Content uploaded by Karen Pinto da Silva
Author content
All content in this area was uploaded by Karen Pinto da Silva on Oct 31, 2017
Content may be subject to copyright.
TECHNICAL BOOKS EDITORA
Biodiversidade CarioCa
segredos revelados
SEGREDOS REVELADOS
BIODIVERSIDADE CARIOCA
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
EXPEDIENTE
Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro
Eduardo Paes
Secretário Municipal de Meio Ambiente
Carlos Alberto Muniz
Diretor-Presidente da Fundação Parques e Jardins
Wellington Ribeiro da Silva
Subsecretário Municipal de Meio Ambiente
Altamirando de Moraes
Coordenadora Geral de Áreas Verdes
Elaine Barbosa
Coordenadora de Proteção Ambiental
Márcia Coutinho
Coordenador de Recuperação Ambiental
Marcelo Hudson de Souza
Gerente de Gestão de Unidades de Conservação
Maria Cecília Safady Guedes
Gerente de Proteção Ambiental
Luciane Valente
Assessora Chefe de Imprensa
Daniella Araujo
Organizador e responsável técnico
Jorge Antônio Lourenço Pontes, Biólogo DSc. em Ecologia e Evolução
EDITORA
Technical Books, Rio de Janeiro
Esta publicação foi financiada com recursos de medida compensatória ambiental, conforme
as Resoluções SMAC nº 497-2011 e 502-2011; Portaria SMAC nº 01-2011 e nos processos
administrativos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) 14/200.832/2012 e
14/000.882/2012.
SEGREDOS REVELADOS
Jorge Antônio Lourenço Pontes
( Organizador )
1ª edição
-
2015
Rio de Janeiro
BIODIVERSIDADE CARIOCA
TECHNICAL BOOKS EDITORA
BIODIVERSIDADE CARIOCA: Seg red oS re vel ad oS
1ª edição
Copyright © 2015 Jorge Antônio Lourenço Pontes
É proibida a repr odução total ou parcial dest a obra sem a expressa autorizaç ão do Organizador
e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro.
Realiz ação: Technical Books Editora
PRodu ção editoRial: Marcio Meirelles
CaPa e PRojeto GR áfiCo: Marcio Meirelles
Os autores desta obra envidaram os seus melhores esforços no sentido de referenciar todas as
fontes bibliográficas e virtuais consultadas e creditar todas as fotografias e ilustrações utilizadas e,
antecipadamente, pedem desculpas por eventuais omissões, comprometendo-se, desde já, a sanar quaisquer
falhas na próxima edição.
Rua Gonçalves Dias, 89 – 2º andar – Sala 208
Centro – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20.050-030
(21) 2252-5318 / (21) 2224-3177 / (21) 2531-9027
contato@tbeditora.com.br
www.tbeditora.com.br
TECHNICAL BOOKS EDITORA
“In the end, we will conserve only what we love, we will love only what
we understand, we will understand only what we are taught.”
Baba Dioum
(Conservacionista senegalês)
EPÍGRAFE
SUMÁRIO
CARTA DO SECRETARIO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE ..................... XI
APRESENTAÇÃO ........................................................................................ XIII
AGRADECIMENTOS .................................................................................... XV
CAPÍTULO 1
AS PESQUISAS NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
MUNICIPAIS .............................................................................................. 18
O ESTADO ATUAL DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO DAS UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO DA NATUREZA MUNICIPAIS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO,
SUDESTE DO BRASIL ........................................................................................... 20
Jorge Antônio Lourenço Pontes, João Souza Rosas e Rafael Cunha Pontes
CAPÍTULO 2
USO RACIONAL DA BIODIVERSIDADE CARIOCA .................................... 28
FITOQUÍMICA, ANATOMIA FOLIAR E ASPECTOS FENOLÓGICOS DE ESPÉCIES
DAS RESTINGAS FLUMINENSES ........................................................................... 30
Alice Sato, Sandra Zorat Cordeiro, Anna Carina Antunes e Defaveri,
Jaqueline Valverde Soares e Naomi Kato Simas
INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL TERAPÊUTICO, NUTRICIONAL E DA
PRODUÇÃO DE METABÓLITOS BIOATIVOS DAS CACTÁCEAS NATIVAS
DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO GRUMARI E DE SEUS FUNGOS
ENDOFÍTICOS ASSOCIADOS ................................................................................ 48
Ligia M. M. Valente, Leia A. L. Scheinvar, Rodrigo V. Almeida, Marcos D. Pereira,
Priscila F. P. Santos, Djavan da Paixão, Adriana C. Nascimento, Thiago Wolff,
Isabela R. C. G. Ferreira, Rodolfo S. Barboza, Frederico A. V. Castro,
Manping X. Liu e A. Leslie Gunatilaka
PERSPECTIVAS DE CULTIVO E USOS DE PAU DE TAMANCO COM VISTAS À SUSTENTABILIDADE NA
ARBORIZAÇÃO E EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA ÁREA DE PLANEJAMENTO 4 DA CIDADE
DO RIO DE JANEIRO ............................................................................................................................. 60
Flavio Pereira Telles e Janie Garcia da Silva
CAPÍTULO 3
A FLORA E A FAUNA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO
DE JANEIRO ............................................................................................................................ 78
COPACABANA: TESTEMUNHOS HISTÓRICOS E ATUAIS DE UMA FLORA RICA E AMEAÇADA ................ 80
Leandro Jorge Telles Cardoso, Luana Paula Mauad, Regina Helena Potsch Andreata e
João Marcelo Alvarenga Braga
AS BROMÉLIAS DO MENDANHA COMO CHAVE PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE LOCAL ..... 100
Thereza Christina Rocha-Pessôa e Carlos Frederico Duarte Rocha
ARANEOFAUNA (ARTHROPODA: ARACHNIDA: ARANEAE) DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE
MARAPENDI, RIO DE JANEIRO, BRASIL, COM NOTAS SOBRE AS ESPÉCIES FLUMINENSES ................. 110
Renner Luiz Cerqueira Baptista, André Queiroz, Diogo Tinoco Castro, André Hoffmann,
Pedro de Souza Castanheira e Felipe Quintarelli
A ICTIOFAUNA DA BACIA DO RIO GUANDU-MIRIM, RIO DE JANEIRO, RJ ............................................. 134
Carla Christie D. Quijada e João Coimbra Pascoli
ANFÍBIOS E LAGARTOS DA RESTINGA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GRUMARI: RIQUEZA,
DIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO ........................................................................................................ 146
Gisele R. Winck, Felipe Bottona da S. Telles, Vanderlaine A. Menezes e Carlos Frederico D. Rocha
JACARÉS URBANOS: O JACARÉ DE PAPO AMARELO (Caiman latirostris DAUDIN, 1802) NOS
PARQUES NATURAIS URBANOS DA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO ............................................. 160
Ricardo Francisco Freitas Filho
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: HOTSPOTS DA HERPETOFAUNA
CARIOCA ............................................................................................................................................ 17 8
Jorge Antônio L. Pontes, Rafael C. Pontes, Rubevaldo F. Rocha, Patrícia M. Lindenberg,
Karen P. Silva, Wagner A. Santos, Nelson A. Lemos, Paulo G. A . Hassan, Alex O. Alves,
Luiz Flávio B. A. Lopes, Laiz C. T. Perro, Ana Paula Boldrini, Érica Cristina F. Nunes,
Lilian Fialho Costa, Rafael Willi Kisling e Carlos Frederico D. Rocha
AS AVES DO MONUMENTO NATURAL DOS MORROS DA URCA E DO PÃO-DE-AÇÚCAR,
RIO DE JANEIRO, RJ ............................................................................................................................ 196
Guilherme A. Serpa e Cecília Bueno
AVIFAUNA NO PARQUE NATURAL MUNICIPAL CHICO MENDES: NOVOS REGISTROS E
CONSIDERAÇÕES PARA MONITORAMENTO ...................................................................................... 210
José Felipe Monteiro Pereira e Ildemar Ferreira
BICHO PREGUIÇA (Bradypus variegatus) DO PARQUE NATURAL DA PRAINHA, RIO DE JANEIRO, RJ ......... 224
Ana Carolina Maciel Boffy, Shery Duque Pinheiro e Helena de Godoy Bergallo
LISTA DE MORCEGOS (MAMMALIA CHIROPTERA) DO PARQUE NATUR AL MUNICIPAL DA SERRA
DO MENDANHA, MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL .......................................................... 238
Luis Fernando Menezes Jr, Ana Carolina Duarte da Costa Pinto,
Maycon Diego Rodrigues Contildes e Adriano Lúcio Peracchi
OS MAMÍFEROS TERRESTRES DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL BOSQUE DA BARRA, BARRA
DA TIJUCA, RIO DE JANEIRO .............................................................................................................. 246
Danielle Raro de Oliveira, Márcia Pessoa Paes-Pinto, Lyvia Martins R. da Silva,
