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Rev
Bras
Anestesiol.
2018;68(4):344---350
REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA Publicação
Oficial
da
Sociedade
Brasileira
de
Anestesiologia
www.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
É
improvável
que
a
cirurgia
seja
suficiente
para
que
o
paciente
pare
de
fumar
24
horas
antes
da
internac¸ão
hospitalar
Igor
Maia
Marinho,
Maria
José
C.
Carmona∗,
Fábio
Ely
Martins
Bense˜
nor,
Julia
Mintz
Hertel,
Marcos
Fernando
Breda
de
Moraes,
Paulo
Caleb
Junior
Lima
Santos,
Matheus
Fachini
Vane
e
Jaqueline
Scholz
Issa
Universidade
de
São
Paulo
(USP),
Faculdade
de
Medicina,
Hospital
das
Clínicas,
São
Paulo,
SP,
Brasil
Recebido
em
29
de
dezembro
de
2016;
aceito
em
28
de
dezembro
de
2017
Disponível
na
Internet
em
7
de
junho
de
2018
PALAVRAS-CHAVE
Fumar;
Monóxido
de
carbono;
Cirurgia
eletiva
Resumo
Introduc¸ão:
A
necessidade
de
cirurgia
pode
ser
um
fator
decisivo
para
a
cessac¸ão
do
tabagismo
em
longo
prazo.
Por
outro
lado,
situac¸ões
que
precipitam
o
estresse
podem
precipitar
a
recaída
do
tabagismo.
Decidimos
avaliar
o
impacto
de
uma
cirurgia
no
esforc¸o
do
paciente
para
deixar
de
fumar
durante
pelo
menos
24
horas
antes
da
internac¸ão
hospitalar
e
a
possível
recaída
nas
últimas
24
horas
anteriores
à
internac¸ão
em
ex-fumantes.
Métodos:
Fumantes,
ex-fumantes
e
não
fumantes
adultos,
quer
de
clínica
pré-anestésica
ou
recentemente
internados
para
cirurgias
eletivas
programadas
que
ficariam,
no
máximo,
seis
horas
dentro
das
unidades
hospitalares,
foram
incluídos
no
estudo.
Os
pacientes
responderam
um
questionário
na
enfermaria
ou
na
entrada
da
sala
de
operac¸ão
(Grupo
Internac¸ão)
ou
no
início
da
primeira
consulta
pré-anestesia
(Grupo
Clínico)
e
fizeram
mensurac¸ões
dos
níveis
de
CO.
Resultados:
No
total,
241
pacientes
foram
incluídos:
52
ex-fumantes,
109
que
nunca
fumaram
e
80
não
fumantes.
Os
fumantes
apresentaram
níveis
mais
elevados
de
monóxido
de
carbono
expirado
que
os
não
fumantes
e
ex-fumantes
(9,97
±
6,50
vs.
2,26
±
1,65
vs.
2,98
±
2,69;p
=
0,02).
Entre
os
fumantes,
o
Grupo
Clínico
apresentou
níveis
de
CO
não
estatisticamente
diferentes
daqueles
do
Grupo
Internac¸ão
(10,93
±
7,5
vs.
8,65
±
4,56;
p
=
0,21).
Os
ex-fumantes
não
apresentaram
diferenc¸as
significativas
entre
os
grupos
Clínico
e
Internac¸ão
para
os
níveis
de
monóxido
de
carbono
(2,9
±
2,3
vs.
2,82
±
2,15;
p
=
0,45).
∗Autor
para
correspondência.
E-mail:
maria.carmona@incor.usp.br
(M.J.
Carmona).
https://doi.org/10.1016/j.bjan.2017.12.007
0034-7094/©
2018
Sociedade
Brasileira
de
Anestesiologia.
Publicado
por
Elsevier
Editora
Ltda.
Este ´
e
um
artigo
Open
Access
sob
uma
licenc¸a
CC
BY-NC-ND
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Cirurgia
para
o
paciente
parar
de
fumar
24
horas
antes
da
internac¸ão
hospitalar
345
Conclusão:
É
improvável
que
uma
condic¸ão
médica,
como
uma
cirurgia,
sem
assistência
ade-
quada
seja
suficiente
para
que
um
paciente
pare
de
fumar,
pelo
menos,
24
horas
antes
da
internac¸ão.
A
proximidade
de
uma
cirurgia
não
foi
associada
à
recaída
do
tabagismo
nas
24
horas
anteriores
ao
procedimento.
©
2018
Sociedade
Brasileira
de
Anestesiologia.
Publicado
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artigo
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licenc¸a
CC
BY-NC-ND
(http://creativecommons.org/licenses/by-
nc-nd/4.0/).
KEYWORDS
Smoking;
Carbon
monoxide;
Elective
surgery
Surgery
is
unlikely
to
be
enough
for
a
patient
to
stop
smoking
24
h
prior
to
hospital
admission
Abstract
Introduction:
The
need
for
surgery
can
be
a
decisive
factor
for
long-term
smoking
cessation.
