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O Marketing Direto Funciona para Clientes Já "Fidelizados"? Apenas de Forma Parcial

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O MARKETING DIRETO
FUNCIONA PARA CLIENTES JÁ
“FIDELIZADOS”? APENAS DE
FORMA PARCIAL
Marcos Inácio Severo de Almeida1
Universidade Federal de Goiás
misevero@yahoo.com.br
Ricardo Limongi França Coelho2
Universidade Federal de Goias
ricardolimongi@gmail.com
Denise Santos de Oliveira3
Universidade Federal de Goiás
deniseadm@hotmail.com
Alessandra Cristina Gomes4
Universidade Federal de Goiás
a3gomes@gmail.com
A IMPORTÂNCIA DO MARKETING DIRETO
O marketing direto é tratado de forma periférica por
gestores e por pesquisadores da área. Normalmente, se
dá mais atenção a outras variáveis do mix de marketing,
1 Doutor em Administração pela UnB. Professor e pesquisador do Programa de Pós-
Graduação em Administração (PPGADM/UFG).
2 Doutor em Administração pela EAESP/FGV. Professor e pesquisador do Programa
de Pós-Graduação em Administração (PPGADM/UFG).
3 Mestre em Administração pela Universidade Federal de Goiás.
4 Mestranda em Administração pela Universidade Federal de Goiás.
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como preço e promoção, e sua relação com o desem-
penho. A estratégia de comunicação conhecida como
marketing direto é conceitualmente denida como uma
ação direta, interativa, não aleatória e segmentada para
indivíduos especícos em um período de tempo especí-
co e é considerada como um dos métodos mais efetivos
de marketing para maximizar o valor do cliente ao longo
do tempo (AMINI et al., 2015).
O marketing direto envolve a entrega de uma mensa-
gem ou proposta para um cliente-alvo em um formato
atraente e agradável, sem a presença de intermediários
individuais ou midiáticos envolvidos. Serviços de Atendi-
mento ao Cliente (SACs), call centeres e e-mail marketing
são exemplos de ações dessa natureza (BOSE & CHEN,
2009), que são caracterizadas por seu baixo-custo, pela
construção customizada e pela tentativa de aumentar a
adesão do consumidor e alterar algum tipo de comporta-
mento (HARTEMO, 2016).
Pesquisas que estimam o efeito do marketing dire-
to retornam resultados diversos que identicam, por
exemplo, existência de um efeito positivo sobre a le-
aldade de marca, embora também apontem eventuais
perigos na redução da duração do relacionamento, em
função do uso do marketing direto como estratégia de
comunicação com clientes. Os dados utilizados nessas
pesquisas normalmente estão nos bancos de dados das
empresas, como características sociodemográcas ou
informações sobre comportamentos interativos do con-
sumidor, como a compra.
É importante destacar que registros de compras são
informações importantes para as empresas porque in-
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corporam variáveis classicadas pela sigla RFM, uma vez
que trazem informações de compras recentes (R) e de-
talhes acerca da frequência (F) e do valor monetário (M).
Essas métricas podem fornecer respostas para o desem-
penho do negócio (RUST et al., 2004) e são importantes
porque manifestam comportamentos de consumidores.
Por essas razões, são classicadas como medidas obser-
váveis do comportamento, já que incluem decisões sobre
como, quando, quanto e o quê comprar.
Figura 1. O uso de formas de marketing direto, como o e-mail
marketing, é cada vez mais comum na realidade das empresas
Mas qual a relação do marketing direto com a probabi-
lidade de manter o relacionamento e o montante indivi-
dual alocado para uma transação? Será que ele funciona
para clientes “delizados”? Uma pesquisa que usou o
banco de dados de uma rede de concessionárias de auto-
móveis procurou relacionar ações comuns de marketing
direto como envio de e-mails e telefonemas ao compor-
tamento de clientes que já haviam adquirido automóveis.
O objetivo dessas concessionárias era sensibilizar clien-
tes para a aquisição dos serviços de revisão autorizada.