Rodrigo Peixoto Nunes e Jorge Antônio L. Pontes
CAPÍTULO 4
CONHECENDO AS RELAÇÕES ECOLÓGICAS LOCAIS ......................................................... 258
ANÁLISES ECOLÓGICAS E GENÉTICAS DA BORBOLETA DA PRAIA, Parides ascanius (LEPIDOPTERA:
PAPILIONIDAE), UMA ESPÉCIE AMEAÇADA DE EXTINÇÃO ................................................................ 260
Gilberto de Souza Soares de Almeida
RELAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE BROMÉLIAS, ANFÍBIOS E ORGANISMOS FORÉTICOS NO
MONUMENTO NATURAL DO MORRO DA URCA E PÃO-DE-AÇÚCAR ................................................. 278
Leandro Talione Sabagh, Christina Wyss Castelo Branco e Carlos Frederico Duarte Rocha
MORCEGOS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DA FREGUESIA E DO PARQUE NATURAL
MUNICIPAL CHICO MENDES: RIQUEZA, HÁBITOS ALIMENTARES E A SUA IMPORTÂNCIA NA
MANUTENÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL URBANA ...................................................................... 292
Shirley Seixas Pereira da Silva, Patrícia Gonçalves Guedes e Alexandre Pinhão da Cruz
CAPÍTULO 5
UM PERIGO SILENCIOSO, A INVASÃO BIOLÓGICA .............................................................. 306
DE PROVEDORA A INVASORA – COMO A JAQUEIRA FOI TRANSFORMADA EM UM GRAVE PROBLEMA
AMBIENTAL PARA AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO .................... 308
Luís Mauro S. Magalhães, Welington Kiffer de Freitas, Alexander Silva de Resende,
Marco Aurélio Pinheiro e Etiene Renata da Silva Gomes
O SAGUI EXÓTICO INVASOR (Callithrix SPP.) NO PARQUE NATURAL MUNICIPAL BOSQUE DA
BARRA, RIO DE JANEIRO, BRASIL ...................................................................................................... 328
Nathalia Detogne Nunes, Daniel Gomes Pereira, Thais Brainer e Helena de Godoy Bergallo
CAPÍTULO 6
O HOMEM E AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ................................................................. 342
CONFLITOS SÓCIO-AMBIENTAIS E AMEAÇAS A BIODIVERSIDADE NOS PARQUES NATURAIS
MUNICIPAIS DA PRAINHA E GRUMARI – MACIÇO DA PEDRA BRANCA – RJ ...................................... 344
Thiago Ferreira Pinheiro Dias Pereira
CARTA DO SECRETÁRIO
MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE
O
s trabalhos científicos que aqui estamos apresentando foram
desenvolvidos nas Unidades de Conservação (UC) existentes na
Cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos.
As linhas de pesquisas em cada Unidade de Conservação sob tutela
desta Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) são definidas de forma a
incrementar o conhecimento relativo aos patrimônios natural e sociocultural.
A partir de pesquisas em campo são coletadas importantes informações para
o conhecimento e manejo a curto, médio e longo prazo de nossas Unidades
Conservação municipais.
Disponibilizar as Unidades de Conservação ao meio científico é fato da
maior importância e vem ao encontro das orientações dos Planos de Manejo
de cada Unidade de Conservação.
Criado pela Lei Federal nº 9.985 de 18/07/2000, o Plano de Manejo é
a principal ferramenta de planejamento e gerenciamento das Unidades de
Conservação, orientando seu espaço geográfico. A gestão compartilhada
com representantes da população, através dos Conselhos Gestores, vem
estabelecendo a relação do entorno com a Unidade de Conservação buscando
ações de melhorias e de defesa do bioma Mata Atlântica e sua diversidade
de espécies.
XI
Até 2009 apenas uma Unidade de Conservação possuía Plano de Manejo. Atualmente,
através do esforço da equipe, temos dez planos elaborados e três em fase de execução. Assim
vamos disponibilizar aos cariocas áreas onde o lazer pode conviver harmonicamente com
nossos espaços preservados.
Portanto, com grande orgulho, entregamos esta publicação, com a expectativa de dar
a merecida divulgação aos trabalhos técnicos existentes, incentivar outros pesquisadores a
contribuírem com novos estudos e ampliar o conhecimento dos cariocas acerca das unidades
de conservação.
Carlos Alberto Muniz
( Secretário Municipal de Meio Ambiente )
XII
‘
APRESENTAÇÃO
A
té cerca de três décadas atrás as poucas áreas livres e com
características ainda próximas dos ecossistemas naturais na
segunda maior cidade brasileira, o Rio de Janeiro, eram praticamente
desconhecidas. Esta metrópole, tão conhecida internacionalmente por estar
situada entre o mar e as montanhas, não sabia quase nada sobre suas
maiores joias, verdadeiras esmeraldas: a biodiversidade carioca preservada
em unidades de conservação da natureza sob tutela municipal. Este atrativo
científico, cultural e turístico esteve mergulhado em obscuridade, pois a
maioria das pessoas, mesmo sendo do meio científico, quase nada sabia
sobre esta variedade de organismos e suas relações, especialmente com
o próprio meio urbano. Podemos citar os habitantes florestais, alguns tão
pequenos e camuflados que eram desconhecidos da ciência até agora,
que vivem em pequenos córregos e na serrapilheira sobre o solo.
Agora, graças a um grupo determinado e incansável de pesquisadores
de instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas que destinaram
parte de suas vidas para desvendar os segredos desta biodiversidade, os
cidadãos do mundo, sejam também pesquisadores ou meros interessados
em temas ambientais, poderão conhecer detalhes dos habitantes pouco
conhecidos. Estes legítimos cariocas, muitas vezes esquecidos no avanço
e desenvolvimento da metrópole, passarão a ser alvo da atenção de
técnicos e tomadores de decisão sobre a cidade do Rio de Janeiro ao
lerem os diferentes temas reunidos nesta obra. Estes vão desde os
inventários de fauna e flora, aspectos ecológicos de espécies até os
conflitos socioambientais.
XIII
A pesquisa científica aplicada na preservação da biodiversidade carioca e a maior
divulgação das unidades de conservação da natureza de tutela municipal são passos para
transformarmos, cada vez mais, o Rio em uma cidade realmente maravilhosa.
Boa leitura!
Jorge Antônio L. Pontes
( Organizador )
XIV
A
gradecemos imensamente a todos os pesquisadores e
colaboradores, que dedicaram muitas horas de seu precioso
tempo desvendando os segredos da biodiversidade carioca, abrigada
nas unidades de conservação da natureza municipais. E também por
prepararem e enviarem seus manuscritos ricamente ilustrados que
compõem esta obra.
Aos técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de
Janeiro, que, direta ou indiretamente, contribuíram para que este livro
fosse publicado na forma em que está. E à própria Secretaria Municipal
de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, que aprovou e financiou esta obra
com verbas de medidas compensatórias ambientais.
AGRADECIMENTOS
XV
SEGREDOS REVELADOS
BIODIVERSIDADE CARIOCA
unidades de Conservação da Cidade do rio de
Janeiro: Hotspots da herpeToFauna CarioCa
JorGe anTônio l. ponTes1*, raFael C. ponTes2, rubevaldo F. roCha3,
paTríCia m. lindenberG3, karen p. silva1, WaGner a. sanTos3,
nelson a. lemos3, paulo G. a. hassan1, alex o. alves1, luiz Flávio b. a. lopes4,
laiz C. T. perro3, ana paula boldrini3, ériCa CrisTina F. nunes3,
lilian Fialho CosTa3, raFael Willi kislinG5 e Carlos FrederiCo d. roCha6
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Faculdade de Formação de Professores, Departamento de Ciências Biológicas,
Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade. Rua Dr. Francisco Portela, nº 1.470, Patronato,
São Gonçalo, RJ, Brasil, CEP: 24435-005.
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Museu Nacional, Departamento de Vertebrados. Quinta da Boa Vista, s/n, São
Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP: 20940-040.
3 Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO). Rua Professor José de Souza Herdy, nº 1.160, Jardim Vinte e Cinco de Agosto,
Duque de Caxias, RJ, Brasil, CEP: 25071-202.
4 Faculdades Integradas Maria Thereza (FAMATH). Av. Visconde do Rio Branco, nº 869, São Domingos, Niterói, RJ, Brasil, CEP:
24210- 0 06.
5 Universidade Veiga de Almeida (UVA). Rua Ibituruna, nº 108, Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP: 20271-020.
6
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Instituto de Biologia Roberto de A. Gomes, Departamento de Ecologia,
Laboratório de Ecologia de Vertebrados. Rua São Francisco Xavier, nº 524, pavilhão Haroldo Lisboa, Sala 220, Maracanã, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil, CEP: 20550-019.
