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UNIVERSIDADE PAULISTA
CEFIT
ESPECIALIZAÇÃO EM TREINAMENTO DESPORTIVO
DANILO GOMES DE ARRUDA
GUSTAVO HENRIQUE API
REFLEXÕES SOBRE A PERIODIZAÇÃO ESPORTIVA NA ATUALIDADE
SÃO PAULO
2018
DANILO GOMES DE ARRUDA
GUSTAVO HENRIQUE API
REFLEXÕES SOBRE A PERIODIZAÇÃO ESPORTIVA NA ATUALIDADE
Trabalho de conclusão de curso entre à
Universidade Paulista (UNIP) como
requisito parcial para obtenção do título
de Especialista em Treinamento
Desportivo.
SÃO PAULO
2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 4
3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 4
3.1 MODELOS DE PERIODIZAÇÃO .......................................................................... 6
3.1.1 Modelos Tradicionais ..................................................................................... 6
3.1.2 Modelos contemporâneos ............................................................................. 8
3.1.2.1 Modelo de treinamento em bloco ................................................................... 8
3.1.2.2 Modelo integrador ........................................................................................... 8
3.1.2.3 Modelo de cargas seletivas ............................................................................ 9
3.1.2.4 Periodização Tática ...................................................................................... 10
3.2 A PERIODIZAÇÃO NA PRÁTICA ....................................................................... 10
3.3 PERIODIZAÇÂO PARA ESPORTES COLETIVOS ............................................ 14
4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 17
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 18
ANEXOS ................................................................................................................... 25
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1 INTRODUÇÃO
A periodização é considerada por alguns como o principal conteúdo do
treinamento desportivo, e como o próprio nome diz, tem relação a organização de
períodos, que serve para um fim específico de performance, através de princípios
científicos (ISSURIN, 2014), onde teoricamente o atleta ou equipe, deveriam estar
em seu pico de performance, na competição, como. De uma maneira controlada e
prevista através do resultado dos diversos períodos proporcionados no treinamento,
levando em consideração o volume, intensidade entre outros aspectos (AFONSO et
al., 2016; GAMBLE, 2006).
A primeira sistematização da periodização se deu por Lauri Pihkala em 1930,
em um artigo onde postulou um número de princípios como dividir o ciclo anual em:
preparatório, primavera, verão e descanso ativo ao fim da sessão. Ele também
apresentou os princípios de sequência extensiva e carga intensiva, assim como
proporção entre esforço e pausa, além de desenhar as bases para o treinamento de
longo prazo (ISSURIN, 2014). Mas quem realmente revolucionou o treinamento
desportivo, com a real inserção do método da periodização foi o russo Lev P.
Matveyve (1964), onde reuniu as informações disponíveis e propôs uma abordagem
geral de planejamento, onde eventualmente se tornou como a abordagem clássica
da periodização (GOMES, 2009; PLATONOV, 2008).
O treinamento é dividido em períodos, sendo, macrociclo, mesociclo e
microciclo, e cada um com suas fases distintas, como preparação e competição. O
atleta deve ter uma fase de preparação geral, com maior volume e menor
intensidade, onde essas variáveis se invertem até a competição, e após um período
de transição, iniciando o processo novamente. Sendo utilizado o principio da
Síndrome geral da adaptação, onde entende-se que o metabolismo ao ser
“estressado” irá se adaptar (VERKHOSHANSKY, 2012).
Este modelo foi muito criticado, pois favorecia apenas um pico de
performance, o que se tornaria inviável para algumas modalidades e pra maioria dos
esportes hoje em dia (LOTURCO; NAKAMURA, 2016). Para resolver esse problema,
diversos outros métodos surgiram, como: treinamento em blocos, Bondarchuck,
Estrutural, Modelo de sinos estruturais, Cargas seletivas, Modelo integrado, ATR
entre outros (ISSURIN, 2008, 2016; MARTIN et al., 2010).
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Apesar da periodização ser o modelo mais utilizado no âmbito esportivo em
seus diversos níveis, algumas questões são ainda criticadas, como: ignorar o
conhecimento trazido da teoria do caos e teoria dos sistemas dinâmicos, não
considerar o conhecimento da biologia, teoria do treinamento e metodologia,
especialmente nas relações complexas não-lineares entre carga interna e externa,
desconsiderar os componentes técnicos, táticos e psicológicos, entre outros. O
termo periodização, é também muitas vezes confundido com variação, existindo
também uma falta de compreensão terminológica (AFONSO et al., 2016).
Além de todos estes fatores, a real evidência científica dos resultados parece
ser ainda obscura (AFONSO et al., 2016; LOTURCO; NAKAMURA, 2016). Sendo
fundamental revisar os conteúdos, e desvendar suas reais utilizações no meio
prático em seus diversos níveis.
2 OBJETIVOS
Verificar na literatura existente, se a periodização possui respaldo para sua
utilização nas modalidades esportivas.
Compreender se os fatos que os estudos mostram, apresentam congruências
com os modelos de periodização, terminologias, aplicação nas modalidades tanto
individuais, como coletivas e se possuem interrelação entre as partes técnica, tática
e física.
3 REVISÃO DE LITERATURA
A periodização é um meio de planejamento e organização da preparação para
atletas (GOMES, 2009), porém deve-se compreender primeiro o que ela é. A
periodização geralmente é definida como divisão dos períodos de treinamento,
Verkhoshanski e Siff (2009) afirmam que a periodização é um processo de
treinamento sistemático a longo prazo que compõe macrociclos, mesociclos,
microciclos. Zatsiorsky e Kraemer (2006) definem a periodização como a
organização dos programas de treino em macrociclos e períodos de treinamento.
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A periodização vem sendo relatada com ênfase na parte física e biológica,
sendo definida como plano de treinamento, onde o pico de desempenho é alcançado
através da potencialização das capacidades biomotoras e o gerenciamento da
fadiga e acomodação (TURNER, 2011). Consiste de um ciclo de treinamento
dividido em diferentes fases, com objetivos físicos e fisiológicos distintos para
alcançar o melhor desempenho atlético na competição, ou seja, o pico de
desempenho (LOTURCO; NAKAMURA, 2016). De acordo com Nikolaidis e Mesquita
(2017), a predominância dos estudos experimentais são em modelos
unidimensionais, focados nos aspectos físicos do treinamento, como se a parte
técnica, tática e psicológica não importassem (AFONSO; NIKOLAIDIS; MESQUITA,
2016).
O conceito de periodização e variação têm sido usados como sinônimos,
sendo que representam dois construtos diferentes (AFONSO; SOUSA; MESQUITA,
2017). Apenas a mera variação não dá base a um programa periodizado (KIELY,
2012), sendo a variação um meio de controle para alcançar o desempenho, evitando
o overtraining e dentro de um período de tempo específico (TURNER, 2011). A
periodização é a manipulação programada de diversas variáveis chave do
treinamento durante um ciclo de treinamento, como descanso, volume total de
treinamento, séries por treino, repetições por série, intensidade do treino e
frequência de treino (MANN et al., 2010). Portanto, a variação deveria ser uma
ferramenta da periodização, que propicia as mudanças que devem ocorrer durante
os macros, mesos e micros, a fim de alcançar o mais alto rendimento com o mínimo
de riscos (GOMES, 2009). A maioria dos estudos são com desenhos experimentais
a curto prazo, não avaliando o processo todo da periodização (AFONSO; SOUSA;
MESQUITA, 2017), avaliando diversas variáveis em diferentes esportes
(BARTOLOMEI et al., 2014; CHAOUACHI et al., 2014; CRONIN; MCNAIR;
MARSHALL, 2001; HARTMANN et al., 2015; KAZEM et al., 2016; LOTURCO et al.,
2016; NEWTON et al., 2006; SOUZA et al., 2014; ULLRICH et al., 2015, 2016;
VOELZKE et al., 2012).
Apesar da prevalência da periodização na comunidade atlética por décadas,
alguns estudos têm atualmente comparado a efetividade do treinamento periodizado
sobre o não periodizado (RHEA; ALDERMAN, 2004).Porém os programas que são
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apresentados não tem uma estrutura bem definidada, apenas variações dentro de
um período, e o que é considerado não-periodizado esta relacionado com não-
variado. Hoje a terminologia de periodização é usada indiscriminadamente para
descrever qualquer forma de treinamento, mesmo sem estrutura (KIELY, 2012), o
que pode ser observado em treinamentos “estruturados” apenas com variação de
uma ou duas variáveis.
3.1 MODELOS DE PERIODIZAÇÃO
Os modelos de periodização, são sistemas que englobam os princípios do
treinamento, de maneira a alcançar o objetivo específico, que é o desempenho na
competição, assim como evitar com que o atleta se lesione ou entre em overtraining.
São esquemas teóricos elaborados para facilitar sua comprensão, estudo e
organização (BOMPA, [s.d.]; GOMES, 2009; JUNIOR, 2011). É importante também
entender que os modelos podem ser mais lineares (menos variação) ou ondulatórios
(mais variação) seja na sessão, na semana ou no mês (LORENZ et al., 2010).
Com a mudança do formato de competições e calendário anual, surgem os
modelos contemporâneos de periodização, muitos deles baseados nas falhas e
qualidades de modelos tradicionais.
3.1.1 Modelos Tradicionais
O primeiro modelo de periodização, acredita-se que ocorreu no Egito e na
Grécia, onde realizava-se uma preparação para as batalhas, e posteriormente para
os jogos olímpicos. Era utilizado um modelo denominado de “tetra”, onde eram ciclos
de três dias de treinamento por um de descanso ou exercício leve e teriam duração
de quatro meses (DANTAS et al., 2011)
No final dos anos 50 o professor Lev Matveiev desenvolveu o “primeiro
modelo de periodização”, conhecido como modelo clássico, que é ainda muito
utilizado, principalmente em modalidades individuais, e em tese é um modelo linear,
sendo fundamentado na Síndrome Geral da Adaptação (SGA) (GOMES, 2009). Este
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modelo clássico tinha duração de até 12 meses, onde ele atribiu seis meses para o
período preparatório, quatro a cinco para o competitivo e dois para o terceiro período
(BESSA DE OLIVEIRA, 2005).
Durante a fase de preparação o objetivo é criar uma base para a forma
desportiva, aumentando as capacidades funcionais do organismo, desenvolvendo as
qualidades físicas, em um volume alto, com uma intensidade que vai aumentando
progressivamente. Sendo dividido em preparação geral e preparação específica,
onde são exercícios para o desenvolvimento do todo e exercícios mais voltados para
a modalidade e especificidade do atleta respectivamente (VERKHOSHANSKY,
2012).
No período competitivo, é necessário preservar as capacidades adquiridas no
período geral. Se for um período competitivo de curta duração, o volume fica baixo e
as intensidades mais altas, para fornecer a manutenção das capacidades
desenvolvidas no período de preparação, caso o período competitivo seja maior, o
volume pode aumentar mais uma vez, e ondular a intensidade, que favoreça um
desenvolvimento das capacidades mas principalmente sua manutenção
(VERKHOSHANSKY; SIFF, 2009).
Este modelo é criticado, por vários motivos, dentre eles: possuir apenas um
ou dois picos de performance, o que é irreal nos modelos de competição na maioria
das modalidades; o desenvolvimento de várias capacidades simultâneas, não
desenvolve cada capacidade fundamental à modalidade em sua forma plena;
exercícios generalizados frequentemente interagem negativamente, devido a falta de
energia, fadiga, complexidade técnica ou fadiga neuromuscular entre outros
(AFONSO; SOUSA; MESQUITA, 2017).
Esse modelo, é indicado para atletas iniciantes ou de baixo nível, entretanto
não funciona bem para atletas de alto nível, onde as capacidades gerais, já são bem
desenvolvidas e o corpo já está altamente adaptado para as necessidades da
modalidade em questão (ISSURIN, 2016; KIELY, 2012)
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3.1.2 Modelos contemporâneos
Após inúmeras críticas dos sistemas tradicionais de periodização, surgiram
os métodos contemporâneos, que visavam, suprir as deficiências dos modelos
utilizados anteriormente, levando em consideração quatro aspectos (GOMES, 2009):
a individualização das cargas; o direcionamento específico das cargas em períodos
de curta duração e a importância de conhecer o efeito que essa gera no período em
relação com o todo; o desenvolvimento das capacidades pela soma de estímulos já
gerados anteriormente; a ênfase nos exercícios específicos (ISSURIN, 2016).
3.1.2.1 Modelo de treinamento em bloco
Esse modelo foi proposto pelo professor russo Yuri Verkhoshanski no início
dos anos 80, dividindo o treinamento em blocos de três etapas (A, B e C), onde as
principais competições estão no bloco C, e as secundárias divididas entre o A e B.
