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Ciência Agrícola, Rio Largo, v. 15, n. 2, p. 61-68, 2017
SEVERIDADE DA ANTRACNOSE DO FEIJÃO-FAVA AFETADA POR DOSES DE CÁLCIO E FONTES
DE SILÍCIO
Antonio Duarte do Nascimento1, Frederico Monteiro Feijó1*, Abel Washington de Albuquerque1, Iraildes Pereira
Assunção1, Gaus Silvestre de Andrade Lima1, Lígia Sampaio Reis1
1Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas, BR 104 Norte, Km 85, Rio Largo - AL
*Autor para correspondência: Frederico Monteiro Feijó, frederico.agro2004@gmail.com
RESUMO: A antracnose é uma das mais importantes doenças do feijão-fava, sendo considerada fator limitante
no incremento da produtividade da cultura no Nordeste do Brasil. O principal controle utilizado para essa doença
é o químico, porém, encarece custos de produção, principalmente, pelo cultivo ser praticado no contexto da
agricultura familiar. Desta forma, torna-se fundamental a busca por métodos alternativos para o controle da
antracnose na cultura. Diante do exposto, objetivou-se com esse estudo avaliar a influência do silício e do cálcio
na severidade da antracnose do feijão-fava. Utilizou-se uma fonte de Cálcio (Carbonato de Cálcio – CaCO3)
nas dosagens 2, 4, 6 e 8 g kg-1 de solo e duas fontes de Silício (Rocksil e MB4) nas dosagens 0,05, 0,075, 0,1
e 0,15 g kg-1 de solo. Em condições de casa de vegetação fez-se o plantio utilizando sementes do genótipo de
feijão-fava G35. Aos 30 dias após a germinação, as plantas foram inoculadas com suspensão de esporos de
Colletotrichum truncatum na concentração de 106 conídios ml-1. As avaliações da severidade da doença foram
realizadas aos 25, 40, 55, 70 e 85 dias após as inoculações, com auxílio de escala diagramática. Os teores
de clorofila nas folhas foram avaliados pelo índice SPAD aos 60, 75, 90 e 105 dias após a germinação das
sementes. Houve reduções de 66,37%; 75,34% e 77,58% na severidade da doença com o uso de carbonato de
cálcio, Rocksil e MB4, respectivamente. Não houve correlação entre as fontes de cálcio e silício testados com
o conteúdo de clorofila nas plantas avaliadas.
PALAVRAS-CHAVE: Phaseolus lunatus, Colletotrichum truncatum, Nutrição mineral.
SEVERITY OF THE LIMA BEAN ANTHRACNOSE AFFECTED FOR DOSES OF CALCIUM AND SILICON
SOURCES
ABSTRACT: Anthracnose is one of the most important diseases of lima bean, being considered limiting
factor in increasing culture productivity in Northeast Brazil. The main control used for this disease is the
chemical, however, increases production costs, mainly because the cultivation is practiced in the context of
the family agriculture. In this way, the search for alternative methods for the control of anthracnose in the
culture becomes fundamental. Thus, the aim of this study was to evaluate the influence of silicon and calcium
on the severity of the lima bean anthracnose. It was used a source of Calcium (Calcium Carbonate - CaCO3)
at dosages 2, 4, 6 and 8 g kg-1 of soil and two sources of Silicon (Rocksil and MB4) at the dosages 0.05,
0.075, 0.1 and 0.15 g kg-1 soil. Under greenhouse conditions the planting was accomplished using seeds
the genotype G35. At 30 days after germination, the plants were inoculated with Colletotrichum truncatum
spore suspension at the concentration of 106 conidia ml- 1. The severity of the disease was evaluated at 25,
40, 55, 70 and 85 days after inoculation, with the aid of a diagrammatic scale. The chlorophyll content in the
leaves was evaluated by the SPAD index at 60, 75, 90 and 105 days after seed germination. There were
reductions of 66.37%; 75.34% and 77.58% in disease severity with the use of calcium carbonate, Rocksil
and MB4, respectively. There was no correlation between the calcium and silicon sources tested with the
chlorophyll content in the evaluated plants.