On
the
other
hand,
situations
that
precipitate
stress
could
precipitate
smoking
relapse.
The
authors
decided
to
study
the
impact
of
a
surgery
on
the
patient’s
effort
to
cease
smoking
for,
at
least,
24
h
before
hospital
admission
and
possible
relapse
on
the
last
24
h
before
hospital
admission
for
ex-smokers.
Methods:
Smoker,
ex-smokers
and
non-smokers
adults,
either
from
pre-anesthetic
clinic
or
recently
hospital
admitted
for
scheduled
elective
surgeries
that
were,
at
most,
6
h
inside
the
hospital
buildings
were
included
in
the
study.
The
patients
answered
a
questionnaire
at
the
ward
or
at
the
entrance
of
the
operating
room
(Admitted
group)
or
at
the
beginning
of
the
first
pre-anesthetic
consultation
(Clinic
group)
and
performed
CO
measurements.
Results:
241
patients
were
included,
being
52
ex-smokers
and
109
never
smokers
and
80
non-smokers.
Smokers
had
higher
levels
of
expired
carbon
monoxide
than
non-smokers
and
ex-smokers
(9.97
±
6.50
vs.
2.26
±
1.65
vs.
2.98
±
2.69;
p
=
0.02).
Among
the
smokers,
the
Clinic
group
had
CO
levels
not
statistically
different
of
those
on
the
Admitted
group
(10.93
±
7.5
vs.
8.65
±
4.56;
p
=
0.21).
The
ex-smokers
presented
with
no
significant
differences
for
the
carbon
monoxide
levels
between
the
Clinic
and
Admitted
groups
(2.9
±
2.3
vs.
2.82
±
2.15;
p
=
0.45).
Conclusion:
A
medical
condition,
such
as
a
surgery,
without
proper
assistance
is
unlikely
to
be
enough
for
a
patient
to
stop
smoking
for,
at
least,
24
h
prior
to
admission.
The
proximity
of
a
surgery
was
not
associated
with
smoking
relapse
24
h
before
the
procedure.
©
2018
Sociedade
Brasileira
de
Anestesiologia.
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nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Na
populac¸ão
cirúrgica,
o
hábito
de
fumar
pode
causar
complicac¸ões
graves
no
período
perioperatório.
A
cessac¸ão
desse
hábito
no
período
pré-operatório
poderia
mini-
mizar
possíveis
efeitos
cardiovasculares,
pulmonares,
de
cicatrizac¸ão
e
de
regenerac¸ão
óssea
devido
ao
tabagismo
e
diminuir
a
incidência
de
complicac¸ões
intraoperatórias
e
pós-operatórias.1,2 Portanto,
há
um
interesse
crescente
em
incentivar
os
pacientes
submetidos
a
cirurgias
eletivas
a
parar
de
fumar
no
período
pré-operatório.3
As
condic¸ões
de
saúde
em
usuários
de
tabaco,
como
a
necessidade
de
cirurgia,
são
reconhecidas
como
fatores
decisivos
para
a
cessac¸ão
do
tabagismo
em
longo
prazo.4
A
cirurgia
foi
associada
a
um
aumento
da
probabilidade
de
cessac¸ão
do
tabagismo,
especialmente
quando
cirurgias
de
grande
porte
foram
feitas.
No
entanto,
sabemos
pouco
sobre
o
esforc¸o
dos
próprios
pacientes
para
parar
de
fumar
quando
uma
condic¸ão
de
saúde
como
a
cirurgia
se
aproxima.
Tradicionalmente,
a
durac¸ão
mínima
necessária
para
definir
clinicamente
um
paciente
como
ex-fumante
é
a
completa
abstinência
de
tabaco
durante
pelo
menos
24
h.5
Porém,
os
pacientes
que
se
apresentam
à
cirurgia
com
mais
de
24
h
de
cessac¸ão
do
hábito
podem
se
declarar
como
ex-fumantes.
Entretanto,
os
pacientes
que
não
podem
permanecer
abstinentes
durante
pelo
menos
24
h
prova-
velmente
não
relatarão
o
esforc¸o
como
uma
verdadeira
tentativa
de
parar
de
fumar.6
Por
outro
lado,
situac¸ões
que
precipitam
o
estresse,
como
trabalho,
financ¸as
e
relacionamentos,
e
situac¸ões
relacionadas
ao
humor,
como
a
ansiedade,
podem
precipitar
a
recaída
do
tabagismo.7,8 As
condic¸ões
de
saúde,
como
a
necessidade
de
uma
cirurgia,
são
conhecidas
por
causar
grande
ansiedade
e
estresse
ao
paciente
e
também
pode
ser
um
fator
potencial
para
a
recaída
do
tabagismo.9
Com
base
nesses
fatos,
os
autores
objetivaram
compa-
rar
os
níveis
de
CO,
que
são
um
marcador
sensível
para
o
tabagismo
nas
últimas
24
h,
de
pacientes
que
foram
interna-
dos
para
cirurgia
eletiva
com
aqueles
que
se
apresentaram
para
uma
consulta
ambulatorial.10 A
hipótese
foi
que
uma
internac¸ão
eletiva
para
cirurgia
faria
com
que
o
paciente
tentasse
parar
de
fumar
durante
pelo
menos
24
h
antes
da
346
I.M.
