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Revista Iberoamericana de Turismo- RITUR, Penedo, Volume 7, Dossiê Número 3, dez. 2017, p. 268-280.
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Do turismo aos museus, com passagem pela cultura
DOI: 10.2436/20.8070.01.73
Manuel de Azevedo Antunes
Doutor em Ciência Política pela Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias, Portugal. Professor da Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias, Portugal.
E-mail: mantunes@ulusofona.pt
Resumo
A espécie humana é naturalmente viajante. Daí que os seres humanos se tenham
dispersado por todos os continentes e continuem a fazê-lo, tentando, mesmo, para fora
do espaço do planeta Terra. Pelos motivos mais diversos: militares, religiosos,
desportivos, de negócios, de estudo, de lazer, enfim, turísticos. Foi só a partir da Idade
Moderna que apareceu o turismo propriamente dito, o que implicou a emergência de um
determinado tipo de viagem, que se tem desenvolvido até aos nossos dias, de múltiplas
formas, com estruturas e organizações apropriadas, fomentando, além do mais, no atual
momento da globalização, o relacionamento entre povos e a interpenetração de culturas,
onde os museus desempenham um importante papel.
Palavras-chave: Cultura, ICOM, OMT, Museu, Turismo.
1 INTRODUÇÃO
O ser humano é naturalmente viajante. Uma caraterística que se pode encontrar
na génese da estória bíblica, com o 1.º mandamento mítico/bíblico/criacional: “Crescei
e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra” (Génesis, 1, 28).
Curiosamente, esta “ordem do criador”, acontece quando ele ainda não tinha
dado nome às suas criaturas, dentro do Éden, o mesmo é dizer, em termos históricos, no
Paleolítico, na fase da “recoleção”. Pelo que a “expulsão do paraíso”, isto é, a entrada
no Neolítico, com a “coleção”, a sedentarização, a urbanização, a agricultura e a
necessidade de arrancar da terra o alimento à custa de penoso trabalho, em todos os dias
da sua vida (Génesis, 3, 17), parece ser mesmo uma fatalidade original.
A nossa espécie, aparecida em África [parte desta ficava no Éden, pois um dos
rios que o delimitava era o Gheon, que circundava a terra de Cush, ou Etiópia (Génesis,
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2, 13), onde foi encontrado o fóssil da australopiteca Lucy, em 1974], pelo menos há
uns 300 mil anos, espalhou-se, durante milénios, por todos os continentes. E continua a
fazê-lo. Tentando, mesmo, ir para fora do planeta Terra.
Parece terem sido os sumérios, há uns 6000 anos, já em pleno Neolítico, os
primeiros a criar condições, com a invenção da escrita e da roda, a aplicação de valores
de referência para a moeda e o desenvolvimento do comércio, para uma nova
movimentação das pessoas, de que a lendária epopeia de Gilgamesh é bem um marco
simbólico (CUNHA, 2013, p. 22).
O aproveitamento dos cursos de água, fluviais e marítimos, e a construção de
estradas, por hititas, egípcios, gregos, romanos e tantos outros povos, por motivos
militares, religiosos, culturais, comerciais, entre outros, aumentou, já na Antiguidade, a
mobilidade das populações.
Uma mobilidade igualmente incentivada pela curiosidade, porque “os romanos e
os gregos viajavam para visitar os templos e as sete maravilhas do mundo da área do
Mediterâneo, em particular as pirâmides e os monumentos do Egito que ainda hoje
constituem uma das grandes atrações turísticas do mundo” (CUNHA, 2013, p. 22).
Como o faziam, também, na Grécia e na Ásia Menor, por ocasião dos Jogos
Olímpicos, Píticos, Ístmicos e Nemeus (CUNHA, 2013, p. 23).
O que, para a sua continuidade, levou a considerar a hospitalidade como um
dever e um ato honroso.
