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ESUD 2013 – X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância
Belém/PA, 11 – 13 de junho de 2013 - UNIREDE
1
PERFIL DOS ALUNOS DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO
NA MODALIDADE A DISTÂNCIA DO INSTITUTO FEDERAL
DO ESPÍRITO SANTO
Marize Lyra Silva Passos
1
, Danielli Veiga Carneiro Sondermann
2
, Yvina Pavan Baldo
3
1
Instituto Federal do Espírito Santomarize@ifes.edu.br
2
Instituto Federal do Espírito Santo / Universidade Federal do Espírito Santo / danielli@ifes.edu.br
3
Instituto Federal do Espírito Santo / yvina@ifes.edu.br
Resumo – Este artigo tem por objetivo delinear o perfil dos alunos que optam por
realizar um curso de pós-graduação Lato Sensu ofertado pelo Instituto Federal do
Espírito Santo (Ifes), na modalidade a distância. Por meio desse estudo foi possível
conhecer melhor esse aluno, como elemento ativo nesse contexto educacional,
principais semelhanças e diferenças, considerando as especificidades da Educação
a Distância e visando apoiar o planejamento de novas ofertas de cursos de pós-
graduação no Ifes. O artigo é resultado de uma das ações propostas de uma
pesquisa em andamento que utiliza a metodologia de pesquisa-ação. Entretanto,
para análise desse artigo foi realizada uma pesquisa quantitativa, por meio da
aplicação de questionários aos alunos regulamente matriculados no mês de
setembro de 2012, dos quais 22,31% participaram da pesquisa.
Palavras-chave: Pós-graduação, perfil do aluno; educação a distância, Ifes
Abstract – This article aims to outline the profile of the students who choose to
undertake a postgraduate course offered Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes),
in the distance. Through this study it was possible to better understand the student
as an active element in the educational context, the main similarities and
differences, considering the specificities of the Distance Education and to support
the planning of new offers postgraduate courses in Ifes. The article is a result of the
proposed actions of a research project that uses the methodology of action research.
However, analysis for this article was conducted quantitative research, through the
application of questionnaires to students regularly enrolled in September 2012, of
which 22.31% participated in the survey.
Keywords: Postgraduate student profile; distance, Ifes
1. Introdução
O término da graduação não representa o fim da vida acadêmica, a educação continuada está
cada vez mais presente na vida dos profissionais atuais e um dos caminhos para tentar obter
mais conhecimentos, ganhar mais destaque no mercado de trabalho e, quem sabe, seguir a
carreira de estudos é a realização de um curso de pós-graduação lato sensu.
O número de alunos que estudam em cursos a distância está em crescimento, de
acordo com os dados do Censo EAD.BR 2011 do ano de 2010 para 2011 houve um aumento
de 58% no número de matrículas de alunos da Educação a Distância (EaD) no Brasil,
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chegando a um total de 3,5 milhões estudantes matriculados (ABED, 2012). As instituições
que ministram cursos autorizados e reconhecidos na modalidade a distância ofertaram, em
2011, 3.971 cursos. Destaca-se aqui que “o volume de cursos a distância autorizados tem sua
maior concentração em cursos de graduação (63,5%) e pós-graduação (22,5%)” (ABED,
2011, p. 32).
No Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) a implantação da EaD iniciou em 2007
com a oferta do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, seguido em
2009 pela implantação de quatro novos cursos de cursos de pós-graduação: Informática na
Educação, Educação Profissional e Tecnológica, Educação Profissional Integrada à Educação
de Jovens e Adultos e Gestão Pública Municipal.
O objetivo desse trabalho é descrever o perfil socioeconômico dos alunos da pós-
graduação a distância do Ifes obtido por meio de um Censo realizado para todos os níveis de
ensino. No artigo, optou-se pelos dados e análise da pós-graduação, no intuito de conhecer
suas características pessoais, experiências profissionais, saber sua visão de como é ‘ser’ um
aluno da EaD e o que pensa sobre o futuro da EaD. Essas informações servirão de base para
futuras discussões sobre o aprimoramento na reoferta de cursos e/ou cursos em andamento,
uma vez que o aluno da modalidade a distância passa por profundas mudanças, ou seja, no
modo como aprendem, no que é preciso que aprendam ou na necessidade de aprender por
toda a vida, cada vez de maneira mais autônoma.
