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Ambientes educativos inovadores: o estudo do fator espaço nas 'salas de aula do futuro' portuguesas

Authors:

Abstract and Figures

In a very consistent way, multiple initiatives of classroom redesign have been constituted on the international context. As a common problem, these initiatives point out to the need to reconfigure the educational space, making it more permeable to the adoption of active learning methodologies, favoring different dynamics of action among students and between them and the teacher. In the Portuguese context, such spaces assume the designation of ‘future classrooms’, innovative educational environments that function as learning laboratories conducive to the use of technologies and new teaching methodologies. The present study focuses on the analysis of 19 future classrooms created in the Portuguese context by analyzing elements associated with the space factor. The main conclusions drawn from the data are highlighted: the future classrooms integrate different working zones, organized for promoting multiple and varied competences; several technologies are available in the classroom space; the furniture integrated in the classrooms proves to be diverse, multi-functional and reconfigurable; concerns with the establishment of environmental improvements that promote higher levels of well-being, comfort and ergonomics are already presented.
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Ambientes educativos inovadores: o
estudo do fator espaço nas ‘salas de
aula do futuro’ portuguesas
Neuza Pedro*1
Resumo
De forma consistente, múltiplas iniciativas de redesign dos es-
paços de sala de aula têm vindo a ser constituídas no panorama
internacional. Como problema comum estas iniciativas apon-
tam para a necessidade de recon gurar o espaço educativo,
tornando-o mais permeável à adoção de metodologias ativas
de aprendizagem, favorecendo diferentes dinâmicas de ação
entre alunos e entre estes e o professor. No contexto portu-
guês, tais espaços assumem a designação de ‘salas de aula do
futuro’, ambientes educativos inovadores que funcionam como
laboratórios de aprendizagem propícios à utilização de novas
tecnologias e metodologias de ensino. O presente estudo foca-
liza na análise de 19 salas de aula do futuro criadas no contexto
português analisando, em especí co, elementos associados ao
fator espaço. Salientam-se as principais conclusões extraíveis
dos dados encontrados: as salas de aula do futuro integram em
si diferentes zonas de trabalho, organizadas com vista à promo-
ção de múltiplas e variadas competências; várias tecnologias
encontram-se disponíveis no espaço; o mobiliário integrado
em sala de aula revela-se diversi cado, multifuncional e recon-
gurável; existe já preocupação com o estabelecimento de me-
lhorias ambientais promotoras de maiores níveis de bem-estar,
conforto e ergonomia.
Palavras-chave: Salas de Aula do Futuro, Integração educativa
das tecnologias, Inovação pedagógica.
* Licenciada em Psicologia, Mestre em Psicologia da Educação e Dou-
tora em Educação, na área de especialidade de Tecnologias de Infor-
mação e Comunicação na Educação. Professora Auxiliar do Instituto de
Educação da Universidade de Lisboa. Membro da Unidade de Investi-
gação em Educação e Formação (UIDEF) do Instituto de Educação da
Universidade de Lisboa. Coordenadora do Laboratório de E-learning da
Universidade de Lisboa. E-mail: nspedro@ie.ulisboa.pt
Revista Tempos e Espaços em Educação, São Cristóvão, Sergipe, Brasil, v. 10, n. 23, p. 99-108, set./dez. 2017.
http://dx.doi.org/10.20952/revtee.v10i23.7448 | ISSN: 1983-6597 (versão impressa); 2358-1425 (versão online).
AMBIENTES EDUCATIVOS INOVADORES
100
Innovative learning environments: the
study of space in Portuguese ‘Future
Classrooms’
Abstract
In a very consistent way, multiple initiatives of classroom
redesign have been constituted on the international context.
As a common problem, these initiatives point out to the
need to recongure the educational space, making it more
permeable to the adoption of active learning methodologies,
favoring dierent dynamics of action among students and
between them and the teacher. In the Portuguese context,
such spaces assume the designation of ‘future classrooms’,
innovative educational environments that function as learning
laboratories conducive to the use of technologies and new
teaching methodologies. The present study focuses on the
analysis of 19 future classrooms created in the Portuguese
context by analyzing elements associated with the space factor.
The main conclusions drawn from the data are highlighted:
the future classrooms integrate dierent working zones,
organized for promoting multiple and varied competences;
several technologies are available in the classroom space; the
furniture integrated in the classrooms proves to be diverse,
multifunctional and recongurable; concerns with the
establishment of environmental improvements that promote
higher levels of well-being, comfort and ergonomics are
already presented.
Keywords: Future Classrooms, Educational integration of
technologies, pedagogical innovation.
Ambientes educativos innovadores:
el estudio del espacio en las ‘salas de
aula del futuro’ portuguesas
Resumen
De forma consistente, múltiples iniciativas de rediseño de
los espacios de aula se han constituido en el panorama
internacional. Como problema común, estas iniciativas
apuntan a la necesidad de recongurar el espacio educativo,
haciéndolos más permeables a la adopción de metodologías
activas de aprendizaje, favoreciendo diferentes dinámicas de
acción entre alumnos y entre éstos y el profesor. En el contexto
portugués, tales espacios asumen la designación de “aulas
del futuro”, ambientes educativos innovadores que funcionan
como laboratorios de aprendizaje propicios a utilización de
tecnologías y nuevas metodologías de enseñanza. El presente
estudio se centra en el análisis de 19 aulas del futuro creadas
en el contexto portugués analizando en especíco, elementos
asociados al factor ‘espacio’. Se destacan las principales
conclusiones extraíbles de los datos encontrados: las aulas del
futuro integran en sí diferentes zonas de trabajo, organizadas
para la promoción de múltiples y variadas competencias;
varias tecnologías se encuentran disponibles en el espacio;
el mobiliario integrado en el aula se muestra diversicado,
multifuncional y recongurable; ya existe preocupación por
el establecimiento de mejoras ambientales promotoras de
mayores niveles de bienestar, confort y ergonomía.
Palabras-clave: Aula del Futuro, Integración educativa de las
tecnologías, Innovación pedagógica.