Na Idade Média europeia, as viagens tinham como principal objetivo as
peregrinações aos grandes centros religiosos, como Terra Santa, Meca ou Santiago de
Compostela, entre outros. Mas também se faziam viagens com intuitos diferentes, de
que as (talvez) mais célebres tenham sido as de Marco Polo, pelo oriente até à China,
durante 24 anos, no séc. XIII, as de Ibn Battuta, no séc. XIV, por Ásia e África. E, no
dealbar da Idade Moderna, os portugueses, seguidos dos espanhóis, franceses,
holandeses e ingleses, abriram à Europa as rotas dos oceanos, com os seus
“achamentos” por esse mundo fora. O que até fez de Lisboa, no dizer do cronista, uma
“(…) grande cidade de muitas e desvairadas gentes” (LOPES, 2004, p. 7-8).
Na Idades Moderna e Contemporânea, as viagens continuaram e diversificaram
(e de que maneira!) os seus objetivos e interesses. Foi, neste período, que, para
caraterizar o fenômeno, apareceu o termo “turismo”, como, genericamente, hoje é
entendido.
Neste texto é, principalmente, intenção do autor procurar esclarecer a relação do
turismo com os museus, passando por uma abordagem cultural.
Como metodologia, além da experiência pessoal nestes assuntos, haverá recurso
à bibliografia mais significativa sobre esta temática.
2 O QUE É O TURISMO?
Todo o turismo é viagem, mas nem toda a viagem é turismo. Aliás, o turismo
(propriamente dito) só aparece, como foi referido, na Idade Moderna, a par das grandes
mudanças socioeconômicas, tecnológicas, culturais, surgidas no séc. XVI. Foi, por essa
altura, que se começaram a vulgarizar as viagens recreativas, entre as classes mais
abastadas, sobretudo em Inglaterra. Enquanto, principalmente em França, se melhorava
e desenvolvia a rede de estradas e os meios de locomoção da época.
O que criou condições para o Grand Tour. Este começou por ser a viagem que
os jovens aristocratas ingleses faziam pelo continente europeu, no final dos seus estudos
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universitários, para completar a sua formação e adquirir novas experiências de vida.
Com o tempo, passou a ser uma viagem de longa duração, de 3 a 5 anos, por várias
cidades europeias, nomeadamente Paris, Florença, Roma, Veneza, entre outras da
(atual) Alemanha, Países Baixos e Suíça. Daí vêm, inclusive, as palavras “turismo” e
“turista”, começando as pessoas, que viajavam nessas circuntâncias, a ser chamadas de
“turistas”.
Esta atividade levou ao aparecimento de novas infraestruturas de alojamento,
como as construções hoteleiras (hospedarias), com restaurantes e outros equipamentos,
e ao ressurgir das antigas termas, não apenas para efeitos terapêuticos mas, também,
para entretenimento e diversão.
À medida que a Revolução Industrial se consolidava, a burguesia passou a ter
mais recursos e tempo livre para viajar. Desde esse momento, de forma mais rápida e
para destinos mais longínquos, com o navio e o comboio a vapor, com as linhas férreas
que se espalharam pela Europa e pela América do Norte.
Pensadores e escritores famosos passaram a escrever sobre a importância do
turismo: Montaigne, Francis Bacon, Locke, Montesquieu, Goethe, Stendhal (o autor da
palavra touriste), Victor Hugo, Júlio Verne, Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Eça
de Queiroz e tantos outros. E até cientistas, como o biólogo alemão M. Link, que
escreveu Voyage en Portugal, depuis 1797 jusqu’en 1799, em 1803.
Ao mesmo tempo que se multiplicavam os guias turísticos, como o Manuel du
Voyageur en Suisse, Le Guide des Voyageurs en Europe, ou Le Guide d’Espagne et du
Portugal, de 1793.
Mais tarde, as agências de viagem, o uso generalizado do avião, a melhoria das
condições de vida para os trabalhadores, entre outros fatores, contribuiram, com altos e
baixos, por entre guerras e crises económicas, para a indústria turística que, hoje, em
plena globalização, tem um importante papel na economia da generalidade os países.
