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Contribuições da Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) no tratamento do Transtorno por Uso de Substâncias (TUS)

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Abstract

A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) é uma terapia analítico-comportamental desenvolvida para intervir sobre o repertório interpessoal dos clientes. Ela parte do pressuposto que comportamentos-problema interpessoais que levam o cliente para o tratamento podem se generalizar para a relação terapêutica – visto que esta também tem origem social – e criar oportunidades para que repertórios mais efetivos sejam construídos. O objetivo final da psicoterapia é que os progressos alcançados em sessão se generalizem novamente para o ambiente natural do cliente. A FAP vem sendo estudada para variadas psicopatologias, porém apenas recentemente os pesquisadores demonstraram interesse por sua aplicação ao Transtorno por Uso de Substâncias (TUS). O objetivo do presente artigo é apresentar o modelo de intervenção FAP para o TUS encontrado na literatura da área e exemplificá-lo com um caso clínico. O cliente atendido possuía quadro de Transtorno por Uso de Álcool que era mantido parcialmente por déficits no repertório interpessoal para produzir reforçadores positivos alternativos à substância. A aplicação da FAP provavelmente produziu aumento na frequência de comportamentos de melhora em sessão e diminuição no abuso de drogas extrassessão. Concluiu-se que a FAP pode ser uma ferramenta terapêutica adjunta para o tratamento deste transtorno.
Contribuições da Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) no
tratamento do Transtorno por Uso de Substâncias (TUS)
(Contributions of Functional Analytic Psychotherapy [FAP]
to the treatment of Substance Use Disorders [SUD])
Alan Souza Aranha1
Claudia Kami Bastos Oshiro
Universidade de São Paulo (USP)
(Brasil)
RESUMO
A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) é uma terapia analítico-comportamental desen-
volvida para intervir sobre o repertório interpessoal dos clientes. Ela parte do pressuposto
que comportamentos-problema interpessoais que levam o cliente para o tratamento podem
se generalizar para a relação terapêutica – visto que esta também tem origem social – e criar
oportunidades para que repertórios mais efetivos sejam construídos. O objetivo nal da psico-
terapia é que os progressos alcançados em sessão se generalizem novamente para o ambiente
natural do cliente. A FAP vem sendo estudada para variadas psicopatologias, porém apenas
recentemente os pesquisadores demonstraram interesse por sua aplicação ao Transtorno por
Uso de Substâncias (TUS).O objetivo do presente artigo é apresentar o modelo de intervenção
FAP para o TUS encontrado na literatura da área e exemplicá-lo com um caso clínico. O
cliente atendido possuía quadro de Transtorno por Uso de Álcool que era mantido parcial-
mente por décits no repertório interpessoal para produzir reforçadores positivos alternativos
à substância. A aplicação da FAP provavelmente produziu aumento na frequência de compor-
tamentos de melhora em sessão e diminuição no abuso de drogas extrassessão. Concluiu-se
que a FAP pode ser uma ferramenta terapêutica adjunta para o tratamento deste transtorno.
Palavras-chave: psicoterapia analítica funcional, terapia analítico-comportamental, de-
pendência química, psicopatologia, transtorno por uso de substâncias
1) Endereço para correspondência: Alan Souza Aranha. Av Prof. Mello Moraes, 1721. Butantã. CEP:
05508-030. Cidade Universtária – São Paulo – SP. E-mail: alansaranha@gmail.com
ACTA COMPORTAMENTALIA
Vol. 27, Núm. 2 pp. 197-213
198 ALAN SOUZA ARANHA & CLAUDIA KAMI BASTOS OSHIRO 2019
ABSTRACT
Functional Analytic Psychotherapy (FAP) is an analytic-behavioral therapy developed to in-
tervene on the client´s interpersonal repertoire. It is based on assumption that the interperso-
nal problem behaviors that lead the client to the treatment can be generalized to the therapeu-
tic relationship, since this also has social origin, and create opportunities for more eective
repertoires to be constructed. The ultimate goal of psychotherapy is that the progress achieved
in the therapeutic relationship becomes generalized in client’s natural environment. FAP has
been studied for a variety of psychopathologies, but only recently researchers has been shown
an interest in its application to Substance Use Disorder (SUD). The objective of the present
article is to present the FAP intervention model to the SUD found in literature of the eld and
to exemplify it with a clinical case. In an analytic-behavioral perspective, the SUD is unders-
tood as a set of operant behaviors installed and maintained by contingencies of reinforcement.
Substance use may be selected by positive reinforcing consequences (pharmacological and
social) or negative reinforcing, when the user decreases his contact with aversive stimulation.
In any case, not all individuals who experience a drug become severe chemical dependents.
One of the possible variables is that the subject presents important repertoire decits to pro-
duce positive reinforcers and to eliminate aversive contingencies, making the drug relevant
in his life. The analytical-behavioral treatments for the SUD seek to establish behaviors that
produce consequences that compete with substances of abuse. The application of FAP to the
SUD would be justied if repertoire decits to produce social reinforcers were generalized to
the therapeutic context, providing opportunities for the therapist to modeling a more ecient
interpersonal repertoire in-session. The client attended had an Alcohol Use Disorder that was
partially maintained by decits in the interpersonal repertoire to produce positive reinforcers
alternative to the substance. The identied problem behaviors were not expressing feelings
and not verbalizing judgments to third parties, which diminished the probability of establis-
hing intimate relationships and obtaining social and aective reinforcers. These behaviors
were generalized to the session in the form of CRBs1. The manipulation of FAP aimed to
develop CRBs2 to express feelings and verbalize criticisms about the behavior of others. The
application of FAP probably produced an increase in the frequency of in-session improvement
behaviors and a decrease in out-of-session drug abuse. It was concluded that FAP may be an
adjunct therapeutic tool for the treatment of this disorder.
Keywords: functional analytic psychotherapy, behavioral-analytic therapy, chemical de-
pendence, psychopathology, substance use disorder
A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001) é um modelo de
terapia psicológica desenvolvido para problemas no repertório interpessoal que utiliza a re-
lação terapêutica como veículo de mudança clínica. Seguindo a tradição analítico-compor-
tamental (Skinner 1953/1981), a FAP compreende que o sofrimento experimentado pelos
clientes é produto dos décits e excessos comportamentais que foram instalados e mantidos
pelas contingências de reforçamento passadas e atuais e, para que mudanças terapêuticas oco-
rram, novas contingências devem ser apresentadas para que repertórios mais efetivos sejam
aprendidos. Os proponentes da FAP partem do pressuposto que processos de generalização
podem levar comportamentos funcionalmente semelhantes aos comportamentos-problema
Vol. 27, Núm. 2 FAP E USO DE SUBSTÂNCIAS 199
extrassessão ocorrerem na presença do terapeuta, provendo oportunidades para que a inter-
venção ocorra (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001).
A FAP vem sendo conduzida para uma ampla gama de psicopatologias (para uma re-
visão sobre o assunto, Mangabeira, Kanter & Del Prette, 2012), porém apenas recentemente
a área demonstrou interesse sobre sua aplicação para o tratamento dos Transtornos por Uso
de Substâncias (TUS). O presente artigo tem como objetivo descrever a contribuição da FAP
para este quadro especíco, apresentando sua compatibilidade conceitual com os tratamentos
analítico-comportamentais empiricamente validados, pesquisas que utilizaram a FAP para o
tratamento de TUS e um exemplo de caso clínico.
TRANSTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIAS
Um grupo de psicopatologias que vem apresentando crescimento alarmante no Brasil nos úl-
timos anos é o Transtornos por Uso de Substâncias (TUS) (Laranjeira, 2012; Laranjeira, Pins-
ky, Zaleski & Caetano, 2007). O quadro é descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais – 5ª edição (APA, 2013) como um conjunto de patologias relacionadas
ao envolvimento problemático do indivíduo com substâncias psicoativas. Segundo o manual,
o uso continuado de substâncias poderia afetar não apenas temporariamente (o prazer que é
sentido pelo usuário), mas cronicamente o sistema nervoso central do paciente, o que origina-
ria comportamentos compulsivos em direção às drogas a despeito das graves consequências
que esse consumo produziria (APA, 2013). Essas consequências podem ser observadas em
todas as áreas da vida dos indivíduos que são acometidos pelo TUS, como a prossional (fal-
tas, demissão, desemprego), afetiva (conitos com o cônjuge, rompimento amoroso), familiar
(afastamento da família), social (perda de amigos e atividades de lazer) e saúde (início ou
intensicação de problemas clínicos). Os danos também podem impactar terceiros, quando o
dependente de substâncias sofre um acidente automobilístico, participa de atos ilícitos (assal-
tos, latrocínio), contribui com o aumento do tráco de drogas e da violência urbana (Ferreira
& Laranjeira, 1998). Consequências indiretas podem atingir a população e o Estado, como
os gastos para ampliação de programas sociais para dependentes químicos, requerimento de
auxílio-doença na previdência social, aumento no índice de lhos com diculdades psicológi-
cas, maior probabilidade de contaminação por DSTs etc (Ferreira & Laranjeira, 1998).
