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Fronteiras:
Journal
of
Social,
Technological
and
Environmental
Science
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http://periodicos.unievangelica.edu.br/fronteiras/
v.7, n.2, mai.-ago. 2018 • p. 324-346. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p324-346 • ISSN 2238-8869
324
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma
Meta-Análise com Ênfase nas Espécies
Ameaçadas
Fábio José Viana Costa 1
Renata Esteves Ribeiro 2
Carla Albuquerque de Souza 3
Rodrigo Diana Navarro 4
RESUMO
O tráfico de animais é uma ameaça à biodiversidade. Aproximadamente 82% dos animais
contrabandeados são aves. Objetivou-se elaborar uma lista das espécies de aves traficadas no Brasil,
evidenciando espécies ameaçadas. Para a busca de artigos foram utilizadas as bases de dados Web of
Science e Google Scholar. Foram encontradas 45 publicações e 343 espécies oriundas do tráfico de
animais. A ordem com maior riqueza é a dos Passeriformes, seguida pelos Psittaciformes. A família
Thraupidae apresentou-se expressiva. 29 espécies possuem algum nível de ameaça: seis criticamente em
perigo, cinco em perigo e 18 vulneráveis. Ações prioritárias para reduzir o impacto da atividade ilegal
sobre essas espécies devem ser priorizadas. A identificação das espécies deve ser feita de modo
criterioso, devem ser criados programas específicos para destinação das espécies ameaçadas e utilizadas
metodologias genéticas e isótopos estáveis como ferramenta no combate ao tráfico. Educação
ambiental e penas mais severas também são recomendadas.
Palavras-Chave: Tráfico de Animais; Impactos à Fauna; Conservação.
1 Mestrado em Biologia Animal pela Universidade de Brasília, UNB, Brasil. Departamento de Polícia Federal, DPF, Brasil.
mr.f.bio@gmail.com
2 Graduação em Agronomia pela Universidade de Brasília, UNB, Brasil. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
do DF, EMATER/DF, Brasil. renataeribeiro@hotmail.com
3 Doutorado em andamento em Ciências Ambientais pela Universidade de Brasília, UnB, Brasil. Secretaria de Estado de
Educação do Distrito Federal, SEDF, Brasil. carla.biologia@gmail.com
4 Doutorado em Zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil. Docente na Universidade de Brasília,
UnB, Brasil. navarrounb@gmail.com
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
Fábio José Viana Costa; Renata Esteves Ribeiro; Carla Albuquerque de Souza;
Rodrigo Diana Navarro
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325
tualmente, os impactos antrópicos têm levado à rápida perda de biodiversidade, causando
desequilíbrios ecológicos em todo o mundo (Steffen et al. 2015). Sendo assim, as taxas
recentes de perda de espécies são elevadas se comparadas a períodos geológicos passados
(Ceballos et al. 2015).
Além da perda e degradação de habitats, as espécies são afetadas por impactos diretos como a
retirada de animais da natureza. Assim, como no resto do mundo, o tráfico de animais no Brasil
continua a ser uma ameaça à biodiversidade. Fontes internacionais estimam valores de cerca de 15 a 26
bilhões de dólares para o tráfico mundial, incluindo animais silvestres, pesca e madeira ilegais (Wyler &
Sheikh 2010; Haken 2011). No Brasil, valores recentes demonstram que o volume de animais
comercializados ilegalmente é elevado: mercado estimado em 630 mil dólares ao ano somente na cidade
de Recife/PE; média de 44.051 espécimes ao ano recebidos em Centros de Triagem de Animais
Silvestres – CETAS – de todo o país entre os anos de 2002 a 2008 (Destro et al. 2012; Regueira &
Bernard 2012).
A expressão “tráfico de animais silvestres” tem sido utilizada extensivamente na literatura
brasileira englobando ilegalidades relacionadas ao comércio, transporte e manutenção em cativeiro, e às
vezes caça, de qualquer espécie animal pertencente à fauna nativa (Sick 1997; Pinho & Nogueira 2000;
RENCTAS 2001).
Segundo dados do Ibama (Brasil 2002), aproximadamente 82% dos animais contrabandeados
são aves. Sugere-se que a rota do tráfico desses animais no Brasil siga do Norte para o Sul, sendo os
estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste os principais fornecedores de fauna do território
nacional, e os estados das regiões mais ricas do Sul e Sudeste do país os principais consumidores de
onde os animais são exportados para outros países (RENCTAS 2001) ou desviados para suprir o
comércio interno.
Já é consolidado na literatura que as espécies de aves mais almejadas pelo tráfico no Brasil são,
em especial, os Passeriformes (Alves et al. 2013b). Eles têm sido sempre de grande interesse para as
pessoas devido às suas cores fortes e repertório vocal (Alves et al. 2010), além de possuir preço menor
no mercado negro em relação aos demais animais e poder ser transportados em locais pequenos,
dissimulados (SEMA/PMA-SP 2006).
A massiva retirada desses animais de seus habitats causa um importante impacto às
populações de aves no Brasil. Diversos estudos apresentam uma ampla gama de espécies traficadas,
algumas com números expressivos (Destro et al. 201; Regueira & Bernard 2012; Alves et al. 2013a). A
A
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intensidade da retirada de animais da natureza pode variar de acordo com o táxon, sendo que alguns
são preferidos para criação em cativeiro. Entender a demanda do mercado por pássaros de estimação
pode ajudar a entender como o tráfico de animais contribui para impactar as populações naturais.
Em alguns relatos de apreensões ou de comércio ilegal de animais no Brasil, a presença de
espécies ameaçadas ocorre em menor número e nem sempre é tão evidente. No entanto, mesmo a
presença de poucos indivíduos ameaçados nesta prática ilegal já seria relevante em decorrência da
situação crítica dessas espécies na natureza. A raridade pode ser um fator atrativo por tornar os
indivíduos raros mais valiosos e exclusivos para colecionadores. Por outro lado, evidências mostram
que, dentre os Passeriformes, variáveis relacionadas ao canto do animal podem ser mais importantes em
determinar o valor da ave comercializada do que a sua raridade (Regueira & Bernard 2012) e a escolha
de algumas aves poderia se dar em decorrência de sua maior abundância na natureza (Costa 2017).
A lista de espécies ameaçadas no Brasil foi reeditada em 2014 (Brasil 2014a) de forma que
podem haver espécies consideradas ameaçadas hoje em dia e que sofreram e ainda sofrem impacto da
atividade ilegal. A identificação desse impacto seria importante para planejar ações para a sua
preservação.
