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EDIÇÃO TEMÁTICA
:
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DAS PRÁTICAS
DE ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9.
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0561
PESQUISA
Rosa Maria Godoy Serpa da FonsecaI, Danyelle Leonette Araújo dos SantosI, Rafaela GessnerI,
Lucimara Fabiana FornariI, Rebeca Nunes Guedes de OliveiraII, Michaela Chiara SchoenmakerI
I Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem. São Paulo-SP, Brasil.
II Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Departamento de Enfermagem. São Caetano do Sul-SP, Brasil.
Como citar este artigo:
Fonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC. Gender, sexuality and violence:
perception of mobilized adolescents in an online game. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(Suppl 1):607-14. [Thematic Issue:
Contributions and challenges of nursing practices in collective health] DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0561
Submissão: 08-08-2017 Aprovação: 09-11-2017
RESUMO
Objetivo: Identifi car e analisar a percepção de estudantes de ensino médio sobre a violência nas relações de intimidade no âmbito
da adolescência, à luz da categoria Gênero. Método: Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado a partir de comentários
de 27 adolescentes participantes do jogo online Papo Reto. Os discursos foram submetidos à análise de conteúdo temática e
discutidos à luz da categoria Gênero. Resultados: Os adolescentes naturalizam a violência nas suas relações de intimidade, porém,
quando a reconhecem, reagem de várias formas: com agressões, dialogando com o parceiro ou buscando apoio de terceiros.
Considerações fi nais: Houve percepções discordantes em relação ao fenômeno, a maior parte reiterando os estereótipos de gênero.
Contudo, revelam atitudes favoráveis à superação principalmente relacionadas à conquista de autonomia.
Descritores: Gênero e Saúde; Violência; Adolescente; Sexualidade; Tecnologia Educacional.
ABSTRACT
Objective: To identify and analyze the perception of high school students about violence in intimacy relations in adolescence,
in the light of the category Gender. Method: A qualitative, descriptive and exploratory study, based on the comments of 27
adolescents participating in the online game, Papo Reto. The discourses were submitted to the analysis of thematic content and
discussed in the light of the category Gender. Results: Adolescents naturalize violence in their relationships of intimacy, but
when they recognize it, they react in several ways: with aggressions, dialoguing with the partner or seeking support from third
parties. Final considerations: There were discordant perceptions regarding the phenomenon, most of which reiterated gender
stereotypes. However, they reveal attitudes favorable to overcoming mainly related to the attainment of autonomy.
Descriptors: Gender and Health; Violence; Adolescent; Sexuality; Educational Technology.
RESUMEN
Objetivo: Identifi car y analizar la percepción de estudiantes de Secundaria sobre la violencia en las relaciones de intimidad en el
ámbito de la adolescencia, a la luz de la categoría Género. Método: Estudio cualitativo, descriptivo y exploratorio, realizado a partir
de comentarios de 27 adolescentes participantes del juego online Papo Reto. Los discursos fueron sometidos al análisis de contenido
temático y discutidos a la luz de la categoría Género. Resultados: Los adolescentes naturalizan la violencia en sus relaciones de
intimidad, pero cuando la reconocen, reaccionan de varias formas: con agresiones, dialogando con el compañero o buscando apoyo de
terceros. Consideraciones fi nales: Hubo percepciones discordantes en relación al fenómeno, la mayor parte reiterando los estereotipos
de género. Sin embargo, revelan actitudes favorables a la superación principalmente relacionadas a la conquista de autonomía.
Descriptores: Género y Salud; Violencia; Adolescente; Sexualidad; Tecnología Educativa.
Gênero, sexualidade e violência: percepção de
adolescentes mobilizadas em um jogo online
Gender, sexuality and violence: perception of mobilized adolescents in an online game
Género, sexualidad y violencia: percepción de adolescentes movilizados en un juego online
Rafaela Gessner E-mail: rgessner2@yahoo.com.br
AUTOR CORRESPONDENTE
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 653
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
INTRODUÇÃO
Na área da saúde, frente ao desafio de formação de profis-
sionais críticos e reflexivos, os jogos vêm sendo cada vez mais
utilizados de modo a facilitar processos de aprendizagem. Neste
estudo, ressalta-se o uso de um jogo online para o favorecimen-
to da abordagem sobre sexualidade com adolescentes de forma
lúdica e interativa. O jogo Papo Reto foi idealizado como um
dispositivo pedagógico centrado na promoção do protagonismo
de adolescentes, do pensamento crítico-reflexivo e da constru-
ção do conhecimento, subsidiados pela ludicidade e pela in-
teração. Vislumbra a mobilização da reflexividade crítica por
meio de um ambiente livre de respostas pré-concebidas(1).