Para avaliar a gravidade do TUS em determinado paciente, são utilizados os critérios
diagnósticos do DSM-5 (APA, 2013). Onze critérios são divididos entre quatro grupos: baixo
controle (critérios 1-4), deterioração social (5-7), uso arriscado (8-9) e critérios farmacológi-
cos (10-11). O nível do transtorno é classicado a partir do número de critérios que o indiví-
duo apresenta em um período de doze meses. Possuindo dois ou três critérios, considera-se
um transtorno leve; quatro ou cinco, um transtorno moderado; e seis ou mais, um transtorno
grave. Os critérios são: 1) a droga é frequentemente consumida em maiores quantidades e por
um período mais longo do que é pretendido; 2) existe um desejo persistente ou esforços mal-
sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso de droga; 3) muito tempo é gasto em ati-
vidades necessárias para a obtenção de droga, na utilização e na recuperação dos seus efeitos;
4) ssura ou um forte desejo ou necessidade de usar a droga; 5) uso recorrente, resultando no
fracasso em desempenhar papéis importantes no trabalho, na escola ou em casa; 6) uso conti-
nuado da substância, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes
causados ou exacerbados por seus efeitos; 7) importantes atividades sociais, prossionais ou
recreacionais são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso de droga; 8) uso recorrente
200 ALAN SOUZA ARANHA & CLAUDIA KAMI BASTOS OSHIRO 2019
da substância em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física; 9) o
uso de substância é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico
persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela droga; 10) tolerância,
denida pela necessidade de quantidades progressivamente maiores de droga para alcançar
a intoxicação ou o efeito desejado e efeito acentuadamente menor com o uso continuado da
mesma quantidade; e 11) síndrome de abstinência da substância e consumo da mesma para
aliviar ou evitar sintomas da abstinência.
Na perspectiva da Análise do Comportamento, não é necessário pressupor leis dife-
renciadas para explicar o surgimento e a manutenção de psicopatologias. Pelo contrário, os
comportamentos psicopatológicos são conceituados como um agrupamento de manifestações
comportamentais no repertório de um indivíduo que respeita as leis que regem qualquer com-
portamento, se diferenciando pelo sofrimento produzido para a própria pessoa e para o meio
social que a cerca. Os comportamentos seriam mantidos pelas contingências de reforçamento
às quais o indivíduo foi e continua sendo exposto (Banaco et al., 2012). Desta forma, para
compreendermos os determinantes de uma psicopatologia, deveríamos ser capazes de iden-
ticar os comportamentos que fazem parte de um quadro “psicopatológico”, a história de
contingências que os instalaram e as condições atuais que os mantém. A mesma óptica será
utilizada para entendermos o Transtorno por Uso de Substâncias.
Transtorno por Uso de Substâncias em uma perspectiva analítico-comportamental
A Análise do Comportamento conceitua o TUS como um conjunto de comportamentos con-
trolados por contingências de reforçamento (Silverman, Roll & Higgins, 2008). Para enten-
dermos o quadro, devemos ser capazes de responder: quais são os comportamentos que fazem
parte dessa classe? Quais são as contingências de reforçamento mantenedoras destes compor-
tamentos? E qual é a história de contingências que instalou esse repertório em um primeiro
momento? Isso nos garantiria uma compreensão do fenômeno comportamental e o desenvol-
vimento de intervenções que atacariam as variáveis relevantes.
O comportamento-alvo que devemos analisar é o próprio uso de substâncias psicoativas
(Miguel, 2011). Este comportamento ocorre em uma frequência tão alta que diminui o tem-
po despendido para atividades de lazer, responsabilidades e produz consequências adversas
referentes à integridade física, psicológica e social (APA, 2013). A respeito das variáveis con-
troladoras, começaremos pelos eventos consequentes: reforçadores positivos, reforçadores
positivos sociais, reforçadores positivos condicionados e reforçamento negativo. O uso de
substâncias como um comportamento operante pode ser mantido por reforçamento positivo,
quando a busca e o uso produzem o efeito farmacológico da substância (Schuster, 1994). Um
menino poderia ir buscar maconha na “biqueira” e após fumar, ter seu comportamento positi-
vamente reforçado por estar “chapado”.
Outra consequência possível são os reforçadores positivos sociais (Higgins, Heil & Sig-
mon, 2007). O álcool pode não ter função reforçadora positiva para uma pessoa (pode ser
considerado um estímulo neutro ou aversivo), porém os reforçadores apresentados pelo grupo
social podem fortalecer o comportamento de beber (dão risada com ele, o valorizam no grupo,
“ele bebe muito, caraca!”). Mais tarde a substância adquire função reforçadora positiva con-
dicionada devido o pareamento com os reforçadores sociais (futuramente é possível observar
o indivíduo ingerindo álcool estando sozinho) (Leonardi & Bravin, 2011).
Vol. 27, Núm. 2 FAP E USO DE SUBSTÂNCIAS 201
Uma quarta consequência seria de reforçamento negativo (Borloti, Haydu & Machado,
2015), quando sob efeito de uma substância o organismo elimina ou ameniza temporariamen-
te uma contingência aversiva em operação. Ao brigar com seu marido, uma usuária pode sen-
tir raiva e sair de casa em busca de crack. O efeito do crack a afasta da contingência aversiva e
consequentemente diminui seus sentimentos de raiva até o efeito farmacológico da substância
encerrar. O reforçamento negativo também pode ocorrer quando o usuário experimenta uma
síndrome de abstinência e usa uma substância para eliminá-la (Banaco, 2013).
Sobre os eventos antecedentes, podemos destacar os estímulos discriminativos (Higgins,
Heil & Sigmon, 2007) e operações motivacionais (Borloti, Haydu & Machado, 2015). O am-
biente em que o usuário produziu a droga como um reforçador positivo pode adquirir controle
sobre o comportamento de usar no futuro. O dinheiro, a chave do carro e a rua são possíveis
estímulos discriminativos que antecedem o comportamento de comprar drogas e podem au-
mentar a probabilidade do comportamento ocorrer quando apresentados para o indivíduo.
Estímulos condicionados via condicionamento respondente podem eliciar estados corporais
desagradáveis (síndrome de abstinência) (Benvenuti, 2004) que servem como operações es-
tabelecedoras reexivas e também evocam o uso substâncias como um comportamento que
elimina este estímulo (Borloti, Haydu & Machado, 2015). O mesmo pode ser observado para
sentimentos provenientes de contingências de reforçamento aversivas: do mesmo modo, rai-
va, culpa e insatisfação passam a controlar o abuso de drogas (Wilson & Byrd, 2004).
Os eventos antecedentes e consequentes relacionados ao comportamento de usar subs-
tâncias não explicam totalmente o quadro, visto que a minoria das pessoas estabelece um
padrão dependente severo (Bernardes, 2008). Por exemplo, no último levantamento realiza-
do em território nacional, foi identicado que 65% dos homens adultos haviam consumido
álcool no ano anterior, contudo apenas 10,48% preenchiam os critérios diagnósticos para
alcoolismo (Laranjeira, 2012). É necessário que uma variável externa ao consumo de drogas
(e.g. estímulos antecedentes, reforçadores, efeito farmacológico da substância) produza um
excesso comportamental em direção a ela, caso contrário todos os indivíduos que a usassem
estariam fadados a se tornarem dependentes químicos (Heyman, 1996). As variáveis podem
ser identicadas na história de contingências de reforçamento (Madden & Bickel, 2010).
Dependentes de substância geralmente são frutos de famílias com décits comportamen-
tais importantes que não garantem modelos ecientes e reforçamento adequado para uma am-
pla variedade de repertórios. Essa história de contingências produz décits profundos que se
mantém ao longo da vida do usuário, tornando muitos eventos aversivos: arrumar um emprego,
cuidar da família, interagir socialmente (Wilson & Byrd, 2004). Mais tarde, a droga se torna
funcional para o indivíduo porque este não tem repertório alternativo para interagir com seu
ambiente (Banaco, 2013). Retomando os exemplos anteriores, a personagem usou maconha
como um reforçador positivo, ela teria repertório para produzir reforçadores positivos de outra
natureza? A segunda personagem utilizou álcool com seus amigos, ela teria acesso a reforça-
dores sociais em grupos de não usuários? Teria aprendido a lidar com outro ambiente social
ou este possui função aversiva e evoca respostas de fuga-esquiva? E por último, a usuária teria
habilidade para se esquivar de contingências aversivas sem usar crack? O abuso de substâncias
como uma estratégia de resolução para as adversidades cotidianas reforça positiva e negati-
vamente o uso, porém diminui as chances de repertórios mais ecientes serem modelados e
mantém o ciclo da dependência (Ribeiro & Laranjeira, 2010; Wilson & Byrd, 2004).
202 ALAN SOUZA ARANHA & CLAUDIA KAMI BASTOS OSHIRO 2019
TRATAMENTOS EMPIRICAMENTE VALIDADOS PARA TRANSTORNO
POR USO DE SUBSTÂNCIAS
Por conta do TUS ter a capacidade de comprometer todas as esferas de funcionamento dos
indivíduos que exibem o quadro, modelos foram propostos para compreendê-lo e posterior-
mente intervir sobre ele (Figlie, Bordin & Laranjeira, 2015). Derivado da conceituação ope-
rante, os tratamentos analítico-comportamentais empiricamente validados para o TUS têm
a racional de que o abuso de substâncias é mantido pelas consequências farmacológicas e
sociais do consumo (Higgins, Heil & Sigmon, 2007), enquanto comportamentos alternativos
que produziriam outros reforçadores não estão disponíveis e/ou estão enfraquecidos no reper-
tório do cliente. A intervenção terapêutica tem como premissa a instalação de novos compor-
tamentos que pudessem produzir reforçadores que competissem com a substância psicoativa
(Miguel et al., 2015).