Na tentativa de responder às perguntas de pesquisa
foi desenvolvido um estudo com uma base de dados se-
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cundária. Os pesquisadores recorreram a dados retros-
pectivos que sinalizavam a ocorrência de relacionamen-
to entre clientes compradores de automóveis novos. Os
dados estavam organizados em uma estrutura transver-
sal múltipla e foram usadas três amostras independentes
de clientes da base de dados da rede. Um dos pesquisa-
dores foi o responsável por coletar os dados no software,
que armazenava o histórico de relacionamento da em-
presa com o cliente, a partir da compra de um veículo
novo ou usado.
Na empresa estudada e na aquisição de automóveis
novos em geral, após a compra do automóvel, o cliente
deve realizar manutenções periódicas para assegurar a
garantia do veículo, que normalmente varia de três a cin-
co anos. O serviço de manutenção deve ocorrer a cada 10
mil quilômetros rodados ou a cada 12 meses, o que ocor-
rer primeiro. O software de marketing direto da empre-
sa permite que o gestor de marketing realize campanhas
baseadas em envio de e-mails ou estabelecimento de
contato telefônico, com o objetivo de sensibilizar clientes
a realizar as revisões autorizadas, não obrigatórias.
O software em questão disponibiliza um relatório indi-
cativo dos clientes que estão elegíveis para realizar ser-
viços de manutenção para diferentes quilometragens (10
mil, 20 mil, 30 mil e assim por diante até a última revisão,
de 150 mil) e é por meio desses relatórios que os gestores
decidem pelas ações de marketing direto. As campanhas
selecionadas para a pesquisa aconteceram em um deter-
minado momento e os dados foram coletados em perío-
dos subsequentes para captar a provável inuência des-
sas duas ações de marketing direto na probabilidade de
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relacionamento e no montante alocado (gasto individual
com a revisão autorizada). O primeiro grupo de 120 clien-
tes estava apto a realizar o serviço de manutenção de 10
mil quilômetros; o segundo grupo de 120 para o serviço
de 40 mil; e o terceiro grupo para o serviço de 70 mil,
totalizando uma amostra de 360 consumidores da rede.
Optou-se, dessa forma, por segmentar as amostras em
diferentes momentos de realização da manutenção.
PRINCIPAIS RESULTADOS
Dois principais resultados emergiram da construção
dos modelos estatísticos. Quando se considerou o pe-
ríodo mais “próximo do relacionamento entre cliente
e empresa (a revisão de 10 mil quilômetros) as variáveis
de marketing direto produziram nenhum efeito sobre as
variáveis dependentes (probabilidade de relacionamen-
to e gasto individual com a revisão). Isso signica que os
clientes despendem e realizam o serviço de revisão mais
em função de altos custos de mudança do que em função
do marketing direto, uma vez que a aquisição do primeiro
serviço está vinculada à garantia do automóvel.
O marketing direto produziu efeito positivo quando
foram consideradas revisões de 40 mil quilômetros e de
70 mil quilômetros. Para 40 mil quilômetros, o envio de
e-mail marketing foi mais efetivo para o gasto do cliente
com a revisão, enquanto que o uso do telefone foi mais
efetivo para as revisões de 70 mil quilômetros. O uso do
e-mail marketing também foi signicativo para a proba-
bilidade de realização de revisões de 40 mil quilômetros,
mas seu uso não foi efetivo para as revisões de 10 e 70 mil
quilômetros, respectivamente.
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Embora os resultados da pesquisa lancem dúvidas so-
bre a efetividade de táticas mercadológicas fundamen-
tadas no marketing direto, duas importantes limitações
do estudo devem ser consideradas. Em primeiro lugar,
trata-se de uma amostra intencional que, mesmo sen-
do representativa da população de clientes da empresa,
pode retornar estimadores viesados, que podem subes-
timar ou superestimar o verdadeiro valor de um parâme-
tro populacional (DOANE & SEWARD, 2014). Em segundo
lugar, as amostras coletadas referem-se ao registro de
relacionamento de clientes de apenas uma empresa, fato
que pode comprometer a aleatoriedade das observações.
