ArticlePDF Available

Abstract

Objective: To identify and analyze the perception of high school students about violence in intimacy relations in adolescence, in the light of the category Gender. Method: A qualitative, descriptive and exploratory study, based on the comments of 27 adolescents participating in the online game, Papo Reto. The discourses were submitted to the analysis of thematic content and discussed in the light of the category Gender. Results: Adolescents naturalize violence in their relationships of intimacy, but when they recognize it, they react in several ways: with aggressions, dialoguing with the partner or seeking support from third parties. Final considerations: There were discordant perceptions regarding the phenomenon, most of which reiterated gender stereotypes. However, they reveal attitudes favorable to overcoming mainly related to the attainment of autonomy.
652
EDIÇÃO TEMÁTICA
:
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DAS PRÁTICAS
DE ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9.
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0561
PESQUISA
Rosa Maria Godoy Serpa da FonsecaI, Danyelle Leonette Araújo dos SantosI, Rafaela GessnerI,
Lucimara Fabiana FornariI, Rebeca Nunes Guedes de OliveiraII, Michaela Chiara SchoenmakerI
I Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem. São Paulo-SP, Brasil.
II Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Departamento de Enfermagem. São Caetano do Sul-SP, Brasil.
Como citar este artigo:
Fonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC. Gender, sexuality and violence:
perception of mobilized adolescents in an online game. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(Suppl 1):607-14. [Thematic Issue:
Contributions and challenges of nursing practices in collective health] DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0561
Submissão: 08-08-2017 Aprovação: 09-11-2017
RESUMO
Objetivo: Identifi car e analisar a percepção de estudantes de ensino médio sobre a violência nas relações de intimidade no âmbito
da adolescência, à luz da categoria Gênero. Método: Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado a partir de comentários
de 27 adolescentes participantes do jogo online Papo Reto. Os discursos foram submetidos à análise de conteúdo temática e
discutidos à luz da categoria Gênero. Resultados: Os adolescentes naturalizam a violência nas suas relações de intimidade, porém,
quando a reconhecem, reagem de várias formas: com agressões, dialogando com o parceiro ou buscando apoio de terceiros.
Considerações fi nais: Houve percepções discordantes em relação ao fenômeno, a maior parte reiterando os estereótipos de gênero.
Contudo, revelam atitudes favoráveis à superação principalmente relacionadas à conquista de autonomia.
Descritores: Gênero e Saúde; Violência; Adolescente; Sexualidade; Tecnologia Educacional.
ABSTRACT
Objective: To identify and analyze the perception of high school students about violence in intimacy relations in adolescence,
in the light of the category Gender. Method: A qualitative, descriptive and exploratory study, based on the comments of 27
adolescents participating in the online game, Papo Reto. The discourses were submitted to the analysis of thematic content and
discussed in the light of the category Gender. Results: Adolescents naturalize violence in their relationships of intimacy, but
when they recognize it, they react in several ways: with aggressions, dialoguing with the partner or seeking support from third
parties. Final considerations: There were discordant perceptions regarding the phenomenon, most of which reiterated gender
stereotypes. However, they reveal attitudes favorable to overcoming mainly related to the attainment of autonomy.
Descriptors: Gender and Health; Violence; Adolescent; Sexuality; Educational Technology.
RESUMEN
Objetivo: Identifi car y analizar la percepción de estudiantes de Secundaria sobre la violencia en las relaciones de intimidad en el
ámbito de la adolescencia, a la luz de la categoría Género. Método: Estudio cualitativo, descriptivo y exploratorio, realizado a partir
de comentarios de 27 adolescentes participantes del juego online Papo Reto. Los discursos fueron sometidos al análisis de contenido
temático y discutidos a la luz de la categoría Género. Resultados: Los adolescentes naturalizan la violencia en sus relaciones de
intimidad, pero cuando la reconocen, reaccionan de varias formas: con agresiones, dialogando con el compañero o buscando apoyo de
terceros. Consideraciones fi nales: Hubo percepciones discordantes en relación al fenómeno, la mayor parte reiterando los estereotipos
de género. Sin embargo, revelan actitudes favorables a la superación principalmente relacionadas a la conquista de autonomía.
Descriptores: Género y Salud; Violencia; Adolescente; Sexualidad; Tecnología Educativa.
Gênero, sexualidade e violência: percepção de
adolescentes mobilizadas em um jogo online
Gender, sexuality and violence: perception of mobilized adolescents in an online game
Género, sexualidad y violencia: percepción de adolescentes movilizados en un juego online
Rafaela Gessner E-mail: rgessner2@yahoo.com.br
AUTOR CORRESPONDENTE
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 653
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
INTRODUÇÃO
Na área da saúde, frente ao desafio de formação de profis-
sionais críticos e reflexivos, os jogos vêm sendo cada vez mais
utilizados de modo a facilitar processos de aprendizagem. Neste
estudo, ressalta-se o uso de um jogo online para o favorecimen-
to da abordagem sobre sexualidade com adolescentes de forma
lúdica e interativa. O jogo Papo Reto foi idealizado como um
dispositivo pedagógico centrado na promoção do protagonismo
de adolescentes, do pensamento crítico-reflexivo e da constru-
ção do conhecimento, subsidiados pela ludicidade e pela in-
teração. Vislumbra a mobilização da reflexividade crítica por
meio de um ambiente livre de respostas pré-concebidas(1).
Fundamentado na perspectiva de gênero, o jogo Papo Reto
considera a construção social da sexualidade, na articulação
com os construtos sociais que possibilitam as diferentes concep-
ções e expressões da masculinidade e da feminilidade. Parte-se
do pressuposto que a abordagem da sexualidade na adolescên-
cia é permeada e determinada por questões de gênero. A partir
dessa concepção, a iniquidade de gênero apresenta-se como
elemento determinante da violência que permeia a vivência da
sexualidade na adolescência. Assim, a vivência das relações de
intimidade neste grupo social está relacionada com a significati-
va vulnerabilidade em relação à experiência de vitimização ou
perpetração da violência, o que determina outras vulnerabilida-
des no campo sexual e reprodutivo(2).
A violência por parceiro íntimo (VPI) afeta uma proporção
significativa da população mundial. No âmbito global, 30%
das meninas, com idade entre 15 e 19 anos experienciam VPI
em seus relacionamentos(3). Estudo realizado em nove países
com 24.000 mulheres sugere que a VPI acomete, em maior
número adolescentes e mulheres jovens, quando comparadas
às de idade adulta(4). O maior estudo desenvolvido sobre a
violência nas relações afetivo-sexuais entre adolescentes bra-
sileiros abrangeu 10 centros urbanos, distribuídos pelas cinco
regiões geopolíticas, com jovens de escolas públicas e priva-
das. Os resultados apontaram que 86,9% dos adolescentes
sofreram e 86,8% cometeram algum tipo de violência durante
um relacionamento afetivo(5).
Uma revisão integrativa da literatura verificou que a VPI é
vivenciada por ambos os sexos, porém há divergência entre
os tipos de violência perpetrados. A maioria dos estudos evi-
dencia que os meninos cometem mais agressão física e as me-
ninas mais violência psicológica. Salienta-se que os estudos
acerca da temática, em geral, não analisaram os resultados a
partir da perspectiva de gênero. Embora alguns definam a VPI
como um fenômeno social, a perspectiva de abordagem da
problemática apresenta-se desgenerificada(2).
É importante ressaltar que a vulnerabilidade à violência nas
relações de intimidade sofre influência e é determinada pelas
normas e papéis de gênero socialmente construídos. Esses
aspectos influenciam o reconhecimento da problemática e
podem naturalizar e caracterizar as situações de violência
como próprias desta geração(6). O presente artigo apresenta
um recorte de análise acerca das questões relacionadas à de-
sigualdade de gênero e à violência nas relações de intimidade
dos adolescentes que foram mobilizados na experiência de
utilização do Jogo Papo Reto por estudantes de uma escola
pública de ensino médio, em São Paulo.