Marinho
et
al.
admissão
hospitalar.
Porém,
uma
operac¸ão
também
pode
ser
uma
causa
de
recaída
do
tabagismo,
uma
vez
que
pro-
voca
estresse
e
ansiedade.9Portanto,
os
autores
também
investigaram
os
níveis
de
CO
de
ex-fumantes
para
detectar
possíveis
recaídas.
Métodos
O
estudo
foi
aprovado
pelo
Comitê
de
Ética
para
Análise
de
Projetos
de
Pesquisa
do
Hospital
das
Clínicas
da
Faculdade
de
Medicina
da
Universidade
de
São
Paulo
(Projeto
CAP-
Pesq
n◦0824/10)
e
os
participantes
assinaram
o
Termo
de
Consentimento
Livre
e
Esclarecido.
Os
pacientes
recrutados
eram
adultos
(>
18
anos),
seja
de
clínica
pré-anestésica
ou
recém-admitidos
para
cirurgias
eletivas
agendadas.
Os
pacientes
foram
recrutados
entre
agosto
de
2012
e
fevereiro
de
2013.
O
estado
de
taba-
gismo
foi
definido
pelo
próprio
paciente
que
se
declarou:
‘‘fumante’’,
‘‘ex-fumante’’
ou
‘‘nunca
fumante’’.
Para
o
termo
‘‘ex-fumante’’,
o
participante
devia
estar
livre
de
tabaco
durante
pelo
menos
três
meses.
Os
pacientes
admitidos
deveriam
ficar
no
máximo
6
h
dentro
das
instalac¸ões
hospitalares
antes
da
inclusão
no
estudo.
Os
pacientes
admitidos
por
mais
de
6
h
foram
excluídos.
Após
a
assinatura
do
termo
de
consentimento
livre
e
esclarecido,
a
mensurac¸ão
dos
níveis
de
CO
foi
feita
com
os
pacientes
no
leito
ou
na
entrada
da
sala
de
cirurgia
(Grupo
Internac¸ão)
ou
no
início
da
primeira
con-
sulta
pré-anestésica
(Grupo
Clínico).
Como
parte
da
rotina
da
consulta
pré-operatória,
todos
os
pacientes
fumantes
recebera
orientac¸ões
breves
sobre
a
cessac¸ão
do
tabagismo.
Os
pacientes
responderam
um
questionário
específico,
contemplando
idade,
sexo,
escolaridade,
estado
civil,
ocupac¸ão
(empregado,
desempregado,
aposentado),
índice
de
massa
corporal,
comorbidades,
histórico
cirúrgico,
tipo
de
cirurgia
a
ser
feita,
número
de
mac¸os
de
cigarro
por
ano,
hábitos
de
beber
e
fumar.
Antes
e
depois
de
responder
o
questionário,
os
pacien-
tes
foram
solicitados
a
fazer
uma
respirac¸ão
profunda
e
expirar
em
um
analisador
de
monóxido
de
carbono
(CO)
expirado
(monoxímetro
eletrônico
‘‘piCO
+
Smokerlyzer’’
---
Bedfont
Scientific
Ltd.,
Harrietsham,
Inglaterra,
calibrado).
O
valor
médio
entre
essas
duas
medic¸ões
foi
considerado
para
análise.
‘‘Risco
em
monoximetria’’
foi
definido
como
CO
exalado
acima
de
6
ppm.
Análise
estatística
Amostragem
por
conveniência
foi
usada,
com
a
inclusão
de
pacientes
internados
no
hospital
por
no
máximo
6
h,
de
agosto
de
2012
a
fevereiro
de
2013.
Os
dados
foram
processados
e
analisados
com
um
pro-
grama
específico
para
análise
de
dados
(IBM
SPSS
Statistics,
versão
20).
Significância
estatística
foi
considerada
para
valores
de
p
menores
ou
iguais
a
0,05.
As
variáveis
foram
testadas
para
distribuic¸ão
normal
com
o
teste
de
Shapiro-
-Wilk.
Para
comparar
os
níveis
de
CO,
o
teste
t
de
Student
foi
usado.
Quando
dois
ou
mais
grupos
foram
comparados,
Anova
de
um
fator
foi
usada.
Quando
a
normalidade
não
foi
obtida,
o
teste
de
Mann-Whitney
foi
usado.
Para
comparac¸ão
entre
proporc¸ões,
o
teste
do
qui-quadrado
seria
usado
caso
os
valores
das
células
fossem
>
5.
Caso
os
valores
individuais
das
células
fossem
<
5,
o
teste
exato
de
Fisher
seria
usado.