Neuza Pedro 101
1. Introdução
As inúmeras evoluções tecnológicas, cientícas e sociais
que têm marcado o século XXI têm exercido uma forte
pressão para a mudança dos sistemas educativos, tanto
no que diz respeito aos seus currículos e metodologias
como no que se associa aos seus espaços e dinâmicas. Ao
mesmo tempo que essas mudanças demoram a se esta-
belecer, a demanda pelas mesmas ganha cada vez maior
urgência e multiplicam-se os projetos nacionais e inter-
nacionais que buscam trazer inovação pedagógica para
a sala de aula. Entre os mesmos, dois fatores aparecem
recorrentemente focados: a promoção de ‘novas’ peda-
gogias, ligadas à aprendizagem ativa, e a integração das
‘novas’ tecnologias. Contudo, essa mudança, nos modos
e nos meios, não se tem feito acompanhar por alterações
no espaço escolar; especicamente a sala de aula, pouco
ou nada tem sido alterada com vista a acolher essas ‘no-
vas’ pedagogias e essas ‘novas’ tecnologias.
2. A relevância do espaço ‘sala de aula’ no pro-
cesso de aprendizagem
Dando relevância ao conhecimento que atualmente se
detém sobre o processamento cognitivo da informação
no cérebro humano, Wulsin (2013) refere que sabemos
hoje demasiado acerca de como a aprendizagem acon-
tece para se ignorar o quanto os espaços e ambientes
educativos, a forma como são planeados, construídos e
mantidos, inuenciam tal processo. Para Oblinger (2006)
“spaces are themselves agents for change” (para.1);
O’Donnell et al. (2010) referem-se mesmo à sala de aula
como ‘The third teacher’.
Vários estudos têm procurado salientar o impacto que
o espaço e os fatores ambientais exercem no processo
de aprendizagem dos alunos. Considerando especica-
mente os fatores externos, associados à construção das
escolas, vários autores têm atestado o seu impacto so-
bre múltiplas funções humanas, incluindo os processos
cognitivos (HYGGE; KNEZ, 2001), as emoções (LOEWEN;
SUEDFELD, 1992) e o bem-estar mental (EVANS, 2003).
Higgins et al. (2005) salientam o impacto signicativo
que elementos como a temperatura, iluminação e acús-
tica têm na constituição do ambiente interno da escola.
Através da revisão de literatura e análise a estudos de
caso sobre design de instituições escolares, Montazami,
Gaterell e Nicol (2015) concluíram que o desempenho
de alunos e professores é inuenciado pelo ambiente in-
terno dos edifícios, especicamente por fatores como o
nível de ruído, a temperatura interior, a qualidade do ar
e a iluminação. Níveis adequados nestes fatores correla-
cionam-se positivamente com a aprendizagem e o com-
portamento dos alunos (GUARDINO; FULLERTON, 2010),
bem como com os seus índices de satisfação e perfor-
mance académica (BUTT, 2010; HILL; EPPS, 2010).
No que se refere aos fatores internos associados à sala
de aula, um estudo recente, conduzido por Barrett et al.
(2015), em 153 salas do ensino primário do Reino Uni-
do, demonstrou que parâmetros relativos ao design da
sala de aula conseguiam explicar 16% da variância no
sucesso académico dos 3766 alunos envolvidos no estu-
do. Esta investigação centrou-se na análise do impacto
sensorial de 10 fatores ambientais, organizados em três
dimensões: naturalness (parâmetros ambientais neces-
sários para a sensação de conforto, tais como a proximi-
dade com a natureza, luz, qualidade do ar, temperatura
e nível de ruído), individualisation (relacionado com a
exibilidade do espaço, sensação de propriedade e de
conexão) e stimulation (associado à atratividade da sala
de aula, sua complexidade e cor). Através da aplicação de
um modelo de análise multinível, este estudo permitiu
concluir que a progressão das aprendizagens dos alunos
(51%) se encontrava associada aos seguintes parâme-
tros: a luz, a sensação de propriedade, qualidade do ar,
cor, temperatura, nível de complexidade e exibilidade
(BARRETT, et al., 2015).
Além dos elementos ambientais, os próprios artefactos
colocados em sala de aula, especicamente mobiliário
e equipamentos, têm também sido atentamente con-
siderados pela literatura. Mediante o aumento das pre-
ocupações associadas ao conforto físico e psicológico
de alunos, vários trabalhos têm salientado a relevância
assumida pela elevada ergonomia, exibilidade e adap-
tabilidade do mobiliário em sala de aula (BASYE, et al.,
2015; VISSER, 2001; YANG; BECERIK-GERBER; MINO, 2013).
AMBIENTES EDUCATIVOS INOVADORES
102
Novos conceitos começam efetivamente a emergir. Re-
centemente, tem ganho destaque o estudo de mobiliá-
rio associado ao exible seating (DELZER, 2016), ou seja, a
integração em sala de aula de múltiplos e  exíveis arte-
factos que suportem a ação de sentar/recostar/reclinar,
na medida em que se veri ca que tais elementos, ao per-
mitir aos alunos mudar de postura, revelam-se positivos
para a sua saúde física (MAHAR, 2006; TREMBLAY, et al.,
2011), ao mesmo tempo que se revelam favorecedores
do restabelecimento da atenção, concentração e envol-
vimento na tarefa (CLEMES, et al, 2016; SHERRY; PEAR-
SON; CLEMES, 2016).
A integração da tecnologia em sala de aula necessita
igualmente ser considerada. Sobretudo ao longo da últi-
ma década, a tecnologia tornou-se um componente cen-
tral de muitas salas de aula sob a forma de equipamen-
tos audiovisuais e computadores pessoais com acesso à
internet (MICHAEL, 2013; YANG, et al., 2013). Contudo,
o seu impacto nas dinâmicas de sala de aula necessita
ainda ser estudado. Na verdade, Basye et al. (2015) sa-
lientam que raramente os espaços educativos têm vindo
a ser projetados de modo a que a tecnologia disponível
possa ser utilizada de forma rápida, acessível e natural
ainda que o autor defenda que “Technology is a much
part of a digital age learning environment as are the  o-
ors and ceilings (BASYE, et al., 2015, p. 94).