Como sintetiza Licínio Cunha (2013, p. 40):
O século XXI incia-se com um turismo consolidado a nível
mundial porque se democratizou num fenómeno planeário e
porque passou a fazer parte do modo de vida da maioria dos
países que vão ascendendo a níveis de desenvolvimento mais
elevado e, no futuro, em que se alargarão as origens da procura,
manterá o sentido da evolução verificada no passado recente.
Mas, afinal, o que é o turismo?
A primeira definição de “turismo” parece remontar a 1911, da autoria do
austríaco Hermann von Schullern zu Schattenhofen: “turismo é o conceito que
compreende todos os processos, especialmente econômicos, que se manifestam na
chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado município, país ou
estado” (BARRETTO, 2008, p. 9).
E a definição de “turista” remonta a 1937, pela Sociedade das Nações, para
ajudar ao estabelecimento de comparações em matéria de estatísticas internacionais.
O termo “turista” passou a designar todas as pessoas que viajavam por 24 horas
ou mais, num país diferente daquele onde tinham a sua residência habitual (CUNHA,
2010).
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Muitas outras definições surgiram. Quase tantas quantas os autores que, em
termos científicos e até jornalísticos, trataram do turismo. A par de outros termos
relacionados com o turismo, como “visitante”, “excursionista”, “visitante do dia”.
Durante bastante tempo prevaleceu a ideia de que o turismo se limitava às
deslocações internacionais. Mas houve uma evolução no conceito, nomeadamente na
Organização Mundial do Turismo (OMT), passando, a partir de 1993, a aplicar-se tanto
a deslocações internacionais como adentro do mesmo país, desde que o visitante
passasse, pelo menos, uma noite num estabelecimento de alojamento coletivo ou
privado, no local visitado, e não mudasse a residência para esse local (CUNHA, 2001,
p. 19).
As origens da OMT remontam ao Congresso Internacional de Associações
Oficiais de Tráfego Turístico, de 1925, realizado em Haia, na Holanda. Mudou, depois,
o nome para União Internacional dos Organismos Oficiais do Turismo (IUOTO),
tendo-se transferido para Genebra. A IUOTO começou por ser uma Organização
Não-Governamental. Mas, em 1974, por resolução da Assembleia Geral das Nações
Unidas, transformou-se num órgão intergovernamental, acabando por se tornar,
em 2003, numa agência especializada das Nações Unidas, com sede em Madrid. E é a
OMT que superintende, além do mais, na definição do conceito de “turismo”.
Hoje, é bastante consensual a definição de “turismo” da OMT, que considera
este como “o conjunto das atividades desenvolvidas por pessoas durante as viagens e
estadas em locais situados fora do seu ambiente habitual por um período consecutivo
que não ultrapasse um ano, por motivos de lazer, de negócio e outros” (In CUNHA,
2001, p. 30).
Definição ampla que coincide com a possibilidade de serem múltiplos e variados
os motivos para as viagens turísticas. O que leva à consideração de diversos tipos de
turismo (que nem sempre se excluem), tais como: recreativo, repousante, étnico,
ecológico, enológico, de negócios, desportivo, religioso, …, enfim, cultural.
É este último, o turismo cultural, que aqui se vai tentar analisar. Para o que
importa começar por esclarecer o que é a cultura.
3 PARA UMA DEFINIÇÃO DE CULTURA
A utilização e o aprofundamento do conceito de cultura, no âmbito das
Ciências Sociais, tem como uma das plataformas de arranque o Discurso sobre a
Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, que data de 1753, no
qual Jean Jacques Rousseau (1976) considerava que a generalidade dos povos, então,
acabados de “descobrir” pelos europeus não eram “civilizados”, mas puros na sua
nobre inocência. Estava criado o mito do bon sauvage, à luz do qual a civilização se
apresentava como uma degradação do estado original do homem.
