ter, antes de tudo, as habilidades necessárias para poder iden-
ticar, em uma abordagem holística, aspectos biopsicossociais e pedagógicos do
estudante, sem que eles se sintam em situação de desconforto e, ao mesmo tempo,
encorajando-os a uma ativa participação (DE ANNA, 2003, 2005).
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Indicadores para programas de acolhimento e orientação para
estudantes com deciências nas universidades italianas
Tendo como base as constantes discussões no grupo de pesquisa, e junta-
mente com os atores envolvidos no estudo, foi possível identicar indicadores
de boas práticas para a orientação acadêmica e prossional dos estudantes uni-
versitários com deciência, os quais foram relatados e socializados, dentre várias
ocasiões, a todos os pró-reitores quanto às questões relacionadas à deciência da
Itália, bem como no Parlamento Europeu de Strasbourg, em 2012, a saber:
1. planejar e desenvolver, desde o início da carreira acadêmica do estudan-
te, uma avaliação inicial e um monitoramento contínuo dos objetivos,
necessidades e desenvolvimento do aluno, considerando o seu projeto de
vida, o reconhecimento de sua identidade e de suas motivações;
2. promover módulos de formação e de atualização sobre questões relacio-
nadas e voltadas aos prossionais da universidade e, particularmente,
dos serviços de tutoria especializada e de orientação prossional;
3. estabelecer atividades de aconselhamento ao estudante a m de estimular
a assunção de responsabilidade, a solução de problemas que impedem o
progresso de seus estudos ou de sua transição para o emprego;
4. promover a relação entre o estudante e o mundo do trabalho por meio
das atividades de estágio (pré e pós-graduação) e de formação relaciona-
das às suas habilidadese e aspirações;
5. incentivar a participação do estudante no programa Sócrates/Erasmus
(competências linguísticas) e Leonardo da Vinci (trabalho no exterior);
6. organizar atividades que permitam aos estudantes a aquisição de com-
petências especícas relacionadas à elaboração do Curriculum Vitae e
da apresentação pessoal;
7. estabelecer um pareamento ecaz, cruzando a procura e a oferta de
trabalho, com base no perl de cada estudante, à luz dos aspectos aca-
dêmicos, sociais e individuais identicados na avaliação inicial e no
monitoramento contínuo;
8. fornecer às empresas eventuais consultorias sobre as competências pro-
ssionais adquiridas pelos graduandos e graduados com deciência e
sobre as adequações especícas a serem implementadas no local de tra-
balho (acessibilidade física, tecnologia, recursos humanos etc.);
9. as universidades devem contactar as estruturas de centros de emprego re-
gionais e os Centros de Orientação Prossional para o trabalho ou qualquer
outro serviço responsável por esta questão, de modo a planejar em conjunto
e implementar políticas empregatícias por meio da conexão com a rede de
atores públicos e privados que operam no território regional;
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Orientação acadêmica e prossional dos estud antes com deciência nas universidades italiana s
10. instaurar relações com as associações de empresas locais para promo-
ver, sempre em colaboração com os serviços de emprego, atividades de
sensibilização;
11. promover maiores oportunidades empreendedoras entre os jovens;
12. manter atualizado o banco de dados no qual são organizadas as informa-
ções inerentes às oportunidades de estágio e de emprego.
Ao concluir a presente pesquisa, pode-se dizer que um programa de orientação
acadêmica e prossional de um estudante com deciência deve considerar, em uma
abordagem holística sobre as habilidades do aluno, o contexto geral da universida-
de, os serviços de tutoria especializada, de colocação no mercado de trabalho e de
estágios, o território e, quando apropriado, a cooperação adequadada da família.
Diagrama representativo dos atores envolvidos no Programa de Orientação
Acadêmica e Prossional para os estudantes universitários com deciência
Tutoria
Especializada
Serviços de
Colocação no Mercado
de Tr a balho
Território
Universidade
Família
Estudante
Fonte: Elaboração dos autores.
À luz dos resultados globais deste estudo e de acordo com as indicações da Na-
tional Alliance for Secondary Education and Transition, de 2005, foi proposto um
conjunto de indicadores que poderão auxiliar as diversas estruturas universitárias
na implementação e monitoramento de seu próprio programa de orientação acadê-
mica e prossional de estudantes universitários com deciência (CABRAL, 2013).
O estudo realizado na Itália, portanto, permitiu-nos não só reconstruir o
diálogo internacional sobre o tema desta pesquisa, mas também propor novos
instrumentos que dispõem de indicadores para o desenvolvimento de um pro-
grama de orientação acadêmica e prossional para a realização do projeto de vida
dos estudantes universitários com deciência no século XXI.
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Leonardo S. Amâncio Cabral, Enicéia Gonçalves Mendes e Lucia de Anna
Resumo
Orientação acadêmica e prossional dos estudantes com deciência nas universidades italianas
O presente artigo é parte de um projeto europeu mais amplo que visou o desenvolvimento de
um programa de apoio a estudantes com deciências durante seu percurso acadêmico e no
processo de sua transição ao mercado de trabalho. O objetivo especíco do presente estudo
consistiu em implementar e avaliar um programa de orientação acadêmica e prossional a
esse público alvo. A proposta, baseada num programa já existente no contexto dinamarquês,
foi implementada em três universidades italianas, e 43 pessoas foram envolvidas na avaliação
de sua ecácia: 20 estudantes universitários com deciência em fase de transição ao mundo
do trabalho, 20 tutores empresariais e 3 tutores acadêmicos. Como resultado, a experiência
possibilitou a identicação de elementos-chave relacionados ao percurso acadêmico, à aqui-
sição de competências prossionais dos estudantes, à transição para a vida adulta e o mundo
do trabalho. Além disso, foram identicados elementos que contribuem para a constituição
do perl dos tutores acadêmicos e prossionais no ambiente universitário e prossional. En-
tende-se, com este estudo, que cabe à comunidade cientíca avançar no processo, reunindo
indicadores de boas práticas que possam contribuir para estratégias concretas que garantam
a efetiva inclusão social e no trabalho das pessoas com deciência.
Palavras-chave: Educação Superior. Pessoas com Deficiência. Orientação Acadêmica.
Orientação Prossional. Inclusão. Educação Especial.
Abstract
Academic and Professional Orientation of Students with Disabilities in Italian Universities
is paper is part of a larger European project that aimed to develop a program for support-
ing students with disabilities during their academic lives and guide them towards the labor
market. e specic objective of this study was to implement and evaluate an academic
and vocational guidance program to students with disabilities. Based on a Danish existing
program, the proposal was implemented in three Italian universities, and 43 people were
involved in the evaluation of its eectiveness: 20 students with disabilities in transition to
the labor market, 20 professional tutors and 3 academic tutors. Results showed identication
of key factors related to the academic process, the acquisition of students’ professional skills,
adulthood and labor market transition. Furthermore, elements were identied that helped
elaborate a prole of professional and academic tutors both in the university and labor envi-
ronment. It is understood that the scientic community needs to move within this process,
gathering indicators of good practices that can contribute to propose concrete strategies in
order to ensure eective social and professional inclusion for people with disabilities.
Keywords: Higher Education. People with Disabilities. Academic Guidance. Vocational
Guidance. Inclusion. Special Education.