No Manejo de Contingências (Petry et al., 2004), o terapeuta cria uma contingência de
reforçamento concorrente para reforçar comportamentos incompatíveis ao abuso de drogas
(e.g. manter a abstinência, comparecer às sessões terapêuticas, adesão ao tratamento psiquiá-
trico). Os clientes têm o uso de substâncias supervisionado por exames toxicológicos e lhes
são apresentados reforçadores contingentes a resultados negativos comumente em forma de
chas que podem ser trocadas por itens de interesse (e.g. cinema, banho, emprego). Para a
soma de resultados negativos são garantidos reforçadores adicionais. Um resultado positivo
para o uso de drogas faz com que o cliente retome ao valor inicial das chas, contudo ele pode
recuperar o estágio previamente alcançado com um número consecutivo de testes negativos.
Em serviços analítico-comportamentais para TUS, a Abordagem do Reforçamento Co-
munitário é comumente administrada com o Manejo de Contingências (Miguel et al., 2015).
Sendo derivado do mesmo embasamento losóco e conceitual, propõe objetivos semelhan-
tes, incluindo o fortalecimento de repertórios que produzam reforçadores alternativos sem
relação às drogas. Dentre os componentes do tratamento, se encontram: ensinar o cliente a
realizar análise funcional, identicando os antecedentes que evocaram o comportamento de
usar substâncias, e as consequências reforçadoras e punitivas que se seguiram; orientação
de casais; procurar um emprego; medicação; exame toxicológico; habilidades para diminuir
estimulação aversiva e lidar com diculdades que levariam a uma recaída; e principalmente a
busca por novas companhias e atividades de lazer.
Com o entendimento da conceituação e intervenção comportamental para o TUS, é pos-
sível discutir a aplicação da FAP para esse quadro clínico.
Psicoterapia Analítica Funcional
A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001) é uma terapia
comportamental que utiliza a relação terapêutica para modelar repertórios interpessoais mais
efetivos em seus clientes. Os proponentes da FAP assumem as premissas de que a) os com-
portamentos-problema interpessoais que levaram o cliente a procurar ajuda psicológica oco-
rrerão na sessão, visto a semelhança funcional entre o terapeuta e as pessoas do convívio do
cliente e b) isso permitirá o clínico responder de maneira contingente aos comportamentos-
alvo, modelando repertórios mais ecientes ao vivo.
Vol. 27, Núm. 2 FAP E USO DE SUBSTÂNCIAS 203
Kohlenberg & Tsai (1991/2001) classicaram como comportamentos clinicamente re-
levantes (CRBs) os três tipos de comportamentos do cliente que podem ocorrer em sessões
FAP. Os comportamentos clinicamente relevantes do tipo 1, ou CRBs1, são funcionalmente
semelhantes aos comportamentos-problema interpessoais que levaram o cliente a procurar
atendimento; os CRBs2 se referem aos comportamentos de melhora na relação com o tera-
peuta; e os CRBs3 são descrições verbais sobre o comportamento do cliente e as variáveis
das quais ele é função. Essas verbalizações teriam o objetivo de auxiliar na generalização dos
ganhos terapêuticos para as relações extrassessão, objetivo nal da FAP (Kohlenberg & Tsai,
1991/2001; Tsai et al., 2009).
Para diminuir a frequência de CRBs1 e aumentar de CRBs2 e CRBs3, além de levá-los
a ocorrer fora da sessão, Kohlenberg & Tsai (1991/2001) recomendam que os terapeutas si-
gam cinco regras terapêuticas. A Regra 1 é a observação dos CRBs. O prossional deve car
atento aos comportamentos que ocorrem na relação terapêutica, sendo este um pré-requisito
para que ele consiga responder efetivamente aos comportamentos do cliente. A Regra 2 indica
que além de observar e aguardar os CRBs ocorrerem, o terapeuta deverá manipular eventos
antecedentes que evoquem os CRBs. A Regra 3 é conhecida como o mecanismo de mudança
clínico da FAP. O terapeuta deverá responder de maneira contingente ao repertório do cliente,
apresentando consequências aversivas amenas (extinção, punição positiva, bloqueio de esqui-
va) aos CRBs1 e, principalmente, reforçadores positivos naturais aos CRBs2. A Regra 4 pede
para que o terapeuta observe o efeito do seu comportamento sobre o repertório do cliente e
avalie os ganhos terapêuticos. Por nal, a Regra 5 prescreve a avaliação funcional (favorecen-
do a emissão de CRBs3) e estratégias de generalização.
Por focalizar sua intervenção nos repertórios do cliente que ocorrem na relação tera-
pêutica, a conceituação de caso da FAP visa eleger os comportamentos que serão alvos de
intervenção propondo paralelos entre os comportamentos-problema extrassessão e os CRBs
(Tsai et al., 2009). Tsai et al. (2009) sugerem dois caminhos para traçar esses paralelos. No
primeiro, o terapeuta se atenta às descrições do cliente sobre sua vida fora da sessão, identi-
cando possíveis comportamentos-problema e levantando hipóteses de como estes seriam ge-
neralizados para a sessão. Outra possibilidade seria observar diretamente os CRBs em sessão
e presumir como eles ocorreriam na relação com as demais pessoas.
Quando a FAP é aplicada a uma psicopatologia, o prossional pode iniciar a concei-
tuação de caso utilizando a avaliação funcional dos comportamentos extrassessão usualmente
relacionados ao quadro e levantar hipóteses sobre os comportamentos que se generalizariam
na relação com o terapeuta (Tsai et al., 2009). Por exemplo, o Transtorno Obsessivo-Com-
pulsivo é caracterizado por autorregras com função aversiva (“se eu não lavar as mãos, algo
catastróco irá ocorrer com minha família”) e comportamentos de fuga-esquiva (lavar a mão
ritualisticamente, por exemplo) que teriam como objetivo remover, mesmo que supersticio-
samente, a consequência aversiva descrita na autorregra (Copque & Guilhardi, 2008). Assim,
dentre as possibilidades de manutenção do comportamento obsessivo-compulsivo, destacam-
se as consequências reforçadoras negativas (Vermes & Zamignani, 2002). Deriva-se que o
tratamento comumente utilizado é exposição com prevenção de respostas, onde o cliente é
exposto aos estímulos evocadores de pensamentos e comportamentos (exposição) e não lhe é
permitido realizar os rituais até que estes entrem em extinção (prevenção de resposta) (Good-
man, 1999). Vandenberghe (2007) descreveu a aplicação da FAP para o Transtorno Obsessivo-
Compulsivo, onde os rituais com função de fuga-esquiva poderiam se generalizar e ocorrer
na relação terapêutica, garantindo a oportunidade para que o prossional consequenciasse os
204 ALAN SOUZA ARANHA & CLAUDIA KAMI BASTOS OSHIRO 2019
comportamentos ao vivo. Vandenberghe (2007) apresentou o caso de uma cliente com Trans-
torno Obsessivo-Compulsivo que emitia compulsivamente perguntas para reassegurar suas
dúvidas (“eu estou mais bonita que aquela atriz?”), o que era reforçado por respostas do seu
contexto social. O padrão se generalizou para a sessão e a cliente começou a fazer perguntas
funcionalmente semelhantes para o terapeuta (“você pode me cheirar e ver como estou?”) que
foram classicadas como CRBs1. Como intervenção, o prossional se absteve de responder
as questões e armou que, além de estar se sentindo desconfortável como as outras pessoas
deveriam se sentir, não iria fortalecer os rituais que a cliente apresentava (Regra 3 - extinção).
A cliente iniciou o relato a respeito de outros eventos (CRB2), que foram sendo reforçados
pelo terapeuta em forma de atenção e continuidade no diálogo (Regra 3 – reforço positivo).
O repertório de verbalizações incompatíveis seria mais efetivo em sessão, na relação com o
terapeuta (CRB2), e fora dela, na interação com terceiros.
Psicoterapia Analítica Funcional e Transtorno por Uso de Substâncias
O TUS é um quadro clínico complexo que afeta muitas áreas de funcionamento do indivíduo.
As diretrizes de um tratamento ecaz orientam que se leve em consideração todos os proble-
mas que o paciente manifestar e preveem a disposição de um conjunto de intervenções para
tal objetivo (NIDA, 2009). A FAP aplicada ao TUS é compatível com a diretriz, sendo apre-
sentada como um componente dentro de um plano terapêutico mais amplo, como poderá ser
observado nos estudos expostos posteriormente. O objetivo da FAP para o TUS é identicar
décits e/ou excessos comportamentais na área interpessoal que ocorram em sessão e tenham
relação com o abuso de drogas e utilizá-los como oportunidades terapêuticas, enquanto outras
terapias são utilizadas para as demais complicações. (Holman et al., 2012). Os comporta-
mentos-problema do cliente em sua vida cotidiana diminuem a densidade de reforçadores
que concorrem com as substâncias psicoativas. Quando esses comportamentos se generali-
zarem para a terapia em forma de CRBs1, o terapeuta poderá modelar CRBs2 que produzam
reforçadores sociais e utilizar estratégias de generalização para que o cliente seja capaz de
produzir reforçadores no contexto extrassessão. Espera-se que o novo repertório possibilite
o cliente produzir reforçadores positivos diferentes das substâncias e torne as interações com
terceiros menos aversivas. A literatura aponta para algumas possibilidades de utilização da
FAP que aconteceram concomitantemente com múltiplos tratamentos. Serão destacados os
comportamentos-problema extrassessão, os comportamentos que se generalizaram para a re-
lação terapêutica (CRBs) e a intervenção FAP.