Resultados
Epidemiologia
O
estudo
recrutou
241
pacientes,
146
mulheres
(60,6%)
e
95
homens
(39,4%):
52
relataram
ser
fumantes
atuais
(21,6%),
80
ex-fumantes
(33,2%)
e
109
negaram
fumar
(45,2%)
(tabela
1).
Cinquenta
pacientes
(20,7%)
apresentaram
níveis
médios
de
CO
classificados
como
‘‘de
risco
na
monoximetria’’
(CO
expirado
>
6
ppm).
Entre
esses,
41
(82%)
disseram
ser
fuman-
tes,
sete
(14%)
ex-fumantes
e
dois
(4%)
negaram
fumar
(tabela
2).
Os
pacientes
que
se
declararam
como
fuman-
tes
apresentaram
níveis
estatisticamente
mais
altos
de
CO
expirado
do
que
os
não
fumantes
e
ex-fumantes
(9,97
±
6,50
vs.
2,26
±
1,65
vs.
2,98
±
2,69;
p
=
0,02).
As
especialidades
médicas
com
maior
prevalência
de
fumantes
foram
a
oftalmologia
e
a
urologia
(33,33%)
e
a
especialidade
médica
com
a
menor
prevalência
de
não
fumantes
foi
a
cirurgia
geral
(26,47%).
Na
pesquisa
de
opinião
sobre
qual
profissional
de
saúde
seria
melhor
para
auxiliar
um
paciente
candidato
a
cirurgia
eletiva
a
parar
de
fumar,
13
pessoas
(5,4%)
declararam
ser
um
enfermeiro,
53
(22%)
escolheram
um
médico,
55
(22,8%)
escolheram
um
psicólogo
e
120
(49,8%)
afirmaram
que
nenhum
deles
seria
eficaz
na
tarefa
mencionada.
Fumantes
Em
relac¸ão
aos
52
pacientes
fumantes,
30
deles
tiveram
seus
níveis
de
CO
medidos
na
consulta
clínica
(Grupo
Clínico)
e
os
22
restantes
foram
avaliados
durante
a
internac¸ão
hospi-
talar
(Grupo
Internac¸ão).
Desses,
13
tiveram
seus
níveis
de
CO
registrados
na
entrada
da
sala
de
cirurgia
e
nove
tive-
ram
a
avaliac¸ão
dos
níveis
de
CO
feita
enquanto
estavam
no
leito.
Os
pacientes
do
Grupo
Clínico
apresentaram
níveis
de
CO
não
estatisticamente
diferentes
em
comparac¸ão
com
os
do
Grupo
Internac¸ão
(10,93
±
7,5
vs.
8,65
±
4,56;
p
=
0,21).
Não
houve
diferenc¸a
estatisticamente
significativa
entre
os
pacientes
avaliados
na
entrada
da
sala
de
cirurgia
e
aque-
les
recém-admitidos
no
hospital
(9,08
±
5,39
vs.
8,11
±
3,91;
p
=
0,83).
Não
foram
encontradas
diferenc¸as
significativas
entre
as
proporc¸ões
de
pacientes
considerados
de
risco
no
exame
de
monoximetria
no
Grupo
Internac¸ão
(80%)
e
no
Grupo
Clínico
(77%,
p
=
0,53).
Ex-fumantes
Declararam
ser
ex-fumantes
80
pacientes.
Havia
51
no
Grupo
Clínico
e
29
no
Grupo
Internac¸ão.
A
mediana
(percentis
25
e
75)
para
o
tempo
livre
de
tabaco
foi
22
(10---60),
19
(10---36)
no
Grupo
Internac¸ão
e
30
(12---168)
no
Grupo
Clínico.
Não
foram
encontradas
diferenc¸as
significativas
nos
níveis
de
CO
entre
os
grupos
Clínico
e
Internac¸ão
(2,9
±
2,3
vs.
2,82
±
2,15;
p
=
0,45).