Fundamentado na perspectiva de gênero, o jogo Papo Reto
considera a construção social da sexualidade, na articulação
com os construtos sociais que possibilitam as diferentes concep-
ções e expressões da masculinidade e da feminilidade. Parte-se
do pressuposto que a abordagem da sexualidade na adolescên-
cia é permeada e determinada por questões de gênero. A partir
dessa concepção, a iniquidade de gênero apresenta-se como
elemento determinante da violência que permeia a vivência da
sexualidade na adolescência. Assim, a vivência das relações de
intimidade neste grupo social está relacionada com a significati-
va vulnerabilidade em relação à experiência de vitimização ou
perpetração da violência, o que determina outras vulnerabilida-
des no campo sexual e reprodutivo(2).
A violência por parceiro íntimo (VPI) afeta uma proporção
significativa da população mundial. No âmbito global, 30%
das meninas, com idade entre 15 e 19 anos experienciam VPI
em seus relacionamentos(3). Estudo realizado em nove países
com 24.000 mulheres sugere que a VPI acomete, em maior
número adolescentes e mulheres jovens, quando comparadas
às de idade adulta(4). O maior estudo desenvolvido sobre a
violência nas relações afetivo-sexuais entre adolescentes bra-
sileiros abrangeu 10 centros urbanos, distribuídos pelas cinco
regiões geopolíticas, com jovens de escolas públicas e priva-
das. Os resultados apontaram que 86,9% dos adolescentes
sofreram e 86,8% cometeram algum tipo de violência durante
um relacionamento afetivo(5).
Uma revisão integrativa da literatura verificou que a VPI é
vivenciada por ambos os sexos, porém há divergência entre
os tipos de violência perpetrados. A maioria dos estudos evi-
dencia que os meninos cometem mais agressão física e as me-
ninas mais violência psicológica. Salienta-se que os estudos
acerca da temática, em geral, não analisaram os resultados a
partir da perspectiva de gênero. Embora alguns definam a VPI
como um fenômeno social, a perspectiva de abordagem da
problemática apresenta-se desgenerificada(2).
É importante ressaltar que a vulnerabilidade à violência nas
relações de intimidade sofre influência e é determinada pelas
normas e papéis de gênero socialmente construídos. Esses
aspectos influenciam o reconhecimento da problemática e
podem naturalizar e caracterizar as situações de violência
como próprias desta geração(6). O presente artigo apresenta
um recorte de análise acerca das questões relacionadas à de-
sigualdade de gênero e à violência nas relações de intimidade
dos adolescentes que foram mobilizados na experiência de
utilização do Jogo Papo Reto por estudantes de uma escola
pública de ensino médio, em São Paulo.
O estudo desta temática é fundamental para a área da Saú-
de Coletiva, pois entender como os adolescentes percebem e
vivenciam situações que remetem à iniquidade de gênero e à
violência na vivência das suas relações de intimidade permi-
tirá vislumbrar estratégias de intervenção direcionadas para
esse público, objetivando a vivência da sexualidade de forma
não violenta e com equidade.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi identificar e analisar a percep-
ção de estudantes de ensino médio sobre sexo, sexualidade e
violência nas relações de intimidade, à luz da categoria gênero.
MÉTODO
Aspectos éticos
O estudo seguiu as exigências da Resolução 466/12(7), do
Ministério da Saúde e teve aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo. Todos os adolescentes menores
de 18 anos assinaram o Termo de Assentimento, e os pais,
mães, responsáveis legais e adolescentes maiores de 18 anos
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Salienta-se que, para preservar o anonimato, os comentários
foram identificados por meio do sexo dos participantes, com
a letra “M” representando o sexo masculino e “F” o sexo femi-
nino, seguidos de algarismo arábico atribuído aleatoriamente.
Referencial teórico-metodológico
O estudo utilizou como referencial teórico-metodológico a
categoria social Gênero, ancorada no materialismo histórico
e dialético. Essa categoria está baseada na diferença entre os
sexos. É componente das relações sociais, representando um
elemento primordial para a elaboração de significados sobre as
relações de poder. Enquanto componente básico das relações
sociais, o gênero está associado a quatro elementos presentes na
sociedade: aos símbolos culturalmente disponíveis, aos concei-
tos normativos, às instituições e organizações sociais, e à cons-
trução de identidades subjetivas, que compreendem as relações
complexas construídas no processo de interação humana(8).