* Contatos: pontesjal@hotmail.com / (21) 99998-2525
RESUmO
Estudamos a fauna de anfíbios e répteis de três unidades de conservação da natureza da cidade do Rio
de Janeiro: Parque Natural Municipal Bosque da Barra; Parque Natural Municipal da Prainha e Parque Natural
Municipal da Serra do Mendanha em um período de cerca de 10 anos. Utilizamos a busca visual em diferentes
horários, armadilhas de queda e parcelas cercadas de 25 m
2
para encontro e captura dos animais, os quais
foram medidos biometricamente, marcados com técnicas usuais para cada grupo e libertados no mesmo ponto
da captura. Também recolhemos dados do ambiente no local da captura para relacionarmos a abundância e a
densidade das espécies com as variáveis abióticas e vericarmos a existência de impactos antrópicos sobre a
herpetofauna nos parques pesquisados. É conhecido um total de 102 espécies que compõem a herpetofauna
destas áreas, algumas ameaçadas de extinção, sendo que os anuros representam 51% (n = 52). O Parque Natural
Municipal da Serra do Mendanha concentra 83,3% (n = 85) de toda a herpetofauna conhecida, inclusive com a
descoberta de uma nova espécie de anfíbio (Brachycephalus sp.). Foram encontradas duas espécies exóticas
invasoras (Hemidactylus mabouia e Lithobates catesbeianus). Os microambientes que abrigam o maior número
de espécies, nestas unidades de conservação, são a serrapilheira orestal e os alagados. A visitação pública
intensa, sem um maior controle, provoca diversos impactos sobre a herpetofauna local. Obras e ocupações no
entorno direto destas unidades, como no caso do Bosque da Barra, afetaram a reprodução dos anuros e do
jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris).
177
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
Palavras-chave: Anuros; Lagartos; Serpentes; Ecologia; Parques Naturais Municipais.
AbStRACt
We studied through for about 10 years the amphibian and reptile fauna from three conservation units at
municipality of Rio de Janeiro: Parque Natural Municipal Bosque da Barra; Parque Natural Municipal da Prainha
and Parque Natural Municipal da Serra do Mendanha. Our samples consisted in visual searches in different
periods of the day and the night, pitfall traps, and inspection of plots with 25 m² to capture animals. After capture,
animals were measured according several biometrical variables and marked using different techniques according
specications. We also gathered data from the area where animals were captured in order to correlate abundance
and density of species with abiotic variables. Additionally, we pointed out the occurrence of anthropogenic impacts
on herpetofauna communities in studied areas. We recorded a composition of 102 species of herpetofauna in these
areas, few of them threatened of extinction, being anurans the richest group with 51% (n = 52). The Parque Natural
Municipal da Serra do Mendanha harbors 83.3% (n = 85) of all known herpetofauna, including an undescribed
taxon of amphibian (Brachycephalus sp.). We registered two alien species in the region (Hemidactylus mabouia and
Lithobates catesbeianus). The microhabitats that harbor the highest number of species in these conservation units
were leaf litter and ooded areas. We suggest that intense public visitation, without strict control, could cause a wide
gama of impacts under local herpetofauna. Constructions and irregular occupancy of neighbor areas, as observed
at Bosque da Barra, could impact the reproduction of anurans and the broad-snouted-caiman (Caiman latirostris).
Keywords: Anurans; Lizards; Snakes; Ecology; Parques Naturais Municipais.
INtRODUÇÃO
No mundo, diversas regiões e biomas ainda abrigam uma riqueza de espécies elevada, mas encontram-se
ameaçados de desaparecer por pressões antrópicas. Estas áreas são conhecidas internacionalmente como
hotspots e entre elas se destaca a Mata Atlântica, um bioma de elevada biodiversidade e alto nível de endemismo,
considerado um dos cinco principais entre os 34 hotspots mundiais reconhecidos. Neste quadro contamos com
35,9% de áreas protegidas como hotspots, que abrigam 567 (2,1%) espécies de vertebrados endêmicos do mundo
(CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL 2000, MYERS et al., 2000; MITTERMEIER et al., 2005).
O Brasil desponta como um dos países com a maior riqueza, em termos de espécies, de herpetofauna
(anfíbios e répteis). São conhecidas 1.026 espécies de anfíbios (Anura, Caudata, Gymnophiona) e 760 de répteis
(Crocodylia, Squamata, Testudines), segundo a consolidação de dados da Sociedade Brasileira de Herpetologia
(SBH) (COSTA, BÉRNILS, 2014; SEGALLA et al., 2014).
Diversas espécies da herpetofauna, devido às suas características anatômicas, ecológicas e siológicas, em
especial os anuros que habitam os riachos e o solo de orestas tropicais, podem ser usadas como bioindicadores
de qualidade ambiental. Estes são sensíveis às pequenas mudanças do ambiente onde vivem, como altitude,
alteração na composição química do ambiente, temperatura e umidade (POUGH et al., 2006; VAN SLUYS et al.,
2009; PONTES, ROCHA, 2010; COELHO et al., 2012; HADDAD et al., 2013; SIQUEIRA, ROCHA, 2013). Diversas
espécies, em especial de anfíbios, estão desaparecendo em diferentes regiões do planeta como consequência
dos impactos antrópicos (STUART et al., 2004; HADDAD et al., 2013).
O município do Rio de Janeiro, apesar de estar situado na porção central da região metropolitana, ainda mantém
importantes remanescentes orestais de mata atlântica, caracterizados pelo pouco conhecimento sobre a fauna e
a ora que abrigam. Entre eles destacam-se as orestas que cobrem os maciços da Pedra Branca e do Gericinó-
Mendanha (IBAM/DUMA, PCRJ/SMAC, 1998; SEMADS, 2001; ROCHA et al., 2003; PONTES, ROCHA, 2008).
Apesar de uma maior concentração no sudeste brasileiro, a herpetofauna carioca é muito pouco conhecida, contando
com poucos estudos publicados (IZECKSOHN, CARVALHO-E-SILVA, 2001; PONTES, ROCHA, 2008; PONTES et
al., 2009; PONTES, et al., 2010; PONTES, ROCHA, 2010). Neste capítulo reunimos os principais resultados, após
12 anos de pesquisas, em três unidades de conservação da natureza no município do Rio de Janeiro.
178
AS LOCALIDADES EStUDADAS NO
mUNICípIO DO RIO DE JANEIRO
Estudamos a herpetofauna em três unidades
de conservação da natureza de proteção integral
de tutela municipal na categoria Parque Natural:
Parque Natural Municipal Bosque da Barra (PNMBB),
Parque Natural Municipal da Prainha (PNMP) e
Parque Natural Municipal da Serra do Mendanha
(PNMSM), todos inseridos na região metropolitana
do Rio de Janeiro.
O PNMBB, localizado na Barra da Tijuca (22057’
– 23000’ S e 43021’ – 43023’ W SAD, 69), tem 53,16
ha, onde predomina a vegetação de restinga de áreas
inundáveis planas, que ocupam cerca de 40% de
sua extensão, com predomínio de solo arenoso. O
clima é subtropical úmido, com temperatura média
acima de 23°C. Este ecossistema, como em muitas
outras unidades de conservação da natureza de áreas
urbanas, sofre grande pressão antrópica com seu
isolamento do restante do ambiente natural no entorno
do complexo lagunar de Jacarepaguá.
O PNMP, que possui 146,03 há, está localizado
no bairro de Grumari, Zona Oeste do Rio de Janeiro
(653730,66 E – 7451302,76 S; 653609,4 E – 7452052,1
S; 652470,2 E – 7452023,6 S; 652125,9 E – 7450388,5
S, UTM, SAD 69), e faz parte do maciço da Pedra
Branca. A área é voltada diretamente para o mar, com
relevo montanhoso e encostas com inclinação elevada,
geralmente acima de 30°. O clima também é subtropical
úmido, com temperatura média variando entre 18°C e
24°C e cobertura vegetal de mata de baixada litorânea
e oresta ombróla densa submontana.
O PNMSM possui 1052,35 ha e está inserido no
maciço do Gericinó-Mendanha (647000 – 658000 e
7472000 – 7477000 UTM, SAD 69). A região foi originada
a partir da atividade intrusiva magmática, com solos
argilosos e pluviosidade elevada. O relevo da Serra do
Mendanha varia de cotas altimétricas entre 20 m e 918
m, com uma rede hidrográca formada por diversos
rios e córregos. O clima predominante na região é
classicado como mesotérmico, com inverno seco e
verão chuvoso (Cwa), entretanto há, também, o clima
tropical chuvoso (Am) e o tropical de altitude (Cf), com
ocorrência de chuvas orográcas localizadas na porção
mais elevada. A precipitação varia pouco ao longo do
ano, havendo um pequeno decit hídrico. A umidade
local do ar oscila em torno de 65%, devido à intensa e
bem distribuída pluviosidade ao longo do ano, com uma
estação úmida (setembro a março) e outra mais seca
(abril a agosto) e temperaturas médias estáveis variando
entre 18°C e 21°C. Sua maior porção é recoberta pela
oresta ombróla densa ainda bem preservada, com
elevada riqueza de espécies arbóreas e de epítas.
