Available via license: CC BY-NC-ND 4.0
Content may be subject to copyright.
[ 64 ] Diciembre de 2017. ISSN 2011-3188. E-ISSN 2215-969X. Bogotá, pp. 64-75. http://dearq.uniandes.edu.co
dearq 21. CIUDAD, LITERATURA Y ARQUITECTURA EN PORTUGAL
Coimbra e o valor identitário da retórica
do Estado Novo*
Coímbra y el valor identitario de la retórica del Estado Nuevo
Coimbra and the value of identity of New State rhetoric
Recibido: 01 de marzo de 2016; Aprobado: 28 de agosto de 2017; Modificado: 17 de octubre de 2017
DOI: http://dx.doi.org/10.18389/dearq21.2017.06
Articulo de reflexión
Resumo
A Cidade Universitária de Coimbra (1943-1975) foi a mais longa obra de promoção do Estado
Novo, construída a partir de uma enorme operação de demolição do tecido urbano existente,
impondo uma escala e linguagem monumental sobre um território criado quase de raiz. Ape-
sar da ausência de espaços de representação coletiva, o novo conjunto monumental acabou por
ser aceite, anos mais tarde, como símbolo identitário da cidade. Este artigo pretende explorar a
ambivalência entre os aspectos políticos e disciplinares da construção da Cidade Universitária de
Coimbra, expressão evidente de uma retórica de poder e o seu reinvestimento simbólico para a
cidade.
Palavras chave: Cidade Universitária de Coimbra, Estado Novo, identidade, monumentalidade.
Resumen
La Ciudad Universitaria de Coímbra (1943-1975) fue la más larga obra de promoción del Estado
Nuevo construida a partir de una gran operación de demolición del tejido urbano existente, que
impuso una escala y lenguaje monumental sobre un territorio creado casi desde cero. Pese la
ausencia de espacios de representación colectiva, el nuevo conjunto monumental fue aceptado,
años más tarde, como símbolo identitario de la ciudad. El artículo busca explorar la ambivalencia
entre los aspectos políticos y disciplinarios de la construcción de la Ciudad Universitaria de Coim-
bra, expresión evidente de una retórica de poder y su reinversión simbólica para la ciudad.
Palabras clave: Ciudad Universitaria de Coimbra, Estado Nuevo, monumentalidad, identidad.
Abstract
The University City of Coimbra (1943-1975) was the largest work that promoted the New State;
it was built after a huge demolition of the city´s existing urban fabric. It imposed a monumental
scale and language on a territory that was created almost from scratch. Despite the absence of
spaces for collective representation, the new monumental complex was, years later, accepted as
a symbol of the city´s identity. This article looks to explore the ambiguity between the political
and disciplinary characteristics of the construction of the University City of Coimbra, which are a
clear expressions of the rhetoric of power and their symbolic reinvestment for the city.
Key words: University City of Coimbra, New State, monumentality, identity.
* Este trabalho é parte da investigação de doutoramento em curso cofinanciado pelo Fundo Social Europeu, através do
Programa Operacional Potencial Humano e por Fundos Nacionais através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT),
no âmbito da Bolsa de Doutoramento com a referência SFRH/BD/87825/2012.
Coimbra eo valor identitário de retórica do Estado Novo. Susana Constantino [ 65 ]
dearq 21. INVESTIGACIÓN TEMÁTICA
Susana Constantino
susanaconstantino@gmail.com
Arquitecta (1999) e Mestre em Reabilitação do Espaço Construído (2006) pela
Universidade de Coimbra (UC). Entre 2010 e 2013 foi Assistente Convidada da
disciplina de Projecto I no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciência
e Tecnologia da UC. Actualmente encontra-se a desenvolver o Doutoramento em
Arquitectura na UC. É investigadora de Doutoramento no Centro de Estudos Sociais
da UC.
Introdução
Em 2013, a Alta de Coimbra, onde se localiza o
polo original de uma das mais antigas universida-
des da Europa, foi declarada património mundial
pela Organização das Nações Unidas para a Edu-
cação, a Ciência e a Cultura (Unesco).1 Esta dis-
tinção veio reforçar a imagem iconográfica deste
local, símbolo da identidade da cidade. No entan-
to, o que hoje se conhece como a Alta de Coim-
bra é uma realização urbanística relativamente
recente, de meados do século XX, e que resultou
de um processo longo e doloroso, que abriu uma
profunda ruptura na cidade, destruindo parte do
aglomerado medieval existente e intensamente
habitado. Construída sobre a orientação direta
do Ministro das Obras Públicas do Estado Novo,
a Cidade Universitária de Coimbra tem também
por isso, consigo, a carga simbólica de ser uma
das obras de referência do regime onde melhor
se afirmou o vocabulário oficial da obra pública,
particularmente influenciado pelos princípios da
arquitetura do fascismo italiano.
A vida urbana que a construção da nova cidade
universitária eliminou nunca foi verdadeiramen-
te reposta neste local. Na verdade, a nova cida-
de universitária foi pensada para a criação de um
local monofuncional, dedicado ao estudo e que
excluiu, na sua própria génese, as possibilidades
de integração de várias atividades urbanas. Essa
convivência entre a universidade e a cidade, aca-
bou por se realizar na cota baixa da cidade uni-
versitária, num edifício construído no mesmo
processo, mas com requisitos de representação
completamente distintos: o complexo das Ins-
talações Académicas de Coimbra, inaugurado
em 1961. Desenhado para receber as atividades
quotidianas da comunidade académica, resultou
num equipamento urbano de carácter cultural e
social com uma diferente atitude na sua relação
com a cidade.
