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SEVERIDADE DA ANTRACNOSE DO FEIJÃO-FAVA AFETADA POR DOSES DE CÁLCIO E FONTES DE SILÍCIO

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A antracnose é uma das mais importantes doenças do feijão-fava, sendo considerada fator limitante no incremento da produtividade da cultura no Nordeste do Brasil. O principal controle utilizado para essa doença é o químico, porém, encarece custos de produção, principalmente, pelo cultivo ser praticado no contexto da agricultura familiar. Desta forma, torna-se fundamental a busca por métodos alternativos para o controle da antracnose na cultura. Diante do exposto, objetivou-se com esse estudo avaliar a influência do silício e do cálcio na severidade da antracnose do feijão-fava. Utilizou-se uma fonte de Cálcio (Carbonato de Cálcio – CaCO3) nas dosagens 2, 4, 6 e 8 g kg-1 de solo e duas fontes de Silício (Rocksil e MB4) nas dosagens 0,05, 0,075, 0,1 e 0,15 g kg-1 de solo. Em condições de casa de vegetação fez-se o plantio utilizando sementes do genótipo de feijão-fava G35. Aos 30 dias após a germinação, as plantas foram inoculadas com suspensão de esporos de C. truncatum na concentração de 106 conídios ml-1. As avaliações da severidade da doença foram realizadas aos 25, 40, 55, 70 e 85 dias após as inoculações, com auxílio de escala diagramática. Os teores de clorofila nas folhas foram avaliados pelo índice SPAD aos 60, 75, 90 e 105 dias após a germinação das sementes. Houve reduções de 66,37%; 75,34% e 77,58% na severidade da doença com o uso de carbonato de cálcio, Rocksil e MB4, respectivamente. Não houve correlação entre as fontes de cálcio e silício testados com o conteúdo de clorofila nas plantas avaliadas.
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Ciência Agrícola, Rio Largo, v. 15, n. 2, p. 61-68, 2017
SEVERIDADE DA ANTRACNOSE DO FEIJÃO-FAVA AFETADA POR DOSES DE LCIO E FONTES
DE SILÍCIO
Antonio Duarte do Nascimento1, Frederico Monteiro Feijó1*, Abel Washington de Albuquerque1, Iraildes Pereira
Assunção1, Gaus Silvestre de Andrade Lima1, Lígia Sampaio Reis1
1Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas, BR 104 Norte, Km 85, Rio Largo - AL
*Autor para correspondência: Frederico Monteiro Feijó, frederico.agro2004@gmail.com
RESUMO: A antracnose é uma das mais importantes doenças do feijão-fava, sendo considerada fator limitante
no incremento da produtividade da cultura no Nordeste do Brasil. O principal controle utilizado para essa doença
é o químico, porém, encarece custos de produção, principalmente, pelo cultivo ser praticado no contexto da
agricultura familiar. Desta forma, torna-se fundamental a busca por métodos alternativos para o controle da
antracnose na cultura. Diante do exposto, objetivou-se com esse estudo avaliar a influência do silício e do cálcio
na severidade da antracnose do feijão-fava. Utilizou-se uma fonte de lcio (Carbonato de Cálcio CaCO3)
nas dosagens 2, 4, 6 e 8 g kg-1 de solo e duas fontes de Silício (Rocksil e MB4) nas dosagens 0,05, 0,075, 0,1
e 0,15 g kg-1 de solo. Em condições de casa de vegetação fez-se o plantio utilizando sementes do genótipo de
feijão-fava G35. Aos 30 dias após a germinação, as plantas foram inoculadas com suspensão de esporos de
Colletotrichum truncatum na concentração de 106 conídios ml-1. As avaliações da severidade da doença foram
realizadas aos 25, 40, 55, 70 e 85 dias após as inoculações, com auxílio de escala diagramática. Os teores
de clorofila nas folhas foram avaliados pelo índice SPAD aos 60, 75, 90 e 105 dias após a germinação das
sementes. Houve reduções de 66,37%; 75,34% e 77,58% na severidade da doença com o uso de carbonato de
cálcio, Rocksil e MB4, respectivamente. Não houve correlação entre as fontes de cálcio e silício testados com
o conteúdo de clorofila nas plantas avaliadas.
PALAVRAS-CHAVE: Phaseolus lunatus, Colletotrichum truncatum, Nutrição mineral.
SEVERITY OF THE LIMA BEAN ANTHRACNOSE AFFECTED FOR DOSES OF CALCIUM AND SILICON
SOURCES
ABSTRACT: Anthracnose is one of the most important diseases of lima bean, being considered limiting
factor in increasing culture productivity in Northeast Brazil. The main control used for this disease is the
chemical, however, increases production costs, mainly because the cultivation is practiced in the context of
the family agriculture. In this way, the search for alternative methods for the control of anthracnose in the
culture becomes fundamental. Thus, the aim of this study was to evaluate the influence of silicon and calcium
on the severity of the lima bean anthracnose. It was used a source of Calcium (Calcium Carbonate - CaCO3)
at dosages 2, 4, 6 and 8 g kg-1 of soil and two sources of Silicon (Rocksil and MB4) at the dosages 0.05,
0.075, 0.1 and 0.15 g kg-1 soil. Under greenhouse conditions the planting was accomplished using seeds
the genotype G35. At 30 days after germination, the plants were inoculated with Colletotrichum truncatum
spore suspension at the concentration of 106 conidia ml- 1. The severity of the disease was evaluated at 25,
40, 55, 70 and 85 days after inoculation, with the aid of a diagrammatic scale. The chlorophyll content in the
leaves was evaluated by the SPAD index at 60, 75, 90 and 105 days after seed germination. There were
reductions of 66.37%; 75.34% and 77.58% in disease severity with the use of calcium carbonate, Rocksil
and MB4, respectively. There was no correlation between the calcium and silicon sources tested with the
chlorophyll content in the evaluated plants.