Em tal perspetiva, esses povos “primitivos” seriam os mais puros detentores
dos restos da primeira civilização humana. Primeira, sim, mas civilização, apesar de
tudo! No entanto, sob a influência do evolucionismo de Spencer (1852; 1876-1896),
vai-se dar uma inversão na ordem das valorizações: os povos que viviam em comunhão
perfeita com a natureza representavam o primeiro grau de um processo evolutivo que,
passando pela barbárie, haveria de culminar na civilização (MORGAN, 1976).
Não obstante, etnólogos eminentes, como F. Graebner (1911) e W. Schmidt
(1906), defendiam, insistentemente, desde o princípio do século XX, que todos os povos
possuem uma cultura, por mais rudimentares que pareçam as suas atuações.
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Hoje, considera-se, praticamente, aceite por todos os cientistas sociais, que a
cultura corresponde a uma construção social do homem de todos os tempos.
Mas, o que é a cultura?
Para um possível esclarecimento da sua ambiguidade, importa, desde já,
salientar que o conceito de cultura tem andado, nos países de língua latina, em mais ou
menos estreita relação com o de civilização. Por sua vez, na Alemanha, cultura e
civilização eram realidades bem distintas: enquanto a cultura correspondia ao
património “espiritual”, com todas as suas manifestações artísticas, literárias,
filosóficas, morais, etc., a civilização englobava o conjunto das técnicas, das ciências,
enfim, o património “material” de um determinado grupo humano (DIAS, 1961, p. 8s;
1968, p. 34s).
Remontando às origens, verifica-se que a palavra “cultura” era já usada nos
finais do século XI para designar um terreno trabalhado para produzir vegetais,
tornando-se sinónimo de agricultura. Mas, por meados do XVI, os humanistas
renascentistas passaram a utilizar o termo em sentido figurado, aplicado na expressão
«cultura do espírito». No século XVIII, fala-se já em “cultura em ciências”, “cultura em
letras”, “cultura em artes” (BOUDON, 1990, p. 62).
Como refere Óscar Soares Barata (1974, p. 113):
Importada no século XVIII do francês para o alemão com o
sentido de formação e polimento, civilidade, educação, aparece
pela primeira vez com o sentido que hoje tem na obra de Gustav
K. Klemm Allgemeine Culturgeschichte der Menschkeit (10
vols., 1843-1852), que é uma história geral da cultura, e a que se
seguiu uma tentativa de elaboração da ciência da cultura
publicada em dois volumes, em 1854 e 1855, com o título
de Allgemeine Culturwissenschaft.
Parece ter sido à obra de Gustav Klemm que Edward Burnett Tylor foi buscar
o sentido da palavra “cultura”, no seu livro Primitive Culture, de 1871, onde atribui à
“cultura” o mesmo significado que “civilização”, que ele define como “esse todo
complexo que inclui os conhecimentos, as crenças religiosas, a arte, a moral, os
costumes e todas as outras capacidades e hábitos que o homem adquire enquanto
membro da sociedade” (BOUDON, 1990, p. 62).
Foi a partir da obra de Tylor que a palavra “cultura” se divulgou no âmbito das
Ciências Sociais, a começar pela antropologia, vindo a ser correntemente utilizada em
inglês, de onde passou para as outras línguas, sobrepondo-se ao termo “civilização”.
Mas não deixa de ser sintomático que a primeira tradução francesa, de 1876-1878, feita
a partir da segunda edição da referida obra de Tylor, ostente como título La Civilisation
Primitive.
Mesmo assim, ainda nos meados do séc. XX, A. L. Kroeber e Clyde
Kluckhohn inventariaram umas 164 definições de cultura, nos trabalhos publicados
sobre o tema, até 1952, o que revela bem as divergências dos diversos autores sobre
essa matéria.
No entanto, dos anos de 1960 a esta parte, não obstante toda a disparidade
conceptual e terminológica ainda existente, tendeu-se, nos diferentes grupos linguísticos
da Europa, para uma certa convergência no que respeita à noção de “cultura”, sobretudo
nas Ciências Sociais, onde se procura entender pelo termo “cultura” todo o conjunto de
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realizações espirituais, materiais e técnicas que, no dizer de Ralph Linton (1936; 1945),
constituem a herança social de um grupo, passado ou presente, simples ou complexo.