Entretanto possui áreas com trechos em diferentes
graus de conservação, inclusive com a presença de
monoculturas, como a de bananeiras (GALLEGO,
1971; NIMER, 1989; GOLFARI, MOOSMAYER, 1980;
PREFEITUR A DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, 2000;
PONTES, ROCHA, 2008; MOTOKI et al., 2008a e b;
PONTES, ROCHA, 2008, COSTA et al., 2009; PONTES
et al., 2009) (Figura 1A, B e C).
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA
Figura 1 Localização: Parque Natural
Municipal Bosque da Barra (A);
Parque Natural Municipal da Prainha
(B); Parque Natural Municipal da Serra
do Mendanha (C). Município do Rio
de Janeiro (Fonte: SMAC, aerofotos
2008 e 2009).
A
179
COmO OS ANImAIS FORAm
EStUDADOS Em SEU AmbIENtE
1)
Os estudos realizados de 2002 a 2014 sobre
a herpetofauna associada aos ambientes
dos Parques Naturais Municipais Bosque da
Barra, da Prainha e da Serra do Mendanha
totalizaram mais de 6.480 horas de esforço
amostral por pesquisador, sendo que mais
de 70% foram aplicados ao PNMSM, por
se tratar de um estudo de longa duração.
Utilizamos os seguintes métodos de estudos,
a seguir relacionados, durante as atividades
de campo e de laboratório (Figura 2A, B, C
e D).
2)
Parcelas cercadas por lona plástica (plots) com
25 m2 (5 m × 5 m) (JAEGER, INGER, 1994).
3)
Armadilhas de queda (pitfall traps), armadilhas
de tubo (tube traps) e cercas-guia (drift-fences)
(CORN. 1994; CECHIN; MARTINS, 2000,
presente estudo).
4) Busca visual e auditiva, limitada por tempo e
em transecções que variaram entre 30 min e 2
horas (três vezes ao dia – manhã, tarde e noite)
(CRUMP, SCOTT JR., 1994; ZIMMERMAN,
1994; HOFFMANN et al., 2008).
5)
Coleta de informações biométricas dos animais
capturados: comprimento (cabeça, rostrocloacal
e caudal), massa e temperatura interna.
6)
Coleta de variáveis ambientais por meio de
instrumentos específicos como: cobertura
do dossel (%) com uso de
densiômetro esférico de copa;
profundidade do folhiço (mm) e
de poças reprodutivas com uso de
paquímetro e trena; temperatura
do ar, do solo e da água (°C) com
uso de termômetro digital de leitura
rápida; umidade do ar (%) com uso
de termo-higrômetro; nível de pH
da água com uso de pHmetro; e
taxa de O2 dissolvido (mg/l) com
uso de oxímetro (CRUMP, 1994;
MCDIARMID et al., 2012).
7)
Captura manual ou com
auxílio de instrumentos
(peneira, laço, pinção
e gancho), contenção,
marcação e soltura conforme
o grupo (MCDIAR MID, 1994;
MCDIARMID, ALTIG, 1999;
MCDIARMID et al., 2012).
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
180
8)
Alguns exemplares foram eutanasiados (AVMA,
2000), xados para material testemunho de
acordo com licenças ambientais especícas
para análises citogenéticas (MCDIARMID,
1994; JACOBS, HEYER, 1994; MCDIARMID,
ALTIG, 1999) e depositados na coleção de
anfíbios e na coleção de répteis do Setor de
Herpetologia do Museu Nacional, Rio de Janeiro.
9)
Todas as informações e dados obtidos foram
anotados em cadernetas de campo, repassados
para chas individuais e, posteriormente, para
arquivos digitais (Excel e Word) e analisados
estatisticamente (ANOVA, índices de similaridade,
de diversidade e de riqueza, PCA, regressões
lineares) (MAGURRAN, 1988; ZAR, 1999) por
meio de diferentes programas estatísticos (Excel,
Systat 11, EstimateS 8.2 e Statistica 9).
10)
Mapas foram elaborados com os programas
Arc GIS 9.0
®
e Arc MAP 9.3
®
e editados em
Corel X3®.
Figura 2 Metodologias utilizadas no estudo da herpetofauna: coleta de dados ambientais, PNMBB (A); procura por anfíbios na
serrapilheira em parcelas cercadas (B); vericação de armadilhas de queda, PNMSM (C); coleta de girinos em poça, PNMSM
(D); biometria de serpente peçonhenta, PNMSM (E); preparo de espécimes-testemunho, em campo, para coleção do Museu
Nacional (F). Município do Rio de Janeiro (Fotos: Jorge Pontes).
A
D
b
E
C
F
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA
181
A hERpEtOFAUNA CARIOCA
A herpetofauna dos três parques naturais municipais
estudados é composta por pelo menos 102 espécies,
das quais 11 (10,8%) estão incluídas em listas ociais
de espécies ameaçadas. Deste total, 51% (n = 52) foram
representados por anfíbios anuros, seguidos de 27,4%
(n = 28) de serpentes. A família mais representativa
foi a Hylidae (n = 29) (Figura 3). Para o município do
Rio de Janeiro, no Parque Natural Municipal da Serra
do Mendanha (certamente o mais bem estudado em
termos de sua herpetofauna), registramos a presença
de Siphonops annulatus (Mikan, 1820), uma espécie
mencionada na literatura apenas como de provável
ocorrência (IZECKSOHN, CARVALHO-E-SILVA,
2001), e ampliamos a lista de serpentes da Serra do
Mendanha (PONTES, ROCHA, 2008; PONTES et
al., 2009) em duas espécies, totalizando 28 formas
conhecidas. Identicamos na região duas espécies
exóticas e invasoras da herpetofauna, que estão
prejudicando as formas nativas: a rã-touro – Lithobates
catesbeianus – e a lagartixa-de-parede – Hemidactylus
mabouia (CORADIN, 2006; ROCHA, BERGALLO.
2011; ROCHA et al., 2011) (Tabela 1, Figura 4.1-38 e
Figura 5A e B).
Figura 3 Representatividade do número de
espécies, por grupo taxonômico da herpetofauna,
registradas no estudo de três parques naturais
munic ipais car iocas. Município do Rio de Janei ro, RJ.
Tabela 1 Lista de espécies da herpetofauna (anfíbios, ansbênia, lagartos, serpentes, crocodilianos) registradas,
com o uso de diferentes metodologias, para os três parques naturais municipais estudados (BB = Bosque da
Barra, PR = Prainha e SM = Serra do Mendanha). Município do Rio de Janeiro, RJ.