KEYWORDS: Phaseolus lunatus, Colletotrichum truncatum, fertilizing.
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INTRODUÇÃO
O feijão-fava (Phaseolus lunatus L.) é uma
cultura de relevante importância social e econômica
para o nordeste brasileiro, sendo uma das principais
fontes de renda e alimento para pequenos agricultores
(Cavalcante et al., 2012). Embora bem adaptada às
condições edafoclimáticas dessa região, a ocorrência
de doenças tem limitado a produtividade da cultura
(Silva et al., 2010). Dentre as doenças, a antracnose
causada pelo fungo Colletotrichum truncatum,
se destaca como uma das mais importantes
(Figueiredo, 2001). A doença atinge folhas, ramos
e vagens, e quando o ataque é mais severo causa
redução da produtividade e queda no valor dos grãos
comercializados (Lopes et al., 2010).
Para o controle da antracnose, de forma
geral, as principais recomendações são o uso de
sementes sadias, rotão de cultura e a aplicação
de produtos químicos (Wendland et al., 2016), porém
o uso de fungicidas encarece custos de prodão,
tornando-se inviável para o cultivo de feijão-fava,
uma vez que é uma cultura praticada no âmbito
da agricultura familiar (Cavalcante et al., 2012).
Desta forma, a busca portodos alternativos para
o controle da antracnose nesta cultura torna-se
fundamental.
A utilização de elementos como o lcio e o
silício vêm sendo bastante estudados por induzirem
resistência em plantas a patógenos. Tais elementos
são empregados na redução da severidade de
muitas doenças, dentre elas, a antracnose (Pozza
et al., 2004; Yamada, 2004). O cálcio e o silícioo
absorvidos pelas plantas junto com a água do solo,
por fluxo de massa e se deslocam principalmente
para os órgãos de transpirão, acumulando-se nas
folhas, sendo seus transportes limitados, via floema,
para os frutos (Barbosa et al., 2002; Blakenau,
2007). Ambos, ao se acumularem na parece celular,
constituem barreiras mecânicas que dificultam ou
impedem a penetração de fitopatógenos.
Muitos fungos parasitas e bactérias invadem
o tecido vegetal através da produção de enzimas
pectolíticas como a poligalacturonase, que dissolve
a lamela dia. A atividade desta enzima é inibida
pelo cálcio (Yamada, 2004). Esse elemento modifica
as pectinas hidrossolúveis em polipectato insolúvel,
o qual é resistente às enzimas pectolíticas dos
patógenos (Zambolim et al., 2001). Já o acumulo de
silício na parede celular impede o crescimento e a
penetração de microrganismos fitopatogênicos, por
ativar os mecanismos naturais de defesa da planta
como, produção de compostos fenólicos, quitinases,
peroxidases e acúmulo de lignina (Figueiredo e
Rodrigues, 2007).
Estudos comprovaram que o uso desses
elementos pode diminuir a incidência de doenças e
ataque de insetos, além de favorecer à fotossíntese
por interferir na estrutura das plantas (Ferreira et
al., 2009). Características fotossintéticas como as
trocas gasosas e os parâmetros da fluorescência da
clorofila são consideradas indicadoras eficientes do
comportamento do aparato fotossintético quando as
plantas são submetidas ao ataque de patógenos (Baker
e Rosenqvist, 2004).
Considerando à eficiência destes elementos
no controle de doenças de plantas e a importância
desses estudos para o manejo sustentável da
cultura, o presente trabalho objetivou verificar o
efeito de diferentes doses de uma fonte de lcio e
duas fontes de silício na severidade da antracnose
do feijão-fava.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos em
casa de vegetação no Centro de Ciências Agrárias
(CECA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
localizado no município de Rio Largo, AL. O solo
utilizado nos experimentos foi retirado da camada
de 0 - 0,2 m sendo peneirado numa malha de 2
mm de abertura e seco ao ar. Uma alíquota do solo
foi retirada e enviada para análises de solo, que o
classificou como Argissolo Amarelo Distrófico típico
a moderado, textura Franco-arenoso (18% de argila)
(Tabela 1).
Tabela 1. Características químicas do solo utilizado nos experimentos
pH (H2O) M.O(%) P H+Al Ca Mg K SB CTC
(mg dm-1) .................Mmolc dm-3................. % %
5,6 3,65 2,8 6,6 2,9 1,5 180 5,0 5,1
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Foram conduzidos três experimentos, sendo
um para avaliar o efeito do cálcio (CaCO3) e dois
para avaliar o efeito do silício (Rocksil e MB4) sobre
a severidade da antracnose em folhas de feijão-fava.