Houve
um
paciente
que
apre-
sentou
risco
na
monoximetria
no
Grupo
Internac¸ão
e
seis
Cirurgia
para
o
paciente
parar
de
fumar
24
horas
antes
da
internac¸ão
hospitalar
347
Tabela
1
Dados
da
populac¸ão
do
estudo
Demografia
Não
fumantes
(109) Ex-fumantes
(80) Fumantes
(52)
Total Internac¸ão
(72) Clínico
(37) Total Internac¸ão
(51) Clínico
(29) Total Internac¸ão Clínico
Gênero
Masculino
31
(28,4%) 23
(31,9%) 8
(21,6%) 40
(50%) 23
(45,1%) 17
(58,6%) 24
(46,2%) 15
(50%) 9
(42,9%)
Feminino
78
(71,6%) 49
(68,1%) 29
(78,4%) 40
(50%) 28
(54,9%) 12
(41,4%) 28
(53,9%) 15(50%)
13
(61,9%)
Idadea50,6
±
17,8 51,9
±
18,2 47,9
±
16,9 59,5
±
13,4 59,3
±
13,7 59,8
±
13,3 53,4
±
12,5 52,9
±
11,9 52,2
±
15,0
IMCa27,8
±
5,53 27,9
±
5,5 27,6
±
5,6 28,6
±
6,4 29,1
±
7,2 27,8
±
4,7 26,1
±
5,9 26,6
±
5,4 25,5
±
6,6
Estado
civil
Casado
41
(37,6%)
25
(34,7%)
16
(43,2%)
35
(43,8%)
20
(39,2%)
15
(51,7%)
28
(53,8%)
18
(60%)
10
(45,5%)
Divorciado
15
(13,7%)
12
(16,7%)
3
(8,1%)
18
(22,5%)
11
(21,6%)
7
(24,1%)
3
(5,7%)
2
(6,7%)
1
(4,5%)
Solteiro
32
(29,3%)
22
(30,6%)
10
(27,0)
18
(22,5%)
14
(27,5%)
4
(13,8%)
15
(29,1%)
6
(20%)
9
(40,9%)
Viúvo 21
(19,4%) 13
(18,1%) 8
(21,6) 9
(11,2%)
6
(11,8%)
3
(10,3%)
6
(11,4%)
4
(13,3%)
2
(9,1%)
Escolaridade
Analfabeto
11
(10,1%)
8
(11,6%)
3
(8,1%)
5
(6,3%)
3
(5,9%)
2
(6,9)
5
(9,6%)
0
(0,0%)
5
(22,7%)
Primário
6
(57,8%)
44
(63,8%)
19
(51,4%)
47
(58,8%)
33
(64,7%)
14
(48,3%)
22
(42,3%)
13
(43,3%)
9
(40,9%)
Secundário
28
(25,7%)
15
(21,7%)
13
(35,1%)
25
(31,3%)
12
(23,5%)
13
(44,8%)
20
(38,5%)
15
(50,0%)
5
(22,7%)
Universitário
7
(6,5%)
5
(7,2%)
2
(5,4%)
3
(3,4%)
3
(5,9%)
0
(0,0%)
5
(9,6%)
2
(6,7%)
3
(13,6%)
Estado
profissional
Empregado
57
(52,29%)
35
(48,6%)
22
(59,5%)
25
(31,3%)
16
(31,4%)
9
(31,0%)
27
(51,92%)
18
(60,0%)
9
(40,9%)
Desempregado
6
(5,50%)
5
(6,9%)
1
(2,7%)
5
(5,3%)
0
(0,0%)
5
(17,2%)
5
(9,61%)
2
(6,7%)
3
(13,6%)
Aposentado
46
(42,21%)
32
(44,4%)
14
(37,8%)
50
(62,5%)
35
(68,6%)
15
(51,7%)
20
(38,46%)
10
(33,3%)
10
(45,5%)
Comorbidade
Sim
45
(41,2%) 29
(40,3%) 16
(43,2%) 38
(47,5%) 19
(37,3%) 19
(65,5%) 31
(59,6%) 18
(60,0%) 13
(59,1%)
Não
64
(58,8%) 43
(59,7%) 21
(56,8%) 42
(52,5%) 32
(62,7%) 10
(34,5%) 21
(40,4%) 12
(40,0%) 9
(40,9%)
348
I.M.
Marinho
et
al.
Tabela
1
(Continuação)
Demografia
Não
fumantes
(109)
Ex-fumantes
(80)
Fumantes
(52)
Total
Internac¸ão
(72)
Clínico
(37)
Total
Internac¸ão
(51)
Clínico
(29)
Total
Internac¸ão
Clínico
Uso
de
drogas
Sim
4
(3,7%)
3
(4,2%)
1
(2,7%)
4
(5%)
2
(3,9%)
2
(6,9%)
3
(5,8%)
0
(0,0%)
3
(13,6%)
Não
105
(96,3%)
69
(95,8%)
36
(97,3%)
76
(95%)
49
(96,1%)
27
(93,1%)
49
(94,2%)
30
(100%)
19
(86,4%)
Uso
de
álcool
Sim
4
(3,7%)
3
(4,2%)
1
(2,7%)
20
(25%)
13
(25,5%)
7
(24,1%)
16
(30,8%)
9
(30,0%)
7
(31,8%)
Não
105
(96,3%)
69
(95,8%)
36
(97,3%)
60
(75%)
38
(74,5%)
22
(75,9%)
36
(69,2%)
21
(70,0%)
15
(68,2%)
Mac¸os-anob0
0
0
20,5
(10,60)
