ChapterPDF Available

12 - Redes sociais online o que são as redes sociais e como se organizam revisado com palavras chave

Authors:
Redes sociais online: o que são as redes sociais e
como se organizam?
Luciana Zenha
1
Resumo
O objetivo do texto é apresentar o conceito sobre Rede Social e o recorte para as redes sociais online
disponíveis na Web entre os usos e interpretações realizadas pelos brasileiros.
Os tipos de redes organizadas e as várias maneiras de interagir. A percepção histórico temporal das redes e
suas configurações, perfis e usuários online, o conceito de online e seu funcionamento e organização além
de pistas para análise desta participação.
Palavras-Chave: redes sociais, online, participação colaborativa.
1 Professora do curso de Pedagogia da . Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG. Doutora e mestre
em Educação pela UFMG. luciana. zenha@gmail.com @zenhaead 991640101
Caderno de Educação, ano XX - n. XX, v. X, 20XX/20XX - p. 1-23 1
Caderno de Educação, ano 19 - n. 48, v.1, 2014/2016 - p. 1-23
1. Percepção histórico-temporal do conceito Rede Social
A vida em bando das aves, a convivência dos elefantes, que se vê todos os
dias à procura de alimentos e proteção, o agrupamento de pessoas em
metrópoles são manifestações coletivas que apresentam pistas do movimento
natural dos seres vivos para se relacionarem organizadamente em espaços
naturais, urbanos e, até mesmo, em ambientes digitas. Essa organização em
torno de um problema, tema e artefato comum constituiu-se em um meio de
sobrevivência para os grupos e a necessidade de desenvolver uma organização
social entre indivíduos que vivem coletivamente, animais racionais ou não, a
fim de se relacionarem. É assim que as redes e as organizações em grupos
sociais estão presentes na história da humanidade desde a era das cavernas,
representando as conexões entre os seres humanos em busca de soluções para
problemas coletivos e para a convivência nos mais diferentes ambientes
sociais entre pessoas que apresentam as mesmas convicções em assuntos
determinados.
Figura 1: As redes sociais no Brasil e no Mundo WEB
Fonte: INFOGRÁFICO..., 2011.
Os saberes dos docentes e as contribuições das pesquisas de Tardif para se repensar o trabalho docente, a pedagogia e o
Redes sociais online: o que são as redes sociais e como se organizam?
2
Caderno de Educação, ano 19 - n. 48, v.1, 2014/2016 - p. 09-23
O primeiro registro de uso da palavra ‘rede’ foi encontrado na língua
francesa do século XII. O termo réseau, originado do latim retiolus,
designava, nessa época, rede como instrumento de caça, de pesca, ou
então
malhas para lutas que cobriam o corpo (MUSSO, 2004). Mais que
um
significado, o conceito de rede ditava, no francês medieval, uma
ordem,
uma vez que determinava para o tecelão a maneira como os fios das redes e
seus enlaces eram produzidos nos tecidos e objetos de caça.
O conceito de
rede permaneceu restrito ao domínio dos tecelões até
meados do século
XVII, quando passou a ser utilizado por médicos para designar e
desenhar a anatomia do corpo humano tal como a
representação do
aparelho sanguíneo ou das fibras que compõem o
corpo humano
(MUSSO, 2004). No fim do século XVIII, outra ciência
apropriou-se do
conceito de rede. Foi a vez da biologia observar os efeitos
de rede nas formas
da natureza. No início do século XIX, o conceito de
rede deixou de ser
circunscrito à matéria e ganhou a possibilidade de
ser construído como
objeto pensado pela engenharia na relação com
o espaço. Essas primeiras
definições foram importantes para permitir
a apropriação do conceito de
rede como uma maneira de estudo e
intervenção na sociedade.
A abstração do conceito de rede ampliou a significação do termo, que
passou a representar um sistema ou pontos ligados em uma interface de
gestão sobre o espaço e o tempo, permitindo que as mais diferentes áreas do
conhecimento humano utilizassem o conceito de rede para designar linhas
imaginárias para organizar fluxos logísticos de transporte, de comunicação e
de distribuição de recursos em geral (MUSSO, 2004). Ao seguir essa
perspectiva, Castells2 (2011), em discurso recente pela Web, faz uma relação
entre redes sociais e os neurônios ao afirmar que as mentes são redes na
medida em que as conexões neuronais são responsáveis por constituir a visão
de mundo e a relação que o indivíduo tece com outras pessoas, portanto, com
outras mentes ou rede de neurônios, inclui também
2 Em diálogo com acampados em Barcelona, Manuel Castells sugere que a política é muito
mais do que uma representação; por isso a internet livre é a chave da mudança. Durante esse
encontro, o sociólogo apresenta a dinâmica de organização das redes para a superação do medo
individual por meio do compartilhamento com o medo do outro nas redes sociais online.
(CASTELLS, 2011)
as relações estabelecidas pelo indivíduo no entorno social e natural.
Para
Castells (2011), o processamento entre todas essas redes só é
possível pela
comunicação, fenômeno social fundamental através do qual
as mentes
funcionam. É ainda no século XIX, que o conceito de rede é
estendido por
Comte à análise da estrutura social e ao entendimento da
dinâmica de
interação entre as pessoas. De acordo com Freeman (2004),
Comte propôs
olhar para a sociedade em termos da interconexão entre
as personagens sociais
que interagiam na busca do equilíbrio entre ação
e reação das diferentes partes do sistema social.
O século XX é marcado por essa ampliação do conceito de rede e se
estende ainda mais ao focar as interações sociais promovidas por meio do
computador conectado à internet, à rede das redes, ou seja, uma rede que se
conecta a determinadas redes. Esse cotidiano digital teve início com a
Arpanet em 1965, aberta no Brasil em 1995, que evoluiu para a Web 1.03 e,
posteriormente, para plataformas advindas da Web 2.04. Da Web 1.0, que se
limitava a uma plataforma que oferecia informações, para a Web 2.0, onde
tende a emergir da cultura da interação e colaboração. A Web 2.0 inaugurou
diversas redes colaborativas como, por exemplo, Blog, Podcast, YouTube,
Second Life, Wiki, Rede Social, dentre mais de 300 possibilidades de
interação online5 individual e em grupos. Essas e outras redes tecidas no
espaço virtual só foram possíveis devido à
3Web 1.0 é um estágio inicial da conceitual evolução da World Wide Web (www) , centrada em
torno de um acesso e abordagem para o uso da Web e sua interface com o usuário. Socialmente
os usuários só podiam ver páginas Web, mas não contribuíam para o conteúdo das páginas. De
acordo com Cormode e Krishnamurthy (2008), “os criadores de conteúdo eram poucos em Web
1.0 com a grande maioria dos usuários simplesmente agindo como consumidores de conteúdo”.
