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VIOLÊNCIA NO PERCURSO AMOROSO E SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES - JOVENS: REVISÃO INTEGRATIVA

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Abstract

A violência entre casais jovens é um grave problema de saúde pública que envolve contextos e sujeitos das mais distintas classes e etnias. Objetivo: discutir, à luz da literatura, a violência no namoro, entre casais jovens, como possível causa ou consequência de distúrbios comportamentais e transtornos mentais. Metodologia: revisão integrativa de literatura, a partir de levantamento retrospectivo e documental das produções científicas publicadas no período de 2006 a 2016, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que comporta bases de dados - Medline, LILACS, Scielo, OMS, OPAS. Utilizou-se descritores registrados no BVS: “violência entre parceiros intimos”, “adolescente” e utilizou-se como filtro palavras recorrentes nos artigos, como “saúde mental”, “depressão”, “transtornos de ansiedade”, “transtorno de estresse pós-traumático”, “agressão”, “transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas”, cuja seleção de descritores totalizou 10 artigos. Resultados: Os estudos apontaram que a violência entre casais jovens, no namoro, pode ser preditora de distúrbios comportamentais e transtornos mentais, assim como a presença anterior desses problemas, no(s) sujeito(s) da relação, podem precipitar eventos violentos. Conclusões: a problemática da violência nas relações de namoro de jovens instiga novas pesquisas, principalmente no contexto brasileiro, na perspectiva de instrumentos capazes de identificar e mensurar possíveis relações entre fatores precipitantes e respectivas consequências, visando subsidiar medidas de prevenção e interrupção do ciclo de vitimização-agressão, no presente e futuro.
DOI: 10.13102/rscdauefs.v8.3505
Open access journal: http://periodicos.uefs.br/ojs/index.php/saudecoletiva
ISSN (impresso) 1677-7522 ISSN (on line) 2594-7524
Rev. Saúde Col. UEFS, Feira de Santana, Vol. 8: 30-38 (2018)
REVISÃO
VIOLÊNCIA NO PERCURSO AMOROSO E SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES JOVENS:
REVISAO INTEGRATIVA
Violent loVe Path and mental health in adolescent young: integratiVe
literature reView
ABSTRACT
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Revista de Saúde Coletiva da UEFS
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Palavras-chave: 
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
Rev. Saúde Col. UEFS, Feira de Santana, Vol. 8: 30-38 (2018)
INTRODUÇÃO
No contexto da saúde coletiva, a violência ganha
destaque crescente pelo impacto que provoca na qualidade
de vida da população, interferindo nos comportamentos
interpessoais, rotina e estrutura familiar, com alto custo
econômico e social, culminando em consequências negativas,
para indivíduos de todas as faixas etárias, etnias e gêneros1,2.
Na adolescência e juventude, a vulnerabilidade
está ligada à intensa exposição aos mais variados
fatores, especialmente aqueles relacionados aos aspectos
socioculturais que admitem a banalização da violência,
manifestada pelas diferentes formas de agressão interpessoal,
nos relacionamentos sociais, amigáveis e afetivos. A
experiência de situações violentas no ambiente familiar, na
escola ou comunidade criam incertezas e inseguranças de
impacto signicativo para crianças e jovens, seja a partir
de um testemunho ou a real vitimização, com reexos
na manifestação emocional, afetiva, relacional, quanto à
percepção do mundo, podendo, consequentemente, abalar o
desenvolvimento saudável desses indivíduos3,4.
Segundo estudiosos, a violência no namoro é
denida por atitudes controladoras ou dominadoras que se
utilizam de artifícios físicos, psicológicos ou sexuais, tendo
por consequência o sofrimento e agravos sérios à saúde física
e mental, para parceiros de ambos os sexos, como depressão
e transtorno de estresse pós-traumático, além do consumo de
substâncias psicoativas. Não se exclui desse tipo de violência,
as ocorrências no contexto de relacionamentos menos
duradouros, como o “car”5,6,7,8,9. Nesse contexto, a violência
pode ser vista a partir de duas circunstâncias: o indivíduo
que domina, agride e desconsidera a liberdade do outro,
subjugando a sua possibilidade de questionar, de ser ativo
no relacionamento. Por outro lado, encontra-se o indivíduo
reprimido, refém das decisões do outro, sendo vítima de um
processo cíclico que envolve consequências psicológicas graves10.
A violência na intimidade pode ser vivenciada desde a
pré-adolescência, até a fase adulta, uma vez que se constroem
e se estabelecem diversos formatos para os relacionamentos
afetivos. Esta temática tem ganhado destaque, a partir da
década de 80, onde a expressão “car” caracteriza um período
de relacionamento que não objetiva compromisso, no entanto
envolve beijos, carícias e contatos sexuais11,12.
Experiências amorosas e sexuais de jovens se inserem
num contexto de busca por autonomia e armação da identidade
sexual, transcendendo a simples expressão da genitalidade,
como também estão condicionadas à presença de um (a)
parceiro (a), ao sentimento de pertinência a um contexto
social, fatores estes que provocam a sensação de plenitude,
companheirismo, anidades, entre outros sentimentos3,12.
A associação entre violência e saúde mental de jovens
tem sido foco de alguns estudos, no entanto, a discussão,
por vezes, ocorre de maneira fragmentada, com pouco apro-
fundamento nas causas da violência e discussão sobre as
repercussões psicoemocionais, em especial nos contextos
familiares e relacionais infanto-juvenis3.
A exposição de jovens às diversas circunstâncias
desagradáveis nos seus relacionamentos pode constituir fator
preditor de eventos violentos, presentes e futuros, seja pelo baixo
controle que possuem sobre a frustração, diante das expectativas;
assim como dúvidas em relação à reação do outro às diversas
circunstâncias, ou seja, pela sensação de que suas ações não
serão punidas. Outra atitude muito observada é a banalização/
naturalização da violência nos relacionamentos, como parte
de negociações e estratégias, para alcançar um determinado
objetivo ou demonstrar poder, na subjugação do outro13.
A relevância social em estudar as implicações dos
eventos violentos nos relacionamentos amorosos de jovens,
para a saúde mental, assim como investigar os antecedentes
de comportamentos desajustados e transtornos mentais, como
precipitantes dos episódios violentos, pode contribuir para melhor
compreensão desses fenômenos e subsidiar medidas de prevenção
e intervenção, com vistas a estimular o respeito à individualidade
e a reciprocidade de atitudes positivas entre casais.
Este estudo tem como objetivo discutir, à luz da
literatura, a violência no namoro, entre casais jovens, como
possível causa ou consequência de distúrbios comportamentais
e transtornos mentais.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, a
partir de um levantamento retrospectivo e documental da
produção cientíca, no período de 2006 a 2016, utilizando
como manancial os recursos da Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS), que integra inúmeras bases de dados, como Medline,
LILACS, Scielo, OMS, OPAS.