20,0
(9,5
±
45,5)
15
(29
±
64)
30
(8,75
±
42,75)
30
(9,25
±
40,75)
23
(8,5
±
43,8)
Níveis
de
COa2,26
±
1,65
2,29
±
1,8
2,15
±
1,25
2,98
±
2,69
3,45
±
3,6
2,7
±
2,2
9,97
±
6,50
10,9
±
7,6
8,7
±
4,6
Especialidade
Ortopedia
11
(10,1%)
11
(15,3%)
0
(0,0%)
4
(5,0%)
0
(0,0%)
4
(13,8%)
6
(11,5%)
0
(0,0%)
6
(27,3%)
Cirurgia
geral
18
(16,5%)
11
(15,3%)
7
(18,9%)
31
(38,8%)
22
(43,1%)
9
(31,0%)
19
(36,5%)
13
(43,3%)
6
(27,3%)
Otorrinola-
ringo
14
(12,8%)
10
(13,9%)
4
(10,8%)
14
(17,5%)
12
(23,5%)
2
(6,9%)
0
(0,0%)
0
(0,0%)
0
(0,0%)
Oftalmologia
6
(5,5%)
5
(6,9%)
1
(2,7%)
6
(7,5%)
3
(5,9%)
3
(10,3%)
6
(11,5%)
3
(10,0%)
3
(13,6%)
Cardiologia
3
(2,8%)
2
(1,4%)
1
(2,7%)
2
(2,5%)
2
(3,9%)
0
(0,0%)
1
(1,9%)
1
(3,3%)
0
(0,0%)
Cirurgia
cabec¸a-
-pescoc¸o
23
(21,1%)
12
(16,7%)
11
(29,7%)
7
(8,8%)
4
(7,8%)
3
(10,3%)
6
(11,5%)
5
(16,7%)
1
(4,5%)
Urologia
4
(3,7%)
2
(2,8%)
2
(5,4%)
4
(5,0%)
2
(3,9%)
2
(6,9%)
4
(7,7%)
2
(6,7%)
2
(9,1%)
Ginecologia
17
(15,6%)
13
(18,1%)
4
(10,8%)
5
(6,3%)
3
(5,9%)
2
(6,9%)
7
(13,5%)
3
(10,0%)
4
(18,2%)
Dermatologia
3
(2,8%)
1
(1,4%)
2
(5,4%)
0
(0,0%)
0
(0,0%)
0
(0,0%)
1
(1,9%)
1
(3,3%)
0
(0,0%)
Gastro
6
(5,5%)
3
(4,2%)
3
(8,1%)
5
(6,3%)
3
(5,9%)
2
(6,9%)
2
(3,8%)
2
(6,7%)
0
(0,0%)
Plástica
4
(3,7%)
2
(2,8%)
2
(5,4%)
2
(2,5%)
0
(0,0%)
2
(6,9%)
0
(0,0%)
0
(0,0%)
0
(0,0%)
aMédia
±
DP.
bMediana
(25,
75
percentis).
Cirurgia
para
o
paciente
parar
de
fumar
24
horas
antes
da
internac¸ão
hospitalar
349
Tabela
2
Média
de
monóxido
de
carbono
expirado
de
acordo
com
o
estado
de
tabagismo
Tabagismo
atual
Média
de
monóxido
de
carbono
expirado
antes
e
depois
da
consulta
Aceitável
Risco
Valores
médios
(<
6
ppm)
(≥
6
ppm)
Nunca
fumou
(45,2%) 107
(98,2%) 2
(1,8%)
2,26
±
1,65
Ex-fumante
(33,2%) 73
(91,2%) 7
(8,75%) 2,98
±
2,69
Fumante
(21,6%) 11
(21,2%) 41
(78,8%) 9,97
±
6,50a
Total
191
(79,3%)
50
(20,7%)
Valores
expressos
em
porcentagem
e
média
±
desvio
padrão.
ap
=
0,02
vs.
outros
grupos.
pacientes
no
Grupo
Clínico,
mas
não
houve
diferenc¸a
significativa
entre
os
grupos
(p
=
0,41).
Ao
comparar
os
níveis
de
CO
dos
pacientes
que
se
declararam
ex-fumantes
com
os
daqueles
que
se
declararam
não
fumantes,
houve
uma
tendência
de
os
ex-fumantes
apresentarem
níveis
maiores
de
CO,
mas
sem
significância
estatística
(2,98
±
2,69
vs.
2,25
±
1,69;
p
=
0,09).
Houve
uma
proporc¸ão
maior
de
pacientes
que
apresentou
risco
na
monoximetria
no
grupo
de
ex-fumantes
(13,8%)
do
que
no
grupo
de
não
fumantes
(5,8%;
p
=
0,05).
Quando
com-
parado
o
número
de
fumantes
em
domicílio,
os
ex-fumantes
e
não
fumantes
apresentaram
valores
semelhantes
(mediana
0
IQ25-75
0 --- 1
vs.
0
IQ25-75
0---1;
p
=
0,64).
Discussão
O
principal
achado
deste
estudo
foi
que,
independente-
mente
de
o
paciente
ter
sido
internado
por
uma
condic¸ão
médica
ou
ter
comparecido
ao
hospital
para
uma
consulta
ambulatorial,
os
níveis
de
CO
não
diferiram.