O governo brasileiro, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), organiza ações de conservação às espécies ameaçadas, estabelecendo, em conjunto com
representantes da sociedade civil, metas e ações no âmbito da conservação, que são reunidos em
documentos denominados de Plano de Ação Nacional – PAN (Brasil 2012). Nos PAN das Aves
Ameaçadas do Cerrado e do Pantanal e no PAN das Aves Ameaçadas da Mata Atlântica o tráfico de
animais foi identificado como ameaça e são propostas ações para minimizá-lo. Uma delas refere-se ao
levantamento da pressão do tráfico às espécies ameaçadas de Passeriformes e de Psitacídeos dos dois
Biomas (Brasil 2014b).
O foco nas espécies ameaçadas mais impactadas pelo tráfico de animais pode ser útil por
tornar possível a utilização de informações biológicas individualizadas de cada espécie para esclarecer
aspectos da atividade ilegal. Pode-se citar, por exemplo, a apreensão de aves fora de sua área de
distribuição, o que seria sugestivo de seu deslocamento em razão da ação humana e que poderia resultar
na prospecção de rotas de tráfico. Além disso, seria possível utilizar dados da distribuição natural da
espécie para prospectar áreas-fonte e programar ações de prevenção ou de repressão à retirada ilegal de
animais.
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Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é elaborar uma lista com as espécies de aves utilizadas
no tráfico de animais no Brasil por meio de meta-análise de publicações, evidenciando as espécies
ameaçadas. Em conjunto com dados biológicos das espécies levantadas, procuramos determinar quais
seriam as mais impactadas pela atividade ilegal e os principais focos de utilização dessas espécies.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo consiste numa meta-análise de publicações referentes ao tráfico de animais
(entregas voluntárias, apreensões, resgates, visualizações de animais sendo comercializados,
transportados irregularmente ou mantidos como animais de estimação, entrevistas com usuários da
fauna), suas respectivas frequências de citação de espécies nos artigos e números de indivíduos
(espécimes) registrados na literatura consultada, quando registrado, com a intenção de elaborar uma
listagem. Vale ressaltar que vários artigos trouxeram apenas a avaliação qualitativa (presença e ausência
de espécies) ao invés da avaliação quantitativa (como, por exemplo, o número de animais apreendidos
de determinada espécie). Todos esses artigos foram utilizados na confecção da listagem de espécies e
por esse motivo, esse número está subestimado. Os registros com classificação taxonômica incompleta
(não chegando em nível de espécie) não foram considerados neste estudo.
Para a busca de artigos foram utilizadas as bases de dados Web of Science e Google Scholar,
além das referências citadas nos artigos analisados. Levando em consideração que a Lei de Crimes
Ambientais (Brasil 1998) entrou em vigor no ano de 1998, apenas os dados posteriores a esse ano
foram analisados.
A nomenclatura de espécies utilizada nesse trabalho segue o proposto por Remsen et al.
(2016). Espécies que mudaram de nome ou classificação foram alteradas seguindo esses autores.
Espécies da avifauna brasileira encontradas nesse estudo e seu grau de risco de extinção foram
classificadas conforme Portaria MMA nº 444 (Brasil 2014a).
RESULTADOS
Foram analisadas 45 publicações e 343 espécies de pássaros oriundas do tráfico de animais em
diversos cenários, como entregas voluntárias, apreensões, resgates, visualizações de animais sendo
comercializados, transportados irregularmente ou mantidos como animais de estimação e entrevistas
com usuários da fauna (Tabela 01). Estas espécies, por sua vez, pertencem a 209 gêneros, 56 famílias e
26 ordens.
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Rodrigo Diana Navarro
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328
Tabela
01.
Espécies
da
avifauna
brasileira
e
exótica
oriundas
do
tráfico
de
animais
por
meio
de
meta-análise da literatura científica.
Ordem Família Espécie
Nº
artigos
citados
Nº
espécimes Ameaça
Accipitriformes
Accipitridae
Chondrohierax
uncinatus
1
Elanoides
forficatus
1
Elanus
leucurus
2
2
Gampsonyx
swainsonii
1
Geranoaetus
albicaudatus
1
3
Harpia
harpyja
1
S
Leptodon
cayanensis
1
1
Pseudastur
albicollis
1
5
Rostrhamus
sociabilis
1
3
Rupornis
magnirostris
8
41
Anseriformes
Anatidae
Amazonetta
brasiliensis
6
42
Anas
platyrhynchos
1
Anas
versicolor
1
10
Cairina
moschata
2
27
Dendrocygna
autumnalis
2
679
Dendrocygna
bicolor
2
9
Dendrocygna
viduata
9
448
Netta
peposaca
1
1
Anhimidae
Chauna
torquata
1
2
Apodiformes
Trochilidae
Amazilia
versicolor
1
1
Calliphlox
amethystina
1
6
Eupetomena
macroura
2
3
Lophornis
magnificus
1
1
Caprimulgiformes
Caprimulgidae
Chordeiles
acutipennis
1
2
Chordeiles
pusillus
1
4
Hydropsalis
torquata
1
2
Nyctidromus