Ambos os elementos foram testados em um genótipo
de feijão-fava (G35) suscetível a antracnose, oriundo
do banco de germoplasma do Centro de Ciências
Agrárias da UFAL. As sementes foram plantadas em
vasos de plástico com capacidade de 11L. Foram
testadas quatro doses de carbonato de cálcio (2,
4, 6 e 8 g kg-1 de solo), e quatro de Rocksil e MB4
(0,05, 0,075, 0,1 e 0,15 g kg- 1 de solo). O tratamento
controle foi constituído de solo sem adubação. O
delineamento experimental utilizado foi inteiramente
casualizado (DIC) com seis repetições, sendo cada
repetição constituída de uma planta por vaso. As
doses de silício foram aplicadas no solo dois dias
antes do plantio, enquanto as doses de cálcio
foram aplicadas 20 dias antes do plantio. O plantio
foi realizado de forma direta pela disposição de
três sementes de feijão-fava por vaso. Quinze dias
após a germinação, as plântulas foram desbastadas
deixando-se apenas uma por vaso. Por se tratar
de plantas de crescimento indeterminado, foram
tutoradas utilizando-se estacas de sabiá de 1,5 m de
altura.
Aos 30 dias após a germinação, as plantas
foram inoculadas através da pulverização de
uma suspensão de esporos de C. truncatum na
concentração de 106 conídios ml-1. O isolado utilizado
no estudo foi o ICT7, obtido no Laboratório de
Fitopatologia Molecular - CECA/UFAL, isolado este
previamente caracterizado por estudos morfológicos
e moleculares (Lima, 2012). Aos 25, 40, 55, 70 e 85
dias após a inoculação a severidade da antracnose
nas folhas foi avaliada com o auxílio de uma escala
diagramática desenvolvida para feijão comum (Godoy
et al., 1997), adaptada para feijão-fava.
Foram também avaliados os teores de clorofila
nas folhas com o auxílio do medidor indireto de clorofila
Minolta SPAD-502 aos 60, 75, 90 e 105 dias após a
germinação das sementes de feijão-fava. Em cada planta
tomou-se a média de cinco folíolos dos quais calculou-
se, posteriormente, a média por tratamento. As médias
de severidade das lesões foram submetidas à análise
de variância e os valores obtidos comparados pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade e posteriormente
a análises de regressão. Adicionalmente, foi avaliado
o rendimento de grãos (peso de 100 grãos) para cada
experimento e submetidos ao teste de correlação com
o grau de severidade da doença. Todas as análises
estatísticas foram realizadas no software ASSISTAT
7.7 beta.
O controle de plantas invasoras foi realizado
manualmente. Não foi registrada nenhuma ocorrência
significativa de pragas. Com vista à manutenção da
umidade do solo foi utilizado sistema de irrigação
com gotejadores, autocompensantes de vazão 8
L h-1, em cada vaso. A duração da irrigação foi de
15 min por dia, assegurando umidade em torno da
capacidade de campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento que avaliou o uso de
carbonato de cálcio CaCO3 (calcário) no solo,
verificou-se diminuição da severidade da antracnose
nas folhas de feijão-fava. Todos os tratamentos
diferiram significativamente da testemunha, porém, não
houve diferença entre as doses testadas (Tabela 2). A
análise de regressão ajustou para a seguinte equação,
\  [  [   FRP FRHILFLHQWH GH
determinação de 90,5% (Figura 1A), onde observou-
se uma redução de 60,54, 66,37, 66,37 e 65,92% da
área foliar lesionada para as doses 1, 2, 3, 4 testadas,
respectivamente.
Tabela 2. Efeito de uma fonte de cálcio (CaCO3) e de duas fontes de silício (Rocksil e MB4) na severidade da
antracnose em folhas de feijão-fava.
Tratamentos CaCO3Rocksil MB4
Testemunha 2,23 a* 2,23 a 2,23 a
Dose 1 0,88 b 0,73 b 0,78 b
Dose 2 0,75 b 0,55 b 0,58 b
Dose 3 0,75 b 0,58 b 0,54 b
Dose 4 0,76 b 0,65 b 0,50 b
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, de acordo com teste de Tukey a 5% de probabilidade.
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Figura 1. Relação entre severidade da antracnose
em folhas de feijão-fava em função das dosagens de
CaCO3 (A), Rocksil (B) e MB4 (C).
Assim como observado neste estudo, Muniz
et al. (1991), avaliando a influência da nutrição com
nitrato de cálcio sobre a antracnose do feijão-comum
(Phaseolus vulgaris L.) causada por C. lindemuthianum,
encontraram variações na severidade da doença em
função das doses de cálcio, onde observaram maior
severidade da antracnose nas plantas tratadas com as
menores doses deste elemento. Os autores propõem
que o papel do cálcio na redução desta enfermidade
esteja relacionado com a absorção de outros nutrientes.
Admitem também que o patógeno estudado é bastante
variável e que a interação entre outras cultivares de
feijão e outras raças do fungo possam resultar em
respostas diferentes. Já Muchovej et al. (1980), atribuem
a redução da antracnose da soja, causada por C.
dematium var. truncata, a baixa atividade de enzimas
pécticas produzidas pelo patógeno sobre o pectato de
cálcio na parede celular. Tal hipótese parece aceitável,
pois as poligalacturonases produzidas por esse gênero
de fungos podem ser inibidas por cálcio (Yamada, 2004).