KEYWORDS: Phaseolus lunatus, Colletotrichum truncatum, fertilizing.
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INTRODUÇÃO
O feijão-fava (Phaseolus lunatus L.) é uma
cultura de relevante importância social e econômica
para o nordeste brasileiro, sendo uma das principais
fontes de renda e alimento para pequenos agricultores
(Cavalcante et al., 2012). Embora bem adaptada às
condições edafoclimáticas dessa região, a ocorrência
de doenças tem limitado a produtividade da cultura
(Silva et al., 2010). Dentre as doenças, a antracnose
causada pelo fungo Colletotrichum truncatum,
se destaca como uma das mais importantes
(Figueiredo, 2001). A doença atinge folhas, ramos
e vagens, e quando o ataque é mais severo causa
redução da produtividade e queda no valor dos grãos
comercializados (Lopes et al., 2010).
Para o controle da antracnose, de forma
geral, as principais recomendações são o uso de
sementes sadias, rotação de cultura e a aplicação
de produtos químicos (Wendland et al., 2016), porém
o uso de fungicidas encarece custos de produção,
tornando-se inviável para o cultivo de feijão-fava,
uma vez que é uma cultura praticada no âmbito
da agricultura familiar (Cavalcante et al., 2012).
Desta forma, a busca por métodos alternativos para
o controle da antracnose nesta cultura torna-se
fundamental.
A utilização de elementos como o cálcio e o
silício vêm sendo bastante estudados por induzirem
resistência em plantas a patógenos. Tais elementos
são empregados na redução da severidade de
muitas doenças, dentre elas, a antracnose (Pozza
et al., 2004; Yamada, 2004). O cálcio e o silício são
absorvidos pelas plantas junto com a água do solo,
por fluxo de massa e se deslocam principalmente
para os órgãos de transpiração, acumulando-se nas
folhas, sendo seus transportes limitados, via floema,
para os frutos (Barbosa et al., 2002; Blakenau,
2007). Ambos, ao se acumularem na parece celular,
constituem barreiras mecânicas que dificultam ou
impedem a penetração de fitopatógenos.
Muitos fungos parasitas e bactérias invadem
o tecido vegetal através da produção de enzimas
pectolíticas como a poligalacturonase, que dissolve
a lamela média. A atividade desta enzima é inibida
pelo cálcio (Yamada, 2004). Esse elemento modifica
as pectinas hidrossolúveis em polipectato insolúvel,
o qual é resistente às enzimas pectolíticas dos
patógenos (Zambolim et al., 2001). Já o acumulo de
silício na parede celular impede o crescimento e a
penetração de microrganismos fitopatogênicos, por
ativar os mecanismos naturais de defesa da planta
como, produção de compostos fenólicos, quitinases,
peroxidases e acúmulo de lignina (Figueiredo e
Rodrigues, 2007).
Estudos comprovaram que o uso desses
elementos pode diminuir a incidência de doenças e
ataque de insetos, além de favorecer à fotossíntese
por interferir na estrutura das plantas (Ferreira et
al., 2009). Características fotossintéticas como as
trocas gasosas e os parâmetros da fluorescência da
clorofila são consideradas indicadoras eficientes do
comportamento do aparato fotossintético quando as
plantas são submetidas ao ataque de patógenos (Baker
e Rosenqvist, 2004).
Considerando à eficiência destes elementos
no controle de doenças de plantas e a importância
desses estudos para o manejo sustentável da
cultura, o presente trabalho objetivou verificar o
efeito de diferentes doses de uma fonte de cálcio e
duas fontes de silício na severidade da antracnose
do feijão-fava.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos em
casa de vegetação no Centro de Ciências Agrárias
(CECA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
localizado no município de Rio Largo, AL. O solo
utilizado nos experimentos foi retirado da camada
de 0 - 0,2 m sendo peneirado numa malha de 2
mm de abertura e seco ao ar. Uma alíquota do solo
foi retirada e enviada para análises de solo, que o
classificou como Argissolo Amarelo Distrófico típico
a moderado, textura Franco-arenoso (18% de argila)
(Tabela 1).