Tipo de estudo
Trata-se de um estudo descrito e exploratório, de aborda-
gem qualitativa, desenvolvido a partir de comentários discur-
sivos de adolescentes jogadores registrados na plataforma on-
line o jogo Papo Reto. O jogo corresponde a um dispositivo
pedagógico desenvolvido para abordagem do tema sexualida-
de entre adolescentes. Ancora-se na problematização da rea-
lidade, no protagonismo dos sujeitos sociais, na livre expres-
são e na interação entre os jogadores, com vistas a motivar a
criatividade e a construção do conhecimento no campo da
sexualidade, sob a perspectiva de gênero(9).
O jogo simula situações reais vivenciadas pelos adolescentes,
tendo como cenário o mapa de uma cidade, na qual os espaços
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Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
Casa, Escola, Internet, Balada e Rua são acessados progressiva-
mente. Nesses territórios, os adolescentes se deparam com dife-
rentes situações-problemas estruturadas para fomentar a proble-
matização de temas que dizem respeito à sexualidade, como:
discussões sobre o corpo, diálogo com os pares e com os pais,
iniciação e orientação sexual. Na medida em que o jogador res-
ponde as situações-problemas e completa as missões definidas
para cada uma delas, acumula pontos e, assim, ganha posições
no ranking de todos os jogadores.
No que se refere à sexualidade, a elaboração do jogo
buscou estimular questionamentos sobre a problemática
das iniquidades de gênero vivenciada entre os pares, pos-
sibilitando uma interface com a problemática da VPI. Esse
enfoque foi adotado considerando os padrões de relaciona-
mento próprios dos adolescentes como determinados pela
construção de gênero que, por sua vez, permeiam a cons-
trução da sexualidade.
Cenário do estudo
O estudo foi desenvolvido em uma escola municipal
de ensino médio localizada no município de São Paulo. O
convite para os adolescentes participarem do estudo foi fei-
to formalmente pelas pesquisadoras para 308 estudantes,
pessoalmente, nas salas de aula. Entre os convidados, 62
demonstraram interesse em participar do jogo e da pesquisa,
tendo recebido autorização da mãe, do pai ou do responsável
legal. A participação de adolescentes com idade superior a 18
anos dispensou autorização.
No mês de agosto de 2014 foi realizado o processo de ca-
dastramento dos participantes na plataforma online, por meio
da criação de login e senhas individuais. Nos meses de setem-
bro e outubro de 2014, o jogo foi disponibilizado aos adoles-
centes. Ao final desse período, 27 adolescentes acessaram e
jogaram regularmente, constituindo os participantes finais da
pesquisa. Em geral, os adolescentes acessaram o jogo pelo
período médio de um mês e um tempo médio de 40 minutos
de conexão, mesmo o acesso ficando disponível durante todo
o período de implementação deste estudo.
Coleta e análise dos dados
Em julho de 2015, os dados foram coletados a partir de um
banco de dados composto pelas respostas às situações-pro-
blemas em formato de questão discursiva e dos comentários
dos adolescentes, frente às respostas dos pares. O material
empírico foi exportado do ambiente online do jogo para uma
base de dados no Programa Microsoft Excel. Os discursos
foram submetidos à análise de conteúdo temática proposta
por Bardin(10) e a discussão embasou-se na categoria analítica
Gênero.
RESULTADOS
A análise dos comentários possibilitou a emergência de
três categorias empíricas: “Naturalização da violência nas
relações de gênero”, “Reconhecimento de direitos sexuais
como potencial de fortalecimento” e “Enfrentamento da vio-
lência pelos adolescentes”.
Naturalização da violência nas relações de gênero
A naturalização da violência, sobretudo no discurso das
adolescentes, foi evidenciada em situações que remetiam a
comportamentos entendidos como aceitáveis em um dado re-
lacionamento. Tais comportamentos não foram identificados
como violência, mas como integrantes naturais da relação.
Os discursos revelaram que as relações de intimidade en-
tre adolescentes podem ser marcadas por disputas de poder
que influenciam a determinação de situações de violência.
Nesse sentido, a prática sexual pode representar um ins-
trumento de dominação – em geral masculina - visto que
em alguns comentários emitidos por adolescentes do sexo
masculino, a relação sexual foi considerada uma forma de
agressão à mulher, por meio do emprego do órgão sexual
masculino.