2. Metodologia
Neste artigo, optou-se por um estudo quantitativo por meio de amostragem intencional, não
probabilística, sem pretensão de fazer inferência para a população, mas apenas ampliar a
compreensão sobre o perfil dos alunos dos cursos de pós-graduação a distância ofertados pelo
Ifes. Esse artigo, foi originado de uma pesquisa em andamento em que se faz uso da
metodologia de pesquisa-ação e o Censo surgiu como uma demanda solicitada pelo grupo
focal devido a necessidade de se conhecer o público-alvo.
Hugon e Seibel (1988, p. 13) citado por Barbier (2007, p. 17) definem a pesquisa-ação
da seguinte forma: “Trata-se de pesquisas as quais há uma ação deliberada de transformação
da realidade; pesquisas que possuem um duplo objetivo: transformar a realidade e produzir
conhecimentos relativos a essas transformações”.
Enquanto a pesquisa quantitativa descritiva, para Lakatos e Marconi (1991), consiste
em investigar e analisar características de fatos ou fenômenos, empregando artifícios
quantitativos. Classifica esse tipo de estudo, como descrição de população que possui como
função primordial, a exata descrição de certas características da população-alvo. Em resumo,
apesar da pesquisa em andamento usar a pesquisa-ação, na escrita deste artigo, representando
uma das etapas da pesquisa em andamento, a metodologia usada foi de pesquisa quantitativa.
A técnica selecionada para o levantamento de dados foi a aplicação, de forma
individual, de questionário elaborado no Google Drive. Segundo Lakatos e Marconi (1991) o
questionário pode ser considerado do tipo observação direta extensiva, tendo como vantagem
a possibilidade de atingir um maior número de pessoas simultaneamente.
O instrumento elaborado foi constituído por uma série ordenada de perguntas fechadas
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e um espaço aberto para discussões sobre o Censo, aplicado aos alunos dos cursos de pós-
graduação no período de 17 de Setembro de 2012 a 30 de Setembro de 2012, cuja participação
foi opcional.
Responderam ao questionário 247 alunos de um total de 1.107 alunos regularmente
matriculados, representando 22,31% do total de alunos. Esse total ficou distribuído entre os
diversos cursos ofertados, da seguinte forma: Pós-graduação em EJA (16%), Pós-graduação
em EPT (17%), Pós-graduação em Gestão Pública Municipal (23%) e Pós-graduação em
Informática na Educação (35%), percebe-se um percentual diferenciado de participação entre
os cursos.
Deve-se ressaltar que todas as informações foram fornecidas aos participantes a cerca
do propósito do estudo, e solicitada a colaboração. O questionário de coleta de dados foi
criado com base em outros questionários já existentes tanto interna quanto externamente e
estava dividido, além dos dados gerais, em mais quatro partes com informações sobre:
habitação e renda familiar; formação acadêmica e profissional aspectos tecnológicos; o que é
‘Ser’ um aluno virtual e sua visão sobre o futuro da EaD.
Para análise dos resultados, os dados obtidos foram tabulados e organizados em
tabelas e gráficos de distribuição de frequências percentuais. Na sua interpretação, foi
utilizada a abordagem quantitativa com suporte qualitativo, visando a valorização dos dados
objetivos e subjetivos.
3. O perfil do aluno de Pós-graduação EaD
A seguir será feita a apresentação e a análise dos dados levantados pelo Censo Aluno Ifes
2012 referente aos dados socioeconômicos dos alunos da pós-graduação a distância no Ifes.
3.1. A identidade dos alunos
Nos cursos de pós-graduação do Ifes observa-se a predominância de alunos do gênero
feminino (Figura 1). Observa-se aqui a mesma tendência de participação feminina nos cursos
autorizados apresentados pelo Censo.EaD da Associação Brasileira de Educação a Distância
(ABED), que é de 57% (ABED, 2012) e o Censo do INEP-MEC apresenta também o
percentual de 57% de participação feminina, incluindo os curso presenciais e a distância
(INEP, 2012). No caso do Ifes esse percentual é um pouco maior ficando na casa dos 65%.