A estratégia utilizada para obtenção das publicações
teve como eixo norteador os Descritores em Ciências da Saúde
(Desc/Biblioteca Virtual de Saúde): “violência entre parceiros
íntimos”, “adolescente” e utilizou-se como ltro palavras
recorrentes na literatura, como “saúde mental”, “depressão”,
“Transtornos de Ansiedade”, “Transtorno de Estresse Pós-
Traumático”, “Agressão”, “Transtornos relacionados ao uso
de Substâncias”. Para a coleta de dados foram adotados os
seguintes critérios de inclusão: pesquisas disponíveis on-
line; trabalhos em língua portuguesa e inglesa publicados
no período de 2006 a 2016, com indexação em periódicos
disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde Pública (BVS).
Foram excluídos da análise os guias médicos, resenhas,
artigos de revisão de literatura, comentários, relatórios técnicos
e cientícos, dissertações, bem como documentos ministeriais
e informativos governamentais e outros documentos que
não estivessem nos padrões de artigo cientíco (introdução,
método, resultado, discussão e conclusão).
O processo de busca de manuscritos na referida base
de dados resultou em 312 textos referentes ao descritor
“violência entre parceiros íntimos”. A partir da seleção do ltro
Ohana Cunha do Nascimento et al. – Violência no percurso amoroso e saúde mental de adolescentes – jovens: revisao integrava

“adolescentes”, reduziu-se a quantidade para 129 artigos; no
entanto, ao selecionar os ltros relacionados à saúde mental,
supracitados, obteve-se 10 artigos.
Para o mapeamento do conjunto de produções
cientícas, foram identicadas as seguintes variáveis: Área de
conhecimento da revista; Enfoque metodológico ou abordagem
do estudo (qualitativos, quantitativos e quali-quantitativos);
Tipologia de violência; Sujeitos da pesquisa; Ano de publicação
do manuscrito; Tipo de estudo realizado; Relações com a saúde
mental: variável que descreve os transtornos mais frequentes entre
jovens. Os dados foram organizados em uma cha documental,
com base nas variáveis supracitadas. A busca de artigos, bem
como a análise dos resultados e as considerações ocorreram no
período compreendido entre março e agosto de 2016.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os dez (10) artigos selecionados para leitura
completa, vericou-se maior prevalência (80%) de
publicações internacionais, na língua inglesa. Essa armação
aponta a escassez da produção cientíca nacional sobre a
temática, evidenciando a necessidade de aprofundamento nas
pesquisas que abordem a relação entre eventos violentos em
casais jovens e seus impactos na saúde mental, bem como a
existência de transtornos mentais precedentes, como fatores
de risco para a perpetração ou vitimização nas relações.
O maior número de publicações ocorreu entre 2013
e 2015. As modalidades de violência mais reveladas nos
estudos foram violência física e sexual e as metodologias
mais utilizadas foram corte transversal e coorte prospectiva.
A associação entre violência e sofrimento mental
em casais de adolescentes e adultos jovens tem sido foco de
alguns estudos, no entanto, a discussão, por vezes, ocorre de
maneira fragmentada, cujas propostas se pautam, frequen-
temente, nas causas da violência. Vale destacar que pouco
se investiga e discute as repercussões psicoemocionais das
ações violentas, independente se o individuo é agressor ou
vítima, em especial nos contextos familiares e amorosos,
durante o período de desenvolvimento3,14,15.
Analisando o Quadro 1, observa-se o perl das
publicações sobre a temática da violência íntima e saúde
mental de adolescentes, ao longo dos últimos dez anos.
A partir da literatura selecionada, segundo os descritores
utilizados, são discutidos eventos violentos entre casais jovens
e comprometimento da saúde mental (comportamentos desa-
justados e transtornos mentais), cuja literatura aponta que a
violência no namoro pode ser preditora de comprometimento
da saúde mental, nas relações atuais e futuras, assim como,
pode ser uma consequência, pela presença anterior desses
distúrbios e transtornos, em um ou ambos os sujeitos
envolvidos no relacionamento. Os artigos selecionados foram
reagrupados em três (3) subtemas facilitando a discussão:
1) Fatores preditores da violência no namoro: perpetuação
do ciclo de vitimização-agressão; 2) Violência no namoro,
como preditora de comportamentos desajustados e transtornos
mentais; 3) Comportamento desajustado e transtorno mental,
como preditores da violência no namoro.
Fatores preditores da violência no namoro: perpetuação
do ciclo de vitimização-agressão
A literatura apresentada mostra que no relacionamento
amoroso de jovens, o mecanismo que pode dar início ou
continuidade ao comportamento de natureza violenta é
complexo, cuja compreensão necessita da conexão entre os
diversos aspectos do relacionamento.
A violência, como evento estressor na relação de
namoro entre adolescentes e jovens, pode ser vivenciada
precocemente, até a fase adulta e apresentar diversas formas de
interação. Na faixa etária mais precoce, é muito frequente o
“car”, que se caracteriza pelo relacionamento sem compro-
misso estável, no entanto envolve beijos, carícias e contatos
sexuais. O namoro é um relacionamento mais estável e
comprometido, que pode preceder o noivado e matrimônio.
A violência que ocorre na amplitude dessas relações, pode
se propagar por ciclos de gerações, pois atinge, direta
e indiretamente, o indivíduo através das consequências
psicológicas, considerando a severidade e as múltiplas facetas.
O desenvolvimento emocional, social e moral dos indivíduos
que constituem o núcleo familiar recebem as mazelas resultantes
dessas agressões às quais estão expostos11,12,15.
Diversas razões podem precipitar esses acontecimentos
entre pares adolescentes, tais como: insegurança e romantismo
exagerado; ciúme e descontrole emocional; inexperiência;
entre outros relacionados aos contextos sociais, relacionais
e aos diagnósticos/comportamentos pregressos. Estudiosos
armam que adolescentes encontram-se vulneráveis por
diferentes razões, destacando-se a imaturidade psico-
educacional e busca de independência16,17,18.
Quanto à inuência dos fatores ligados à família, para
a violência no namoro, estudos armam que a existência
de episódios violentos entre os membros desse núcleo se
apresenta como fator de risco, sendo considerado preditores
da violência conjugal. Nessa perspectiva, a compreensão do
processo de transmissão do fenômeno entre as gerações aponta
que o jovem que conviveu no ambiente doméstico-familiar
violento está propenso à sua reprodução, como perpetrador ou
como vítima (Ciclo intergeracional da violência)19.
