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Irriga, Botucatu, v. 06, n. 2, p. 54-61, maio-agosto, 2001 54
ISSN 1808-3765
DOI: http://dx.doi.org/10.15809/irriga.2001v06n2p54-61
PRODUÇÃO DE PEPINO (Cucumis sativus L.), ENXERTADO E NÃO ENXERTADO, SUBMETIDO À
ADUBAÇÃO CONVENCIONAL EM COBERTURA E VIA FERTIRRIGAÇÃO, EM CULTIVO PROTEGIDO
Eurides Küster Macedo Junior
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste/Agronomia-Campus de Marechal Cândido Rondon - Fone: 45-254-
3216 - E mail:kuster@unioeste.br
Rua Pernambuco, 1777 - CEP 85960-000 Marechal Cândido Rondon - PR
João Domingos Rodrigues
Roberto Lyra Villas Boas
Rumy Goto
Sheila Zambello de Pinho
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”/UNESP-Campus de Botucatu
1 RESUMO
Este experimento foi conduzido na Fazenda Experimental São Manuel da Faculdade de Ciências Agronômicas, em
ambiente protegido, com início em 23 de janeiro e término em 18 de abril de 1997, com objetivo de avaliar os efeitos e
freqüência de adubações nitrogenadas e potássicas, aplicadas em cobertura, via fertirrigação e de forma convencional sobre a
produtividade de pepino não enxertado e enxertado.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com seis tratamentos e quatro repetições. Avaliou-se à
altura de planta, número de folhas, produção, número de fruto, peso de fruto e número de fruto por planta.
As plantas de pepino enxertado apresentaram valores superiores para altura de planta, número de folhas, produção,
número de fruto, peso de fruto e número de fruto por planta. Nos parâmetros com efeito significativo, percebe-se que a
fertirrigação acompanha os maiores valores.
UNITERMOS: pepino, enxertia, adubação, fertirrigação
MACEDO JUNIOR, E.K., RODRIGUES, J. D., VILLAS BOAS, R. L., GOTO, R. PINHO, S. Z. CUCUMBER
YIELD GRAFTED AND NOT GRAFTED SUBMITTED TO FERTIGATION AND CONVENTIONAL
FERTIGATION IN GREENHOUSE CONDITIONS
2 ABSTRACT
This experiment was conducted at the São Manuel Experimental Station –FCA/UNESP, in greenhouse conditions,
beginning on January 23 and ending on April 18. The objective was to evaluate the effects of nitrogen and potassium applied
through fertigation and through conventional way on the productivity of grafted and non-grafted cucumber.
The experimental design was a randomized block design with six treatments and four replications. Measurements
included plant height, number of leaves, production, fruit number, fruit weight, and fruit number per plant.
The grafted cucumber plants presented higher values for plant height, number of leaves, production, fruit number,
fruit weight and fruit number per plant. For the parameters with statistical significant effects (p<0.05), fertigation yielded the
largest values.
KEYWORDS: cucumber, graft, fertilizer, fertigation
3 INTRODUÇÃO
A plasticultura como uma das alternativas ao modelo de agricultura tradicional, propõe mudanças nas técnicas e
conceitos através de uma produção segura, sem riscos de perdas devido à fatores climáticos adversos e possibilitando à
atividade agrícola altos índices de produtividade.
No Brasil, com o objetivo de proporcionar condições mais favoráveis ao cultivo de hortaliças em ambiente
protegido, além das épocas com condições adversas, este sistema está sendo adaptado como alternativa de produção, para ser
utilizado em qualquer época do ano. Este procedimento, conciliado com outras técnicas, como é o caso da irrigação e
fertirrigação é para que se possa ao mesmo tempo, facilitar o cultivo, reduzir custos de produção e aumentar receitas líquidas.
A irrigação constitui alternativa de melhoria da produção, onde através da introdução e aplicação simultânea de
fertilizantes no solo, vem sendo usada freqüentemente em cultivos protegidos, normalmente com adubos nitrogenados e
potássicos.