O estudo desta temática é fundamental para a área da Saú-
de Coletiva, pois entender como os adolescentes percebem e
vivenciam situações que remetem à iniquidade de gênero e à
violência na vivência das suas relações de intimidade permi-
tirá vislumbrar estratégias de intervenção direcionadas para
esse público, objetivando a vivência da sexualidade de forma
não violenta e com equidade.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi identificar e analisar a percep-
ção de estudantes de ensino médio sobre sexo, sexualidade e
violência nas relações de intimidade, à luz da categoria gênero.
MÉTODO
Aspectos éticos
O estudo seguiu as exigências da Resolução 466/12(7), do
Ministério da Saúde e teve aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo. Todos os adolescentes menores
de 18 anos assinaram o Termo de Assentimento, e os pais,
mães, responsáveis legais e adolescentes maiores de 18 anos
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Salienta-se que, para preservar o anonimato, os comentários
foram identificados por meio do sexo dos participantes, com
a letra “M” representando o sexo masculino e “F” o sexo femi-
nino, seguidos de algarismo arábico atribuído aleatoriamente.
Referencial teórico-metodológico
O estudo utilizou como referencial teórico-metodológico a
categoria social Gênero, ancorada no materialismo histórico
e dialético. Essa categoria está baseada na diferença entre os
sexos. É componente das relações sociais, representando um
elemento primordial para a elaboração de significados sobre as
relações de poder. Enquanto componente básico das relações
sociais, o gênero está associado a quatro elementos presentes na
sociedade: aos símbolos culturalmente disponíveis, aos concei-
tos normativos, às instituições e organizações sociais, e à cons-
trução de identidades subjetivas, que compreendem as relações
complexas construídas no processo de interação humana(8).
Tipo de estudo
Trata-se de um estudo descrito e exploratório, de aborda-
gem qualitativa, desenvolvido a partir de comentários discur-
sivos de adolescentes jogadores registrados na plataforma on-
line o jogo Papo Reto. O jogo corresponde a um dispositivo
pedagógico desenvolvido para abordagem do tema sexualida-
de entre adolescentes. Ancora-se na problematização da rea-
lidade, no protagonismo dos sujeitos sociais, na livre expres-
são e na interação entre os jogadores, com vistas a motivar a
criatividade e a construção do conhecimento no campo da
sexualidade, sob a perspectiva de gênero(9).
O jogo simula situações reais vivenciadas pelos adolescentes,
tendo como cenário o mapa de uma cidade, na qual os espaços
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 654
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
Casa, Escola, Internet, Balada e Rua são acessados progressiva-
mente. Nesses territórios, os adolescentes se deparam com dife-
rentes situações-problemas estruturadas para fomentar a proble-
matização de temas que dizem respeito à sexualidade, como:
discussões sobre o corpo, diálogo com os pares e com os pais,
iniciação e orientação sexual. Na medida em que o jogador res-
ponde as situações-problemas e completa as missões definidas
para cada uma delas, acumula pontos e, assim, ganha posições
no ranking de todos os jogadores.
No que se refere à sexualidade, a elaboração do jogo
buscou estimular questionamentos sobre a problemática
das iniquidades de gênero vivenciada entre os pares, pos-
sibilitando uma interface com a problemática da VPI. Esse
enfoque foi adotado considerando os padrões de relaciona-
mento próprios dos adolescentes como determinados pela
construção de gênero que, por sua vez, permeiam a cons-
trução da sexualidade.
Cenário do estudo
O estudo foi desenvolvido em uma escola municipal
de ensino médio localizada no município de São Paulo. O
convite para os adolescentes participarem do estudo foi fei-
to formalmente pelas pesquisadoras para 308 estudantes,
pessoalmente, nas salas de aula. Entre os convidados, 62
demonstraram interesse em participar do jogo e da pesquisa,
tendo recebido autorização da mãe, do pai ou do responsável
legal. A participação de adolescentes com idade superior a 18
anos dispensou autorização.
No mês de agosto de 2014 foi realizado o processo de ca-
dastramento dos participantes na plataforma online, por meio
da criação de login e senhas individuais. Nos meses de setem-
bro e outubro de 2014, o jogo foi disponibilizado aos adoles-
centes. Ao final desse período, 27 adolescentes acessaram e
jogaram regularmente, constituindo os participantes finais da
pesquisa. Em geral, os adolescentes acessaram o jogo pelo
período médio de um mês e um tempo médio de 40 minutos
de conexão, mesmo o acesso ficando disponível durante todo
o período de implementação deste estudo.
Coleta e análise dos dados
Em julho de 2015, os dados foram coletados a partir de um
banco de dados composto pelas respostas às situações-pro-
blemas em formato de questão discursiva e dos comentários
dos adolescentes, frente às respostas dos pares. O material
empírico foi exportado do ambiente online do jogo para uma
base de dados no Programa Microsoft Excel. Os discursos
foram submetidos à análise de conteúdo temática proposta
por Bardin(10) e a discussão embasou-se na categoria analítica
Gênero.
RESULTADOS
A análise dos comentários possibilitou a emergência de
três categorias empíricas: “Naturalização da violência nas
relações de gênero”, “Reconhecimento de direitos sexuais
como potencial de fortalecimento” e “Enfrentamento da vio-
lência pelos adolescentes”.
Naturalização da violência nas relações de gênero
A naturalização da violência, sobretudo no discurso das
adolescentes, foi evidenciada em situações que remetiam a
comportamentos entendidos como aceitáveis em um dado re-
lacionamento. Tais comportamentos não foram identificados
como violência, mas como integrantes naturais da relação.
Os discursos revelaram que as relações de intimidade en-
tre adolescentes podem ser marcadas por disputas de poder
que influenciam a determinação de situações de violência.
Nesse sentido, a prática sexual pode representar um ins-
trumento de dominação – em geral masculina - visto que
em alguns comentários emitidos por adolescentes do sexo
masculino, a relação sexual foi considerada uma forma de
agressão à mulher, por meio do emprego do órgão sexual
masculino.
É bom pra você ter o pênis torto [por] que é melhor pra
machucar as mulheres! (M1)
Não importa se a espada [pênis] é torta, mas sim se ele fere
o oponente. (M4)
Outro aspecto evidenciado nas respostas dos adoles-
centes às situações do jogo foi a subalternidade de gênero,
como argumento dos participantes para justificar a violên-
cia nos seus relacionamentos. Destacou-se o uso de termos
que estereotipam e inferiorizam a condição feminina no
relacionamento, como pode ser evidenciado a seguir:
Tacava o piru nas novinhas. (M2)
As falas de algumas participantes do sexo feminino reve-
laram uma relação desigual de poder no que se refere aos
direitos e preferências de cada um dos pares. Observou-se
que o fato de estar em um relacionamento permite aceitação
de comportamentos dominantes, sobretudo de caráter sexual,
compreendidos como próprios de uma relação afetiva, a fim
de agradar o outro.
Acho que não tem por que [tirar a mão dele dos seios],
afinal, estou namorando com ele. (F1)
[...] se ele [namorado] gosta de você, não vai querer só uma
coisa, vai querer você por completo. (F3)
Em alguns casos, os participantes referiram o comporta-
mento feminino como desencadeador de situações violentas
nos relacionamentos afetivo-sexuais. Supostas características
sedutoras e provocantes das mulheres adolescentes costumam
justificar as situações de violência por parceiro íntimo. Des-
ta maneira, as meninas são culpabilizadas pelas situações de
violência, tidas como provocadas por elas. Na fala a seguir,
constata-se a desqualificação do comportamento da vítima e
a valorização da postura do agressor.