Tabela 1. Características químicas do solo utilizado nos experimentos
pH (H2O) M.O(%) P H+Al Ca Mg K SB CTC
(mg dm-1) .................Mmolc dm-3................. % %
5,6 3,65 2,8 6,6 2,9 1,5 180 5,0 5,1
63
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Foram conduzidos três experimentos, sendo
um para avaliar o efeito do cálcio (CaCO3) e dois
para avaliar o efeito do silício (Rocksil e MB4) sobre
a severidade da antracnose em folhas de feijão-fava.
Ambos os elementos foram testados em um genótipo
de feijão-fava (G35) suscetível a antracnose, oriundo
do banco de germoplasma do Centro de Ciências
Agrárias da UFAL. As sementes foram plantadas em
vasos de plástico com capacidade de 11L. Foram
testadas quatro doses de carbonato de cálcio (2,
4, 6 e 8 g kg-1 de solo), e quatro de Rocksil e MB4
(0,05, 0,075, 0,1 e 0,15 g kg- 1 de solo). O tratamento
controle foi constituído de solo sem adubação. O
delineamento experimental utilizado foi inteiramente
casualizado (DIC) com seis repetições, sendo cada
repetição constituída de uma planta por vaso. As
doses de silício foram aplicadas no solo dois dias
antes do plantio, enquanto as doses de cálcio
foram aplicadas 20 dias antes do plantio. O plantio
foi realizado de forma direta pela disposição de
três sementes de feijão-fava por vaso. Quinze dias
após a germinação, as plântulas foram desbastadas
deixando-se apenas uma por vaso. Por se tratar
de plantas de crescimento indeterminado, foram
tutoradas utilizando-se estacas de sabiá de 1,5 m de
altura.
Aos 30 dias após a germinação, as plantas
foram inoculadas através da pulverização de
uma suspensão de esporos de C. truncatum na
concentração de 106 conídios ml-1. O isolado utilizado
no estudo foi o ICT7, obtido no Laboratório de
Fitopatologia Molecular - CECA/UFAL, isolado este
previamente caracterizado por estudos morfológicos
e moleculares (Lima, 2012). Aos 25, 40, 55, 70 e 85
dias após a inoculação a severidade da antracnose
nas folhas foi avaliada com o auxílio de uma escala
diagramática desenvolvida para feijão comum (Godoy
et al., 1997), adaptada para feijão-fava.
Foram também avaliados os teores de clorofila
nas folhas com o auxílio do medidor indireto de clorofila
Minolta SPAD-502 aos 60, 75, 90 e 105 dias após a
germinação das sementes de feijão-fava. Em cada planta
tomou-se a média de cinco folíolos dos quais calculou-
se, posteriormente, a média por tratamento. As médias
de severidade das lesões foram submetidas à análise
de variância e os valores obtidos comparados pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade e posteriormente
a análises de regressão. Adicionalmente, foi avaliado
o rendimento de grãos (peso de 100 grãos) para cada
experimento e submetidos ao teste de correlação com
o grau de severidade da doença. Todas as análises
estatísticas foram realizadas no software ASSISTAT
7.7 beta.
O controle de plantas invasoras foi realizado
manualmente. Não foi registrada nenhuma ocorrência
significativa de pragas. Com vista à manutenção da
umidade do solo foi utilizado sistema de irrigação
com gotejadores, autocompensantes de vazão 8
L h-1, em cada vaso. A duração da irrigação foi de
15 min por dia, assegurando umidade em torno da
capacidade de campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento que avaliou o uso de
carbonato de cálcio – CaCO3 (calcário) no solo,
verificou-se diminuição da severidade da antracnose
nas folhas de feijão-fava. Todos os tratamentos
diferiram significativamente da testemunha, porém, não
houve diferença entre as doses testadas (Tabela 2). A
análise de regressão ajustou para a seguinte equação,
\ [ [ FRP FRHILFLHQWH GH
determinação de 90,5% (Figura 1A), onde observou-
se uma redução de 60,54, 66,37, 66,37 e 65,92% da
área foliar lesionada para as doses 1, 2, 3, 4 testadas,
respectivamente.