Múltiplas são, pois, as investigações que alertam para a
necessidade de se repensar, e consequentemente de se
estudar de modo rigoroso, a forma como se organiza os
espaços escolares, em especial, a sala de aula. O ambiente
físico e os elementos que o constituem transmitem a fun-
cionalidade do espaço e in uenciam o comportamento
e bem-estar dos seus utilizadores, pelo que os mesmos
necessitam corresponder de forma mais e ciente às ne-
cessidades dos alunos atuais, sobretudo se tivermos em
atenção o volume de tempo que, desde muito cedo, as
crianças passam nas escolas (BARRETT, et al., 2013).
3. Contextualização do estudo
No contexto europeu, vários projetos recentes têm pro-
curado perspetivar forma de conduzir à desejada mo-
dernização das práticas educativas; contudo, poucos têm
colocado em articulação três fatores críticos: o espaço, a
pedagogia e a tecnologia (LEAHY, 2016). O Projeto ITEC
‘Innovative Technologies for Engaging Classrooms’ desen-
volvido entre 2010 e 2014 e, mais recentemente, o Projeto
FCL ‘Future Classroom Lab surgem como exceção. Ambos
os projetos se revelam associados à rede europeia de Mi-
nistérios da Educação, a European Schoolnet.
No seio destes projetos, foi construído em 2012, o
Future Classroom Lab, um espaço inovador de sala
de aula que pretende servir de inspiração a decisores
políticos, escolas e professores na transformação das
salas de aula convencionais em espaços de aprendiza-
gem modernizados que suportem mudanças efetivas
nas práticas de ensino e de aprendizagem (EUROPEAN
SCHOOLNET, 2016a). Este ‘laboratório de sala de aula
do futuro’ integra em si uma proposta de organização
do espaço de sala de aula que se edifica com torno de
seis zonas funcionais, alinhadas com diferentes com-
petências e dinâmicas de aprendizagem que se procu-
ram desenvolver:
Figura 1: Future Classroom Lab
Fonte: (retirado de http://erte.dge.mec.pt/ambientes-educativos-
-inovadores)
Zona de ‘Criar’: um espaço de aprendizagem promo-
tor do envolvimento ativo dos alunos na criação de
determinados produtos/conteúdos altamente rela-
cionados com a vida real. Fornece-se assim aos alunos
oportunidade para estimular a sua criatividade, sen-
tido de produtividade e de propriedade sobre a sua
aprendizagem. As tecnologias aí existentes suportam
o processo de plani cação, criação e disseminação
dos produtos desenvolvidos pelos alunos;
Neuza Pedro 103
Zona de ‘Interagir’: As atuais tecnologias de informa-
ção e comunicação, a internet e os seus ambientes
online permitem hoje não apenas que cada aluno
possa expressar o seu processo de aprendizagem, em
imediato ou em diferido, como igualmente permitem
que sejam recebidos em sala de aula outros agentes
educativos de relevo (alunos, professores ou especia-
listas) tanto do contexto nacional como internacional.
Esta zona procura estimular a interação entre alunos e
entre estes e outros agentes educativos;
Zona de Apresentar’: esta zona procura estimular
competências ligadas à comunicação, apresentação e
utilização produtiva de feedback. Ao desenvolvimen-
to e entrega dos trabalhos dos alunos merece ser adi-
cionada uma dimensão comunicativa, de apresenta-
ção interativa e publicação on-line, permitindo assim
a partilha de ideias a uma vasta audiência;
Zona de ‘Investigar’: para uma sala de aula de/do futu-
ro entende-se que os alunos necessitam ser incentiva-
dos a realizar pesquisa cientíca, a recolher e analisar
criticamente dados, a tomar decisões e a descobrir
por si mesmos como resolver problemas efetivos, sob
abordagens ativas de aprendizagem. A zona de inves-
tigar procura corresponder a este objetivo;
Zona de ‘Partilhar’: A organização globalizada da so-
ciedade, e dentro desta o atual mercado de trabalho,
tem sinalizado como muito importante a capacidade
de colaborar. No trabalho em equipa, a colaboração
é determinada pelo comprometimento e responsa-
bilidade individual, mas igualmente pela capacidade
de comunicação e de partilha do processo de tomada
de decisão. Com as tecnologias digitais aí integradas,
esta zona procura garantir que tais processos de parti-
lha se sedimentem e ampliquem, tanto na dimensão
presencial como online;
Zona de ‘Desenvolver’: Esta zona procura estimular
que os espaços de aprendizagem e produtividade in-
tegrem hoje uma área informal de trabalho, onde se
estimule a autonomia, a reexão e o aprofundamento
das aprendizagens desenvolvidas. Com vista a promo-
ver a independência dos alunos, vê-se vantagem em
acolher dentro da sala de aula espaços mais descon-
traídos e não-monitorados, onde haja oportunidade
de acesso a elementos lúdicos que estimulem a mo-
tivação e a autoexpressão de todos e de cada um dos
alunos (EUROPEAN SCHOOLNET, 2016a).
3.1 As salas de aula do futuro no contexto portu-
guês
Desde a sua inauguração em 2012, o FCL tem vindo a ins-
pirar vários professores, escolas e organizações a criar os
seus próprios laboratórios de aprendizagem, tendo sido
criada a FCL network. Esta rede integra ocialmente 28
espaços em 14 países distintos, designados de salas de
aula do futuro (EUROPEAN SCHOOLNET, 2016b).
De entre estas encontram-se vários laboratórios criados
no contexto português, sendo na verdade Portugal o
país que se destaca pelo número de espaços que acolhe.
No contexto português, estas salas assumem ocialmen-
te a designação de ambientes educativos inovadores
(ERTE, 2016) que funcionam como laboratórios de apren-
dizagem para professores e alunos propícios à utilização
de novas metodologias de ensino. Sendo entendidas
como iniciativas individuais das escolas, as mesmas sur-
gem, ainda assim, identicadas como uma das iniciativas
nacionais de integração curricular das TIC tuteladas pela
Equipa de Recursos e Tecnologias Educativas do Ministé-
rio da Educação.
Atualmente, encontram-se listados 24 ambientes educa-
tivos inovadores ou salas de aula do futuro no contexto
português: 12 em agrupamentos de escolas, 2 em cen-
tros de formação, 2 em colégios privados, 3 em escolas
prossionais, 4 em escolas secundárias e 1 numa institui-
ção de ensino superior.