Ela é safada por estar brincando disso [amasso] com o na-
morado. Ela devia ter a consciência que o namorado dela
iria fazer isso [MENINA BURRA]. (F2)
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 655
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
Os relatos também expressaram a culpabilização das adoles-
centes pela violência vivida no ambiente virtual, como por exem-
plo, a divulgação de fotos íntimas sem a autorização do parceiro.
Para começar, a namorada nem deveria ter mandado fotos des-
se tipo [íntimas] para quem não tem 100% de confiança. (M3)
Embora as adolescentes tenham sido culpabilizadas pe-
las situações de violência presentes nos relacionamentos
afetivos-sexuais, destaca-se o fato de alguns discursos terem
feito uma leitura do comportamento feminino baseada na au-
tonomia das mulheres sobre seus corpos, o que remete a uma
concepção acerca da vivência dos direitos sexuais, conforme
revelado na categoria a seguir.
Reconhecimento de direitos sexuais como potencial de
fortalecimento
Nessa categoria identificou-se a valorização do sexo femini-
no por meio da expressão das vontades das meninas em relação
à vivência da sexualidade. A autonomia da adolescente em de-
cidir quando e como iniciar a vida sexual mostrou-se importante
para os participantes, sobretudo, do sexo feminino.
Se você acha que ainda não é a hora certa [de ter a primeira
relação sexual] não faça absolutamente nada! [...] Analise
todas as condições e não deixe que o menino te force a
nada. Vá pelas suas próprias vontades. (F3)
Ela deve ter certeza de que é isso que quer, para que não
se arrependa depois. Afinal, é um passo muito importante
começar uma vida sexual e ela não deve fazer apenas por
fazer e sim por querer. (F4)
Apesar de essas falas revelarem a valorização da autono-
mia na tomada de decisão sobre a sexualidade e o corpo,
parte das adolescentes apresentou uma visão romântica e ide-
alizada das relações de intimidade, sobretudo no que tange
à primeira relação sexual. Dentre os aspectos mencionados
como relevantes para as adolescentes refletirem e decidirem
iniciar a vida sexual, salienta-se o momento julgado por elas
como oportuno a escolha de um parceiro de sua confiança.
Poucos foram os participantes do sexo masculino que fize-
ram menção a uma postura de maior liberdade por parte das
adolescentes em decidir sobre a iniciação sexual. Contudo,
quando eles se posicionaram, enfatizaram a necessidade de
ser respeitado o direito de escolha do outro.
[...] se ela não quer ficar com ele, ela não quer. Não tem
porque insistir. (M5)
Algumas participantes relataram pressões exercidas social-
mente pelo grupo de amigos no sentido da concretização do
início das relações sexuais. Contudo, corroboraram a autono-
mia feminina na decisão sobre quando deve ocorrer, salien-
tando a necessidade de confiança e preparação emocional
com a finalidade de evitar arrependimentos.
Acho que ela só deveria ter a sua primeira vez quando se
sentisse preparada e confortável, e não fazer por pressão de
um grupo de amigas ou do namorado. Ela tem que transar
quando ela quiser, e quando ela se sentir bem! (F5)
Não faça suas escolhas com base no que os outros vão pen-
sar, o que importa é você se sentir bem. (F6)
Apesar de a autonomia se mostrar evidente nos discursos
como uma necessidade relacionada ao início das relações se-
xuais, também foi percebida como um aspecto que pode in-
fluenciar o enfrentamento da violência de gênero nas relações
de intimidade estabelecidas entre os adolescentes.
Enfrentamento da violência nas relações de gênero entre
adolescentes
Os adolescentes da pesquisa relataram diferentes formas
de enfrentamento da violência de gênero nas relações de in-
timidade. Diante de uma situação-problema apresentada no
jogo e comentada pelos participantes, na qual era abordado
o desconforto de um dos parceiros diante uma carícia sexual
não desejada, foram elencadas duas reações: a primeira está
relacionada ao diálogo com o parceiro e a segunda está asso-
ciada à resposta por meio de agressões verbais e físicas.
Falaria que ficasse mais calmo, pois está muito excitado, e
estava me machucando. (M6)
Falaria “para” e se ele não parasse eu partiria pra agressão. (F9)
Daria um tapa na cara dele, pois deveria ter responsabilida-
de antes de agir. (M7)
Em situações-problema do jogo que abordavam a temática
da violência em ambientes virtuais, as respostas e comentá-
rios dos adolescentes expressaram a perpetração da violência
psicológica nesses ambientes como vivência comum desse
grupo social, a exemplo do acesso às mensagens e ao perfil
do parceiro ou da parceira nas redes sociais sem autorização,
com consequente invasão de privacidade. Neste contexto, al-
guns participantes indicaram como forma de enfrentamento
para essas violações, a busca por apoio da polícia.
Ir na polícia de crimes cibernéticos. (M8)
Denunciar o namorado para a polícia e fazê-lo pagar por
isto. (M5)
Os participantes também destacaram como forma de en-
frentamento da violência a busca da ajuda de profissionais,
como psicólogos e a sua rede de apoio, geralmente constituí-
da pelos pais e amigos. Os relatos destacaram que as interven-
ções precisam ser direcionadas tanto aos adolescentes em si-
tuação de violência, quanto aos perpetradores das agressões.
Para que ele [perpetrador] procure um profissional para
aprender a se controlar e a agir como uma pessoa normal.
Nem tudo se resolve na porrada. (F7)
[…] Converse com alguém íntimo da sua família ou até uma
amiga mais sensata! (F8)
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 656
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
Os discursos dos adolescentes reconhecem as situações de
violência que podem ser vivenciadas nas relações de intimi-
dade, da mesma forma que apontam possibilidades de en-
frentamento para a superação desses conflitos presentes na
adolescência.
DISCUSSÃO
Os resultados revelam uma interface entre as problemáti-
cas da VPI e da sexualidade na população adolescente. No
jogo Papo Reto, evidenciaram-se fenômenos que precisam ser
problematizados, interpretados e compreendidos à luz da ca-
tegoria gênero, visto serem permeados por construtos sociais
que reproduzem uma ideologia de naturalização da violência
e de conservação das normas socialmente estabelecidas para
os sexos feminino e masculino.
As normas vigentes em cada contexto social e a constru-
ção de gênero determinam, geralmente, as relações afetivas e
sexuais que se iniciam durante a adolescência, determinando
também vulnerabilidades, com repercussões a curto, médio e
longo prazo(11). Essas mesmas normas sociais que influenciam
as relações de poder estabelecidas entre homens e mulheres
adultos, também foram identificadas nos relacionamentos afe-
tivos e sexuais na adolescência. Nos discursos dos adolescen-
tes, verificou-se que o órgão sexual masculino e o ato sexual
aparecem como símbolos que representam instrumentos de
dominação das meninas.
Observou-se, também, o reforço da posição de subalternida-
de feminina e a culpabilização das adolescentes pelas situações
de violência. O papel social atribuído às mulheres é hegemo-
nicamente estigmatizado, sendo responsável por determinar o
controle e a condenação da sexualidade(12). Deste modo, as mu-
lheres costumam ser culpabilizadas quando não apresentam um
comportamento considerado socialmente adequado(13).
Do mesmo modo, reconhece-se que também são atribuí-
dos, socialmente, comportamentos específicos aos homens.
Dentre as diversas características deles, destacam-se a força
e a virilidade, sendo esta última vinculada a uma compreen-
são da relação sexual como necessidade biológica inerente ao
masculino. Essa concepção constitui um solo fértil para a vio-
lência sexual, pois justifica e naturaliza esse tipo de violência,
associando-a com um suposto instinto sexual dos homens(14).