TAXA DA HERPETOFAUNA
PARQUES NATURAIS
MUNICIPAIS
BB PR SM
ANURA 21 19 45
Família Brachycephalidae
Brachycephalus sp. x
Ischnocnema guentheri (Steindachner, 1864) x
Ischnocnema octavioi (Bokermann, 1965) x x
Ischnocnema parva (Girard, 1853) x
Família Bufonidae
Rhinella icterica (Spix, 1824) x
Rhinella ornata (Spix, 1824) x x x
Família Craugastoridae
Haddadus binotatus (Spix, 1824) x x
Família Cycloramphidae
Cycloramphus brasiliensis (Steindachner, 1864)1x
Thoropa miliaris (Spix, 1824) x x
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
182
Zachaenus parvulus (Girard, 1853) x x
Família Hemiphractidae
Fritziana goeldii (Boulenger, 1895 “1894”) x
Família Hylidae
Aparasphenodon brunoi (Miranda-Ribeiro, 1920) x
Aplastodiscus albofrenatus (A. Lutz, 1924) x
Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871) x
Dendropsophus aff. oliveirai (Bokermann, 1963) x
Dendropsophus anceps (A. Lutz, 1929) x
Dendropsophus bipunctatus (Spix, 1824) x x
Dendropsophus decipiens (A. Lutz, 1925) x x
Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824) x x
Dendropsophus meridianus (B. Lutz, 1954) x x
Dendropsophus minutus (Peters, 1872) x x
Dendropsophus pseudomeridianus (Cruz, Caramaschi & Dias, 2000) x x
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) x x
Hypsiboas albomarginatus (Spix, 1824) x x x
Hypsiboas semilineatus (Spix, 1824) x
Itapotihyla langsdorfi (Duméril & Bibron, 1841) x
Phasmahyla guttata (A. Lutz, 1924) x
Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882 x
Phyllomedusa rohdei Mertens, 1926 x x x
Scinax aff. x-signatus (Spix, 1824) x x x
Scinax alter (B. Lutz, 1973) x x
Scinax argyreornatus (Miranda-Ribeiro, 1926) x x x
Scinax cuspidatus (A. Lutz, 1925) x
Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) x
Scinax perpusillus (A. Lutz & B. Lutz, 1939) x x
Scinax similis (Cochran, 1952) x
Scinax trapicheiroi (B. Lutz, 1954)#x x
Sphaenorhynchus planicola (A. Lutz & B. Lutz, 1938) x
Trachycephalus mesophaeus (Hensel, 1867) x
Trachycephalus nigromaculatus (Tschudi, 1838) x
Família Hylodidae
Crossodactylus gaudichaudii (Duméril & Bibron, 1841) x x
Hylodes nasus (Lichtenstein, 1823)*x
Família Leiuperidae
Physalaemus signifer (Girard, 1853) x
Physalaemus soaresi (Izecksohn, 1965)#x
Família Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) x x
Tabela 1 Continuação.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA
183
Leptodactylus marmoratus (Steindachner, 1867) x x
Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) x x x
Leptodactylus spixi (Heyer, 1983) x x
Família Microhylidae
Chiasmocleis lacrimae (Peloso, Sturaro, Forlani, Gaucher, Motta & Wheller, 2014)#x x
Stereocyclops parkeri (Wettstein, 1934) x x
Família Ranidae
Lithobates catesbeianus (Shaw, 1802)** x
Família Strabomantidae
Euparkerella brasiliensis (Parker, 1926) x
GYMNOPHIONA 1
Família Siphonopidae
Siphonops annulatus (Mikan, 1820) x
TESTUDINES 3 5 1
Família Cheloniidae
Caretta caretta (Linnaeus, 1758)#x
Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766)#x
Chelonia mydas (Linnaeus, 1758)#x
Família Dermochelyidae
Dermochelys coriacea (Vandelli, 1761)#x
Família Chelidae
Acanthochelys radiolata (Mikan, 1820)#x
Phrynops geoffroanus (Schweigger, 1812)#x
Família Testudinidae
Chelonoidis carbonarius (Spix, 1824)#x x x
CROCODYLIA 1
Família Alligatoridae
Caiman latirostris (Daudin, 1801)#x
LACERTILIA 8 8 9
Família Anguidae
Ophiodes striatus (Spix, 1825) x x
Família Dactyloidae
Dactyloa punctata (Daudin, 1802) x x x
Família Gekkonidae
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818)** x x x
Família Gymnophthalmidae
Placosoma glabellum (Peters, 1870) x
Família Leiosauridae
Enyalius b. brasiliensis (Lesson, 1828) x
Família Mabuyidae
Brasiliscincus agilis (Raddi, 1823) x x
Tabela 1 Continuação.
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
184
Tabela 1 Continuação.
Psychosaura macrorhyncha (Hoge, 1947) x
Família Phyllodactylidae
Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) x x x
Família Polychrotidae
Polychrus marmoratus (Linnaeus, 1758) x
Família Teiidae
Ameiva a. ameiva (Linnaeus, 1758) x x
Salvator merianae (Duméril & Bibron, 1839) x x x
Tropidurus torquatus (Wied, 1820) x x x
AMPHISBAENIA 1 1 1
Família Amphisbaenidae
Leposternon microcephalum (Wagler in Spix, 1824) x x x
SERPENTES 7 10 28
Família Boidae
Boa c. constrictor (Linnaeus, 1758) x x x
Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) x
Família Colubridae
Chironius bicarinatus (Wied, 1820) x x x
Chironius exoletus (Linnaeus, 1758) x x
Chironius foveatus (Bailey, 1955) x
Chironius fuscus (Linnaeus, 1758) x
Chironius laevicollis (Wied, 1824) x x
Leptophis a. ahaetulla (Linnaeus, 1758) x
Spilotes p. pullatus (Linnaeus, 1758) x x
Spilotes s. sulphureus (Wagler in Spix, 1824) x
Família Dipsadidae
Leptodeira a. annulata (Linnaeus, 1758) x
Echinanthera cephalostriata (Di-Bernardo, 1996) x
Taeniophallus afnis (Günther, 1858) x
Helicops carinicaudus (Wied, 1825) x x
Philodryas olfersii (Liechtenstein, 1823) x
Oxyrhopus petolarius digitalis (Reuss, 1834) x
Siphlophis compressus (Daudin, 1803) x
Siphlophis pulcher (Raddi, 1820) x
Thamnodynastes nattereri (Mikan, 1828) x x x
Tropidodryas serra (Schlegel, 1837) x
Erythrolamprus a. aesculapii (Linnaeus, 1766) x
Erythrolamprus miliaris miliaris (Linnaeus, 1758) x x x
Erythrolamprus p. poecilogyrus (Wied, 1825) x x
Xenodon neuwiedii (Günther, 1863) x x
Uromacerina ricardinii (Peracca, 1897) x
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA
185
Tabela 1 Continuação.
1 Espécie encontrada em coleção do Museu Nacional;
* Espécie registrada por girinos coletados;
** Espécie exótica invasora;
# Espécie ameaçada de extinção, segundo listas ociais (IUCN, MMA, RJ e SMAC).
Família Elapidae
Micrurus corallinus (Merrem, 1820) x x
Família Viperidae
Bothrops jararaca (Wied, 1824) x x x
Bothrops jararacussu (Lacerda, 1884) x x
TOTAL DE ESPÉCIES 102 42 43 85
21 3
54 6
87 9
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
186
1110 12
1413 15
1716 18
20
19
21
23
22
24
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA
187
Figura 4 Espécies representantes
da herpetofauna carioca registradas
no estudo de três parques naturais
municipais, município do Rio de
Janeiro: Brachycephalus sp. (1);
Ischnocnema octavioi (2); Rhinella
icterica (3); Haddadus binotatus (4);
Thoropa miliaris (5); Aparasphenodon
brunoi (6); Aplastodiscus albofrenatus
(7); Dendropsophus bipunctatus
(8); Dendropsophus elegans (9);
Phyllomedusa burmeisteri (10); Trachycephalus nigromaculatus (11); Scinax cuspidatus (12); Sphaenorhynchus planicola
(13); Crossodactylus gaudichaudii (14); Physalaemus soaresi (15); Chiasmocleis lacrimae (16); Stereocyclops parkeri (17);
Siphonops annulatus (18); Acanthochelys radiolata (19); Phrynops geoffroanus (20); Caiman latirostris (21); Placosoma
glabellum (22); Enyalius b. brasiliensis (23); Psychosaura macrorhyncha (24); Gymnodactylus darwinii (25); Polychrus
marmoratus (26); Leposternon microcephalum (27); Corallus hortulanus (28); Chironius exoletus (29); Chironius laevicollis
(30); Spilotes p. pullatus (31); Echinanthera cephalostriata (32); Philodryas olfersii (33); Siphlophis compressus (34);
Siphlophis pulcher (35); Uromacerina ricardinii (36); Micrurus corallinus (37); Bothrops jararacussu (38) (Fotos: Jorge Pontes).
26
25
27
29
28
30
32
31
33
35
34
36
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
188
No Parque Natural Municipal Bosque da Barra a
herpetofauna é composta majoritariamente por anfíbios
anuros com 21 espécies, seguidos por oito espécies
de lagartos e sete de serpentes. As características
de baixada alagada de restinga, típicas de pós-duna
no município do Rio de Janeiro, criaram ambientes
alagadiços e secos, com variações extremas de
temperaturas e do nível dos corpos hídricos. Estas
variações permitiram a presença de espécies com
ciclos reprodutivos explosivos e de crescimento
rápido associados ao alagamento de matas de pau-
de-tamanco (Tabebuia cassinoides (Lam.) DC.) e de
tucum-de-brejo (Bactris setosa Mart.), como no caso
dos anuros Chiasmocleis lacrimae e Stereocyclops
parkeri. As bromélias, como a Neoregelia cruenta (R.