Portanto,
pode-
mos
inferir
que
uma
condic¸ão
médica,
como
a
cirurgia,
sem
a
devida
assistência
é
improvável
que
seja
suficiente
para
que
um
paciente
pare
de
fumar
durante
pelo
menos
24
h
antes
do
procedimento.
Por
essas
razões,
há
um
interesse
crescente
em
incentivar
os
candidatos
à
cirurgia
eletiva
a
pararem
de
fumar
no
período
pré-operatório.3Outro
achado
deste
estudo
foi
que
a
proporc¸ão
de
pacientes
com
risco
na
monoximetria
foi
maior
nos
ex-fumantes
do
que
nos
não
fumantes.
Muitas
condic¸ões
de
saúde
são
momentos
de
aprendi-
zado
para
estimular
a
cessac¸ão
do
tabagismo.
Momentos
de
aprendizado
para
cessac¸ão
do
tabagismo
incluem
três
cons-
trutos
que
são
analisados
para
verificar
se
esse
momento
é
significativo
o
suficiente:
até
que
ponto
o
evento
aumenta
a
percepc¸ão
de
risco
pessoal,
promove
fortes
respostas
afeti-
vas
ou
emocionais
e
impactos
no
autoconceito.11 Com
base
nesses
fatos,
a
indicac¸ão
de
cirurgia
pode
ser
considerada
um
momento
de
aprendizado,
uma
vez
que
preenche
todos
os
critérios
acima.
Isso
significa
que
se
o
aconselhamento
adequado
for
feito
durante
todo
o
período
perioperatório,
uma
maior
incidência
de
cessac¸ão
do
tabagismo
por
um
longo
período
pode
ser
alcanc¸ada.
Em
relac¸ão
aos
fumantes,
não
observamos
diferenc¸as
significativas
nas
proporc¸ões
de
pacientes
com
risco
no
exame
de
monoximetria
e
nos
níveis
de
CO
entre
os
paci-
entes
ambulatoriais
e
internados.
Esse
achado
mostrou
que
pacientes
ambulatoriais
e
internados
apresentaram
proporc¸ões
semelhantes
de
fumantes
nas
últimas
24
h.
Pode-
-se
inferir
que
uma
condic¸ão
médica,
como
a
internac¸ão
hospitalar
para
uma
cirurgia,
não
foi,
em
si,
suficiente
para
promover
24
horas
livre
de
tabaco
entre
os
pacien-
tes
cirúrgicos.
Em
nossa
instituic¸ão,
encorajamos
de
modo
rotineiro
a
todos
pacientes
cirúrgicos
que
parem
de
fumar
durante
as
consultas
perioperatórias,
mas
nenhum
encami-
nhamento
para
o
programa
formal
de
cessac¸ão
do
tabagismo
é
feito.
Embora
se
espere
uma
taxa
de
abandono
espontâ-
neo
de
2---3%
entre
os
usuários
de
tabaco,
sabe-se
que
uma
breve
intervenc¸ão
de
aconselhamento
durante
a
consulta
médica
pode
adicionar
um
incremento
de
1---3%
nas
taxas
de
abandono
do
tabaco.12 No
entanto,
para
a
nossa
populac¸ão
estudada,
conselhos
breves
durante
a
consulta
pré-
-operatória,
juntamente
com
a
presenc¸a
de
uma
condic¸ão
de
saúde,
como
uma
cirurgia,
sem
a
devida
assistência,
pro-
vavelmente
não
foram
suficientes
para
que
um
paciente
parasse
de
fumar.
Se
o
tratamento
apropriado
de
um
paci-
ente
cirúrgico
fumante
não
for
adequadamente
empregado,
esse
momento
de
aprendizado
pode
ser
desperdic¸ado.
Quanto
à
assistência
para
cessac¸ão
do
tabagismo,
os
resultados
da
pesquisa
de
opinião
apontaram
a
falta
de
tra-
tamento
adequado
pelo
profissional
de
saúde,
pois
cerca
de
metade
(49,8%)
do
público
pesquisado
considerou
que
nenhum
dos
profissionais
de
saúde
citados
era
adequado
para
ajudar
um
paciente
na
cessac¸ão
do
tabagismo
no
período
pré-operatório.
Isso
enfatiza
que
é
necessário
trei-
namento
adicional
sobre
como
lidar
com
o
fumante.
Uma
metanálise
conduzida
pela
Cochrane
mostrou
que
os
pro-
fissionais
de
saúde
que
receberam
treinamento
eram
mais
propensos
a
fazer
tarefas
de
cessac¸ão
do
tabagismo,
como
marcar
uma
data
para
parar,
fazer
consultas
de
acompa-
nhamento
e
fornecer
materiais
de
autoajuda.13 Este
estudo
também
conclui
que
treinar
o
profissional
de
saúde
para
for-
necer
intervenc¸ões
para
interromper
o
hábito
de
fumar
teve
um
efeito
mensurável
na
prevalência
do
tabagismo.