Além de os papéis sociais masculinos e femininos serem
determinantes para a VPI entre adolescentes, em alguns casos,
as diferentes formas de violência são naturalizadas e roman-
tizadas, pois atitudes e comportamentos violentos podem ser
interpretados como uma expressão de romance e paixão(15).
Ao basear suas relações de intimidade no ideário do amor
romântico, os adolescentes tendem a considerar atitudes vio-
lentas como demonstração de afeto e amor, acarretando em
não percepção da violência, que passa a ser naturalizada nos
seus relacionamentos(14).
Estudo desenvolvido em Curitiba, Brasil, junto a adoles-
centes com idade entre 15 e 19 anos, revelou que eles sofrem
e perpetram violência, porém não a reconhecem como tal.
Essa ausência de reconhecimento fundamenta-se em estereó-
tipos de gênero que estabelecem, socialmente, os papéis de
homens e mulheres nas relações de intimidade, compreendi-
dos pelos adolescentes como intrínsecos a supostas naturezas
feminina e masculina(2).
Assim, a naturalização da violência revela-se nos discursos
dos adolescentes na medida em que situações que remetem
a comportamentos violentos não são problematizadas e são
entendidas como aceitáveis em um relacionamento. Esse as-
pecto foi evidenciado, sobretudo, no discurso das meninas.
Destaca-se, ainda, a aceitação de relações desiguais referentes
aos direitos e preferências de cada um dos pares. Esse aspecto
pode ser evidenciado nos discursos que abordam uma supos-
ta autoridade concedida ao sexo masculino para tocar o corpo
da parceira, sem permissão. Ao mesmo tempo, esses discur-
sos negam às meninas o direito de expressar ou vivenciar seus
desejos e preferências nos relacionamentos.
A submissão de gênero revelada nas falas das adolescentes é
reforçada nos discursos das meninas, sendo caracterizada pela
maior valoração das meninas quanto mais novas elas forem. A
ideia da mulher “novinha”, apresenta-se no imaginário dos ho-
mens como alguém virgem, pura, intocável e frágil, sendo objeto
de desejo masculino conquistá-la para valorizar sua masculinida-
de e virilidade. Esta ideação reafirma os estereótipos de gênero
e as relações de poder e dominação entre mulheres e homens,
imputando as adolescentes uma posição subalterna, a qual as
torna mais vulneráveis à vitimização nas relações de intimidade.
Essa maior vulnerabilidade feminina pode ser evidenciada
em resultado de pesquisa realizada com 1377 adolescentes
em oito escolas públicas do Reino Unido. O estudo verificou
que três quartos dos casos de violência sexual nos relaciona-
mentos de intimidade sofridos por meninas foram perpetrados
por parceiros mais velhos(16).
Embora os comentários dos participantes reiterarem questões
de gênero – que naturalizam as relações violentas e subalterni-
zam as adolescentes – foi possível constatar, em parte dos dis-
cursos, um posicionamento voltado à autonomia das mulheres
sobre seus corpos, o que remete à vivência dos direitos sexuais.
Nos relatos, as adolescentes foram identificadas como responsá-
veis por decidirem acerca da iniciação sexual, porém, precisan-
do ponderar diversos aspectos ao fazerem suas escolhas, visando
evitar arrependimentos. No entanto, a valorização dos direitos
sexuais das adolescentes se mostrou contraditória entre os par-
ticipantes da pesquisa, fato associado a uma visão idealizada e
pouco problematizada dos relacionamentos de intimidade.
A iniciação sexual é considerada, pelos adolescentes,
como um marco nas suas histórias de vida, tendo motivações
distintas de acordo com o gênero. Enquanto para as meninas
a experiência sexual revela-se idealizada, devendo ocorrer no
momento e na idade certos como consequência de um vín-
culo amoroso duradouro, para os meninos vincula-se a uma
necessidade sexual que precisa ser saciada(17).
Salienta-se que a tomada de decisão para iniciar a vida se-
xual, além de sofrer interferência das questões de gênero, é in-
fluenciada e estimulada pelos pares, sobretudo quando a rede
de amigos é formada por adolescentes que já mantém vida se-
xual ativa(17-18). Considerando que “autonomia é a capacidade e
as condições concretas que permitem às mulheres tomar livre-
mente as decisões que afetam as suas vidas e o poder de agir
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 657
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
segundo tais decisões”(19) questiona-se se, de fato, as adolescen-
tes exercem autonomia na tomada de decisões quanto à inicia-
ção sexual e à sexualidade. Apesar de na atualidade as mulheres
possuírem maior liberdade para fazer suas escolhas sexuais e
reprodutivas, estas ainda são pautadas pelas marcas identitárias
de gênero, histórica e socialmente construídas.
Embora a percepção das adolescentes como protagonistas
na vivência da sua sexualidade tenha sido evidenciada nos
discursos, a análise também mostrou a coexistência de pa-
drões de feminilidade e masculinidade que reproduzem os es-
tereótipos sexistas presentes nas relações de intimidade. Esses
padrões influenciam a compreensão dos adolescentes acerca
dos diferentes papeis assumidos pelas figuras feminina e mas-
culina que tomam como referência e reproduzem nas suas
relações afetivo-sexuais. Desse modo, apesar de essa geração
apresentar, até certo ponto, um discurso superador, centrado
na autonomia feminina e no protagonismo no campo sexual,
ainda reproduz os padrões de comportamento sexistas com
os quais convivem na família e na sociedade, aspecto espera-
do, visto que nas transformações históricas sociais convivem
o progresso e o retrocesso, dialeticamente.
Outro aspecto mencionado pelos participantes da pesqui-
sa evidencia potencialidades para o enfrentamento da VPI na
adolescência, bem como para identificação de atitudes per-
missivas para a perpetração desse fenômeno. Os adolescentes
indicaram diferentes modos de enfrentamento dessas viola-
ções, destacando-se o diálogo e a agressão.
Corroborando esse resultado, uma pesquisa realizada na
cidade de Brasília, Brasil, com alunos do primeiro ano do en-
sino médio de uma escola pública, revelou que os adolescen-
tes reconhecem como formas de enfrentamento da violência
nas relações afetivo-sexuais o término do relacionamento, a
negociação, a violência e a resignação(20). Em se tratando da
resposta à violência por meio da agressão, esse dado tam-
bém foi evidenciado em estudo desenvolvido junto a ado-
lescentes afro-americanos economicamente desfavorecidos,
os quais revelaram presença de reciprocidade da VPI entre
adolescentes(21).
Outra forma de manejo relatada pelos participantes do pre-
sente estudo foi acionar a sua rede de apoio - representada pelos
pais e amigos -, polícia, bem como psicólogos para ajudar no
enfrentamento das situações de violência de seus relacionamen-
tos. Esses mesmos mecanismos de apoio também foram apon-
tados por outros autores, sendo os amigos os mais acionados
pelos adolescentes(22-24). Destaca-se que a procura por amigos
é justificada, sobretudo, pelas características de empatia, acon-
chego, manutenção de segredo e postura de não julgamento(25).
Sobre a busca por profissionais especializados, como
psicólogos, os participantes apontaram a importância desse
apoio, tanto para a vítima, quanto para o perpetrador da vio-
lência. Referente à busca por ajuda para as vítimas, um estudo
realizado com 518 adolescentes de diferentes etnias, residen-
tes na Carolina do Sul, Estados Unidos da América, verificou
que 50% dos participantes relataram elevada intenção para
buscar o apoio informal e de serviços diante de uma situa-
ção de violência no namoro, sendo as adolescentes mulheres
mais propensas à procura de ajuda(26).
No caso de assistência psicológica para o perpetrador, nos rela-
tos, esse apoio tinha o intuito de fazê-lo conhecer a si e, com isso,
aprender a controlar sentimentos e impulsos capazes de desenca-
dear atitudes violentas. Esse dado apresenta-se como relevante e
pode estar associado com a ideia de buscar o enfrentamento dos
determinantes e não somente das consequências da VPI.