É bom pra você ter o pênis torto [por] que é melhor pra
machucar as mulheres! (M1)
Não importa se a espada [pênis] é torta, mas sim se ele fere
o oponente. (M4)
Outro aspecto evidenciado nas respostas dos adoles-
centes às situações do jogo foi a subalternidade de gênero,
como argumento dos participantes para justificar a violên-
cia nos seus relacionamentos. Destacou-se o uso de termos
que estereotipam e inferiorizam a condição feminina no
relacionamento, como pode ser evidenciado a seguir:
Tacava o piru nas novinhas. (M2)
As falas de algumas participantes do sexo feminino reve-
laram uma relação desigual de poder no que se refere aos
direitos e preferências de cada um dos pares. Observou-se
que o fato de estar em um relacionamento permite aceitação
de comportamentos dominantes, sobretudo de caráter sexual,
compreendidos como próprios de uma relação afetiva, a fim
de agradar o outro.
Acho que não tem por que [tirar a mão dele dos seios],
afinal, estou namorando com ele. (F1)
[...] se ele [namorado] gosta de você, não vai querer só uma
coisa, vai querer você por completo. (F3)
Em alguns casos, os participantes referiram o comporta-
mento feminino como desencadeador de situações violentas
nos relacionamentos afetivo-sexuais. Supostas características
sedutoras e provocantes das mulheres adolescentes costumam
justificar as situações de violência por parceiro íntimo. Des-
ta maneira, as meninas são culpabilizadas pelas situações de
violência, tidas como provocadas por elas. Na fala a seguir,
constata-se a desqualificação do comportamento da vítima e
a valorização da postura do agressor.
Ela é safada por estar brincando disso [amasso] com o na-
morado. Ela devia ter a consciência que o namorado dela
iria fazer isso [MENINA BURRA]. (F2)
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Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
Os relatos também expressaram a culpabilização das adoles-
centes pela violência vivida no ambiente virtual, como por exem-
plo, a divulgação de fotos íntimas sem a autorização do parceiro.
Para começar, a namorada nem deveria ter mandado fotos des-
se tipo [íntimas] para quem não tem 100% de confiança. (M3)
Embora as adolescentes tenham sido culpabilizadas pe-
las situações de violência presentes nos relacionamentos
afetivos-sexuais, destaca-se o fato de alguns discursos terem
feito uma leitura do comportamento feminino baseada na au-
tonomia das mulheres sobre seus corpos, o que remete a uma
concepção acerca da vivência dos direitos sexuais, conforme
revelado na categoria a seguir.
Reconhecimento de direitos sexuais como potencial de
fortalecimento
Nessa categoria identificou-se a valorização do sexo femini-
no por meio da expressão das vontades das meninas em relação
à vivência da sexualidade. A autonomia da adolescente em de-
cidir quando e como iniciar a vida sexual mostrou-se importante
para os participantes, sobretudo, do sexo feminino.
Se você acha que ainda não é a hora certa [de ter a primeira
relação sexual] não faça absolutamente nada! [...] Analise
todas as condições e não deixe que o menino te force a
nada. Vá pelas suas próprias vontades. (F3)
Ela deve ter certeza de que é isso que quer, para que não
se arrependa depois. Afinal, é um passo muito importante
começar uma vida sexual e ela não deve fazer apenas por
fazer e sim por querer. (F4)
Apesar de essas falas revelarem a valorização da autono-
mia na tomada de decisão sobre a sexualidade e o corpo,
parte das adolescentes apresentou uma visão romântica e ide-
alizada das relações de intimidade, sobretudo no que tange
à primeira relação sexual. Dentre os aspectos mencionados
como relevantes para as adolescentes refletirem e decidirem
iniciar a vida sexual, salienta-se o momento julgado por elas
como oportuno a escolha de um parceiro de sua confiança.
Poucos foram os participantes do sexo masculino que fize-
ram menção a uma postura de maior liberdade por parte das
adolescentes em decidir sobre a iniciação sexual. Contudo,
quando eles se posicionaram, enfatizaram a necessidade de
ser respeitado o direito de escolha do outro.
[...] se ela não quer ficar com ele, ela não quer. Não tem
porque insistir. (M5)
Algumas participantes relataram pressões exercidas social-
mente pelo grupo de amigos no sentido da concretização do
início das relações sexuais. Contudo, corroboraram a autono-
mia feminina na decisão sobre quando deve ocorrer, salien-
tando a necessidade de confiança e preparação emocional
com a finalidade de evitar arrependimentos.