Como muitos nesta época, tive que fazer um curso de html para aprender a fazer um site. Na
década de 90 no Brasil, o problema era, na Web 1.0, o usuário ficava apenas no papel de
espectador, o conteúdo era pouco interativo. (WEB 1.0, 2010)
4Web 2.0 é um termo criado em 2004 por um grupo de pesquisadores para designar uma
segunda geração de comunidades e serviços, tem como conceito a WEB como plataforma,
envolve wikis, aplicativos baseados em folksonomia, redes sociais e Tecnologia da Informação .
Embora o termo tenha uma conotação de uma nova versão para a Web, ele não se refere à
atualização nas suas especificações técnicas, mas a uma mudança na forma como ela é encarada
por usuários e desenvolvedores, ou seja, o ambiente de interação e participação que hoje engloba
um elenco de linguagens e motivações.
5
A partir de agora, o termo online será utilizado para se referir à conexão digital pela
www (wor wide web).
união de três processos independentes: a expressão da diversidade, a
comunicação e os avanços da tecnologia. Juntos, a possibilidade de
expressão, a informação contextualizada, que tenta se comunicar, e os
aplicativos digitais, cada vez mais integrados ao dia a dia, possibilitaram a
criação de uma nova estrutura social, baseada nas redes. Vivenciou-se a fase
de transição entre a Web 2.0 para a 3.0, considerada um conjunto de
tecnologias com a proposta de apresentar formas mais eficientes para ajudar
os computadores a organizar analisar a informação disponível na Web. Essas
ferramentas podem analisar mais informações em menos tempo e obter
resultados cruzados e talvez mais precisos.
Entretanto, no século XXI, vivencia-se a explosão das interações sociais
mediadas por meio do computador e, mais recentemente, com o uso do
telefone celular e do tablet (mobilidade), todos conectados à internet. Para
muitos indivíduos, não é possível viver sem estar ligado a ela, o excesso de
tempo despendido na navegação no mundo virtual resulta em uma overdose de
interatividade digital, representada na figura
7. Essa figura em formato de infográfico indica mais de 150 ambientes e
interfaces digitais que possibilitam aas personagens em rede desde a
comunicação e mobilidade até o repositório de imagens e sons.
Figura 2: Overdose de interatividade
Fonte: OVERPRIZE..., 2011.
O ambiente virtual tem como base a interação síncrona e assíncrona, nas
quais os indivíduos que a realizam exercem papel de protagonista das e nas
relações sociais que estabelecem na rede. De acordo com Recuero (2009),
participar de interações online oportuniza aos indivíduos estabelecer relações
e geração de laços sociais. A expansão do espaço virtual possibilitou a
criação das Redes Sociais como local permanente de interação para a
comunicação e a troca de informação entre indivíduos de qualquer parte do
mundo, os quais possivelmente não poderiam se encontrar no mundo real,
agrupados no mundo digital a partir das mais diferentes intenções
comunicativas. A composição multicultural e pluriespacial de grupos que
participam das redes sociais online representam a quebra de barreiras
geográficas, sociais e temporais, favorecidas pelo ciberespaço.
2.
O que são Redes Sociais On-line?
Entende-se, como Rede Social online, o ambiente digital organizado por
meio de uma interface virtual própria (desenho/mapa de um conceito)6 que
se organiza agregando perfis humanos que possuam afinidades, pensamentos e
maneiras de expressão semelhantes e interesse sobre um tema comum. Musso
(2006, p.34) define rede social como “uma das formas de representação dos
relacionamentos afetivos, interações profissionais dos seres humanos entre si
ou entre seus agrupamentos de interesses mútuos.” Diante dessas
considerações, tem-se, para esse trabalho, rede social online como uma
representação de relacionamentos afetivos e/ou profissionais entre indivíduos
que se agrupam a partir de interesses mútuos e tecem redes informacionais
por meio das trocas discursivas realizadas no ambiente virtual. Assim, para
participar de uma rede social online, é preciso que o usuário estabeleça
interação com o grupo, compartilhando suas afinidades e interesses comuns.
A infinidade de motivos que levam as pessoas a participarem de uma rede
social online confirma as ideias de Garton, Haythornthwaire
6 SOCIAL..., 2011.
e Welman (1997), pois entendem que uma rede é quando computadores
conectam uma rede de pessoas e organizações e se institui ali uma rede
social. A conexão fica disponível para ser utilizada em grupo pela Web a
partir de uma ligação, a cabo ou sem fio (wirelles) em uma interface
(disponível em tablet, celular, notebook, etc.) e nos mais diferentes locais: em
casa, no escritório e até mesmo em ambientes públicos como as lan houses.
A rede social online é um ambiente digital em conexão no qual é possível
observar o desenrolar, a evolução e a constante modificação dos embates
psicossociais de seus integrantes, embates esses não apenas de ordem
tecnológica, mas, sobretudo, humana. A participação ativa das pessoas nas
redes sociais por meio da troca generosa de links e da catalisação de
conversas apresenta um comportamento indicativo para a conexão, a ligação e
a linkagem entre assuntos e pessoas. Pelos links é possível observar as
ligações estabelecidas pelo autor do registro e saber assim as conexões, trocas
de ideias, assuntos e percepções próprias da coletividade.
Embora a tecnologia tenha dado visibilidade à organização social em
rede, é importante lembrar que as redes sociais não são fenômeno recente e
não surgiram com a Internet, elas sempre existiram na sociedade, rede de
amigos do clube, tribos, bandos e outras organizações, motivadas pela busca
do indivíduo por pertencimento a um grupo, pela necessidade de
compartilhar conhecimentos, informações e preferências com outros
indivíduos.
No entanto, como afirma Recuero (2009, p. 93), o que há de mais
importante nas redes sociais online atuais é que elas “permitiram sua
emergência como uma forma dominante de organização social” que conecta
mais do que máquinas, “conecta pessoas”, resgata o contato com pessoas a
distância, com pessoas que há algum tempo não se encontram, entre outras
possibilidades, como uma maneira de fazer novos contatos e amizades.