A análise dos dados, em conjunto, revelou que alguns jo-
gadores assumiram no jogo uma postura violenta e opressora
em toda a interação, recebendo muitas avaliações negativas
pelos pares. Esse aspecto, ao mesmo tempo em que revela um
potencial de reconstrução de conhecimentos e atitudes pela
interação, levanta a hipótese de que esta também poderia ser
uma “estratégia de jogo” adotada por esses participantes, na
qual assumem um personagem e simulam suas opiniões com
o intuito de gerar polêmica e provocar os pares.
Por outro lado, a análise revelou que algumas respostas
traziam conteúdos violentos explícitos – a exemplo de:
É bom pra você ter o pênis torto [por] que é melhor pra
machucar as mulheres! (M1)
Tacava o piru nas novinha. (M4)
Estas não foram comentadas e nem avaliadas por outros
jogadores até a data de término da análise desta fase da pes-
quisa. Esse aspecto leva a questionar se esse “silêncio” dos
jogadores frente a tais atitudes seria a naturalização e aceita-
ção da violência ou não refletiria um alto grau de incômodo e
recusa a essas opiniões ou posturas.
Limitações do estudo
As limitações deste estudo dizem respeito ao fato de os resul-
tados permitirem uma análise de um curto período de tempo,
somente em uma escola. Além disso, os adolescentes acessaram
o jogo em uma fase na qual havia poucos sujeitos cadastrados
utilizando o dispositivo, o que pode ter comprometido a inte-
ração entre os jogadores e a sua evolução no jogo. Outro fator
limitante foi que, apesar de o jogo permitir a interpretação das
questões a partir de relações homoafetivas, nesse grupo de joga-
dores, não foi detectado esse resultado, impossibilitando a anali-
sar VPI em relacionamentos entre adolescentes do mesmo sexo.
Em futuros estudos de aplicação do jogo estima-se a interação
entre grupos heterogêneos, provenientes de diferentes cenários
e em um maior período de tempo.
Contribuições para área da saúde
A partir da análise apresentada, constatou-se que o jogo
Papo Reto – enquanto dispositivo lúdico – traz como possibi-
lidade a captação de temas que podem traduzir necessidades,
vulnerabilidades e também potenciais de desgaste e fortaleci-
mento da realidade dos adolescentes, sobretudo, nas relações
de intimidade. O posicionamento contrário à violência e o re-
conhecimento dos direitos sexuais, apareceram como poten-
cialidades nos discursos dos adolescentes e podem significar
possibilidade de transformação, visto que esses discursos são
compartilhados no jogo pela interação com os pares, mobili-
zando a construção do conhecimento nessa temática.
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 658
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
As vulnerabilidades que emergem da análise dos discur-
sos revelam necessidades de intervenções nesse campo,
principalmente relacionadas ao conhecimento em relação à
determinação da violência. Essas intervenções devem possi-
bilitar a superação de compreensões ideológicas que natu-
ralizam a violência ou culpabilizam às vítimas, assim como
o reconhecimento da violência e suas diferentes formas de
manifestação e possibilidades de enfrentamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conteúdo discursivo produzido pelos comentários dos
adolescentes que utilizaram o jogo online Papo Reto revelou
posicionamentos sobre a VPI. Evidenciaram percepções con-
traditórias em relação ao fenômeno, uma vez que corrobora-
ram estereótipos de gênero, ao mesmo tempo em que mani-
festaram atitudes e comportamentos que podem oportunizar
a superação do problema e o direito à autonomia.
Apesar de os discursos apontarem para possibilidades de
superação, os resultados evidenciam a necessidade de pro-
blematizar a temática sob a ótica de gênero, no sentido de
promover a reflexão acerca da determinação histórica e social
dos fenômenos que determinam a VPI entre adolescentes.
A despeito da potencialidade do uso do jogo para permitir
a construção do conhecimento e transformação de atitudes,
entende-se que a diversidade de percepções dos adolescentes
sobre a temática da VPI e a perpetuação de características,
que demonstram a sua naturalização apontam para a neces-
sidade de intervenções que, aliadas ao uso do jogo, podem
promover a vivência da sexualidade de forma não violenta.
A compreensão da VPI dos adolescentes demanda da arti-
culação das categorias sociais alquimizadas. Para a abordagem
dessa problemática, deve-se privilegiar a inserção social desse
grupo e as relações de poder estabelecidas pelas desigualdades
de gênero veiculadas, vivenciadas e naturalizadas por essa
geração, as quais determinam diferentes potencialidades e
vulnerabilidades na vivência de relacionamentos saudáveis e
livres de violência.
FOMENTO
Este artigo é resultado de projeto financiado pela Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pro-
cesso 2013/ 06796-1.
REFERÊNCIAS
1. Oliveira RNG, Gessner R, Souza V, Fonseca RMGS. Limites e possibilidades de um jogo online para a construção de conhecimento
de adolescentes sobre a sexualidade. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2016[cited 2017 Jul 03];21(8):2383-92. Available from: http://
www.scielo.br/pdf/csc/v21n8/1413-8123-csc-21-08-2383.pdf
2. Oliveira RNG, Gessner R, Brancaglioni BCA, Fonseca RMGS, Egry EY. Preventing violence by intimate partners in adolescence:
an integrative review. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2016 [cited 2017 Jul 03];50(1):134-43. Available from: http://www.scielo.br/
pdf/reeusp/v50n1/0080-6234-reeusp-50-01-0137.pdf
3. World Health Organization (WHO). Preventing intimate partner and sexual violence against women: taking action and generating
evidence [Internet]. Geneva: WHO. 2010 [cited 2017 Jun 20]. Available from: http://www.who.int/violence_injury_prevention/
publications/violence/9789241564007_eng.pdf
4. Stöckl H, March L, Pallitto C, Garcia-Moreno C. Intimate partner violence among adolescents and young women: prevalence
and associated factors in nine countries: a cross-sectional study. BMC Public Health [Internet]. 2014 [cited 2017 Jun 10];14(751).
Available from: https://doi.org/10.1186/1471-2458-14-751
5. Minayo MCS, Assis SG, Njaine K. Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do “ficar” entre jovens brasileiros.
Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2011.
6. Brancaglioni BCA, Fonseca RMGS. Intimate partner violence in adolescence: an analysis of gender and generation. Rev Bras
Enferm [Internet]. 2016 [cited 2017 Jun 10];69(5):890-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n5/en_0034-7167-
reben-69-05-0946.pdf
7. Brasil. Resolução no. 466 de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo
seres humanos. Brasília: Conselho Nacional de Saúde; 2012.
8. Scott JW. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. 1995;20(2):71-99.
9. Oliveira RNG, Gessner R, Fonseca RMGS, Souza V. Avaliação da construção do conhecimento no campo sexual e reprodutivo
de adolescentes por meio do jogo online. Atas do Congresso Ibero Americano em Investigação Qualitativa [Internet]. 2015[cited
2017 Jul 03];1:403-08. Available from: http://proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2015/article/view/95
10. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.
11. Martsolf DS, Draucker CB, Brandau M. Breaking up is hard to do: how teens end violent dating relationships. AM Psychiatr Nurses
Assoc [Internet]. 2013 [cited 2017 Jun 20];19(2):71-7. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23564747
12. Peculero MA. “Prostitutas, infieles y drogadictas”: juicios y prejuicios de género en la prensa sobre las víctimas de feminicidio: el
caso de Guerrero, México. Antipod Rev Antropol Arqueol [Internet]. 2014 [cited 2017 Jul 03];20:97-118. Available from: http://
dx.doi.org/10.7440/antipoda20.2014.05
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 659
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
13. Araújo MJO, Simonetti MCM. Direitos Humanos e Gênero [Internet]. Curitiba: Terra Direitos; 2013 [cited 2017 Jun 20]. Available
from: http://global.org.br/wp-content/uploads/2014/03/980_publicacao_questoes_genero.pdf
14. Schleiniger CS, Strey MN. Violência & Gênero nas relações afetivo-sexuais entre adolescentes: enfrentamento intersetorial. Porto
Alegre: PUCRS; 2016.