Neste estudo a fonte de cálcio utilizada
(carbonato de cálcio – CaCO3) mostrou-se eficiente no
controle da antracnose das folhas de feijão-fava, porém,
o uso do cálcio tem demonstrado eficiência também
no controle de outras doenças fúngicas, como para a
ferrugem da soja causada por Phakopsora pachyrhizi,
onde os autores observaram redução em torno de
86% da severidade da doença com a aplicação de
diferentes doses de cálcio combinados com potássio
(Pinheiro et al., 2011). Segundo os mesmos autores o
potássio aumenta a severidade da doença quando as
doses de cálcio são baixas. Resultados semelhantes
obtidos por Garcia Júnior et al. (2003), observaram
redução da incidência da cercosporiose (Cercospora
caffeicola) do cafeeiro com a aplicação de cálcio.
Os autores perceberam que a incidência da doença
decresceu linearmente com o aumento das doses
de cálcio, obtendo a menor incidência com a maior
dose, que inibiu o ataque do patógeno em 85,22%.
Estes resultados assemelham-se aos encontrados
neste trabalho, porém, a maior dose (8 g kg-1 de solo)
não foi a mais eficiente apesar de não ter diferido
estatisticamente das demais doses testadas.
Segundo Zambolim et al. (2001), a aplicação de
cálcio tem controlado a murcha do tomateiro, causada por
Fusarium oxysporum, em condições experimentais. Os
autores informam ainda que muitos fungos fitopatogênicos
invadem o tecido vegetal através da produção de enzimas
como a poligalacturonase, que dissolvem a lamela média
das células. O cálcio, além de proporcionar estabilidade
à parede celular, possui a capacidade de inibir a ação
destas enzimas dificultando assim a entrada de patógenos
(Yamada, 2004). Esta informação pode justificar o efeito
do CaCO3 aplicado no solo, sobre a severidade do C.
truncatum nas folhas do feijão-fava. O nutriente, rico em
cálcio, pode ter inibido a ação das enzimas produzidas
pelo patógeno o que dificultou sua penetração e posterior
colonização do tecido vegetal.
Nos experimentos que avaliaram duas fontes
de silício aplicados no solo, pode-se observar que tanto
no experimento utilizando argila silicatada (Rocksil),
como para o melhorador de solo (MB4), houve redução
significativa da doença em relação à testemunha para
todas as doses testadas (Tabela 2).
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Para o experimento com Rocksil, a análise de
UHJUHVVmR IRL DMXVWDGD FRP D HTXDomR \ [ 
1,2886x + 2,0879, com coeficiente de determinação de
91,42% (Figura 1B), demonstrando redução da doença de
67,26, 75,34, 74 e 70,8% para as doses 0,05; 0,075, 0,1 e
0,15g kg-1 de solo, respectivamente. Contudo, não houve
diferença estatística entre as doses testadas neste estudo.
Os resultados obtidos neste trabalho corroboram
com os resultados de Pratissoli et al. (2007), que
observaram menor severidade da varíola do mamoeiro
causada Asperisporium caricae, nas folhas de plantas
tratadas com Rocksil. A capacidade deste produto em
induzir resistência contra fitopatógenos, foi também
verificada por Androcioli et al. (2012), que observaram
redução de até 71% na incidência da cercosporiose (C.
caffeicola) e 60% na incidência da ferrugem em folhas de
cafeeiro causada por Hemileia vastatrix. Brancaglione et
al. (2009), estudando o efeito curativo do Rocksil sobre a
severidade de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae
em mudas de maracujazeiro-amarelo, também
encontraram resultados satisfatórios. Todas as doses
testadas proporcionaram significativo controle em relação
à testemunha, entretanto não diferiram significativamente
entre si, corroborando com os resultados obtidos neste
estudo. Os autores, ainda ressaltam que, além do efeito
direto sobre fitopatógenos, a argila silicatada pode
aumentar o grau de resistência das plantas às injúrias
mecânicas (ferimentos) na epiderme, vias que podem
facilitar a penetração de patógenos no hospedeiro.
Para o experimento utilizando o MB4, o gráfico
FRPD HTXDomR\ [  [ HR
coeficiente de determinação de 92,24% (Figura 1C),
possibilitou observar redução significativa na severidade
da doença em relação ao tratamento controle. As doses
testadas não diferiram significativamente entre sí,
apresentando percentual de controle de 65, 74, 75,8
e 77,58% paras as doses 1, 2 ,3 e 4, respectivamente.
Verificou-se também que quanto maior a dosagem de
MB4, maior foi o percentual de controle da antracnose
do feijão-fava, ou seja, menor área foliar lesionada.
O uso de silício nas culturas vem sendo
bastante estudado (Pozza et al., 2004; Fernandes et
al., 2009; Moraes et al., 2009; Albuquerque et al., 2013).
Teixeira et al. (2008) observaram redução significativa
da antracnose (C. lindemuthianum), mancha angular
(Pseudocercospora griseola) e crestamento bacteriano
(Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli) em folhas
de feijão-comum utilizando o silício como indutor de
resistência. Os resultados estão de acordo com o
trabalho de Moraes et al. (2006) que encontraram
redução em torno de 56% na severidade da antracnose
em folhas de feijoeiro (C. lindemuthianum) utilizando o
silicato de sódio como fonte de silício.