Paul, Marx e Orsillo (1999) apresentaram um caso clínico onde foi manejada a Terapia
de Aceitação e Compromisso (ACT) (Hayes, Strosahl & Wilson, 1999) com um cliente exibi-
cionista e abusador de maconha, e no decorrer do processo foram adicionadas estratégias da
FAP. A rotina do cliente revelou o seguinte padrão: consumia maconha dirigindo, praticava o
exibicionismo na rua, retornava à sua residência onde continuava fumando maconha e se mas-
turbava fantasiando a exibição prévia. Uma avaliação funcional indicou que o encadeamento
era mantido por décits no repertório social e sentimentos de ansiedade ao se aproximar de
mulheres. Devido apresentar um repertório restrito para produzir reforçadores positivos so-
ciais, o uso de maconha havia se tornado importante, pois diminuía temporariamente o valor
aversivo das punições sociais para o comportamento exibicionista.
O cliente havia tentado interromper o exibicionismo, porém não conseguia controlar
seus impulsos (“vontades”) que adquiriram função aversiva e evocavam novas tentativas de
Vol. 27, Núm. 2 FAP E USO DE SUBSTÂNCIAS 205
controle. Seus esforços em conter eventos privados não garantiram acesso a reforçadores
alternativos da mesma origem, o que levava a recaídas. Desta maneira, foram elegidos como
objetivos terapêuticos: diminuir a frequência e a intensidade de impulsos e comportamentos
exibicionistas, diminuir a frequência de consumo da maconha e aumentar a disponibilidade
de reforçamento positivo social. Houve registro da frequência e intensidade das diculdades
na linha de base. No início do atendimento foram realizadas as etapas da ACT focadas nos
décits interpessoais fora da sessão – aceitação de pensamentos e sentimentos desagradáveis
gerados pelo contato social e claricação de valores guiada para relacionamentos interpes-
soais íntimos. Nos dois primeiros meses de terapia o cliente relatou melhora nos aspectos
sociais (começou a dialogar com mulheres e sentiu diminuição da ansiedade), porém ainda
experimentava impulsos intensos para se exibir. No terceiro mês, além da ansiedade social,
as estratégias ACT também foram aplicadas para esses impulsos. Ao perceber que não oco-
rreram mudanças signicativas, o terapeuta ponderou o início de procedimentos alternativos
visando a aceitação dos eventos privados.
O terapeuta observou (Regra 1) que as tentativas de controlar impulsos fora da sessão
se generalizaram para a sessão em forma de comportamentos de esquiva de autorrevelações
(CRBs1). A intervenção consistiu em evocar (Regra 2) a expressão de relatos exibicionis-
tas (CRBs2) e reforçar positivamente com expressões recíprocas de intimidade (“gostei de
conhecê-lo melhor”, “me senti mais próximo de você”) (Regra 3). Posteriormente o tera-
peuta começou a reforçar (Regra 3) quaisquer instâncias de autorrevelação (CRBs2). Isso
proporcionou que tivesse acesso aos conteúdos referentes ao exibicionismo e abuso de drogas
(CRBs2), contudo, mais importante, garantiu a oportunidade do cliente responder diferen-
cialmente à estimulação aversiva privada em sessão, conversando sobre os tópicos e obtendo
reforçadores positivos sociais (CRBs2) ao invés de se esquivar (CRB1). Mais tarde, terapeuta
e cliente discutiram a relação (Regra 5) entre fumar maconha e os comportamentos exibicio-
nistas (CRBs3). Os dados sugerem que o comportamento se generalizou para contextos ex-
trassessão, quando o cliente aumentou seu contato social com homens e mulheres e começou
a se encontrar com uma parceira. Como resultados adicionais, os registros apontaram para
diminuição no consumo de drogas e nos desejos e comportamentos exibicionistas.
O estudo de Paul et al. (1999) apontou os décits interpessoais como fator fundamental
para manutenção do padrão sexual desviante e o abuso de drogas. A perspectiva FAP propor-
cionou ao terapeuta a identicação dos décits que inibiam o desenvolvimento de repertórios
mais efetivos para produzir reforçamento social fora da sessão e efetuar o paralelo de como
esses comportamentos se generalizariam para relação terapêutica como CRBs1. A FAP tam-
bém foi o veículo para que repertórios interpessoais que não gerassem prejuízo ao cliente e a
terceiros fossem instalados, proporcionando obtenção de reforçadores que o cliente não teria
de outra forma e diminuindo a frequência do consumo de substâncias.
Giord et al. (2011) realizaram um estudo comparando tratamento medicamentoso (bu-
propiona) e medicação adicionado a terapias FAP e ACT para tabagismo em um delineamento
de grupo. As intervenções focalizaram em uma das funções possíveis do repertório de fumar,
um comportamento de fuga-esquiva de estímulos eliciadores de síndrome de abstinência e
outros sentimentos negativos. Foi administrada medicação para todos os participantes, porém
o grupo experimental recebeu terapias semanais individuais e grupais. Os componentes ACT
foram a aceitação de estados internos aversivos e o engajamento em comportamentos efetivos
baseados em valores, e, semelhante ao estudo de Paul et al. (1999), as estratégias FAP foram
o responder contingente do terapeuta (Regra 3 – reforço positivo) à aceitação de estados cor-
206 ALAN SOUZA ARANHA & CLAUDIA KAMI BASTOS OSHIRO 2019
porais desagradáveis (CRB2) e o fortalecimento de respostas de fuga-esquiva ecientes frente
a sentimentos negativos quando estes ocorriam na interação terapeuta-cliente (CRB2). Outro
processo FAP utilizado por Giord et al. (2011) foi a Regra 5, discutindo com os clientes
como tolerar sentimentos desagradáveis em sessão poderia ser funcionalmente semelhante a
tolerar sentimentos desagradáveis que poderiam levar a recaídas fora da sessão. Os resultados
apontaram que o grupo experimental obteve melhores taxas de abstinência após o término do
tratamento e no follow up de um ano.
Holman et al. (2012) conduziram um estudo com cinco clientes diagnosticados com
Depressão Maior e dependência de nicotina, utilizando como tratamento um conjunto de
intervenções incluindo Ativação Comportamental (Lejuez, Hopko, & Hopko, 2001) (pla-
nejamento de atividades que produzissem reforçadores positivos), Cessação de Tabagismo
(Perkins, Conklin, & Levine, 2007) (identicação de fatores de proteção e estímulos que
aumentassem a probabilidade de recaídas, diminuição gradual do consumo de cigarros até
interrupção, busca por apoio social, habilidades de enfrentamento e prevenção de recaída) e
ACT (aceitação de pensamentos depressogênicos e síndrome de abstinência). A FAP foi in-
serida dentro do pacote terapêutico a partir da identicação individual dos CRBs que tinham
relação com o tabagismo. Holman et al. (2012) citam dois exemplos de CRBs1 que foram
alvos de intervenção. O primeiro CRB1 se referiu ao cliente habitualmente não ser engajar em
uma atividade quando percebia que alguém estava o forçando a realizá-la. O comportamento
foi categorizado como contracontrole, um comportamento de fuga-esquiva diante da possibi-
lidade de dependência do outro (comportamento extrassessão). O comportamento-problema
tinha sérias implicações dentro do tratamento, pois o participante deveria seguir as regras
emitidas pelo terapeuta a respeito da interrupção dos cigarros (em sessão) e a fuga-esquiva
o distanciava das pessoas e não permitia que o cliente construísse relacionamentos inter-
pessoais importantes (fora da sessão). Deste modo, a intervenção FAP proposta foi reforçar
CRBs2 como aceitar apoio e cuidado, para isso o terapeuta ajudou o participante a dividir o
número de cigarros que iria fumar por dia até a interrupção, pediu para que realizasse a tarefa
de casa sob controle do terapeuta (e não para si mesmo) e discutiu sobre como ele poderia
estar evitando apoio e intimidade em sessão. Os prováveis resultados da FAP foram o término
dos protocolos para parar de fumar e sentimentos de intimidade com o terapeuta que raramen-
te experimentava com outras pessoas (CRBs2).
O segundo CRB1 identicado no estudo de Holman et al. (2012) foi a esquiva de as-
serção de necessidades para o terapeuta, por medo de incomodá-lo ou desapontá-lo. O com-
portamento tem suma importância para um dependente químico (fora da sessão) quando este
precisa identicar as contingências aversivas que estão em operação e emitir respostas de
fuga-esquiva de pedir auxílio a terceiros, ao invés de recair. A intervenção foi o reforçamento
de expressão de necessidades e pedidos em sessão (CRBs2). Foi observada a generalização do
comportamento, quando o cliente passou a ser mais assertivo com seus familiares.