Nessa perspectiva, os artigos 2 e 8 tratam da ocorrência
de circunstâncias violentas pregressas, nos diversos contextos
relacionais, como causas subjacentes para que a violência
íntima possa ser perpetrada ou sofrida na adolescência. O
artigo 2 arma que a transmissão intergeracional da violência
ocorre quando se expõe o sujeito, em momentos precoces, à
situações violentas, colocando como um importante mediador
o controle emocional, que pode estar condicionado a fatores
situacionais (satisfação no relacionamento, estresse, consumo
de álcool) e fatores secundários (agressão interparental, abuso
infantil e/ou agressão precoce)20.
33
Rev. Saúde Col. UEFS, Feira de Santana, Vol. 8: 30-38 (2018)
Quadro 1. Distribuição da literatura encontrada que relaciona violência no percurso amoroso de jovens e a saúde mental
NANO AUTORES REVISTA METODOLOGIA E SUJEITOS
DA PESQUISA
RELAÇÃO VIOLÊNCIA E
SAÚDE MENTAL VARIÁVEIS ESTUDADAS
12008
Wolitzky-Taylor KB, Ruggiero KJ,
Danielson CK, Resnick HS, Han-
son RF, Smith DW, Saunders BE,
Kilpatrick DG
Journal Academic
Child Adol Psychiatry
Estudo de corte transversal com 3614
jovens americanos na faixa etária de 12
a 17 anos.
Violência como precursora de
comportamentos desajustados.
Violência íntima; Consumo de Substâncias
Psicoativas; Eventos estressores; Estresse
pós-traumático; Depressão.
22010 Clarey A, Hokoda A, Ulloa EC J Fam Viol Estudo de corte transversal com 204
adolescentes de 15 a 18 anos no México.
Violência interpessoal na infância como
causalidade de Violência no namoro
atual, mediada pelo controle da raiva.
Violências; Controle da raiva; Aceitação da
violência; Violência no namoro.
32012
Cisler JN, Begle AM, Amstadter
AB, Resnick HS, Danielson CK,
Saunders BE, Kilpatrick DG
Journal of Traumatic
Stress
Estudo de coorte com adolescentes entre
12 e 17 anos em três ondas, totalizando
cerca de 6000 respondentes.
Exposição à Violência entre parceiros
íntimos como fator de risco para
comportamentos desajustados.
Violência íntima; Depressão; Delinquência; Sintomas
de estresse pós-traumático; Uso problemático de álcool.
42013 Exner – Cortens D, Ecken Rode J,
Roth Man E Pediatrics
Estudo de coorte prospectiva do Nacional
com 5.681 adolescentes americanos entre
12 a 18 anos.
Exposição à Violência entre parceiros
íntimos como fator de risco para
comportamentos desajustados.
Sexo, idade, raça/etnia, status socioeconômico; Relações
românticas e sexuais; Experiência como vítimas de
violência no relacionamento; Depressão, gênero
autoestima, suicídio, uso de SPA e comportamento
delinquente.
52013 Pierobson M, Barak M, Hazrati S,
Jacobsen KH Pediatria Estudo de corte transversal com 1.328
adolescentes argentinos entre 13 e 15 anos.
O consumo do álcool como fator de
risco para atitudes violentas.
Consumo de bebidas alcoólicas; Violência; Saúde
Mental (insônia, solidão, ansiedade, tristeza, falta
de esperança, consumo de drogas e envolvimento
dos pais).
62014 Jouriles EM, Garrido E,
Roseneld D, McDonald R Child Abuse Neglec Estudo longitudinal retrospectivo com
125 adolescentes americanos.
Exposição à Violência entre parceiros
íntimos como fator de risco para
comportamentos desajustados.
Repercussões emocionais (estresse, ansiedade);
Tipos de violências (física e psicológica).
72014 Johnson WL, Giordano PC,
Longmore MA, Manning WD
Journal of Health
and Social Behavior
Estudo longitudinal prospectivo em 4 ondas
com 1.007 estudantes adolescentes
e adultos jovens entre 12 e 24 anos.
Como as experiências familiares pregressas
inuenciam no comportamento delinquente
em relacionamentos na juventude.
Sintomas depressivos; Violência íntima; Contexto
de relacionamento (não amoroso, namorados,
co-habitantes, casados, relacionamento ocasional);
Dados sociodemográcos.
82014 Oliveira QBM, Assis SG, Njaine
JK, Pires TO
Ciência e Saúde
Coletiva
Estudo de corte transversal.com 3.205
adolescentes entre 15 a 19 anos em dez
capitais brasileiras.
Violência psicológica no relacionamento
íntimo e a relação com relacionamentos
pregressos.
Violência psicológica; Sexo; Idade; Violência
familiar; Comportamentos agressivos.
92015 Reyes HLM, Foshee VA, Tharp
AT, Ennet TST, Baner DJ
American Journal of
Preventive Medicines
Estudo de coorte prospectiva com 3.343
adolescentes.
Uso de substâncias psicoativas como fator
de risco para a perpetração da Violência
íntima, levando em consideração fatores
contextuais.
Violência íntima; Uso de substancias; Identicação
de amizades; Apoio familiar.
10 2015 Mcauley HL, Breslau JA, Saito N,
Milker E
Soc. Psychiatry
Epidemial
Estudo de corte transversal com sujeitos
americanos acima de 18 anos sobre as
relações afetivas antes de 21 anos.
Associação e possibilidade de
bidirecionalidade entre transtornos
psiquiátricos e violência íntima.
Violência íntima; Diagnóstico psiquiátrico; Adversidade
na infância; Características sociodemográcas.
Ohana Cunha do Nascimento et al. – Violência no percurso amoroso e saúde mental de adolescentes – jovens: revisao integrava
34
Segundo a literatura, a violência no namoro pode estar
relacionada às questões de gênero e, dessa forma, sustentando-
se numa conguração de poder que pode ocasionar dano ou
sofrimento físico, sexual ou psicológico21,22.
O artigo 8 refere-se a um estudo multicêntrico com
3.205 adolescentes em dez capitais brasileiras, que aborda
a violência psicológica na relação de namoro atual, onde foi
vericado que, a maior prevalência de perpetração psicológica
no relacionamento atual foi cometida pelo sexo feminino,
contra seus respectivos parceiros, na presença de exposição
pregressa à situações de violência nos relacionamentos com
familiares, amigos e ex-namorados, cerca de 54% da amostra23.
Dentre as violências sofridas e perpetradas entre casais
jovens, pesquisadores destacam a violência psicológica, que
se considera um forte preditor da violência física, muito
embora seja a que receba menos atenção por familiares,
prossionais e inclusive pelos jovens que, em sua maioria,
não identicam como atos violentos as diversicadas condutas
e discursos violentos entre parceiros. O consenso aponta que
esses aspectos subestimam a real prevalência da violência
psicológica nas relações de namoro, considerando a magnitude
dessa violência24,25.