O bloco A, marca o início ou reinício da preparação, visando desenvolver as
capacidades motoras e dura geralmente 12 semanas, com um volume maior, onde
no bloco há ainda ramificações (microciclos) que visam desenvolver capacidades
específicas (A1, A2, A3). No bloco B, o objetivo é adaptar o organismo, com as
cargas geradas no primeiro bloco, e direciona-las para as tarefas competitivas,
preparando o atleta para o próximo bloco onde estão as competições mais
importantes. Tendo essa fase de dois e meio a três meses. Onde o volume vai
variando, e a intensidade aumentando. O bloco C é marcado pelos exercícios
específicos e aplicação de técnicas inerentes à modalidade, onde o atleta deverá
transferir, todas as capacidades adquiridas nos blocos anteriores para a modalidade,
propriedades que já foram desenvolvidas de maneira progressiva ao longo da
temporada (VERKHOSHANSKY; SIFF, 2009).
3.1.2.2 Modelo integrador
Surgiu nos anos 80 e 90 com o professor Bondarchuk, em uma ótica
direcionada mais as ações da competição e do treino desportivo, onde o objetivo é
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integrar todos os componentes que influenciam na ação aplicada no jogo, ou seja,
exercícios que buscam uma maior integração entre as ações técnicas, táticas e
físicas. Pois o treinamento desportivo é um processo integrado, não se limitando à
apenas a alteração de capacidades isoladas. Este modelo foi estudado com o
atletismo, principalmente a prova de lançamento de martelo, onde dividia-se a
temporada em três fases, desenvolvimento, manutenção e descanso, sendo
baseado na individualidade biológica, onde cada atleta alcança seu pico em
diferentes momentos. Segundo Bondarchuk o ápice de performance pode ser
atingido de 60 a 240 dias (diagnosticado na prática de campeões olímpicos),
dependendo do grau de treinamento, idade e anos de experiência na modalidade
além de suas próprias características (BONDARCHUK, 2007; JUNIOR, 2011).
Neste modelo, a prescrição do treino e montagem do programa, está sujeito
as respostas adaptativas de cada sujeito, ditando a forma de organizar a temporada
competitiva, descrevendo ainda 28 variáveis (montagem do macrociclo de acordo
com a individualidade) que podem ser integradas no macrociclo. Como por exemplo
da 1ª a 8ª variável, são os atletas que apresentam a plenitude esportiva dois meses
depois do período destinado ao descanso (DANTAS et al., 2011; MARTIN-DANTAS
et al., 2010).
3.1.2.3 Modelo de cargas seletivas
Modelo criado por Antonio Carlos Gomes (2002), sendo desenvolvido para
suprir a necessidade das modalidades coletivas, principalmente o futebol, onde
possui um período competitivo de 8 a 10 meses, e deve-se não perder a
performance esportiva. O volume e a intensidade, ao longo da temporada, mantêm-
se praticamente constantes, pois não se exige o desenvolvimento das capacidades
físicas de maneira máxima, mas sub-máxima. Dando ênfase nos componentes
técnicos, táticos e velocidade. Nos microciclos (semana) há uma variação no
treinamento em intensidade, gerando a recuperação do jogo anterior como a
preparação para o próximo jogo (GOMES, 2009).
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3.1.2.4 Periodização Tática
Esse modelo foi elaborado por Vitor Frade (1989), para modalidades
coletivas, com ênfase no futebol, sendo que o objetivo é o desenvolvimento das
capacidades inerentes ao jogo em torno das capacidades táticas, onde o
planejamento é feito em cima dos modelos de jogo. O modelo de jogo é como a
equipe irá jogar, quais os princípios táticos à serem adotados, isso ocorre no
primeiro dia de treino até o último dia. Onde, o modelo deve ser repetido por várias
vezes, para que os atletas compreendam e apliquem naturalmente na partida. E
todo o treinamento acontece centrado no jogo, não existem exercícios técnicos
isolados, ou preparação física isolada. Tudo deve-se desenvolver naturalmente em
situações jogadas, quadras reduzidas e exercícios situacionais (BORGES, 2015).
Não existem períodos (preparatório, competitivo etc), existem apenas os
microcilos, que na periodização tática são chamados de morfociclos. Costumam ter
o mesmo padrão ao longo da temporada, porém as atividades e exercícios podem
diferir e respeita-se um princípio chamado de alternância horizontal, onde em cada
sessão, a progressão dos exercícios aumenta, para promover o descanso do jogo
anterior e a preparação para o jogo seguinte (BORGES et al., 2014; MENDEZ-
VILLANUEVA; DELGADO-BORDONAU, 2012).
3.2 A PERIODIZAÇÃO NA PRÁTICA
Geralmente os modelos de periodização para atletas novatos possuem pouca
variação com mais ênfase na progressão dos aspectos biomotores. (TURNER,
2011). Estudos com indivíduos recreativamente treinados, apresentam melhoras das
capacidades de força, independente do modelo de periodização (APEL; LACEY;
KELL, 2011; BUFORD et al., 2007; SOUZA et al., 2014). Pode-se afirmar que
modelos com poucas variações já são suficientes para melhorar o desempenho
nestes indivíduos. Isto parece também acontecer com atletas treinados, quando
treinados com cargas otimizadas (LOTURCO et al., 2016). A medida que o atleta
melhora seu nível de condicionamento, a sua treinabilidade diminui e assim
estratégias mais avançadas são necessárias, o que incorpora maior variabilidade e
maior volume das cargas de treinamento (TURNER, 2011).
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Muitas variáveis podem ser planejadas e controladas dentro de um programa
periodizado existindo diversas formas de se organizar o treinamento. A quantidade,
a qualidade e a distribuição das cargas durante um período de treinamento são os
aspectos mais pertinentes em estudos. Em relação à organização temporal das
cargas, buscando comparar o desempenho da força e potência, seja a distribuição
das cargas por mesociclo, semanal ou diário e com mesmo volume, não são
apresentadas diferenças significativas (LOTURCO et al., 2013). O mesmo acontece,
à curto prazo, quando comparados modelos lineares com ondulatórios em relação
as capacidades de força, potência e resistência aeróbia (ALVAR; WENNER; DODD,
2010; APEL; LACEY; KELL, 2011; BUFORD et al., 2007; FRANCHINI et al., 2015;
HARTMANN et al., 2009; HOFFMAN et al., 2015; KAZEM et al., 2016; SYLTA et al.,
2016; ULLRICH et al., 2016). A questão em si sobre a manipulação das variáveis do
treinamento parece ser mais importante do que o modelo de periodização. Loturco e
colaboradores (2016) ainda afirmam que, para atletas com prévia experiência em
treinamento de força, nem a distribuição temporal das cargas de treinamento e nem
a magnitude absoluta desempenham papel crucial em aumentar os níveis de força
máxima, quando nos exercícios a velocidade é a mais rápida possível. As
características de força-velocidade dos exercícios parecem atuar como principal
fator nas adaptações neuromusculares ao invés da periodização, durante curtos
períodos de treinamento em atletas (ULLRICH et al., 2015, 2016). Portanto, parece
que a variação temporal das cargas de treinamento parece não promover diferentes
ganhos entre os grupos analisados dos estudos, o que mostra não haver
superioridade entre modelos, e que a característica do exercício pode ser um dos
importantes fatores.
Alguns estudos, compararam e demonstraram superioridade de certos
modelos sobre outros, sendo estes modelos classificados como tradicional (linear),
ondulatório (não-linear) e em blocos. Estes estudos com diferentes configurações na
ordem temporal do treinamento das capacidades físicas, distribuição das cargas
realizada de maneira diária ou semanal e variação da carga de treinamento baseada
na autorregulação pelo atleta (BARTOLOMEI et al., 2014; LOTURCO et al., 2016;
MANN et al., 2010; MONTEIRO et al., 2009; PAINTER et al., 2012; RHEA et al.,
2003; ZOURDOS et al., 2016). Geralmente a carga de treinamento é equalizada
entre os grupos nos estudos para que não haja uma diferenciação pelo maior
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volume de treinamento, porém nem todos os estudos utilizam os mesmos critérios
de equalização, sendo assim, o maior volume vem a ser um dos principais fatores
para a melhora de um grupo sobre o outro. O volume de treinamento produz uma
contribuição significante para as adaptações de força e hipertrofia, independente da
especificidade da faixa de repetições (KLEMP et al., 2016). Vários autores têm
sugerido que o volume total é a variável mais importante para produzir adaptações
no treinamento (LOTURCO et al., 2013).
Nos estudos analisados, onde o volume de treinamento de certo grupo foi
maior, este mesmo grupo adquiriu melhores resultados no desempenho do que em
relação aos outros (MANN et al., 2010; MONTEIRO et al., 2009; ZOURDOS et al.,
2016). Relacionado a indivíduos pouco treinados, quando o trabalho realizado é
igual, nenhuma abordagem periodizada é necessariamente superior e qualquer
abordagem pode ser usada para fornecer variedade e, portanto, aumentar a
adaptação (HARRIES; LUBANS; CALLISTER, 2015). Painter e McBride (2012)
afirmam que um problema que confunde a capacidade de interpretar os modelos
diariamente ondulados é que alguns pesquisadores tentam igualar o volume e a
intensidade do treinamento, geralmente através da equalização das repetições, que
tende a evitar as alterações necessárias nas variáveis de treinamento, ou seja,
volume e intensidade.
As comparações entre modelos que avaliaram certas capacidades físicas que
foram treinadas com mais enfâse durante a ultima fase do estudo demonstraram
melhoras superiores do que com grupos que também foram treinadas nestas
capacidades em periodos muito anteriores aos testes, isto independente para força,
resistência ou potência (ARROYO-TOLEDO et al., 2013; BARTOLOMEI et al., 2014;
PRESTES et al., 2009; RHEA et al., 2003). Rhea e colaboradores (2003) citam em
seu estudo, que tanto a resistência muscular e a força aumentaram
significativamente nos três diferentes grupos (Linear, Linear Reverso e Ondulatório),
mas com níveis diferentes de acordo com o tipo de programa seguido, isto é, o
programa que melhor aumentou a resistência muscular, foi aquele que teve uma
sobrecarga de treinamento maior para esta capacidade, o mesmo aconteceu com o
programa que terminava com os aspectos de sobrecarga mais relacionados ao
sistema neuromuscular mais proeminente, no caso a força, onde também o tamanho
do efeito do treinamento foi maior para esta capacidade. No caso do estudo de
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Monteiro e colaboradores (2009), onde foi avaliada a força máxima, foi apresentado
um tamanho de efeito maior para o grupo que realizava periodização no modelo
ondulatório, porém a razão disso pode ser devido a intensidade da carga que foi
trabalhada nos microciclos, que no caso, uma intensidade maior (4-5RM) foi mais
utilizada durante o mesociclo do grupo ondulatório do que no dos outros, levando a
melhora mais específica das capacidades de força, isso porque a magnitude da
carga e, portanto, o número resultante de repetições, têm um efeito muito específico
sobre o condicionamento físico (SIFF; VERKHOSHANSKI, 2006). Essa duração
mais prolongada do estímulo de força máxima, pode ter influenciado o grupo
ondulatório a melhores adaptações de força do que nos outros, isso devido ao fato
de que se cargas especiais de treinamento (no caso, força máxima) são preservadas
até um certo nível, é possível que se retenha o nível adquirido da capacidade
específica motora ou a perda em uma taxa relativamente baixa (ZATSIORSKY;
KRAEMER, 2006). Portanto entende-se que a variação do volume e da intensidade
tem um papel crucial quanto as melhoras do desempenho das capacidades de força,
resistência e potência (PLATONOV, 2008; ZATSIORSKY; KRAEMER, 2006). Com
isso percebe-se que a capacidade que recebe mais estímulos e que é treinada por
mais tempo é a que apresentará melhores resultados devido a sua especificidade.
A periodização ondulatória é baseada na ideia de que o volume e a
intensidade são alterados mais frequentementes (diário, semanal, bissemanal), para
dar ao sistema neuromuscular períodos mais frequentes de recuperação (BUFORD
et al., 2007) causando assim uma não-linearidade dos estímulos. O uso do termo
periodização clássica, ou tradicional traz o conceito de que o programa se dá de
forma linear (como também é chamado) e progressiva, e é usado desta forma nos
estudos (ALVAR; WENNER; DODD, 2010; APEL; LACEY; KELL, 2011; ARROYO-
TOLEDO et al., 2013; BARTOLOMEI et al., 2014; CLEMENTE-SUÁREZ et al., 2016;
HOFFMAN et al., 2015; MATTOCKS et al., 2016; MONTEIRO et al., 2009; RHEA et
al., 2003). Este modelo (linear) não ignora as flutuações das cargas de trabalho
entre sessões, microciclos e mesociclos, não restringindo a amplitude dessas
variações, o que parece ser crucial e previne o overtraining (BRADLEY-POPOVICH,
2001; ISSURIN, 2010). Porém como é visto, modelos que fazem flutuações nas
cargas de trabalho são chamados de Não-Lineares, portanto a partir deste ponto de
vista, não deveria o modelo proposto por Matveev também considerado não-linear?