Dentre as principais culturas exploradas em ambiente protegido encontra-se o pepino japonês em que, quase
exclusivamente, toda a produção é destinada ao abastecimento do mercado interno.
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A cultura de pepino cultivado em ambiente protegido requer condições de elevada umidade relativa do ar, com
faixa ideal entre 70 a 90 %. A luminosidade é muito importante, sobretudo no período de floração. As temperaturas críticas
do pepino consideradas ótimas são: para germinação 30 oC, para desenvolvimento 20 a 25 oC durante o dia e, 18 a 22 oC
durante a noite (Serrano, 1977; Sganzerla, 1995).
Um dos principais objetivos da produção em ambiente protegido, comparado com o campo, é o de promover
proteção contra fatores adversos do clima como vento, geada, granizo e chuvas, causando importantes modificações
microclimáticas.
A produção de hortaliças em ambiente protegido está se expandindo a cada ano em todo o mundo. No Brasil, esta é
uma tecnologia que só recentemente vem sendo implantada, e ainda são poucos dados técnicos para a cultura.
A enxertia é uma técnica de propagação vegetativa, a qual envolve a união de partes de plantas por meio da
regeneração de tecidos, de modo que, o conjunto constitua uma única planta. A enxertia em hortaliças é uma medida
preventiva visando o controle de agentes patogênicos do solo, apresentando maior absorção de nutrientes e maior produção
(Macedo Júnior, 1998). As principais vantagens da enxertia de pepino em abóbora estão relacionadas à resistência do enxerto
a Fusarium sp., Phytophthora melonis, nematóides e a baixas temperaturas do solo (Oda, 1995). As hortaliças enxertadas
sobre porta enxertos específicos, apresentam resistência a doenças e aumento de produção (Tsambanakis, 1984); maior
rendimento e peso médio de frutos quando comparado a plantas não enxertadas (Uffelen, 1985); resistência a salinidade e
excesso de água (Oda, 1995) e os frutos apresentam brilho causado pela perda de cerosidade característica dependendo do
porta enxerto (Kawaide, 1985).
No Brasil, esta técnica foi introduzida na década de 80, depois de alguns anos de cultivos protegidos, com o
surgimento dos problemas de doenças de solo, principalmente a fusariose nas culturas de pepino japonês, aliado a
necessidade de antecipação da safra. Para tanto, foi utilizada a abóbora Tetsukabuto como porta enxerto, híbrido este que
apresenta uma resistência maior às temperaturas mais baixas de inverno por desenvolver normalmente o sistema radicular
nessas temperaturas, podendo dessa forma antecipar o plantio do pepino, que apresenta problemas de crescimento em
temperaturas mais baixas (Goto, 1993).
O suprimento de água é um dos principais fatores influenciando e geralmente restringindo o crescimento da planta.
A forma de aplicação é de grande importância porque pode afetar o suprimento de água e nutrientes.
A aplicação de fertilizantes por gotejamento é mais precisa e eficiente, por ser dirigida e concentrar-se na zona de
abrangência das raízes, o que economiza fertilizantes, reduz custos de mão de obra e energia, quando comparado com outros
sistemas de fornecimento de água e fertilizantes às plantas (Medina San Juan,1985; Dasberg & Bresler, 1985; Cuenca, 1989).
A aplicação correta de nutrientes torna-se necessária para que seja mantida a fertilidade do solo e os rendimentos
das culturas, bem como a obtenção de um produto com melhor aspecto, mais uniforme e de melhor qualidade. Das várias
técnicas de adubação na agricultura, a fertirrigação destaca-se como uma opção de investimento com retorno rápido,
apresentando inúmeras vantagens em relação às convencionais, principalmente quando utiliza-se sistemas de irrigação
localizada (Alves & Klar, 1997).
Este trabalho teve como objetivos avaliar os efeitos de adubações nitrogenadas e potássicas, aplicadas via água de
irrigação e de forma convencional sobre a produção de pepino não enxertado e pepino enxertado, cultivado em ambiente
protegido.