O presente trabalho procurou analisar esses mesmos es-
paços focando a sua atenção sobre a organização nestes
estabelecida, analisando em especíco, elementos asso-
ciados ao layout (zonamento), equipamento e mobiliário
existente, e melhorias ambientais estabelecidas.
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4. Metodologia
O processo de recolha de dados decorreu entre de-
zembro de 2016 e janeiro de 2017, com o objetivo
de analisar e descrever as salas de aula do futuro ou
ambientes educativos inovadores (AEI) que se têm
vindo a construir no contexto do sistema educativo
português. Os dados foram recolhidos através de web
survey.
4.1 Caraterização dos respondentes
Participaram neste estudo 22 professores representan-
tes de 19 dos 20 AEI existentes em Portugal, no início de
2017, ou seja, 95% dos mesmos. Em três dos AEI foi en-
tendido adequado que a resposta ao questionário fosse
efetivada por mais do que uma pessoa; deste modo, dos
19 AEI representados conta-se com a resposta de 22 par-
ticipantes.
O grupo de respondentes integrou maioritariamente
professores do sexo feminino (59,1%), apresentando
uma idade média de 49 anos e cerca de 25 anos de le-
cionação. A maioria possui Mestrado como grau acadé-
mico (59%). As respostas ao questionário apresentam
representação de docentes de todos os níveis de ensino,
destacando-se a presença de professores que integram
a direção da respetiva escola/agrupamento (45,5% dos
respondentes).
4.2 Descrição do instrumentos e procedimentos de
recolha de dados
O questionário online foi eleito como instrumento de re-
colha de dados. O mesmo garantia: i) rapidez e economia
de custos associados ao processo de coleta de dados, ii)
a satisfação da exigência de representatividade e de ga-
rantia de anonimato dos respondentes, (iii) a uniformi-
dade no processo de resposta às questões, e (iv) a dimi-
nuição de enviesamentos provocados pelo investigador
(QUIVY; CAMPENHOUDT, 2013).
A estrutura imposta ao questionário associou-se ao ob-
jetivo último da investigação realizada onde se procu-
rou caracterizar os espaços físicos associados às salas de
aula do futuro existentes no sistema educativo nacional.
Construído e disponibilizado online, através do Google
forms, o questionário era composto por três partes, sen-
do que o presente trabalho se foca apenas nos dados re-
colhidos com base em parte dos itens constitutivos da
primeira parte do instrumento. Esta era constituída por
um total de sete itens de resposta aberta e focava-se na
procura de informações relativas ao modelo de organi-
zação estabelecido, equipamento, mobiliário existente
e outros elementos integrados com vista à melhoria do
espaço, a iluminação, acústica, cor, qualidade do ar, tem-
peratura, conforto e segurança.
5. Resultados
A análise das caraterísticas constitutivas do espaço que
dá forma a cada um dos AEI criados no contexto nacional
foi considerada com base nas diferenças/proximidade
relevada entre o layout imposto a estes espaços e o mo-
delo de organização em zonas de trabalho utilizado no
Future Classroom Lab.
Os dados recolhidos, e representados na gura 2, per-
mitem vericar que seis dos 19 AEI analisados (31.6%)
assumem seguir o modelo de organização do espa-
ço preconizado pelo Future Classroom Lab. Cinco AEI
(26.3%) referem assumir apenas, de forma parcial, esse
modelo, retirando ou agregando algumas das zonas
preconizadas.
Em oposição, 8 AEI (42.1%) armam ter adotado um
modelo próprio, especicamente desenhado para o
seu espaço e projeto. Estas salas integram no seu inte-
rior outras áreas de atividades. Com maior incidência,
surge a organização de áreas para trabalho autónomo,
planicação e pesquisa, onde computadores portáteis e
tablets se encontram disponíveis para utilização por par-
te de alunos e professores. Seguem-se-lhes outras áreas
propositadamente organizadas para: atividades de apre-
sentação/visualização (contendo tecnologia de display
como LCDs, projetores HD, quadros e/ou painéis intera-
tivos), zonas lúdicas (destinadas a jogos educativos), es-
Neuza Pedro 105
túdios para produção multimédia, e zonas de modelação
e impressão 3D. Um dos AEI refere que integra no seu
interior uma área com equipamentos e componentes
especicamente associados à Programação e Robótica;
outro distingue-se ainda pela existência de uma zona
snoezelen desenhada especicamente para alunos com
necessidades educativas especiais.
Figura 2: Identificação das zonas de trabalho existentes nos AEI
No que se refere à tecnologia, os resultados apresenta-
dos na gura 3 deixam patente a diversidade de equipa-
mento tecnológico que os AEI disponibilizam aos profes-
sores e alunos que os utilizam.
Em destaque, surge a tecnologia de visualização (dis-
play), nomeadamente quadros interativos, mesas intera-
tivas e painéis multitouch indicados como existente em
cerca de 79% dos AEI (15 de 19 dos espaços representa-
dos pelos respondentes).
A disponibilização de tablets e de computadores portá-
teis para utilização individual ou coletiva é igualmente
referida em 79% dos espaços sob análise.
Revelou igualmente expressão a categoria relativa a kits
de Robótica educativa (68.4%) e disponibilização de
tecnologia associada à edição de vídeo e produção de
conteúdos multimédia, sendo que em 10 dos 19 espaços
(52.6%) sob análise existe disponíveis sistemas de som,
de luz e equipamento de captação e edição de vídeo.
Figura 3: Listagem das tecnologias existentes (frequências absolutas)
Relativamente às melhorias ambientais estabelecidas,
na totalidade dos AEI existentes verica-se que foram
realizadas melhorias no espaço que os acolheu, tanto
relativamente ao mobiliário, cor, conforto, segurança,
iluminação, acústica, qualidade do ar e temperatura (de
acordo com a ordem possível de identicar com base nas
frequências absolutas indicadas na gura 3).
Maioritariamente, essas melhorias associaram-se à inte-
gração de mobiliário exível e recongurável (100%) e à
mudança na cor dos espaços (89.5%), sendo frequente-
mente referido a adoção das cores associadas às diferen-
tes zonas de atividade preconizadas pelo FCL (represen-
tadas na gura 1).