As pesquisas expostas manejaram a FAP concomitantemente com outras intervenções,
de maneira assistemática (Giord et al., 2011; Holman et al., 2012; Paul et al., 1999) e em-
pregada para mais diagnósticos (Holman et al., 2012; Paul et al., 1999). Será apresentado um
caso clínico exemplicando uma intervenção FAP efetuada de maneira independente e sis-
temática, isto é, com a aplicação ordenada das cinco regras terapêuticas (Weeks et al., 2012)
para o quadro de TUS. O cliente em questão foi atendido pelo primeiro autor, que recebeu
supervisão da segunda autora do presente artigo. Apesar de se encontrar em regime de inter-
nação voluntária e receber atendimento de outros prossionais (psicoterapia psicanalítica de
Vol. 27, Núm. 2 FAP E USO DE SUBSTÂNCIAS 207
grupo, psicoeducação cognitivo-comportamental, palestras a respeito de dependência quími-
ca, grupos de apoio etc), os atendimentos individuais realizados foram conduzidos ativamente
para uma conceituação FAP e a modelagem de repertórios em sessão.
CASO CLÍNICO
O cliente R. iniciou seu consumo de álcool (cerveja) aos 18 anos de idade e se manteve beben-
do ocasionalmente até os 27 anos, quando se casou e passou a ingerir bebidas com gradação
alcoólica mais alta (vodka). Sua esposa e lha criticavam seu comportamento, porém isso não
diminuía sua frequência. Após 15 anos casado, houve rompimento e o cliente retornou para
casa dos pais, onde continuou bebendo com intensidade cada vez maior (em média 600ml de
vodka por dia), até sua lha convencê-lo a procurar tratamento aos 63 anos.
Como grande parcela dos dependentes químicos, quando R. iniciou sua internação para
Transtorno por Uso de Álcool (APA, 2013), todas as áreas da sua vida estavam afetadas (Fe-
rreira & Laranjeira, 1998). R. possuía curso superior completo e pós-graduação lato sensu,
porém apresentou diculdades para executar tarefas no último trabalho e estava desempre-
gado há 5 anos. Na esfera amorosa, se manteve 20 anos solteiro depois da separação, não
construindo uma nova relação íntima. Neste período ingeriu álcool diariamente e produziu
conitos com os pais, que lhe expulsaram de casa. O cliente também mantinha um relaciona-
mento de baixa qualidade com a irmã e com o genro. A única pessoa com quem tinha contato
afetivo era sua lha, que mesmo apoiando na busca por tratamento, dava sinais de desistência.
O cliente relatou supercialmente seu relacionamento com amigos e eram no máximo conver-
sas eventuais por telefone. Não possuía grandes hobbies e atividades de lazer, a não ser ler o
jornal e navegar pela internet. Sua saúde dava sinais de comprometimento, tendo procurado
avaliação com neurologista e neuropsicólogo devido problemas de memória e médico clínico
geral para pressão alta durante sua estadia na clínica.
Levando em consideração a conceituação FAP para o TUS, o terapeuta iniciou a ob-
servação de possíveis CRBs1 (Regra 1) relacionados ao padrão dependente químico, isto
é, décits para produzir reforçamento positivo social e/ou comportamentos de fuga-esquiva
pouco efetivos que ocorriam em sessão (Giord et al., 2011; Holman et al., 2012; Paul et al.,
1999). Duas características de R. chamaram a atenção durante os atendimentos. A primeira
era como ele estabelecia uma relação reservada com o terapeuta. Isso pode ser exemplicado
com suas respostas curtas (“sim”, “bebia”, “pouco”), superciais (“é o meu jeito de ser, né. A
pessoa começa a conversar, falar, se abrir, eu vou também fazendo...”) e negativas diante das
perguntas (“ah, para eu lembrar agora disso...”). A segunda se referia a posição de não criticar
ou julgar terceiros (“não sinto chateação, não sinto nada nesse sentido. Porque eu respeito
meu pai, ele é assim, como eu também tenho minha maneira de ser, tenho meus defeitos”). Os
padrões distanciavam o terapeuta do cliente e não permitiam a modelagem do seu repertório.
Mais tarde estes dois comportamentos foram categorizados como CRBs1.
O terapeuta levantou duas hipóteses sobre a função daqueles comportamentos em sessão
(Tsai et al., 2009). R. estava tentando não expor conteúdo aversivo (sobre si e sobre os ou-
tros) porque o efeito negativo sobre o terapeuta diminuiria a chance de retornar a residência
dos seus pais (“se eu tiver uma boa imagem, então provavelmente poderei voltar para um
ambiente facilitador e continuarei bebendo”) e, não incompatível com a primeira, o cliente já
apresentava diculdades nas interações sociais que teriam conexão com o padrão alcoolista.
208 ALAN SOUZA ARANHA & CLAUDIA KAMI BASTOS OSHIRO 2019
Após levantar hipóteses sobre os CRBs de R. e suas funções, o terapeuta passou a dar
atenção aos relatos acerca de comportamentos-problema fora da sessão na tentativa de traçar
paralelos funcionais entre eles (Kohlenberg & Tsai 1991/2001; Tsai et al., 2009). O cliente
apresentava relacionamentos ruins com os colegas e prossionais da clínica (“ele é muito
fechado”, “ele está usando ‘uma máscara’”), com a lha (“queria que meu pai se abrisse mais
e me contasse o que acontecesse dentro dele”) e, no passado, com sua ex-esposa (nas palavras
de R.: “ela reclamava que eu não conversava”), amigos do trabalho (R.: “depois que eu sai da
empresa, mantive contato por telefone”) e mulheres (“R.: eu só falo de mim se a pessoa fala
dela, eu ia sentindo... no nal viramos amigos”). O terapeuta passou a investigar a história de
contingências de R. a m de compreender como o repertório havia sido aprendido.
R. aprendeu a se comportar de forma reservada e não crítica no ambiente familiar. O
cliente viveu com um pai que não criava condições antecedentes para que interações pudes-
sem ser iniciadas (ocasionalmente perguntava se “estava tudo bem”), não reforçava tentativas
de aproximação (“meu pai era reservado, distante”) e punia comportamentos que considerava
indesejados com expressões faciais e pouco diálogo (“ele não falava nada, mas eu sabia que
ele cava chateado ao me ver bêbado”). R. declarou que “desejava ter um pai mais presente”.
A mãe também era ausente, submissa às orientações do marido e pouco foi comentado sobre
ela, sinalizando que a relação com o lho era supercial. As contingências de reforçamento,
em especial o modelo paterno, favoreceram a formulação das autorregras “não atrapalhar os
outros” e “não ter a vida invadida” e produziu graves décits no repertório interpessoal, tendo
como consequências o isolamento social, não estabelecimento de intimidade e sentimentos
de solidão. Com seu repertório social pouco desenvolvido, havia pouca disponibilidade de
reforçadores afetivos e sociais. Nesse contexto, o álcool adquiriu função de reforçador de alta
magnitude que fortaleceu o repertório dependente.
A intervenção FAP consistiu na modelagem de CRBs2 incompatíveis aos CRBs1 identi-
cados, sendo eles a expressão de sentimentos e variáveis controladoras relevantes (ao invés
de ser reservado) e descrever aspectos aversivos no comportamento de terceiros (contrário a
não criticar). Caso o novo repertório fosse instalado em sessão, poderia se generalizar para
as relações extrassessão de R. e os reforçadores sociais assumirem o controle em detrimento
dos reforçadores farmacológicos do álcool. A seguinte vinheta ilustra a modelagem do CRB1
(reservado) em um momento onde o cliente não expressava o que estava sentindo em relação
a sua família não permitir seu retorno.
T: Pensou em falar alguma coisa pra mim? (Regra 2 – evocar CRBs).
C: Não me lembro. (CRB1)
T: Eu realmente queria saber como você foi processando... (Regra 3 – bloqueio de es-
quiva)
C: Eu gostaria de ter voltado para casa dos meus pais. (CRB2)
T: Claro. São seus pais. (Regra 3 – reforço positivo).
Sobre o CRB1 relacionado a não criticar terceiros, destacamos uma intervenção onde R.
estava explicando sobre um problema com o gerente do banco, porém não revelando sua real
opinião sobre o comportamento do mesmo.
T: Pode falar. Ele foi péssimo, né? (Regra 2 – evocar CRBs)
C: Isso pode acontecer em qualquer cidade, em qualquer agência. (CRB1)
T: No seu lugar eu estaria puto com ele. (Regra 3 – punição positiva com propriedades
evocativas, como descrito em Vartanian, 2017)
C: Incompetência você tem em todos lugares. (CRB2)
Vol. 27, Núm. 2 FAP E USO DE SUBSTÂNCIAS 209
T: Estou muito feliz, na verdade estou ‘pirando’ aqui com esse R. Agora eu sei que você
acha seu gerente ruim. (Regra 3 – reforço positivo)
Inicialmente o terapeuta priorizou o emprego das Regras 1, 2 e 3, sem deixar explícito
as contingências de reforçamento que estava manejando (para um estudo sobre FAP não si-
nalizada, Mangabeira, 2015), pois a descrição poderia evocar respostas de fuga-esquiva con-
traproducentes para o processo psicoterapêutico. R. poderia “se fechar” ainda mais ao tomar
conhecimento que o terapeuta estava ativamente o inuenciando à expressar seus sentimentos
e opiniões. No decorrer das sessões, com maior autoconhecimento do cliente (R. estalebeleu
minimamente a relação entre seu padrão de consumo de álcool e seus CRBs1), o terapeuta uti-
lizou a Regra 4 para sondar o efeito da FAP (T: “antes da gente continuar, queria saber o que
você está sentindo agora por me contar essas coisas”) e por nal, a Regra 5 para ampliar as
chances que os CRBs2 se generalizassem para o contexto natural de R. (T: “o que você acha
se você tentasse – se você conseguisse, enm – se expressar da forma que você conseguiu
fazer comigo aqui hoje um pouquinho com sua lha?”).