4 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental São Manuel da Faculdade de Ciências Agronômicas /
Universidade Estadual Paulista (FCA / UNESP) Campus de Botucatu, em ambiente protegido de 400 m2, tipo capela com
arcos internos e cortinas laterais, com dimensões de 10 m x 40 m, altura central de 4 m, estrutura toda em madeira, coberta
por um filme de polietileno transparente de 0,075 mm de espessura. A área fica localizada no município de São Manuel, S.P.,
com 25o51’ S de latitude e 48o34’ W de longitude e altitude de 740 m. O clima da região conforme Köppen, é classificado
como Cfa, temperado chuvoso. A temperatura média anual é de 21 oC e a precipitação média anual 1445 mm.
O solo onde foi instalado o experimento, segundo Moreira (1993), se classifica como Latossolo Vermelho Escuro.
Foi utilizado delineamento em blocos casualizados, seis tratamentos com quatro repetições e 24 parcelas.
Determinou-se a altura de planta, número de folhas, produção, número de fruto, peso de fruto e número de fruto por planta.
A análise estatística foi feita considerando nível de 5 % de significância. Os tratamentos foram:
T1 = Pepino não enxertado adubação convencional;
T2 = Pepino não enxertado fertirrigação semanal;
T3 = Pepino não enxertado fertirrigação com intervalo de um dia;
T4 = Pepino enxertado adubação convencional;
T5 = Pepino enxertado fertirrigação semanal;
T6 = Pepino enxertado fertirrigação com intervalo de um dia.
Neste experimento cada parcela com 12 plantas teve dimensões de 1,2 x 5,0 m, área de 6 m2, com duas fileiras de
plantas espaçadas de 0,5 m e espaçamento na linha de plantio de 0,6 m, sendo as duas primeiras plantas de cada extremidade
da linha, a bordadura.
O solo foi preparado com uma enxada rotativa através de um microtrator e formação manual de canteiros.
Realizou-se adubação uma semana antes do transplante, utilizando as quantidades de 4 g de P/m2 (22,9 g de termofosfato
BZn/m2), 0,78 g/100 cm3 de potássio (5,61 g/m2 de cloreto de potássio) e composto orgânico (3 L/m2).
Maedo Júnior, et. al 56
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Utilizou-se a abóbora híbrida Ikky Kyowa como porta-enxerto e como enxerto o pepino japonês híbrido Hokuho No
2 Kyowa, ambos de caracter monóico e, o mesmo pepino japonês, sem enxertar. O critério para escolha do material porta-
enxerto foi por conferir brilho aos pepinos.
A enxertia foi realizada no dia 7 de fevereiro, quando a primeira folha definitiva da planta de pepino estava em
expansão e a primeira folha definitiva da abóbora estava completamente expandida (Oda et al., 1993). O método usado foi de
fenda terminal, no qual removeu-se o meristema apical da abóbora e realizou-se um corte no caule em sentido longitudinal de
1,0 a 1,5 cm. Na planta de pepino realizou-se um corte no caule em bisel 3,0 cm abaixo das folhas cotiledonares e, após a
união das duas partes das plantas, o enxerto foi fixado por um clip especial e levado para um ambiente protegido, com
condições de umidade relativa do ar acima de 90 % e temperatura média do ar em torno de 30 oC, permanecendo assim
durante três dias, iniciando-se então adaptação as condições ambientais (Oda et al., 1993; Cañizares, 1997) e, após 14 dias
(21/02/97) foram transplantados para o lugar definitivo, ao mesmo tempo que as plantas de pepino sem enxertar.
A adubação em cobertura iniciou-se aos 14 dias após o transplante (dat), com nitrato de potássio na quantidade de
0,25 g de N e 0,70 g K2O por planta (1,6 g de KNO3) nas primeiras aplicações e, 3,35 g de KNO3 nas outras aplicações
também em intervalos semanais, segundo International Fertilizer Industry Association (1992).
A colheita deu-se a partir de 24 de março (32 dat) até 14 de abril (53 dat), em seis plantas que permaneceram nas
parcelas. Nesse período realizou-se amostragem de seis plantas para análise de crescimento. Os frutos eram colhidos ao
atingirem 2,5 a 3,5 cm de diâmetro e/ou 20 a 23 cm de comprimento.