As melhorias associadas ao conforto foram também
substancialmente referidas (77.3%), sendo as mesmas
materializadas sobretudo através da integração de mo-
biliário novo nestes espaços. Esse mobiliário é sinalizado
como sendo bastantes distinto do que frequentemente
se encontra nas salas de aula regulares, sendo referido
como mais ergonómico, confortável e aprazível. Encon-
tra-se indicação de que os AEI acolhem no seu interior
uma grande variedade de mobiliário, indo além das me-
sas e cadeiras comuns. Identica-se nas respostas ana-
lisadas a indicação de mobiliário leve, robusto e simul-
taneamente exível que permite aos alunos trabalhar
individualmente, em pares ou em grupo, e em múltiplas
AMBIENTES EDUCATIVOS INOVADORES
106
posições (sentado, reclinado, em pé, etc.). De igual modo,
é identicado no mobiliário outra característica distinti-
va: a facilidade de movimentação e a consequente re-
congurabilidade destes elementos no espaço.
Figura 4: Identificação das melhorias estabelecidas (frequências
absolutas)
Os restantes fatores ambientais, nomeadamente os liga-
dos à segurança dos espaços e das pessoas e o aumento
da qualidade da iluminação e da acústica das salas fo-
ram igualmente sinalizados por respetivamente, 68.2% e
63.6% dos respondentes.
6. Conclusões
Salienta-se as principais conclusões extraíveis dos resul-
tados encontrados no estudo dos AEI ou salas de aula do
futuro criados no contexto português: estas novas salas
constituem-se em torno de diferentes zonas de trabalho,
organizadas com vista à promoção de múltiplas e varia-
das competências, em especíco aquelas que a literatura
refere com frequência como XXI-century skills; múltiplas
tecnologias encontram-se integradas nestes espaços,
com maior incidência encontram-se as tecnologias de
display e os dispositivos móveis (tablets); o mobiliário
integrado nestas salas de aula revela-se diversicado,
multifuncional e recongurável; existe já uma nítida pre-
ocupação com o estabelecimento de melhorias ambien-
tais nestes espaços de sala de aula com vista a garantir
maiores níveis de bem-estar, conforto e ergonomia aos
seus utilizadores.
Constata-se pois, que os espaços analisados reclamam
para si um layout radicalmente distinto daquele que se
encontra nas salas de aula convencionais. Nestes, a sala
de aula em vez de ser entendida como um espaço único,
perspetiva-se como plural, logo divisível e recongurá-
vel, com uma arquitetura exível, modular e adaptável
(PEDRO; MATOS, 2015). A organização em zonas de tra-
balhos revela ainda que estes ambientes educativos
inovadores procuram romper com a conguração tra-
dicional das salas de aula transmissivas, onde leiras de
cadeiras e mesas se alinham vertical ou horizontalmente
de fronte para um quadro sob domínio do professor. Es-
tes espaços, organizados com vista a promover metodo-
logias ativas de aprendizagem, recusam essa herança e
procuram organizar-se em áreas que facilitem a apren-
dizagem colaborativa, a utilização de tecnologias e uma
efetiva diferenciação pedagógica.
De igual modo, verica-se que tais ambientes procuram
criar experiências educativas mais aprazíveis, alicerçadas
em elevados níveis de conforto e bem-estar. Preocupa-
ções com a qualidade funcional dos espaços aparecem
alinhadas com preocupações ergonómicas e estéticas,
tanto nos seus elementos arquitetónicos, como nos equi-
pamentos e mobiliário. Existe pois alinhamento entre es-
tes espaços e o que a investigação tem vindo a salientar,
relativamente ao impacto que o ambiente físico exerce
sobre o envolvimento, atenção e motivação dos alunos
(PHILIPS, 2014; SHERRY; PEARSON; CLEMES, 2016), o seu
comportamento (GUARDINO; FULLERTON, 2010), satis-
fação e performance académica (BARRETT, et al., 2015;
BASYE, et al, 2015; BUTT, 2010; HILL; EPPS, 2010).
Sabe-se (não hoje, mas há muito!) que mudanças nos
habitats tendem a estabelecer mudanças nos compor-
tamentos, que os espaços reetem e simultaneamente
impõem hábitos aos sujeitos que neles se movimentam.
Desta forma as salas de aula, a sua disposição e elemen-
tos, exercem igualmente pressão sobre o tipo de experi-
ência educativa que em si é vivenciada. Os seus modelos
de organização comunicam muito sobre a abordagem
pedagógica que se encontra subjacente às práticas que
ai decorrem; ao mesmo tempo que podem exercer efei-
tos favorecedores ou restritivos sobre a mudança dessas
mesmas práticas. Assim sendo, revela-se insensato pen-
sar que a aprendizagem na atualidade contém os meios
Neuza Pedro 107
necessários para ser bem-sucedida em salas de aula
construídas em meados do século passado (OBLINGER,
2006), onde o que se esperava da escola era tão diferen-
te do que hoje se deseja. Permanece urgente reetir de
forma séria e organizada sobre o modo como o espaço
físico da sala de aula se revela ajustável ao século vigen-
te, reclamando-se a necessidade de se estudar para os
mesmos novos designs e congurações, ajustando-os
realmente às práticas pedagógicas que se ambicionam
estabelecer hoje como padrão e não como exceções cuja
sustentabilidade permanece questionável.
Referências
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and Environment, v. 59, p.678-689, 2013.
BARRETT, Peter et al. The impact of classroom design on pupil’s
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Acesso em: 17 Jun 2017.
Agradecimentos
Este trabalho foi desenvolvido sob nanciado da Fundação
para a Ciência e Tecnologia, I. P. – Portugal, no âmbito do Pro-
ject Technology Enhanced Learning @ Future Teacher Educa-
tion Lab (Ref. PTDC/MHC-CED/0588/2014).
A autora expressa os seus sinceros agradecimentos a Patricia
Pereira pelo seu apoio nas várias etapas associadas ao processo
de recolha e organização dos dados.
Recebido em 09 de agosto de 2017.