Graham) L. B. Smith, têm um papel especial por criar
abrigos para anuros hilídeos (p. ex., Aparasphenodon
brunoi), que procuram refúgio na água acumulada
entre suas folhas ou mesmo como micro-hábitat
exclusivo, realizando inclusive sua reprodução (p.
ex., S. perpusillus) (HADDAD et al., 2013, PONTES
et al., 2013). Os lagartos são visualizados no período
de outubro a março, quando as temperaturas estão
elevadas. No estudo de Caiman latirostris no PNMBB,
foram capturados 40 animais, sendo 15 fêmeas, seis
machos e 19 indivíduos jovens cuja determinação
de sexo não foi possível. A população era formada,
majoritariamente, por jovens (47,5%) e obtivemos
11 recapturas que foram identicadas mediante a
marcação individual. A relação entre fêmeas e machos
foi de 2:1. Os animais estudados termorregulavam
principalmente dentro d’água e à noite, utilizando lagos
do parque também para outras atividades diárias, como
Figura 5 Espécies exóticas invasoras da herpetofauna carioca: (A) Lithobates catesbeianus e (B) Hemidactylus mabouia,
registradas no estudo de três parques naturais municipais, município do Rio de Janeiro (Fotos: Jorge Pontes).
alimentação e reprodução. A redução acentuada do
nível d’água observada nos lagos e brejos durante
obras da construção civil em 2011 no entorno direto
do PNMBB afetou a população, inclusive com um
decréscimo no recrutamento de lhotes no ano seguinte
(Figura 6 A, B e C).
O uso público intensivo deste parque, ainda sem
controle, apesar de contar com um plano de manejo
recente, tem criado interações indesejáveis entre
visitantes e alguns indivíduos de C. latirostris devido
à oferta de alimentos, como o pão. Os alimentos
oferecidos aos animais no PNMBB têm elevado
índice de carboidratos e, segundo estudos sobre
o desenvolvimento de Alligator mississippiensis,
crocodilianos podem ingerir até 14% de carboidratos
em sua dieta, entretanto, se este índice for superior, o
crescimento do animal poderá ser afetado (STATON et
al., 1990; SARKIS-GONÇALVES et al., 2001).
O Parque Natural Municipal da Prainha abriga
19 espécies de anuros, 10 de serpentes e oito de
lagartos. Quatro das cinco espécies de quelônios
(Testudines) registradas são tartarugas-marinhas
(todas ameaçadas de extinção) que visitam a enseada
e os costões para se alimentarem, permitindo registros
como da gigante tartaruga-de-couro (Dermochelys
coriacea). Sua herpetofauna possui similaridade
intermediária entre as dos PNM Bosque da Barra e
Serra do Mendanha. Este fato se deve ao relevo, ao
microclima e à cobertura vegetal da região, que possui
mata de restinga, resquício de alagado e oresta de
encosta. A presença de pequenos cursos d’água, em
sua maioria temporária, permitiu a sobrevivência de
A b
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA
189
Figura 6 Aspectos do alagado do PNMBB em 2011 em seca por conta de obras de drenagem na região (A) e após o encerramento
das obras, em 2013, com recuperação do nível d’água (B). Número de lhotes capturados de Caiman latirostris, por mês, nos anos
de 2011 a 2014 (C). Parque Natural Municipal Bosque da Barra, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil (Fotos: Jorge Pontes).
espécies mais exigentes ambientalmente, como a
rãzinha-de-olhos-vermelhos (Ischnocnema octavioi),
a rãzinha-de-riacho (Crossodactylus gaudichaudii) e
a rã-de-pedras (Thoropa miliaris). O manejo errado
da drenagem dos pequenos alagados do parque,
o redirecionamento de córregos para a praia e a
introdução de peixes exóticos, como os espadinhas
(Xiphophorus spp.), vêm eliminando os sítios
reprodutivos de anuros hilídeos e causando a redução
de população de peixes nativos predados pela cobra-
d’água (Erythrolamprus miliaris). A lagartixa-da-praia
Liolaemus lutzae Mertens, 1938 (Família Liolaemidae),
espécie endêmica do estado do Rio de Janeiro e
ameaçada de extinção, não é mais encontrada no
Parque Natural Municipal da Prainha, embora ainda
existam populações no Parque Natural Municipal de
Grumari e no Recreio dos Bandeirantes (ROCHA et
al., 2009, e presente estudo). As grandes bromélias
tanque (Alcantarea glaziouana (Lemaire) Leme), que
predominam nos costões rochosos, são refúgios para
muitos animais e locais de reprodução para espécies
bromelígenas como Scinax perpusillus (PONTES et
al., 2013, e presente estudo). Mas os incêndios nos
últimos anos, provocados por rituais religiosos, reduziu
a população destas bromélias e, consequentemente,
sua herpetofauna local.
A b
C
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
190
A herpetofauna da Serra do Mendanha é sem dúvida
a mais rica em termos de espécies, sendo composta
por pelo menos 85 formas que estão distribuídas em 29
famílias. A família Hylidae conta com o maior número
de espécies (50%, n = 22), enquanto a rãzinha-piadeira
Physalaemus signifer, que habita o solo, foi a espécie
mais abundante (18%, n = 272). A espécie de sapo
Rhinella ornata contribuiu com a maior biomassa (m
= 548 g). Identicamos uma nova espécie de anuro
Brachycephalus sp., que também habita o folhiço das
cotas altimétricas acima de 700 m, e registramos a
presença da raríssima rãzinha Physalaemus soaresi,
ampliando sua área de distribuição (PONTES et al.,
2010). Biogeogracamente, a comunidade de anuros
da área estudada indicou ser mais similar (68%) à
comunidade da região da Serra da Tiririca e arredores,
também no estado do Rio de Janeiro. Comparando-se
os três tipo de sionomias, ou meso-hábitat, existentes
na Serra do Mendanha, em termos de riqueza e
diversidade de espécies, a oresta secundária indicou
ter os mais elevados índices, seguida pela oresta
pouco perturbada e pela monocultura de bananeiras.
A assembleia de anuros que habita a serrapilheira da
Serra do Mendanha é composta por nove espécies, o
que pouco diferiu ao longo de um gradiente altitudinal
(0 a 900 m), com o registro das espécies Euparkerella
brasiliensis, Haddadus binotatus, Leptodactylus
marmoratus e Zachaenus parvulus na maioria das
cotas altimétricas, sendo que H. binotatus esteve
presente em todas as cotas altimétricas. A altitude, a
declividade e a profundidade da serrapilheira foram
as variáveis abióticas que mais influenciaram a
distribuição de abundância e de riqueza de espécies
do folhiço. Na estação úmida (setembro a março)
a densidade de anuros no solo orestal foi de 10,4
ind./10 0 m
2
, enquanto na estação seca (abril a agosto)
houve uma redução de 34,6% (6,8 ind./100 m2).
As assembleias de anuros na Serra do Mendanha
utilizam os recursos hídricos disponíveis (água da chuva,
córregos, totelmas, rios e umidade do ar) de diferentes
formas, em associação direta ao modo reprodutivo de
cada espécie. O modo reprodutivo tipo 1 (ovos e girinos
exotrócos em ambiente lêntico) foi o mais frequente
(n = 18) entre os 14 modos identicados. O estudo de
12 poças (lênticas e lóticas) indicou que estas diferiram
consistentemente entre si, seja nas suas dimensões, na
composição de suas assembleias de girinos ou nos seus
componentes abióticos. A assembleia de girinos de cada
poça indicou ser moldada pela interação de diferentes
fatores ambientais, ecológicos e logenéticos de cada
espécie, determinando a abundância, dominância e
riqueza das espécies presentes. Diversos predadores
de girinos foram encontrados em algumas poças, como
serpentes e artrópodes (caranguejos-de-rio, larvas de
libélulas e pitus). Naquelas em que a presença destes
predadores se tornou mais intensa, especialmente
de pitus (Macrobrachium potiuna (Müller, 1880)) e de
caranguejos-de-rio (Trichodactylus petropolitanus
(Göldi, 1886)), houve uma redução no uso da poça
como sítio reprodutivo de anfíbios (Figuras 7A-D e 8A-
D). A predação de girinos por invertebrados tem sido
registrada em outras localidades do Rio de Janeiro,
como no Parque Nacional da Tijuca (MOTTA-TAVARES
et al., 2015).
Entre as 28 espécies de serpentes registradas
para a Serra do Mendanha, apenas quatro (14,3%) são
peçonhentas: Bothrops jararaca, Bothrops jararacussu,
Micrurus corallinus e Philodryas olfersii. Destas,
registramos três na Prainha (B. jararaca, B. jararacussu
e M. corallinus) e uma no Bosque da Barra (B. jararaca).
A b
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA
191
Figura 7 Aspectos de duas das 12 poças reprodutivas estudadas (A) e (B). Girinos de Dendropsophus elegans (C) e de
Crossodactylus gaudichaudii (D) registrados durante o estudo. Rio de Janeiro, Brasil (Fotos: Jorge Pontes).
Figura 8 Predadores de girinos que habitam as poças reprodutivas estudadas: pitu Macrobrachium potiuna (A), caranguejo-
de-rio Trichodactylus petropolitanus (B), larva de Odonata (C) e muçum Synbranchus marmoratus (D) registrados durante o
estudo. Rio de Janeiro, Brasil (Fotos: Jorge Pontes).