O experimento foi mantido livre de plantas daninhas através de capinas. A partir dos 14 dias após o transplante,
foram realizadas pulverizações semanais com Fenarimol para controle de oídio (Erysiphe spp.) e com Deltamethrine para
controle de pragas.
No interior do ambiente protegido foi instalado um abrigo meteorológico com termohigrógrafo para a obtenção de
dados de temperatura e umidade relativa do ar. Pelos diagramas obtidos semanalmente calculou-se os valores médios diários,
utilizando-se as equações recomendadas pela Organização Mundial de Meteorologia, as quais são:
Tmédia = (T9 + 2.T21 + Tmáx + Tmín) / 5
URmédia = (UR9 + UR15 + 2.UR21) / 4
em que o número subscrito corresponde à hora de realização da medida. A partir desses dados expressou-se as variações
semanais de temperatura e umidade relativa do ar.
Os dados de evaporação foram obtidos por um Tanque Classe A (ECA) instalado no interior do ambiente protegido.
A instalação, leitura e manejo do Tanque Classe A foram realizados conforme recomendações de Bernardo (1990); Klar
(1991) e Marouelli et al. (1994).
Utilizou-se um sistema de irrigação por gotejamento, com duas linhas de tubogotejador por parcela, com 5 m de
comprimento e distanciadas entre si de 0,50 m, controladas por um registro de gaveta em cada parcela.
O turno de irrigação foi diário e a lâmina aplicada foi determinada considerando-se a evaporação medida no
período entre irrigações e a eficiência de aplicação de água do sistema de irrigação igual a 0,9 conforme Bernardo (1990) e
Klar (1991). Utilizou-se dos valores de Kp, que varia com a cobertura do solo em torno do tanque, a umidade relativa e a
velocidade do vento, propostos por Doorenbos & Pruitt (1977), para a obtenção da evapotranspiração de referência (ETo).
Desta forma, ETo = ECA . Kp. O coeficiente de cultura (Kc) utilizado, foi de 0,9 após o transplante até o início de
florescimento, passando então para 1,0 enquanto se realizaram as colheitas.
A adubação em cobertura foi dividida em 6 aplicações com intervalos de 7 dias nos tratamentos de forma
convencional e fertirrigação semanal e 21 aplicações nos tratamentos com fertirrigação com intervalo de um dia, devido à
baixa exigência inicial, rápida lixiviação e índice salino elevado (Malavolta, 1980). O tempo de fertirrigação foi calculado
segundo recomendações de Keller & Karmeli, (1975).
A quantidade de adubo aplicado em cobertura foi de 227,04 g de KNO3/parcela. Nos tratamentos com adubação
convencional e com fertirrigação em intervalos de sete dias, aplicou-se 25,6 g de KNO3/parcela nas três primeiras aplicações
e 50,08 g de KNO3/parcela nas três aplicações seqüentes. Nos tratamentos com fertirrigação em intervalo de um dia a
quantidade de adubo aplicado foi de 7,52 g de KNO3/parcela nas 11 primeiras aplicações e 14,43 g de KNO3/parcela nas dez
aplicações seqüentes.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As temperaturas e umidades relativas, verificadas durante o período experimental, registradas com termohigrógrafo
instalado no interior do ambiente protegido, estão representadas pela Figura 1. Nesta, pode-se observar as variações médias
semanais, de temperatura mínima, média e máxima e umidade relativa média. Os resultados de temperatura registrados, estão
dentro da faixa de valores apresentados por Serrano (1977) e Sganzerla (1995).
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DIAS APÓS TRANSPLANTE
TEMPERATURA MÉDIA (oC)
45
50
55
60
65
70
75
UMIDADE RELATIVA MÉDIA (%)
TEMPERATURA MÁXIMA TEMPERATURA MÉDIA
TEMPERATURA MÍNIMA UMIDADE RELATIVA MÉDIA
Figura 1- Médias semanais da temperatura e umidade relativa, registradas no interior do ambiente protegido, no período de
24/02 a 20/04, Botucatu, 1997.