Acho que ela só deveria ter a sua primeira vez quando se
sentisse preparada e confortável, e não fazer por pressão de
um grupo de amigas ou do namorado. Ela tem que transar
quando ela quiser, e quando ela se sentir bem! (F5)
Não faça suas escolhas com base no que os outros vão pen-
sar, o que importa é você se sentir bem. (F6)
Apesar de a autonomia se mostrar evidente nos discursos
como uma necessidade relacionada ao início das relações se-
xuais, também foi percebida como um aspecto que pode in-
fluenciar o enfrentamento da violência de gênero nas relações
de intimidade estabelecidas entre os adolescentes.
Enfrentamento da violência nas relações de gênero entre
adolescentes
Os adolescentes da pesquisa relataram diferentes formas
de enfrentamento da violência de gênero nas relações de in-
timidade. Diante de uma situação-problema apresentada no
jogo e comentada pelos participantes, na qual era abordado
o desconforto de um dos parceiros diante uma carícia sexual
não desejada, foram elencadas duas reações: a primeira está
relacionada ao diálogo com o parceiro e a segunda está asso-
ciada à resposta por meio de agressões verbais e físicas.
Falaria que ficasse mais calmo, pois está muito excitado, e
estava me machucando. (M6)
Falaria “para” e se ele não parasse eu partiria pra agressão. (F9)
Daria um tapa na cara dele, pois deveria ter responsabilida-
de antes de agir. (M7)
Em situações-problema do jogo que abordavam a temática
da violência em ambientes virtuais, as respostas e comentá-
rios dos adolescentes expressaram a perpetração da violência
psicológica nesses ambientes como vivência comum desse
grupo social, a exemplo do acesso às mensagens e ao perfil
do parceiro ou da parceira nas redes sociais sem autorização,
com consequente invasão de privacidade. Neste contexto, al-
guns participantes indicaram como forma de enfrentamento
para essas violações, a busca por apoio da polícia.
Ir na polícia de crimes cibernéticos. (M8)
Denunciar o namorado para a polícia e fazê-lo pagar por
isto. (M5)
Os participantes também destacaram como forma de en-
frentamento da violência a busca da ajuda de profissionais,
como psicólogos e a sua rede de apoio, geralmente constituí-
da pelos pais e amigos. Os relatos destacaram que as interven-
ções precisam ser direcionadas tanto aos adolescentes em si-
tuação de violência, quanto aos perpetradores das agressões.
Para que ele [perpetrador] procure um profissional para
aprender a se controlar e a agir como uma pessoa normal.
Nem tudo se resolve na porrada. (F7)
[…] Converse com alguém íntimo da sua família ou até uma
amiga mais sensata! (F8)
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Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
Os discursos dos adolescentes reconhecem as situações de
violência que podem ser vivenciadas nas relações de intimi-
dade, da mesma forma que apontam possibilidades de en-
frentamento para a superação desses conflitos presentes na
adolescência.
DISCUSSÃO
Os resultados revelam uma interface entre as problemáti-
cas da VPI e da sexualidade na população adolescente. No
jogo Papo Reto, evidenciaram-se fenômenos que precisam ser
problematizados, interpretados e compreendidos à luz da ca-
tegoria gênero, visto serem permeados por construtos sociais
que reproduzem uma ideologia de naturalização da violência
e de conservação das normas socialmente estabelecidas para
os sexos feminino e masculino.
As normas vigentes em cada contexto social e a constru-
ção de gênero determinam, geralmente, as relações afetivas e
sexuais que se iniciam durante a adolescência, determinando
também vulnerabilidades, com repercussões a curto, médio e
longo prazo(11). Essas mesmas normas sociais que influenciam
as relações de poder estabelecidas entre homens e mulheres
adultos, também foram identificadas nos relacionamentos afe-
tivos e sexuais na adolescência. Nos discursos dos adolescen-
tes, verificou-se que o órgão sexual masculino e o ato sexual
aparecem como símbolos que representam instrumentos de
dominação das meninas.
Observou-se, também, o reforço da posição de subalternida-
de feminina e a culpabilização das adolescentes pelas situações
de violência. O papel social atribuído às mulheres é hegemo-
nicamente estigmatizado, sendo responsável por determinar o
controle e a condenação da sexualidade(12). Deste modo, as mu-
lheres costumam ser culpabilizadas quando não apresentam um
comportamento considerado socialmente adequado(13).