albicollis
3
4
Nyctipolus
hirundinaceus
1
Cariamiformes
Cariamidae
Cariama
cristata
9
27
Cathartiformes
Cathartidae
Coragyps
atratus
1
1
Charadriiformes
Charadriidae
Vanellus
chilensis
5
9
Jac
anidae
Jacana
jacana
3
97
Laridae
Anous
stolidus
1
3
Sturnella
superciliaris
3
6
Rynchopidae
Rynchops
niger
1
1
Ciconiiformes
Ciconiidae
Jabiru
mycteria
1
5
Columbiformes
Columbidae
Claravis
pretiosa
1
Columba
livia
3
25
Columbina
minuta
3
3
Columbina
passerina
4
5
Columbina
picui
6
34
Columbina
squammata
10
142
Columbina
talpacoti
13
337
Leptotila
rufaxilla
2
8
Leptotila
verreauxi
10
32
Patagioenas
cayennensis
1
7
Patagioenas
picazuro
2
24
Patagioenas
plumbea
1
7
Patagioenas
speciosa
1
1
Streptopelia
decaocto
1
7
Streptopelia
risoria
1
204
Zenaida
auriculata
8
88
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329
Coraciiformes
Alcedinidae
Chloroceryle
aenea
1
Megaceryle
torquata
1
1
Cuculiformes
Cuculidae
Coccyzuz
minor
1
1
Crotophaga
ani
3
1
Piaya
cayana
1
3
Falconiformes
Falconidae
Caracara
plancus
5
16
Falco
femoralis
1
1
Falco
peregrinus
2
1
Falco
rufigularis
1
Falco
sparverius
4
14
Herpetotheres
cachinnans
1
Micrastur
semitorquatus
1
2
Milvago
chimachima
2
4
Milvago
chimango
1
1
Galliformes
Cracidae
Crax
blumenbachii
1
5
S
Crax
fasciolata
3
31
S
Ortalis
guttata
2
5
Penelope
jacquacu
1
7
Penelope
obscura
4
30
Penelope
superciliaris
5
22
Pipile
jacutinga
1
2
Gruiformes
Heliornithidae
Heliornis
fulica
1
Rallidae
Aramides
cajaneus
2
5
Gallinula
galeata
3
8
Laterallus
melanophaius
1
1
Pardirallus
maculatus
2
8
Pardirallus
nigricans
1
1
Porphyrio
martinica
3
6
Rallus
longirostris
1
1
Nyctibiiformes
Nyctibiidae
Nyctibius
griseus
3
1
Passeriformes
Cardinalidae
Amaurospiza
moesta
2
2
Cyanoloxia
brissonii
27
8374
Cyanoloxia
cyanoides
1
11
Cyanoloxia
glaucocaerulea
1
21
Piranga
flava
2
2
Conopophagidae
Conopophaga
lineata
1
18
Corvidae
Cyanocorax
caeruleus
2
9
Cyanocorax
chrysops
2
19
Cyanocorax
cristatellus
1
1
Cotingidae
Carpornis
cucullata
1
2
Cotinga
cotinga
1
Procnias
averano
3
1
Procnias
nudicollis
8
67
Rupicola
rupicola
1
27
Emberizidae
Ammodramus
aurifrons
1
Ammodramus
humeralis
1
Arremon
taciturnus
4
11
Zonothrichia
capensis
17
1346
Estrildidae
Estrilda
astrild
14
766
Lonchura
striata
1
1
Fringillidae
Chlorophonia
cyanea
3
18
Euphonia
chalybea
1
12
Euphonia
chlorotica
12
43
Euphonia
laniirostris
2
11
Euphonia
violacea
15
123
Serinus
canaria
1
3
Serinus
mozambicus
10
Spinus
magellanicus
14
1693
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330
Spinus
yarrellii
15
161
S
Furnariidae
Anumbius
annumbi
1
25
Pseudoseisura
cristata
2
1
Hirundinidae
Pygochelidon
cyanoleuca
1
1
Icteridae
Agelaioides
badius
1
8
Agelaioides
fringillarius
2
4
Agelasticus
cyanopus
1
1
Agelasticus
thilius
2
33
Amblyramphus
holosericeus
1
6
Anumara
forbesi
1
2
Cacicus
cela
5
9
Cacicus
chrysopterus
1
10
Cacicus
haemorrhous
3
9
Cacicus
solitarius
4
6
Chrysomus
ruficapillus
14
350
Gnorimopsar
chopi
21
3516
Icterus
cayanensis
3
13
Icterus
icterus
2
29
Icterus
jamacaii
14
210
Icterus
pyrrhopterus
3
16
Molothrus
bonariensis
12
204
Molothrus
oryzivorus
4
170
Psarocolius
decumanus
3
4
Pseudoleistes
virescens
2
8
Incertae
Sedis
Mitrospingus
oleagineus
1
1
Mimidae
Mimus
gilvus
3
Mimus
saturninus
6
12
Mimus
triurus
1
3
Parulidae
Basileuterus
culicivorus
1
5
Setophaga
pitiayumi
1
2
Passeridae
Passer
domesticus
5
25
Pipridae
Antilophia
galeata
1
1
Ceratopipra
rubrocapilla
1
Chiroxiphia
caudata
3
35
Chiroxiphia
pareola
1
Pipra
fasciicauda
1
Thraupidae
Catamenia
homochroa
1
3
Charitospiza
eucosma
1
3
Chlorophanes
spiza
1
1
Cissopis
leverianus
2
5
Coereba
flaveola
7
59
Compsothraupis
loricata
4
88
Conothraupis
speculigera
1
3
Coryphospingus
cucullatus
6
875
Coryphospingus
pileatus
9
691
Cyanerpes
cyaneus
2
11
Dacnis
cayana
7
42
Embernagra
longicauda
1
1
Embernagra
platensis
1
1
Gubernatrix
cristata
3
12
S
Haplospiza
unicolor
2
2
Hemithraupis
guira
1
Orchesticus
abeillei
2
10
Paroaria
capitata
1
1
Paroaria
coronata
11
2346
Paroaria
dominicana
24
3241
Pipraeidea
bonariensis
1
3
Pipraeidea
melanonota
1
13
Poospiza
nigrorufa
1
14
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331
Porphyrospiza
caerulescens
1
6
Ramphocelus
bresilius
13
306
Saltator
atricollis
7
48
Saltator
aurantiirostris
1
19
Saltator
coerulescens
1
4
Saltator
fuliginosus
8
64
Saltator
grossus
1
10
Saltator
maxillosus
2
49
Saltator
maximus
3
9
Saltator
similis
15
5242
Schistochlamys
melanopis
1
1
Schistochlamys
ruficapillus
3
2
Sicalis
columbiana
1
2
Sicalis
flaveola
25
20185
Sicalis
luteola
6
55
Sporophila
albogularis
19
936
Sporophila
angolensis
23
6299
Sporophila
bouvreuil
13
346
Sporophila
bouvronides
1
3
Sporophila
caerulencens
18
7566
Sporophila
collaris
5
203
Sporophila
falcirostris
3
185
S
Sporophila
frontalis
7
1384
S
Sporophila
leucoptera
11
4
Sporophila
lineola
22
1088
Sporophila
maximiliani
10
866
S
Sporophila
melanogaster
1
33