Segundo Lévy (1998), quanto mais o ciberespaço se amplia, mais se torna
“universal”, proporcionando uma comunicação todos-todos e
também o agrupamento por centros de interesses em que a comunicação é
realizada apenas entre os membros do grupo. Para esse autor, essas trocas
comunicativas favorecem entre os participantes o desenvolvimento da
inteligência coletiva, permitem o amadurecimento de opiniões e estabelecem
relações de tolerância e compreensão mútua. Além disso, as trocas
possibilitam aos indivíduos desenvolver um sentido de moral social, que
engloba a percepção das regras e princípios que regem as relações sociais
estabelecidas na esfera da cultura digital.
As relações estabelecidas nas redes sociais foram também analisadas por
Castells (1999), que entendeu como positivo o impacto da comunicação
via internet sobre a intimidade física e a sociabilidade de seus usuários,
jogou por terra os temores de que a rede geraria empobrecimento da vida
social. Para o autor, há inúmeros fatos como o acesso a amigos antigos, do
trabalho atual ou não, os da rua, a vizinhança que se encontra por meio da
Web em redes sociais, que comprovam o aumento, a confirmação e a
possibilidade de tecer novos vínculos sociais, como por exemplo, uma
conexão de conhecidos dos seus amigos, perfis apenas virtuais,
proporcionados pelo uso da internet.
Quanto à configuração, as redes sociais podem ser entendidas como um
conjunto de nós, interconectados, formados por estruturas não lineares,
flexíveis, dinâmicas, compostas de organizações formais e informais. Esses
nós representam indivíduos ou grupos de indivíduos responsáveis por
alimentar as redes sociais por meio da troca e do compartilhamento de
informações. Assim, quanto mais conexões um nó consegue promover, mais
forte ele se torna. Recuero (2009) ressalta a condição dos laços e dos nós
(nodos) da rede para o processo de interação, defini-os como cerne das redes
sociais.
A figura 3, a seguir, representa as ligações entre os nós de uma rede social
online, o entrelaçamento deles e a ramificação que leva a outros nós e
apresentam desenhos de conexão. Dessa forma, não há possibilidade de
isolamento entre indivíduos, já que a colaboração e a formação de novas
estruturas se tornam condição sine qua non para a manutenção da rede e para
a permanência do indivíduo dentro da conexão.
Figura 3: Representação das trocas discursivas na Rede Social
Fonte: REDES..., 2010.
Uma outra definição de rede social é dada por Costa et al. (2003, p. 73),
que propõe compreendê-la como “forma de organização caracterizada
fundamentalmente pela sua horizontalidade, isto é, pelo modo de inter-
relacionar os elementos, sem hierarquia”. Para ele, a horizontalidade desfaz a
concentração do poder comunicacional nas mãos de um indivíduo e
favorece as relações todos-todos e reafirmando a importância de cada nó.
A constante troca discursiva entre os usuários das redes sociais online
pode colaborar para o aumento das competências sociais, da interação e da
comunicação em rede, proporciona o desenvolvimento do pensamento crítico,
a construção de diferentes conhecimentos, a troca contínua de informações e
a garantia da autoexpressão aos sujeitos que realizam o papel de protagonista
nas redes.
Participar de redes sociais online viabiliza ainda a diminuição do
sentimento de isolamento e o receio de crítica, aumentando a
autoconfiança, a autoestima e o fortalecimento de integração ao grupo pela
colaboratividade e respeito mútuo. (RECUERO, 2009; WENGER, 2011;
SANTOS, 2011).
Os estudos de Castells (1999; 2003; 2009; 2011) são unânimes em
apresentar a rede como nova organização social no espaço virtual, cuja lógica
é capaz de modificar a operação e os resultados das produções, da
experiência, do poder e da cultura. Essa nova organização requer do
indivíduo novos olhares e novas formas de agir sobre o mundo, quebrando
paradigmas e assumindo novas posturas diante da realidade na qual que se
insere.
Redes sociais passam a ser constituídas em fluxos informacionais,
refletindo a era da conexão proposta por Castells. Ao mesmo tempo, essas
conversações públicas também oferecem um substrato para novas formas de
serviços, marketing e publicidade mais direcionados e mais conversacionais.
A era do relacionamento é o novo momento, um novo contexto, onde
consumidores estão em rede, comentando, discutindo, participando. É nessa
perspectiva que se torna necessário debater, perceber, constituir e analisar o
contexto oferecido pelo momento da chamada rede ou “mídia” social.
A contribuição dos estudos aqui discutidos sobre redes sociais permitiu
compreender a formação das novas estruturas sociais a partir do computador
e, principalmente, que as interações mediadas pelo computador nas redes
sociais são capazes de gerar trocas sociais. No entanto, de acordo com
Recuero (2009), são necessários novos estudos sobre os elementos das redes
sociais e seu processo dinâmico, a fim de compreender os variados nós que as
compõem, levando em consideração os interesses dos indivíduos em fazer
novas amizades e em compartilhar suporte social, confiança, reciprocidade.
O estudo dos saberes permutados nas redes sociais online como trocas
discursivas exigiu dessa investigação definir qual tipo de informação coletar e
como organizá-la para permitir o estudo das conexões e interconexões
(interações em grupos colaborativos) e as trocas dessas informações entre as
personagens da rede. Essa exigência, além do projeto de pesquisa amplo, já
citado na Introdução, levou a autora desta pesquisa a delimitar um tema para
adentrar nas redes sociais e entender seu funcionamento. Foi assim que a
atualidade da Temática na sociedade brasileira e a presença de campanhas
para a erradicação da
doença presente nos suportes midiáticos a mídia televisiva, o texto e
imagem do outdoor, as mídias sociais e em html na internet, etc. foram
personagens decisivos para definir a Temática como tema para compreender
como funcionam as redes sociais online.
3.
Como funcionam as Redes Sociais On-line?
Conforme já apresentado, as redes sociais online são ambientes
digitais
organizados por meio de uma interface virtual que torna
possível a
integração de um perfil7 de usuário a outros de amigos
virtuais8,
compartilhando com essas personagens pertencentes a um
cenário comum
pensamentos e outras maneiras de expressão sobre
determinado assunto.
A conexão entre essas personagens, perfis ou
logins se constitui pela
vinculação da criação de avatares em redes sociais
específicas, associados
espontaneamente em torno de afinidades, desejos,
curiosidades comuns. As
mais diferentes intenções comunicativas em
jogo no uso das redes sociais
online são mediadas pelas trocas discursivas,
nas quais os usuários das redes
veiculam e compartilham seus saberes.
É importante salientar que, nas redes
sociais, as trocas discursivas
são amplamente reverberadas, na medida em
que a rede social é um
espaço privado, isto é, somente seus amigos podem
ler o seu post, e, ao mesmo tempo, é um espaço público no momento em que
a mensagem respondida por um usuário da sua rede passa a estar disponível
para
os usuários que o acompanham.