Aceito em 01 de setembro de 2017.
... The survey pointed out a variety of issues related to digital technologies related to issues in the area of education, addressed in the three magazines. Themes that go directly through teacher training (Nogueira et al., 2015;Bersch & Sechlemmer, 2018;Souza & Borges, 2018;A Ponticelli, et al. 2013;Purificação & Pessoa, 2015;Souza & Bonilla, 2014;Marzari & Leffa, 2013;Linhares & Avila, 2017), teaching practices with the use of digital technologies (Junior et al., 2018;Bianchessi & Mendes, 2019;Porto & Porto, 2012;Bassani et al., 2013;Almeida, 2013;Silveira et al., 2012;Medeiros & Wunsch, 2019;Pinto & Matos, 2019;Nogueira et al., 2015), issues in the field of digital inclusion (Flores, 2013;Souza & Bonilla, 2012;Lima & Almeida, 2015), and reflections on the influence of digital culture in contemporary education (Miranda & Fantin, 2015;Lucena & Oliveira, 2014;Valencia & Panaqué, 2019;Santos et al., 2013;Fantin, 2006;Pireddu, 2013;Santaella, 2014;Almeida & Araújo, 2013;Pedro, 2017). ...
... Still on digital mobile technologies, Almeida and Araújo (2013) mapped in the CAPES repository dissertations and theses on the use of mobile devices for didactic-pedagogical purposes in formal education in Brazil, from 2003 to 2012. Pedro (2017) in his production on innovative educational environments, he addresses the classroom of the future, reflecting on new teaching methodologies, in this case active methodologies and the use of digital technologies for didactic-pedagogical purposes and the development of multiple and varied skills. ...
Article
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This study aimed to map the productions on technologies and education in scientific journals, from 2006 to 2019.The methodological path that composed the results found, from the most cited texts in Google Scholar of journals Tempos e Espaços em Educação, Espaço Pedagógico e Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia,was guided by the systematic review, which is a type of research that follows specific standards and aims to give logic to a wide documentary corpus. In this sense, applied the exclusion / inclusion criteria it was found that the studies with greater notoriety are concentrated in the areas of teacher training and practice from the use of technologies, in addition to inclusion and digital culture. It was possible to notice a significant increase in production in the investigated journals, contributing to the improvement of professionals who intend to connect with digital culture, as well as the relevance of technologies and their varied possibilities of use in the educational field in a digital culture.
... Os Innovative Learning Environments (ILE) "funcionam como laboratórios de aprendizagem para professores e alunos propícios à utilização de novas ferramentas e metodologias de ensino" (Pedro, 2017, p. 103). São constituídos por espaços escolares formados por várias zonas de trabalho/aprendizagem que visam promover múltiplas competências, tendo sido propositalmente desenhados com o intuito de promover a inovação, a diferenciação pedagógica e a aprendizagem colaborativa colocando as tecnologias ao serviço desta mudança (Pedro, 2017). ...
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Resumo Esta revisão sistemática da literatura pretende analisar estudos que se debrucem sobre os processos de transição de escolas e professores para Innovative Learning Environments (ILE). Pretende-se res-ponder a três questões de investigação: i) perceber quais os motivos que levam os professores a usar (ou não) um ILE, ii) que aspetos devem ser considerados em processos de formação para o uso de ILE e iii) que motivos podem levar os professores a usar de forma regular e continuada um ILE. Esta pesquisa revelou alguns pressupostos a considerar para uma transição robusta e duradoura para os ILE, tanto centrados nas organizações como ligados ao corpo docente. Palavras-chave: Innovative Learning Environments; Transição; Desenvolvimento profissional. Abstract Innovative Learning Environments: A Literature Review on Transition Factors This systematic literature review analyse studies that focus on the transition processes of schools and teachers towards Innovative Learning Environments (ILE). It aims to answer to three research questions: i) what are the reasons that lead teachers to use (or not) an ILE, ii) what aspects should be considered in training for the use of ILE and iii) what reasons might lead teachers to use an ILE on a regular and continuous basis. This research has revealed some assumptions to be considered for a robust and lasting transition to ILEs, both organisation-centred and teacher-centred. Resumen Innovative Learning Environments: revisión bibliográfica sobre los factores de transición Esta revisión bibliográfica sistemática pretende analizar los estudios que se centran en los procesos de transición de los centros escolares y los profesores hacia los Innovative Learning Environments (ILE). Pretende responder a tres preguntas de investigación: i) cuáles son las razones que llevan a los profesores a utilizar (o no) un ILE, ii) qué aspectos deberían tenerse en cuenta en los procesos de formación para lo uso de ILE, y iii) qué razones podrían llevar a los profesores a utilizar un ILE de forma regular y continuada. Esta investigación ha revelado algunos supuestos que deben tenerse
... Embora a pesquisa no desenho dos espaços de aprendizagem tenha vindo a crescer visivelmente desde que Temple argumentou ser um tópico pouco estudado (2008), poucas referências têm sido feitas na literatura à pesquisa em desenho de espaços de aprendizagem. Baseamos o nosso argumento no trabalho conduzido por acadêmicos como Janssen, Könings;Van Merriënboer (2017), Pedro (2017) Sherringham;Stewart (2011), Park e Choi (2014), Casanova;Di Napoli;Leijon (2018) que, utilizando diferentes abordagens e métodos de pesquisa, recolheram evidências de como a prática pedagógica pode informar o processo de conceção e de desenho dos espaços de aprendizagem. ...
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Este artigo visa discutir o objetivo e o valor das tecnologias, redesenhando uma sala de aula potenciada pela tecnologia de grande e de pequena dimensões. Pretende-se explorar de que forma os estudantes e professores redesenhariam os seus espaços de aprendizagem e de como utilizariam a tecnologia para responder aos diferentes desafios da concepção do espaço. A pesquisa realiza-se no âmbito do ensino superior, mas os seus resultados podem e devem ser refletidos e enquadrados noutros contextos educativos.