O sistema de irrigação por gotejamento testado em condições de operação, permitiu verificar que na pressão de
serviço de 60 kPa, a vazão média, determinada por gotejador, foi de 1,29 L h-1, concordando com resultados encontrados por
Testezlaf & Campioni (1992) em laboratório; Andrade Júnior (1994) e Alves & Klar (1997) no cultivo em ambiente
protegido, os quais foram, 1,29; 1,25 e 1,24 L h-1, respectivamente, utilizando o mesmo tipo de tubogotejador. A
uniformidade de distribuição de água do sistema de gotejamento foi de 98%. Resultados semelhantes foram encontrados por
Andrade Júnior (1994) e Alves & Klar (1997).
As lâminas de irrigação totais aplicadas em cada semana, o total de água evaporado em tanque classe A e a
evapotranspiração da cultura de pepino em ambiente protegido, estão apresentadas na Figura 2. A aplicação de água baseou-
se na evapotranspiração da cultura, à partir da evaporação de água do tanque classe A, segundo Bernardo (1990); Klar (1991)
e Marouelli et al., (1994).
O total aplicado, do transplante até os 58 dias após, foi de 160 mm para uma lâmina evaporada de 210 mm. O
potencial médio da água no solo, ficou em torno de -8,2 kPa. Esse valor aproximou-se dos utilizados por Frenz & Lechl
(1981); Chartzoulakis & Michelakis (1990); Oliveira & Calado (1996).
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DIAS APÓS TRANSPLANTE
MILÍMETROS DE ÁGUA
ECA ETc LÂMINA APLICADA
Figura 2. Evaporação do tanque classe A (ECA), evapotranspiração da cultura (ETc) e lâmina de irrigação aplicada em
pepino cultivado em ambiente protegido. Botucatu, 1997.
Maedo Júnior, et. al 58
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A análise de variância apresentada no Quadro 1, indica diferença significativa ao nível estabelecido para altura de
plantas, sendo a média de altura das plantas de pepino enxertado superior a média de altura das plantas de pepino não
enxertado (129,22a; 88,28b). Através da Figura 3 pode-se verificar que as plantas de pepino enxertado, apresentaram altura
superior em relação as plantas de pepino não enxertado, em todas as avaliações realizadas.
Os resultados alcançados relativos à altura de planta, concordam com os obtidos por Cañizares (1997), que
trabalhando com enxertia de dois híbridos de pepino em dois híbridos de abóbora, observou no final do ciclo que as plantas
enxertadas foram as mais altas. Para Yamakawa (1982), porta-enxertos selecionados incrementam a eficiência da cultura e
conferem vigor à planta.
De acordo com os resultados obtidos por Cañizares (1997), as raízes dos híbridos das abóboras Ikky e Tetsukabuto
aumentaram a altura dos híbridos Nikkey e Ancor. Assim, neste trabalho, as plantas de pepino híbrido Hokuho enxertadas
sobre híbrido de abóbora Ikky apresentaram altura maior do que as plantas não enxertadas, corroborando com resultados
encontrados na literatura.
Segundo Benincasa (1988), a determinação da altura da planta é fundamental, no sentido de se obter uma visão
mais precisa do crescimento de uma cobertura vegetal. Embora essa medida possa ser afetada por ventos ou por déficit
hídricos no momento da medida podendo, portanto oscilar ao longo de uma mesma série de determinações. Mas, de extrema
importância para se acompanhar o crescimento de uma cobertura vegetal.
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DIAS APÓS TRANSPLANTE
ALTURA DE PLANTA (cm)
PEPINO NÃO ENXERTADO PEPINO ENXERTADO
Figura 3. Altura de plantas de pepino não enxertado e de pepino enxertado submetidas a diferentes formas de adubação em
cobertura com nitrogênio e potássio. Botucatu, 1997.