Como resultados, a proporção de CRBs2 em sessão passou a ser maior do que CRBs1
– o cliente passou a expressar o que sentia sobre si e o que pensava a respeito das pessoas.
Por vezes se emocionava (lacrimejava) ao falar da importância da sua lha em sua vida e de-
monstrava desconforto relatando a culpa que sentia por ter machucado seus pais. O terapeuta
continuou os atendimentos mesmo após a interrupção do uso sistemático da FAP e foi obser-
vado manutenção dos progressos. Na última sessão antes da alta da instituição, conversavam
sobre a possibilidade do cliente ser internado involuntariamente a comando da lha (R. tinha
recaído). O padrão anterior do cliente seria concordar (aceitar), porém ele declarou aberta-
mente que fugiria caso algum prossional o ameaçasse. Na mesma sessão, quando questio-
nado sobre outros assuntos, ao invés de falar supercialmente ou dar uma desculpa (“não me
lembro”), pontuou que “não gostaria de falar sobre isso”. A relação terapêutica havia se tor-
nado mais próxima, e o cliente agora tinha a possibilidade de expressar suas intenções (fugir)
e vontades (não falar sobre determinado tema).
Foi observada uma provável generalização dos CRBs2 para as relações fora da sessão.
R. passou a se aproximar dos funcionários da clínica, trazendo presentes para as cozinheiras
e conversando com a equipe de enfermagem. Meses depois estava namorando, após 20 anos
distante de relacionamentos afetivos signicativos. O fato foi conrmado por colegas residen-
tes, pelo lho da nova namorada e fotos em redes sociais.
Por nal, foi observada uma mudança no padrão de consumo de R. No processo de res-
socialização (durante três meses) o cliente possuía livre acesso a rua e constantemente estava
com dinheiro (frequentava os atendimentos pela manhã e após o almoço podia sair para pa-
daria, banco, banca de jornal, consultas médicas etc, retornando para a instituição para jantar
e dormir), o que poderia levar ao retorno progressivo do abuso. Apesar de não podermos
responsabilizar exclusivamente a FAP (o cliente recebeu outras terapias na instituição), neste
período a autoadministração de álcool decresceu em frequência (4 recaídas) e magnitude
(média de 265ml em cada episódio). A validade das informações coletadas são fortalecidas
pelo exame clínico da equipe de enfermagem, quando R. regressava à clínica (conrmando o
número de recaídas), o tempo fora da instituição e a alteração reconhecida no seu comporta-
mento (validando o número de doses). Cinco meses depois, em uma visita na instituição, R.
continuava namorando e estava morando com sua companheira.
210 ALAN SOUZA ARANHA & CLAUDIA KAMI BASTOS OSHIRO 2019
CONCLUSÃO
O objetivo do presente artigo foi apresentar a aplicação da FAP ao TUS. Foi exposta a concei-
tuação analítico-comportamental para o TUS, onde comportamentos que produzem substân-
cias psicoativas ocorrem em alta frequência parcialmente devido décits no repertório do
cliente para produzir reforçadores positivos e negativos concorrentes (Banaco, 2013). Desta
forma, a intervenção terapêutica consiste em instalar comportamentos que produzam refor-
çadores positivos sociais e não sociais alternativos e respostas de fuga-esquiva que não mo-
vam o usuário para recaídas (Miguel et al., 2015). As diculdades interpessoais que o cliente
apresenta na sua vida cotidiana e que diminuem seu acesso a reforçadores afetivos e sociais
podem se generalizar para a relação terapêutica, possibilitando o clínico observar e intervir
sobre esses comportamentos ao vivo, justicando o uso da FAP para a população (Holman et
al, 2012). A literatura da área e o caso clínico exposto indicaram as contribuições de se utilizá-
la, em conjunto com outras intervenções ou isolada, visto sua compatibilidade com a racional
analítico-comportamental da dependência de substâncias e os ganhos terapêuticos apresenta-
dos pelos clientes. Especicamente com o relato de caso clínico, pretendeu-se apresentar um
modelo para os terapeutas analítico-comportamentais de como o raciocínio da FAP pode ser
implementado na atuação prossional com dependentes químicos. Para nalizar, os autores
estão em processo de construção de um artigo experimental que exponha dados empíricos
sobre a manipulação da FAP com essa clientela e possibilite maior conança dos prossionais
que considerarem sua utilização na prática clínica.
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153-184). Boston: Springer. https://doi.org/10.1007/978-0-387-23369-7_7
Received: June 24, 2018
Accepted: August 22, 2018
... Pessoas buscam tratamento psicoterápico quando motivadas pelo sofrimento derivado de seus déficits e/ou excessos comportamentais (Aranha & Oshiro, 2019) e/ou do controle aversivo exercido pelas agências controladoras (Skinner, 1953(Skinner, /2003. À vista disso, os objetivos da terapia comportamental são aumentar o contato com contingências reforçadoras, amenizar os subprodutos da punição (e.g., reações emocionais) e mudar tais contingências promotoras de sofrimento, propiciando o desenvolvimento de repertórios que possibilitem aos sujeitos terem maior ciência das variáveis que controlam seus comportamentos e mais controle sobre estes, possibilitando um aumento na qualidade de vida (Bitondi & Setem, 2007;Meyer & Vermes, 2001;Skinner, 1953Skinner, /2003. ...
Article
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A literatura a respeito das habilidades terapêuticas considera que habilidades técnicas, teóricas e, especialmente, habilidades sociais são essenciais ao desenvolvimento da terapia. Todavia, em sociedades sexistas e patriarcais, enquanto mulheres são expostas a contingências de reforço de comportamentos que se relacionam ao cuidado e à expressão emocional, homens - em geral - são ensinados a se comportar agressivamente, a conter suas emoções e a participar menos de práticas de cuidado. Considerando tais condições, esse trabalho objetivou revisitar a literatura sobre habilidades terapêuticas à luz dos debates sobre masculinidade, discutindo potenciais incompatibilidades entre as habilidades destacadas e comportamentos característicos da masculinidade hegemônica na cultura ocidental. Dentre os principais resultados, aponta-se que a maior parte das habilidades destacadas pela literatura correspondem a repertórios sociais incompatíveis com os parâmetros da socialização masculina. Nesse sentido, destaca-se que o processo de socialização masculina, potencialmente, concorre com a aprendizagem de repertórios essenciais ao bom andamento da terapia. Tais discussões indicam a importância de considerar questões de gênero na formação, atuação e supervisão de terapeutas. Ainda, destaca a contribuição da literatura sobre gênero para a produção de conhecimento em terapias comportamentais.
... Among the different approaches and theoretical models that study SUD, we can find cognitive behavioral therapy (CBT) (Zanelatto & Laranjeira, 2018), motivational interviewing (Miller & Rollnick, 2012), psychopharmacological intervention , contingency management , and behavior-analytic approach ). The last one focuses on the topic incorporating practices from different clinical models, namely functional analytical psychotherapy (FAP) (Souza & Oshiro, 2019), acceptance and commitment therapy (ACT) (DuFrene & Wilson, 2012), contingency management , dialectical behavior therapy (DBT) (Melo et al., 2018), and cue exposure therapy (CET) (Conklin & Tiffany, 2002). CET is an intervention proposal that is R. N. M. Montan () · R. A. Banaco Associação Paradigma -Centro de Ciências e Tecnologia do Comportamento (Paradigma Association -Center for Sciences and Technology of Behavior), São Paulo, Brazil e-mail: roberto@paradigmaac.org still scarcely used in the clinic for substance abuse, and its effectiveness remains under investigation (Conklin & Tiffany, 2002;Martin et al., 2010). ...
Chapter
Behaviors that characterize substance use and dependence are ordered and multidetermined, that is, of a complex and multifactorial nature, as defended by the theoretical model of behavior analysis, a science based on the philosophical assumptions of radical behaviorism. The variables influencing the acquisition and maintenance of these behavioral patterns can be described, predicted, and managed; and the functional analysis, being an important assessment tool for the identification and understanding of these various factors involved in these behavioral patterns, describes which circumstances increase the likelihood of recurrence and which consequences control and maintain substance use. The purpose of this chapter is to present the functional analysis in order to equip professionals for a contextualized assessment of behavior, enabling the planning of interventions at the most effective level of prevention and treatment, thus promoting changes in the actions of individuals and, therefore, better indicators of health and quality of life.
... Among the different approaches and theoretical models that study SUD, we can find cognitive behavioral therapy (CBT) (Zanelatto & Laranjeira, 2018), motivational interviewing (Miller & Rollnick, 2012), psychopharmacological intervention , contingency management , and behavior-analytic approach ). The last one focuses on the topic incorporating practices from different clinical models, namely functional analytical psychotherapy (FAP) (Souza & Oshiro, 2019), acceptance and commitment therapy (ACT) (DuFrene & Wilson, 2012), contingency management , dialectical behavior therapy (DBT) (Melo et al., 2018), and cue exposure therapy (CET) (Conklin & Tiffany, 2002). CET is an intervention proposal that is R. N. M. Montan () · R. A. Banaco Associação Paradigma -Centro de Ciências e Tecnologia do Comportamento (Paradigma Association -Center for Sciences and Technology of Behavior), São Paulo, Brazil e-mail: roberto@paradigmaac.org still scarcely used in the clinic for substance abuse, and its effectiveness remains under investigation (Conklin & Tiffany, 2002;Martin et al., 2010). ...