Tabela 2. Efeito de uma fonte de cálcio (CaCO3) e de duas fontes de silício (Rocksil e MB4) na severidade da
antracnose em folhas de feijão-fava.
Tratamentos CaCO3Rocksil MB4
Testemunha 2,23 a* 2,23 a 2,23 a
Dose 1 0,88 b 0,73 b 0,78 b
Dose 2 0,75 b 0,55 b 0,58 b
Dose 3 0,75 b 0,58 b 0,54 b
Dose 4 0,76 b 0,65 b 0,50 b
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, de acordo com teste de Tukey a 5% de probabilidade.
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Figura 1. Relação entre severidade da antracnose
em folhas de feijão-fava em função das dosagens de
CaCO3 (A), Rocksil (B) e MB4 (C).
Assim como observado neste estudo, Muniz
et al. (1991), avaliando a influência da nutrição com
nitrato de cálcio sobre a antracnose do feijão-comum
(Phaseolus vulgaris L.) causada por C. lindemuthianum,
encontraram variações na severidade da doença em
função das doses de cálcio, onde observaram maior
severidade da antracnose nas plantas tratadas com as
menores doses deste elemento. Os autores propõem
que o papel do cálcio na redução desta enfermidade
esteja relacionado com a absorção de outros nutrientes.
Admitem também que o patógeno estudado é bastante
variável e que a interação entre outras cultivares de
feijão e outras raças do fungo possam resultar em
respostas diferentes. Já Muchovej et al. (1980), atribuem
a redução da antracnose da soja, causada por C.
dematium var. truncata, a baixa atividade de enzimas
pécticas produzidas pelo patógeno sobre o pectato de
cálcio na parede celular. Tal hipótese parece aceitável,
pois as poligalacturonases produzidas por esse gênero
de fungos podem ser inibidas por cálcio (Yamada, 2004).
Neste estudo a fonte de cálcio utilizada
(carbonato de cálcio – CaCO3) mostrou-se eficiente no
controle da antracnose das folhas de feijão-fava, porém,
o uso do cálcio tem demonstrado eficiência também
no controle de outras doenças fúngicas, como para a
ferrugem da soja causada por Phakopsora pachyrhizi,
onde os autores observaram redução em torno de
86% da severidade da doença com a aplicação de
diferentes doses de cálcio combinados com potássio
(Pinheiro et al., 2011). Segundo os mesmos autores o
potássio aumenta a severidade da doença quando as
doses de cálcio são baixas. Resultados semelhantes
obtidos por Garcia Júnior et al. (2003), observaram
redução da incidência da cercosporiose (Cercospora
caffeicola) do cafeeiro com a aplicação de cálcio.
Os autores perceberam que a incidência da doença
decresceu linearmente com o aumento das doses
de cálcio, obtendo a menor incidência com a maior
dose, que inibiu o ataque do patógeno em 85,22%.
Estes resultados assemelham-se aos encontrados
neste trabalho, porém, a maior dose (8 g kg-1 de solo)
não foi a mais eficiente apesar de não ter diferido
estatisticamente das demais doses testadas.
Segundo Zambolim et al. (2001), a aplicação de
cálcio tem controlado a murcha do tomateiro, causada por
Fusarium oxysporum, em condições experimentais. Os
autores informam ainda que muitos fungos fitopatogênicos
invadem o tecido vegetal através da produção de enzimas
como a poligalacturonase, que dissolvem a lamela média
das células. O cálcio, além de proporcionar estabilidade
à parede celular, possui a capacidade de inibir a ação
destas enzimas dificultando assim a entrada de patógenos
(Yamada, 2004). Esta informação pode justificar o efeito
do CaCO3 aplicado no solo, sobre a severidade do C.
truncatum nas folhas do feijão-fava. O nutriente, rico em
cálcio, pode ter inibido a ação das enzimas produzidas
pelo patógeno o que dificultou sua penetração e posterior
colonização do tecido vegetal.