As redes sociais online permitem executar ações de receber, enviar, criar e
responder mensagens e disponibilizam aplicativos usados para seguir e
compartilhá-las, para recomendar ou comentar os posts. Todos esses recursos
são destinados à interação daqueles que utilizam as redes sociais para se
relacionarem com outros membros a partir de um interesse comum.
7Perfil é um cadastro com os dados pessoais, fotos, preferências e contatos que são
disponibilizados na interface digital de maneira privada ou disponível para o público Web.
8Amigos virtuais corresponde a contato com perfis virtuais, as pessoas se conhecem de por
meio digital e estabelecem vínculos de afeto e trocas.
A grande diferença no uso de redes sociais online está nos recursos que
cada uma disponibiliza para espalhar links externos à rede como uma forma
de trazer à tona discussões que circulam em outros ambientes.
4.
Como se organizam as Redes Sociais Online?
As redes sociais online são organizadas por agrupamentos sociais que
possuem topologias relacionadas às estruturas sociais. Para entender melhor
essas topologias, Baran(1964) propõe três topologias para caracterizar as
redes sociais: a distribuída, a centralizada e a descentralizada. A rede
distribuída apresenta uma organização com vários nós responsáveis por
distribuir os laços de conexão de forma a equipar quantidades de nós e laços.
A rede centralizada apresenta como desenho conexões em que há um nó
ligado a uma maior conexão, imprimindo nesse tipo uma forma estrelar. Já a
rede descentralizada apresenta pequenos grupos de nós e vários laços
interligados aleatoriamente entre si. Nesta pesquisa, pôde-se verificar que há
ainda uma forte tendência para centralização das redes em formato estrelares
e triangulares. A interligação descentralizada pode ser melhor percebida no
desenho final do Habitat Digital.
Outro estudo que permitiu compreender a organização das redes sociais
foi apresentado por Barasi (2003), a partir de seu aprofundamento nos
campos da matemática e física e ao estudo das propriedades dos gráficos,
estruturas de redes e aos fenômenos pertinentes ao estudo realizado. Uma
característica forte desse estudo é a dinamicidade e suas propriedades de
mudanças de configuração que são tratadas pelo autor como estruturas em
movimento e em evolução constantes. A dinamicidade da rede surge como
possibilidade de pesquisa quando se observa como ocorre o processo de
trocas discursivas por meio das conexões entre os seus personagens. Assim os
pontos que representam as personagens no cenário das redes sociais surgem e
desaparecem, pois são as conexões e suas organizações realizadas pelas
pessoas, indicando a maneira como essa estrutura é permanentemente
alterada ao longo do tempo (BARABASI, NEWMAN, & WATTS, 2006, p.
7) em função dos
interesses e da disponibilidade dos membros que participam dessa rede.
A
compreensão dessa organização indica a interdependência entre
estrutura e
conexões, na medida em que a estrutura afeta as conexões
que um
personagem pode fazer e essas conexões afetam a estrutura da
rede, numa
dinâmica contínua. Nota-se que esse processo não é linear,
com uma relação
direta de causa e efeito, mas denota um problema complexo, em que a parte
e o todo são interdependentes e se relacionam
mutuamente, gerando ciclos de
realimentação que podem aumentar e até
mesmo subtrair tendências que não
poderiam ser previstas inicialmente.
A dinamicidade das redes influenciou
importantes pesquisas aplicadas à
dinâmica humana que resultaram no
entendimento e desenvolvimento
de parâmetros de contágio social e de
doenças; em modelos de dinâmicas
de sistemas; em algoritmos de buscas de
informações; e em sistemas
robustos, entre outros (WATTS, 2004).
No que se refere à maneira pela qual se pode observar as redes sociais,
torna-se útil para este estudo conhecer a distinção tecida, por Christakis e
Fowler (2010), entre redes totalmente observadas e redes inferidas. Segundo
esses autores, as redes inferidas são aquelas em que se pode observar as
interações realizadas e registradas de alguma forma, como nas relações de
colaboração científica que se materializam numa coautoria de um artigo
científico. Esse tipo de rede permite analisar relações parciais, uma vez que
muitas das relações de colaboração não são registradas em nenhum sistema
de informação. Já as redes totalmente observadas são aquelas em que todas as
relações existentes são conhecidas, tais como as relações de amizade num
grupo de alunos dentro do âmbito de sua sala de aula, entendidas como
relações realizadas em potencial. Sobre redes sociais analisadas nesta
pesquisa, conclui-se que foi possível identificar as redes inferidas nas quais as
personagens escolheram ou foram convidados a fazer parte.
Outra importante contribuição para o estudo da estruturação de redes foi
apresentada por Granovetter (1973), que considerou os termos laços fortes e
laços fracos para as conexões existentes. O autor analisou de forma especial
as conexões de laços fracos que se estabelecem para integrar diferentes
grupos da rede. Para ele, a ausência desses laços
resultaria na não formação das redes sociais que seriam apenas ilhas isoladas
sem as conexões com outros grupos sociais da própria rede. Os laços fortes
são constituições mais intensas, relações de amizades, com mais intimidade e
frequência. Já as conexões de laços fracos são pontuais, superficiais mais
abertas e apresentam um número maior de conexões. O estudo de conexões
pode ser compreendido a partir da análise das trocas discursivas e os
comentários estabelecidos no momento da interação entre os pares.
Ainda no que tange à organização das redes sociais, Recuero (2009)
afirma que as redes sociais apresentam desenhos variados em sua
constituição para representar as conexões. O desenho pode estar em formato
de estrela ou ser simplesmente randômico e aleatório, ao usar o software de
análise de redes, será possível detectar os desenhos das redes inferidas e
observadas ao longo desta pesquisa. Para perceber esses desenhos, é preciso
observar o tipo de ordem na organização da rede. O trabalho de Granovetter
(1973) traz à tona a importância da tríade nas redes sociais. Um exemplo: dois
desconhecidos que têm um amigo comum possuem mais chances de virem a
se conhecer (representando assim uma rede de relacionamentos). Também
igualmente relevante para o estudo das redes é o conceito de “mundo
pequeno”9 veiculado por Pool e Kochen (1978); Newman, Barabási, Watts
(2006); Derek e Sola Price (2006) e Travers e Milgram (1969), que
observaram a troca de grande quantidade de mensagens para compreender
como as conexões de pouca expressão e alta densidade também apresentavam
um papel fundamental para a construção de uma rede de significados e temas.