Existe assim uma ambivalência entre a retórica
monumental que o Estado Novo imprimiu à nova
Cidade Universitária de Coimbra e o poder icóni-
co e identitário que alcançou na cidade. Este arti-
go vai analisar a importância que desempenhou
uma ideia de lugar para a construção da cidade
universitária e dos modelos arquitetónicos e po-
líticos que a fundamentaram na sua aceitação
como um local de identidade da cidade, apesar
da ausência de espaços de representatividade cí-
vica, que acabaram por encontrar a sua expressão
nas Instalações Académicas.
A condição para o plano da Cidade
Universitária de Coimbra: a tradição do lugar
A ideia da Cidade Universitária em Coimbra nas-
ce como reação ao anúncio de construção de um
novo campus universitário em Lisboa, no início da
década de 1930. As instalações onde então fun-
cionava a Universidade de Coimbra eram ainda as
mesmas que tinham ficado definidas pela refor-
ma pombalina da Alta no século XVIII e tinham-se
1 A área classificada como património mundial inclui a Rua da Sofia, aberta por altura da transferência definitiva da
instituição em 1537, mas também todo o conjunto da Alta de Coimbra, que compreende o Paço das Escolas, onde se
localizava o antigo Paço Real de Coimbra, os edifícios da reforma pombalina do século XVIII e o complexo construído
durante o Estado Novo. Para mais informação sobre a área classificada, ver “Universidade de Coimbra Alta e Sofia.
Património Mundial”.
[ 66 ] Diciembre de 2017. ISSN 2011-3188. E-ISSN 2215-969X. Bogotá, pp. 64-75. http://dearq.uniandes.edu.co
dearq 21. CIUDAD, LITERATURA Y ARQUITECTURA EN PORTUGAL
tornado claramente inadequadas e insuficientes,
esgotando as suas possibilidades de crescimen-
to. A reforma do ensino universitário de 1911,
com a abertura do ensino superior a um maior
número de alunos e a reorganização dos cursos
e da investigação científica, tornou a necessidade
de novos espaços ainda mais premente. A inten-
ção anunciada do investimento em Lisboa serviu
como motivo para despoletar uma reivindicação
mais intensa por parte de Coimbra no sentido da
renovação das instalações, alegando a importân-
cia e tradição da instituição instalada na cidade
desde o século XVI. No entanto, o plano de reno-
vação e ampliação das instalações existentes viria
a revelar-se, desde cedo, condicionado pela falta
de espaço.2
Perante os argumentos da necessidade de moder-
nização das instalações universitárias, é criada,
em 1934, uma primeira comissão de professores
da Universidade responsável pela elaboração de
um programa base de intervenção acompanha-
da pelos arquitetos Raul Lino e Luís Benavente,
que deveriam elaborar um plano geral “em torno
do núcleo das actuais instalações universitárias,
abrangendo a área necessária à sua conveniente
expansão e ao seu perfeito isolamento de edifica-
ções privadas”.3 Ficava assim expressamente de-
clarada a intenção de manter a localização exis-
tente, ponderando apenas possíveis expansões,
sendo o espaço necessário dentro da Alta inevi-
tavelmente conseguido à custa das demolições
do conjunto de edifícios privados que até então
conviviam com os colégios universitários.
Em 1937, Oliveira Salazar estabelece a sua visão
pessoal do programa urbanístico para a Cidade
Universitária de Coimbra. No texto escrito como
prefácio para o seu livro de discursos, expressa a
intenção de redesenhar o conjunto universitário
mantendo a sua localização na Alta, no mesmo
local onde funcionavam, desde o século XVI, os
colégios universitários. Para a concretização des-
sa visão, apresentava como indispensável uma
vasta operação de demolições que assegurasse
o necessário “realce” dos edifícios nobres e liber-
tasse o espaço para novas construções, ao mes-
mo tempo que permitisse garantir o carácter mo-
nofuncional do espaço, dedicado exclusivamente
ao “estudo”.4
Tal como notam os investigadores Reis Torgal e
Nuno Rosmaninho, o texto de Salazar não traz,
na realidade, nada de novo em relação ao que já
tinha sido estabelecido pela Comissão de Obras
de 1934, nomeadamente a opção pela localização
e pelo isolamento funcional da Alta, mas é o tom
pessoal que coloca na mensagem que reforça a
visão política do discurso e lhe confere a catego-
ria de “texto fundador”.5
A apresentação deste texto vem dar uma impor-
tância política a uma decisão tomada de acordo
com um valor sentimental dado à Alta de Coim-
bra por aqueles que a utilizavam, reforçando a
sua importância enquanto lugar. Historicamente,
a Alta era uma entidade definida pelas antigas
muralhas do século IX — entretanto desapareci-
das — que delimitavam um território com uma
estrutura socioeconómica particular. A instala-
ção definitiva da Universidade na Alta, em 1537,
fixou uma nova classe social ligada à instituição e
reafirmou este espaço como o lugar de referência
da elite nacional com uma memória histórica e,
em particular, uma tradição académica únicas no
país. A opção pela manutenção da Universidade
na Alta de Coimbra foi fortemente influenciada
pela importância dessa memória entre os respon-
sáveis da Universidade. Efetivamente, como nota
Nuno Rosmaninho, a opção pela localização de
uma nova cidade universitária fora da Alta nem
foi verdadeiramente colocada.6
A ideia de realização de um plano para uma nova
cidade universitária em Coimbra é retomada em
1941, data de criação da nova Comissão Adminis-
trativa do Plano de Obras da Cidade Universitária
de Coimbra (CAPOCUC).7 Chefiada pelo arquiteto
2 Para um enquadramento historiográfico sobre a origem do projeto da Cidade Universitária de Coimbra, ver Rosmaninho, O
princípio de uma “Revolução Urbanística” no Estado Novo.