Chapter
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Este estudo teve por objetivo mapear as produções sobre tecnologias e educação em revistas científicas, no período de 2006 a 2019. O caminho metodológico que compôs os resultados encontrados, a partir dos textos mais citados no Google Scholar das revistas Tempos e Espaços em Educação, Espaço Pedagógico e Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia, foi tema de pauta na revisão sistematizada, que é um tipo de pesquisa que segue padrões específicos e almeja dar sensatez a um amplo corpus documental. Neste sentido, aplicado os critérios de exclusão/inclusão verificou-se que os estudos com maior notoriedade se concentram nas áreas de formação e prática docente a partir da utilização das tecnologias, além da inclusão e cultura digital. Foi possível perceber significativo aumento das produções nos periódicos investigados contribuindo para o aperfeiçoamento de profissionais que pretendem conectar-se a cultura digital, bem como a relevância das tecnologias e suas variadas possibilidades de utilização no campo educacional em uma cultura digital.
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Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a produção científica nacional sobre andragogia, aprendizagem ativa e aprendizagem organizacional, no período de 2015 a 2021, a fim de identificar a contribuição da educação a distância (EAD) no processo de aprendizagem para a superação dos desafios enfrentados pelas organizações na atualidade. Para tanto, realizou-se uma revisão sistemática da literatura baseada no protocolo de seleção e análise das fontes definido por Cronnin, et al. (2008). A pesquisa qualiquantitativa foi realizada em periódicos com classificação Qualis Capes A1 a B2, na base de dados Web of Science. Utilizou-se mapeamento bibliométrico na análise das publicações e o software Iramuteq para o processamento dos dados lexicais dos resumos dos artigos selecionados. Os resultados advindos da pesquisa apontam para a educação a distância como modelo potencial para o processo educativo capaz de trabalhar diferentes competências organizacionais. Palavras-chave: Educação a Distância. Aprendizagem.
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A avaliação e o feedback digital têm vindo a crescer como temas de investigação nos últimos anos, em particular no ensino superior. Dentro destes temas, o papel do estudante como tendo agência no processo de avaliação e feedback é considerado uma área relevante sobretudo tendo em conta o contexto do ensino superior, no qual se pretende que o estudante desenvolva competências de aprendizagem ao longo da vida. Nesta investigação pretende-se investigar a disponibilidade dos docentes para ceder ao estudante algum do poder que detêm no processo de avaliação. Procura-se, também, identificar que estratégias podem ser utilizadas pelos docentes no sentido de promover este novo papel do estudante na avaliação digital. A partir de uma metodologia qualitativa, foram recolhidos dados de 58 docentes que participaram em 10 focus-group criativos, uma abordagem ao focus-group na qual, para além de se envolverem em discussão sobre as suas práticas, os participantes procuraram, em grupo, desenvolver soluções de melhoria pedagógica e tecnológica nas suas práticas de avaliação digital. Como resultado da investigação, identifica-se um conjunto de recomendações para promover maior envolvimento do estudante nas estratégias de avaliação, organizado em três temas: (i) a preparação para a avaliação; (ii) a avaliação formativa; e (iii) o feedback após a submissão.
Conference Paper
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The aim of this study is to discuss how foreign language learning can prepare students to be successfully integrated into the job market and to bridge the gap that the literature review reveals in this scientific field. This research adopts a qualitative methodological approach which enables to identify key factors for employment success. Data were collected from a closed-ended questionnaire, aimed at organizations from different sectors in the Autonomous Region of Madeira. The results reveal that employers highly value social and interpersonal competencies, communication skills and foreign language proficiency. The results also suggest that foreign language proficiency plays an important role in the recruitment process, as it increases the applicants’ probability of recruitment. Moreover, this study concludes that English for Specific Purposes (ESP) needs to be introduced as a subject at the college level. This research allows identifying the main skills required by employers when recruiting employees and contributes to assessing the current needs of regional organizations. Keywords: Foreign Languages, Education, Employability, English For Specific Purposes.
Article
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Resumo A presente pesquisa tem como objectivo analisar o impacto da introdução do uso da tecnologia na sala de aula no ensino superior, no contexto moçambicano. Apresenta-se uma experiência desenvolvida em duas turmas do 3.º ano do curso de Licenciatura em Informática da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica de Moçambique. O modelo conceptual TPACK serviu de referência principal para o desenho das actividades realizadas na disciplina. A disciplina decorreu segundo um modelo pedagógico inspirado em metodologias activas, a sala de aula invertida, com actividades online na plataforma Moodle e presenciais. Nesta perspectiva, foram introduzidas algumas aplicações e ferramentas web 2.0, nomeadamente Kahoot, Padlet, Google sheet, Whatsapp e Youtube. A pesquisa assumiu uma metodologia mista e se baseou no estudo de caso. Os dados de pesquisa são provenientes de um questionário online e da análise das actividades dos estudantes. A análise de dados foi feita através da análise de conteúdo e da estatística descritiva. Os resultados indicam que a maioria dos estudantes conseguiu utilizar as tecnologias seleccionadas, sendo as preferidas Kahoot, Padlet, Moodle e Youtube. Segundo os inquiridos, as tecnologias foram utilizadas de acordo com os objectivos da disciplina e permitiram uma aprendizagem activa, melhorando a interacção e assimilação dos conteúdos, estando alinhadas
Preprint
Low international EAP test scores of technology lecturers as EFL learners were due to barriers preventing them to continue their study for professional development. The study specifically explored a learning framework consisting of EAP learning methods employed by 48 active lecturers as EFL learners to reach international EAP test score to at least CEFR level B2. An open questionnaire and semi structured interviews were used to collect the data. The data were analyzed using content analysis. The main finding shows Personalized Learning in a Communication Teaching Language (CLT) way integrated with Web 2.0. technology based on Heutagogy approach is to be the appropriate learning framework for the learners. This study may contribute to the production of an effective learning framework helping EFL learners to increase their EAP test score to at least CEFR level B2.