Assim como observado neste estudo, a
capacidade do silício em atenuar o ataque de patógenos
de plantas foi observada por vários autores (Pozza et al.,
2003; Moraes et al., 2006; Costa et al., 2007; Reis et al.,
2008). Segundo Fernandes et al. (2009), várias doenças
causadas por fungos e bactérias em diversas culturas
SRGHPVHUUHGX]LGDVVLJQL¿FDWLYDPHQWHFRPDIHUWLOL]DomR
silicatada. Com a presença do silício na parede celular,
ocorre a formação uma camada rígida que impede ou
GL¿FXOWDRDF~PXORHD SHQHWUDomRGRVPLFURUJDQLVPRV
(Cogo et al., 2011). Assim, o elemento tem como função a
proteção mecânica dos tecidos vegetais onde há grande
penetração de patógenos (Fernandes et al., 2009), o
TXHMXVWL¿FDDUHGXomRGDVHYHULGDGHGDDQWUDFQRVHQDV
folhas tratadas com Rocksil e com MB4.
(P UHODomR DR WHRU GH FORUR¿OD SUHVHQWH QDV
folhas de feijão-fava, não houve aumento no teor de
FORUR¿OD QDV IROKDV LQGHSHQGHQWHPHQWH GDV GRVHV
ou produtos utilizados (Figura 2). Estes resultados
corroboram com os resultados obtidos por Pinheiro
et al. (2011), demonstrando não haver aumento no
WHRU GH FORUR¿OD QDV IROKDV HP IXQomR GDV GRVHV GH
cálcio testadas para ferrugem da soja (Phakopsora
pachyrhizi). No caso do silício não existem estudos que
FRPSURYHPRDXPHQWRGRWHRUGHFORUR¿ODHPIXQomR
de sua presença nas células. Segundo Korndörfer e
'DWQRIIRVLOtFLRLQÀXrQFLDQDWD[DIRWRVVLQWpWLFD
por favorecer a arquitetura foliar, não havendo assim
correlação com seu acúmulo nos tecidos da planta.
Figura 2. ËQGLFH 63$' 7HRU GH FORUR¿OD QDV IROKDV GH
feio-fava em função das doses de CaCO3, Rocksil e MB4.
As análises de correlação realizadas entre
a severidade da antracnose e o peso de 100 grãos
de feijão-fava, demonstrou correlação negativa
independente da fonte ou da dose de cálcio ou
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silício utilizadas neste estudo, ou seja, a medida
que a severidade da doença aumentou, o peso de
100 grãos de feijão-fava foi reduzido, contudo, não
KRXYH GLIHUHQoD VLJQL¿FDWLYD HQWUH RV FRH¿FLHQWHV GH
correlação obtidos (Tabela 3). Teixeira et al. (2008),
atribuem o maior rendimento de grãos de feijão-
comum obtidos no período seco, a menor incidência de
doenças, dentre elas à antracnose. Porém, os próprios
autores admitem a carência de estudos que comprovem
esta relação. Os resultados obtidos para as correlações
entre produtividade e severidade de antracnose nesse
estudo, foram pouco conclusivos, sendo necessárias
novas pesquisas para tentar estabelecer precisamente
essa relação.
Tabela 3. &RH¿FLHQWHGHFRUUHODomRUHQWUHVHYHULGDGH
da antracnose e o peso de 100 grãos de feijão-fava nas
diferentes fontes testadas.
Fonte R Significância
CaCO3-0,185 ns*
Rocksil -0,705 ns
MB4 -0,604 ns
QV±QmRVLJQL¿FDWLYRDGHSUREDELOLGDGH
Os resultados obtidos demonstraram a
eficncia da aplicão tanto da fonte de lcio
quanto para as duas fontes de silício utilizadas
nesse estudo, comprovada pela redução
significativa da severidade da antracnose das
folhas de feijão-fava, quando comparados com
o tratamento controle. Desta forma, é possível
concluir que a aplicão de lcio (CaCO3) e
sicio (Rocksil e MB4) aplicados no solo promove
redução na severidade da antracnose em folhas de
feijão-fava. Não houve correlação entre as fontes
delcio e silício testados neste estudo com o
contdo de clorofila nas plantas avaliadas.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
&LHQWt¿FRH7HFQROyJLFR&13T)XQGDoão de Amparo
à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL),
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
6XSHULRU&$3(6SHORDSRLR¿QDQFHLURHDR&HQWURGH
Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas
(CECA/UFAL), pelo espaço disponibilizado.
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2001.
... Andrus, and More, which have a higher prevalence in northeastern Brazil. The symptoms caused by this pathogen in fava beans are more severe than those in other species, generating typical anthracnose rot mainly in the seeds and pods, but also in the stems and leaves (CAVALCANTE et al., 2019), making it one of the main factors limiting productivity (NASCIMENTO et al., 2017). ...