Do mesmo modo, reconhece-se que também são atribuí-
dos, socialmente, comportamentos específicos aos homens.
Dentre as diversas características deles, destacam-se a força
e a virilidade, sendo esta última vinculada a uma compreen-
são da relação sexual como necessidade biológica inerente ao
masculino. Essa concepção constitui um solo fértil para a vio-
lência sexual, pois justifica e naturaliza esse tipo de violência,
associando-a com um suposto instinto sexual dos homens(14).
Além de os papéis sociais masculinos e femininos serem
determinantes para a VPI entre adolescentes, em alguns casos,
as diferentes formas de violência são naturalizadas e roman-
tizadas, pois atitudes e comportamentos violentos podem ser
interpretados como uma expressão de romance e paixão(15).
Ao basear suas relações de intimidade no ideário do amor
romântico, os adolescentes tendem a considerar atitudes vio-
lentas como demonstração de afeto e amor, acarretando em
não percepção da violência, que passa a ser naturalizada nos
seus relacionamentos(14).
Estudo desenvolvido em Curitiba, Brasil, junto a adoles-
centes com idade entre 15 e 19 anos, revelou que eles sofrem
e perpetram violência, porém não a reconhecem como tal.
Essa ausência de reconhecimento fundamenta-se em estereó-
tipos de gênero que estabelecem, socialmente, os papéis de
homens e mulheres nas relações de intimidade, compreendi-
dos pelos adolescentes como intrínsecos a supostas naturezas
feminina e masculina(2).
Assim, a naturalização da violência revela-se nos discursos
dos adolescentes na medida em que situações que remetem
a comportamentos violentos não são problematizadas e são
entendidas como aceitáveis em um relacionamento. Esse as-
pecto foi evidenciado, sobretudo, no discurso das meninas.
Destaca-se, ainda, a aceitação de relações desiguais referentes
aos direitos e preferências de cada um dos pares. Esse aspecto
pode ser evidenciado nos discursos que abordam uma supos-
ta autoridade concedida ao sexo masculino para tocar o corpo
da parceira, sem permissão. Ao mesmo tempo, esses discur-
sos negam às meninas o direito de expressar ou vivenciar seus
desejos e preferências nos relacionamentos.
A submissão de gênero revelada nas falas das adolescentes é
reforçada nos discursos das meninas, sendo caracterizada pela
maior valoração das meninas quanto mais novas elas forem. A
ideia da mulher “novinha”, apresenta-se no imaginário dos ho-
mens como alguém virgem, pura, intocável e frágil, sendo objeto
de desejo masculino conquistá-la para valorizar sua masculinida-
de e virilidade. Esta ideação reafirma os estereótipos de gênero
e as relações de poder e dominação entre mulheres e homens,
imputando as adolescentes uma posição subalterna, a qual as
torna mais vulneráveis à vitimização nas relações de intimidade.
Essa maior vulnerabilidade feminina pode ser evidenciada
em resultado de pesquisa realizada com 1377 adolescentes
em oito escolas públicas do Reino Unido. O estudo verificou
que três quartos dos casos de violência sexual nos relaciona-
mentos de intimidade sofridos por meninas foram perpetrados
por parceiros mais velhos(16).
Embora os comentários dos participantes reiterarem questões
de gênero – que naturalizam as relações violentas e subalterni-
zam as adolescentes – foi possível constatar, em parte dos dis-
cursos, um posicionamento voltado à autonomia das mulheres
sobre seus corpos, o que remete à vivência dos direitos sexuais.
Nos relatos, as adolescentes foram identificadas como responsá-
veis por decidirem acerca da iniciação sexual, porém, precisan-
do ponderar diversos aspectos ao fazerem suas escolhas, visando
evitar arrependimentos. No entanto, a valorização dos direitos
sexuais das adolescentes se mostrou contraditória entre os par-
ticipantes da pesquisa, fato associado a uma visão idealizada e
pouco problematizada dos relacionamentos de intimidade.
A iniciação sexual é considerada, pelos adolescentes,
como um marco nas suas histórias de vida, tendo motivações
distintas de acordo com o gênero. Enquanto para as meninas
a experiência sexual revela-se idealizada, devendo ocorrer no
momento e na idade certos como consequência de um vín-
culo amoroso duradouro, para os meninos vincula-se a uma
necessidade sexual que precisa ser saciada(17).