15. Assis CL. “Entre tapas e beijos”: representações sociais sobre a violência de gênero para adolescentes. Psicol Saber Social
[Internet]. 2013 [cited 2017 Jun 15];2(2):229-42. Available from: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/psi-sabersocial/
article/view/8796
16. Barter C, McCarry M. Love, power and control: girl’s experiences of relationship exploitation and violence. In: Lombard N,
McMillan L (Eds.). Violence against women: current theory and practice in domestic abuse, sexual violence and exploitation.
London: Jessica Kingsley; 2013.
17. Borges ALV, Nakamura E. Social norms of sexual initiation among adolescents and gender relations. Rev Bras Enferm [Internet].
2009 [cited 2017 Jun 15];17(1):94-100. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v17n1/15.pdf
18. Santos TCMB, Albuquerque LBB, Bandeira CF, Colares VSA. Fatores que contribuem para o início da vida sexual de adolescentes:
revisão integrativa. Rev Atenc Saúde [Internet]. 2015 [cited 2017 Jun 15];13(44):64-70. Available from: http://seer.uscs.edu.br/
index.php/revista_ciencias_saude/article/view/2668
19. Guedes RN, Fonseca RMGS. Autonomy as a structural need to face gender violence. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2011 [cited
2017 Jun 15];45(Esp.2):1730-4. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45nspe2/en_16.pdf
20. Murta SG, Santos BRP, Nobre LA, Araújo IF, Miranda AAV, Rodrigues IO, et al. Prevenção à violência no namoro e promoção de
habilidades de vida em adolescentes. Psicol USP [Internet]. 2013 [cited 2017 Jun 15];24(2):263-88. Available from: http://dx.doi.
org/10.1590/S0103-65642013000200005
21. Landor AM, Hurt TR, Futris T, Barton AW, McElroy SE, Sheats K. Relationship contexts as sources of socialization: an exploration on
intimate partner violence experiences of economically disadvantaged African American adolescents. J Child Fam Stud [Internet].
2017 [cited 2017 Jul 12];26:1274-84. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007/s10826-016-0650-z
22. Soares JSF, Lopes MJM, Njaine K. Violência nos relacionamentos afetivo-sexuais entre adolescentes de Porto Alegre, Rio Grande
do Sul, Brasil: busca de ajuda e rede de apoio. Cad Saúde Pública [Internet]. 2013 [cited 2017 Jul 08];29(6):1121-30. Available
from: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2013000600009
23. Moore A, Sargenton KM, Ferranti D, Gonzalez-Guarda RM. Adolescent dating violence: supports and Barriers in accessing
services. J Community Health Nurs[Internet]. 2015 [cited 2017 Jun 15];31(1):39-52. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pubmed/25674973
24. Helm S, Baker CK, Berlin J, Kimura S. Getting In, Being In, Staying In, and Getting Out: Adolescents Descriptions of Dating and
Dating Violence. Youth Soc[Internet]. 2017 [cited 2017 Jun 15];49(3):318-40. Available from: http://journals.sagepub.com/doi/
pdf/10.1177/0044118X15575290
25. Madkour AS, Swiatlo A, LeSar K, Broussard M, Kendall C, Seal D. Sources of help for dating violence victims: a qualitative inquiry
into the perceptions of African American teens. J Interpers Violence [Internet]. 2016 [cited 2017 Jul 08];1-17. Available from:
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0886260516675467
26. Hedge JM, Flege MDH, McDonell JR. Promoting informal and professional help-seeking for adolescent dating violence. J.
Community Psychol [Internet]. 2017 [cited 2017 Jul 08];45:500-12. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/
jcop.21862/abstract
... Violence in video games. Three articles fall into the category of how children experience and perceive violence when playing video games [38,45,51]. Two studies [45,51] demonstrate general relevance to a child's daily life by focusing on video games that are available readily on the market, however, it was not clear from the article or from a search online whether the game in one study [38] was readily available and therefore relevant to a child's daily life. ...
... Three articles fall into the category of how children experience and perceive violence when playing video games [38,45,51]. Two studies [45,51] demonstrate general relevance to a child's daily life by focusing on video games that are available readily on the market, however, it was not clear from the article or from a search online whether the game in one study [38] was readily available and therefore relevant to a child's daily life. The personal and ecological relevance was valid for two studies [45,51] where participants were regular players of two or more of the bestselling violent games or had played video or computer games for at least 2 hours a week. ...
... The personal and ecological relevance was valid for two studies [45,51] where participants were regular players of two or more of the bestselling violent games or had played video or computer games for at least 2 hours a week. In the remaining article [38] the game was only made available to the participants once they signed up for the research and no information was given if the game demonstrated personal relevance to the participating children's everyday life. However, this article did examine the participants experiences as they engaged with the game and it was not clear whether the play was directed from the researcher or the participants. ...
Article
Full-text available
The United Nations Convention on the Rights of the Child has substantiated play for play’s sake, thus focusing on the doing or being of play rather than any potentially desired outcomes. Examining this type of play from the perspective of the child acknowledges children as meaning-makers. A scoping review was conducted to expose and map the extent of the evidence available in the emerging and diverse field of children’s experiences of play in digital spaces. Specifically, the literature was examined with regards to relevance to children’s everyday lives, the personal and ecological relevance, and the methods used. A systematic search of the literature over the past fifteen years found thirty-one articles appropriate for inclusion. The analysis of the literature revealed that the articles formed four categories of how play in digital spaces was approached: ‘Videogames, behaviours, and societal norms’, ‘Videogames for its own sake’, ‘Videogames for learning’, and ‘Active Videogames for health promotion’. This scoping review has identified a lack of articles focusing on children’s experiences of play in a digital space, and these perspectives are essential for parents, professionals, game designers, and policymakers alike to contribute to an enhanced understanding of the role of play in digital spaces.
... Only one Brazilian study, on the subject, was identified (Fonseca et al., 2018) which suggests a lack of research in relation to digital media in Brazil. Apart from this study, we only have the Caretas project (UNICEF, 2019), which was mentioned previously. ...
... Excluded on basis that the participants were outside of the age range specified in the inclusion criteria Three of the studies (Fonseca et al., 2018;Roy et al., 2016Roy et al., , 2018 were focused on awareness and/or the prevention of dating violence; eight were designed to look at interventions in relation to the phenomenon (Gilliam et al., 2015;Sorbring et ...
... Navarro-Pérez et al. (2019) highlight the effectiveness of combining psychoeducational actions with digital technologies to reduce gender stereotypes, sexist beliefs, and behaviors in the face of dating violence among teenagers. The authors, such as Fonseca et al. (2018), report that digital technologies can be developed in an entertaining way to stimulate interest and reflection on the subject matter. ...
Article
Full-text available
The aim of this study was to understand how digital technologies are being used to tackle dating violence among teenagers. A systematic review of national and international scientific literature was carried out in the Web of Science, PsycInfo, Pubmed, DOAJ, SciELO, Scopus, and Google Scholar databases, in November and December 2019. Eleven studies were eligible for inclusion in the systematic review; only one study had been carried out in Brazil, suggesting a gap in national scientific production on the subject. It was found that digital technologies have been successfully applied in the prevention of, and intervention in, situations of dating violence. There was a range of tools available for tackling this phenomenon among teenagers, including: smartphone apps, text messaging, digital games, and online multimedia. It is recommended that actions to tackle dating violence take account of the various expressions of violence — physical, psychological, sexual, and, more recently, digital — and their far-reaching repercussions for physical and mental health. Full-text: https://rdcu.be/cLVXU
... Until recently, much of the focus for researchers has explored the association of negative consequences of playing games, such as addiction, violence, and social isolation indicative of adolescents dedicating excessive time to playing video games [24,25]. However, research emerging over recent years has sought to rebalance the negative discourses that have avoided some of the positive benefits technologies proffer. ...