3 Ministério das Obras Públicas e Comunicações, Portaria.
4 Ver Oliveira Salazar, Discursos e notas políticas, II, xx–xxi.
5 Sobre o assunto, ver Torgal, “Nota de apresentação”, 4; Rosmaninho, O princípio de uma “Revolução Urbanística”, 54.
6 Rosmaninho, O princípio de uma “Revolução Urbanística”, 47-50.
7 Criada pelo Decreto-Lei 31.576 de 15 de outubro de 1941.
Coimbra eo valor identitário de retórica do Estado Novo. Susana Constantino [ 67 ]
dearq 21. INVESTIGACIÓN TEMÁTICA
Cottinelli Telmo, a CAPOCUC passava a depen-
der diretamente do Ministro das Obras Públicas
e Comunicação, Duarte Pacheco,8 responsável
pela aprovação do plano e de todos os projetos.
Na verdade, algumas das ideias que conferem
um carácter mais monumental ao plano, como a
praça em frente ao Paço das Escolas, a proposta
de um grande edifício único dedicado à Faculda-
de de Medicina, e principalmente o desenho das
Escadas Monumentais como meio de prolongar
e rematar o eixo central, parecem dever-se pes-
soalmente a Duarte Pacheco.9
Trabalhando de perto com o ministro, Cottinelli
assume a visão progressista da tabula rasa, de-
fendendo o desenho de um plano regulador, com
um traçado geometrizado, procurando a abertu-
ra de grandes eixos monumentais e a construção
de um grande conjunto arquitetónico. Este é, as-
sim, um importante ponto de viragem em todo o
processo: é então abandonada a ideia da simples
renovação das instalações universitárias e ideali-
zado um plano para uma cidade universitária ex
novo. Até esse momento, como se pode ler no
relatório da primeira Comissão de Obras, o que
8 Sobre a ação de Duarte Pacheco, cf. entre vários, Sandra Vaz Costa, O país a régua e esquadro.
9 Sobre o assunto, ver Rosmaninho, O princípio de uma “Revolução Urbanística”, 73 e 108. Ver também o documento não
assinado “Cidade Universitária de Coimbra. Determinações, desejos e ideias do senhor Ministro das Obras Públicas e
Comunicações. O que está feito e o que está por fazer”.
Figura 1. Cottinelli Telmo, Plano da Cidade Universitária de Coimbra (2ª versão preliminar), 1942. Foto de Horácio Novais, s/d.
Fonte: Coleção Estúdio Horácio Novais. Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, CFT164.16036.
[ 68 ] Diciembre de 2017. ISSN 2011-3188. E-ISSN 2215-969X. Bogotá, pp. 64-75. http://dearq.uniandes.edu.co
dearq 21. CIUDAD, LITERATURA Y ARQUITECTURA EN PORTUGAL
estava em análise era a elaboração de um projeto
que compreendia “a utilização racional dos edifí-
cios existentes e a construção eventual de novos
edifícios” (fig. 1).10
O plano de Cottinelli, desenvolvido ao longo de
cinco soluções entre 1942 e 1943, parece não ter
qualquer preocupação com a topografia do local
e, acima de tudo, com o núcleo urbano existen-
te, implicando um nível de demolições quase ge-
neralizado. O que se verificou, na realidade, não
foi apenas uma operação de “limpeza” para dar
“realce” a edifícios nobres, conforme anunciou
Salazar no seu texto fundador, mas sim uma ac-
ção de eliminação quase completa de um am-
biente construído que deixou livre um território
para a implantação de um plano desenhado de
raiz. Foram destruídos vários edifícios de valor
patrimonial entre os quais a Igreja de S. Pedro, os
colégios de S. Paulo Eremita, de S. Boaventura e
dos Militares, um arco do aqueduto quinhentista
e os vestígios da torre de menagem do castelo de
Coimbra. Para além destes edifícios singulares, a
operação de demolições implicou a massiva ex-
propriação de habitações e lojas e o consequen-
te realojamento dos seus habitantes em novos
bairros periféricos da cidade, mas também apa-
gou deliberadamente o cadastro e a malha urba-
na existente, ruas, largos e praças onde decorria
uma vida urbana ativa e intensa, partilhada pelos
habitantes e pelos estudantes (fig. 2).11
Assim se afirmou um dos mais evidentes parado-
xos entre uma escolha movida por razões cultura-
listas, de uma certa celebração do carácter histó-
rico e cultural do lugar e um método progressista
de tabula rasa, aplicado nos grandes Planos de
Urbanização promovidos pelo Ministro Duarte
Pacheco para os centros urbanos.12 Por um lado,
a opção da manutenção do lugar podia fazer es-
perar um tipo de intervenção como aquele mais
defendido por Raul Lino a favor do valor cultural
dos núcleos urbanos antigos. Por outro lado, as
intervenções levadas a cabo pela Direcção Geral
dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN),
responsável obras públicas de intervenção nos
edifícios com valor histórico e patrimonial, se-
guiam os modelos internacionais de restauro in-
10 Relatório da 1a Comissão de Obras da Cidade Universitária de Coimbra, citado em Rosmaninho, O princípio de uma
“Revolução Urbanística”, 94 e 216.