Salienta-se que a tomada de decisão para iniciar a vida se-
xual, além de sofrer interferência das questões de gênero, é in-
fluenciada e estimulada pelos pares, sobretudo quando a rede
de amigos é formada por adolescentes que já mantém vida se-
xual ativa(17-18). Considerando que “autonomia é a capacidade e
as condições concretas que permitem às mulheres tomar livre-
mente as decisões que afetam as suas vidas e o poder de agir
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Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
segundo tais decisões”(19) questiona-se se, de fato, as adolescen-
tes exercem autonomia na tomada de decisões quanto à inicia-
ção sexual e à sexualidade. Apesar de na atualidade as mulheres
possuírem maior liberdade para fazer suas escolhas sexuais e
reprodutivas, estas ainda são pautadas pelas marcas identitárias
de gênero, histórica e socialmente construídas.
Embora a percepção das adolescentes como protagonistas
na vivência da sua sexualidade tenha sido evidenciada nos
discursos, a análise também mostrou a coexistência de pa-
drões de feminilidade e masculinidade que reproduzem os es-
tereótipos sexistas presentes nas relações de intimidade. Esses
padrões influenciam a compreensão dos adolescentes acerca
dos diferentes papeis assumidos pelas figuras feminina e mas-
culina que tomam como referência e reproduzem nas suas
relações afetivo-sexuais. Desse modo, apesar de essa geração
apresentar, até certo ponto, um discurso superador, centrado
na autonomia feminina e no protagonismo no campo sexual,
ainda reproduz os padrões de comportamento sexistas com
os quais convivem na família e na sociedade, aspecto espera-
do, visto que nas transformações históricas sociais convivem
o progresso e o retrocesso, dialeticamente.
Outro aspecto mencionado pelos participantes da pesqui-
sa evidencia potencialidades para o enfrentamento da VPI na
adolescência, bem como para identificação de atitudes per-
missivas para a perpetração desse fenômeno. Os adolescentes
indicaram diferentes modos de enfrentamento dessas viola-
ções, destacando-se o diálogo e a agressão.
Corroborando esse resultado, uma pesquisa realizada na
cidade de Brasília, Brasil, com alunos do primeiro ano do en-
sino médio de uma escola pública, revelou que os adolescen-
tes reconhecem como formas de enfrentamento da violência
nas relações afetivo-sexuais o término do relacionamento, a
negociação, a violência e a resignação(20). Em se tratando da
resposta à violência por meio da agressão, esse dado tam-
bém foi evidenciado em estudo desenvolvido junto a ado-
lescentes afro-americanos economicamente desfavorecidos,
os quais revelaram presença de reciprocidade da VPI entre
adolescentes(21).
Outra forma de manejo relatada pelos participantes do pre-
sente estudo foi acionar a sua rede de apoio - representada pelos
pais e amigos -, polícia, bem como psicólogos para ajudar no
enfrentamento das situações de violência de seus relacionamen-
tos. Esses mesmos mecanismos de apoio também foram apon-
tados por outros autores, sendo os amigos os mais acionados
pelos adolescentes(22-24). Destaca-se que a procura por amigos
é justificada, sobretudo, pelas características de empatia, acon-
chego, manutenção de segredo e postura de não julgamento(25).
Sobre a busca por profissionais especializados, como
psicólogos, os participantes apontaram a importância desse
apoio, tanto para a vítima, quanto para o perpetrador da vio-
lência. Referente à busca por ajuda para as vítimas, um estudo
realizado com 518 adolescentes de diferentes etnias, residen-
tes na Carolina do Sul, Estados Unidos da América, verificou
que 50% dos participantes relataram elevada intenção para
buscar o apoio informal e de serviços diante de uma situa-
ção de violência no namoro, sendo as adolescentes mulheres
mais propensas à procura de ajuda(26).
No caso de assistência psicológica para o perpetrador, nos rela-
tos, esse apoio tinha o intuito de fazê-lo conhecer a si e, com isso,
aprender a controlar sentimentos e impulsos capazes de desenca-
dear atitudes violentas. Esse dado apresenta-se como relevante e
pode estar associado com a ideia de buscar o enfrentamento dos
determinantes e não somente das consequências da VPI.
A análise dos dados, em conjunto, revelou que alguns jo-
gadores assumiram no jogo uma postura violenta e opressora
em toda a interação, recebendo muitas avaliações negativas
pelos pares. Esse aspecto, ao mesmo tempo em que revela um
potencial de reconstrução de conhecimentos e atitudes pela
interação, levanta a hipótese de que esta também poderia ser
uma “estratégia de jogo” adotada por esses participantes, na
qual assumem um personagem e simulam suas opiniões com
o intuito de gerar polêmica e provocar os pares.