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Segundo Rhea e colaboradores (2003) a diferença do modelo Linear para o
Ondulatório é que no segundo as variações de volume e intensidade são mais
frequentes, no Linear as variações ocorreriam a cada 4 semanas e no Ondulatório a
cada duas. Porém isso não vai de acordo com os outros achados citados acima.
Matveev (1977) diz que um ciclo semanal pode incluir duas fases cumulativas ou de
estímulo (sendo cada uma de 2 ou 3 sessões), separado por uma sessão de
reabilitação e finalizada num dia de descanso ativo, ou seja, as sessões de estímulo
que produzem uma carga maior de treinamento, são seguidas por diminuição da
carga, dentro da mesma semana. Portanto as definições do modelo de Matveev
como “Linear”, não parecem estar de acordo. A provável razão disso, parece ser
relacionada aos países do Oeste terem nomeado este modelo como linear, não
sendo um conceito universal (BARTOLOMEI; HOFFMAN; MERNI, 2014).
3.3 PERIODIZAÇÂO PARA ESPORTES COLETIVOS
Há uma dificuldade em planejar o treinamento para esportes coletivos por
diversos fatores, dentre eles; o tamanho da temporada, geralmente marcado por
diversos jogos importantes, ficando complicado priorizar os jogos, pois todos são
determinantes na classificação(BARTLETT et al., 2017; BORIN; GOMES; LEITE,
2007; GAMBLE, 2006). O fato das modalidades coletivas possuírem diversos
objetivos à serem treinados, além das capacidades físicas e profiláxicas, há ainda o
treino técnico e tático, o que é diferente dentro do mesmo grupo, pois jogadores
fazem funções diferentes e essa especialização deve ser buscada no
treinamento(GAMBLE, 2006; L. Q. T. AQUINO et al., 2016; ROBERTO; SANTIAGO,
2016). A concorrência das capacidades treinadas também dificulta a periodização,
buscar o equilíbrio entre o desenvolvimento desses componentes exige muita
sensibilidade do técnico e conhecimento do grupo, pois conforme a modalidade
coletiva, a prioridade não é parte física e sim a técnica e/ou tática, caso seja feito o
treino físico logo antes do treino técnico, isso poderá comprometer a qualidade do
treino técnico (BARTLETT et al., 2017; MCLAREN et al., 2016). Outro fator é o
número de jogos em uma temporada e como isso influencia o treinamento, o
elevado número de jogos na semana, gera um estresse, que pode ser negativo para
os atletas, aumentando a chance de lesão, diminuindo o rendimento além de toda a
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pressão emocional gerada pelos jogos (GAMBLE, 2006; KIELY, 2017; MOREIRA,
2010).
Uma tarefa que demanda muito dificuldade, é o controle das cargas no
treinamento e jogos, pois as modalidades coletivas não tem resultados quantitativos
como tempo e peso levantado, a carga é muito subjetiva e varia de indivíduo para
individuo, a carga do treino técnico e tático, mesmo com os avanços no ciência
relacionada ao controle da carga, é ainda um grande desafio, assim como
prescrever as cargas e manter os objetivos técnico e táticos, que são os
componentes mais importantes dos esportes coletivos (BORIN; GOMES; LEITE,
2007; MAZON et al., 2015; RITCHIE et al., 2016; VANRENTERGHEM et al., 2017).
Aquino e colaboradores (2016) desenvolveram um estudo com jovens
jogadores de futebol (15 anos) membros de um clube da primeira divisão em São
Paulo, onde aplicaram uma periodização com ênfase nos componentes técnicos e
táticos, em um macrociclo de 22 semanas, sendo dividido em três estágios:
preparatório (6 semanas), competitivo I com 8 semanas e competitivo II com 8
semanas, treinou-se 4 vezes na semana, totalizando 96 sessões (uma sessão por
dia), onde no volume total foi priorizado os componentes de Técnica/tática, mas
também periodizando os componentes de potência aeróbia, coordenação e
flexibilidade, força e velocidade. A potência aeróbia só foi trabalhada na fase
preparatória, os componentes de velocidade, técnica e tática, foram aumentando o
volume conforme proximidade dos períodos competitivos, sendo no período
competitivo II de 50% para técnica/tática e 25% para velocidade.O treinamento
promoveu alterações positivas nos marcadores de lesões (creatina quinase e lactato
desidrogenase), assim como melhorou a qualidade e intensidade dos
deslocamentos (tiros de velocidade, distância total percorrida) assim como princípios
táticos de distribuição no campo. Segundo os autores, esta metologia de
periodização centrada na técnica e tática, parece favorecer o desenvolvimento de
atletas testa categoria, como diminuir o risco de lesões (L. Q. T. AQUINO et al.,
2016).
O professor Marques Junior (2014), desenvolveu uma periodização específica
para o voleibol, onde houve uma preocupação e buscar controlar a carga de
treinamento através da intensidade de cada fundamento, podendo ser intensidade
máxima (saltos, mergulhos e corridas de alta velocidade), média (passagem da
16
poição de expectativa para a defesa de manchete ou toque, saque do chão,
recepção e levantamento sem salto) ou baixa (posição de expectativa antes de efuar
a recepção), onde conseguindo determinar a intensidade de cada fundamento, é
possível controlar a carga da sessão de treinamento. Devendo ser uma somatória do
tempo de treino, treino físico, treino com bola, probabilidade de lesão do
fundamento, quantidade de fundamentos e percepção subjetiva de esforço)
(MARQUES JUNIOR, 2014).
A percepção subjetiva de esforço, onde o atleta relata uma intensidade
percebida de 0 a 10, parece ser um bom indicador de intensidade do exercício nas
modalidades coletivas (BARTLETT et al., 2017; BORIN; GOMES; LEITE, 2007; LUIS
et al., 2016; MILANEZ et al., 2011; MOREIRA; FREITAS; AOKI, 2010; RITCHIE et
al., 2016) e tem boas correlações com marcadores fisiológicos como a frequência
cardíaca entre outros (CROWCROFT et al., 2015; HÁP; STEJSKAL; JAKUBEC,
2011), sendo um método simples que pode ser aplicado por todos os técnicos no
âmbito prático (SCHWELLNUS et al., 2016).
Há uma dificuldade de encontrar estudos longitudinais, que apliquem uma
periodização para esportes coletivos, e comprovem sua eficiência através do
controle da performance, seja nos resultados em partidas ou através de avalições de
desempenho técnico/tático (MOREIRA, 2010), talvez pela complexibilidade dos
fatores que determinam o sucesso nas partidas nos jogos coletivos aconteça esta
escassez (DA COSTA et al., 2017).
Há poucos estudos que buscam periodizar e controlar o desenvolvimento das
habilidades motoras inerentes à modalidade, e quando avaliam não aliam a
performance à periodização (GARCÍA-DE-ALCARAZ; ORTEGA; PALAO, 2016;
MARQUES JUNIOR; ARRUDA, 2015; SIMONEK, 2014), o que é determinante em
modalidades coletivas, onde deve ser dado um número específico de repetições dos
fundamentos, para que o atleta esteja no momento da partida na sua máxima forma,
principalmente tecnicamente (MAGILL, 2011; SOARES; GRECO, 2010). O controle
motor das ações é um processo que está em constante alteração, caso não seja
organizado o treinamento e manutenção dessas capacidades, o atleta poderá sofrer
uma involução implicando em queda de rendimento (SCHMIDT; LEE, 2016).
17
4 CONCLUSÃO
Na presente revisão foram apresentadas as características da periodização e
suas diferenças conforme os estudos analisados. O treinamento desportivo é uma
área de extrema complexidade, ficando evidente que há ainda, muito a se descobrir.
Existem muita controvérsia entre os estudos, há metodologias diferentes que geram
resultados iguais, fatores como a psicologia, técnica e tática, são comumente
esquecidos. Estudos procuram demonstrar a superioridade de certos modelos sobre
outros, como os ondulatórios sobre os tradicionais. Porém a própria definição do que
é um modelo tradicional (linear) é confusa, que mesmo com a linearidade há
variações. Para atletas novatos e com pouca experiência, o tipo de modelo utilizado
parece não apresentar diferêncas entre modelos, e que a característica do exercício
seria o principal fator para a evolução. Os estudos cujas capacidades fisiológicas,
como força, potência e resistência foram treinadas na fase final da periodização ou
mais estimulados, foram também os que apresentaram melhoras significativas entre
grupos, não significando necessariamente que um tipo de modelo é superior a outro,
mas sim que a especificidade do treinamento dita as melhorias. A ausência e as
diferenças da equalização das cargas de treinamento, podem confundir os
resultados entre estudos, tornando as comparações inadequadas e pouco fiéis.
A periodização está fortemente inserida no ambiente esportivo competitivo,
porém não existe um modelo ideal que sirva para todas as modalidades. No caso de
esportes onde a tática tem um peso muito grande, apenas periodizar um treinamento
enfatizando as capacidades físicas não é o ideal para alcançar o resultado esportivo,
e também pelo fato de que o calendário esportivo e as necessidades dos atletas não
são as mesmas da época de criação de certos modelos. Para isso, se vê necessário
mais estudos para que possam se adequar modelos ideais para cada modalidade
esportiva, respeitando os princípios do treinamento e atendendo as necessidades e
características do esporte e atleta.
18
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25
ANEXOS
FICHAMENTO REVISÃO
Is Empirical Research on Periodization Trustworthy? A Comprehensive Review of
Conceptual and Methodological Issues
Afonso, J., Sousa, P., & Mesquita, I. (2017). Is Empirical Research on Periodization
Trustworthy ? A Comprehensive Review of Conceptual and Methodological Issues.
Journal of Sports Science and Medicine, 16(March), 27–34.
Introdução
A periodização é um conceito básico da teoria e metodologia do treinamento,
considerada beneficial para objetivos competitivos de performance assim como de
saúde. Consiste no “planejamento sistemático e estruturação das variáveis de
treinamento de acordo com o tempo disponível visando a performance maxima e
minimização do risco de overtraining ou detrimentos na performance”, implicando
assim em variação no treinamento, para que o desempenho máximo, seja alcançado
no período correto.
Porém prever a performance e o desenvolvimento de aprendizagem é uma
tarefa que não pode ser alcançanda e predita com precisão. Pois todas as predições
teriam que levar em consideração a sensibilidade dos sistemas às condições iniciais
e respostas ao treinamento, onde as mínimas diferenças poderão resultar em
divergências ao longo do tempo. Neste conceito até a periodização não-linear é
linear na sua previsão de resultados.
Em consenso a estes fatores, muita crítica tem surgido na pesquisa da
periodização no treinamento. Por exemplo, têm-se sugerido que pesquisas nesta
área se equivocam em princípios básicos da teoria do treino e metodologia: como a
divergência entre carga interna e externa, assim como consideráveis diferenças
inter-individuais em resposta ao treinamento, nutrição, suplementação e à medicina.
Sabe-se que algumas pessoas não respondem à certos tipos de estímulos, ex:
reabilitação pulmonária, terapia de resincronização cardíaca, infecções virais, uso de
antidepressivos entre outros. Até esses que respondem, há uma variação muito
grande nos resultados.
26
A existência de pessoas que não respondem aos estímulos, também existe
no treinamento, exemplo em respostas ao treinamento de corrida (1650m) com
baixa e alta intensidade; treinamento em altitude, respostas anaeróbias ao HIIT,
respostas ao treino resistido (musculação). Sugerindo que precisamos desvendar
melhor as respostas inter-indivíduos com pesquisas em foco nessa tarefa.
Entretanto as pesquisas em periodização simplesmente não levaram em
consideração estas variáveis dentro dos grupos, não sabendo assim o real resultado
do programa de treinamento. Outro fator também, é que a periodização é
considerada como variação, porém a periodização é mais que apenas variações
aleatórias, sendo que programas não periodizados podem ser variados. Isso leva a
um erro de análise devido à uma falha no conceito de duas metodologias distintas.