Deste modo, a palavra civilização, mais ou menos eivada de preconceitos
etnocentristas, parece ser cada vez mais desnecessária adentro do vocabulário utilizado
pelas diversas Ciências Sociais. Ficará, então, o termo cultura, não obstante todas as
suas eventuais polivalências, que, com Mischa Titiev (1972, p. 390), se pode definir
como “todo o conjunto de objectos, valores, significados simbólicos e formas de
comportamento repetitivas que guiam a conduta dos membros individuais de uma
sociedade”. Ou, para utilizar a feliz expressão de Herskovits (1963, p. 31), “a cultura é a
parte do ambiente feita pelo homem”. Melhor ainda, no dizer do autor deste texto, a
cultura é a pegada humana na natureza (ANTUNES, 2016, p. 91).
4 MUSEUS E TURISMO
Essa “pegada humana” tem, naturalmente, múltiplas e variadas expressões.
Passadas umas, presentes outras, e as que hão-de vir.
Desde a mítica “Arca de Noé”, da tradição judaico-cristã, ou das “Casas das
Musas”, da antiga Grécia (ANTUNES, 2015, p. 143), os museus representam o maior e
melhor repositório do passado da cultura. Apesar do grande acervo da humanidade que
se perdeu e continua a perder.
Como refere Peter WEIBEL (2013, p. 9):
De acordo com o nosso ponto de vista, colecionar significa
cuidar das obras de forma a garantir que elas não desapareçam.
Se investigamos de forma rigorosa a documentação sobre
quantas obras de arte poderiam ter sido preservadas para a
posteridade durante o último milénio, verificaremos que os
dados estatísticos variam entre os sete e os dez por cento. Este
resultado lamentável, que indica que noventa por cento das
obras de arte criadas pelo ser humano desaparecerá, não
representa nenhuma surpresa perante o facto sinistro e bem
conhecido de civilizações e culturas inteiras que desapareceram
e são reduzidas a pó ou soterradas.
Mas também, no presente, os museus constituem (devem constituir) instituições
dinamizadoras e promotoras de cultura.
Efetuando uma retrospetiva histórica, parece constatar-se que, mesmo quando
nem sequer existia a palavra “turismo”, grande parte daquilo que hoje esse termo
engloba, já estava relacionada com a visita a monumentos, a santuários, a eventos
desportivos, e, até, a museus.
Isso surge, de uma forma mais evidente, a partir do aparecimento do Grand
Tour. Desde então, turismo e museus têm caminhado a par.
De fato, já no Renascimento, floresceu o colecionismo privado de comerciantes
e banqueiros, que financiavam a arte sagrada e profana, ou se dedicavam à busca de
objetos da antiguidade clássica, embora a apreciação dessas coleções e o acesso ao local
onde se encontravam guardadas, fosse privilégio dos nobres, clérigos e artistas
(ANTUNES, 2015, p. 143).
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Mas foi nos sécs. XVI e XVII, coincidindo com o nascimento do Grand Tour,
que surgiram, pela Europa, “Gabinetes de Curiosidades” ou “Câmaras de Maravilhas” e
as “Galerias” palacianas, com exposição de pinturas e esculturas. Por essa altura,
começaram a ser fundadas também sociedades e instituições, com intuitos científicos.
Destas, são exemplo os jardins botânicos de Pisa (1543) e de Pádua (1545), a Real
Sociedade de Londres (1660) e a Academia de Ciências de Paris (1666). No Brasil, a
primeira coleção parece ter sido formada pelo neerlandês conde Maurício de Nassau,
por volta de 1640, no Palácio de Friburgo, no Recife, semelhante aos “Gabinetes de
Curiosidades” (ANTUNES, 2015, p. 143-144).