S
Sporophila
minuta
1
3
Sporophila
nigricollis
18
1882
Sporophila
palustris
1
7
S
Sporophila
plumbea
8
123
Sporophila
ruficollis
1
1
S
Sporophila
schistacea
2
3
Stephanophorus
diadematus
4
141
Tachyphonus
coronatus
6
99
Tachyphonus
rufus
4
14
Tangara
cayana
6
36
Tangara
cyanocephala
3
1
S
Tangara
fastuosa
6
78
S
Tangara
mexicana
1
5
Tangara
nigrocincta
1
5
Tangara
palmeri
2
Tangara
seledon
2
2
Thraupis
episcopus
1
4
Thraupis
ornata
1
7
Thraupis
palmarum
4
29
Thraupis
sayaca
14
323
Tiaris
fuliginosus
1
Volatinia
jacarina
18
975
Troglodytidae
Campylorhynchus
turdinus
1
45
Cistothorus
platensis
1
2
Troglodytes
aedon
1
12
Turdidae
Turdus
albicollis
5
81
Turdus
amaurochalinus
11
33
Turdus
flavipes
3
43
Turdus
fumigatus
5
39
Turdus
leucomelas
9
112
Turdus
nigriceps
1
2
Turdus
rufiventris
22
708
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
Fábio José Viana Costa; Renata Esteves Ribeiro; Carla Albuquerque de Souza;
Rodrigo Diana Navarro
Fronteiras:
Journal
of
Social,
Technological
and
Environmental
Science
•
http://periodicos.unievangelica.edu.br/fronteiras/
v.7, n.2, mai.-ago. 2018 • p. 324-346. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p324-346 • ISSN 2238-8869
332
Tyrannidae
Fluvicola
nengeta
1
Hirundinea
ferruginea
1
Knipolegus
lophotes
1
1
Megarynchus
pitangua
1
3
Pitangus
sulphuratus
13
68
Pyrocephalus
rubinus
1
3
Tyrannus
melancholicus
1
2
Vireonidae
Cyclarhis
gujanensis
2
1
Pelecaniformes
Ardeidae
Ardea
alba
1
Bubulcus
ibis
3
5
Butorides
striata
4
4
Cochlearius
cochlearius
2
2012
Ixobrychus
exilis
1
1
Tigrisoma
lineatum
1
2
Threskiornithidae
Eudocimus
ruber
1
10
Phoenicopteriformes
Phoenicopteridae
Phoenicopterus
chilensis
3
91
Phoenicopterus
ruber
1
5
Piciformes
Picidae
Colaptes
campestris
1
1
Colaptes
melanochloros
4
5
Dryocopus
lineatus
1
Melanerpes
candidus
2
17
Melanerpes
flavifrons
1
25
Ramphastidae
Pteroglossus
aracari
3
8
Pteroglossus
bailloni
2
12
Pteroglossus
inscriptus
2
1
Ramphastos
dicolorus
4
36
Ramphastos
toco
8
89
Ramphastos
tucanus
1
2
Ramphastos
vitellinus
2
Selenidera
gouldii
1
S
Selenidera
maculirostris
1
20
Procellariiformes
Procellariidae
Ardenna
grisea
1
1
Procellariidae
Puffinus
puffinus
1
1
Psittaciformes
Cacatuidae
Nymphicus
hollandicus
2
2
Psittacidae
Alipiopsitta
xanthops
6
126
Amazona
aestiva
20
2510
Amazona
amazonica
10
138
Amazona
brasiliensis
1
1
Amazona
farinosa
4
41
Amazona
ochrocephala
3
14
Amazona
pretrei
3
27
Amazona
rhodocorytha
6
95
Amazona
tucumana
1
42
Amazona
vinacea
5
158
Anodorhynchus
hyacinthinus
7
26
Anodorhynchus
leari
2
4
Ara
ararauna
14
898
Ara
chloropterus
12
171
Ara
macao
6
11
Ara
militaris
1
2
Ara
rubrogenys
1
26
Ara
severus
3
83
Aratinga
auricapillus
3
61
Aratinga
jandaya
6
37
Aratinga
solstitialis
1
4
Aratinga
weddellii
1
48
Brotogeris
chiriri
7
1130
Brotogeris
tirica
2
34
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
Fábio José Viana Costa; Renata Esteves Ribeiro; Carla Albuquerque de Souza;
Rodrigo Diana Navarro
Fronteiras:
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Social,
Technological
and
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http://periodicos.unievangelica.edu.br/fronteiras/
v.7, n.2, mai.-ago. 2018 • p. 324-346. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p324-346 • ISSN 2238-8869
333
Deroptyus
accipitrinus
1
1
Diopsittaca
nobilis
7
121
Eupsittula
aurea
6
104
Eupsittula
cactorum
12
242
Forpus
xanthopterygius
14
1358
Graydidascalus
brachyurus
1
4
Guaruba
guarouba
3
38
S
Melopsittacus
undulatus
1
6
Myiopsitta
monachus
5
2088
Orthopsittaca
manilatus
3
3
Pionites
leucogaster
4
15
Pionites
melanocephala
1
1
Pionopsitta
pileata
4
26
Pionus
chalcopterus
1
2
Pionus
maximiliani
5
174
Pionus
menstruus
5
256
Primolius
auricollis
1
40
Primolius
maracana
8
139
Psittacara
leucophthalmus
9
381
Psittacara
mitratus
1
550
Psittacula
krameri
2
18
Psittacus
erithacus
1
10
Pyrrhura
cruentata
1
3
S
Pyrrhura
frontalis
2
14
Pyrrhura
gryseipectus
1
Pyrrhura
leucotis
1
15
S
Pyrrhura
molinae
2
161
Thectocercus
acuticaudatus
1
811
Trichoglossus
haematodus
1
17
Triclaria
malachitacea
4
27
Psittaculidae
Ecletus
roratus
solomonensis
1
22
Lorius
lory
1
12
Rheiformes
Rheidae
Rhea
americana
5
112
Sphenisciformes
Spheniscidae
Spheniscus
magellanicus
1
13
Strigiformes
Strigidae
Asio
clamator
4
5
Asio
stygius
1
2
Athene
cunicularia
6
21
Bubo
virginianus
1
Ciccaba
virgata
1
2
Glaucidium
brasilianum
1
17
Megascops
atricapilla
1
Megascops
choliba
7
32
Megascops
watsonii
1
2
Pulsatrix
perspicillata
1
1
S
Tytonidae
Tyto
alba
7
73
Suliformes
Fregatidae
Fregata
magnificens
1
2
Phalacrocoracidae
Phalacrocorax
brasilianus
1
Tinamiformes
Tinamidae
Crypturellus
noctivagus
2
6
S
Crypturellus
obsoletus
1
10
Crypturellus
parvirostris
4
18
Crypturellus
tataupa
2
Crypturellus
undulatus
1
6
Nothura
boraquira
3
16
Nothura
maculosa
2
91
Rhynchotus
rufescens
4
41
Tinamus
solitarius
2
16
Fonte:
Os
Autores.