Metodologia
De acordo com os critérios de inclusão/exclusão, foram analisados 42
trabalhos originais, sendo: 24 randomizes trials, e 18 randomizes controlled triais
Inclusão:
Apenas artigos originais: título periodização OU periodizado
E Exercício OU Esporte OU Treinamento
Exclusão: 26 foram excluídos pois não analizavam a periodização (pliometrai vs
treinamento com pesos)
Estudos observacionais (=31)
Estudos de caso (3)
Resultados/discussão
Questões conceituais
Os dados mostraram que os conceitos de periodização e variação foram
utilizados como sinônimos, todos os artigos periodizaram programas com variações
pré-arranjadas , enquanto os não periodizados foram constantes.
Ainda mais, nenhum trabalho se aventurou nas predições em direção, tempo e
magnitude das adaptações, a eficiência da administração da carga também não foi
testada em nenhuma das pesquisas.
27
Questões com o tipo/design estudo
Os estudos mostraram que os pesquisadores não consideraram perspectivas
globais da performance. A dimensão física reprensentou 95,2% (n=40). Onde força
representou o principal foco (n=24), seguido por força e resistência (n=6), resistência
(n=4), força e potência (n=2), força,potência e flexibilidade (n=1), força, potência,
resistência e agilidade (n=1), potência (n=1), e potência e velocidade (n=1). Apenas
um trabalho estudou a técnica, enquanto outro analisou os aspectos físicos e táticos.
A periodização em relação a psicologia não foi estudada em nenhum dos artigos.
Com respeito a duração dos protocolos apenas 2 estudos tiveram 24
semanas ou mais de duração, na grande maioria o tempo esteve menos que 6
meses. Nenhum trabalho foi além de 9 meses. 31 Estudos avaliaram de 4 a 12
semanas, com 12 semanas sendo predominante (n=18). Entre 13 e 18 semanas
encontrou-se 8 trabalhos. Quanto aos fatores que poderiam influenciar os
resultados, como, nutrição, suplementação e medicina, 54% não relataram nada
sobre essas relações. Um estudo, proveu orientações quanto a nutrição aos
participantes, mas não foi avaliado se os avaliados executaram a dieta. 4
investigações determinaram o protocolo para as horas antes de fazer o teste, mas
não durante as intervenções. Quatro pesquisas proibiram a utilização de
suplementação nutriciona ou acessórios ergogênicos. 4 fizeram o mesmo e
recomendaram uma dieta nutricional, onde dois combinaram a proibição assim como
o controle da dieta ou usar a “terapia nutricional”. Um estudo serviu suplementação à
todos os grupos como parte do protocolo, e outro com suplementação proteíca como
relatórios de nutrição foram “pedidos”?. Um estudo descreveu que os participantes
não estavam “tomando medicação” e eram não fumantes. De maneira geral, apenas
7 trabalhos tentaram controlar, ou ao menos reportar 2 dos 3 fatores (ex. Nutrição x
suplementação). Nenhum dos artigos controlou os três fatores.
Nessa questão, a carga “física” foi predominante (40 de 42 artigos), como se
a carga técnica, tática e dimensões psicológicas não fizessem parte da carga
“física”. A predominância de uma abordagem unidimensional, focado no aspecto
físico, se configura como um produto de processo “preconceituoso” em relação à
carga, sendo que em muitos esportes os componentes táticos e técnicos são muitos
relevante que o fator físico.
28
Outro problema com o desenho, é que na maioria dos esportes, devem
buscar o desempenho ao longo da sessão anual, exigindo que a performance fique
alta ao longo de alguns meses, porém, em contraste à esse fato os estudos de
maneira geral foram feitos em curto prazo (maioria 73,5%) ou médio prazo (19%).
Em nossa revisão não foram encontrados estudos acima de 9 meses de duração.
O fator de mais da metade dos trabalhos não apresentarem informações
sobre medicação, suplementação e nutrição, é outro componente que faz com que
os estudos sejam ainda menos fieis, não levando em consideração esses
componentes que são determinantes nos resultados.
Questões com análise dos dados
A dispersão dos dados geralmente foi apresentada em forma de “desvios
padrões”, mas as discussões foram feitas com base nos resultados em relação ao
valor principal entre os grupos, onde não se explorou as respostas dentro do grupo.
Um estudo fez menção que o grupo experimental apresentou um grande desvio
padrão, denotando grande variação como resposta ao programa. Outra pesquisa
descreveu que o desvio padrão após a internvenção também foi grande. Em ambos
os casos, não se avaliou estes quesitos com maior atenção. Nenhum trabalhou
demandou qualquer atenção aos possíveis “low-responders”, “high responders” ou
“non-responders)
Adicionalmente apenas 19 estudos, relataram a magnitude dos efeitos
observados, mais da metade dos trabalhos (n=22) não calcularam os “effect size”,
enquanto um artigo proveu resultados muito incompletos.
A variação em resposta ao treinamento foi ignorada pelos valores de média e
consideração, apenas dois estudos apresentaram a variação nos tipos de resposta.
Onde os trabalhos neglenciaram um princípio básico da teoria e metodologia do
treinamento a variação inter e intra-indivíduos, que é um fenômeno comum. Sendo
um desafio para o estudo da periodização, porém foi mantida em “silêncio” nos
trabalhos estudados.
O tamanho da amostra não foi reportado ou foi reportado de maneira muito
incompleta, o que é um problema, pois o número da amostra pode afetar os tipos de
resultado, não sendo resultados reais que aconteceriam na prática. A amostra pode
responder se a intervenção funcionou e como ela se deu.
29
Análise Geral/Conclusão
O treinamento é uma atividade imprevista e ambigua, porém os técnicos
tentam pré-estabelecer uma ordem de sequências e eventos. A conceituação
racionalística dos técnicos em oferecer práticas presumindo um resultado é
incompatível com a indeterminância intrínsica da prática. No caso da periodização
nos esportes, o problema é como derivar uma meta-teoria em cima de predição, o
que é criticado em outros campos como na economia, história e identificação de
talento. O treinamento deveria ser apoiado na ênfase em mudança, contingência,
contexto e improvisação.
Esta revisão mostrou que: a) os conceitos de periodização e variação são
usados sem distinção; B) preições quando a direção, tempo e magnitude não foram
testadas; c) as análises são em sua maioria unidimensionais, se focando
principalmente no componente físico; d) Estudos feitos no caráter de longo prazo
não foram encontrados; e) fatores como medicina (remédios), nutrição e
suplementação não foram reportados e controlados e f) a análise dos dados ignora
as diferenças dentro do grupo nos resultados da intervenção.
30
ARTIGO ORIGINAL
Periodization Training Focused on Technical-Tactical Ability in Young Soccer Players
Positively Affects Biochem
L. Q. T. Aquino, R., Cruz Gonçalves, L. G., Palucci Vieira, L. H., Oliveira, L. P., Alves,
G. F., Pereira Santiago, P. R., & Puggina, E. F. (2016). Periodization Training
Focused on Technical-Tactical Ability in Young Soccer Players Positively Affects
Biochem
Introdução
O deslocamento dos jogadores na partida de futebol é muito estudada,
principalmente nas categorias profissionais, porém há pouca pesquisa com as
categorias mais jovens. Alguns estudos recentes com jovens da categoria SUB17
relataram que em uma partida os atletas correm em média de 5 a 7km, sendo 15%
deste deslocamento em alta intensidade. Esse tipo de estudo auxilia os técnicos a
identificarem os padrões que ocorrem no jogo, para que nos treinamentos
ofereceça-se métodos para melhorar as características reais da partida.
Além das análises de deslocamento, algumas pesquisas têm avaliado os
padrões táticos das equipes, avaliando a disposiçao dos jogadores em relação a
bola e demais jogadores. Muito literatura disponível quanto a dinâmica do jogo é
dedicado ao entendimento do contexto também técnico/tático caracterizado pela
cooperação-oposição do time e de seus oponentes. Onde o jogo tem características
abertas, fazendo com que a dinâmica da equipe flutue entre estabilidade e
instabilidade, onde o atleta deve ter capacidade cognitiva para compreensão dos
padrões e resolução dos problemas que surgem no jogo.
Adicionalmente, estudos mostram que a temporada de treinamentos e
competições, pode causar distúrbios biomecânicos que podem levar os atletas à um
alto risco de lesão muscular, assim como uma diminuição na performance. Onde a
periodização deve buscar prevenir/diminuir esses efeitos biológicos negativos.
Sendo um dos principais objetivos do estudo, contribuir para o desenvolvimento
mais específico de programas de treinamento com menos stress ao sistema
muscular, minimizando as chances de lesão ao longo da temporada. A próxima
31
etapa é verificar a eficiência de um treinamento usando padrões de movimento e
variações táticas como ferramentas analíticas, juntamento identificar os marcadores
de lesão muscular, para reunifir informações sobre possíveis efeitos negativos no
processo de treinamento. Assim esse estudou adotou uma periodização de 22
semanas. A adaptação proposta com alta importância em relação a técnica e tática
acima dos outros componentes (potência aeróbia, coodernação, flexibilidade, força e
velocidade) em todos os estágios da periodização (preparatório, competitivo I e II).
O objetivo do estudo, foi investigar os efeitos de 22 semanas de treinamento
com ênfase nos componentes técnicos/táticos em marcadores indiretos de lesão
(Creatina Kinase (CK) e Lactato desidrogenase (LDH) e a performance em campo
(padrões de movimento e variáveis táticas) em jovens jogadores de futebol.
Métodos
Abordagem experimental
Um estudo longitudinal com o objetivo de analizar os efeitos da periodização
com ênfase técnica/tática em relação aos marcadores indiretos de lesão e
performance física e tática em situação de jogo. Para isso 15 jovens participaram de
22 semanas de treinamento e 4 semanas de avaliação (totalizando 26 semanas em
um macrociclo). O macrociclo foi dividido em três estágios: preparatório (6
semanas), competitivo 1-8 semanas e competitivo II 8 semanas. Os jogadores
treinaram quatro vezes por semana, totalizando 96 sessões. Durante todas as
sessões diárias, foi-se realizado a percepção subjetiva de esforço(PSE) e a duração
do treinamento em minutos foi armazenada para quantificação da carga (PSE x
volume). Assim como a monotonia e tensão de cada estágio de treinamento. A PSE
foi coletada 30 minutos depois de cada treino.
As avaliações foram realizadas nas semanas 1 (T0), 8 (T1), 17 (T2), e 26
(T3). No começo da semana de avaliações (segunda-feira), os avaliados se
submeteram a coleta de sangue venoso, para verificação da atividade plasmática de
CK e LDH. Eles foram instruídos à não praticar nenhum tipo de atividade física por
72 horas antes das coletas sanguíneas. Ao final da semana avaliativa (quinta-feira)
eram feitas as partidas (30’ x 30’) para posterior análise de padrões de
deslocamentos (distância total coberta por diferentes faixas de velocidade, distância
total coberta no jogo, velocidade média, velocidade máxima e número de sprints) e
32
as predições de performance tática (distribuição da equipe na superfície). Antes das
partidas simuladas, os jogadores passavam por um protocolo padrão de
aquecimento.
Sujeitos
15 jogadores participaram do estudo (4 defensores, 4 pontas, 3 meio-campistas e 4
atacantes), todos do sexo masculino (média ± DP, idade 15,4±0.2 anos; estatura
172,8±3,6cm; massa corporal 61,9±2,9kg; 11,7±1,6% de gordura; VO2max
48.67±3.24 ml.kg-¹.min-¹) e membros de um clube de futebol que joga a primeira
divisão no estado de São Paulo, Brasil; a divisão é considerada o principal torneio a
nível estadual do país. O critério de inclusão foi que os jogadores participassem em
80% dos treinamentos.
Procedimentos
A periodização consistiu em 22 semanas de treinamento e 4 semanas de
avaliação (t0, t1,t2 e t3) composta de 4 treinos semanais (total 96 treinos). As
avaliações foram conduzidas em 4 períodos distintos da periodização: início da fase
de preparação (t0), final da fase de preparação (t1), final da fase competitiva I (t2) e
final da fase competitiva II (t3).
Como parte do planejamento dos treinos foram considerados: capacidade e
potência aeróbia, coordenação, flexibilidade, força, velocidade e técnica/tática. A
capacidade técnica/tática foi priorizada em todos os estágios de treinamento.