Para o número de folhas a análise de variância do Quadro 1, mostra diferença significativa ao nível estabelecido,
sendo o maior número de folhas observado nas plantas de pepino enxertado (32,67a; 17,60b). Quanto a forma de adubação, a
análise estatística apresentou diferença significativa e, através de teste de Tukey verificou-se que a média do número de
folhas que recebeu a adubação em cobertura por fertirrigação com freqüência de um dia foi superior a adubação
convencional, sendo ambas não diferentes da fertirrigação com intervalo semanal (27,46a; 24,72ab; 23,23b). A análise de
variância (Quadro 1) para o número de folhas, indica diferença significativa durante as coletas, bem como a interação dessas
com as plantas e também a forma de adubação em cobertura. Na figura 4 pode-se observar o comportamento das plantas e da
forma de adubação, durante as avaliações, quanto ao número de folhas. Nesta, verifica-se que às plantas de pepino enxertado
apresentaram maior número de folhas e, a fertirrigação com intervalo de um dia, nessas plantas demonstrou-se superior as
outras formas de adubação em cobertura.
Segundo Kawaide (1985) existem híbridos usados como porta-enxertos que podem passar muito vigor à planta
enxertada, e com isso excessiva proliferação de folhas. Desta forma, Cañizares (1997), obtêve resultados semelhantes com o
híbrido Tetsukabuto induzindo muito vigor ao híbrido Nikkey, promovendo aumento de folhas, resultando em menor
produção de frutos. Assim, esses resultados relativos ao número de folhas em plantas de pepino, concordam com os
encontrados neste experimento.
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DIAS APÓS TRANSPLANTE
NÚMERO DE FOLHAS
T1 T2 T3 T4 T5 T6
Figura 4. Número de folhas de plantas de pepino não enxertado e de pepino enxertado submetidas a diferentes formas de
adubação em cobertura com nitrogênio e potássio. Botucatu, 1997.
Quadro 1. Análise da variância da altura (cm) de plantas e número de folhas de plantas de pepino enxertado e não enxertado,
de acordo com diferentes formas de adubação em cobertura com nitrogênio e potássio, Botucatu, 1997.
Causa de
Variação
Graus de
Liberdade
Quadrados Médios
Altura de planta
Número de folhas
Blocos
3
3809,97
277,72
Planta (P)
1
70356,22**
9525,15**
Adub. (A)
2
3278,37
258,26*
P x A
2
3361,73
107,00
Resíduo(a)
15
1357,47
52,60
Coletas (C)
6
47414,75**
3291,37**
C x P
6
704,52**
491,98**
C x A
12
132,37
25,79*
C x P x A
Resíduo(b)
12
108
143,45
115,33
11,82
12,08
Total
167
CV (%)
9,87
13,82
** - significativo 1 %
* - significativo 5 %
A análise de variância da produção total de frutos de pepino (Quadro 2), demonstra diferença significativa entre
plantas, sendo que a produção das plantas de pepino enxertado foi superior a produção das plantas de pepino sem enxertar
(9075,83a; 3911,08b). Em relação a forma de adubação em cobertura, embora a análise de variância indique diferença
significativa para produção, não foi constatada diferença entre as médias, pelo teste de Tukey (Quadro 3).
Para o número de frutos a análise de variância (Quadro 2) mostra diferença significativa para as plantas, sendo o
maior número de frutos obtido a partir das plantas de pepino enxertado (54,63a; 25,41b). Quanto a forma de adubação a
análise apresenta diferença significativa e, através de teste de Tukey para a comparação das médias do número de frutos
verificou-se que a média do tratamento que recebeu a adubação em cobertura por fertirrigação, com freqüência semanal, foi
superior ao da média do tratamento com adubação convencional com mesma freqüência, sendo ambas não diferentes da
fertirrigação com intervalo de um dia (Quadro 3).
Através dos resultados observados de peso médio de frutos de pepino, no Quadro 2 de análise de variância, as
plantas diferem entre si ao nível de significância estabelecido, sendo o maior peso médio de fruto alcançado pelas plantas de
pepino enxertado (166,29a; 146,74b).
A análise estatística do número de frutos produzidos por planta (Quadro 2), demonstra diferença significativa ao
nível de significância estabelecido para as plantas e forma de adubação em cobertura. As plantas de pepino enxertado
alcançaram a maior produção de frutos por planta (9,17a; 4,43b). A forma de adubação em cobertura por fertirrigação com
freqüência semanal produziu média do número de frutos por planta superior a adubação convencional com a mesma
freqüência, sendo ambas não diferentes da média da fertirrigação com intervalo de um dia (Quadro 3).