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
Fábio José Viana Costa; Renata Esteves Ribeiro; Carla Albuquerque de Souza;
Rodrigo Diana Navarro
Fronteiras:
Journal
of
Social,
Technological
and
Environmental
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•
http://periodicos.unievangelica.edu.br/fronteiras/
v.7, n.2, mai.-ago. 2018 • p. 324-346. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p324-346 • ISSN 2238-8869
334
A ordem com maior riqueza é a dos Passeriformes que conta, sozinha, com 45,2% do total de
espécies traficadas (155 espécies). A segunda ordem com maior riqueza é a dos Psittaciformes,
contando com 16,6% do total de espécies traficadas (57 espécies). Essas duas ordens agrupam 61,8%
das espécies (212 espécies), enquanto as 24 ordens restantes agrupam 38,2% de espécies (131 espécies).
Dentre essas, foram relatadas seis ordens com apenas uma espécie (Cariamiformes, Cathartiformes,
Ciconiiformes, Nyctibiiformes, Rheiformes e Sphenisciformes).
Com relação às famílias, Thraupidae é mais expressiva nesse trabalho com 21,3% das espécies
traficadas, seguida por Psittacidae (15,7% das espécies) e Icteridae (5,8% da espécies). As outras 53
famílias englobam as 57,2% de espécies restantes, sendo que 19 famílias foram relatadas com apenas
uma espécie.
Dos 207 gêneros encontrados, o que possui maior variedade de espécies traficadas é o
Sporophila (18 espécies), seguido pelo Amazona (9 espécies) e pelo gênero Saltator (8 espécies). 144
gêneros possuem apenas uma espécie, enquanto os 63 gêneros restantes compreendem 58,02% das
espécies.
Dentre todos os artigos avaliados neste estudo, algumas espécies foram citadas em mais
publicações do que outras (Figura 01 e Tabela 01). Cyanoloxia brissonii (Azulão) foi a espécie mais citada
nos artigos, seguida pela Sicalis flaveola (Canário-da-terra-verdadeiro), Paroaria dominicana (Cardeal-do-
nordeste ou Galo-de-campina) e Sporophila angolensis (Curió). 156 espécies tiveram citação em apenas um
artigo.
Figura
01.
Quantidade
de
publicações
que
citam
as
espécies
lista
das
neste
estudo.
Os
números
do
eixo
x correspondem às espécies levantadas. Os valores em colchetes mostram a quantidade de espécies que
foram agrupadas por terem o mesmo número de citações, de modo a simplificar o gráfico.
Fonte:
Os
Autores
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
Fábio José Viana Costa; Renata Esteves Ribeiro; Carla Albuquerque de Souza;
Rodrigo Diana Navarro
Fronteiras:
Journal
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Social,
Technological
and
Environmental
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•
http://periodicos.unievangelica.edu.br/fronteiras/
v.7, n.2, mai.-ago. 2018 • p. 324-346. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p324-346 • ISSN 2238-8869
335
Com relação à quantidade de espécimes (indivíduos) verificados nos artigos, obteve-se um
total de 90.412 indivíduos (Figura 02). A espécie com maior número foi a Sicalis flaveola (canário-da-
terra-verdadeiro) correspondendo, sozinha, a mais de 21% do total (mais de 20.000 indivíduos). Em
segundo lugar está a Cyanoloxia brissonii (Azulão) com 9,1% (8.374 indivíduos) e, em terceiro lugar,
Sporophila caerulescens (Coleirinho) com mais de 7.500 indivíduos (8,2%). Vale ressaltar que os registros
com classificação incompleta (sem definição da espécie) foram retirados desse trabalho e que várias
publicações consultadas trouxeram apenas avaliação qualitativa (presença e ausência de espécies) ao
invés de avaliação quantitativa (abundância). Isso significa que esse número, mesmo sendo muito alto,
está subestimado. A Figura 02 traz as 20 espécies encontradas em maior quantidade.
Figura
0
2
.
Vinte
espécies
com
os
maiores
números
de
espécimes
(indivíduos)
oriundos
do
tráfico
de animais por meio da meta-análise da literatura científica.
Fonte:
Os
autores.
Com relação às espécies ameaçadas de extinção, 29 espécies encontradas nesse estudo
possuem algum nível de ameaça (Tabela 02). Dentre elas, seis espécies são consideradas criticamente
em perigo (CR), que é quando as espécies enfrentam risco extremamente elevado de extinção na
natureza. Cinco espécies são consideradas em perigo (EN), que é quando a melhor evidência disponível
indica que a espécie provavelmente será extinta num futuro próximo. E, 18 são consideradas
vulneráveis (VU), que é quando as melhores evidências disponíveis indicam que a espécie enfrenta um
risco elevado de extinção na natureza em um futuro bem próximo, a menos que as circunstâncias que
ameaçam a sua sobrevivência e reprodução melhorem.
0
5000
10000
15000
20000
Número de es péci mes
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
Fábio José Viana Costa; Renata Esteves Ribeiro; Carla Albuquerque de Souza;
Rodrigo Diana Navarro
Fronteiras:
Journal
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Social,
Technological
and
Environmental
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•
http://periodicos.unievangelica.edu.br/fronteiras/
v.7, n.2, mai.-ago. 2018 • p. 324-346. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p324-346 • ISSN 2238-8869
336
Tabela
0
2
.
Espécies
da
avifauna
brasileira
encontradas
nesse
estudo
e
seu
grau
de
risco
de
extinção,
conforme Portaria MMA nº 444: Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU).
Ordem Família Espécie
Nº
artigos
citados
Nº
espécimes
registrados
Nível de
ameaça
Accipitriformes
Accipitridae
Harpia
harpyja
1
-
2
VU
Galliformes
Cracidae
Crax
blumenbachii
1
5
CR
Crax
fasciolata
(pinima)
1
3
31
CR
Ortalis
guttata
(remota)
1
2
5
CR
Penelope
superciliaris
(alagoensis)
1
5
22
CR
Pipile
jacutinga
1
2
EN
Passeriformes
Conopophagidae
Conopophaga
lineata
(cearae
ou
lineata)
1
1
18
EN
Fringillidae
Spinus
yarrellii
15
161
VU
Icteridae
Anumara
forbesi
1
2
VU
Thraupidae
Gubernatrix
cristata
3
12
CR
Sporophila
falcirostris
3
185
VU
Sporophila
frontalis
7
1384
VU
Sporophila
maximiliani
8
866
CR
Sporophila
melanogaster
1
33
VU
Sporophila
palustris
1
7
VU
Sporophila
ruficollis
1
1
VU
Tangara
cyanocephala
(cearenses)
1
3
1
VU
Tangara
fastuosa
6
78
VU
Piciformes
Ramphastidae
Selenidera
gouldii
(baturitensis)
1
1
-
2
EN
Psittaciformes
Psittacidae
Amazona
pretrei
3
27
VU
Amazona
rhodocorytha
6
95
VU
Amazona
vinacea
5
158
VU
Anodorhynchus
leari
2
4
EN
Aratinga
solstitialis
1
4
EN
Guaruba
guarouba
3
38
VU
Pyrrhura
cruentata
1
3
VU
Pyrrhura
leucotis
1
15
VU
Strigiformes
Strigidae
Pulsatrix
perspicillata
(pulsatrix)
1
1
1
VU
Tinamiformes
Tinamidae
Crypturellus
noctivagus
(noctivagus)
1
2
6
VU
Fonte:
Os
autores.