Por outro lado, a análise revelou que algumas respostas
traziam conteúdos violentos explícitos – a exemplo de:
É bom pra você ter o pênis torto [por] que é melhor pra
machucar as mulheres! (M1)
Tacava o piru nas novinha. (M4)
Estas não foram comentadas e nem avaliadas por outros
jogadores até a data de término da análise desta fase da pes-
quisa. Esse aspecto leva a questionar se esse “silêncio” dos
jogadores frente a tais atitudes seria a naturalização e aceita-
ção da violência ou não refletiria um alto grau de incômodo e
recusa a essas opiniões ou posturas.
Limitações do estudo
As limitações deste estudo dizem respeito ao fato de os resul-
tados permitirem uma análise de um curto período de tempo,
somente em uma escola. Além disso, os adolescentes acessaram
o jogo em uma fase na qual havia poucos sujeitos cadastrados
utilizando o dispositivo, o que pode ter comprometido a inte-
ração entre os jogadores e a sua evolução no jogo. Outro fator
limitante foi que, apesar de o jogo permitir a interpretação das
questões a partir de relações homoafetivas, nesse grupo de joga-
dores, não foi detectado esse resultado, impossibilitando a anali-
sar VPI em relacionamentos entre adolescentes do mesmo sexo.
Em futuros estudos de aplicação do jogo estima-se a interação
entre grupos heterogêneos, provenientes de diferentes cenários
e em um maior período de tempo.
Contribuições para área da saúde
A partir da análise apresentada, constatou-se que o jogo
Papo Reto – enquanto dispositivo lúdico – traz como possibi-
lidade a captação de temas que podem traduzir necessidades,
vulnerabilidades e também potenciais de desgaste e fortaleci-
mento da realidade dos adolescentes, sobretudo, nas relações
de intimidade. O posicionamento contrário à violência e o re-
conhecimento dos direitos sexuais, apareceram como poten-
cialidades nos discursos dos adolescentes e podem significar
possibilidade de transformação, visto que esses discursos são
compartilhados no jogo pela interação com os pares, mobili-
zando a construção do conhecimento nessa temática.
Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(supl1):652-9. 658
Gênero, sexualidade e violência: percepção de adolescentes mobilizadas em um jogo onlineFonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC.
As vulnerabilidades que emergem da análise dos discur-
sos revelam necessidades de intervenções nesse campo,
principalmente relacionadas ao conhecimento em relação à
determinação da violência. Essas intervenções devem possi-
bilitar a superação de compreensões ideológicas que natu-
ralizam a violência ou culpabilizam às vítimas, assim como
o reconhecimento da violência e suas diferentes formas de
manifestação e possibilidades de enfrentamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conteúdo discursivo produzido pelos comentários dos
adolescentes que utilizaram o jogo online Papo Reto revelou
posicionamentos sobre a VPI. Evidenciaram percepções con-
traditórias em relação ao fenômeno, uma vez que corrobora-
ram estereótipos de gênero, ao mesmo tempo em que mani-
festaram atitudes e comportamentos que podem oportunizar
a superação do problema e o direito à autonomia.
Apesar de os discursos apontarem para possibilidades de
superação, os resultados evidenciam a necessidade de pro-
blematizar a temática sob a ótica de gênero, no sentido de
promover a reflexão acerca da determinação histórica e social
dos fenômenos que determinam a VPI entre adolescentes.
A despeito da potencialidade do uso do jogo para permitir
a construção do conhecimento e transformação de atitudes,
entende-se que a diversidade de percepções dos adolescentes
sobre a temática da VPI e a perpetuação de características,
que demonstram a sua naturalização apontam para a neces-
sidade de intervenções que, aliadas ao uso do jogo, podem
promover a vivência da sexualidade de forma não violenta.
A compreensão da VPI dos adolescentes demanda da arti-
culação das categorias sociais alquimizadas. Para a abordagem
dessa problemática, deve-se privilegiar a inserção social desse
grupo e as relações de poder estabelecidas pelas desigualdades
de gênero veiculadas, vivenciadas e naturalizadas por essa
geração, as quais determinam diferentes potencialidades e
vulnerabilidades na vivência de relacionamentos saudáveis e
livres de violência.
FOMENTO
Este artigo é resultado de projeto financiado pela Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pro-
cesso 2013/ 06796-1.
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