Mesmo diante dessas limitações, o trabalho amplia o co-
nhecimento sobre efeitos de atividades de marketing em
medidas observáveis de comportamento, como proba-
bilidade de manutenção do relacionamento e montante
individual alocado.
REFERÊNCIAS
AMINI, M. et al. A cluster-based data balancing ensemble classier
for response modeling in bank direct marketing. International Jour-
nal of Computational Intelligence and Applications, 14(4), 2015.
DOANE, D. P., & Seward, L. E. Estatística aplicada à administração e
economia. Porto Alegre: AMGH, 2014.
HARTEMO, M. Email marketing in the era of the empowered con-
sumer. Journal of Research in Interactive Marketing, 10(3), 212-
230, 2016.
RUST, R. T. et al. Measuring marketing productivity: current knowl-
edge and future directions. Journal of Marketing, 68(4), 76-89, 2004.
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Article
Full-text available
The aim of direct marketing is to find the right customers who are most likely to respond to marketing campaign messages. In order to detect which customers are most valuable, response modeling is used to classify customers as respondent or non-respondent using their purchase history information or other behavioral characteristics. Data mining techniques, including effective classification methods, can be used to predict responsive customers. However, the inherent problem of imbalanced data in response modeling brings some difficulties into response prediction. As a result, the prediction models will be biased towards non-respondent customers. Another problem is that single models cannot provide the desired high accuracy due to their internal limitations. In this paper, we propose an ensemble classification method which removes imbalance in the data, using a combination of clustering and under-sampling. The predictions of multiple classifiers are combined in order to achieve better results. Using data from a bank's marketing campaigns, this ensemble method is implemented on different classification techniques and the results are evaluated. We also evaluate the performance of this ensemble method against two alternative ensembles. The experimental results demonstrate that our proposed method can improve the performance of the response models for bank direct marketing by raising prediction accuracy and increasing response rate.
Article
Full-text available
For too long, marketers have not been held accountable for showing how marketing expenditures add to share-holder value. As time has gone by, this lack of accountability has undermined marketers' credibility, threatened the standing of the marketing function within the firm, and even threatened marketing's existence as a distinct capa-bility within the firm. This article proposes a broad framework for assessing marketing productivity, cataloging what is already known, and suggesting areas for further research. The authors conclude that it is possible to show how marketing expenditures add to shareholder value. The effective dissemination of new methods of assessing mar-keting productivity to the business community will be a major step toward raising marketing's vitality in the firm and, more important, toward raising the performance of the firm itself. The authors also suggest many areas in which further research is essential to making methods of evaluating marketing productivity increasingly valid, reli-able, and practical.
Article
Purpose The purpose of this paper is to clarify why, when and how e-mail marketing can be used to empower consumers and to give ideas for future scholarly research. Design/methodology/approach Systematic literature review studies 41 e-mail marketing and 54 consumer empowerment articles published in variety of academic journals between 1998 and 2014. Findings E-mail allows an active, interactive and personalized communication fulfilling the preferences of an empowered consumer. E-mail marketing can be used to empower consumers by sending e-mails based on permission, by making consumers active participants in the communication process and by making e-mails relevant for the recipients. However, current e-mail marketing strategies need to be updated to get the maximum benefit out of the channel. Research limitations/implications The limitation of the study is the broad domain of research, which hampered the in-depth analysis. However, the study was able to synthesize the scattered literature and create an overall picture of the topic as planned. Practical implications The paper encourages managers to use empowering e-mail marketing strategies and presents several suggestions for future e-mail marketing research. Originality/value The paper uses a new perspective, consumer empowerment as a lens for understanding e-mail marketing. Because e-mail marketing is currently very popular among marketers but is threatened by its negative image among consumers, it is important to understand how e-mail marketing can be developed so that it can also survive in the future.
Estatística aplicada à administração e economia
  • D P Doane
  • L E Seward
DOANE, D. P., & Seward, L. E. Estatística aplicada à administração e economia. Porto Alegre: AMGH, 2014.