Legenda: 1 São listadas as subespécies como ameaçadas, no entanto os artigos não traziam informações sobre
subespécies. 2 Artigo não trazia o número de espécimes registrado.
Cabe ressaltar que na lista de espécies ameaçadas da Portaria MMA nº 444 (Brasil 2014a) são
listadas algumas subespécies ameaçadas. No entanto, os artigos consultados trazem informações
relativas somente à espécie, até porque a diferenciação das subespécies é menos trivial na prática e mais
complexa. Mesmo que não seja possível saber se trata-se realmente da subespécie ameaçada, optou-se
por lista-las aqui.
DISCUSSÃO
A alta abundância e diversidade taxonômica entre as aves traficadas encontradas nesse estudo
não é surpreendente. O Brasil abriga uma das mais ricas avifaunas do mundo, contando com 1.919
espécies (Piacentini et al. 2015), o que se reflete na diversidade encontrada em sua exploração, ainda
que ilegal, e na facilidade em encontrar e capturar esses organismos.
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
Fábio José Viana Costa; Renata Esteves Ribeiro; Carla Albuquerque de Souza;
Rodrigo Diana Navarro
Fronteiras:
Journal
of
Social,
Technological
and
Environmental
Science
•
http://periodicos.unievangelica.edu.br/fronteiras/
v.7, n.2, mai.-ago. 2018 • p. 324-346. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p324-346 • ISSN 2238-8869
337
Cabe ressaltar que os números (abundâncias) aqui relatados encontram-se subestimados pois
nem todos os textos apresentaram a identificação taxonômica de espécie. A não identificação de todas
as espécies apreendidas pode representar falhas de registros ou dificuldades na caracterização
taxonômica das espécies, o que resulta em perda de informações que poderiam ser utilizadas para ações
e planejamentos e para estudos retrospectivos como este. Vale levar em consideração que os animais
traficados não apresentam origem conhecida, de modo que informações de distribuição natural não
podem ser utilizadas para a identificação taxonômica. A identificação de subespécies seria ainda mais
difícil, mas necessária, já que algumas constam da lista oficial de espécies ameaçadas.
Um melhor planejamento da forma como os dados são gerenciados, o treinamento de agentes
ambientais na identificação de espécies ou a utilização de testes moleculares (DNA) para identificação
seriam alternativas para contornar esse problema. O sequenciamento de regiões específicas do DNA
mitocondrial é a técnica mais utilizada para identificação de espécies animais. A viabilidade da
identificação vai depender da similaridade da sequência obtida e da representatividade do grupo
analisado em banco de dados de sequências disponíveis na internet, como por exemplo o GenBank5
(Carvalho 2017). Essa análise já tem sido utilizada rotineiramente para Psitacídeos e já é possível ser
aplicada para a grande maioria dos vertebrados (Carvalho 2012).
A análise de parentesco é outra técnica molecular que poderia ser utilizada para revelar se
determinado animal realmente seria originado de progenitores legalizados em criadouros comerciais,
tornando possível a detecção de fraudes. Essa técnica utiliza marcadores genéticos denominados
microssatélites. Para a análise é necessário calcular a probabilidade de atribuição de paternidade para
cada loco de microssatélite, sendo necessários pelo menos 16 locos e o conhecimento da probabilidade
da presença desses locos na população (Caparroz & Rodrigues 2017). Por isso a análise de paternidade
deve ser desenvolvida para cada espécie, já tendo sido desenvolvida para a espécie papagaio-verdadeiro
(Amazona aestiva) (Pena 2014). Outros testes estão em desenvolvimento na Universidade Federal de
Minas Gerais e Universidade de Brasília para as espécies trinca-ferro (Saltator similis), bicudo (Sporophila
maximiliani), corrupião (Icterus jamacaii), cardeal-do-nordeste (Paroaria dominicana) e canário-da-terra
(Sicalis flaveola) (comunicação pessoal).
Outro problema recorrente no contexto do tráfico de animais é a destinação dos exemplares
apreendidos, que idealmente deveria ser realizado nas localidades onde ocorreu a captura. Têm sido
desenvolvidas técnicas moleculares para determinar a origem de um animal apreendido, semelhante ao
descrito para análise de parentesco, mas envolvendo amostragem das várias populações de uma espécie
5https://www.ncbi.nlm.nih.gov/genbank/
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
Fábio José Viana Costa; Renata Esteves Ribeiro; Carla Albuquerque de Souza;
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v.7, n.2, mai.-ago. 2018 • p. 324-346. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p324-346 • ISSN 2238-8869
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(Ferreira & Morgante 2017), como já foram desenvolvidas para as espécies trinca-ferro (Saltator similis),
cardeal-do-nordeste (Paroaria dominicana), arara-canindé (Ara ararauna) e arara-azul-grande (Anodorhynchus
hyacinthinus) (Ferreira 2012; Fernandes & Caparroz 2012; Presti et al. 2015). Uma outra técnica
interessante é a geolocalização por meio da análise de isótopos estáveis de amostras de tecidos animais,
que tem sido amplamente utilizada para aves migratórias na América do Norte (Rubenstein & Hobson,
2004) e está em estudo para aplicação em animais apreendidos (Nardoto et al. 2017).
Dentre as aves, a ordem dos Passeriformes, que se destaca em riqueza e abundância nos
estudos aqui analisados, possui valores expressivos no mercado, especialmente por se tratarem de
animais com apreciáveis habilidades canoras ou por serem considerados capazes de se tornar animais de
estimação (Preuss & Schaedler 2011). Além disso, é notável sua abundância e diversidade na região
Neotropical (Paixão et al. 2013).
Dentro desta ordem destaca-se a família Thraupidae, representando um grupo vasto,
composto principalmente por aves de copa que ocorrem em bordas de florestas e áreas semiabertas
(Sigrist 2009). Essas aves apresentam plumagem colorida e cantos complexos, características que
indicam alto nível de interação social e que parecem ser atrativas para os criadores de aves de gaiola
(Alves et al. 2013b).