E apareceram, pela primeira vez, na Europa, os museus (termo resgatado pelos
humanistas) com o objetivo de educar o público, como ocorreu em Basileia, em 1671, e
na Inglaterra, em 1683, na Universidade de Oxford. Outros se lhes seguiram, como o
Museu Britânico, em Londres, em 1759, e o Museu do Louvre, em Paris, em 1793, já
por iniciativa governamental (ANTUNES, 2015, p. 144).
Desde então, o museu teve um longo e criativo percurso. Percorrendo um
caminho que se fez caminhando. Nomeadamente, já no séc. XX, sobretudo depois do
ICOM (International Council of Museums), ter organizado a “Mesa Redonda sobre o
Desenvolvimento e o Papel dos Museus no Mundo Contemporâneo”, em Santiago do
Chile, de 20 a 31 de maio de 1972, onde foi aprovada uma Declaração que marca um
virar de página, no pensamento e prática da museologia, uma verdadeira rutura
epistemológica (ANTUNES, 2015, p. 147).
Apareceram, a partir daí, os “ecomuseus”, os “museus integrais”, “os museus de
sociedade”, a “Nova Museologia”, mais centrada nos problemas da comunidade do que
no objeto museológico, enfim, o MINOM (Movimento Internacional para a Nova
Museologia), que nasceu, oficialmente, em Lisboa, em 1985 (PÉREZ, 2009, p. 180).
O MINOM teve um papel que, como refere Xavier Pereiro Pérez (2009, p.
180-181), se afirmou no meio científico e social:
Ao contrário da velha museologia, mais preocupada com as
questões administrativas e a preservação do objecto, a nova
museologia vai estar mais voltada para as necessidades sociais e
para as comunidades. O museu passará a ser criado com a
comunidade, respondendo assim às suas necessidades e
realizando um exercício de cidadania.
Ao seu lado estará a museologia social, que valorizará os seres
humanos como sujeitos participativos, críticos e conscientes da
sua realidade, transcendendo assim a valorização da cultura
material desvinculada da realidade social. A museologia social
procurará visualizar mais conceitos do que objectos. Ela pode
testemunhar o passado, mas interessa-se vivamente pelo
presente, realizando uma aproximação informal e comunicativa.
Há muitas definições de museu. Mas a mais consensual (talvez por ser a oficial)
parece ser a do ICOM (2017), que também teve a sua evolução desde a de 1956 até à
consagrada, atualmente, nos respetivos estatutos, datados de 24 de agosto de 2007, a
qual se manteve na nova versão, aprovada na Assembleia Geral Extraordinária do
ICOM, em Paris, em 9 de junho de 2017:
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Um museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao
serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao
público, que adquire, conserva, estuda, comunica e expõe o
património material e imaterial da humanidade e do seu meio
envolvente, com fins de estudo, de educação e deleite.
A par da definição de museu, importa ter em conta o documento da UNESCO
(2015) “Recomendação relativa à proteção e promoção dos museus e das coleções, da
sua diversidade e do seu papel na sociedade”, aprovado na Assembleia Geral, em Paris.
Aí se preconiza, além do mais:
Os Estados Membros devem reconhecer que os museus podem
ser atores econômicos na sociedade e contribuir para atividades
geradoras de receita. Além disso, estes participam na economia
do turismo e em projetos produtivos que contribuem para a
qualidade de vida das comunidades e das regiões onde se
localizam. De um modo mais amplo, estes podem também
aumentar a inclusão social de populações vulneráveis.
Mais adiante:
Os Estados Membros são encorajados a apoiar a função social
dos museus, destacada pela Declaração de Santiago do Chile, de
1972. Os museus são cada vez mais vistos, em todos os países,
como tendo um papel chave na sociedade e como fator de
promoção à integração e coesão social. Neste sentido, podem
ajudar as comunidades a enfrentar mudanças profundas na
sociedade, incluindo aquelas que levam ao crescimento da
desigualdade e à quebra de laços sociais.