11 Segundo informações apresentadas por Maximino Correia, reitor da universidade durante as obras da Cidade Universitária,
foram desalojadas entre 2000 a 3000 pessoas, o que equivale a 5% dos habitantes da cidade à época. Ver Maximino
Correia, Ao serviço da Universidade de Coimbra, 131.
12 Os planos gerais de urbanização, estabelecidos pelo Decreto-lei 24.802 de 21 de dezembro de 1934, instituíam uma
política progressista de ordenamento do território para as maiores cidades do país, promovendo a transformação “pela
efectiva criação de uma imagem urbana com que o regime se identificasse”. Sobre o assunto, ver Margarida Souza Lôbo,
Planos de urbanização.
Figura 2. Demolições durante a construção da Cidade Universitária de Coimbra. 1943/1944. Fonte: A Velha Alta... Desaparecida :
Álbum comemorativo das bodas de prata da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra (Coimbra: Almedina, 1984), 50.
Coimbra eo valor identitário de retórica do Estado Novo. Susana Constantino [ 69 ]
dearq 21. INVESTIGACIÓN TEMÁTICA
tegral e valorização do monumento através de
demolições pontuais.13 No final, o que se verificou
foi uma operação de demolição generalizada que
ignorou as preocupações mais patrimonialistas e
se aproximou das propostas urbanas desenvolvi-
das por Mussolini para a reconversão dos centros
históricos em Itália na década de 1930, onde se
destrói o centro medieval da cidade a favor de
uma composição formalista e profundamente
clássica no seu desenho.14 No fundo, assistiu-se
em Coimbra a uma utilização da metodologia da
tabula rasa esvaziada dos seus pressupostos es-
téticos e ideológicos de vanguarda o que, segun-
do afirma Françoise Choay, foi um opção comum
entre os estados totalitários.15
Assim, a manutenção da localização tradicional
da universidade foi, paradoxalmente, a razão que
motivou a opção pela construção ex-novo con-
seguida através do uso de uma metodologia de
características manifestamente progressistas.
As opções tomadas em nome da modernização
não só rejeitaram o discurso oficial de defesa dos
símbolos da nação e as opiniões que se opunham
à eliminação dos núcleos urbanos antigos como
também superaram as teorias de preservação
dos monumentos históricos defendidas pelas
orientações da DGEMN. A maior ambiguidade es-
teve na escolha de um método que nega as par-
ticularidades específicas de cada lugar aplicado a
um território escolhido, precisamente, pelo valor
da memória colectiva associada a esse lugar.16
Num artigo publicado em 1956, José Rafael Bo-
telho e Celestino Castro afirmam que foi precisa-
mente em nome da tradição que se eliminaram os
núcleos habitacionais existentes que conferiram
“a parte viva e com tradições da Cidade Universi-
tária”, a única no país que incluía uma “feição ci-
tadina” capaz de lhe conferir esse nome.17 E, com
essa decisão baseada no simples fator de “apego
a um sítio”, condicionou-se a construção da nova
cidade universitária a uma clara falta de espaço.
Os modelos da cidade universitária de
Coimbra
O problema colocado em Coimbra, sobre a insufi-
ciência e a inadequação das instalações universi-
tárias existentes, e a falta de espaço para futuras
expansões nos recintos universitários, com tradi-
ções seculares, não era de todo original e acom-
panhava o debate internacional de meados do sé-
culo XX sobre a modernização das universidades.
A opção tomada sobre a manutenção da localiza-
ção existente e a consequente construção de um
conjunto concentrado e com poucas capacida-
des de expansão foi, nesse contexto, totalmente
consciente e estabelecida a partir de modelos de
comparação concretos. Assim o revela a exposi-
ção de Manuel de Sá e Mello, Engenheiro Director
da CAPOCUC, quando resume as hipóteses de in-
tervenção a “duas alternativas possíveis”: cidades
universitárias que ocupam grandes superfícies,
como era o caso de Madrid e dos países america-
nos, ou cidades universitárias “com áreas reduzi-
das e os serviços concentrados”, solução adotada
nas universidades europeias como Roma, Oslo,
Berna, Atenas devido “à tradição e conveniência
de aproveitamento dos edifícios existentes”.18
Estabelecida a opção relativa ao lugar e ao con-
sequente tipo de cidade universitária pretendida,
a evolução do plano desenvolvido por Cottinelli
foi clarificando a volumetria dos novos edifícios
e principalmente o desenho da praça que rema-
tava o eixo criado com a abertura da nova alame-
da. Os edifícios alinhados ao longo dessa via vão
procurando, cada vez mais, referenciar-se a partir
da escala e proporção dos maiores colégios uni-
versitários, maximizando a escala do conjunto e
a ocupação do terreno. Por sua vez, o desenho do
remate desse novo eixo foi evoluindo para uma
solução de praça retangular que seria prolongada
por um conjunto de escadas até à cota baixa da
cidade, forçando uma ligação topográfica dema-
13 Sobre a política de intervenção da DGEMN, ver Maria João Neto, “A Direcção Geral dos edifícios e Monumentos Nacionais”.