O gênero Sporophila mostra-se representativo em números de indivíduos. Também foi o maior
gênero encontrado como animal de estimação nas casas do município de Pilar-PB no ano de 2011
(Paixão et al. 2013). Diversos outros estudos também demonstram a importância do gênero no
contexto do tráfico de animais silvestres (Alves et al. 2013a; Destro et al. 2012). A preferência
acentuada por estes pássaros pode estar associada à beleza do canto e ao hábito alimentar que consiste
em sementes, o que torna a manutenção mais fácil e barata e permite fácil higienização das gaiolas
(Rocha et al. 2006).
As espécies do gênero Tangara também são muito procuradas por causa do seu canto e bela
plumagem (Alves et al. 2013a). Entretanto, diferentemente das espécies do gênero Sporophila, são de
difícil manutenção em cativeiro por se alimentarem de frutas e verduras, necessitando de uma grande
variedade de alimentos e de maiores cuidados, uma vez que são muito susceptíveis a doenças (Rocha et
al. 2006).
Os 20 pássaros mais importantes com relação ao número de indivíduos registrados (Figura 02)
já foram relatados como sendo de importância para o tráfico em outros estudos (Regueira & Bernard
2012; Alves et al. 2013a; Souza & Vilela 2013; dentre outros). Destro et al. (2012) sugerem a associação
Espécies de Aves Traficadas no Brasil: Uma Meta-Análise com Ênfase nas Espécies Ameaçadas
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339
entre essas espécies com a criação amadorista de passeriformes e sua alta procura para estimação e
cativeiro. Regionalmente há diferenças nas espécies mais representativas (Alves et al. 2013a, Souza &
Vilela 2013), o que deve se dar em decorrência da maior abundância natural em diferentes localidades.
A abundância e frequência de canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola) mostra-se uma
importante observação. A espécie possui bela plumagem e canto valorizado, sendo muitas vezes
utilizado como “pássaro de briga”. A sua utilização em rinhas pode ser um estímulo à sua manutenção.
Ela é vista do Maranhão ao extremo sul do Brasil, em áreas abertas com arbustos, pastagens e caatingas,
sendo numerosas em regiões semi-áridas (Roma 2000). Por ser considerada rara em determinados
locais, como na Paraíba, chega a ser comercializada por até R$150 (Rocha et al. 2006). Em Minas
Gerais, no passado, já constou na lista estadual de espécies ameaçadas, sendo também bastante
apreendida nesse estado (Vilela 2012), sendo que sua raridade, em algumas localidades, deve ser
decorrente de sua numerosa retirada da natureza.
Já a ordem dos Psittaciformes engloba as aves mais populares como animais de estimação no
mundo devido a sua capacidade de imitar vozes humanas, inteligência, beleza e serem dóceis (Alves et
al. 2010). Cabe ressaltar que a família Psittaculidae não possui representantes no ambiente natural do
Brasil. A comercialização ilegal de espécies exóticas é pouco enfatizada nos artigos estudados. No
entanto, a presença de espécies exóticas na literatura sobre o tráfico de animais sugere que o Brasil,
além de exportador, poderia ser também importador, o que contribuiria para o impacto sobre
populações de aves em outros países.
Representantes da família Psittacidae destacam-se em abundância e riqueza neste
levantamento, destacando-se em números o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva, n=2510) e outras
espécies ameaçadas, o que corrobora com estudos anteriores (Regueira & Bernard 2012; Alves et al.
2013a; Souza & Vilela 2013, dentre outros). Em Campina Grande-PB e em Recife-PE, exemplares da
família Psittacidae são raramente vistos nas feiras, sendo os mesmos comercializados por meio de
encomendas nas casas dos comerciantes ou dos ‘passarinheiros’ (pessoas que coletam irregularmente os
pássaros na natureza), pois despertam muita atenção das pessoas, sendo arriscado vendê-los em público
(Pereira & Brito 2005; Rocha et al. 2006). De acordo com os vendedores, são muitos os pedidos feitos,
principalmente para exemplares do papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), sendo estes os principais
psitacídeos comercializados (Rocha et al. 2006).
A caturrita (Miyopsitta monachus) apresenta-se bastante numerosa (n=2088), apesar de sua pouca
frequência nas apreensões (5 publicações). Estudos relatam números elevados, como por exemplo, 395
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(Ferreira & Glock 2004) e 1342 indivíduos (Herrera & Henessey 2007). A retirada repentina de grande
quantidade de indivíduos de uma localidade pode produzir fortes impactos sobre populações locais
(Marini & Garcia 2005). Sua distribuição se dá sobretudo no Sul do Brasil e região do Pantanal. No
entanto, foi vista sendo comercializada no Piauí (Rodrigues et al. 2007), sugerindo rota de tráfico do Sul
para o Nordeste, diferentemente do padrão Norte – Nordeste para Sul – Sudeste comumente citado na
literatura (RENCTAS 2001). Cabe realçar que a espécie é considerada invasora na América-do-Norte,
cuja introdução provavelmente tenha se dado em sua utilização como animal de estimação
(MacGregor-Fors et al. 2011).
A Portaria do Ministério do Meio Ambiente – MMA (Brasil 2014a) traz a Lista Nacional
Oficial de Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção. Essa mesma Portaria estabelece que as espécies
constantes nessa lista ficam protegidas de modo integral, sendo proibida a sua captura, transporte,
armazenamento, guarda, manejo, beneficiamento e/ou comercialização. Traficar espécies ameaçadas
majora a multa em 10 vezes e aumenta a pena criminal em 1/2 (Brasil 1998). Mesmo assim são
constantemente encontradas no tráfico, como pôde ser constatado neste trabalho.
O impacto gerado pelo tráfico já contribuiu para a extinção de algumas das espécies do Brasil,
como a ararinha-azul (Cyanopsita spixii) (Barros et al. 2012). Apenas na Paraíba, cerca de 22 espécies de
aves estão ameaçadas de extinção (Brito 2006), dentre elas, o pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa) e o
pintassilgo (Spinus yarrellii) são traficados.
Para a conservação, há uma grande diferença entre as categorias vulnerável (VU), ameaçada
(EN) e criticamente ameaçada (CR). O bicudo (Sporophila maximiliani) apresenta-se como a espécie CR
mais impactada pelo tráfico de animais (Tabela 02). De fato, Destro et al. (2012) relatam seu elevado
número em cativeiro entre os criadores amadoristas e a sua procura para este fim, em conjunto com
outros impactos como a degradação dos campos úmidos, seu ambiente preferido, provavelmente
resultaram em sua raridade no ambiente natural. Devem ser urgentes as iniciativas de reintrodução,
repatriação, revigoramento e gerenciamento genético e genealógico de sua população cativa para que
seja viável o seu reestabelecimento.