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Pelos resultados encontrados, observou-se que as plantas de pepino enxertadas, quanto aos componentes de
produção, foram superiores as não enxertadas, concordando com resultados encontrados na literatura. Para Yamakawa
(1982), porta-enxertos selecionados incrementam a eficiência em rendimento. De acordo com Friedlander et al., (1977) e
Takahashi et al., (1982), o aumento na produção é atribuído ao aumento de flores femininas no enxerto em abóbora, devido
alteração nos reguladores da expressão sexual do porta-enxerto. Tsambanakis (1984), verificou aumento de 46,67%; 53,85%;
26,67% e 54,55%, respectivamente, com os híbridos de pepino Pepinex, Brunex, Titan e Renova enxertados em relação aos
não enxertados em abóbora. Segundo Kawaide (1985), a enxertia em cucurbitáceas, usando porta-enxertos selecionados,
incrementa a eficiência em rendimento. Sganzerla (1995), afirma que plantas enxertadas tem sua produção consideravelmente
aumentada. Cañizares (1997), encontrou que os híbridos de pepino ‘Nikkey’ e ‘Ancor’ enxertados sobre abóbora Ikky,
tiveram incremento na produção de 9,69% e 21,86%, respectivamente; enquanto o porta enxerto Tetsukabuto aumentou a
produção de ‘Ancor’ em 5,42% e diminuiu a de ‘Nikkey’ em 15,61%, respectivamente.
A enxertia também influenciou em relação à ausência de cerosidade, observando-se brilho na casca somente dos
frutos de pepino enxertado. Essa é uma característica de pepinos japonês enxertados sobre híbridos específicos (Kawaide,
1985), observado também por Cañizares (1997).
A forma de adubação em cobertura, via fertirrigação, para os componentes de produção em plantas de pepino,
mostrou resultados superiores aos obtidos através da aplicação convencional (Quadro 3).
Quadro 2. Análise de variância da produção total de frutos de pepino, número de fruto, peso médio de frutos e número de
frutos por plantas de pepino sem enxertar e enxertado combinadas com formas de aplicação de nitrogênio e
potássio em cobertura, Botucatu, 1997.
Causas de
Variação
G. L.
Quadrados Médios
Produção
(kg)
No de
frutos
Peso médio de
frutos (g)
No de frutos
por planta
Bloco
3
3109,99
2,29
398,86
9,55
Plantas (P)
1
160047,85**
32,70**
2293,22*
134,90**
Adub.(A)
2
9377,32*
2,27*
217,96
9,53*
P x A
2
266,91
0,03
10,88
0,03
Resíduo
15
2382,16
0,54
292,92
2,24
Total
23
CV (%)
23,77
11,74
10,94
22,00
** - significativo 1 %
* - significativo 5 %
Quadro 3. Médias e resultado da análise estatística através de teste de Tukey para os componentes de produção de plantas de
pepino enxertado e sem enxertar submetidas a diferentes formas de adubação em cobertura com nitrogênio e
potássio, Botucatu, 1997.
Adubação
Produção
(kg/m2)
No de frutos
Peso médio de
frutos (g)
Frutos/planta
Fertirrigação
semanal
1,19 a
43,57 a
154,05a
7,62 a
Fertirrigação
intervalo 1 dia
1,18 a
41,56 ab
162,51a
7,24 ab
Convencional
0,87 a
31,40 b
152,98a
5,56 b
D.M.S. (5 %)
0,33
11,7
22,21
1,94
6 CONCLUSÕES
A altura de planta, o número de folhas, a produção, o número de frutos, o peso de fruto e o número de frutos por
planta foram superiores nas plantas de pepino enxertado. Desta forma, conclui-se que a enxertia de pepino japonês em
abóbora, promoveu as diferenças no desenvolvimento das plantas e na produção e o parcelamento na fertirrigação superou à
adubação convencional.
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