Article
Full-text available
Background Everyday lives of adolescents reflects a pattern and balance of occupations across the awake-sleep continuum. Despite ongoing discussions regarding overconsumption, play in digital spaces is an occupation of choice for many adolescents. Aim To explore and identify how the meaning of playing video games is situated in adolescents’ everyday life. Material and Method Five participants aged 16–17 years were recruited. Data was generated through interviews and encounters using recorded clips of their play in digital spaces. Narrative analysis was utilised to explore the stories of adolescent’s digital play in everyday life. Results The overall plot of ‘bridging the divide’ represents and symbolises how play in the digital space is integrated in adolescents’ everyday life as they negotiate and balance the habits and routines of everyday life. Four storylines help demonstrate the stories told. Conclusion Playing in digital spaces enabled the participants to be part of an ongoing story where meaning could be negotiated and created. Play was interwoven in the complexity of routines reflecting the importance of examining the integrated whole of adolescents’ everyday life. Significance These findings are significant in shifting current assumptions and discourses of how digital play is situated in everyday life.
... Reasons concerning the higher proportion of non-consensual intercourse among women come mainly from a lack of control in the relationship, low self-esteem, an internalized pressure to become sexually active (Finer & Philbin, 2013), and a tendency to engage in sex to please a partner (Vasilenko et al., 2016). Moreover, some evidence has been provided with regard to the role of strict gender roles and stereotypes as relevant determinants of sexual coercion and abuse with some adolescents perceiving violent attitudes and behaviors as an expression of romance and passion (Fonseca et al., 2018). ...
Article
Full-text available
Birth order may foster specific roles for individuals within the family and set in train a dynamic that influences the development of specific behaviors. In this paper, we explored the relationship between birth order, sex, timing of sexual initiation, and its consequences for risky sexual behavior and sexual health. We conducted a path analysis to simultaneously estimate direct and indirect effects using data from the National Survey of Sexual Attitudes and Lifestyles (NATSAL-3). Whereas women born as only-children were more likely to sexually debut at later ages, middle-child boys were significantly more prone to initiate sexual intercourse earlier compared with first-borns. As expected, early sexual initiation was associated with riskier behaviors and sexual health outcomes. These associations were partially moderated by siblings role as confidants about sexuality. Our findings have implications for preventive programs aimed at promoting healthy sexual debuts and behaviors over the life span.
Chapter
Access to the internet has been advocated as human right or basic right as it mediates and leads to not only participation in the democratic process but also access to the basic services which a society or state has to offer. The state and corporate governance is also being shaped from the usual bureaucratic ones to that which works on the network of flow of information. Digitalization is also making possible not only the interaction of citizens with the state machinery in real-time and also economical but also leading to ‘open governance’, where the rules, processes, and deliveries or actions have become more transparent. ‘Digital governance’, and/or ‘e-governance’ is the term used to define the internet-mediated governance process.
Article
Full-text available
The media influence in the reflective and critically formation citizen process gives rise to this study. The aim was to develop a game to address violence in affective-sexual relationships among adolescents from a gender perspective. The methodology was developed in stages (since the conception to evaluation) and several theories and procedures were used according to the stage. The results were the basis for the design and development of a game to address the violence in a playful way, without the social constraints of daily life and the right and wrong concepts, in order to mobilize critical thinking and enabling discursive practices for reframe the meanings that involve affective-sexual relationships.
Article
Background: One in four Americans report experiencing harassment online via social media and interactive gaming, which includes physical threats, stalking, sexual harassment, and sustained harassment. Objective: The aim of this study was to gain understanding of the state of the science surrounding young adults and sexual violence/harassment harms in virtual reality (VR) as well as possible uses of VR to heal and intervene. Methods: A scoping review was conducted in early 2023 using the Ovid Synthesis Clinical Evidence Manager and the MEDLINE database. Forty-seven articles met inclusion criteria. Results: Our review found a growing body of evidence exploring incidents, effects, possible predictors, and initial strategies to prevent sexual violence in VR and to use the modality to positively intervene. Limited research addresses the effects of harms incurred in VR on (re)traumatization of survivors as well as the development and testing of VR tools used to educate, deliver bystander interventions, transform biases and perceptions via embodiment, and promote healing among survivors. Conclusion: Research addressing sexual violence in VR is needed and should build on the existing peripheral science on gaming and social media environments. Forensic nursing is well positioned to advance strategies of health and safety in VR, just as in the physical world. Incorporating forensic nursing avatars in VR and deploying diverse resources targeted for college-age young adults to prevent harms in VR should be explored safely and ethically. Forensic nurses are also positioned to assess for VR-related harms among patients and to work with private and government sectors to influence regulations and policies.
Article
Full-text available
Violence and discrimination against women are serious problems that affect today's society regardless of culture or social environment. Educational and government programs addressing these gender issues are difficult to scale up, insufficient or, in some cases, nonexistent. Digital resources can contribute to address discrimination against women and different technological initiatives are being carried out around the world. Videogames and digital resources have proven their effectiveness as tools to educate, prevent and raise awareness about social problems. This article presents a systematic literature review of digital resources such as videogames, apps and simulations that address gender issues including violence and stereotypes. Throughout the review, we analyze multiple characteristics of the resources found (development tools, platforms, location, target audience) to classify the studies found. The main goal of this review is to present the status of gender-focused digital resources, their evaluation studies, including the metrics used and samples, as well as the acceptance and impact of their application. Most of the studies reviewed aimed to raise awareness about gender-based violence using serious games targeted at teenagers. For the resources evaluated, pre-post questionnaires were commonly used. However, many of the projects reviewed did not have evaluation studies or the resources were not openly available, thus limiting their massive application and their potential impact on society. We consider that our results provide a starting point to better understand the role of digital resources in raising awareness about gender issues, highlighting their current limitations, and providing recommendations for future research in gender-based digital resources.
Article
Full-text available
Este trabajo relata una experiencia de trabajo interdisciplinario desarrollada por profesores, estudiantes de una Licenciatura en salud, profesionales de la salud y actores sociales de una comunidad, dentro del Programa de Educación para el Trabajo PET-Salud GraduaSUS. La primera parte del proyecto se concentró en un diagnóstico participativo de la situación de salud en la ciudad de Porto Seguro, Brasil, a partir del cual fueron planeadas acciones de intervención, junto con la comunidad. Específicamente, el texto presenta una serie de talleres realizados con, estudiantes de una escuela de la región, que apuntaron la violencia como uno de los principales problemas de su territorio. Los talleres fueron ofertados como un dispositivo de reflexión, articulación y elaboración de experiencias de violencia y, al mismo tiempo, como un espacio de reflexión y cuestionamiento de prácticas de discriminación y de violación de los derechos humanos, con las que los jóvenes tienen contacto en su cotidianidad. El trabajo reafirmo la potencia de las estrategias intervención social participativas para producir transformaciones sociales y subjetivas, inclusive en relación a problemas el campo de salud.