Não há um consenso global entre estudiosos, para
explicar o ciclo de vitimização-agressão, considerando a
interferência de múltiplas variáveis individuais, familiares e
sociais sobre o comportamento do indivíduo. Investigações
realizadas a partir dos anos de 1960 apontaram que o abuso e
o trauma na infância podem aumentar, signicativamente, o
risco dos mesmos se envolver em crimes e violência, no curso
da vida, onde os abusados sexuais são, em particular, propensos
a se tornar autores de crimes sexuais26,27,28. Achados de estudos
retrospectivos indicam que 70% ou mais de agressores sexuais
revelaram um histórico de abuso sexual infantil29,30,31.
Na atualidade, estudos têm revelado que uma grande
parcela dos jovens vivencia relações violentas, experimentando
as mais variadas formas de abusos (físico, psicológico, sexual,
etc). Os índices são alarmantes, indicando que 20% a 30%
dos jovens envolvidos em relações de namoro já vivenciaram
algum tipo de violência na intimidade (prevendo-se ainda que
a violência entre adultos jovens alcança índices mais elevados,
de 21,8% à 55%). Vale salientar que a amplitude e gravidade
desse fenômeno detectado entre casais jovens, em décadas
passadas, eram constatadas apenas nas relações maritais32.
Violência no namoro, como preditora de comportamentos
desajustados e transtornos mentais
Dentre os dez estudos elencados, seis abordam
a violência como fator de risco para a ocorrência de
comportamentos desajustados e/ou transtornos mentais.
Os artigos 4 e 7 apontam que, para o indivíduo do
sexo feminino, a exposição à violência física e psicológica
nos relacionamentos apresenta associação positiva com
maior sintomatologia depressiva, chance de ideação suicida e
tabagismo. Esses estudos armam que, embora a vitimização
possa causar efeitos duradouros, os acontecimentos mais
recentes atuam mais fortemente sobre os sintomas depressivos
vivenciados, no momento33,34.
Vale sinalizar que o artigo 10 aborda a bidirecionalidade
da violência e transtornos mentais de base, como causa da
agressão nos relacionamentos de namoro, bem como a violência
como causa dos transtornos mentais, armando que são
necessários diversos pareamentos de variáveis e estudos pros-
pectivos para que se torne possível a vericação de ordem
causal, no entanto eles sinalizam que o fato de sofrer a violência
psicológica é um importante preditor de estresse psicológico35.
O artigo 3 trata de pesquisa, realizada nos Estados
Unidos, com cerca de 6.000 adolescentes, na faixa etária de
12-17 anos, a partir de uma coorte prospectiva, evidenciou que
a prevalência de exposição à violência íntima entre parceiros
foi em torno de 55% nas três ondas da coorte. Ressalta-se
que a prevalência de pelo menos um ato violento foi de 10%,
pelo menos um sintoma de depressão foi de 40%, e de pelo
menos um sintoma de estresse pós-traumático, foi de 42%.
Apesar de ocorrer certa constância nas prevalências das três
ondas do estudo, observou-se que os sintomas de depressão e
estresse pós-traumático entre adolescentes que sofreram com
a violência, apresentam magnitude de cerca de 50% de todos
os sujeitos estudados36.
Estudiosos armam que a exposição contínua à
violência íntima soma-se como fator de risco generalizado,
para o desenvolvimento de transtornos ou problemas
comportamentais, já que contribui signicativamente para
o aparecimento dos sintomas de estresse pós-traumático,
depressão, delinquência e consumo de álcool37.
O artigo 1 mostra resultados de um estudo com 3.614
jovens americanos, na faixa etária de 12 a 17 anos, identicou
alguns fatores de risco relacionados à violência íntima, como
ter experienciado momentos de vida estressores, ser do sexo
feminino, em idades mais avançadas. A ocorrência da violência
íntima foi signicativamente associada à presença posterior de
estresse pós-traumático e transtorno depressivo maior38.
O artigo 6 concorda quando coloca que a situação
de exposição à violência íntima é capaz de provocar
repercussões psicoemocionais, como depressão, estresse
entre outras alterações de comportamento39.
Corroborando com esses achados, outros estudiosos
armam que as sequelas mais comuns apresentadas por
jovens vítimas, no namoro, são medo, ansiedade, sobressalto,
gerando sentimentos depressivos, baixa autoestima, pânico,
além de sintomas clínicos, como cefaleia, indisposições,
entre outros sintomas que podem precipitar doenças mentais
e emocionais, além da possibilidade de internalização
de determinadas práticas violentas, como normativas,
favorecendo a permanência do ciclo de vitimização –
agressão em suas relações futuras. Como forma de evadir-se
da angustia e sofrimento causado pelo abuso na intimidade,
(físico e/ou emocional) jovens podem cam susceptíveis
35
Rev. Saúde Col. UEFS, Feira de Santana, Vol. 8: 30-38 (2018)
ao consumo abusivo de álcool e outras drogas, além de
desenvolver sentimentos de culpa e constrangimento, como
fator de manutenção da relação abusiva40,5.
As consequências da violência no namoro são preo-
cupantes, considerando que os danos sofridos ou perpetrados nas
relações podem manter-se e agravar-se, na fase adulta. Sendo a
juventude uma fase de transição, formação da personalidade, e
busca de sentidos, o jovem, nas suas relações afetivo-amorosas,
pode interiorizar como normativos comportamentos e atitudes
abusivas, na condição de vitima ou de agressor, nas relações de
namoro atual e no acasalamento futuro41,42,43,44.
Comportamentos desajustados e transtornos mentais como
preditores de violência no namoro
Os problemas de comportamento podem estar
relacionados ao futuro diagnóstico dos transtornos mentais mais
frequentes. (KOEN et al., 2016Embora não exista um consenso
na literatura, a denição dos problemas comportamentais
engloba padrões sintomáticos, onde o individuo, diante da
diculdade em lidar com seus relacionamentos, torna-se
inadaptado, sendo então identicado como pouco competente
socialmente e cujo comportamento se congura como
desajustado. Esses problemas são agrupados em duas grandes
categorias: 1) “problemas de externalização” ou “pouco
controle” sobre as emoções, pensamentos e comportamentos;
2) “problemas de internalização” ou “controle excessivo”, sob
a forma de retraimento social, inibição, depressão ou variadas
formas de ansiedade. Tais comportamentos podem trazer
consequências imediatas para o próprio sujeito, limitando
experiências sociais e, consequentemente, dicultando o ajus-
tamento psicológico e social45,46 47,48,49.