Chapter
Motivational interviewing (MI) is a treatment method developed in the field of substance use disorders (SUD), whose use has been shown to be effective both for reducing substance use as well as for reducing risk behaviors and increasing healthy behaviors such as adherence to exercise, diet, and medication. Despite its popularity, its strategies are still poorly disseminated among the behavior analysts’ community. In part, this limited diffusion is due to changes in the organization of principles and methods adopted in MI that have occurred over the years. Furthermore, the fact that the theoretical foundations of MI are not derived from behavioral principles, may make it difficult to integrate MI into the practice of the behavior analyst. This chapter aims to introduce MI to behavior analysts’ community as defined in the third edition of the book “Motivational Interviewing”, published in 2013, as well as to offer an interpretation of its main concepts and strategies from the perspective of Behavior Analysis principles. Translating to behavior analysts’ community the main concepts and strategies of this approach, which basically guides rules for planning verbal contingencies that aim to reinforce the patient’s verbal behavior of commitment to change, may help in the incorporation of this cost-effective practice for the treatment of SUD by these professionals.
... Among the different approaches and theoretical models that study SUD, we can find cognitive behavioral therapy (CBT) (Zanelatto & Laranjeira, 2018), motivational interviewing (Miller & Rollnick, 2012), psychopharmacological intervention (McKim & Hancock, 2012), contingency management (Higgins et al., 2007), and behavior-analytic approach (Banaco & Montan, 2018). The last one focuses on the topic incorporating practices from different clinical models, namely functional analytical psychotherapy (FAP) (Souza & Oshiro, 2019), acceptance and commitment therapy (ACT) (DuFrene & Wilson, 2012), contingency management (Miguel et al., 2016), dialectical behavior therapy (DBT) (Melo et al., 2018), and cue exposure therapy (CET) (Conklin & Tiffany, 2002). CET is an intervention proposal that is R. N. M. Montan () · R. A. Banaco Associação Paradigma -Centro de Ciências e Tecnologia do Comportamento (Paradigma Association -Center for Sciences and Technology of Behavior), São Paulo, Brazil e-mail: roberto@paradigmaac.org still scarcely used in the clinic for substance abuse, and its effectiveness remains under investigation (Conklin & Tiffany, 2002;Martin et al., 2010). ...
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This chapter addresses the theoretical and empirical bases as well as the possible clinical implications of a model that highlights the importance of respondent conditioning and its interaction with operant conditioning in substance use and dependence. Aversive physiological states experienced by the individual are compensatory conditioned responses that “protect the organism” from harmful substance effects. Such compensatory action is responsible for tolerance, withdrawal-like symptoms, craving, and overdose. According to this theory, relapse and active drug-seeking, following abstinence periods, are an effect of reexposure to a drug-conditioned stimulus that elicits and evokes responses that increase motivation to active drug-seeking. There can be failure to extinguish proprieties of the conditioned cues such as its motivating effect that evokes operant responses, reinforced by the substance’s positive effects and the removal of withdrawal-like aversive effects. A possible relapse after treatment has been addressed with the combination of cue exposure therapy (CET) and urge-specific coping skills training, which allows substance users to experience the reduction of drug-conditioned responses while practicing coping skills, along with aiming to generalize these skills beyond clinical settings.
... Studies about efficacy and effectiveness have increased in empirical literature in recent years. Single-case descriptive studies have been published about FAP (Ferro et al., 2010;Ferro et al., 2012;López-Bermúdez et al., 2010); also there have been studies with clinical cases with singlesubject design (Singh & O'Brien, 2018) and with different types of problems and countries (Ansarypour & Abedi, 2019;Aranha & Oshiro, 2019;Muñoz-Martínez, 2018). However, group effectiveness studies are less frequent in published literature, such as those of Gaynor and Lawrence (2002) about adolescents with depression where authors combined cognitive-behavioural therapy with FAP in the interactions of live experiences. ...
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Functional Analytical Psychotherapy (FAP) is a third generation and contextual therapy. It is based on therapeutic interaction, verbal and emotional client-therapist relationships. It also uses functional analysis of behaviour, and live on-going modification of clinical problem behaviours. The aim of this research was to study the efficacy of FAP with different types of psychological problems (anxiety, depression, obsession, sexual, personality, emotional control). An intra-group design (10 participants, 36 years old average) was used with pre-post and follow-up measurements. Different questionnaires have been used as common assessment tools for all clinical cases. The results showed a statistically significant change in all the standardised questionnaires, with a considerable size effect (d from -2.01 to -3.80) and maintained one year later. Also, as clinical change, the participants had improved in their daily lives. We conclude on the efficacy of FAP, focusing on the therapeutic relationship, regardless of diagnostic categories.
... For the interested reader, we suggest Benvenuti (2007) for a treatment based on respondent conditioning, Guilhardi (2010Guilhardi ( /2013 for a list of possible psychotherapeutic goals in substance abuse cases, Higgins et al. (2007) and Miguel et al. (2015) for two analytical-behavioral treatments of chemical dependence (contingency management and community reinforcement approach), and Aranha and Oshiro (2019) for an adjunct treatment based on the therapeutic relationship (Functional Analytic Psychotherapy). We would like to emphasize that the goals and procedures described in the literature should not serve for a protocol or predetermined understanding of what is called SUD but to broaden the view of the professional to the possibilities of human manifestations to execute functional analysis and individual treatment plan of the client. ...
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A proportion of people who use psychotropic substances can develop patterns of substance abuse that can create and intensify social and health damage. This is a complex problem influenced by several factors, which requires a multidimensional assessment to comprehend the variables involved and plan assertive and effective intervention strategies. In order to assist the evaluation process and contribute to the treatment of these disorders, psychometric instruments such as scales and tests were developed for their detection and survey of complementary information to the interviews. This chapter aims to present and describe the structure and main characteristics of the Addiction Severity Index (ASI); the Alcohol, Smoking, and Substance Involvement Screening Test (ASSIST); the Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT); and the Drug Use Screening Inventory (DUSI) – instruments that are adapted, developed, or validated for the Brazilian population to be used in the process of screening and diagnosis of substance use.
... For the interested reader, we suggest Benvenuti (2007) for a treatment based on respondent conditioning, Guilhardi (2010Guilhardi ( /2013 for a list of possible psychotherapeutic goals in substance abuse cases, Higgins et al. (2007) and Miguel et al. (2015) for two analytical-behavioral treatments of chemical dependence (contingency management and community reinforcement approach), and Aranha and Oshiro (2019) for an adjunct treatment based on the therapeutic relationship (Functional Analytic Psychotherapy). We would like to emphasize that the goals and procedures described in the literature should not serve for a protocol or predetermined understanding of what is called SUD but to broaden the view of the professional to the possibilities of human manifestations to execute functional analysis and individual treatment plan of the client. ...
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The objective of this chapter is to present the posture and clinical style of the professional, through the basic premises of action according to the reference of the motivational interview in the treatment of substance use disorder (SUD), which aims to strengthen the union between professional and client, thus providing a functioning in favor of change. This chapter discusses the communication style of the motivational interviewer through the basic communicative skills to know, directing – guiding – following, as well as the performance through the essential skills under the acronym OARS (open questions – affirmation – reflection and summary), with an emphasis on the need for identification by the professional of the six types of change talk (desire – skills – reason – need – commitment – action and taking steps). Finally, after decades of experience training health professionals from countries around the world, the key skills for learning the motivational interviewing in eight stages are presented.
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Several studies point out problems in interpersonal relationships as precipitating or aggravating mental health issues. Especially in the Covid-19 pandemic scenario, which requires isolation and social distance, it is necessary to pay attention to the issues that emerge in interpersonal relationships. Functional Analytic Psychotherapy (FAP), a form of behavioral therapy that emphasizes the role of the therapist-client interpersonal relationships in improving client problems, can contribute to the proposition of interventions to address mental health issues in this pandemic. This study aimed to describe a perspective about the application of FAP on the treatment of mental disorders, mainly with anxious or depressive symptoms, and correlate such findings with interventions aimed at the Covid-19 pandemic. A narrative review of the literature was carried out based on bibliographic searches on the "Portal de Periódicos da CAPES". The review materials were organized into (a) treatment of mental health problems using FAP, sorted into themes of anxiety, depression, and a combination of them; (b) FAP, mental health, and the Covid-19 pandemic. It is concluded that FAP can be used as an essential theoretical and methodological framework for planning interventions during and after the Covid-19 pandemic, minimizing its possible harmful effects.
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Functional analytic psychotherapy (FAP) is an analytical-behavioral-based therapy that was developed with the purpose of solving interpersonal repertoire problems. Its application can be conducted under two methods, either only with FAP or combined with other psychotherapies. Proponents of FAP argue that the therapeutic relationship is an opportunity for the client’s problem behaviors to be observed and evaluated, enabling for (a) further development of the case formulation and/or (b) modification of behaviors of interest in-session. Substance dependence is a complex psychopathology that affects all areas of the client’s life, including the interpersonal repertoire. Interpersonal behavioral deficits and excesses decrease access to positive reinforcers and, at the same time, increase contact with aversive stimulation of social origin, increasing the probability of relapses. The purpose of this chapter is to describe FAP as an adjunct intervention in cases of substance dependence. The FAP psychotherapeutic model, the fundamentals of its application to treat cases of substance dependence, and the empirical evidence that support the effectiveness of the therapy are presented.