Article
Full-text available
Estudo de caráter exploratório que tem como objetivo analisar as temáticas abordadas em vídeos produzidos por youtubers brasileiros. Foram levantados os 10 principais canais para o público jovem na plataforma de vídeos YouTube, de 19 de março de 2019 até 08 de abril de 2019, criados e apresentados pelos chamados youtubers. Após seleção e análise foram obtidas as seguintes categorias: cultura tecnológica, relações familiares e sexualidade. Os vídeos possuem expressivo número de visualizações e abordam temáticas de interesse do público jovem, porém revelam carência de fundamentos teórico-científicos sobre as implicações que têm em sua saúde mental. Conclui-se que é preciso inserir os pais e os jovens em discussões de educação digital, de modo a conscientizá-los dos possíveis riscos provocados por alguns conteúdos e a dialogarem a respeito do uso consciente e saudável da tecnologia.
Article
Full-text available
Intimate partner violence (IPV) among African Americans is a serious public health concern. Research suggest that African Americans adolescents, particularly those from economically disadvantaged communities, are at heightened risk for experiencing and perpetrating dating violence compared to youth from other racial and ethnic groups. In the present study, we examined different relationship contexts that are sources of IPV socialization. Semi-structured interviews were conducted with 22 economically disadvantaged African American adolescents. Content analysis yielded five relationship contexts through which the participants witnessed, experienced, and perpetrated IPV: (a) adolescents’ own dating relationships (64%), (b) siblings and extended family members (e.g., cousins, aunts, uncles) (59%), (c) parent-partners (27%), (d) friends (23%), and (e) neighbors (18%). Adolescents also frequently described IPV in their own dating relationships and in parent-partner relationships as mutual. Moreover, they appeared to minimize the experience of IPV in their own relationships. Efforts to reduce rates of IPV among economically disadvantaged African American adolescents should consider these relational contexts through which adolescents are socialized with regards to IPV and adolescents’ beliefs about mutual violence in relationships. Results highlight the importance of culturally relevant prevention and intervention programs that consider these relationship contexts.
Article
Full-text available
Although teen dating violence victims’ reticence in seeking help from adults is well documented, little is known about youths’ comparative perceptions of the types of help offered by and effectiveness of various sources. This qualitative study solicited teens’ perceptions of sources of help for victims using in-depth interviews with African American youth (ages 13-18) in two public high schools in New Orleans (N = 38). Participants were recruited purposively by researchers during lunchtime and via referral by school personnel. Interviews were transcribed verbatim and coded independently by two study team members. Thematic content analyses were conducted. Teens reported that victims were most likely to seek help from friends, who were largely expected to provide advice and comfort. Nearly half reported that teens would be likely to seek help from family, who would provide more active responses to dating violence (i.e., reporting to authorities, confronting the abuser). Fewer respondents believed teens would seek help from other adults, such as school personnel, who were also perceived as likely to enlist outside authorities. Fears about lack of confidentiality and over-reaction were the main perceived barriers to accessing help from adults. Furthermore, although respondents believed teens would be less likely to seek help from adults, adults were perceived as more effective at stopping abuse compared with peers. Interventions that train peer helpers, explain confidentiality to teens, increase school personnel’s ability to provide confidential counseling, and promote use of health services may improve access to help for teen dating violence victims.
Article
Full-text available
This study looks at the limits and possibilities of an online game designed to build knowledge and awareness in adolescents in the field of affections, sexuality and reproduction. It evaluates the experience of a group of teenagers with a game called Papo Reto (‘Straight Talk’), over a period of three months. A total of 23 teenagers aged 15 to 18 took part in the study. The data were collected in two workshops held at a secondary school in the city of São Paulo (São Paulo State), Brazil. The dialogs were recorded and transcribed, and their content analyzed. The results showed a variety of possibilities of the Straight Talk online game for reconstruction of knowledge in the field of sexuality, and for helping the subject perceive and analyze the complexity of reality from a gender point of view. The subjects covered in the game were assessed, as motivating factors for the game and for the interaction. Adjustments were suggested for inclusion of elements to create a more ludic quality, more interaction, in the game.
Article
Full-text available
OBJECTIVE To analyze the scientific literature on preventing intimate partner violence among adolescents in the field of health based on gender and generational categories. METHOD This was an integrative review. We searched for articles using LILACS, PubMed/MEDLINE, and SciELO databases. RESULTS Thirty articles were selected. The results indicate that most studies assessed interventions conducted by programs for intimate partner violence prevention. These studies adopted quantitative methods, and most were in the area of nursing, psychology, and medicine. Furthermore, most research contexts involved schools, followed by households, a hospital, a health center, and an indigenous tribe. CONCLUSION The analyses were not conducted from a gender- and generation-based perspective. Instead, the scientific literature was based on positivist research models, intimately connected to the classic public healthcare model and centered on a singular dimension.
Article
Full-text available
This text analyzes the role played by gender bias among male and female reporters of the newspapers El Sol de Acapulco, El Sur de Acapulco and Novedades Acapulco in their accounts of feminicides. The author holds that by stepping away from the sex/gender system, established in accordance with the judgements of the journalists, the feminicide victims are morally sanctioned and blamed for the murder.
Article
Full-text available
Little is known about the prevalence of intimate partner violence (IPV) and its associated factors among adolescents and younger women. METHODS This study analyzed data from nine countries of the WHO Multi-country Study on Women's Health and Domestic Violence against Women, a population based survey conducted in ten countries between 2000 and 2004. RESULTS The lifetime prevalence of IPV ranged from 19 to 66 percent among women aged 15 to 24, with most sites reporting prevalence above 50 percent. Factors significantly associated with IPV across most sites included witnessing violence against the mother, partner's heavy drinking and involvement in fights, women's experience of unwanted first sex, frequent quarrels and partner's controlling behavior. Adolescent and young women face a substantially higher risk of experiencing IPV than older women. CONCLUSION Adolescence and early adulthood is an important period in laying the foundation for healthy and stable relationships, and women's health and well-being overall. Ensuring that adolescents and young women enjoy relationships free of violence is an important investment in their future.
Article
The present study examined factors that differentiate adolescents with varied intentions of informal and professional help seeking for dating violence. Help-seeking intentions among 518 ethnically diverse adolescents from a rural South Carolina county who participated in a longitudinal study of teen dating violence were categorized into 3 groups: adolescents unlikely to seek any help, adolescents likely to seek only informal help, and adolescents likely to seek informal and professional help. Multinomial logistic regression found that gender, family functioning, problem-solving competency, dating status, having an adult to talk to about a dating relationship, and acceptability of family violence significantly predicted membership in the help-seeking groups. Implications for promoting informal and professional help seeking and recommendations for future research are discussed.
Article
The objective if this article is to present a category regarding the needs related to autonomy, recognized by professionals working in the Family Health Strategy (FHS), in terms of the health care for women who experience violence. To produce the empirical material, interviews were performed with health care professionals that comprise the FHS teams and with women users of the service. The meanings confirm the need for autonomy related to women as subjects in making decisions. However, some meanings revealed the reductionism that is translated by the de-responsabilization of the service in relation to the problem. Financial autonomy was a converging aspect among the discourses between the health service professionals and users. In conclusion, in order to deal with violence, it is essential to include the gender perspective in the health policies as well as in the practices implemented in the working process. This condition would open windows of opportunity of answers to the practical and strategic needs of the gender, and, thus, contribute to reducing the inequity between men and women and promote female emancipation.
Article
Dating is a highly desirable experience during adolescence and serves as an important developmental milestone. This study explored healthy and unhealthy dating as a step toward improving adolescent well-being. Six focus group interviews were conducted with high school-aged girls and boys (N = 35). Interviews were audio recorded, transcribed verbatim, and analyzed using a grounded theory approach. Youth were asked to describe what dating was like for teens in their age, including dating problems. Narrative analyses indicated the following four distinct stages of dating: getting in, being in, staying in, and getting out. Each stage is described in-depth, along with exemplary quotes. Practice implications for each stage of the dating experience emphasize developmentally timed universal health education starting in middle school. In particular, health programming is needed to improve adolescents’ skills for identifying unhealthy relationships to minimize “staying in,” and for “getting out” safely and respectfully.