Figura 1 – Distribuição de alunos por sexo detalhado por curso.
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Segundo o INEP-MEC o ingresso dos alunos na Educação a Distância:
[...] é mais tardio: em média aos 32 anos, sendo 28 anos a idade mais frequente
(moda) e até 31 anos a idade da metade dos indivíduos (mediana). [...] Nos cursos a
distância, metade dos indivíduos possui até 32 anos (mediana), a idade mais
frequente (moda) é 29 anos e a idade média é 33 anos. Além disso, os 25% mais
velhos dos matriculados possuem mais de 40 anos, 3º quartil (INEP, 2012, p.45).
A maioria dos alunos da pós-graduação que corresponde a 36% dos alunos, conforme
Figura 2, encontra-se na faixa de 31 a 40 anos o que corrobora as informações do INEP.
Sendo que 38% dos alunos possuem mais de 40 anos, percentual superior aos dados do INEP.
1%
26%
36%
29%
8%
Faixa Etária
Acima de 60 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
Figura 2 - Distribuição de alunos por faixa etária.
Quanto ao estado civil, 59% dos alunos são casados. É importante destacar que, em
relação a essa pergunta, o questionário de coleta de dados permitia a inclusão de outro estado
civil não citado no questionário, e alguns alunos incluíram algumas opções, como por
exemplo: "Moro com meu namorado", "Amasiado", "Namorando", "Noiva" que correspondeu
a 4% do total desse item.
A presença de alunos com deficiência ainda representa um percentual pequeno de
4,8%, mas esses já podem ser identificados em alguns cursos no Ifes, com predominância de
casos relacionados à deficiência visual.
3.2. Dados sobre habitação e renda familiar
Sobre a habitação, ou seja, o local em que mora, 77% dos alunos disseram que mora em
residência própria, conforme demostrado na Figura 3.
Figura 3 - Distribuição de alunos por tipo de moradia.
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Conforme destacado anteriormente, a maioria dos alunos são casados. Desses alunos
casados, a maioria já possui filhos. Nesse sentido, na questão sobre com quem os alunos
moram, destacam-se os cônjuges com ou sem filhos, seguidos dos solteiros que moram com
os pais.
Com relação à renda do grupo familiar, pode-se observar uma distribuição
considerável entre as opções disponíveis. Em relação a essa questão cabe outro olhar, pois o
número de pessoas que fazem parte do grupo interfere diretamente nas questões
socioeconômicas. Ainda com relação a esse tópico e ao quantitativo de pessoas que moram na
mesma residência, optou-se por apresentar, na Figura 4, tais itens em conjunto, pois não seria
muito pertinente apresentá-los de maneira isolada.
Figura 4 - Distribuição de alunos por renda x número de pessoas do grupo familiar
3.3. Dados sobre formação acadêmica e profissional
Observa-se em relação a escolaridade dos alunos, na Figura 5, que há um percentual (52%)
que já possuem especialização cursando e que estão realizando uma nova especialização.
Nota-se que entre os alunos há alguns que já possuem mestrado e doutorado.
Figura 5 - Distribuição de alunos por maior escolaridade.
Outro dado importante diz respeito ao tipo de escola a onde os alunos realizaram a
maior parte de sua formação, nota-se que 75% realizaram seus estudos a maior parte do tempo
na rede pública, seguido de 13% que realizaram seus estudos divididos entre a rede pública e
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a privada e 12% realizaram a maior parte de seus estudos na rede particular.
Sobre a área de formação nas graduações dos alunos nos diversos cursos, destacam-se
as áreas de Educação, Ciências, Matemática e Computação, o que é ocasionado pelo perfil da
maioria dos cursos atualmente oferecidos pelo Ifes, conforme visto na Figura 6. Nessa mesma
pesquisa ficou constatado que há destaque para área de atuação profissional de Educação na
maioria dos cursos, o que tende a demonstrar que muitos atuam em sua área de formação,
conforme visto anteriormente.