A b
C
C
D
D
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
192
A presença de bananais, registrada nos parques
naturais da Prainha e da Serra do Mendanha, cria
ambientes desfavoráveis para a herpetofauna. Neste
meso-hábitat antrópico, a riqueza da herpetofauna
foi a mais baixa registrada, com um total 10 de
espécies.
RECOmENDAÇõES pARA A
pRESERVAÇÃO DE ESpéCIES DA
hERpEtOFAUNA CARIOCA
A elevada riqueza de espécies da herpetofauna
registrada nos três parques estudados, que incluiu
aquelas ameaçadas de extinção presentes em listas
ociais, está sob o risco mesmo nestas unidades
de conservação de proteção integral que contam
com planos de manejo. Propomos como principais
recomendações conservacionistas:
1)
aplicação imediata das ações previstas nos
planos de manejo destes parques naturais;
2)
enriquecimento de hábitat mediante manejo
ecológico com espécies autóctones, eliminação
gradativa de espécies alóctones e invasoras,
inclusive de bananais, e recuperação de áreas
degradadas, restaurando micro-hábitat perdidos
ou alterados;
3)
ampliação, em área, destas unidades de
conservação da natureza e promoção da
conectividade com outras áreas naturais, com
atenção especial para as matas de baixada e
áreas alagadiças;
4)
redução e controle mais ecaz da ocupação
e do tipo de obras licenciadas no entorno dos
parques, especialmente no que diz respeito
a iluminação e drenagem em áreas úmidas e
resgate de fauna;
5)
desenvolvimento e execução de programas de
educação ambiental voltados para ordenação,
scalização e controle da visitação pública, com
ênfase em herpetofauna;
6)
treinamento de todos os funcionários que atuam
direta ou indiretamente em parques naturais,
com relação à preservação da herpetofauna
e especialmente ao licenciamento ambiental
da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do
Rio de Janeiro;
7)
reintrodução de espécies extintas ou de
exemplares para o reforço faunístico de
populações, utilizando exemplares resgatados
de áreas próximas que foram perdidas.
AgRADECImENtOS
Aos alunos e professores do Departamento de
Ecologia da UERJ, do curso de Pós-Graduação em
Zoologia e da Coleção de Anfíbios e Répteis do Museu
Nacional, UFRJ, pelo acesso aos bancos de dados,
conrmação de identicação taxonômica e artigos
cedidos. Ao CNPq (Processos nº 304791/20010 -
5 e nº 476684/2008-0) e a FAPERJ (Processo nº
E- 2 6 /102.40 4. 2009). Ta m b ém a Profa. Dra. Ana M. Telles
Carvalho e Silva do Laboratório de Biossistemática de
Anfíbios da UNIRIO, que gentilmente colaborou na
identicação dos girinos. À Gerência de Gestão de
Unidades de Conservação da Secretaria Municipal de
Meio Ambiente, pela emissão das autorizações para
a pesquisa e coleta de material cientíco.
REFERêNCIAS bIbLIOgRáFICAS
ASSOCIATION VETERINARY MEDICAL AMERICAN
(AVMA). 2001. Rep or t of the AVMA panel on euthanasia.
Journal of Association Veterinary Medical American
5 (218): 669-696.
BÉRNILS, R.S.; COSTA, H.C. 2014. Brazilian amphibians:
list of species. Herpetologia Brasileira 3 (3): 74-84.
COELHO, I.P.; TEIXEIRA, F.Z.; COLOMBO, P.; COELHO,
A.V.P; KI NDEL, A. 2012. Anuran road-kills ne ighborin g a
peri-urban reserve in the Atlantic Forest, Brazil. Journal
of Environmental Management 112: 17-26.
CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL. 2000.
Hotspots. As regiões biologicamente mais ricas e
ameaçadas do planeta. CEMEX/Agrupación Sierra
Madre, Minas Gerais, 15 p.
CORADIN, L. (Coord.) 20 0 6. Espécies exóticas invasoras:
situação brasileira. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, 24 p.
CORN, P.S. 1994. Straigh-line drift fences and pitfall traps.
Pp. 109-17. In: HEYER, W.R.; DONNELY, M.A.; ROY,
W.M.; HAYEK, L.C.; FOSTER, M.S. (Ed.). Measuring
and monitoring biological diversity. Standard
methods for amphibians. Washington: Smithsonian
Institution Press, 364 p.
COSTA, T.C.C.; FIDALGO, E.C.C.; UZÊDA, M.C.;
ZARONI, M.J.; NAIME, U.J.; GUIMARÃES, S.P. 2009.
Vulnerabilidade de sub-bacias hidrográcas do estado
do Rio de Janeiro. Pp. 67-80. In: BERGALLO, H.G.;
FIDALGO, E.C.C.; ROCHA, C.F.D.; UZÊDA, M.C.;
COSTA, M.B.; ALVES, M.A.S.; VAN SLUYS, M.;
SANTOS, M.A.; COSTA, T.C.C.; COZZOLINO, A.C.
(Org.). Estratégias e ações para a conservação da
biodiversidade no estado do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: Instituto Biomas, 344 p.
COSTA, H.C.; BÉRNILS, R. 2014. Répteis brasileiros: lista
de espécies. Herpetologia Brasileira 3 (3): 74-84.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA
193
CRUMP M.L. 1994. Climate and environment. Pp. 42-
46. In: HEYER, W.R.; DONNELY, M.A.; ROY, W.M.;
HAYEK, L.C.; FOSTER, M.S. (Ed.). Measuring and
monitoring biological diversity. Standard methods
for amphibians. Washington: Smithsonian Institution
Press, 364 p.
CRUMP M.L.; SCOTT JR. N.J. 1994. Visual encounter
surveys. Pp. 84-92. In: HEYER, W.R.; DONNELY,
M.A.; ROY, W.M.; HAYEK, L.C.; FOSTER, M.S. (Ed.).
Measuring and monitoring biological diversity.
Standard methods for amphibians. Washington:
Smithsonian Institution Press, 364 p.
GALLEGO, L. P. 1971. O Sudeste: o clima tropical de altitude.
A natureza e a orientação das massas de ar. Curso para
professores de Geograa, IBGE 17: 32-6.
GOLFARI, L.; MOOSMAYER, H. 1980. Manual de
reorestamento do estado do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro: Banco de Desenvo lvimento do Estad o do Rio
de Janeiro / Secretari a de Plane jamento e Coordenação
Geral, 382 p.
HADDAD, C.F.B.; TOLEDO, L.F.; PRADO, C.P.A.;
LOEBMANN, D.; GASPARINI, J.L.; SAZIMA, I., 2013.
Guia dos anfíbios da Mata Atlântica: diversidade e
biologia. São Paulo: Anolis Books, 544 p.
HASSAN, P.G.A. 2014. Estrutura e impactos ambientais
sobre uma população de jacaré-de-papo-amarelo
(Caiman latirostris (Daudin, 1802)), Parque Natural
Municipal Bosque da Barra, Barra da Tijuca, Rio de
Janeiro, Brasil. Monograa de Graduação, Faculdade
de Formação de Professores, Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, 46 p.
HO FFM A NN, K.; MCGA RRIT Y, M.E.; JO H NSON , S.A. 2008 .
Technology meets tradition: A combined VIE-C technique
for individually marking anurans. Applied Herpetology
5: 265-280.
IBAM/DUMA, PCRJ/SMAC, 1998. Guia das Unidades de
Conservação Ambiental do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: Imprensa da Cidade, 208 p.
IZECKSOHN, E.; CARVALHO-E-SILVA, S.P. 20 01. Anfíbios
do município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 148 p.
JACOBS, J.F.; HEYER, W.R. 1994. Collecting tissue for
biochemichal analysis. Pp. 299-301. In: HEYER, W.R.;
DONNELY, M.A.; ROY, W.M.; HAYEK, L.C.; FOSTER,
M.S. (Ed.). Measuring and monitoring biological
diversity. Standard methods for amphibians.
Washington: Smithsonian Institution Press, 364 p.
MCDIARMID, R.W. 1994. Preparing amphibians as scientic
specimens. Pp. 289-297. In: HEYER W.R.; DONNELY,
M.A.; ROY, W.M.; HAYEK, L.C.; FOSTER, M.S. (Ed.).
Measuring and monitoring biological diversity.
Standard methods for amphibians. Washington:
Smithsonian Institution Press, 364 p.
MAGURRAN, A. 1988. Ecological diversity and its
measurement. London: Croom Helm Ltd., 179 p.
MCDIARMID, R.W.; ALTIG, R. 1999. Research: materials
and techniques. Pp. 7-23. In: MCDIARMID, R.W.; ALTIG,
R. (Ed.). Tadpoles. The Biology of anuran larvae.
Chicago: University Chicago Press, 444 p.