As espécies CR de cracídeos (Crax blumenbachii, Crax fasciolata (pinima), Ortalis guttata (remota),
Penelope superciliaris (alagoensis) foram relatadas em menor número, porém representam aspecto diferente,
já que essas espécies, por seu porte, são normalmente destinadas à caça para alimentação. A atividade
de caça pode se desenrolar de modo mais pulverizado e sutil em decorrência do consumo doméstico do
produto e consequente efemeridade das provas penais, o que torna a sua fiscalização e controle ainda
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mais difícil. Estratégias educacionais para desestimular a caça e para melhorar a fiscalização devem ser
repensadas, colocando em evidência as espécies aqui apresentadas. Além disso, a identificação das
subespécies é importante para verificar realmente quais estão ameaçadas.
O cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata), CR, ocorre apenas no Sul do Brasil. No entanto, um
levantamento realizado por Pereira e Brito (2005) relata a sua comercialização em feira livre na cidade
do Recife/PE. Essa observação corrobora a rota de tráfico já citado para a caturrita acima e a hipótese
de que algumas aves seriam especificamente cobiçadas em razão de sua raridade.
Dentre as espécies vulneráveis, destacam-se em número, nos artigos analisados, o pixoxó
(Sporophila frontalis), e em frequência o pintassilgo-do-nordeste (Spinus yarrellii). Semelhante à caturrita,
citada acima, o pixoxó é capturado em grandes números e é endêmico da região sudeste, fatores que
favorecem o impacto às populações naturais. A alta frequência no tráfico do pintassilgo-do-nordeste
(Spinus yarrellii) representa preferência pela manutenção dessa espécie e pode representar impacto
contínuo, com certeza aqui subestimado, já que nem todos os animais retirados da natureza são
fiscalizados. Outra ave que apresenta frequência relativamente alta é o Tangara fastuosa, cuja distribuição
natural é também bastante restrita (litoral dos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba).
Como se pode observar pela variedade de espécies de psitacídeos ameaçados na Tabela 02, a
sua captura para comercialização deve ser um fator importante para a sua raridade no ambiente.
Evidenciam-se em número e frequência o Amazona pretrei (papagaio-charão), Amazona rhodocorytha
(chauá) e Amazona vinacea (papagaio-do-peito-roxo). Todos encontrados em localizações diferentes de
sua área de ocorrência natural, como o papagaio-charão que ocorre somente no Sul e existem relatos de
ocorrência em Goiás (Bastos et al. 2008); o chauá que ocorre somente em São Paulo e foi encontrado
no Rio Grande do Sul (Araújo et al. 2010) e o papagaio-do-peito-roxo que ocorre somente nas regiões
Sul e Sudeste do país e teve registro em Rondônia (Silva & Lima 2014). Os animais considerados
ameaçados (EN) são mais dificilmente encontrados, possivelmente em decorrência de sua acentuada
raridade.
CONCLUSÃO
Os resultados apresentam uma síntese das publicações sobre o tráfico de animais no Brasil
após a lei de crimes ambientais. Mesmo diante da maior atuação governamental após a promulgação da
lei, observa-se que o problema ainda é evidente e cultural na população brasileira. A importância dos
Pscittaciformes e Passeriformes já era de conhecimento da literatura e é corroborada aqui. A
importância numérica de canário-da-terra (Sicalis flaveola) como principal espécie alvo de tráfico é
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destaque. Evidencia-se ainda que as espécies ameaçadas, sobretudo bicudo (Sporophila maximiliani),
mutuns (Crax blumenbachi e Crax fasciolata), cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata), pixoxó (Sporophila
frontalis), pintassilgo-do-nordeste (Spinus yarrellii) e pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa) são severamente
impactadas pelo tráfico. Estabelecer ações prioritárias para reduzir o impacto da atividade ilegal sobre
essas espécies devem ser priorizadas.
A correta identificação das espécies no momento da apreensão deve ser feita de modo
criterioso. A identificação de espécies ameaçadas é um agravante da lei de crimes ambientais e a
majoração penal deve ser um fator desestimulante para a prática do crime. Deveriam ser criados
programas específicos para destiná-las de forma a serem reintroduzidas em seu ambiente natural, de
forma a minimizar o impacto decorrente de sua retirada do meio ambiente.
Além disso, a aplicação de novas técnicas utilizando análises genéticas e marcadores isotópicos
podem ser de grande auxílio para trazer informações sobre a origem natural, parentesco e melhores
destinos para os animais apreendidos. A compilação sistemática de dados de apreensão em conjunto
com os dados gerados por essas novas metodologias podem gerar informações úteis sobre principais
pontos de coleta, entrepostos de comercialização e rotas de tráfico, que poderiam direcionar o trabalho
da fiscalização para ações mais precisas e eficientes.
É importante, também, estabelecer ações de educação ambiental com as populações, levando
em consideração que muitos não sabem e/ou não consideram a retirada de aves da natureza como
crime ambiental, sendo prática comum em muitas regiões.
A punição estabelecida em lei é considerada branda, prevendo apenas detenção e multas. As
penas são normalmente convertidas em trabalhos para a comunidade e as multas dificilmente são pagas.
Nesse sentido, sugerimos que a lei passe por modificações no sentido de prever penas mais severas nos
casos de tráfico envolvendo a captura de animais endêmicos ou ameaçados à extinção, maus-tratos e
outros fatores que dificultem sua sobrevivência e reintrodução na natureza.
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Birds Species Trafficked in Brazil: A Meta-Analysis with Emphasis in
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ABSTRACT
Animal trafficking is a threat to biodiversity. Nearly 82% of the smuggled animals are birds. The aim of
this work is to elaborate a list of the bird species trafficked in Brazil, evidencing endangered species.
Web of Science and Google Scholar databases were used to search for articles. We found 45
publications and 343 species of birds from the animal trade. The order with greater richness is
Passeriformes, followed by Psittaciformes. Thraupidae family showed expressive. 29 species have some
threat level: six critically endangered, five endangered and 18 vulnerable. Establishing priority actions to
reduce the impact of illegal activity on these species should be prioritized. Species identification should
be done with caution, specific programs for endangered species destination must be established, and
genetic and stable isotopic methodologies should be used as a tool to enforce wildlife trafficking.
Environmental education and tougher penalties are also recommended.
Keywords: Trafficking of Animals; Impacts on Wildlife; Conservation.
Submissão: 04/04/2017
Aceite: 29/08/2018