O volume total semanal por estágio foi o seguinte:
Componentes do
treino
Fase preparatória
Fase competitiva I
Fase competitiva II
Potência aeróbia
10%
-
Coordenação e
flexibilidade
15%
10%
10%
Força
21%
23%
15%
Velocidade
16%
23%
25%
Técnica/tática
38%
44%
50%
33
Nos períodos competitivos I e II não foram aplicados estímulos específicos
quanto a potência aeróbia, devido a alta porcentagem dos componentes técnicos e
táticos, onde a carga aumentou em um esforço para para aumentar a especificidade
do treino através de jogos reduzidos e formais. A intensidade do treino medida
através da percepção subjetiva de esforço (0 a 10). Na fase preparatória a média foi
de 5.1 com duração de 120 minutos por sessão. No período competitivo foi de 6.1
com 110 de duração. No competitivo II a intensidade média foi de 6.3 e o volume de
100 minutos.
Análise dos marcadores indiretos de lesão muscular
A atividade plasmática de CK e LDH foram determinads usando o kit Bioliquid
(Pinhais, Brazil), após a metodologia de coleta que envolveu adição de N-Acetil-
Cisteína na reação para garantir a inteira ativação de CK-MM.
Análise de performance no campo
Para análise do desempenho no campo (padrões de movimentos e variáveis
táticas), os participantes fizeram um jogo simulado. A partida foi realizada no campo
de treinamento (70 x 50m) em 60 minutos (30’ x 30’ com 15’ de recuperação
passiva).
O jogo foi inteiro filmado por duas câmeras digitais com aquisição de frequência de
30Hz, cada uma cobrindo ¾ da área campo.
Os padrões de movimentações foram: distância total percorrida (km),
velocidade média (km -¹). Velocidade máxima (km-¹) e porcentagem da distância
total dividida em 7 faixas de velocidade (de caminhada à tiros máximos).
As variáveis táticas foram determinada pos polígonos convexos, tendo como
vértice as duas posições dimensionais dos jogadores no lance e a disposição dos
jogadores.
34
Resultados
Marcadores indiretos de lesões
Quanto a atividade plasmática de CK e LDH durante todo o treinamento.
Ocorreu uma diminuição significativa (P≤0,05) quando comparado o estágio T0 com
os outros estágios (T1, T2 e T3). Ou seja, durante a periodização demonstrou que o
método aplicado gerou uma diminuição no grau de dano muscular.
Padrões de deslocamento e variáveis táticas do primeiro tempo de jogo para o
segundo tempo durante a periodização
A porcentagem de sprints do primeiro tempo para o segundo tempo,
aumentou significamente T1 (p = 0.001), T2 (p = 0.01), e T3 (p = 0.001). Para a
distância total percorrida em alta intensidade, também houve um aumento
significativo nos estágios T1 (p = 0.001), T2 (p = 0.02), and T3 (p = 0.01). A distância
total e velocidade média, demonstraram aumentos significativos do primeiro para o
segundo tempo na segunda avaliação T2 (p=0.02). A velocidade máxima teve
aumento significativo nos estágios T0 e T3 (p=0.02 e P=0.01 respectivamente).
Quando comparado o primeiro com o segundo tempo, nas fases T0, T2 e T3,
ocorreu um aumento significativo no número de sprints (p = 0.01, p ≤ 0.001, e p ≤
0.001, respectivamente). Sobre as variáveis táticas, o comportamento da equipe na
superfície, ocorreu melhora significativa do primeiro para o segundo tempo no
estágio T3 (p=0.03) apenas, diferente da distribuição, onde teve diferenças nos
estágios T0, T2 e T3 (p=0.003, p=0.006, e p=0.01).
Variações táticas e padrões de movimentos do primeiro para o segundo
tempo, em isolação, durante a periodização
Comparando o primeiro tempo entre os estágios (T0, T1, T2, T3), não houve
diferenças significativas para qualquer variável, com exceção da distribuição da
equipe na superfície (T0 3 T1—p ≤ 0.001; T0 3 T2—p ≤ 0.001; T0 3 T3—p =0.002) e
“espalhamento” (T0 3 T1—p = 0.008; T0 3 T2—p = 0.02). Entretando, quando
35
comparado as variáveis acima entre os estágios no segundo tempo, ocorreram
diferenças significativas; distribuição da equipe na superfície (T03 T1—p < 0.001; T0
3 T2—p < 0.001; T0 3 T3—p < 0.001; T1 3 T3—p = 0.006; T2 3 T3–p = 0.007) and
spread (T0 3 T2—p < 0.001; T0 3 T3—p < 0.001; T1 3 T3—p = 0.004).
Quando comparado o segundo tempo entre os estágios, houve um aumento
significativo (p = 0.03) nos Sprints no estágio T0 (antes da intervenção) com T3
(depois da intervenção). Para a corrida em alta intensidade, um aumento
significativo foi encontrado quando comparado a avaliação T0 com T2 e T2 para T3
(p = 0.05 e p = 0.02, respectivamente). Quanto ao Vmax, um aumento significativo
foi observado quando comparado o segundo tempo nos estágios T0 e T3 (p =
0.007), T1 e T3 (p < 0.001), e T2 e T3 (p = 0.004).
Padrões de deslocamentos durante os jogos simulados (1º + 2º tempos) ao
longo da periodização
Um aumento significativo foi observado quanto a atividade de alta intensidade
comparando o estágio T0 com T3 (p=0,05). Para a velocidade máxima houve um
aumento do estágio T0 para o T3 (p=0,01) assim como um aumento do T1 para T3
(p=0,01) e T2 para T3 (p=0,02).
Com respeito a variável tática, a área da equipe na superfície e
“espalhamento” aumento significativamente entre os estágios T0 e T1 (p<0,001;
p=0,03, respectivamente), T0 e T2 (p<0,001; p=0,001, respectivamente), E? T0 E?
T3 (p<0,001 for both).
Associação entre a porcentagem de variação de creatina quinase e lactato
desidrogenado com os padrões de movimento
Com respeito a variação de CK e LDH nos movimentos, houve a correlação
significativa inversa entre ∆CK, ∆LDH e ∆Corrida de Alta Intensidade (r=-0,085;
p≤0,05 e r=-0,84; p<0,01, respectivamente) e ∆Atividade de alta intensidade (r=-
0,085 e r=-0,70; p≤0,05, respectivamente).
36
Discussão
Com respeito ao comportamento de atividade plasmática dos marcadores
indiretos de lesão muscular (CK e LDH) acontenceu uma redução dos seus valores
ao longo da periodização. O que sugere que o organismo se adaptou positivamente
aos estímulos, onde podemos afirma que a proposta de priorizar a parte
técnica/tática reduz significamente o dano muscular na amostra. Onde em um
estudo feito na Alemanha (Meyer e Meister) com 532 jogadores da segunda divisão
tiveremos estes marcadores elevados ao longo da temporada. Porém, dois estudos
brasileiros (Lazarim e Alves) tiveram uma diminuição dos marcadores ao longo da
temporada.
A diminuição de CK e LDH ao longo das 22 semanas de treinamento neste estudo,
podem ser atribuídas as adaptações músculo-esqueléticas destes jovens atletas às
cargas específicas, onde no começo da temporada ainda não estavam
“acostumados” ao estímulos, o que gerava um maior stress muscular. Um dos
mecanismos associados com essa adaptação é derivada da ativação das células
satélites musculares, que operam para reparar as fibras musculares.
Outro fator justificativo para esses resultados é o “Efeito protetor por
repetição”, onde é um fenômeno que leva a uma diminuição do dano muscular com
a progressão do treinamento. Corroborando com os achados deste estudo, a
literatura indica que após sucessivos treinos, com cargas equivalentes, há uma
diminuição na magnitude do dano muscular dando ao tendão muscular reparação e
reestruturação após micro-lesões. Isso gera proteção parcial para o músculo,
fortalecendo-o contra possíveis stresses que levem a condições lesivas.
Analisando os padrões de movimento e as variáveis táticas, foi visto que a
periodização promoveu aumento no percentual da distação total coberta em
atividade de alta intensidade, velocidade máxima, e na “área de superfície da equipe
e o espalhamento dos jogadores. Quando comparado o T0 (antes da intervenção)
com o T3 (última avaliação), um aumento significativo destas variáveis foram
observadas.
Descobriu-se também que quando comparada o primeiro e segundo tempo
em isolamento na periodização (T0, T1, T2, T3), houve um aumento significativo das
variáveis relacionadas à intensidade do jogo, embora que apenas no segundo
tempo. Isto é, quando comparando o segundo tempo entre a primeira avaliação (T0)
37
e a última (T3), houve um aumento significativo destas variáveis. Entretando,
quando analisado o primeiro tempo, não houve esse aumento. Isso sugere que os
jogadores alcançam a maior intensidade durante o segundo tempo e no fim da
periodização. Sendo confirmado pela intensidade do segundo tempo, em relação ao
primeiro em todos os estágios de avaliação.
Rampini e colaboradores encontraram que, entre jogadores de alto nível
(UEFA e CHAMPIONS LEAGUE), 20% a 30% da distância total, é feita em alta alta
intensidade. Estes valores são similares aos achados neste estudo (22-27%). Onde
na literatura, defende que esta variável é o melhor preditor para performance física,
nós podemos avaliar que os atletas deste estudo apreentaram elevados níveis de
desempenho físico.
Castagna e colaboradores, estudaram jovens jogadores (14 anos) de alto
nível (4 anos experiência em campeonatos nacionais e internacionais) durante uma
partida oficial. Os autores encontraram que os jogadores percorreram 15% da
distância total em alta intensidade, o que é menor que este estudo. Esse diferença
pode ser atribuída ao método usado para determinação dos padrões de
movimentos. Neste estudo, nós usamos mapeamento computacional, e no estudo
do Castagna utilizou-se GPS. Outra justificativa, é que em nosso estudo avaliou-se
jogos simulados e não jogos oficiais como no estudo citado acima.
Comparando o primeiro com o segundo tempo, a literatura mostra uma
diminuição na distância total entre 3,8% a 5% no segundo tempo. De acordo com DI
Salvo e colobaradores, esse fato pode ser justificado pelo aumento de distâncias
percorridas em baixa e média intensidade. Entretando, neste estudo nós
encontramos um aumento das variáveis relacionandas a esforços em altan
intensidade. O que demonstra adaptações positivas ao treinamento, visto que ações
de alta intensidade são decisivas no futebol, permitindo transições rápidas e criando
espaços vazios e situações de finalização.
Com respeito as variáveis táticas nos contextos ofensivos , os jogadores
devem permanecer com a bola, se movendo nos lugares vazios no campo,
progressivamente em direção ao gol e buscando alternativas para finalização.
Entretando, os jogadores no contexto defensivo, devem buscar recuperar a posse de
bola, enquanto se movimentam para impedir a pregressão do oponente em direção
ao gol. Estas, variáveis táticas (área de superfície da equipe e espalhamento)
podem refletir as estratégias definidas pela equipe, e pode ser um indicador de
38
desempenho tático. Então, o aumento documentado na área de superfície da equipe
e espalhamento dos jogadores do pré para o pós treinamento no estudo, poderia ser
atribuido a um maior aproveitamento do espaço no jogo, caracterizado pela área
poligonal que conecta todos os jogadores da equipe envolvidos na ação.
Recentemente Aquino e colaboradores, encontraram relações positivas entre
os padrões de movimento durante o jogo e marcadores de lesão em jovens
jogadores de futebol. Entretando, neste estudo foram observados mudanças
positivas ao longo da periodização, com u aumento simultâneo do desempenho
físico. Além do mais, esta relação foi evidenciada por grandes correlações
significativas inversas entre ∆CK e ∆LDH com corrida de alta intensidade e
atividades de alta intensidade.
Em resumo, o terinamento da periodização aplicado neste estudo, com
ênfase na parte técnica/tática, leva a uma adaptação positiva dos músculos, assim
como a melhora nos deslocamentos. A limitação deste estudo se dá pela ausência
de um grupo controlo, porém, devido ao tipo de protocolo experimental, onde limita a
formação de dois grupos à partir da mesma equipe essa limitação é parcialmente
justificada.
Aplicações Práticas
Um macrociclo específico de treinamento, levando em consideração
principalmente o fator técnico e tático, é um método eficiente para promover a
melhora no desempenho da partida, seja em componentes físicos e táticos. Assim
como diminuir a chance de lesões, através da diminuição dos marcores secundários
de dano muscular.
Estudos longitudinais, discutindo o conteúdo do treinamento e a organização das
sessões ao longo da temporada, podem oferecer aos técnicos e estudiosos do
esporte informações para melhora do desempenho e prevenção de lesões,
preservando os atletas, para participação efetiva em competições com o máximo de
desempenho ao longo da temporada.
39
ARTIGO ORIGINAL 2
Neuromuscular responses to short-term resistance training with traditional and
daily undulating periodization in adolescent elite judok
ULLRICH, B; PELZER, T; OLIVEIRA, S; AND PFEIFFER, M. Neuromuscular
responses to short-term resistance training with traditional and daily undulating
periodization in adolescent elite judoka. J Strength Cond Res v.30 n.8 p.2083-
2099, 2016.