As pesquisas apresentadas nos artigos 3 e 5 concordam,
quando armam que adolescentes que apresentam esses
transtornos comportamentais estão mais vulneráveis ao
envolvimento em eventos violentos, nos seus relacionamentos
amorosos e afetivos. Segundo pesquisadores, os motivos
pelos quais os mesmos se tornam vítimas ou agressores
podem ser únicos ou múltiplos, variando entre a reprodução
dos atos violentos a que foram expostos, no contexto familiar,
ou outros desajustamentos ocasionados por crises adaptativas,
transtornos mentais subjacentes, consumo de substâncias
psicoativas, entre outros aspectos50,51.
Estudiosos relatam que sob uma abordagem
clínica, verica-se que é mais frequente um fenômeno
psicopatológico entre indivíduos agressores, comparado aos
não agressores, levando-se em consideração a existência dos
mediadores psicossociais, como estresse pós-traumático, abuso
de substâncias e depressão, uma vez que também se observa
que a presença de problemas relacionados à saúde mental
podem tornar indivíduos propensos ao envolvimento em
relacionamentos violentos, seja como vítimas ou agressores52,53.
Os artigos 9 e 10 apontam que a relação entre o uso de
substâncias psicoativas e a violência no namoro é socialmente
determinada, levando-se em consideração o contexto social
em que o adolescente se insere e aplica as suas dinâmicas
de relacionamento. Ainda em relação aos comportamentos
problemáticos identicados entre adolescentes, pesquisadores
armam que, entre as desordens internalizantes, as fobias
(social e especíca) são mais comuns nos sujeitos no inicio
de relacionamentos. O comportamento externalizante mais
comum, no sexo feminino, é o opositivo desaador; e no sexo
masculino, a desordem de explosão intermitente, décit de
atenção, hiperatividade e transtorno de conduta35,52,54.
A literatura analisada para a realização da revisão
integrativa sinaliza aspectos relacionados à saúde mental
que se associam (seja como causa ou desfecho) aos eventos
violentos no percurso amoroso (Tabela 1). Vericou-se que,
entre esses fatores destacaram-se o consumo de substâncias
psicoativas (22,7%), depressão (22,7%) e estresse pós-
traumático (18,2%).
Tabela 1. Relação saúde mental e eventos de violência amorosa
entre adolescentes
Problemas de Saúde Mental N (frequência do
agravo nos artigos) %
Consumo de Substâncias
Psicoativas 10 22,7
Estresse Pós-Traumático 418,2
Depressão 522,7
Ansiedade 29,1
Auto-estima 14,5
Agressividade 29,1
Delinquência 29,1
Suicídio 14,5
Total 22 100,0
Concluída a discussão dos principais aspectos
abordados pela literatura, referente ao construto em estudo,
cabe abordar teorias que buscam explicar a integração do
indivíduo com o seu meio social.
As teorias de Bronfenbrenner e Morris55 propõem, a
partir do modelo ecológico, uma noção conceitual e estrutural
das dimensões da vulnerabilidade do adolescente.
O modelo de Bronfenbrenner utiliza um contexto
multidirecional, no qual quatro aspectos são referências
fundamentais para o entendimento da dinâmica da vulnera-
bilidade: a pessoa; o processo; o contexto; e o tempo. Tais
aspectos são exemplicados da seguinte forma: o primeiro
é representado pela face individual, a pessoa, no qual se
identicam os fatores intrínsecos e biológicos, ou seja, as
características de sua existência, como convicções, nível de
atividades, temperamentos, metas e motivações; o segundo
nível, o processo, avalia as relações com familiares, amigos,
relações íntimas e explora como essas aumentam o risco de
ser vítima ou perpetrador; o terceiro nível (contexto) visualiza
a comunidade, no seu âmbito social, escolas, lugares vizinhos
(bairros); o quarto nível é o social/ tempo, formado por conjunto
de fatores que encorajam ou inibem atitudes violentas1,56.
Ohana Cunha do Nascimento et al. – Violência no percurso amoroso e saúde mental de adolescentes – jovens: revisao integrava

A Teoria do Pensamento Complexo, de Edgar Morin,
apresenta a relativização da causa e efeito e como ambos
interferem-se, mutuamente, trazendo à tona a noção de
pertinência e conteúdo, à dinâmica do sistema do indivíduo,
bem como da sua lógica de construção social, tendo como
ponto de referência as experiências e como essas interferem na
sua forma de lidar com o mundo, tornando-se um importante
ponto de partida para a compreensão deste fenômeno que se
mostra tão dinâmico.
Essas teorias contribuem para integrar conhecimentos
sobre a dinâmica intervencionista dos fatores inatos e
adquiridos para a saúde mental do indivíduo, formando uma
rede complexa de causa e efeito que pode ser estudada sob
diversas perspectivas. Vale salientar que, no nível familiar,
diversas condições se impõem como eventos estressores,
como saúde mental materna, diretamente relacionada com a
resposta da criança e adolescente, exposição às circunstâncias
estressoras pelos pais, bem como estilos de vida e violência
conjugal. No nível comunitário, a violência tem sido
apontada como agente estressor, bem como o baixo nível
socioeconômico, altas taxas de crimes e trácos de drogas57.
CONCLUSÃO
A violência no namoro vem suscitando novas
investigações, considerando a necessidade de aprofundamento
sobre as múltiplas facetas desse fenômeno. Os achados dessas
e de outras pesquisas apontam diversos pontos de partida,
para que se analise a violência, como desfecho ou causa de
distúrbios comportamentais e transtornos mentais, levando-se
em consideração as consequências e sequelas, a pequeno e
médio prazo.
Conforme alguns estudos, a violência no percurso de
namoro de jovens pode ter impacto negativo, para a saúde
mental, no entanto, outras pesquisas apontam que transtornos e
distúrbios pregressos do indivíduo, pode inuenciar a ocorrência
da violência interpessoal, na condição de vítima ou agressor,
com comprometimento subsequente da saúde mental mútua.
As congurações metodológicas e epidemiológicas
estruturadas, para apresentar os dados da literatura
investigada, não denem nexo causal. No entanto, os
estudos apresentados nesta revisão mostram possível
bidirecionalidade entre os construtos estudados – violência no
namoro e comprometimento da saúde mental, em que os atos
violentos podem ser preditores de distúrbios comportamentais
e transtornos mentais, assim como, a relação inversa, onde
a presença anterior desses distúrbios comportamental\mental
em um ou ambos os parceiros, pode ser preditor de atos
violentos, no casal.
Esses achados instigam novas estratégias de pesquisa,
para mensuração do construto, como aperfeiçoamento do
rigor metodológico, uma vez que a subjacência de transtorno
pode funcionar como preditor de diversas circunstâncias
implicadas.