Article
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Background: The school classroom environment often dictates that pupils sit for prolonged periods which may be detrimental for children's health. Replacing traditional school desks with standing desks may reduce sitting time and provide other benefits. The aim of this systematic review was to assess the impact of standing desks within the school classroom. Method: Studies published in English up to and including June 2015 were located from online databases and manual searches. Studies implementing standing desks within the school classroom, including children and/or adolescents (aged 5-18 years) which assessed the impact of the intervention using a comparison group or pre-post design were included. Results: Eleven studies were eligible for inclusion; all were set in primary/elementary schools, and most were conducted in the USA (n = 6). Most were non-randomised controlled trials (n = 7), with durations ranging from a single time point to five months. Energy expenditure (measured over 2 h during school day mornings) was the only outcome that consistently demonstrated positive results (three out of three studies). Evidence for the impact of standing desks on sitting, standing, and step counts was mixed. Evidence suggested that implementing standing desks in the classroom environment appears to be feasible, and not detrimental to learning. Conclusions: Interventions utilising standing desks in classrooms demonstrate positive effects in some key outcomes but the evidence lacks sufficient quality and depth to make strong conclusions. Future studies using randomised control trial designs with larger samples, longer durations, with sitting, standing time and academic achievement as primary outcomes, are warranted.
Article
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This research examined the influence of sit-to-stand desks on classroom sitting time in primary school children. Pilot controlled trials with similar intervention strategies were conducted in primary schools in Melbourne, Australia, and Bradford, UK. Sit-to-stand desks replaced all standard desks in the Australian intervention classroom. Six sit-to-stand desks replaced a bank of standard desks in the UK intervention classroom. Children were exposed to the sit-to-stand desks for 9-10 weeks. Control classrooms retained their normal seated desks. Classroom sitting time was measured at baseline and follow-up using the activPAL3 inclinometer. Thirty UK and 44 Australian children provided valid activPAL data at baseline and follow-up. The proportion of time spent sitting in class decreased significantly at follow-up in both intervention groups (UK: -9.8 ± 16.5% [-52.4 ± 66.6 min/day]; Australian: -9.4 ± 10% [-43.7 ± 29.9 min/day]). No significant changes in classroom sitting time were observed in the UK control group, while a significant reduction was observed in the Australian control group (-5.9 ± 11.7% [-28.2 ± 28.3 min/day]). Irrespective of implementation, incorporating sit-to-stand desks into classrooms appears to be an effective way of reducing classroom sitting in this diverse sample of children. Longer term efficacy trials are needed to determine effects on children's health and learning. © The Author 2015. Published by Oxford University Press on behalf of Faculty of Public Health. All rights reserved. For permissions, please e-mail: journals.permissions@oup.com.
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Assessments have been made of 153 classrooms in 27 schools in order to identify the impact of the physical classroom features on the academic progress of the 3766 pupils who occupied each of those specific spaces. This study confirms the utility of the naturalness, individuality and stimulation (or more memorably, SIN) conceptual model as a vehicle to organise and study the full range of sensory impacts experienced by an individual occupying a given space. In this particular case the naturalness design principle accounts for around 50% of the impact on learning, with the other two accounting for roughly a quarter each. Within this structure, seven key design parameters have been identified that together explain 16% of the variation in pupils' academic progress achieved. These are Light, Temperature, Air Quality, Ownership, Flexibility, Complexity and Colour. The muted impact of the whole-building level of analysis provides some support for the importance of "inside-out design".The identification of the impact of the built environment factors on learning progress is a major new finding for schools' research, but also suggests that the scale of the impact of building design on human performance and wellbeing in general, can be isolated and that it is non-trivial. It is argued that it makes sense to capitalise on this promising progress and to further develop these concepts and techniques.
Article
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The aim of this study was to explore if there is any evidence for demonstrable impacts of school building design on the learning rates of pupils in primary schools.Hypotheses as to positive impacts on learning were developed for 10 design parameters within a neuroscience framework of three design principles. These were tested using data collected on 751 pupils from 34 varied classrooms in seven different schools in the UK. The multi-level model developed explained 51% of the variability in the learning improvements of the pupils, over the course of a year. However, within this a high level of explanation (73%) was identified at the “class” level, linked entirely to six built environment design parameters, namely: colour, choice, connection, complexity, flexibility and light.The model was used to predict the impact of the six design parameters on pupil’s learning progression. Comparing the “worst” and “best” classrooms in the sample, these factors alone were found to have an impact that equates to the typical progress of a pupil over one year. It was also possible to estimate the proportionate impact of these built environment factors on learning progression, in the context of all influences together. This scaled at a 25% contribution on average.This clear evidence of the significant impact of the built environment on pupils’ learning progression highlights the importance of this aspect for policy makers, designers and users. The wide range of factors involved in this holistic approach still leaves a significant design challenge.
Article
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This study examines the students’ satisfaction in higher education in Pakistan. The study focuses on the factors like teachers’ expertise, courses offered, learning environment and classroom facilities. Students’ response measured through an adapted questionnaire on a 5-point likert scale. The sample size of the study consisted of 350 students belong to different private and public sector universities. The results of regression analysis reveal that all attributes have significant and positive impact on students’ satisfaction in higher education though with varying degree of strength. However, teachers’ expertise is the most influential factor among all the variables, therefore it requires special attention of the policymakers and institutes.
Article
Recently, many colleges and universities have made significant investments in upgraded classrooms and learning centers, incorporating such factors as tiered seating, customized lighting packages, upgraded desk and seat quality, and individual computers. To date, few studies have examined the impact of classroom environment at post-secondary institutions. The purpose of this study is to analyze the impact of classroom environment factors on individual student satisfaction measures and on student evaluation of teaching in the university environment. Two-hundred thirty-seven undergraduate business students were surveyed regarding their perceptions of classroom environment factors and their satisfaction with their classroom, instructor, and course. The results of the study indicate that students do perceive significant differences between standard and upgraded classrooms. Additionally, students express a preference for several aspects of upgraded classrooms, including tiered seating, lighting, and classroom noise control. Finally, students rate course enjoyment, classroom learning, and instructor organization higher in upgraded classrooms than in standard classrooms. The results of this study should benefit administrators who make capital and infrastructure decisions regarding college and university classroom improvements, faculty members who develop and rely upon student evaluations of teaching, and researchers who examine the factors impacting student satisfaction and learning.
Article
Page 1. REVIEW Open Access Systematic review of sedentary behaviour and health indicators in school-aged children and youth Mark S Tremblay1*, Allana G LeBlanc1, Michelle E Kho2, Travis J Saunders1, Richard Larouche1 ...