14 Sobre as operações de reconversão urbana em Itália, ver Danesi e Patetta, 1919-1943, rationalisme et architecture en Italie.
15 Françoise Choay, O urbanismo, utopias e realidades, 33.
16 Sobre a ideia de memória coletiva, ver Halbwachs, La mémoire collective.
17 Botelho e Castro, “Cidades universitárias”, 32.
18 Sá e Mello, “Carta do engenheiro director delegado ao Ministro das Obras Públicas”.
[ 70 ] Diciembre de 2017. ISSN 2011-3188. E-ISSN 2215-969X. Bogotá, pp. 64-75. http://dearq.uniandes.edu.co
dearq 21. CIUDAD, LITERATURA Y ARQUITECTURA EN PORTUGAL
siado desfavorável. A enorme diferença de cotas,
a sua dimensão e posição relativa no conjunto
conferiu a esta peça o nome elucidativo de Esca-
das Monumentais (fig. 3).
Alguns desses elementos do plano, como o ali-
nhamento dos novos edifícios simetricamente
colocados ao longo da alameda e o pórtico de re-
mate da praça a eixo, que não se chegou a cons-
truir, revelam diretas referências ao desenho da
Cidade Universitária de Roma de Marcello Pia-
centini que a CAPOCUC visitou numa série de via-
gens de estudo a algumas das mais importantes
universidades europeias.19
No regresso dessas viagens, Maximino Correia,
reitor da Universidade de Coimbra e presidente
inerente da CAPOCUC, elabora um extenso rela-
tório sobre os modelos encontrados. Do exemplo
de Roma elogia “o grande pórtico de altas pilas-
tras ladeado por edifícios de linhas modernas e
sóbrias”, “a avenida larga, não muito extensa, que
conduz ao edifício principal” e que remata num
largo e a “monumentalidade dos seus edifícios”,
elementos que seriam incorporados nas propos-
tas de Cottinelli. Na conclusão desse relatório,
Maximino Correia aponta o modelo escolhido:
O plano da Cidade Universitária de Coimbra,
concebido em moldes idênticos aos de Roma, é
sem dúvida o que convém e melhor se adapta à
existência de edifícios seculares que devem ser
aproveitados, mas é necessário que o espaço
utilizado para a construção de novos edifícios seja
ampliado por forma de dar satisfação às exigên-
cias actuais dos diversos serviços.20
Para além das opções estruturantes, a influên-
cia do modelo irá notar-se no desenho urbano
do plano que confere o carácter monumental do
conjunto, pela organização a partir do grande
eixo central e da consequente simetria de com-
posição que, nas palavras do próprio Piacentini,
estabelece a “ordem e a postura de grandiosida-
de” do plano.21
19 Ver relatório da viagem em Correia, Ao serviço da Universidade de Coimbra. Sobre o tema das viagens ao estrangeiro, ver
Arquivo da Universidade de Coimbra, CAPOCUC 46, 271, 361, 471 e 514, e Rosmaninho, O poder da arte, 82-86.
20 Correia, Ao serviço da Universidade de Coimbra, 33.
21 Piacentini, “Metodi e caratteristiche”, 4.
Figura 3. Vista aérea da Cidade Universitária de Coimbra com colagem de desenho de Cottinelli Telmo. Exposição “Os anos 40
na arte portuguesa”, 1982. Foto de Mário Novais, 1982. Fonte: Coleção Estúdio Mário Novais. Biblioteca de Arte da Fundação
Calouste Gulbenkian, CFT003.023783.
Coimbra eo valor identitário de retórica do Estado Novo. Susana Constantino [ 71 ]
dearq 21. INVESTIGACIÓN TEMÁTICA
Figura 4. Lucínio da Cruz, Faculdade de Medicina, 1956. Foto de Horácio Novais, s/d. Fonte: Coleção Estúdio Horácio Novais.
Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, CFT164 025033.
Como resultado, a Cidade Universitária de Coim-
bra veio corresponder ao que Nuno Teotónio
Pereira define como a via do Estado Novo esco-
lhida para os grandes edifícios públicos onde “o
carácter dominante era de uma monumentali-
dade retórica de raiz clássica, muito próxima dos
modelos alemães e italianos da época. Tratava-se
de exprimir o poder do Estado e de incutir nos ci-
dadãos os valores da autoridade e da ordem”.22
A historiografia elaborada sobre a arquitetura
portuguesa dos anos de 1940 tem apresentado
quase de forma unânime a Cidade Universitária
de Coimbra como a obra de regime que melhor
demonstra uma utilização deliberada da arqui-
tetura de cariz monumental pelo poder político
como uma escolha ideológica, à imagem da re-
tórica dos restantes estados autoritários da épo-
ca.23 Mas, se no caso de Itália, a construção da
Cidade Universitária de Roma foi orientada por
uma visão assumida de Mussolini em associar a
sede de ensino superior a uma expressão espi-
ritual de concepção fascista,24 em Coimbra não
se pode afirmar que existiu um posicionamento
político claro que associasse as opções estéticas
do plano com quaisquer orientações ideológicas.