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A Análise do Comportamento (AC) propõe o estudo do comportamento dos organismos a partir dos fundamentos das ciências naturais. Assim como a física compreende a chuva como um fenômeno natural causado pela evaporação e condensação de água, a AC interpreta o comportamento como um fenômeno natural produzido na interação entre as manifestações de um ser biológico (fruto da seleção natural) e o ambiente (Skinner, 1953). A descrição das leis comportamentais permite a avaliação, previsão e controle do comportamento humano em diferentes contextos de relevância, como a qualidade do trabalho nas organizações (e.g., Fonseca Junior et al., 2010), o desempenho nas práticas esportivas (Martin, 1997/2001), a vida social no planejamento cultural (Andery, 1990) e o sofrimento emocional de indivíduos (Meyer et al., 2010) ou grupos em psicoterapia (Delitti & Derdyk, 2008). No presente capítulo, faremos considerações sobre o modelo de análise e intervenção da Psicoterapia Analítica Funcional (FAP, do inglês Functional Analytic Psychotherapy) (Kohlenberg & Tsai, 1991), criada inicialmente para clientes com queixas de problemas nos relacionamentos interpessoais. Fiel à proposta skinneriana, o objetivo da FAP é enfraquecer comportamentos interpessoais inefetivos (comportamentos que mantêm o indivíduo em contato com estimulação aversiva e/ou escassez de reforçadores positivos de origem social) e, principalmente, desenvolver comportamentos interpessoais efetivos (comportamentos que eliminam estimulação aversiva e produzem reforçadores positivos de origem social). O diferencial da FAP em comparação a outras psicoterapias comportamentais é priorizar a intervenção nas classes de respostas que ocorrem na relação com o psicoterapeuta para o desenvolvimento dos repertórios interpessoais (e.g., intimidade, vulnerabilidade, assertividade etc.).
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Contingency management (CM) and the community reinforcement approach (CRA) are among the most effective psychosocial treatments for substance use disorders (SUD). This article briefly discusses these interventions and their outcomes, giving special emphasis to the underlying models of human behavior. We describe a theoretical perspective based on operant conditioning, and we review the literature on SUD treatment. The proven efficacy of CM and the CRA strongly supports the dissemination of an operant behavior-based understanding of addiction, as well as the interventions derived from it. Future studies should examine ways in which to make such dissemination more effective.
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Os problemas relacionados ao diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo têm sido analisados por terapeutas comportamentais preferencialmente a partir dos conceitos de fuga e esquiva. As propostas de tratamento decorrentes deste tipo de análise envolvem basicamente procedimentos de exposição aos estímulos desencadeantes de ansiedade e/ou obsessões. Este trabalho parte da premissa de que os padrões de resposta envolvidos neste tipo de quadro abarcam outras contingências além da fuga-esquiva de estímulos ansiogênicos. São considerados, sob essa perspectiva, diversos eventos do ambiente que podem contribuir para a instalação e manutenção do problema, tais como o reforçamento social, esquiva de tarefas e condições de privação e estimulação aversiva. A partir da análise destas possíveis contingências, são apresentadas algumas propostas alternativas aos procedimentos usualmente preconizados para o manejo do comportamento obsessivo-compulsivo, envolvendo principalmente a alteração de contingências no ambiente natural e na relação terapêutica.
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Depression and cigarette smoking are recurrent, interacting problems that co-occur at high rates and—especially when depression is chronic—are difficult to treat and associated with costly health consequences. In this paper we present an integrative therapeutic framework for concurrent treatment of these problems based on evidence-based practices and Functional Analytic Psychotherapy (FAP). We report the results of a pilot study in which clients (n = 5) received the integrated treatment. Case material is presented to illustrate the integration of interventions within a FAP framework.
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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo introduzir a farmacologia comportamental, enfatizando-a como uma área que demonstra a relevância da complementaridade entre análise do comportamento e fisiologia. Inicialmente, o texto apresenta um breve histórico da disciplina e explora seu preceito fundamental – o de que os efeitos de uma droga constituem-se em variáveis ambientais que exercem diferentes funções de estímulo em contingências respondentes e operantes. Em seguida, alguns experimentos que investigaram os mecanismos comportamentais de ação das drogas são brevemente descritos. Por fim, o artigo aponta que a investigação sobre as relações droga-comportamento realizada pela farmacologia comportamental está de acordo com os pressupostos filosóficos do behaviorismo radical e com a base conceitual e empírica da análise do comportamento. Palavras-chave: farmacologia comportamental; análise do comportamento; drogas. ABSTRACT: The aim of this paper is to introduce behavioral pharmacology, emphasizing it as an area that shows the relevance of the complementarity between behavior analysis and physiology. Initially, the text presents a brief history of the subject and explores its fundamental precept – the assertion that the effects of a drug are environmental variables that exert different stimulus functions in respondent and operant contingencies. Afterwards, some experiments which investigated the behavioral mechanisms of drug action are briefly described. Finally, the paper points out that the investigation on drug-behavior relations carried out by behavioral pharmacology is consistent with the philosophical assumptions of radical behaviorism and with the conceptual and empirical basis of behavior analysis. Keywords: behavioral pharmacology; behavior analysis; drugs.
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Drug dependence and abuse have reached epidemic proportions. The 2002 National Survey on Drug Use and Health (NSDUH) estimated that 22 million or 9.4% of Americans over age 12 meet diagnostic criterion for substance dependence or abuse. The individual and social costs of drug and alcohol addiction are staggering. The total indirect costs of alcohol and drug abuse paid by the government, persons using, and their families, is conservatively estimated to be $245.7 billion per year (National Institute on Drug Abuse/National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, 1992). These costs include addiction treatment, healthcare expenditures, lost work productivity and lost earnings due to work disability.
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This chapter describes a behavioral approach to the treatment of substance use disorders (SUDs) based on the principles of behavior analysis and behavioral pharmacology. Such principles support a conceptual framework in which substance use is considered a form of operant responding that is maintained by the primary reinforcing effects of the pharmacological actions of abused drugs in combination with social reinforcement derived from the drug-abusing lifestyle. All healthy humans are assumed to possess the necessary neurobiological systems to experience drug-produced reinforcement and hence to develop patterns of repeated substance use, abuse, and dependence. Treatment based on this conceptual framework seeks to weaken the behavioral control exerted by drug-produced reinforcement and the drug abusing lifestyle, and to increase the control exerted by competing, healthier sources of no drug reinforcement. The chapter outlines the functional assessment and analysis of SUDs-related behavior, describes the community reinforcement plus vouchers (CRA + vouchers) treatment, and reviews the evidence supporting its efficacy.
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Cognitive-Behavioral Therapy for Smoking Cessation offers the fundamental counseling strategies and interventions that have been established, researched, and refined over the past decade. This program outlines essential components that should be included in the treatment of any smoker, as well as steps to take when faced with smokers likely to have particular difficulty quitting. Unique to this volume is the inclusion of a specifically tailored CBT model designed to address weight gain concerns in the smoker. Perkins, Conklin, and Levine are leading researchers on effective smoking cessation intervention for those concerned about the potential gain in weight that accompanies quitting, and offer a flexible approach that allows the practitioner to tailor interventions to each individual. An invaluable addition to any health professional’s repertoire, the treatment model presented in this book provides practitioners with the tools necessary to help their clients to quit smoking.
Book
An ACT Approach Chapter 1. What is Acceptance and Commitment Therapy? Steven C. Hayes, Kirk D. Strosahl, Kara Bunting, Michael Twohig, and Kelly G. Wilson Chapter 2. An ACT Primer: Core Therapy Processes, Intervention Strategies, and Therapist Competencies. Kirk D. Strosahl, Steven C. Hayes, Kelly G. Wilson and Elizabeth V. Gifford Chapter 3. ACT Case Formulation. Steven C. Hayes, Kirk D. Strosahl, Jayson Luoma, Alethea A. Smith, and Kelly G. Wilson ACT with Behavior Problems Chapter 4. ACT with Affective Disorders. Robert D. Zettle Chapter 5. ACT with Anxiety Disorders. Susan M. Orsillo, Lizabeth Roemer, Jennifer Block-Lerner, Chad LeJeune, and James D. Herbert Chapter 6. ACT with Posttraumatic Stress Disorder. Alethea A. Smith and Victoria M. Follette Chapter 7. ACT for Substance Abuse and Dependence. Kelly G. Wilson and Michelle R. Byrd Chapter 8. ACT with the Seriously Mentally Ill. Patricia Bach Chapter 9. ACT with the Multi-Problem Patient. Kirk D. Strosahl ACT with Special Populations, Settings, and Methods Chapter 10. ACT with Children, Adolescents, and their Parents. Amy R. Murrell, Lisa W. Coyne, & Kelly G. Wilson Chapter 11. ACT for Stress. Frank Bond. Chapter 12. ACT in Medical Settings. Patricia Robinson, Jennifer Gregg, JoAnne Dahl, & Tobias Lundgren Chapter 13. ACT with Chronic Pain Patients. Patricia Robinson, Rikard K. Wicksell, Gunnar L. Olsson Chapter 14. ACT in Group Format. Robyn D. Walser and Jacqueline Pistorello