Pautado pelo conceito de que o mundo é pequeno e as pessoas estão em
conexão, John (1995), investigador da Microsoft analisou 255 bilhões de
mensagens de MSN enviadas ao longo de 30 bilhões de conversas entre 240
milhões de pessoas durante o mês de junho de 2006. Depois de analisadas as
ligações, o mapa traçado pelo estudo demonstrou que cada mensagem passou
por uma média de cinco a seis pessoas. O resultado
9O problema baseada na teoria sobre “mundo pequeno” e tomado por Recuero (2009) refere-se
diretamente à percepção popular e anedótica de que as pessoas vivem em um mundo onde todos
“se conhecem” ou estão diretamente conectados entre si. Esse conceito pode ser encontrado
igualmente no ditado popular: “Mas que mundo pequeno!”
aproxima-se da média seis traçada10 por Milgram (1965)11 para indicar o grau
de separação entre as pessoas de um ponto inicial ao final. Essas pesquisas
permitem especular junto com Horvitz (2006, p.145), “se haveria uma
harmonia entre a comunicação social”12 e se o número seis seria uma
constante básica para medir as interações sociais.
A compreensão da organização das redes sociais online leva também
em consideração as conexões, identifica a atuação dos autores e suas trocas
informacionais, bem como o papel desempenhado pela divulgação do
conteúdo e como esse influência na aquisição de links externos, no aumento
de visitas à rede social e no posicionamento dos buscadores automatizados e
algoritmos que se materializam na interface que representam. A compreensão
da organização das redes sociais necessita da análise estrutural que se
propõem a examiná-las a partir de indicadores de três níveis, a saber: da rede,
dos subgrupos e das personagens.
5.
Estrutura de análise das redes sociais online
A distinção entre diferentes estruturas de redes sociais está relacionada às
diferenças na composição da rede, na formação dos subgrupos, na
distribuição das personagens e nas relações na qual eles tipicamente se
engajam (FAUST & SKOVORETZ, 2002). Essas distribuições acabam por
representar tipos específicos de estruturas que se tornam recorrentes quando
comparadas a conjuntos variados de dados que representam
10 Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Six_degrees_of_separation
11
Nos anos 60, Stanley Milgram desenvolveu uma experiência que mudou a forma de se
enxergar as relações sociais. A experiência consistiu em enviar cerca de 160 pacotes de
correio para pessoas que viviam em Omaha, Nebrasca (Estados Unidos da América do
Norte), pediu a elas para reenviarem o mesmo embrulho a alguém que estivesse o mais
próximo possível do destino final — um corretor em Boston (Estados Unidos da América do
Norte). A experiência mostrou que a maioria dos pacotes conseguiu chegar ao destino final,
passou pelas mãos de cinco ou seis pessoas aleatórias, ligou até mesmo pessoas que não se
conheciam.
12 Disponível em: http://www.nature.com/news/2008/080313/full/news.2008.670. html
diferentes redes sociais. Analistas de redes sociais mapearam diferentes tipos
de redes, personagens e relações para criar indicadores estruturais que se
tornaram úteis na identificação de padrões de redes sociais.
A comparação entre redes sociais online diversas foi realizada a partir do
seguinte conjunto de parâmetros: a organização da rede como grupo social,
sua densidade, a taxa de conexões, afiliação, proximidades e número de
trocas, a distância e a ligação de trocas por afinidade, além dos aspectos dos
subgrupos, personagens e distinção dos papéis das personagens. Após a
estrutura geral, pode-se observar alguns parâmetros enumerados abaixo sobre
as redes, como por exemplo, os índices de ligações em pontos dos nós, as
distâncias estabelecidas entre os pontos da rede e a ligação ou afiliação
existentes.
Rede - Grupo
a) Densidade: taxa de conectividade da rede;
b) Diâmetro maior: distância entre dois personagens numa rede;
c) Afiliação.
Ainda sobre a estrutura da rede, onde se encontram os pontos de conexão
que representam o centro, o núcleo e os pontos mais soltos e periféricos,
distantes do centro de emissão da mensagem, autor principal, mediar ou
administrador da rede social observada? Quais são os logins e personagens ou
personagens que representam os nós mais nucleares e os mais dispersos?
Apresentação dos laços fortes e fracos desta conexão. Há também a
possibilidade de um ponto da rede ter mais do que duas conexões que
representam o índice de trocas e ligações.
De acordo com Recuero (2010), a compreensão estrutural das redes
sociais necessita ainda de análise mais detalhada do perfil das personagens ou
componentes, que, na pesquisa, chamam-se personagens que ocupam os
cenários observados. Uma rede social leva em conta os aspectos da
visibilidade, popularidade, índices de conexões, autoria, dentre outros.
Encontra-se hoje disponível na Web uma grande oferta de redes sociais
online, bem como a possibilidade de construir uma rede de contatos
dentro de sites de social média. Muitas são as redes sociais disponíveis na
Web, dentre elas o Orkut, Facebook, Linkedin, Ning, Myspace, Wikipedia,
Youtube e Twitter. Embora cada uma dessas redes possua sua própria
interface, composição e possibilidade de interação, todas têm em comum a
possibilidade de interação e de troca discursiva entre seus membros. O rápido
avanço e a evolução constante das comunidades virtuais que se sabe hoje
foram proporcionados pela adesão em massa de diversas camadas da
população, especialmente, por adolescentes e jovens adultos (CASTELLS,
2011), pertencentes a diferentes classes sociais. A figura 4 apresenta as redes
sociais online mais acessadas atualmente.
Figura 4: Redes Sociais online mais acessadas Fonte:
ÍCONES, 2011
Sites de rede social foram especialmente significativos para a revolução da
“mídia social15porque criam pontos nas redes que estão permanentemente
conectadas, por onde circulam informações
13 O termo Social Media em inglês é traduzido para Mídia Social em português e significa o
uso do meio eletrônico para interação entre pessoas, termo aqui utilizado como sinônimo de
Redes Sociais.
de forma síncrona (como nas conversações, por exemplo) e assíncrona (como
no envio de mensagens). Redes sociais se tornaram a “nova” mídia, em cima
da qual a informação circula, é filtrada e repassada; conectada à conversação,
onde é debatida, discutida e, assim, gera a possibilidade de novas formas
de organização social baseadas em interesses das coletividades. Esses sites
atingem novos potenciais com o advento de outras tecnologias, que aumentam
a mobilidade do acesso às informações, como os celulares, tablets,
smartphones, etc.
Ao considerar o alto índice de acessos16, as possibilidades de
postagem, conexão, publicação e inserção de hipertextos e hipermídias, além
da popularidade delas no Brasil (seu grande número de usuários brasileiros),
indicavam para a pesquisa essas duas mídias sociais, Facebook e Twitter.