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The objective of this study was to obtain anthracnose-resistant lima bean progeny by artificial hybridization. The study was conducted at the Agricultural Sciences Center of the Federal University of Piauí (UFPI), Teresina – Piauí. For the F2 phytopathological evaluation experiment, a completely randomized experimental design was used with four replicates per progeny and a plot consisting of one plant. For inoculation, the CT4 isolate of Colletotrichum truncatum was used at 10⁶ spores/mL, and a control plant was inoculated with autoclaved distilled water. Ten trifoliate leaves of each genotype were scanned from the intermediate region of the plant using ASSES 2.0. After assessing the severity, the average ratings for each population were calculated, classifying them into five categories according to the resistance. To conduct the analysis of variance, the severity data were transformed by √x + 1 and grouped by the test proposed by Scott and Knott (P < 0.05). All analyses were performed using the R and GENES programs. Seven days after inoculation, the progênies were divided into three groups. Groups “A” and “B” corresponded to genotypes classified as highly susceptible and group “C” to genotypes classified as moderately resistant and highly resistant. The genotypes BGP-UFPI 220, BGP-UFPI 251, BGP-UFPI 798, BGP-UFPI 832, BGP-UFPI 1000, and BGP-UFPI 1002 can be used as parents in lima bean improvement programs. Progenies that were moderately resistant and highly resistant, totaling sixteen, were selected for use in breeding programs aimed at anthracnose resistance. Keywords: Phytopathological assessment; Colletotrichum truncatum; Artificial hybridizations; Phaseolus lunatus; Progeny selection
... Apesar disso, foi observado que a área plantada de CP é consideravelmente maior que a de culturas temporárias, no total, a área plantada de CP equivale a 137 ha e a de CT 48 ha.De acordo comDenicol et al (2016), a escolha da cultura permanente quando comparada a cultura temporária se dá principalmente pelo custo empregado na implantação e manutenção da atividade agrícola. Por outro lado, devido às características específicas existentes nas culturas temporárias, estas também têm papel de destaque dentro das propriedades, isso porque o investimento empregado na implantação de culturas temporárias é mais rápido em comparação às culturas permanentes.Os principais problemas para pequena produção na Colônia Agrícola doMatapi, enfrentados e relatados pelos produtores estão relacionados a pragas e doenças, nos quais 34% dos produtores tem problemas com a antracnose(BAY et al., 2014;NASCIMENTO;, 30% dos produtores tem problemas com fusariose(NORONHA, 2012;MATOS et al., 2010), 36% com a mosca da carambola (Bactrocera carambolae), uma praga quarentenária no estado do Amapá (SILVA, 2015; COSTA; FERREIRA, 2019), 45% afirmam ter problemas com a vassoura de bruxa(LIMA-PRIMO et al., 2018) , 23% relatam problemas com a mosca das frutas (COSTA; FERREIRA, 2019), 17% com lesmas e também com lagartas, onde 11% relataram que têm problemas em sua lavoura devido aos danos causados por este inseto(Tabelas 1 a 4, Figura 1). Sabe-se que pragas e doenças são recorrentes em praticamente todo tipo de cultivo agrícola, não seria diferente na colônia agrícola onde foi aplicado o questionário (SOUZA, 2012). ...
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Esta pesquisa teve por objetivo realizar o levantamento de dados quantitativos e econômicos da produção agrícola e pecuária da Colônia Agrícola do Matapi, localizada no município de Porto Grande – Ap. Os dados foram obtidos através da aplicação de formulários socioeconômico e mercadológico aplicado quinzenalmente entre os meses de setembro a novembro de 2020 aos colonos. No total foram 47 formulários aplicados, correspondendo a 10% das propriedades registradas junto aos órgãos do estado e município. Todos os entrevistados aceitaram participar da pesquisa mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). De posse das informações, realizou-se a aplicação da estatística descritiva, percentuais e gráficos para a representação dos resultados. A produção da laranja alcançou 1.215,8 t; abacaxi 976,9 t; açaí 729,3 t e mandioca 693,4 t que apesar da pouca produção, em 60% da produção agrícola, a mandioca era a principal detentora da renda. Observou-se uma produção anual açaí de 729,3 t, 710 kg de polpa, representando assim, uma curva assimétrica positiva, curtose platicúrtica e nível de confiança a 95% com erro de ± 202,48kg da produção do fruto não processado. A área destinada a cultura permanente, temporária e pastagem (natural, irrigada e cultivada) no total, são 137 ha, 48 ha e 443,8 ha, respectivamente. A produção pecuária na colônia corresponde principalmente à produção de aves, suínos e bovinos em que suas produções são 1.273 aves, 95 cabeças de suínos e 234 cabeças de bovinos. As informações exploradas descritivamente foram a produção e processamento de frutos, semoventes, levantamento patrimonial e benfeitorias. Apesar da amostragem de dados ter se mostrado eficiente em virtude da população amostrada, estudos mais aprofundados sobre a colônia devem ser desenvolvidos, a fim de gerar um banco de dados robusto.
... Mesmo sendo uma cultura bem adaptada as condições edafoclimáticas da Região Nordeste a mesma apresenta baixa produtividade e vários são os fatores que podem estar associados a isso, como a ocorrência de doenças . Dentre as doenças que acometem o feijão fava no seu cultivo e que pode estar associados a baixa produtividade, a antracnose, causada pelo Colletotrichum truncatum, se destaca como uma das mais importantes (Nascimento et al., 2017). ...