Introdução
As competições de judô são compostas por ações intermitentes de alta
intensidade com características técnicas, táticas e físicas. Os movimentos técnicos
são explosivos e se utiliza, em maior parte, potência muscular dos membros
inferiores e também necessita de força corporal total. Setenta porcento (70%) dos
atletas de elite de judô realizam mais que 3 sessões de treinamento de força na
semana.
A periodização é conhecida por otimizar os resultados neuromusculares em
reposta aos regimes de treinamento de força, contudo não há existe ainda um
modelo específico para cada população. Os modelos de periodização mais
discutidos são o tradicional (TP) e o ondulatório (UP). O TP se caracteriza
inicialmente por um alto volume e baixa intensidade progredindo para um baixo
volume e alta intensidade durante o período de treinamento. O UP possui alterações
mais frequentes de volume e intensidade. Os estudos revisados mostram que os
dois modelos apresentam resultados similares, porém muitos dos estudos não
utilizaram atletas altamente treinados. Vale notar que foram detectadas alterações
neurais e na arquitetura muscular com programas de treinamento de força com
duração de 3 a 6 semanas. Para muitos esportes é importante identificar o modelo
mais efetivo que provoque alterações neuromusculares em curtos períodos de
tempo, devido as fases de preparação serem muito curtas.
A proposta do estudo foi examinar os efeitos do modelo tradicional (TP) e do
modelo ondulatório diário (DUP) nas mudanças temporais de 1) arquitetura do vasto
40
lateral do quadríceps; 2) ativação neural estimada pelo EMG no quadríceps femoral;
3) força máxima dinâmica de membros superiores, inferiores e força corporal total
em 2 mesociclos de potência muscular com duração de 4 semanas em atletas de
elite adolescentes.
Métodos
O desenho experimental possuía duração de 17 semanas. As primeiras 2
semanas foi um período de referência em que os atletas mantiveram seus
treinamentos regulares de judô, sem realização do treinamento de força. Depois foi
realizado um mesociclo de 4 semanas de treinamento de força pelo modelo TP.
Após o mesociclo TP, os atletas entraram em férias e ficaram 7 semanas apenas
com atividades recreativas. Depois do período de férias os atletas realizaram mais
um mesociclo de 4 semanas, porém com o modelo DUP. Os treinos foram realizados
3 vezes na semana, com seleção de exercícios, número de séries, repetições e zona
de intensidade iguais entre os mesociclos. Teste de uma repetição máxima (1RM) foi
conduzido 5 vezes: 2 vezes no período de referência; 1 vez após mesociclo TP; 1
vez após o período de férias; 1 vez após mesociclo DUP.
Sujeitos
Estudo conduzido com 11 judocas de nível regional à elite. (Idade: 14.8 ±
0.6 anos, altura: 163.2 ± 7.5 cm, massa corporal: 57.3 ± 11.1 kg, 5 homens/6
mulheres). Com experiência em exercícios de força de 2.7 ± 1.1 anos. Atletas de
uma escola secundária específica que oferece educação combinada e treinamento
atlético. Todos com experiência de 5 à 8 anos especifico do judô. A quantidade
semanal de treinamento de judô regular e competições variou de 11-13 horas. Para
evitar víes dos exercícios de endurance, nenhum dos atletas passou mais que 1
hora semanal correndo ou pedalando. Os atletas mantiveram a mesma dieta, sem
trabalhos de redução de peso, e nenhum possuía alguma condição médica
conhecida que confundise os resultados.
41
Procedimentos
Ao início de cada dia de teste e antes do aquecimento eram realizadas
medidas antropométricas de peso corporal, altura e circunferência da coxa. Foi
realizado procedimento de ultrassom para avaliar a arquitetura do músculo vasto
lateral (VL), sempre sendo realizado antes do aquecimento, para evitar que o fluxo
sanguíneo na região influenciasse na medição. As medições correspondiam as
espessuras distais, proximais e mediais da musculatura do VL, assim também como
o angulo e comprimento do fascículo, da perna dominante de cada atleta.
A capacidade contrátil máxima voluntária isométrica (MVC) dos flexores e
extensores do joelho foram avaliadas através de um dinamômetro. Os atletas
realizaram 10 minutos de aquecimento na esteira a uma intensidade baixa, após
foram realizadas contrações isométricas submáximas de flexão e extensão de joelho
durante 4 minutos no dinamômetro. Em seguida realizaram MVC de forma unilateral,
com o membro dominante, sendo para ambos os grupos musculares 3 MVC
separados por 3 minutos de descanso. As extensões foram conduzidas com angulo
do joelho em 70º e quadril 70º e as flexões com angulo do joelho em 30º e quadril
70º, nos quais ângulos são esperadas as máximas MVC.
Durante as extensões isométricas do joelho, foi avaliada a excitação
muscular através de um eletromiógrafo (EMG), sendo o sistema sincronizado com o
dinamômetro através de um aparato de sincronização telemétrica, para permitir a
avaliação sincronizada de sinais isométricos MVC e EMG. Antes de iniciar o
protocolo, foram realizados testes incluindo contrações quase-máximas para
determinar se poderiam ser obtidos sinais EMG adequados.
Os testes de uma repetição máxima (1RM) foram sempre conduzidos 2 dias
após os testes laboratoriais. A força dinâmica voluntária máxima foi determinada
como a carga máxima que poderia ser movida uma vez ao longo da amplitude de
movimento definida usando uma técnica adequada. Em todas as ocasiões, os testes
que afetavam o todo o corpo e os membros inferiores(Agachamento, Arremesso,
Arranco, Flexão de Pernas) foram conduzidos pela manhã e os testes de membros
superiores (Supino, Remada no banco, Puxador/Puxada para costas) foram
conduzidos pela tarde. Antes da execução do teste foram realizados 20 minutos de
aquecimento, sendo 10 minutos de corrida na esteira em intensidade baixa e 10
minutos de alongamento dinâmico. Para todos os exercícios de 1RM, os atletas
42
realizaram aquecimento de 10 repetições com uma carga aproximada de 30%,
seguido por 10 repetições de 50%, e 5 repetições de 75% do seu 1RM estimado.
Após isso uma carga aproximada para 3RM foi utilizada para que fosse estimado,
através do número de repetições executadas e do desempenho técnico, a 1RM dos
atletas. Tentativas sucessivas foram realizadas com périodos de descanso de 4
minutos e com cargas mais pesadas sendo executadas até se alcançar a 1RM fosse
determinada. Os agachamentos foram realizados até um angulo de 90º, os
Arremessos consistiam da retirada da barra do chão até o peito e do peito para cima
da cabeça, e as flexões de joelho foram realizadas até 90º de flexão, em uma
máquina bilateral. O Supino e a Remada foram realizadas em banco horizontal,
sendo os angulos de flexão do cotovelo em 90º, no supino o atleta deveria levar a
barra até o peito, e na remada o banco estaria elevado e o atleta sustenta a barra
com os braços estendidos sem os pesos tocarem o chão, e realiza o movimento
trazendo a barra em direção ao peito. A puxada para costas foi realizada em uma
máquina, onde os cotovelos deveriam começar em total extensão e a realização do
movimento ocorrer puxando por trás da cabeça até a barra encostar nos ombros.
Treino de força experimental
Cada sessão de treino teve duração de 90 minutos, sendo 10 minutos
aquecimento, 10 minutos de alongamento e a volta-à-calma de 5 minutos de
bicicleta seguido por mais 10 minutos de alongamento. O regime de treinamento
consistia em exercícios tanto em máquinas quanto com pesos livres com ênfase na
melhora da potência muscular de membros superiores, inferiores e corporal total. Os
atletas já tinham experiencia com os exercícios (2.7 ± 1.1 anos). O treinamento foi
executado às segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras, e os atletas não
deveriam executar nenhum outro tipo de atividade de força durante o período do
estudo. As sessões foram divididas em Força (80%-90% 1RM), Potência (65%-75%
1RM) e Velocidade (50%-60% 1RM). Os mesociclos foram igualados em mesmo
número de sessões, séries e repetições para determinada zona de intensidade. No
TP as sessões de 1 a 4 eram de Força, 5 a 8 eram Potência e 9 a 12 Velocidade.
Em DUP as zonas de intensidade seguiram o modelo ondulatório diário. Foi pedido
aos atletas que a cada ciclo de contração as cargas fossem movidas com a maior
força possível na fase positiva (na fase de levantamento), e na fase negativa (na
43
qual se “desce” o peso), que elas fossem controladas. Os descansos eram de
aproximadamente 3 minutos entre as séries. Nenhum dos atletas perdeu alguma
sessão, resultando em 100% de frequência.
Análise dos Dados
O volume total de Treinamento foi calculado através de volume de
carga(kg)= séries x repetições x carga. Um aparelho de sincronização permitiu a
avaliação sincronizada do tempo dos momentos de contração máxima voluntária
(MVC) das extensões e flexões de joelho, e sinais brutos de EMG. Os dados de de
MVC e EMG foram organizados através de um software (MyoResearch XP Master
Edition, Noraxon Inc., Scottsdale, Arizona, USA). A extensão e flexão isométrica
MVC do joelho foram definidas como a média máxima durante 500ms (milisegundos)
no pico MVC. A atividade EMG voluntária máxima dos músculos do quadríceps
femoral foi descrita pelo EMG integrado ao longoda execução da medida de
isometria MVC do joelho. A arquitetura do Vasto Lateral (VL) foi analisada pelo
software aparelho de ultra-som (Vivid e, GE Medical System, Jiangsu, China). A
espessura muscular foi dada pela distância vertical entre a aponeurose profunda e
superficial, e analisada na extremidade mais proximal e distal, assim como em lados
localizados de distâncias iguais da linha média entre a extremidade mais distal e
proximal. O ângulo de penação foi medido como o ângulo de inserção dos fascículos
musculares na aponeurose profunda. As medidas da espessura muscular e do
angulo de penação foram medidas 5 vezes na mesma imagem, e foram excluídos os
maiores e menores valores em relação à média. O comprimento do fascículo VL foi
estimado como o comprimento da hipotenusa de um triângulo com um ângulo igual
ao ângulo de penação e o lado oposto a esse ângulo igual à espessura do músculo,
seguida pela equação: Comprimento do fascículo = média da espessura do
musculo/seno (angulo de penação). A razão entre o comprimento do fascículo VL e
da coxa foi definida como comprimento normalizado do fascículo. A espessura
média do músculo VL foi normalizada ao comprimento da coxa. Além dos valores
absolutos, as variações percentuais individuais de todos os resultados principais
foram calculadas para ambos os mesociclos sendo entre as ocasiões de teste T2 e
T3 para o mesociclo TP, e entre T4 e T5 para o mesociclo DUP.
44
Análise Estatística
O nível inicial de significância estatística foi definido como α = 0.05. A
variabilidade interdia (T1 e T2) da circunferência da coxa, MVC da extensão e flexão
do joelho, espessura média do músculo VL, comprimento do fascículo VL e todos os
dados de 1RM foram estimados pelo coeficiente de variação (CV) e quantificados
com uma correlação intraclasse (ICC). Foram realizados testes de Wilcoxon com
resultados absolutos entre as ocasiões de teste T2 (segundo teste de linha de base)
e T4 (teste de pós-férias) para levar em conta possíveis "efeitos de transição", pelo
fato do estudo ter um modelo de cruzamento longitudinal. Utilizou-se uma análise de
variância (ANOVA) com ajustes de Bonferroni para medidas repetidas de medidas
lineares gerais (com base em 5 ocasiões de teste). As mudanças percentuais dos
principais resultados que ocorreram durante ambos mesociclos foram analisados
com testes de Wilcoxon pareado. Finalmente foram calculados os tamanhos de
efeito dos principais resultados durante os mesociclos usando a formula: [(média
pós-teste – média pré-teste)/Desvio-Padrão pré-teste . Uma análise post hoc,
mostrou que o poder estatístico para as máximas mudanças temporais ocorrendo no
curso do estudo era de 28% para MVC do extensor do jeolho, 36% para a média de
espessura muscular do VL, 29% para o comprimento do fascículo do VL e variou
entre 38% (Puxador) e 66% (Agachamento) para a significancia estatística nas
alterações de 1RM. Calculos primários de um tamanho de amostra que usou
estimativas de 15% dos efeitos máximos da periodização nas alterações temporais
do MVC, 1RM e arquitetura do VL, redeu valores do tamanho da amostra atingindo
entre 20 a 28 atletas para provar que esses efeitos tem poder estatístico de 60%.