Esta revisão evidencia carência de estudos que possam
elucidar esta perspectiva e corrobora com a ideia de novas
pesquisas nesta área, principalmente no contexto brasileiro,
buscando subsidiar estratégias de prevenção e intervenção
para interromper a o ciclo de vitimização-agressão, nos
relacionamentos atuais e futuros de jovens.
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Maria Conceição Oliveira Costa
Avenida Euclides da Cunha nº 475, Apto 1602
Bairro Graça, CEP 40.150-120 - Salvador-BA
E-mail: oliveiramco69@gmail.com
... A idade dos jovens pode constituir um fator relevante na vivência dos conflitos no namoro, pelo que jovens com as relações precoces pautadas por inconstância e descontinuidades emocionais parecem ser mais vulneráveis à vivência de conflitos e violência no namoro (e.g., Bittar & Nakano, 2017;Nascimento et al., 2018;Oliveira et al., 2016;Özbay & Aydogan, 2020). Nesta medida, a transferência da organização afetiva das crianças e adolescentes para o início da idade adulta não poucas vezes arrasta sentimento de baixa autoestima, ineficácia e desvalorização pessoal que se misturam com preconceitos e mitos face à desejabilidade das relações amorosas (Bisquert-Bover et al., 2019;Martín-Salvador et al., 2021;Monteiro et al., 2022) e que reflete a incapacidade para regular emocionalmente situações de abuso (Korkmaz & Överlien, 2020). ...
... A dominância excessiva nos relacionamentos com o parceiro leva à humilhação e manipulação, interferindo negativamente na independência e autoestima do cônjuge, em consequência à subversão da relação (e.g., Bisquert-Bover et al., 2019;Bittar & Nakano, 2017;Herrero et al., 2018;Martín-Salvador et al., 2021;Özbay & Aydogan, 2020). Por outro lado, a intrusividade prediz positivamente as estratégias de resolução de conflitos abusivas, assim como os comportamentos violentos (Martín-Salvador et al., 2021;Nascimento et al., 2018;Oliveira et al., 2016;Sigelman & Rider, 2018). De acordo com Rutter (2006), a intrusividade, superproteção e controlo inibem a independência do indivíduo, limitando o seu desenvolvimento de ferramentas para solucionar os problemas. ...
... Este resultado pode ser justificado na medida em que no início da jovem adultícia muitas vezes verifica-se uma instabilidade emocional que é transferida a partir das relações da infância e adolescência maladaptativas com as figuras significativas de afeto (Galambos et al., 2018;Leadbeater et al., 2017;Meeus et al, 2005;Monteiro et al., 2022;Mota & Rocha, 2012;Rollè et al., 2018). Assim, jovens adultos com menor maturidade emocional, insegurança e baixa autoconfiança verificam muitas vezes o recurso a maiores níveis de controlo do cônjuge e dificuldades na perceção ajustada das vivências em momentos de maior tensão nas suas relações de intimidade (e.g., Bisquert-Bover et al., 2019;Caridade et al. 2007;Martín-Salvador et al., 2021;Nascimento et al., 2018;Oliveira et al., 2016). ...
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A qualidade da vinculação com as figuras parentais tem um papel privilegiado no desenvolvimento da individuação dos jovens adultos, na forma como estes experienciam as suas relações amorosas e na aptidão de lidarem com acontecimentos adversos. O presente estudo tem como objetivo testar o papel preditor da separação-individuação aos pais e da resiliência nos conflitos no namoro, assim como testar o papel moderador da resiliência na associação entre a separação-individuação aos pais e os conflitos no namoro. A amostra foi constituída por 948 sujeitos com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos de idade (M = 21.76, DP = 3.31). Os resultados apontam que os conflitos no namoro são preditos pela separação- individuação aos pais e pela resiliência. Os dados sugerem ainda o efeito moderador da resiliência na associação entre a intrusividade e autoconfiança na mãe e as estratégias de resolução de conflitos não abusivas e os comportamentos violentos.
... A violência no namoro caracteriza-se por atitudes controladoras que se manifestam através de agressões físicas, psicológicas e/ou sexuais, que gera consequências graves à saúde física e mental dos envolvidos (Nascimento, Costa, Costa, & Cunha, 2018). A violência física envolve atos que ofendem a integridade corporal, como chutar, puxar o cabelo, beliscar, empurrar, dar tapas ou usar objetos para ferir o outro ; a sexual relaciona-se a atos de natureza sexual, sem consentimento, que privam o outro da sua liberdade sexual, por exemplo, forçar o parceiro a ter relações sexuais. ...
... A violência pode ser analisada por duas facetas: o indivíduo que perpetra a violência, que domina e oprime a liberdade do outro; e, por outro lado, a vítima que se torna refém das ações agressivas do outro e de sua repressão (Nascimento et al., 2018). Porém, na maioria das vezes, essas facetas são recíprocas ou bidirecionais, já que os parceiros se alternam nos papéis de vítimas e perpetradores, embora os homens tendem a ser mais perpetradores da violência sexual e as mulheres da violência psicológica (Borges, Heine, & Dell'Aglio, 2020). ...
... De modo geral, os achados do presente estudo proporcionam uma importante reflexão acerca da importância da relação familiar, uma vez que essa é responsável pela socialização primária das pessoas, de modo que constitui a base referencial para os relacionamentos futuros estabelecidos (Nelas et al., 2016). Ademais, a transmissão Editora CRV -Proibida a impressão e/ou comercialização intergeracional da violência está associada a impactos negativos à saúde mental das vítimas e dos agressores (Nascimento et al., 2018). Nesse sentido, devido aos jovens estarem no momento de formação da sua personalidade, podem interiorizar as violências sofridas e perpetradas como comportamentos normais e desejáveis em uma relação íntima (Reis et al., 2018). ...