Nos experimentos que avaliaram duas fontes
de silício aplicados no solo, pode-se observar que tanto
no experimento utilizando argila silicatada (Rocksil),
como para o melhorador de solo (MB4), houve redução
significativa da doença em relação à testemunha para
todas as doses testadas (Tabela 2).
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Para o experimento com Rocksil, a análise de
UHJUHVVmR IRL DMXVWDGD FRP D HTXDomR \ [
1,2886x + 2,0879, com coeficiente de determinação de
91,42% (Figura 1B), demonstrando redução da doença de
67,26, 75,34, 74 e 70,8% para as doses 0,05; 0,075, 0,1 e
0,15g kg-1 de solo, respectivamente. Contudo, não houve
diferença estatística entre as doses testadas neste estudo.
Os resultados obtidos neste trabalho corroboram
com os resultados de Pratissoli et al. (2007), que
observaram menor severidade da varíola do mamoeiro
causada Asperisporium caricae, nas folhas de plantas
tratadas com Rocksil. A capacidade deste produto em
induzir resistência contra fitopatógenos, foi também
verificada por Androcioli et al. (2012), que observaram
redução de até 71% na incidência da cercosporiose (C.
caffeicola) e 60% na incidência da ferrugem em folhas de
cafeeiro causada por Hemileia vastatrix. Brancaglione et
al. (2009), estudando o efeito curativo do Rocksil sobre a
severidade de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae
em mudas de maracujazeiro-amarelo, também
encontraram resultados satisfatórios. Todas as doses
testadas proporcionaram significativo controle em relação
à testemunha, entretanto não diferiram significativamente
entre si, corroborando com os resultados obtidos neste
estudo. Os autores, ainda ressaltam que, além do efeito
direto sobre fitopatógenos, a argila silicatada pode
aumentar o grau de resistência das plantas às injúrias
mecânicas (ferimentos) na epiderme, vias que podem
facilitar a penetração de patógenos no hospedeiro.
Para o experimento utilizando o MB4, o gráfico
FRPD HTXDomR\ [ [ HR
coeficiente de determinação de 92,24% (Figura 1C),
possibilitou observar redução significativa na severidade
da doença em relação ao tratamento controle. As doses
testadas não diferiram significativamente entre sí,
apresentando percentual de controle de 65, 74, 75,8
e 77,58% paras as doses 1, 2 ,3 e 4, respectivamente.
Verificou-se também que quanto maior a dosagem de
MB4, maior foi o percentual de controle da antracnose
do feijão-fava, ou seja, menor área foliar lesionada.
O uso de silício nas culturas vem sendo
bastante estudado (Pozza et al., 2004; Fernandes et
al., 2009; Moraes et al., 2009; Albuquerque et al., 2013).
Teixeira et al. (2008) observaram redução significativa
da antracnose (C. lindemuthianum), mancha angular
(Pseudocercospora griseola) e crestamento bacteriano
(Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli) em folhas
de feijão-comum utilizando o silício como indutor de
resistência. Os resultados estão de acordo com o
trabalho de Moraes et al. (2006) que encontraram
redução em torno de 56% na severidade da antracnose
em folhas de feijoeiro (C. lindemuthianum) utilizando o
silicato de sódio como fonte de silício.