Após o texto inicial de Salazar, mais sentimental
que doutrinário, não é conhecida nenhuma outra
intervenção sua sobre o significado político da
obra. São os discursos oficiais da época, em par-
ticular os que saem da própria Universidade, que
associam a construção da Cidade Universitária a
uma ação pessoal do líder do governo (fig. 4).
As opções tomadas, influenciadas pelos modelos
urbanos e arquitetónicos de estados autoritários
como a Itália ou a Alemanha, foram postas em
prática sem um discurso ideológico a favor da
monumentalidade como estética do poder, de-
fesa da ordem ou representação da identidade
nacional, como aquele que acompanhou a Expo-
sição da Moderna Arquitectura Alemã, que decor-
reu em Lisboa em 1941.25 Nesse contexto, a Cida-
de Universitária de Coimbra enquanto exemplo
da retórica monumental do Estado Novo será por
ser assumida, por associação aos modelos que se
referencia, pelo seu próprio resultado formal.
As instalações académicas como centro da
vida comunitária
No momento em que a Europa estava profunda-
mente marcada pela destruição da guerra, Por-
22 Pereira, “A arquitectura do Estado Novo”, 200.
23 Veja-se Portas, “Arquitectura e urbanística na década de 40”, 296; Fernandez, Percurso da arquitectura portuguesa, 34;
Rosmaninho, O poder da arte.
24 Ver Marcello e Gwyne, “Speaking from the Walls”.
25 Speer, Neue Deutsche Baukunst.
[ 72 ] Diciembre de 2017. ISSN 2011-3188. E-ISSN 2215-969X. Bogotá, pp. 64-75. http://dearq.uniandes.edu.co
dearq 21. CIUDAD, LITERATURA Y ARQUITECTURA EN PORTUGAL
tugal assiste ao início da construção da Cidade
Universitária de Coimbra com uma atitude radical
em relação a um território histórico. A opção por
uma metodologia de tabula rasa, baseada nos
princípios do urbanismo funcionalista que a pró-
pria arquitectura moderna tentava agora ultra-
passar, torna evidente o desacerto temporal — e
estético — desta operação.
Na década de 1950, quando o processo de cons-
trução já havia começado e as demolições esta-
vam praticamente concluídas, começam a surgir
críticas abertas em relação a algumas das opções
estruturantes da Cidade Universitária e, em par-
te, da sua manutenção na Alta.26 É precisamente
nesse momento que se avança para a construção
de um equipamento indispensável nos campus
universitários modernos: um complexo que agre-
gasse as atividades de extensão académicas e
que incluísse locais de reunião e convívio.
Localizada desde 1913 no piso térreo do antigo
Colégio de S. Paulo Eremita, a antiga sede da as-
sociação de estudantes não resistiu ao programa
de demolições e, perante a clara falta de espaço
dentro dos limites do plano da Cidade Universi-
tária, o projeto das novas Instalações Académi-
cas estabelece definitivamente a sua saída da
Alta. Deste modo, eliminava-se do recinto da
Cidade Universitária um dos mais ativos espaço
de convívio entre os estudantes. Determinada
a localização na cota baixa das Escadas Monu-
mentais pelo então Ministro das Obras Públicas,
Eduardo Arantes de Oliveira, Luís Cristino da Sil-
va, arquiteto-chefe da CAPOCUC desde a morte
de Cottinelli em 1948, elabora o anteplano geral
das Instalações Académicas. Esta primeira pro-
posta desenhada, apresentada em duas versões,
estabelece um programa base ambicioso que
vai, posteriormente, sendo reduzido e adequa-
do ao local, mas deixa definida a ideia da “Sede
Cultural e Social” e do “Cine Teatro” como dois
edifícios quase autónomos na frente da Avenida
Sá da Bandeira, introduzindo com este gesto, a
função de equipamentos urbanos que viriam a
adquirir (fig. 5).
Para desenvolver o projeto, é contratado o arqui-
teto Alberto José Pessoa que trabalha em parce-
ria com o arquiteto e pintor João Abel Manta.27
No desenvolvimento da solução, até a entrega do
projecto de conjunto no início de 1957, Pessoa e
Manta vão adaptando o programa e experimen-
tando diferentes relações entre os volumes, a
frente urbana e o espaço central definindo o en-
cerramento do conjunto em relação à rua, num
desenho que intencionalmente delimita o quar-
teirão e reforça a uniformização de um pátio cen-
tral. Começa-se a desenhar um conjunto moder-
no, de baixa densidade, que desenvolve a ideia
funcionalista de atribuir a cada programa uma
forma particular e que valoriza o centro aberto
como um espaço fundamental de relação entre
volumes e escala humana, uma ideia oposta ao
desenho estático do campus. Com uma relação
muito mais próxima com a malha urbana da ci-
dade, este conjunto demonstra uma nova atitude
na sua relação com a cidade, que Jorge Figueira
descreve, recorrendo ao sentido da expressão do
filósofo Eduardo Lourenço, como uma “conse-
quente contra-imagem” em oposição ao monoli-
tismo da Cidade Universitária (figs. 6 e 7).28
Nesta combinação articulada de elementos, des-
taca-se a presença urbana do teatro. Para além
dos jardins e dos espaços de convívio, do museu e
da sala de exposições que integram o conjunto, é
principalmente com o teatro que este conjunto se
vai afirmar como um equipamento coletivo e cul-
tural ao serviço não só da comunidade universitá-
ria, mas também da cidade. Esta abertura pode
ser lida, simbolicamente na forma como este vo-
lume se relaciona com o espaço urbano, isolando-
-se no vértice do conjunto orientado para a Praça
da República para onde abre a galeria envidraçada
do bar avançando, em balanço, sobre a entrada
(fig. 8). Numa comparação entre os dois símbolos
que se opõem, o Teatro e as Escadas Monumen-
tais, Jorge Figueira afirma ainda que:
Entre esta arquitectura decididamente moderna
e a Escadaria decididamente Monumental, uma
centena de metros à frente, cruza-se a história
26 Sobre o assunto ver Rosmaninho, O poder da arte, 61-63.
27 Numa fase inicial, a equipa também conta com a participação de Norberto Correa.
28 Figueira, “Para uma Coimbra não sentimental”, 151.
Coimbra eo valor identitário de retórica do Estado Novo. Susana Constantino [ 73 ]
dearq 21. INVESTIGACIÓN TEMÁTICA
Figura 5. Luís Cristino da Silva, ante plano de conjunto das instalações académicas de
Coimbra (solução A), 1954. Fonte: Arquivo da Universidade de Coimbra, CAPOCUC 364.
Figura 6. Foto aérea das instalações académicas. Foto de Varela
Pècurto. Fonte: Imagoteca da Câmara Municipal de Coimbra.
Figura 7. Foto aérea da Cidade Universitária de Coimbra e Instalações Académicas. Foto de Varela Pècurto. Fonte: Imagoteca da Câmara Municipal de Coimbra.
[ 74 ] Diciembre de 2017. ISSN 2011-3188. E-ISSN 2215-969X. Bogotá, pp. 64-75. http://dearq.uniandes.edu.co
dearq 21. CIUDAD, LITERATURA Y ARQUITECTURA EN PORTUGAL
da cidade [...]. O teatro é, ainda hoje, um farol
de modernidade, o espaço central da cultura em
Coimbra. As “monumentais” são um resquício do
sombrio formalismo da ditadura, na prática uma
ruína funcional.29
As instalações académicas de Coimbra represen-
tam, assim, uma contraproposta formal e viven-
cial em relação à Alta de Coimbra: o novo edifí-
cio destina-se à vida em comunidade e funciona
como um espaço de alternativa. Também aqui,
a escolha do lugar foi determinante. Liberto do
valor representativo da instituição dos restantes
edifícios construídos na Alta e integrado em pla-
na malha urbana, o edifício conseguiu relacionar-
-se com a cidade, transformando-se num polo
de partilha de novas práticas de sociabilidade
urbana e articulando a vida dos estudantes entre
a Universidade e a Cidade. As novas Instalações
Académicas acabaram por receber a vida quoti-
diana que a Alta, dedicada exclusivamente “ao
estudo”, não conseguiu acomodar.
Na sua expressão formal, o conjunto representa
os princípios que revisão da arquitetura moderna
tinha debatido no congresso CIAM 8, realizado
em 1951, que marcou definitivamente a abando-
no do tema da “retórica do centro cívico monu-
mental” em detrimento da “metáfora do coração
do centro urbano”.30 No entanto, paradoxalmen-
te, é a monumentalidade e a retórica da Cidade
Universitária que será integrada como símbolo
pela cidade.
Nuno Rosmaninho, num artigo recente sobre a
recepção estética e política da Cidade Universi-
tária, estabelece um quadro cronológico desde
uma fase de fascínio pelo progresso das obras
anunciadas e exaltação do regime, a consciencia-
lização tardia do valor patrimonial destruído e a
rejeição política generalizada a toda a produção
do Estado Novo, até uma nova fase de reinves-
timento simbólico da Cidade Universitária, que a
classificação como património mundial veio rea-
cender.31 A cidade sentimental que Jorge Figueira
descreve, seria por natureza contrária à destrui-
ção do centro medieval e à lógica racionalista de
uma proposta de tabula rasa. Essa cidade seria
também desfavorável à aceitação do discurso
ideológico do Estado Novo. No entanto, para
além dos moradores afetados, de alguns estu-
dantes e de uma facção tradicionalista de defesa
do património, o projeto foi apresentado e aceite
como uma visão progressista para a cidade que
esta adotou com orgulho. A aceitação quase con-
sensual do valor da tradição do lugar implicou a
aceitação de uma das mais poderosas expressões
da arquitetura monumental do Estado Novo.
Passados os anos imediatos ao final do regime e
à proximidade dos seus efeitos, a leitura dessa re-
tórica foi conscientemente assumida como uma
etapa da história nacional. Com a classificação de
património mundial, a Alta de Coimbra voltou,
uma vez mais, a ser valorizada como um lugar de
tradição e de memória coletiva.
29 Ibid.
30 Ockman, “The War Years in America”, 38.
31 Rosmaninho, “Cidade Universitária de Coimbra”.
Figura 8. Teatro. Foto de
Horácio Novais, s/d. Fonte:
Coleção Estúdio Horácio
Novais. Biblioteca de Arte da
Fundação Calouste Gulben-
kian, CFT164 160943.
Coimbra eo valor identitário de retórica do Estado Novo. Susana Constantino [ 75 ]
dearq 21. INVESTIGACIÓN TEMÁTICA
Bibliografia
1. Botelho, José R. e Celestino Castro. “Cidades uni-
versitárias: Novas instalações universitárias em
Portugal”. Arquitectura, n.º 55-56 (janeiro de 1956):
30-34.
