A Amazônia tem sido objeto de estudos, foco de atenção e suscitado debates internacionais envolvendo questões climáticas, sobre a preservação ambiental, acerca de suas reservas hídricas ou mesmo sobre o destino dos povos indígenas que nela vivem. O estado de Mato Grosso, nesse complexo cenário, tem papel de protagonista. Incluído naquilo que os governos militares denominaram Amazônia Legal, contém de fato parte da área de floresta densa e também grandes áreas de Cerrado e mata de transição. É nesse complexo conjunto de biomas que avançam desde o início dos anos 1970 as culturas da soja, milho e algodão e a criação do gado de corte. Essa transformação tem raízes nos antigos projetos de incorporação da Amazônia ao país. Durante séculos, esse imenso território foi considerado vazio, portador de grandes riquezas, envolto em mistérios. Nos anos 1950 com o avanço da Guerra Fria, foi visto como vulnerável à invasão comunista, em razão de sua extensa faixa de fronteira considerada inexplorada ao Norte e a Oeste. Isso justificou as ações de Integração Nacional que deram início ao que foi chamado de Modernização e Desenvolvimento da Amazônia após 1970. Foi na esteira dessas ações que envolveram a criação de agências governamentais, a destinação de recursos públicos e o forte estímulo ao investimento do capital privado, que a floresta começou a ser substituída por pastagens ou plantações em larga escala ao preço do avanço sobre áreas indígenas, do uso de grandes quantidades de agrotóxicos, da implantação de infraestrutura de transporte que impacta fortemente a floresta remanescente, da concentração de terras e do desenvolvimento daquilo que se hoje se chama agronegócio.