Entretanto o trabalho foi realizado com uma amostra menor (11 indivíduos) do que
necessitaria para documentar efeitos moderados da periodização.
Resultados
Nenhuma diferença na fase pré-treinamento (T1 vs. T2) foi detectada. As
medidas de confiabilidade entredias (T1 vs. T2) para circunferência da coxa, MVC
extensor e flexor do joelho, média da espessura muscular do VL, comprimento do
fasciculo do VL, e todas os testes de 1RM apresentação significancia (p<0.05).
45
Nenhum efeito de transição foi detectado, as comparações de Wilcoxon não
apresentaram diferenças significativas entre T2 e T4.
O volume e a intensidade da carga de treinamento teve maior significancia
no periodo do mesociclo DUP, exceto para os exercícios de Puxador, Supino, Flexão
de joelhos. O volume total de carga foi aproximadamente 7% maior durante o DUP,
sendo estaticamente significativo (p<0.05).
Quanto as mudanças nos dados antropométricos, a altura foi
significativamente aumentada após o mesociclo DUP, relativo aos testes em T1-T3.
A massa corporal, comprimento e circunferência da coxa permaneceram inalterados
durante o estudo. Com uma exceção durante T1 e T4, nenhuma alteração
significativa no Índice de massa corporal (IMC) foi relatada.
Foram detectadas através da análise ANOVA mudanças da arquitetura
muscular do VL. Valores proximais da espessura do musculo VL foram
significativamente maiores após o mesociclo TP (T3) comparada ao T1. Valores
distal, média, mediana, e normalizado do VL foram significativamente maiores no T3
relativos a ambos testes de base. Quanto ao período DUP (T5), a mediana da
espessura do VL foi significativamente aumentada comparada com o teste durante
período de férias (T4). Aumentos significativos também no comprimento do fascículo
do VL ocorreram em T3 relativo a T2. Ângulos de penação similares foram
detectados em todas as ocasiões. As mudanças percentuais não mostraram
diferenças entre os mesociclos.
ANOVA detectou significantes mudanças temporais em relação a MVC
isométrica do extensor do joelho, porém a MVC do flexor do joelho não apresentou
alterações. MVC do extensor do joelho não apresentou alterações durante TP, mas
foi significativamente melhorada após o DUP (T5) comparada aos testes de base
(T1 e T2) e período de férias (T4). Vale notar que ocorreram mudanças percentuais
na MVC do extensor do joelho, porém sem significância estatística entre os
mesociclos.
Não foram identificas alterações temporais em relação a atividade
eletromiográfica no quadríceps. Apesar da falta de significância estatística, houve
um moderado aumento do EMG durante ambos os mesociclos, sendo 13% durante
o TP e 11% durante DUP.
Em relação as mudanças no 1RM, ANOVA detectou mudanças
significativas quanto aos valores de Agachamento, Supino, Remada no Banco e
46
Puxador, porém sem mudanças significativas quanto a flexão de joelhos, Arremesso
e Arranco. O Agachamento foi maior significativamente após TP (T3) e DUP (T5)
comparado às medidas da linha de base. Supino apresentou ganhos após T3
relativo a T1 e T2, e além disso foi significante melhorado em T5 comparado a T1,
T2 e T4. Valores significativos, quanto a Remada no Banco, apenas ocorreram
durante o mesociclo DUP (T5) em relação aos valores da linha de base. Ganhos
significativos ocorreram também em relação ao exercício no Puxador/Puxada Costas
após o TP (T3) relativo a T1 e T2. Importante notar que a média percentual que
ocorreram durante ambos os mesociclos variou entre 3.5-13.5% aproximadamente,
porém sem diferenças significativas entre eles.
Discussão
O estudo se diz um dos primeiros a ter comparado os efeitos da
periodização tradicional com a periodização ondulatória diária em relação aos
resultados neuromusculares após um treinamento de força de curto-prazo em atletas
adolescentes, os quais realizaram dois mesociclos de 4 semanas, separados por um
período de férias, com ênfase na melhora da potência muscular, usando tanto o TP
quanto o DUP. Ambos treinamentos foram equalizados quanto as variáveis de
treinamento. Os achados foram que ocorreram ganhos na arquitetura muscular após
ambos os períodos de treinamento, sem influência da sistemática da periodização.
Alinhando com outros estudos, os resultados deste estudo podem indicar que as
características de força-velocidade dos exercícios agem como gatilho para rápidas
adaptações neuromusculares, durante treinamentos a curto prazo, em vez da
periodização.
Os atuais ganhos médios quanto a contrações voluntárias máximas
isométricas dos extensores e flexores do joelho, força máxima dinâmica de membros
superiores, inferiores, e força corporal total, variaram de 3.5-13.5%. Estas mudanças
estão alinhadas com outros estudos na literatura que estudaram os efeitos a curto
prazo do treinamento de força em atletas. Os percentuais alcançados foram
menores em relação a estudos com indivíduos não atletas durante treinamentos de
curto prazo, porém o que pode justificar o pequeno a moderado tamanho de efeito, é
a relação ao nível dos atletas serem de elite e sub-elite. Independente do modelo de
periodização o regime a curto prazo falhou em demonstrar ganhos em 1RM para
47
todos os exercícios. Os exercícios de Agachamento, Arranco e Arremesso parecem
ter provido estímulos de adaptação suficientes para o os extensores do joelho,
enquanto que tenha sido insuficiente para os flexores do joelho. Além disso, devido
as demandas técnicas muito complexas do Arranco e do Arremesso, seus valores
de 1RM se mantiveram sem mudanças e podem ter neutralizado melhorias durante
o treinamento de curto prazo com atletas adolescentes. Já os valores de 1RM de
Supino e Remada no Banco apresentaram moderados tamanho de efeito durante
ambos mesociclo. Assim sendo, a evidencia apresenta que periodos de curto prazo
para treinamento de potência pode induzir ganhos moderados em membros
superiores, inferiores e força corporal total em judocas adolescentes já treinados.
Como técnicas de “jogar” e imobilizar de judocas competitivos requerem força e
potência máxima do corpo todo, os achados destes artigo podem ser usados para
otimizar a preparação a curto prazo do treinamento de judô.
De acordo com o trabalho, a evidencia sugere que ambos modelos
periodicos provocam desenvolvimento similares em força. Entretanto, muitos
trabalhos foram realizados com sujeitos não atletas, que devem mostrar adaptações
similares em resposta a qualquer estimulo de sobrecarga durante as primeiras
semanas de treinamento. Em relação a outros estudos, foram encontradas
evidências de modelos de periodização linear e não linear produzirem os mesmos
efeitos em relação aos ganhos de força, assim como outros estudos reportaram
melhores ganhos de força em modelos DUP comparados ao TP em individuos já
treinados. Em relação ao volume de carga total de treinamento, aproximadamente
7% foi maior durante o período DUP comparado ao TP, mas isso não evocou
resultados superiores. Isto suporta outros estudos de que pequenas variações na
carga de volume de treinamento podem não afetar os resultados de força máxima,
pelo menos quando as zonas de intensidade são equacionadas durante períodos de
treinamento de curta duração.
As mudanças neurais e estruturais do musculo foram reportadas por poucos
estudos, sendo que alguns destes demonstraram mudanças após 8 a 12 semanas
de intervenção. Em comparação, outros estudos também realizaram analises quanto
as adaptações arquitetônicas musculares ocorrendo mais rapidamente em
treinamentos de força explosiva. Entretanto estas pequenas mudanças iniciais
podem não ser sempre detectadas e podem depender da caracteristicas de força-
velocidade dos exercicios. Os achados da melhora da espessura msucular do VL e
48
do comprimento do fascículo em apenas 4 semanas de treinamento de potência é
diferente das adaptações da arquitetura muscular que ocorreram quando ações
isométricas de ciclo curto foram aplicadas. Assim sendo, as atuais alterações
sugerem uma rápida estimulação de ambos os mecanismos adaptacionais em
adição dos sarcomeros em paralelo e em série. Os aumentos no comprimento do
fasciculo afetam a capacidade muscular da relação comprimento-força e força
velocidade, e ainda mais reduzem o risco de lesão durante contrações explosivas.
Vale notar que as maiores diferenças significativas quanto ao comprimento do
fasciculo e espessura muscular do VL ocorreram após o mesociclo TP. Entretanto as
mudanças percentuais indicam que ambos modelos periodicos são igualmente
adeptos em melhorar as dimensões da arquitetura muscular. Sugere-se que as
caracteristicas de força-velocidade dos exercicios podem agir como elemento chave
para as adaptações da arquitetura muscular durante periodos de treinamento de
curto prazo, ao invés da periodização.
Ganhos de força durante as primeiras semanas esta mais atribuida as
alterações neurais, estudos sugerem que o DUP pode exercer maios estresse no
sistema muscular comparado ao TP, induzindo a ganhos neurais mais rápidos.
Entretanto há uma falta de estudos examinando estas hipóteses com resultados
neurais. Mesmo não mostrando diferença significativa, o EMG voluntário máximo do
Quadriceps apresentou melhoras medianas de aproximadamente 13% (TP) e 11%
(DUP). Como esperado em relação a atletas não treinados, estes valores foram
menores, devido a treinabilidade dos individuos. Treinamento de força induziu
ganhos na superfície EMG sendo atribuidos as adaptaçõs do recrutamento de
motoneuronios, frequencia de disparo e sincronização das unidades motoras. Os
resultados indicaram que alterações moderadas neurais e na arquitetura muscular
podem ocorrerm durante periodos de treinamento de força a curto prazo em atletas
adolescentes experientes. Importante notar que esses ganhos não foram afetados
pelo modelo de periodização, o que é suportado por outros estudos prévios.
Para finalizar a discussão o artigo mostra que pelo trabalho usar uma
abordagem longitudinal cruzada, influencias do primeiro mesociclo de treinamento
podem ter ocorrido no segundo mesociclo. Entretanto os testes Wilcoxon não
detectaram efeitos de transição entre os dois mesociclos comparados que foram
separados por 7 semanas de um periodo de férias. Modelos cruzados são
recomendados para superar o viés de seleção de amostras pequenas que são
49
caractezizadas por estudos com atletas de elite. Vale notar que o controle das
caracteristicas mecano-biologicas do exercicio podem ser limitadas durante a
execução de exercicios com peso livre e que o volume total de treinamento foi 7%
amior durante o periodo de DUP. As variações técnicas da execução de exercicios
com pesos livres podem afetar as estratégias de ativação subjacentes, relações com
comprimento-força e força-velocidade. Não foi conseguido igualar a carga total de
treinamento, mas as zonas de intensidade e número de repetições durante os
períodos de treinamento foram semelhantes. Como não foram detectados resultados
superiores durante o período DUP, isto pode ser considerado como uma limitação
menor do estudo. Finalmente, os cálculos para os ajustes de tamanho da amostra,
mostraram que mais atletas teriam sido necessários para expor efeitos pequenos a
moderados de periodização. No entanto, como as alterações temporais para a
maioria dos resultados foram bastante semelhantes em ambos os períodos de
treinamento, isso pode ser considerado como uma limitação menor.
Concluindo, para atletas adolescentes de judô, tanto modelos TP ou DUP
foram praticamente iguais em provocar alterações a curto prazo nas questões
avaliadas. Os resultados podem indicar que a caracteristicas de força-velocidade
dos exercicios atua como elemento chave para adaptações musculares rápidas em
periodos curtos de treinamento, ao invés da periodização. São necessários mais
estudos comparando modelos de periodização em atletas adolescentes em regimes
de treinamento mais longos para estender os achados.
50
ARTIGO ORIGINAL 3
A comparison of traditional and block periodized strength training programs in
trained athletes
BARTOLOMEI, S, HOFFMAN, JR,MERNI, F, AND STOUT, JR. A comparison of
traditional and block periodized strength training programs in trained athletes. J
Strength Cond Res v. 28, n.4, pp. 990–997, 2014.
Introdução
A periodização do treinamento, que é a distribuição planejada das cargas de
trabalho para impedir a estagnação da melhora do desempenho esportivo, vem
sendo usada no treinamento de atletas de elite com o passar das décadas.
Cientistas do esporte que trabalham com esportes de força e potência, têm sido os
pioneiros em adotar a periodização para ajudar os atletas a chegarem em seu nível
máximo de desempenho nas competições. Porém, ainda que ajam muitos livros e
artigos científicos promovendo a importância do treinamento periodizado, existe
apenas um limitado número de estudos experimentais comparando os modelos mais
comumente usados: a periodização tradicional (TP) e a periodização em blocos
(BP).