Moore e Kearsley destacam que os alunos dos cursos a distância são na maioria
adultos, e esses, já possuem experiências de trabalho “[...] e muitos procuram aprender mais a
respeito de áreas de trabalho nas quais já têm um grande conhecimento [...]” (2007, p. 174).
Figura 6 – Distribuição por área de formação na graduação dos alunos.
Segundo dados do CensoEAD.BR “observa-se que, tanto em 2011 como em 2010,
pelos dados fornecidos pelas instituições respondentes, a maioria dos alunos de cursos de EaD
(mais de 70%) estuda e trabalha (ABED, 2011, p. 36). No caso do Ifes esse percentual e ainda
maior, ou seja 100% dos alunos estudam e trabalham. Sobre o vínculo empregatício atual
destes alunos, percebe-se um grande número de servidores públicos (60%), seguido de
contratados (25%), sendo o restante formado por autônomos e celetistas.
3.4. Dados relacionados aos aspectos tecnológicos
A EaD por ser uma modalidade de ensino que possui características diferenciadas da
educação presencial e tem uma série de fatores podem influenciar o seu sucesso como, por
exemplo, os recursos tecnológicos aos quais os alunos têm acesso para a realização do curso.
Além de que o aluno virtual “precisa ter acesso a um computador e a um modem ou conexão
de alta velocidade e saber usá-lo” (MAIA;MATTAR, 2007, p. 84-85).
Sobre o computador utilizado para realizar o curso a distância, fica claro na Figura 7
que a grande maioria dos alunos possui computadores que atendem a EaD ou são de última
geração e um pouco mais da metade compartilha-o com outras pessoas.
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Figura 7 - Tipo de computador x compartilhamento
Sobre os computadores desktop, os resultados apontam para a grande maioria (59%)
possui pelo menos um em sua residência, mas há 31% dos alunos que não possuem esse
percentual pode ser um fator impactante no sucesso dos alunos. Sobre os computadores
notebook e netbook, a maioria das residências possui um aparelho (51%), sendo que 20% não
possuem. O Tablet, apesar de seu crescimento em vendas no Brasil e suas apostas para uso na
EaD, ainda não atingiu a maior parte dos alunos da instituição. A Figura 8 detalha essa
distribuição.
Figura 8 – Tipos de equipamentos disponíveis nas residências dos alunos
Com relação ao tipo de conexão, a maioria possui banda larga (69%), seguida da
conexão via cabo, com 14%, 3G, com 10%, discada, com 2% e 5% não soube informar o tipo
de conexão que possui.
Outro fator importante para o sucesso da EaD é a facilidade de lidar com a tecnologia,
quanto a essa capacidade a Figura 9 demostra que a maioria dos alunos respondeu que lida de
maneira tranquila. Mas chama a atenção que 7% dos alunos ainda precisam de ajuda e estão
distribuídos nos diferentes cursos.
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Figura 9 – Como os alunos lidam com a tecnologia
3.5. Dados sobre o que é “Ser” um aluno virtual
Na concepção de Maia e Mattar o novo aluno virtual
[...] deve desejar dedicar uma quantidade significativa de seu tempo semanal a seus
estudos e não ver o curso como ‘a maneira mais leve é fácil’ de obter créditos ou um
diploma; os alunos virtuais são, ou podem passar a ser, pessoas que pensam
criticamente; a capacidade de refletir é outra qualidade fundamental para o aluno
virtual de sucesso; finalmente, o que talvez seja o mais importante: o aluno virtual
acredita que a aprendizagem de alta qualidade pode acontecer em qualquer lugar e a
qualquer momento (2007, p. 85).
Aqui foram levantadas informações sobre como os alunos do Ifes entendem o que é ser um
aluno de curso a distância, ou seja, um aluno virtual.
Sobre já terem realizados curso a distância, 58% dos alunos tiveram sua primeira
experiência no Ifes e 20% já fez mais de um curso a distância, Figura 10.