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A antracnose, causada por Colletotrichum truncatum é uma das principais ameaças a produção de feijão fava, com isso, medidas de controle devem ser tomadas, visando minimizar os problemas ocasionados por essa doença, como o uso de controle biológico a partir do emprego de Trichoderma spp.. Esta pesquisa objetivou-se avaliar o potencial antagônico de cepas de Trichoderma spp. sobre Colletotrichum truncatum, in vitro. Foram selecionados cinco isolados de Trichoderma spp. (TCH01, TCH02, TCH03, TCH04 e TCH05) no antagonismo a C. truncatum. Para testar o potencial antagônico das cepas de Trichoderma sobre o patógeno, foi realizado o teste de confronto direto através da metodologia de cultura pareada, no qual foi avaliado a classificação do agrupamento dos isolados do antagonista e exames microscópicos a procurando sinais de micoparasitismo. Foi realizado também o teste de antibiose, onde avaliou-se medição do diâmetro das colônias, porcentagem de inibição do crescimento micelial, taxa crescimento micelial, contagem de esporos e porcentagem de inibição da esporulação. Pelo teste de confronto direto, todos as cepas de Trichoderma spp. foram agrupados na classe 1, ou seja, os mesmos cresceram sobre a colônia do patógeno, ocupando toda placa. Também observou-se que os antagonistas possuem potencial contra C. truncatum no teste de antibiose, com inibição do crescimento micelial e esporulação variando de 74,7% a 82,0% e 78,7% a 89,3%, respectivamente. Todos as cepas avaliadas apresenta potencial antagônico sobre Colletotrichum truncatum.
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Yeasts are widely used in the biological control of post-harvest diseases. However, their application in the management of foliar spots remains incipient. This study aimed to investigate the potential of yeasts in the biocontrol of anthracnose in Phaseolus lunatus by evaluating strains isolated from fruits and culms. A total of 42 strains were obtained, all of which inhibited in vitro mycelial growth of the phytopathogenic fungus Colletotrichum truncatum . The association between in vitro assays and disease control in plants was assessed by selecting seven contrasting strains based on their inhibition percentages. The strains were molecularly identified, tested for the production of inhibitory compounds (both soluble and volatile), and evaluated in interactions with both the pathogen and the host. The strains identified belonged to the species Hanseniaspora uvarum , H. opuntiae , Lachancea thermotolerans , Pichia kudriavzevii , and Nakaseomyces glabratus and produced soluble and volatile compounds capable of inhibiting the fungus. In interaction assays with the pathogen and P. lunatus , three strains reduced disease severity by 81%, two of which exhibited lower in vitro mycelial growth inhibition percentages. These three strains belonged to the species H. uvarum and N. glabratus . However, the H. uvarum strain was considered the most promising, as it poses no potential risk to human health. The strain's effectiveness in reducing disease symptoms was not associated with the production of soluble or volatile compounds. Thus, assays integrating both pathogen and host interactions are promising for identifying yeasts with potential for foliar disease biocontrol.
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O Brasil vive o ciclo da sojicultura, sendo essa a cultura de maior destaque financeiro para o país, em que seus produtores, em condições de sequeiro, encontram desafios contínuos pelo déficit hídrico enfrentado no decorrer do ano safra, afetando o crescimento e desenvolvimento das plantas, culminando na redução dos níveis produtivos. O silício é um elemento benéfico com uso disseminado principalmente para controle de fatores bióticos, porém apresenta elevado potencial também para auxiliar a planta a superar diversos estresses abióticos, como o estresse hídrico, através de sua ação no metabolismo e fisiologia das plantas, com o fortalecimento das paredes celulares, estímulo à ação da defesa antioxidativa das plantas, atuando como supressor dos fatores de estresse, diante disso objetivou-se esclarecer suas influências no ciclo das culturas, principalmente da soja, que levariam a esse comportamento. Estudos demonstram que diversas culturas podem se beneficiar da aplicação de silicatos, como batata, sorgo, arroz, tendo as plantas caracterizadas como acumuladoras de silício as que apresentam maiores respostas à sua aplicação, em que o elemento pode afetar desde o tempo de prateleira de vegetais até a tolerância a elementos tóxicos, além de potencial mantenedor do desenvolvimento das plantas dentro de certa normalidade em frente a condições climáticas não favoráveis. Contudo, estudos no ramo da soja ainda são escassos e com resultados divergentes, sendo necessárias maiores análises em diferentes cultivares.
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Anthracnose lima beans, caused by Colletotrichum truncatum can cause severe losses in production. Although there are difficulties in controlling the pathogen, studies concentrate on genetic resistance through local varieties with high genetic resistance to the pathogen. The objective of this work was to evaluate the temporal progress of lima beans anthracnose under field conditions. The experiments were carried out in the experimental farm Chã de Jardim, Federal University of Paraíba, Areia, Brazil in 2015 and 2017. Nine creole varieties of lima beans (Phaseolus lunatus) represented by UFPB02, UFPB04, UFPB05, UFPB06, UFPB11, UFPB13, UFPB14, UFPB19 and UFPB20, were tested at seven day intervals to determine incidence and severity, considering the natural occurrence of anthracnose in plants. Area under the anthracnose progress curve and disease index were assessed. The productivity components of the varieties were obtained at the end of the crop cycle. The experimental design was randomized blocks with four replicates. We found an interaction between local varieties and environments, creating favorable and unfavorable environments to disease development. Genetic variability among lima bean varieties was observed regarding resistance to C. truncatum, where the UFPB04 and UFPB20 varieties were considered more resistant to the pathogen and able to be used in breeding programs.