O modelo tradicional, também chamado de linear, proposto por Matveev tem
sido usado por vários anos com atletas de nível amador à elite. Neste modelo o a
carga de treino do macrociclo flutua de um alto volume com intensidade baixa, para
um baixo volume para intensidade alta. Essa relação inversa é vista também nos
mesociclos. Porém a descrição inicial das alterações de volume e intensidade no
seu modelo não são claras.
A periodização em blocos é baseada na distribuição da carga de
treinamento com concentrados estímulos de treinamento focados no aspecto
específico do desempenho, modelo este proposto por Verkhoshanski, que adotou o
conceito da periodização por etapas (tipo escada) de Vorobiev. Verkhoshanski
contradiz a visão de Matveev para ajustar o treinamento de acordo com as
demandas esportivas da época, devido ao aumento de competições. A periodização
em blocos é caracterizada por mesociclo de acumulação, o qual foca em hipertrofia
51
muscular, seguido pelo de transformação, onde o foco é no desenvolvimento da
força máxima, e por fim o bloco de realização, que são desenvolvidas as
características de potência e força explosiva. Os benefícios desse sistema de
treinamento são atribuídos ao Modelo de Seqüenciamento Conjugado, que quer
dizer que as adaptações de cada ciclo de treinamento contribuem para os ganhos
nos ciclos de treinamento subsequentes.
Existem vários estudos comparando os modelos, mas poucos determinam a
superioridade de um modelo sobre o outro. Considerando a falta de estudos
comparandos ambos os modelos de periodização, a proposta apresentada é
comparar os efeitos do modelo tradicional contra o modelo em blocos, em razão das
repostas na força máxima e na potência de indivíduos altamente treinados.
Métodos
Os participantes eram homens com experiencia em treinamento de força que
haviam treinado pelo menos 3 vezes na semana por mais de 3 anos. Todos os
participantes foram atletas de força e potência competindo em atletismo (provas de
lançamento) ou em rugby e futebol americano nas ligas italianas. Os sujeitos
realizariam programas de treinamento com 15 semanas de duração, sendo eles
ramdomicamente deginados a 2 grupos: Grupo 1 (n = 14; idade = 24.2 ± 3.1 anos;
massa corporal = 78.5 ± 11.0 kg; altura = 177.6 ± 4.9 cm) designado ao programa
BP, e Grupo 2 (n = 10; idade = 26.2 ± 6.0 anos; massa corporal = 80.5 ± 13.3 kg;
altura = 179.2 ±
4.6 cm) designado ao programa TP.
Todos os participantes foram avaliados quanto a: força máxima isométrica na
posição de meio agachamento, uma repetição máxima (1RM) no supino; Potência
de membros inferiores através do Salto Agachado (SJ) e Salto com
contramovimento (CMJ), Potência de membros superiores através de Pico de
potência no supino e curva de força-velocidade; E medidas antropométricas de
massa e composição corporal. Sendo estes testes realizados antes e depois do
programa de treinamento.
Os protocolos de treinamento consistiam em 15 semanas de duração para
cada grupo, sendo que todos os participantes realizavam treinos 4 vezes na
semana, e os exercícios eram os mesmos para ambos os grupos, apenas
52
diferenciando na intensidade (percentual do RM) e volume (número de repetições x
número de séries). Os indivíduos eram encorajados a aumentar a resistência usada
se eles alcançassem o número máximo de repetições desejadas por 2 sessões
consecutivas.
O programa TP consistia de 3 mesosciclos de 5 semanas com diminuição do
volume e aumento da intensidade, progredindo de hipertrofia, para força, para
potência. Como o participante progrediu de um mesociclo para o próximo, a
intensidade era aumentada, com um volume mais baixo que o mesociclo anterior.
Na primeira semana de cada mesociclo os atletas tinham de realizar 5 séries de 8-
10 repetições em 65%-75% de 1RM, com 2 minutos de recuperação entre séries. Na
segunda semana eram 5 séries de 5-6 repetições em 75-85% de 1RM. Na terceira
semana, 5 séries de 3-4 repetições em 85%-95% de 1RM com 3 minutos de
recuperação entre séries. Durante a quarta semana, o foco veio a ser a potência,
com a carga caindo a 50-60% de 1RM e recuperação completa entre as séries. A
quinta e última semana de cada mesociclo era dedicada à recuperação e avaliação
com apenas 2 treinos com cargas leves.
O programa BP consistiu também de 3 mesociclos de 5 semanas cada,
sendo o primeiro bloco caracterizado por um volume alto com intensidade baixa, o
que estabelece a fase de acumulação e foca no desenvolvimento de hipertrofia
muscular. Nos mesociclos seguintes, o foco foi para a força máxima e potência
máxima. Durante a primeira fase de treinamento os participantes usaram cargas
entre 65%-75% de 1RM (6-10 Repetições máximas[RM]). Durante o mesociclo de
força, 80-95% de 1RM com baixas repetições (1-6 RM). E no mesociclo de potência,
as cargas caiam para 50-65% de 1RM com recuperação completa e contração com
máxima velocidade.
As avaliações do desempenho foram através de medidas de força, potência
e antropometria anteriormente ao início do programa (PRE) e após 15 semanas de
treinamento (POST). Todas as avaliações de força deveriam ser avaliadas antes das
avaliações de potência. Durante cada sessão teste, os participantes realizaram
esforço máximo isométrico em posição de meio agachamento em um dinamômetro
isométrico. O teste foi conduzido através de uma máquina “Smith” (Barra Guiada)
com a barra fixa e flexão do joelho em 90º. A força máxima de membros superiores
foi avaliada através do teste de 1RM do Supino, usando o mesmo equipamento,
onde os participantes moviam a barra até o meio do peito e pressionavam a barra
53
até a completa extensão dos cotovelos. O teste de 1RM foi realizado usando um
método de incremento de peso iniciando em 30kg e continuando até a falha com
aumentos de 10kg, em cada tentativa apenas uma repetição era realizada. Durante
cada repetição, a produção de potência era medida e após a realização de 1RM a
curva de força-potência era construída, sendo a área abaixo da curva (AUC)
calculada por uma técnica trapezoidal padrão. Um encoder óptico foi usado para ter
acesso aos valores de potência. O pico de potência e o percentual de 1RM que
revelaram a potência máxima também foram calculados. Coeficientes intraclasse
foram 0.95 para 1RM de supino e 1RM de agachamento.
O SJ e o CMJ foram utilizados para avaliar a potência de membros
inferiores, através de um tapete de contato. Para o SJ cada participante iniciava na
posição agachada, com as mãos nos quadris e deveria realizar a máxima altura de
cada salto, enquanto tendo um mínimo de tempo de contato com o tapete. A altura
do salto era calculada pelo tempo de voo gravado pelo computador. Para o CMJ a
metodologia foi similar, porém o participante começava em posição ereta e realizava
um meio agachamento para então saltar. Cada participante realizou 3 saltos para
ambos SJ e CMJ. Coeficientes intraclasse foram de 0.87 para SJ e 0.89 para CMJ.
As medidas antropométricas incluíam altura, massa corporal e composição
corporal em relação ao percentual de gordura. A massa corporal foi medida com
aproximação de 0.1kg. Percentual de gordura através de um plicômetro com o
método de Jackson e Pollock.
Para análise estatística, o teste de Kolmogorov-Smirnov foi usado para a
distribuição dos dados, sendo estatisticamente analisados usando um grupo (TP x
BP) pelo tempo (PRE x POST) através da análise de variância de medidas
repetidas. Valor de significância foi estabelecido como p ≤ 0.05. Quando apropriado,
a mudança percentual foi calculada por (Média POST – Média PRE) / (Média PRE) x
100. As inferências qualitativas baseadas nas mudanças quantitativas foram
avaliadas como: <1% “quase certeza que não”; 1-5% “muito improvável”; 5-25%
“improvável”; 25-75% “possível”; 75-95% “provável” e >99% “quase certeza”.
Resultados
Não houveram diferenças significativas através de tempo ou grupo, e sem
interações significativas notadas para potência e força das medições em membros
54
superiores e inferiores. A análise de magnitude-base indicou mudanças no 1RM do
supino (62.7%) e potência máxima de saída (60.5%) sendo “possível positiva” para o
grupo BP comparado ao TP. O percentual de 1rm correspondente à máxima
potência de saída diminuiu para BP, enquanto aumentou para TP. As diferenças
entre os grupos foram “provável positiva” (92.8%). As inferências de magnitude-base
comparando AUC para máximo desempenho de potência entre 40% e 100% do
desempenho máximo do Supino também apresentou melhoras como “provável
positiva” (79.8%) do grupo BP comparado ao TP. A mudança nos valores da AUC no
grupo BP sugere que a mudança para cima da curva de força-potência é devida ao
programa de treinamento. A força máxima isométrica do agachamento revelou uma
diferença “provável trivial” (85.9%) nos atletas dos grupos BP e TP, em relação do
PRE para o POST, uma “possível trivial” relação entre os grupos para o SJ (57.5%)
e uma “não clara” diferença para o CMJ (66.7%).
Quanto as mudanças antropométricas não houveram diferenças entre o
PRE e o POST e nem interações significantes entre os grupos para as medições da
massa livre de gordura e massa de gordura durante as 15 semanas de treinamento.
Discussão
Os resultados do estudo indicam que um programa de treino de 15
semanas usando um modelo BP promove um melhor ganho de força e potência no
Supino em comparação ao modelo TP. Entretanto não foram detectadas diferenças
para o desempenho dos membros inferiores e composição corporal. Ambos os
modelos incorporaram a mesma carga total levantada, portanto as diferenças
observadas são provavelmente associadas com a manipulação das intensidades de
treinamento nos diferentes mesociclos.
A relação entre força e potência é um componente fundamental nos
esportes, e o seu aumento pode levar a melhora do desempenho específico
esportivo do atleta. Uma grande variedade de fatores neuromusculares tem sido
reportada para contribuir com a alta produção de potência, incluindo o recrutamento
de unidades motoras, taxa de codificação e sincronização. A relação temporal de
proximidade entre as sessões de potência, força máxima ou hipertrofia no grupo TP
pode ter diminuído a habilidade dos atletas de otimizar a potência devido a fadiga, o
que pode potencialmente ter limitado o aumento da potência observado no TP.
55
Neste estudo ambos grupos se mantiveram em valores de 50% e 61% 1RM
para o desenvolvimento da potência. Durante as 15 semanas, a redução do
percentual que corresponde à potência máxima no supino ocorreu no grupo BP,
porém não no grupo TP. Sujeitos mais fortes apresentam maior produção máxima
de potência em percentuais menores de carga, o que comparado a sujeitos mais
fracos não se apresenta da mesma forma. Isto pode ser influenciado pelo tipo de
exercício, nível de força do atleta e fase do treinamento, uma redução na carga
utilizada pode significar uma contração muscular mais rápida e um recrutamento
precoce de alto limiar na unidade motora. Este efeito pode aumentar a taxa de
produção de força, onde cargas ótimas podem mudar para uma menor percentagem
de 1RM durante as fases com ênfase na velocidade orientada do treinamento. No
grupo TP as cargas de trabalho para potência foram distribuidas ao fim de cada
mesociclo, diferentemente do BP que a ultima fase foi completamente dedicada as
cargas de trabalho de potência, razão esta do grupo TP ter produzido menores
resultados, devido ao estimulo não ser suficiente para uma adaptação neurológica
específica.
As limitações das melhoras tanto no agachamento quanto nos saltos se
devem a falta de exercícios pliométricos nas rotinas de treinamento de ambos os
programas, sendo o treino de membros inferiores apenas uma vez na semana. Isso
mostra que a frequência de treinamento faz papel importante em atletas treinados. A
não melhora da força nos membros inferiores também pode ser reflexo da não
especificidade entre os exercícios usados no programa e aqueles e quais foram
avaliados, já mostrado em estudos que avaliar o desenvolvimento da força de uma
forma não específica do que foi treinada, não irá refletir nas magnitudes das
melhorias da força.
Nenhuma mudança foi notada em relação a composição corporal nos
modelos de treinamento, o que vai de encontro com outros estudos, considerando
que a composição corporal dos atletas já era magra, não foi um resultado
inesperado.
Aplicações práticas
Os resultados do estudos indicam que o modelo BP pode ser mais benéfico
que o o TP durante um programa de treinamento de 15 semanas, com enfase na
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força e potência de membros superiores em atletas treinados e com experiencia em
treinamento resistido. Não houveram diferenças de vantagem entre os modelos para
os resultados de membros inferiores. Este modelo pode ser superior para atletas
participando em esportes caracterizados por contrações musculares muito rápidas,
como lançamento de dardo, de disco e eventos de atletismo.