Assim como observado neste estudo, a
capacidade do silício em atenuar o ataque de patógenos
de plantas foi observada por vários autores (Pozza et al.,
2003; Moraes et al., 2006; Costa et al., 2007; Reis et al.,
2008). Segundo Fernandes et al. (2009), várias doenças
causadas por fungos e bactérias em diversas culturas
SRGHPVHUUHGX]LGDVVLJQL¿FDWLYDPHQWHFRPDIHUWLOL]DomR
silicatada. Com a presença do silício na parede celular,
ocorre a formação uma camada rígida que impede ou
GL¿FXOWDRDF~PXORHD SHQHWUDomRGRVPLFURUJDQLVPRV
(Cogo et al., 2011). Assim, o elemento tem como função a
proteção mecânica dos tecidos vegetais onde há grande
penetração de patógenos (Fernandes et al., 2009), o
TXHMXVWL¿FDDUHGXomRGDVHYHULGDGHGDDQWUDFQRVHQDV
folhas tratadas com Rocksil e com MB4.
(P UHODomR DR WHRU GH FORUR¿OD SUHVHQWH QDV
folhas de feijão-fava, não houve aumento no teor de
FORUR¿OD QDV IROKDV LQGHSHQGHQWHPHQWH GDV GRVHV
ou produtos utilizados (Figura 2). Estes resultados
corroboram com os resultados obtidos por Pinheiro
et al. (2011), demonstrando não haver aumento no
WHRU GH FORUR¿OD QDV IROKDV HP IXQomR GDV GRVHV GH
cálcio testadas para ferrugem da soja (Phakopsora
pachyrhizi). No caso do silício não existem estudos que
FRPSURYHPRDXPHQWRGRWHRUGHFORUR¿ODHPIXQomR
de sua presença nas células. Segundo Korndörfer e
'DWQRIIRVLOtFLRLQÀXrQFLDQDWD[DIRWRVVLQWpWLFD
por favorecer a arquitetura foliar, não havendo assim
correlação com seu acúmulo nos tecidos da planta.
Figura 2. ËQGLFH 63$' 7HRU GH FORUR¿OD QDV IROKDV GH
feijão-fava em função das doses de CaCO3, Rocksil e MB4.
As análises de correlação realizadas entre
a severidade da antracnose e o peso de 100 grãos
de feijão-fava, demonstrou correlação negativa
independente da fonte ou da dose de cálcio ou
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silício utilizadas neste estudo, ou seja, a medida
que a severidade da doença aumentou, o peso de
100 grãos de feijão-fava foi reduzido, contudo, não
KRXYH GLIHUHQoD VLJQL¿FDWLYD HQWUH RV FRH¿FLHQWHV GH
correlação obtidos (Tabela 3). Teixeira et al. (2008),
atribuem o maior rendimento de grãos de feijão-
comum obtidos no período seco, a menor incidência de
doenças, dentre elas à antracnose. Porém, os próprios
autores admitem a carência de estudos que comprovem
esta relação. Os resultados obtidos para as correlações
entre produtividade e severidade de antracnose nesse
estudo, foram pouco conclusivos, sendo necessárias
novas pesquisas para tentar estabelecer precisamente
essa relação.
Tabela 3. &RH¿FLHQWHGHFRUUHODomRUHQWUHVHYHULGDGH
da antracnose e o peso de 100 grãos de feijão-fava nas
diferentes fontes testadas.
Fonte R Significância
CaCO3-0,185 ns*
Rocksil -0,705 ns
MB4 -0,604 ns
QV±QmRVLJQL¿FDWLYRDGHSUREDELOLGDGH
Os resultados obtidos demonstraram a
eficiência da aplicação tanto da fonte de cálcio
quanto para as duas fontes de silício utilizadas
nesse estudo, comprovada pela redução
significativa da severidade da antracnose das
folhas de feijão-fava, quando comparados com
o tratamento controle. Desta forma, é possível
concluir que a aplicação de cálcio (CaCO3) e
silício (Rocksil e MB4) aplicados no solo promove
redução na severidade da antracnose em folhas de
feijão-fava. Não houve correlação entre as fontes
de cálcio e silício testados neste estudo com o
conteúdo de clorofila nas plantas avaliadas.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
&LHQWt¿FRH7HFQROyJLFR&13T)XQGDoão de Amparo
à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL),
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
6XSHULRU&$3(6SHORDSRLR¿QDQFHLURHDR&HQWURGH
Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas
(CECA/UFAL), pelo espaço disponibilizado.
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