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In the context of conflicting separation and divorce, the dysfunctionality of relationships between ex-partners can have deleterious effects on children. Research shows that parental conflict is related to the onset of symptoms in children, negatively affecting them in several domains of child development. In some cases, these dysfunctional patterns between former partners end up generating resistance and refusal of one or more children to have contact with one of the parents (usually the one with whom they do not cohabit), leading to prolonged interruptions in access and/or contact. Given this context, the need for interventions based on evidence and/or with empirical support, such as some that have been carried out in other countries, aimed at overcoming this problem, is highlighted. This chapter presents a systematic review of the literature aimed at identifying intervention strategies in situations of parental alienation, in which a child rejects/refuses contact or access with one of the parents, without justification by practices of maltratment or neglet, or dysfunctional parenting which the child was a victim. The following databases were selected for the bibliographic search: PsycINFO, PubMed, SciELO, Scopus and Web of Science. The interventions found were classified into three groups. The first group comprises intensive parental reunification programs developed in the United States and Canada. In the second group of interventions are different modalities of psychotherapy. The third group of interventions include management of difficult cases, using specific protocols to develop coparenting and the practice of parental coordination. The results were discussed in terms of the need for greater dissemination and adaptation of these interventions to Brazilian context. No contexto das separações conjugais conflituosas, a disfuncionalidade dos relacionamentos entre os ex-cônjuges, pode gerar efeitos deletérios nos filhos. Pesquisas mostram que o conflito parental está relacionado com a eclosão de sintomas nos filhos, afetando-os negativamente em vários domínios do desenvolvimento infantil. Em alguns casos, esses padrões disfuncionais entre ex-parceiros acabam gerando resistência e recusa de um ou mais filhos em conviver com um dos genitores (geralmente aquele com quem não coabitam), levando a interrupções prolongadas na convivência. Diante desse contexto destaca-se a necessidade de intervenções baseadas em evidências e/ou com suporte empírico, como alguns que vem sendo realizados em outros países, voltadas para superar esse problema. O presente capítulo apresenta uma revisão sistemática da literatura voltada para identificar estratégias de intervenção em situações de alienação parental, nas quais um filho rejeita/recusa o contato ou a convivência com um dos genitores, sem que haja justificativa em atos de violência ou em manifestações de parentalidade disfuncional dos quais a criança foi vítima. As seguintes bases de dados foram selecionadas para a busca bibliográfica: PsycINFO, PubMed, SciELO, Scopus e Web of Science. As intervenções encontradas foram classificadas em três grupos. O primeiro grupo compreende programas intensivos de reunificação parental, desenvolvidos nos Estados Unidos e no Canadá. No segundo grupo de intervenções encontram-se diferentes modalidades de psicoterapia. No terceiro grupo de intervenções são as de manejo de casos difíceis, nas quais se incluem protocolos específicos que buscam desenvolver a coparentalidade e a coordenação parental. Os resultados foram discutidos em termos da necessidades de maior divulgação e adaptação dessas intervenções para o cenário nacional.
... In the short term, violence has a far-reaching psycho-emotional impact, with victims tending to report lower rates of self-esteem, more pain, anxiety, guilt, and communication problems, and poorer problem-solving skills. Similarly, perpetration of this type of violence, in the long term, leads to mental health problems, including depressed mood, suicidal ideation, and eating disorders, resulting in psychopathological problems, such as somatisation, psychosis, paranoid ideation, and post-traumatic stress disorder (Franco et al., 2012;Dillon et al., 2013: Díaz-Aguado andNascimento et al., 2018;Caba et al., 2019). ...
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This study analyses the types of violence that can occur in intimate partner relationships among young people and their self-perception of abuse. For this purpose, we have used a survey-type methodology, with a quantitative approach. Participants were selected by means of non-probabilistic convenience and consisted of students enrolled in different degree and postgraduate courses in the Faculty of Education Sciences of the University of Granada (Spain). The sample consisted of 323 students, with a mean age of 23.8 years (SD = 5.2). Statistical and inferential tests were carried out with the data obtained using the SPSS V26 data analysis programme. The results show that the type of maltreatment most suffered, at some time by the sample participants, is emotional maltreatment, physical maltreatment, and psychological maltreatment. By comparing the means obtained, we can conclude that sex did not influence the violence suffered by young couples, which gives it a bidirectional character.
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Considering that men today face social and cultural pressures to behave in certain ways, the objective of this study was to analyze the construction of Intimate Partner Violence (IPV) from the perspective of university students who identify themselves as male in a developing country. This is a qualitative study carried out through semi-structured interviews, with 15 students from the state of São Paulo, Brazil, from May to July 2021. The data were analyzed thematically and anchored in the ecological framework of understanding violence. Two final themes were identified: “‘A man has to show that he is a man from a young age’—Social construction of violence” and “‘At first it is hard to notice’—The subtlety of violence.” It was identified that this phenomenon is configured as a historical, social, and cultural construction, mainly sustained by what is attributed to “being a man” in society and, consequently, the actions expected by this attribution. These perceptions are transversal in relationships within society and go beyond generations—and they are a layer in addition to memories of violence experienced or witnessed taking place in determining IPV experiences. Living in communities that legitimize gender inequities, generally in socioeconomically disadvantaged areas, is a prominent factor influencing IPV among the studied population. In this context, psychological violence emerges as preponderant and triggers other forms of violence, which are difficult to notice and veiled behind prejudices. Educational practices for healthy relationships are proposed and emphasized from basic to higher education as well as peer and professional support.
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Objetivo. Analisar em que medida a qualidade da vinculação amorosa, a presença de sintomatologia psicopatológica e os conflitos interparentais predizem os conflitos no namoro em jovens adultos. Método. A amostra foi constituída por 505 indivíduos, 366 (72.5%) do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (M = 20.59; DP = 1.78). Resultados. Os resultados apontam que conflitos interparentais, a sintomatologia psicopatológica e a ambivalência na vinculação amorosa predizem negativamente estratégias de resolução não abusivas no namoro. As estratégias de resolução abusivas e os comportamentos violentos no namoro são preditos positivamente pela sintomatologia psicopatológica, conflitos interparentais e a ambivalência na vinculação amorosa. O sexo feminino associou-se às resoluções não abusivas, enquanto o sexo masculino se associou à resolução de conflitos abusivos e comportamentos violentos.
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Resumo: Este artigo propoe uma reflexão sobre a violência e seu impactosobre a saúde, tomando como exemplo o caso brasileiro. Inicia-se com uma exposição sobre as dificuldades de inclusão do tema na área da saúde. Critica as versões que absolutizam o sentido da violência, considerandoa um processo a-histórico e acima das consciências e da sociedade. Numa perspectiva fustórica, busca situar o tema no campo social e da saúde, advertindo para o risco epistemológico e prático de reducionismo quando se trata esse fenômeno como uma epidemia, ou seja, como uma ·doença social. Mostra que a violência é um fenômeno muito mais complexo, que constitui um problema histórico, um termômetro social e um indicador de qualidade de vida. Inclui alguns dados gerais e chama atenção para os caminhos de possibilidade de ação setorial e intersetorial e, sobretudo, para a atuação médica.
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Este texto apresenta como a abordagem teórica recente de Urie Bronfenbrenner contribui para os estudos com crianças e famílias. Leva em consideração a importância de estabelecer-se uma conexão clara e consistente entre a teoria utilizada e os métodos empregados para se chegar a dados fidedignos na pesquisa em contextos naturais. O artigo aponta para uma reflexão sobre os vários aspectos a serem apontados em estudos com famílias e crianças em diferentes contextos naturais. A teoria ecológica e sistêmica de Bronfenbrenner apresenta possibilidades para o pesquisador analisar aspectos da pessoa em desenvolvimento, do contexto em que vive e dos processos interativos que influenciam o próprio desenvolvimento humano, em determinados períodos de tempo.