Figura 10 – Experiência com cursos EaD
Sobre o local em que os alunos estudam com maior frequência, prevaleceu a própria
residência, com 95%, devido a sua relevância se deve dar uma atenção especial, pois implica
diretamente nos estudos de um aluno de EaD. Com relação ao espaço disponível para estudos
em sua moradia, a maioria dos alunos respondeu ser adequado (77%), entretanto, somando-se
os espaços pouco adequados e inadequados, tem-se um percentual de 23%. Esta questão é
preocupante, dada a necessidade de autonomia, de disciplina e de organização desejáveis aos
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alunos de EaD.
Com relação à maior motivação para a realização do curso escolhido, houve destaque
para o curso ser da área de interesse do aluno, Figura 11. Mas se deve dar atenção para a
questão da opção relacionada à oportunidade dada em seu município seguido por não ter
tempo para realizar curso presencial.
Sem dúvida, a EaD traz novas (e diversas) possibilidades de aprendizagem para os
alunos, independente de sua localização geográfica ou dos horários em que possam
estar disponíveis para frequentar o curso. Os que antes não podiam frequentar uma
instituição de ensino, como os que residem longe dos grandes centros ou que não
podem abandonar fisicamente seu local de trabalho, podem agora se educar a
distância [...] (MAIA e MATTAR, 2007, p. 83).
Figura 11 – Motivação para a escolha do curso
No questionário foi feita a seguinte pergunta: "Qual a sua maior dificuldade em ser um
aluno de EaD?" e muitos alunos escolheram a opção "Não sinto dificuldade", então percebe-
se que a palavra ‘dificuldade’ deveria ter sido trocada por ‘desafio’. A seguir, para se obter
uma análise mais voltada ao sentido da pergunta, foi feito um filtro e retirado a opção "Não
sinto dificuldade" para análise. Com isso, percebe-se que o deslocamento ao polo e a
necessidade de disciplina e organização se destacaram. A Figura 12 mostra as opções com
maior detalhe.
Figura 12 – Principais desafios para ser aluno EaD
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Quanto ao deslocamento, nota-se que o meio de transporte mais utilizado pelo aluno
para ir ao polo de apoio presencial é o carro próprio correspondendo a 33% seguido pelo
ônibus com 25% como visto na Figura 13. Nota-se, também, que existem outros meios de
transporte com um peso razoável como a motocicleta, a carona de carro e a pé. E que o tempo
de percurso até o polo de apoio presencial, para grande parte dos alunos leva menos de 30min,
entretanto, existem alunos que levam mais de duas horas. Essa questão deve ser muito bem
observada, em especial devido à obrigatoriedade dos encontros presenciais.
Figura 13 - Meio de transporte utilizado pelos alunos para chegar ao polo
Quanto ao segundo desafio que é a necessidade de disciplina e organização, Maia e
Mattar afirmam que o aluno virtual “tem mais liberdade para o estudo, o que também gera
maior necessidade de organização e gerenciamento de tempo e das atividades a serem
realizadas” (2007, p. 88) o que corrobora a visão dos alunos.
Com relação ao período em que o aluno tem maior disponibilidade para estudar a
distância, a maioria (40%) considerou durante a semana, à noite. Na Figura 14,pode-se
observar que existe uma diversidade muito grande relacionada à disponibilidade de maneira
geral.
Figura 14 – Período de maior disponibilidade para estudar
Com relação à média de horas semanais dedicadas exclusivamente ao curso de EaD,
na Figura 15 fica demonstrado que a maioria dos alunos disse que depende muito da semana
(40%) seguido de 31% que afirma que dedica até 10h, e apenas 5% afirmaram ser mais de
20h.
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Figura 15 – Carga horaria semanal dedicada ao curso
Segundo a visão de Moore e Kearsley:
[...] Os alunos que planejam seu tempo de estudo e estabelecem horários para
concluir o curso têm maior possibilidade de obter sucesso na educação a distância.