E ainda:
Os museus podem constituir espaços para reflexão e debate de
temas históricos, sociais, culturais e científicos. Os museus
devem também promover o respeito pelos direitos humanos e
pela igualdade de género. Os Estados Membros devem encorajar
os museus a cumprir todos estes papéis.
É tudo isso que a Nova Museologia – nascida com a Declaração de Santiago do
Chile, de 1972, e consagrada com a Declaração do Quebec, de 1984 – tem vindo a
desenvolver. Como refere Mário Moutinho (2017, p. 5):
Afinal tudo aquilo que a Nova Museologia e a Museologia
Social, a Sociomuseologia tanto pugnaram nestes 30 anos é
agora plasmado num documento da UNESCO.
Afinal sempre fazia sentido pretender que os museus deveriam
envolver-se com as questões de desenvolvimento, de inclusão
social e de integração, de mudanças sociais, espaços de reflexão
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e debate sobre questões históricas, sociais, culturais e científicas.
Museus também devem fomentar o respeito pelos direitos
humanos e igualdade de género.
Como se vê, também neste âmbito, os museus muito têm a ver com o turismo.
Nomeadamente com o turismo cultural.
Xavier Pereiro Pérez (2009, p. 203) afirma com a maior pertinência que “os
museus, na sua relação com o turismo, têm sido fundamentais na produção de cultura e
património cultural. O museu está intimamente ligado às artes e ao património cultural”.
Na verdade, os museus constituem grandes atrações turísticas e, geralmente,
rentáveis, económica, política e socialmente. Não apenas os grandes museus, que
atraem anualmente milhões de turistas, mas, mesmo, os pequenos museus criados no
âmbito das associações culturais, das associações locais de desenvolvimento ou dos
municípios.
5 CONCLUSÃO
Voltando ao mito fundador, com tudo o que ele significa enquanto alegoria, o
turismo parece representar o desejo de retorno ao “paraíso perdido” (KORSTANJE,
2016), com toda a sua beleza e abundância, onde o homem só estava proibido de comer
os frutos da árvore da ciência do bem e do mal (Génesis, 2, 17). Serão os museus os
frutos proibidos dessa árvore? Assim parece ter acontecido antes da abertura dos
museus ao público e, sobretudo, anteriormente à rotura trazida pela Nova Museologia e
a democratização museológica consequente.
A generalidade dos turistas atuais procura envolvimento com os locais visitados,
interatividade, experiências multissensoriais. E, aqui, os museus podem ter o seu papel,
além do mais, como uma das atrações turísticas, enquanto importantes meios de
exposição e apropriação cultural, transformando, inclusive, os visitantes em
participantes e contrutores da própria vivência museal.
REFERÊNCIAS
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Moçambique. 2 ed. Lisboa: CPES/ULHT, 2016.
________. Pelos Caminhos da Museologia em Portugal. Revista Iberoamericana de
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________. Vilarinho da Furna: um projeto museológico de turismo sustentável. Revista
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Bertrand, 1974.
BARRETTO, Margarita. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. 17 ed.
Campinas: Papirus Editora, 2008.
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BOUDON, Raymond (Org.). Dicionário de Sociologia. Lisboa: Pub. Dom Quixote,
1990. (Original em francês, publicado em 1989).
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From tourism to museums, with passage through culture
Abstract
The human species is naturally traveler. Hence human beings have dispersed on all
continents and continue to do so, even trying to out of the space of planet Earth. For the
most diverse reasons: military, religious, sports, business, study, leisure, tourism. It was
only from the Modern Age that tourism appeared itself, which implied the emergence of
a certain type of journey, which has been developed up to our days, in multiple forms,
with appropriate structures and organizations, fostering, in addition, in the current
moment of globalization, the relationship between peoples and the interpenetration of
cultures, where museums play an important role.
Keywords: Culture, ICOM, OMT, Museum, Tourism.
Artigo recebido em 29/07/2017. Aceito para publicação em 28/10/2017.