MCDIARMID, R.W.; FOSTER, M.S.; GUYER, C.; GIBBONS,
J.W.; CHERNOFF, N. 2012 (Ed.). Reptile biodiversity:
standard methods for inventory and monitoring.
California, USA: University of California Press, 412 p.
MITTERMEIER, R.A.; GIL, P.R.; HOFFMAN, M.; PILGRIM,
J; BROOKS, T.; MITTERMEIER, C.G.; LAMOREUX,
J.; FONSECA, G.A.B. 2005. Hotspots revisited:
Earth’s biologically richest and most endangered
terrestrial ecoregions. Chicago: University Chicago
Press / Conservation International, 432 p.
MOTTA-TAVARES, T.; NOGU EIR A-CO STA, P.; MACHA DO,
A.D.; PONTES, J.A.L.; ROCHA, C.F.D. 2015.
Crossodactylus gaudichaudii. Predation. Herpetological
Review 46 (1): 73-74.
MOTOKI, A.; PETRAKIS, G.H.; SICHEL, S.E.; CARDOSO,
D.E., MELO, R.C.; SOARES, R.; MOTOKI, K.F. 2008a.
Origem dos relevos do maciço sienítico do Mendanha,
RJ, com base nas análises geomorfológicas e sua
relação com a hipótese do vulcão de Nova Iguaçu.
Geociências 27 (1): 97-113.
MOTOKI, A.; SICHEL, S.E.; SOARES, R.; AIRES, J.R.;
PETRAKIS, G.H.; MOTOKI, K.F. 2008b. Rochas
piroclásticas de preenchimento de condutos
subvulcânicos do Mendanha, Itaúna e Ilha de Cabo
Frio, RJ, e seu processo de formação com base no
modelo de implosão do conduto. Geociências 27 (4):
4 51- 4 6 7.
MYERS, N.; MITTERMEIER, R.A.; MITTERMEIER, C.G.;
FONSECA, G.A.B.; KENT, J., 2000. Biodiversity hotspots
for conservation priorities. Nature 403: 853-858.
NIMER, E. 1989. Climatologia no Brasil. Rio de Janeiro:
IBGE, 421 p.
PONTES, J.A.L.; ROCHA, C . F.D. 2008. Serpentes da
Serra do Mendanha, Rio de Janeiro, RJ: Ecologia e
conservação. Rio de Janeiro: Technical Books, 147 p.
PONTES, J.A.L.; PONTES, R.C.; ROCHA, C.F.D. 2009.
The snake community of Serra do Mendanha, in Rio
de Janeiro state, southeastern Brazil: composition,
abundance, richness and diversity in areas with different
conservation degrees. Brazilian Journal of Biology 3
(69): 795-804.
PONTES, J.A.L.; PONTES, R.C.; SANTA-FÉ, C.P.;
LIMA, V.M.; ROCHA, C.F.D. 2010. Amphibia, Anura,
Leiuperidae, Physalaemus soaresi Izecksohn, 1965: New
record, distribution extension and geographic distribution
map. Check List 6 (1): 159-161.
PONTES, R.C.; SANTORI, R.T.; GONÇALVES E CUNHA,
F.C.; PONTES, J.A.L. 2013. Habitat selection by
anurofauna community at rocky seashore in coastal
Atlantic Forest, Southeastern Brazil. Brazilian Journal
of Biology 73 (3): 533-542.
Jorge a. L. PonTes, raFaeL C. PonTes, ruBevaLdo F. roCHa, PaTríCia M. LindenBerg, karen P. siLva, Wagner a. sanTos, neLson a. LeMos, PauLo g. a.
Hassan, aLex o. aLves, Luiz F. B. a. LoPes, Laiz C. T. Perro, ana P. BoLdrini, ériCa C. F. nunes, LiLian F. CosTa, raFaeL W. kisLing e CarLos F. d. roCHa
194
POUGH, E.H.; JANIS, C.M.; HEISER, J.B. 20 0 6. A vida dos
vertebrados. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Atheneu Editora,
684 p.
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. 2000.
Mapeamento e caracterização do uso das terras e
cobertura vegetal no município do Rio de Janeiro entre
os anos de 1984 e 1999. Rio de Janeiro: Secretaria
Municipal de Meio Ambiente, 75 p.
ROCHA, C.F.D.; VRCIBRADIC, D.; ARAÚJO, A.F.B., 2000.
Ecosiologia de répteis de restingas brasileiras. Pp.
117-14 9. In ESTEVES, F.A.; LACERDA, L.D. (Eds.).
Ecologia de restingas e lagoas costeiras. Macaé,
Rio de Janeiro: NUPEM/UFRJ, 394 p.
ROCHA, C.F.D.; BERGALLO, H.G.; ALVES, M.A.S.;
SLUYS, M.V. 2003. A biodiversidade nos grandes
remanescentes florestais do estado do Rio de
Janeiro e nas restingas da Mata Atlântica. São Carlos:
RiMa Editora, 146 p.
ROCHA, C.F.D.; BERGALLO, H.G. 2011. Occurrence and
distribution of the exotic lizard Hemidactylus mabouia
Moreau de Jonnès, 1818 in Ilha Grande, RJ, Brazil.
Brazilian Journal of Biology 71 (2): 447-450.
ROCHA, C.F.D.; BERGALLO, H.G.; MAZZONI 2011. Invasive
vertebrates in Brazil. Pp. 53-103. In: PIMENTEL, D.
Biological invasions: economic and environmental
costs of alien plant, animal and microbes species
(2nd Edition). New York: CRC Press, 449 p.
ROCHA, C.F.D.; SIQUEIRA, C.C.; ARIANI, C.V. 2009.
A conservação de Liolaemus lutzae: lagarto
endêmico das restingas do estado do Rio de
Janeiro ameaçado de extinção. Rio de Janeiro:
Instituto Biomas, 40 p.
SARKIS-GONÇALVES, F.; MIRANDA-VILELA, M.;
BASSETTI, L. A.; VERDADE, L. M. 2001. Manejo
de jacarés-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) em
cativeiro. Impresso do Laboratório de Ecologia
Animal, Piracicaba, São Paulo: LPA/ESALQ/USP, CP
09, 13418-900.
SEMADS, 2001. Atlas das Unidades de Conservação
da natureza do estado do Rio de Janeiro. Secretaria
de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, Governo do Estado do Rio de Janeiro/Rio
de Janeiro: Metalivros, 48 p.
SEGALLA, M.V.; CARAMASCHI, U.; CRUZ, C.A.G.;
GR AN T, T.; HADDAD, C.F.B.; LA NGONE, J.; GARCIA,
P.C. A . 2 0 14 . Brazilian amphibians: list of species.
Herpetologia Brasileira 2 (3): 37-48.
SIQUEIRA, C.C.; ROCHA, C.F.D. 2013. Gradiente altitudinais;
conceitos e implicações sobre a biologia, a distribuição
e a conservação dos anfíbios anuros. Oecologia
Australis 17 (2): 92-112.
STATON, M.A., H.M. EDWARDS AND I.L. BRISBIN JR.
1990. Protein and energy relationships in the diet of
American alligator (Alligator mississippiensis). Journal
of Nutrition 120: 775-785.
STUART, S.N.; CHANSON, J.S.; COX N.A.; YOUNG, B.E.;
RODRIGUES , A.S.L .; FISCH MAN, D.L.; WALLER , R.W.
2004. Status and trends of amphibian declines and
extinctions worldwide. Science 306 (3): 1783-1786.
VAN SLUYS, M.; CRUZ, C.A .G.; VRCIBR AD IC, D.; SILVA , H.R.;
ALMEIDA-GOMES, M.; ROCHA, C.F.D. 2009. Anfíbios nos
remanescentes orestais de Mata Atlântica no estado do
Rio de Janeiro, 175-182. In: BERGALLO, H.G.; FIDALGO,
E.C.C.; ROCHA, C.F.D.; UZÊDA, M.C.; COSTA, M.B.;
ALVES, M.A.S.; VAN SLU YS, M.; SANTOS, M.A.; COSTA,
T.C.C.; COZZOLINO, A.C. (Organizadores). Estratégias e
ações para a conser vação da biodiversidade no estado
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Institut o Biomas, 344 p.
ZAR, J.H. 1999. Biostatistical analysis (4
nd
Edition). New
Jersey: Prentice Hall, 663 p.
ZIMMERMAN, B. 1994. Audio strip transects. Pp. 92-
97. In: HEYER, W.R.; DONNELY, M.A.; ROY, W.M.;
HAYEK, L.C.; FOSTER, M.S. (Ed.). Measuring and
monitoring biological diversity. Standard methods
for amphibians. Washington: Smithsonian Institution
Press, 364 p.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: H OTSPOTS DA HERPETOFAUNA CARIOCA