Adiar é o inimigo número um da educação a distância – quando se atrasam em suas
tarefas, fica muito difícil acompanhar e invariavelmente desistem do curso. (2007,
p.187)
Com relação à data de entrega das atividades propostas, no geral percebe-se que,
apesar de a maioria responder que entrega antes do prazo determinado (71%), há muitos
alunos, (28%), que entregam no último momento, sem contar com os 1% que dizem sempre
ter que pedir prorrogação. Isso demostra que há possibilidade de evasão fica reduzida frente
ao comprometimento dos alunos com relação ao seu aprendizado.
O último questionamento que foi feito aos alunos foi a respeito do que esperam do
Futuro da EaD, os alunos apresentaram opiniões bem diversificadas (Figura 16).
Figura 16 – Futuro da EaD na visão dos alunos do ***
Os resultados obtidos nesse levantamento nos permitiu perceber que o aluno da pós-
graduação a distância do Ifes possui o perfil do aprendiz virtual preconizado por Maia e
Mattar (2007) e possui características semelhantes as encontradas por Moore e Kearsley
(2003) no que diz respeito a média de idade, de gênero e da taxa de empregabilidade.
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Pode-se ver também que muitas das transformações que causaram mudanças no
paradigma educacional segundo a força tarefa do International Council on Distance
Education (ICDE) (PETERS, 2009) encontram-se presentes nas características dos alunos do
Ifes. As principais transformações detectadas foram:
• a busca pela educação continuada uma vez que mais de 52% dos alunos já possuem
curso de igual titularidade ou superior ao que esta fazendo agora;
• a mudança na idade e no status dos estudantes, segundo Peters (2009) a maioria é
mais velho, trabalha e muitos tem filhos e são casados, exatamente como o perfil do
aluno do Ifes;
• a mudança no significado da educação universitária, que passou “[...] a ser um
trunfo importante para a pessoa em sua luta pela sobrevivência social[...]” inclusive
“a duração da escolaridade esta á começando a ser importante indicador no que diz
respeito a ter emprego ou desemprego” (PETERS, 2009, p. 52). A maioria dos
alunos está buscando capacitação na mesma área em que atua.
Apesar das semelhanças em parte do grupo, existem algumas diferenças que devem
ser respeitadas, tanto entre os alunos quanto entre as especificidades de cada curso de pós-
graduação. Um caminho possível é pensar em alternativas para motivar o aluno independente
de sua condição socioeconômica e cultural, tais como: mídias que atendam aos diferentes
tipos de conexão, disponibilização tanto de material digital quanto impresso, atividade
problematizadoras dentro do contexto de cada aluno, autoavaliações dentre outros fatores.
4. Conclusão
No artigo verificou-se o perfil dos alunos de EaD dos cursos de pós-graduação do Ifes. O
perfil encontrado, não distancia-se de outras pesquisas realizadas com alunos de EaD.
Entretanto, a confirmação sobre o perfil do aluno e o conhecimento sobre as especificidades
de cada curso, abre possibilidades para o planejamento de cursos a distância cada vez mais
próximo da realidade do aluno e que o estimule a concluir o curso com sucesso.
Conhecer o público-alvo é o caminho inicial para o planejamento de qualquer curso,
independente da modalidade de ensino, entretanto, conhecer caminhos alternativos para as
diferenças encontradas também é um grande desafio para a educação. Nesse sentido, a EaD
abre muitas possibilidades, devido a facilidade em diversificar mídias, registrar dificuldades e
atender individualmente os alunos, respeitando seu ritmo e seu estilo de aprendizagem.
Referências
ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância. Censo EAD.BR: relatório analítico
da aprendizagem a distância no Brasil 2011. – São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2012.
BARBIER, R. A pesquisa-ação. Trad. Lucie Didio. Brasília: Liber Livro Editora, 2007.
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da
educação superior: 2010 – resumo técnico. – Brasília. Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2012.
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LAKATOS, E.M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. São
Paulo: Atlas, 1991.
MAIA; C., MATTAR, J. ABC da EaD. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MOORE; M. G, KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São
Paulo:Thonson Learning, 2007.
PETERS, O. A educação a distância em transição: tendências e desafios. Trad. Leila Ferreira
de Souza Mendes. São Leopoldo, RS: Unisinos, 2009.