A eleição dessas duas redes sociais online entre os brasileiros
demonstra que esses usuários as têm utilizado como espaço para a
representação de relacionamentos afetivos e/ou profissionais em grupo, a
partir de interesses mútuos, para os quais tecem redes informacionais por
meio das trocas discursivas realizadas no ambiente virtual:
Facebook
17
O Facebook é contemporâneo ao Orkut e apresenta, nessa rede social,
semelhança no modo de operar. Criado por Mark Elliot Zuckerberg, Eduardo
Luiz Saverin e outros ex-alunos da Universidade de Havard, nos Estados
Unidos da América do Norte, em 2004, inicialmente pensado para uso dos
alunos na Universidade. Os colegas criadores da plataforma tinham um livro
no dormitório estudantil que se chamava Face Book´s, baseado nesta ideia do
livro de fotos os programadores colocaram no
14 O Facebook, rede social com 750 milhões de pessoas no mundo, passou o Orkut, do
Google, em 1,9 milhão de usuários únicos no mês de agosto no Brasil, de acordo com pesquisa
feita pelo Ibope Nielsen Online. O Twitter, de acordo com a pesquisa, manteve tendência de
crescimento no Brasil e em agosto alcançou 14,2 milhões de usuários únicos (31,3% dos
internautas). Durante agosto, cada usuário brasileiro se conectou a redes sociais por um tempo
médio de 7 horas e 14 minutos. (FACEBOOK..., 2011)
15
ZENHA; FLAUZINO & NASCIMENTO, 2011.
site duas fotos de dois homens e de duas garotas, assim os visitantes
poderiam escolher quem estava mais adequado ou era mais “simpático”, esse
ranking era contabilizado.
Mark Zuckerberg é o atual presidente e, em 2011, contava com mais de
500 milhões18 de pessoas que diariamente mantinham contato com seus
amigos, compartilhando mensagens, fotos, links, vídeos, etc. O Facebook é
um dos ambientes mais utilizados no mundo ocidental, com mais de 1 bilhão
de usuários ativos em fevereiro de 2012. No Brasil, o Facebook possui mais
de 3,6 milhões de brasileiros cadastrados, só perde espaço para o Orkut, rede
social online mais utilizada entre 2006 e 2010, em número de acessos no ano
de 2010.
Essa rede social permite que qualquer usuário que declare ter pelo
menos 13 anos possa se tornar usuário registrado do site. Para participar
do
Facebook, o usuário deve se registrar no site http://www.Facebook. com/
e, em seguida, criar um perfil pessoal, só então o usuário cria seu grupo
de contatos, adicionando outros usuários do Facebook como amigos. A
troca de mensagens é realizada entre os amigos e pode ser acompanhada
na interface da própria rede social ou por notificações automáticas
recebidas por e-mail a cada nova atividade realizada pelo grupo, tais
como troca discursiva ou atualização de perfil. Os usuários têm, nessa
rede social online, a possibilidade de participar do grupo
16 O maior índice de engajamento no Facebook se dá às quintas-feiras, entre as 16h e 18h
(9,32%). Os dados são de um monitoramento feito pela DITO, especializada em soluções na rede
social. Segundo o estudo, posteriormente aparecem quarta-feira (8,92%), sexta-feira (8,8%),
terça-feira (8,44%), segunda-feira (8,1%), domingo (4,16%) e sábado (3,87%). Já a menor
utilização é registrada nos horários entre as 4h e 6h da manhã. A pesquisa aponta que, dos 53
milhões de usuários da rede no Brasil, 24.317.080 são homens e 28.697.420 mulheres. Dos
66,25% entre os brasileiros que utilizam o Facebook, São Paulo desponta como a capital com
maior número de usuários (6.783.300). Em seguida, aparecem Rio de
Janeiro (4.067.920), Belo
Horizonte (1.458.100), Salvador (1.296.500), Brasília (1.224.740), Curitiba (1.103.040), Fortaleza
(983.100), Recife (925.200), Porto Alegre (838.760) e Goiânia
(726.580). Entre as páginas com
maior número de fãs durante de janeiro e 30 de junho, a do Guaraná Antarctica surge na
liderança, com 6,2 milhões de seguidores, e aumento de 52%. Completam as cinco primeiras
posições a Skol, com 5,6 mil (57%); L’Oreal Paris Brasil (4 mi e 50%), Brahma Futebol(3,8 e
65%), e Halls Brasil (3,2 mi e 61%). No ranking de páginas com maior engajamento no mesmo
período, a RS1 lidera a lista entre as com até 500 mil fãs, com 7,07%, seguida pela do Café Pilão
(6,65%) e Racco Cosméticos (4,76%); enquanto a Brahma Futebol ocupa, com 10,14% de
engajamento, a liderança entre as páginas com mais de 500 mil fãs, na frente de Burger King
Brasil (5,35%) e Risqué (4,96%). (MUNDO..., 2012)
de interesse comum de outros utilizadores, organizados por escola, trabalho,
faculdade ou outras características, e categorizar seus amigos em listas como
“as pessoas do trabalho” ou “amigos íntimos”, atrelando esses subgrupos ao
seu perfil. É uma interface com código fonte fechado e interesses comerciais
em publicidade e propaganda, gratuito para usuários em geral.
Twitter
Criado em 2006 por Jack Dorsey, o Twitter19 é um sistema de
comunicação instantânea na internet disponível para o uso em
computadores, tablets e celulares, denominado um blog compacto em função
da limitação da inserção do número de caracteres para o registro. Ele é
considerado uma mídia social em formato de microblog e permite ao usuário
enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos ou seguidores em
textos de até 140 caracteres, conhecidos como tweets, por meio do website do
serviço, por SMS20 e por softwares específicos de gerenciamento. As
atualizações são exibidas no perfil do usuário em tempo real e também
enviadas aos seguidores que tenham assinado para recebê-las. As atualizações
de um perfil ocorrem por meio do site do Twitter, por RSS21, SMS e
recentemente pelo Facebook ou programa especializado para gerenciamento.
O serviço é gratuito pela internet, entretanto, se usar o recurso de SMS, pode
ocorrer a cobrança pela operadora telefônica.
Essa rede movimenta mais de 75 milhões de usuários que diariamente
respondem à pergunta originária da ferramenta: “O que você está fazendo?”.