Assim,
podemos
inferir
que,
se
a
assistência
adequada
com
profissi-
onais
treinados
não
estiver
disponível,
apenas
uma
condic¸ão
de
saúde
não
é
suficiente
para
o
paciente
parar
de
fumar.
Outro
achado
deste
estudo
foi
uma
proporc¸ão
maior
de
pacientes
que
apresentou
risco
na
monoximetria
nos
grupos
de
ex-fumantes
do
que
de
não
fumantes.
Esperávamos
níveis
semelhantes
de
CO
entre
os
pacientes
ex-fumantes
e
não
fumantes,
já
que
o
número
de
fumantes
com
quem
convi-
viam
não
era
estatisticamente
diferente.
Esse
achado
pode
sugerir
que
ou
o
paciente
esconde
seu
verdadeiro
estado
de
350
I.M.
Marinho
et
al.
tabagismo
do
profissional
de
saúde
ou
há
uma
ocorrência
de
recaída.
Como
não
encontramos
diferenc¸as
estatísticas
entre
os
pacientes
ambulatoriais
e
os
internados,
pode-
mos
inferir
que
é
mais
provável
que
os
pacientes
fornec¸am
informac¸ões
erradas.
Shipton
et
al.
também
verificaram
esse
achado
ao
descobrir
que
o
autorrelato
em
grávidas
fumantes
subestima
de
modo
significativo
o
número
de
grá-
vidas
fumantes
na
Escócia.14 Isso
também
ocorreu
em
uma
populac¸ão
brasileira,
na
qual
38%
dos
pacientes
com
asma
ou
DPOC
apresentaram
discordância
entre
o
estado
de
taba-
gismo
autodeclarado
e
aquele
determinado
na
concentrac¸ão
de
cotinina
urinária.15
Obviamente,
este
estudo
teve
muitas
limitac¸ões.
A
primeira
limitac¸ão
foi
que,
ao
fazer
as
mensurac¸ões
de
CO
durante
a
consulta
pré-anestésica,
o
paciente
já
havia
sido
informado
da
necessidade
de
cirurgia.
Assim,
o
efeito
de
uma
condic¸ão
de
saúde
já
poderia
ter
causado
seu
efeito
na
cessac¸ão
do
tabagismo.
Tentamos
evitar
isso
definindo
os
ex-fumantes
como
não
fumantes
durante
os
últimos
três
meses,
no
mínimo.
Outra
limitac¸ão
foi
que
o
CO
é
produzido
endogenamente
e
absorvido
pelos
pulmões.
Como
a
maioria
dos
fumantes,
ex-fumantes
e
não
fumantes
provavelmente
está
exposta
à
poluic¸ão
significativa
proveniente
de
combus-
tíveis
fósseis
queimados,
isso
também
poderia
elevar
o
CO
expirado
e
causar
confusão
quanto
ao
paciente
ter
parado
de
fumar
ou
ter
ficado
muito
exposto
ao
CO.
O
nível
de
CO
também
pode
estar
elevado
com
base
na
exposic¸ão
profissi-
onal
do
paciente
--- p o r
exemplo,
o
trabalho
com
motores
de
combustão
no
qual
o
CO
poderia
estar
elevado
---
e
não
com
base
no
tabagismo.
Outra
limitac¸ão
em
relac¸ão
aos
níveis
de
CO
foi
avaliar
se
o
paciente
reduziu
a
quantidade
de
tabaco
consumido
antes
da
cirurgia,
pois
os
níveis
de
CO
só
podem
considerar
os
pacientes
como
fumantes
ou
não
fumantes
e
apenas
uma
medida
foi
feita.
Como
os
níveis
de
CO
só
podem
avaliar
as
últimas
24
horas
de
tabagismo,
é
possível
que
tenhamos
perdido
a
cessac¸ão
do
tabagismo
de
pacientes
que
poderiam
ter
parado
durante
todo
o
período
pré-
-operatório,
mas
decidiram
fumar
pouco
antes
da
internac¸ão
hospitalar.16 O
tamanho
da
amostra
foi
outra
limitac¸ão
do
estudo,
uma
vez
que
foi
baseado
em
amostragem
por
conveniência
e
nem
todos
os
pacientes
da
instituic¸ão
foram
testados.
Por
fim,
por
ser
um
estudo
transversal,
não
foi
possível
tirar
conclusões
claras
sobre
causa
e
efeito.
Em
conclusão,
o
aconselhamento
sobre
o
tabagismo
com
assistência
profissional
deve
ser
fornecido
para
todos
os
pacientes
cirúrgicos
fumantes,
já
que
a
própria
disposic¸ão
do
paciente
associada
a
um
breve
aconselhamento
médico
e
a
um
estado
de
saúde
pode
não
ser
suficiente
para
a
cessac¸ão
do
tabagismo
no
pré-operatório.
Novos
estudos
são
neces-
sários
para
elucidar
melhor
essa
hipótese,
uma
vez
que
este
estudo
apresenta
limitac¸ões.
Conflitos
de
interesse
Os
autores
declaram
não
haver
conflitos
de
interesse.
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