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Avalia a perpetração de violência psicológica no relacionamento afetivo-sexual atual de adolescentes do sexo masculino e feminino e sua relação com violência psicológica vivenciada em outros contextos de suas vidas: família, relacionamento com amigos e com parceiros afetivo-sexuais anteriores. Responderam a um questionário fechado e autoaplicado 3.205 escolares do 2º ano do Ensino Médio, com idade entre 15 e 19 anos, de escolas públicas estaduais e particulares das capitais de dez estados brasileiros. Os resultados destacam que o aumento do número de eventos de violência psicológica perpetrada pelos adolescentes em seus relacionamentos íntimos está relacionado à mais elevada agressão verbal da mãe e do pai; e à mais frequente vivência de violência psicológica entre pais, irmãos, amigos e àquela presente nos namoros anteriores. Reforçam a noção de circularidade da violência psicológica nos diversos contextos de socialização do adolescente e destacam a continuidade do comportamento agressivo em outras relações de namoro, entre irmãos, na família e amigos.
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Public awareness regarding the life-threatening nature and intense traumatic impact of domestic violence has substantially increased in the past decade. At the same time, dramatic changes have taken place regarding criminal justice and social work policies and practices applied to domestic violence intervention. And while the prevalence of domestic violence has declined slightly, national estimates still indicate that every year, approximately eight million women are abused, battered, stalked, or killed by their husbands, boyfriends, and other intimate partners. Featuring cutting-edge research and expert intervention strategies, the Handbook of Intervention Strategies with Domestic Violence: Policies, Programs, and Legal Remedies is designed to prepare professionals to swiftly and compassionately meet the multiple needs of women and children who have suffered from domestic violence. This original and indispensable volume focues on the numerous advances in legal remedies, program developments, treatment protocols, and multidisciplinary perspectives. It is a comprehensive guide to the latest research, public policies, and legal and criminal justice responses, covering federal and state legislation as well as trends in police and court responses to domestic violence. This is the first book to include court-based technology developments and new research related to the duration and intensity of woman battering. Highlighting actual cases and promising programs, the handbook also addresses important social work issues, including risk assessment protocols, a new five level continuum of woman battering, intervention methods, and treatment models. This book also examines the myriad legal issues and health problems facing the most neglected and vulnerable battered women. Written by expert practitioners and leading scholars in the field, the book's 23 chapters provide rich insights into the complexities and challenges of addressing domestic violence.
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Theoretic models suggest that associations between substance use and dating violence perpetration may vary in different social contexts, but few studies have examined this proposition. The current study examined whether social control and violence in the neighborhood, peer, and family contexts moderate the associations between substance use (heavy alcohol use, marijuana, and hard drug use) and adolescent physical dating violence perpetration. Adolescents in the eighth, ninth, and tenth grades completed questionnaires in 2004 and again four more times until 2007 when they were in the tenth, 11th, and 12th grades. Multilevel analysis was used to examine interactions between each substance and measures of neighborhood, peer, and family social control and violence as within-person (time-varying) predictors of physical dating violence perpetration across eighth through 12th grade (N=2,455). Analyses were conducted in 2014. Physical dating violence perpetration increased at time points when heavy alcohol and hard drug use were elevated; these associations were weaker when neighborhood social control was higher and stronger when family violence was higher. Also, the association between heavy alcohol use and physical dating violence perpetration was weaker when teens had more-prosocial peer networks and stronger when teens' peers reported more physical dating violence. Linkages between substance use and physical dating violence perpetration depend on substance use type and levels of contextual violence and social control. Prevention programs that address substance use-related dating violence should consider the role of social contextual variables that may condition risk by influencing adolescents' aggression propensity. Copyright © 2015 American Journal of Preventive Medicine. All rights reserved.
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This study aimed to measure the relative contribution of adverse experiences to adolescent behavioral health problems using administrative data. Specifically, we sought to understand the predictive value of adverse experiences on the presence of mental health and substance abuse problems for youth receiving publicly funded social and health services. Medicaid claims and other service records were analyzed for 125,123 youth age 12-17 and their biological parents. Measures from administrative records reflected presence of parental domestic violence, mental illness, substance abuse, criminal justice involvement, child abuse and/or neglect, homelessness, and death of a biological parent. Mental health and substance abuse status of adolescents were analyzed as functions of adverse experiences and other youth characteristics using logistic regression. In multivariate analyses, all predictors except parental domestic violence were statistically significant for substance abuse; parental death, parental mental illness, child abuse or neglect and homelessness were statistically significant for mental illness. Odds ratios for child abuse/neglect were particularly high in both models. The ability to identify risks during childhood using administrative data suggests the potential to target prevention and early intervention efforts for children with specific family risk factors who are at increased risk for developing behavioral health problems during adolescence. This study illustrates the utility of administrative data in understanding adverse experiences on children and the advantages and disadvantages of this approach. Copyright © 2015 Elsevier Ltd. All rights reserved.
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Poor mental health is associated with teen dating violence (TDV), but whether there are specific types of psychiatric disorders that could be targeted with intervention to reduce TDV remains unknown. Multivariable logistic regression models were used to assess the associations of psychiatric disorders that emerged prior to dating initiation with subsequent physical dating violence in a nationally representative sample from the National Comorbidity Survey Replication, adjusting statistically for adverse childhood experiences. In adjusted models, internalizing disorders (AOR 1.14, 95 % CI 1.04,1.25; no sex differences noted) and externalizing disorders (males: AOR 1.28, 95 % CI 1.10, 1.49; females: AOR 1.85, 95 % CI 1.55, 2.21) were associated with subsequent involvement in any physical dating violence victimization or perpetration before the age of 21. Those at greatest risk included girls with ADHD and a substance use disorder, in particular. The range of psychiatric disorders associated with TDV is broader than has generally been recognized for both boys and girls. Clinical and public health prevention programs should incorporate strategies for addressing multiple pathways through which poor mental health may put adolescents at risk for TDV.
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Despite widespread belief that violence begets violence, methodological problems substantially restrict knowledge of the long-term consequences of childhood victimization. Empirical evidence for this cycle of violence has been examined. Findings from a cohort study show that being abused or neglected as a child increases one's risk for delinquency, adult criminal behavior, and violent criminal behavior. However, the majority of abused and neglected children do not become delinquent, criminal, or violent. Caveats in interpreting these findings and their implications are discussed in this article.