Inicialmente, o foco do Twitter era o compartilhamento de ações pessoais,
hoje essa troca ampliou-se para discussões no âmbito
19 MANUAL..., 2011.
20 SMS corresponde a sistemas de mensagens por meio de envio por telefones ou tablets.
21 A tecnologia RSS permite aos usuários da internet se inscreverem em sites que fornecem
“feeds – que são conteúdos atualizados”. Esses são tipicamente sites que mudam ou atualizam o
seu conteúdo regularmente. Para isso, são utilizados Feeds RSS que recebem essas atualizações,
dessa maneira, o utilizador pode permanecer informado de atualizações em sites sem precisar
visitá-los um a um.
2
Caderno de Educação, ano 19 - n. 48, v.1, 2014/2016 - p. 09-23
2
Caderno de Educação, ano 19 - n. 48, v.1, 2014/2016 - p. 09-23
profissional, questionamentos de assuntos da atualidade, divulgações de
marketing, entre outros usos. Com o Twitter surge a figura do seguidor; o
usuário define quem quer seguir e, a partir dessa opção, ele recebe os posts
do associado e pode interagir com ele. Alguns autores não consideram o
Twitter uma rede social, pois o foco da aplicação é a troca de informações e
não a interação. Dessa forma, apesar de haver ações interativas, essas
dependem dos valores que são criados nos grupos e, sobretudo, do uso,
diferente de outras redes como o Orkut e o Facebook, cujo foco é direcionado
para a interlocução entre os usuários. Não obstante, apesar de o Twitter não
ser uma rede social, há nele várias redes construídas pelos usuários, pois,
conforme Thau (2010), a rede são as pessoas e não as ferramentas. O Brasil
ocupa o segundo lugar no uso do Twitter com 8,79% do total de usuários
cadastrados. Os Estados Unidos da América do Norte ocupam o primeiro
lugar com 50,88% do total de twitteirosque possuem o seu código fonte
aberto e disponível para buscas, acessos, modificações e novas distribuições
online.
6.
Considerações finais
Redes Sociais Online como local para troca de saberes
Segundo Recuero (2009), as redes sociais ganharam seu lugar de uma
maneira vertiginosa nas trocas colaborativas na vida de adultos e jovens.
As
redes sociais proporcionam um aumento significativo das interações
e da
conectividade entre grupos sociais por serem um meio promissor
de
divulgação de conteúdo e de propagação de ideias. O diferencial das
redes
sociais está na facilidade que possuem para construir as mensagens;
a
facilidade na veiculação, o acesso rápido e em pontos distanciados que
proporcionam as trocas de saberes disponibilizados pelos pontos na rede
social; o gerenciamento de perfis para aceitar e propagar esses saberes.
As redes sociais online podem ser percebidas como espaço social
favorável ao compartilhamento de informação e conhecimento, e podem
também se configurar como espaços de ensino-aprendizagem, colaborando
com a inovação pedagógica. Isso ocorre porque as redes
sociais permitem aos usuários o acesso, a participação e a interação contínua
das personagens na construção coletiva de novos saberes. A aprendizagem
acontece no momento em que os usuários dos grupos se propõem a trocar e
compartilhar informações a respeito de um assunto para realizar uma
determinada finalidade discursiva que resulta em novos olhares e novas
posturas. Tanto o Facebook quanto o Twitter têm as características
mencionadas para a análise das redes sociais (espaços, interesses das
personagens), registro do tempo, trocas e índice de acessos) e representarão o
ambiente e mídia social em busca dos saberes e das trocas discursivas entre as
personagens em seus grupos e subgrupos de atuação síncrona e assíncrona na
interação social.
Referências Bibliográfica:
CASTELLS, Manuel. Communication Power. EUA: Oxford University Press,
2009.
CASTELLS, Manuel. A Galáxia Internet: reflexões sobre a Internet, negócios
e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2003.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia,
sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra. 1999
SOUSA SANTOS, Boaventura. Renovar a Teoria Crítica e Reinventar
a Emancipação Social. São Paulo: Boitempo, 2007.
HOUAISS. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. 1. ed. São
Paulo: Objetiva, 2009.
KRESS, Gunther. Literacy in the new media age. London: Routledge, 2003.
KRESS, Gunther; VAN LEEUWEN. The Reading images: The grammar of
visual design. New York: Routledge, 1996.
3
Caderno de Educação, ano 19 - n. 48, v.1, 2014/2016 - p. 09-23
KUTNER, Lawrence; OLSON, Cheryl. Grand Theft Childhood: The
surprising truth about violent video games and what parents can do. New
York: Simon & Schuster, 2008.
LAHAM, Richard. The Economics of Attention: Style and Substance in
the Age of Information. Chicago: University of Chicago Press, 2006.
LANDOW, G. P. Hypertext 2.0: A Convergência da Teoria Crítica
Contemporânea e Tecnologia. Barcelona: Paidós, 2001.
LAVE, J., & WENGER, E. Situated learning: Legitimate peripheral
participation. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
LÈVY, Pierre. The Semantic Sphere 1. Computation, Cognition and
Information Economy. Canadá: Willey-Iste. 2011.
LÈVY, Pierre. As tecnologias da inteligência o futuro do pensamento na
era da informática. Trad. Carlos Irineu da Costa, Rio de Janeiro: 34, 1993.
RECUERO, Raquel. A conversação em rede: comunicação mediada
pelo computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina,
2012.
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.
RECUERO, Raquel. Sobre memes e redes sociais. Pontomídia. 5 de
setembro de 2011. Disponível em: <http://www.pontomidia.com.br/
raquel/arquivos/sobre_memes_e_redes_sociais.html>. Acesso em: 12 mai.
2015.
REDES sociais e interatividade em ascenção, 2010. Disponível em:
<http://www2.al.rs.gov.br/biblioteca/BlogdaBiblioteca/tabid/3097/
EntryId/23/Redes-sociais-e-interatividade-em-ascencao.aspx/>. Acesso em: 1
ago. 2016
SHEDROFF, Nathan. Experience Design 1. Indianapolis: New Riders, 2001
SOUZA & SILVA, Adriana; ARAÚJO, Denize Correa (ed.). Do ciber ao
híbrido:Tecnologias móveis como interfaces de espaços híbridos. Imagem
(Ir) realidade. Comunicação e cibermídia. Porto Alegre: Sulinas, 2006.
THAU, Kevin. O Twitter e as redes sociais. Disponível em: <http://
www.pontomidia.com.br/>. Acesso em: 25 out. 2010.
WEB 1.0. Wikipedia. Disponível em:<http://en.wikipedia.org/wiki/
Web_1.0>. Acesso em:15 out. 2011.
WENGER, E. & SNYDER, W. M. Communites of Pratice: The
Organizational Frontier. Harvard: Harvard Business Review, 2000. p. 139-
145.
