A crescente preocupação de orientar a política de cidades para abordagens mais inteligentes e sustentáveis, tem sido manifestada e reforçada por diversos instrumentos de política pública, com representação às diversas escalas de atuação (europeia, nacional, regional e local). É importante analisar este posicionamento à luz do desenvolvimento teórico-concetual do conceito de sustentabilidade, que evidencia igualmente a preocupação pela necessidade de adotar estratégias de monitorização da sustentabilidade a uma escala local e mais próxima dos cidadãos. Neste sentido, a Agenda 2030 das Nações Unidas e outras iniciativas internacionais (Leeds for cities, ISO 37210, Social Progress Index) estabelecem-se como referenciais centrais de análise e monitorização da sustentabilidade à escala local, que consolidam passos não só metodológicos, como de processos de implementação de política pública de sustentabilidade urbana. No âmbito do projeto DRVIT-UP, cujo objetivo é desenvolver um sistema de apoio à decisão (SAD) que permita estabelecer uma relação entre diferentes fatores de transformação urbana em Portugal (habitação, infraestruturas, serviços de interesse geral, demografia e economia) e a sustentabilidade urbana, pretende-se avaliar o impacto das decisões políticas sobre o território e a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, este trabalho propõe fazer confluir os desafios específicos dos principais fatores de transformação urbana com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, de um ponto de vista empírico, para o contexto Português. Assim, pretende-se materializar uma matriz de indicadores que dê suporte ao SAD a desenvolver, para a monitorização do desenvolvimento sustentável à escala local, através dos seguintes passos: 1) construção dum referencial concetual, de políticas públicas de sustentabilidade urbana; 2) avaliação dos principais desafios na construção e aplicação de uma matriz de indicadores capaz de integrar a sustentabilidade urbana na agenda política local e no desenho de políticas que respondam aos desígnios da coesão territorial e lidem com o processo de transformação urbana em Portugal; e, por fim, 3) aplicação deste referencial ao contexto do DRIVIT-UP e seleção de um conjunto de indicadores relevantes, fiáveis e disponíveis. Keywords. Monitorização, Políticas Públicas, Sistemas de Apoio à Decisão, sustentabilidade urbana, transformação urbana 1. INTRODUÇÃO A sustentabilidade urbana tem vindo a manifestar-se uma preocupação presente na tomada de decisão e no contexto do planeamento. A sustentabilidade enquanto conceito surge na sequência das Conferências das Nações Unidas subordinadas ao tema do desenvolvimento e meio ambiente, decorrentes na segunda metade do século XX e primeira década do século XXI, sendo o Relatório Brundtland "O Nosso Futuro Comum" da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (1987) um marco histórico no que ao desenvolvimento sustentável diz respeito. Se, inicialmente, o termo sustentável estava associado à dimensão ambiental, posteriormente com a Cimeira da Terra, em 1992, no Rio de Janeiro, foram assumidas mais duas dimensões, a social e económica. Atualmente no contexto das transformações urbanas, a sustentabilidade é um conceito e ao mesmo tempo um fim, na formulação de políticas públicas e na tomada de decisão em contextos urbanos. É assim, neste contexto, que a sustentabilidade se insere no DRIVIT-UP, um projeto que tem como objetivo o desenvolvimento de um sistema de apoio à decisão (SAD) possível de ser aplicado na modelação das transformações urbanas no contexto local. Na base da conceção deste projeto está a consideração de cinco drivers, que têm um papel determinante no processo e forma que decorrem as transformações urbanas, quer à macroescala-a demografia, economia e emprego-quer à microescala-os Serviços de Interesse Geral, as Infraestruturas e a Habitação. Do ponto de vista operativo, no que toca à sustentabilidade urbana, importa perceber de que forma os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável se relacionam com cada um destes drivers e se constituem um referencial de indicadores que permitem auxiliar a sua monitorização. Contudo, a monitorização do desenvolvimento sustentável seja ela ou não aplicada às transformações urbanas revela-se uma tarefa difícil, resultado da complexidade inerente ao conceito e operacionalização de sustentabilidade, da inexistência de uma matriz de indicadores aceite universalmente ou da multiplicidade de critérios existentes para a seleção de indicadores. Isto não impede, todavia, que seja possível identificar inúmeras práticas, no contexto internacional-Leed for cites, ISSO 37210 e Social Index Progress (ver por exemplo Klopp e Petretta, 2017), nacional e local