2. Choay, Françoise. O urbanismo, utopias e realida-
des: Uma antologia. Traduzido por Dafne Nasci-
mento Rodrigues. 4.ª ed. São Paulo: Perspectiva,
1997.
3. “Cidade Universitária de Coimbra: Determinações,
desejos e ideias do senhor Ministro das Obras Pú-
blicas e Comunicações. O que está feito e o que está
por fazer”, sem data. Documentação da Comissão
Administrativa do Plano de Obras da Cidade Uni-
versitária de Coimbra (CAPOCUC), Arquivo Geral,
Pasta 103. Arquivo da Universidade de Coimbra.
4. Correia, Maximino. Ao serviço da Universidade de
Coimbra: 1939-1960. Coimbra: Por Ordem da Uni-
versidade, 1963.
5. Costa, Sandra Vaz. O país a régua e esquadro: Ur-
banismo, arquitectura e memória na obra pública de
Duarte Pacheco. Lisboa: IST, 2012.
6. Danesi, Silvia e Luciano Patetta, eds. 1919-1943:
Rationalisme et architecture en Italie. Paris: Electra
France, 1977.
7. Fernandez, Sergio. Percurso da arquitectura portu-
guesa 1930-1974. Porto: FAUP, 1988.
8. Figueira, Jorge. “Para uma Coimbra não sentimen-
tal”. Em A noite em arquitectura, 149-154. Lisboa:
Relógio d’Água, 2007.
9. Halbwachs, Maurice. La mémoire collective. 2.ª ed.
Paris: Presses Universitaires de France, 1968.
10. Lôbo, Margarida Souza. Planos de urbanização: A
época de Duarte Pacheco. Porto: FAUP, 1995.
11. Marcello, Flavia e Paul Gwyne. “Speaking from
the Walls: Militarism, Education, and Romanità in
Rome’s Città Universitaria (1932-35)”. Journal of the
Society of Architectural Historians 74, n.º 3 (setem-
bro de 2015): 323-342.
12. Ministério das Obras Públicas e Comunicações.
Portaria, Diário do Governo n.º 294, II Série, 15 de
dezembro de 1934.
13. Neto, Maria João. “A Direcção Geral dos edifícios e
Monumentos Nacionais e a Intervenção no Patri-
mónio Arquitectónico em Portugal”. Em Caminhos
do património, editado por Margarida Alçada e Ma-
ria Inácia Teles Grilo, 23-43. Lisboa: Direcção Geral
dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Livros Ho-
rizonte, 1999.
14. Ockman, Joan. “The War Years in America: New
York, New Monumentality”. Em Sert: Arquitecto en
Nueva York, editado por Xavier Costa e Guido Har-
tray, 22-45. Barcelona: Museu d’Art Contemporani
de Barcelona, Actar, 1997.
15. Oliveira Salazar, António. Discursos e notas políti-
cas, vol. II (1935-1937). Coimbra: Coimbra Editora,
1945.
16. Pereira, Nuno Teotónio. “A arquitectura do Estado
Novo como instrumento de inculcação ideológica”.
Em Arte & poder, editado por Margarida Acciaiuoli,
Joana Cunha Leal, e Maria Helena Maia, 193-204.
Lisboa: Instituto de História da Arte, Estudos de
Arte Contemporânea, 2008.
17. Piacentini, Marcello. “Metodi e caratteristiche”. Ar-
chittettura, Rivista del Sindicato Nazionale Fascista
Archittetti, número especial “Città Universitária”
(1935): 2-8.
18. Portas, Nuno. “Arquitectura e urbanística na déca-
da de 40”. Em Arquitectura(s): História e critica, en-
sino e profissão, editado por Manuel Mendes, 288-
98. Porto: FAUP, 2005.
19. Rosmaninho, Nuno. “Cidade Universitária de Coim-
bra: Património e exaltação”. Revista Portuguesa de
História, n.º 45 (2014): 629-646.
20. Rosmaninho, Nuno. O poder da arte: O Estado Novo
e a Cidade Universitária de Coimbra. Coimbra: Im-
prensa da Universidade, 2006.
21. Rosmaninho, Nuno. O princípio de uma “Revolução
Urbanística” no Estado Novo: Os primeiros progra-
mas da Cidade Universitária de Coimbra, 1934-1940.
Coimbra: Minerva, 1996.
22. Sá e Mello, Manuel de. “Carta do engenheiro direc-
tor delegado ao Ministro das Obras Públicas”, 8 de
junho de 1944. Documentação da Comissão Admi-
nistrativa do Plano de Obras da Cidade Universitá-
ria de Coimbra (CAPOCUC), Arquivo Geral, Pasta 3.
Arquivo da Universidade de Coimbra.
23. Speer, Albert, ed. Neue Deutsche Baukunst / Moder-
na Arquitectura Alemã. Berlin: Volk und Reich, 1941.
24. Torgal, Luís Reis. “Nota de apresentação”. Em O
princípio de uma “Revolução Urbanística” no Estado
Novo: Os primeiros programas da Cidade Universitá-
ria de Coimbra, 1934-1940, por Nuno Rosmaninho,
3-7. Coimbra: Minerva, 1996.
25. “Universidade de Coimbra Alta e Sofia. Património
Mundial” Acedido 15 de fevereiro de 2015. http://
worldheritage.uc.pt/pt/.