Content uploaded by Antónia Campos
Author content
All content in this area was uploaded by Antónia Campos on Dec 14, 2018
Content may be subject to copyright.
Relação entre a Disfagia Orofaríngea e a Disfunção Motora em
Indivíduos com Paralisia Cerebral
Bárbara Sofia Coutinho Teixeira, BSc1; Maria Antónia Rodrigues da Cunha e Campos,
MSc1,2; Rui Manuel de Almeida Poínhos, PhD1
1- Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto;
2- Associação do Porto de Paralisia Cerebral
!
Introdução: A disfagia orofaríngea (DOF) é um problema frequente na paralisia
cerebral (PC), estando associada às dificuldades motoras inerentes à mesma. A
DOF, para além de ser um fator de risco para desidratação, pode levar a
complicações como a aspiração pulmonar e consequentemente pneumonia por
aspiração, pelo que habitualmente se recorre ao espessamento de líquidos para
alcançar uma maior segurança e eficiência na deglutição. Uma das formas de
avaliar a PC em termos de dificuldades motoras é através da escala de Gross
Motor Function Classification System (GMFCS), que classifica os indivíduos de
acordo com 5 níveis de mobilidade, sendo que no nível I existe uma marcha
autónoma e no nível V os indivíduos são transportados em cadeira de rodas,
estando dependentes de terceiros para qualquer atividade da vida diária.
Objetivo: Avaliar a relação entre o nível de GMFCS e a DOF em indivíduos com
PC.
Metodologia: Foi aplicado um inquérito a uma amostra de 44 indivíduos com
idades compreendidas entre os 5 e os 64 anos com diagnóstico clínico de PC, no
qual se registou o género, a idade, o nível de GMFCS, dificuldades sentidas na
deglutição de líquidos e o desempenho na deglutição. Pediu-se a cada um dos
indivíduos que ingerisse 30 mL de água espessada com diferentes consistências,
de acordo com a nomenclatura da International Dysphagia Diet Standardization
Initiative. O desempenho na deglutição para cada consistência foi classificado
utilizando uma versão adaptada da escala do Water Swallow Test, de forma a
concluir quais as consistências que permitiam uma maior segurança na deglutição.
O teste foi adaptado de forma a corresponder à forma de ingestão dos indivíduos
(copo, palha ou colher) e às suas dificuldades na deglutição.
Resultados: Não foi encontrada uma relação estatisticamente significativa entre o
nível de consistência a partir do qual a deglutição é mais segura e a classificação
de função motora dos indivíduos que bebiam pela palha ou pelo copo. Para os
indivíduos que bebiam pela colher (61,4%; n=27), dos quais 81,5% (n=22) se
encontravam no nível V de GMFCS, foi encontrada uma correlação positiva
(ρ=0,382) entre as mesmas variáveis. Em 47,7% dos casos (n=21), a consistência
de nível 3 permitiu uma ingestão eficiente e controlada por parte dos indivíduos
(independentemente do nível de GMFCS).
Conclusões: Indivíduos com maior comprometimento motor que bebiam pela
colher necessitaram de ingerir água com um nível de consistência superior.
Salienta-se a necessidade de desenvolver um método de rastreio de DOF
direcionado a esta população.
Palavras chave: Paralisia Cerebral; Disfagia; Função Motora