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Diagrammatic scales were developed for anthracnose, rust, angular leaf spot, and Alternaria leaf spot of beans. Scales were developed according to Weber-Fechner's visual acuity law, considering the lowest and highest limits of severity observed in the field. The maximum severity limits represented in the scales were 22.5 %, 24 %, 30.4 %, and 45 %, for rust, anthracnose, angular leaf spot, and Alternaria leaf spot, respectively. Six leveis of severity were represented for rust, nine for anthracnose, nine for angular leaf spot, and seven for Alternaria leaf spot. Scales were validated by five experienced raters who utilized 70 to 90 leaflet samples with different leveis of severity for each disease. The scales permitted assess-ments to be accurate (intercepts of the regression Unes between actual and estimated severity not different from 0 and angular coefficients near 1), and precise (90 % of the assessments with R2 > 0.80) for ali diseases. The absolute error in estimating severity, for any scale and rater, was always lower than 15 %. The reproducibility of the assessments, estimated by the coefficient of determination of regres-sion lines between estimates of severity of the five raters (pairwise in ali combinations for ali the diseases), was high (R2 > 0.76) for rust, anthracnose, and angular leaf spot. The scales proved to be adequate for assessments of severity in the field and have been utilized to develop disease progress curves, and to determine damage functions for bean crops.
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A adubação com silício pode aumentar a produtividade pelo aumento da resistência ao acamamento, ao estresse hídrico e a desidratação após a colheita. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade e a qualidade pós-colheita de Helicônia Golden Torch sob fontes e doses de silício. O delineamento experimental foi em blocos inteiramente casualizados em um esquema fatorial 3 x 4 utilizando-se três fontes de silício e quatro doses de Si. Avaliaram-se as seguintes variáveis: número de perfilhos, início de floração, comprimento da haste floral, diâmetro da haste floral, comprimento da bráctea, número de hastes florais, teor de silício nas folhas e queima da bráctea aos 5, 10 e 15 dias após a colheita. Os resultados obtidos demonstraram que a aplicação da fonte silicato de sódio foi a que melhor influenciou o crescimento da Helicônia Golden Torch. As maiores doses de silicato de sódio que influenciaram o comprimento da haste floral, o diâmetro da haste floral e o número de hastes florais foram 576, 400 e 560 mg dm-3. A menor queima da bráctea ocorreu quando se aplicou o silicato de sódio na dose de 550 mg dm-3. O teor de silício na folha aumentou com a aplicação de doses crescentes de silicato de cálcio.
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A balanced mineral nutrition is among the strategies for the control of Asian soybean rust. This work aimed to evaluate the severity of the soybean rust (Phakopsora pachyrhizi), the potential photosynthesis and the nutrition of soybean plants with different levels of K and Ca. The experiment was arranged in a randomized block design with 25 treatments, 4 repetitions and 2 plants per repetition.A 5 x 5 factorial scheme with 5 doses of K (4, 5, 6, 7, 8 mmol L-1) combined with 5 doses of Ca (3, 5, 7, 9, 11 mmol L-1) was used.Plants were inoculated at growth stage V4 and after nine days weekly evaluations of disease severity were carried out using percentage of injured tissues, which were transformed into area under the disease progress curve (AUDPCS). Potential photosynthesis and nutrient content in the root, stem and leaf dry matter were also evaluated.The supply of Ca reduced AUDPCS at all doses of K.The supply of K also reduced the AUDPCS at the doses of 5, 7 and 11 mmol L-1 of Ca. The smallest AUDPCS was observed at the combination 8 and 11 mmol L-1 of K and Ca, respectively, whilethe largest AUDPCS was observed at the doses of 4 and 5 mmol L-1 of K and Ca.The plants treated with 6 and 5 mmol L-1 of K and Ca and 5 and 5 mmol L-1 of K and Ca showed better photosynthetic response. Increasing doses of K in the solution promoted increase in K leaf contents and linear decrease in Ca leaf levels. Increasing the levels of Ca in nutrient solution promoted an increase in the content of this element and a linear reduction of K levelsin the leaves.
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Black spot of papaya disease is one of the most serious problems of the papaya culture and its control is based on the excessive application of chemical products. The goal of this study was to evaluate the effect of the application of biofertilizer and silicate clay in the resistance induction to the black spot of papaya disease, being evaluated the incidence and severity. The treatments received road leaf applications of biofertilizer (T2), silicate clay (T3), biofertilizer plus silicate clay and water on the witness (T1). The evaluations were made 5 days after to 6th, 9th and 12th road leaf application of the products. The treatments 2, 3 and 4 provided significant reduction of the disease's incidence and severity. However, the incidence and severity reduction were larger with biofertilizer plus silicate clay associated. The application of these products is a effective measure and economically viable method for the black spot management in papaya cultivations.
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O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do silicato de calcio e do sulfato de cobre na intensidade da antracnose e no teor nutricional do feijoeiro. O experimento foi conduzido em blocos casualizados em arranjo fatorial 4 x 4 (quatro doses de silicato de calcio, com quatro doses de sulfato de cobre) e dois tratamentos adicionais (plantas nao-inoculadas e plantas pulverizadas com Benomyl). Foram feitas quatro avaliacoes da incidencia e da severidade da doenca, alem de se mensurar a area foliar total. Ao termino das avaliacoes, os dados de incidencia e de severidade foram integrados ao longo do tempo, obtendo-se a area abaixo da curva de progresso da incidencia (AACPI) e da severidade (AACPS). Os teores de N, P, K, Ca, Mg, B, Cu, Fe, Mn, Zn, Si e lignina foram avaliados na parte aerea. Observou-se decrescimo linear da AACPI com o aumento das doses de silicato de calcio. Com o aumento das doses de cobre, houve reducao de 35% na AACPS. O suprimento de silicato e de cobre alterou o teor de K, Mg, S, Zn, Ca e Si da parte aerea do feijoeiro.