WENGER, Etienne; WHITE, Nancy and SMITH, John D. Digital
Habitats: stewarding technology for communities, 2009. Disponível em:
<http://technologyforcommunities.com/>. Acesso em: 15 mai. 2012.
WENGER, Etienne. Communities of practice. Learning, meaning and
identity. New York: Cambridge University Press, 1998.
WENGER, Etienne. Communities of practice and social learning
systems. Organization, 2000: 7(2), p. 225-46. <http://homepages.abdn.
ac.uk/n.coutts/pages/Radio4/Articles/wenger2000.pdf>. Acesso em: 16 mai.
2016.
... 24). Para saber mais, ver Zenha (2018). Para além do posicionamento da autora neste artigo, é possível perceber certo padrão em todas as publicações dela no Sechat, sempre referindo-se à cannabis e à cannabis medicinal 14 . ...
Article
São inúmeras as controvérsias que cercam a maconha/cannabis. Em junho de 2021, o artigo “Cannabis não é maconha” de Patrícia Marino, publicado no portal Sechat, intensificou o debate em relação às denominações da planta. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a controvérsia que passa por esse debate e sua repercussão. Os procedimentos metodológicos utilizados foram revisão de literatura, análise de conteúdo dos artigos de opinião e pesquisa qualitativa documental. A partir dos artigos de opinião em sites especializados em maconha/cannabis foi possível contextualizar a controvérsia, identificar e analisar os artigos de opinião, caracterizar quem são os autores e seus posicionamentos. Foram encontrados cinco artigos de opinião que fazem parte desta controvérsia. Em relação aos resultados, estes se apresentam em duas etapas. A primeira identificou as diferenças entres os portais sobre maconha/cannabis, e a segunda etapa apontou as distinções entre os autores.
Article
Full-text available
O presente artigo tem como objetivo discutir a importância da formação política para a utilização de redes sociais online na sala de aula, e para apontar tal relevância utilizamos como exemplo a Primavera Árabe. Redigido sob a metodologia qualitativa, o presente texto utilizou autores como Luz (2017), Levy (1999) e (Schwarz, 2012). Pudemos observar que a primavera árabe foi um importante acontecimento a nível mundial no que concerne à política e também à demonstração de como as redes sociais online são importantes para mobilização dos cidadãos, de modo que é importante que a educação auxilie no trabalho com tais redes, para que elas sejam utilizadas de forma crítica e construtivas pelos alunos, visto que se tratam de significativas ferramentas para o trabalho educacional, a formação de identidade, bem como a política e a cidadania.
Article
Full-text available
O presente trabalho aborda questões relacionadas ao mundo virtual e visa compreender a relação que as redes sociais têm com os indivíduos, analisando seus efeitos tanto positivo quanto negativo, buscando através dela saber quais os aplicativos mais utilizados pelos os usuários e como as redes sociais afetam diretamente a vida dos seres humanos, devido a facilidade e comodidade que ela oferece. Podemos perceber a influência das redes sociais na nossa vida, de forma direta ou indireta elas se fazem presentes no cotidiano dos indivíduos. Como método de pesquisa utilizamos questionários via Google forms enviados pelo aplicativo de mensagens WhatsApp, o público alvo dessa pesquisa foram pessoas com idade de 18 a 40 anos. Inicialmente a pesquisa foi feita com levantamentos bibliográficos com obras relevantes que embasem a análise teórica do tema abordado, em seguida, prosseguimos com a pesquisa qualitativa, apesar das redes sociais influenciarem tanto positivamente quanto negativa os usuários em sua maioria dizem ser maior a influência positiva, embora concordarem que se usada de forma incorreta pode ser prejudicial e maléfica aos indivíduos.
Article
Full-text available
Este trabalho investiga como os candidatos à presidência do Brasil em 2018, no primeiro turno das eleições, utilizaram a rede social Twitter como ferramenta de Marketing Político. O estudo é de natureza empírica e adota uma abordagem exploratória, no intuito de descrever o fenômeno investigado. Para análise dos dados quantitativos, foram utilizadas estatísticas multivariadas; para análise dos dados qualitativos, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, tendo como balizador o referencial teórico. Foram selecionados os candidatos com votos acima de 3% no primeiro turno: Jair Bolsonaro, Fernando Haddad, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin. A revisão da literatura resultou em quatro conceitos norteadores: Influência, Competição, Emoção e Programa. O resultado mostra que Jair Bolsonaro foi o candidato mais influente na rede social, seguido por Ciro Gomes, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin. A análise qualitativa revelou uma inclinação geral de uso do Twitter para conteúdos ligados à Competição primeiramente, depois Programa e por último, Emoção. Individualmente, Bolsonaro divergiu da maioria, utilizando o Twitter principalmente para estabelecer relacionamento com seu público (Emoção). Para pesquisas futuras, sugere-se o cruzamento com a análise de outras redes sociais, como Facebook, YouTube e Instagram, e a extensão da investigação para o 2º turno das mesmas eleições.
Book
Full-text available
Os textos reunidos nesse livro, produzidos por autores e autoras de diferentes áreas do conhecimento, nos instigam a pensar sobre as interfaces dos usos das tecnologias na educação e na saúde, enquanto potentes estratégias biopolíticas na produção de sujeitos contemporâneos.
Chapter
Full-text available
Os textos reunidos nesse livro, produzidos por autores e autoras de diferentes áreas do conhecimento, nos instigam a pensar sobre as interfaces dos usos das tecnologias na educação e na saúde, enquanto potentes estratégias biopolíticas na produção de sujeitos contemporâneos.
Chapter
Os textos reunidos nesse livro, produzidos por autores e autoras de diferentes áreas do conhecimento, nos instigam a pensar sobre as interfaces dos usos das tecnologias na educação e na saúde, enquanto potentes estratégias biopolíticas na produção de sujeitos contemporâneos.
Chapter
Full-text available
Os textos reunidos nesse livro, produzidos por autores e autoras de diferentes áreas do conhecimento, nos instigam a pensar sobre as interfaces dos usos das tecnologias na educação e na saúde, enquanto potentes estratégias biopolíticas na produção de sujeitos contemporâneos.
Chapter
Full-text available
Os textos reunidos nesse livro, produzidos por autores e autoras de diferentes áreas do conhecimento, nos instigam a pensar sobre as interfaces dos usos das tecnologias na educação e na saúde, enquanto potentes estratégias biopolíticas na produção de sujeitos contemporâneos.
ResearchGate has not been able to resolve any references for this publication.