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Considerações sobre a base teórica do curso online " Fundamentos do Google para o ensino "

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Entender os fundamentos teóricos do master learning (aprendizagem de domínio) e da flipped classroom (sala de aula invertida) é a essência para uma análise teórica e do conteúdo do curso online " Fundamentos Google para o Ensino " disponibilizado pela empresa de internet para estudantes e professores, numa tentativa de popularização das tecnologias de informação e comunicação (TICs) em ambientes escolares virtuais e presenciais. A ideia deste artigo iniciou-se com a experiência empírica de realização do curso on-line do Google, com a constatação dos autores de que o conteúdo cria apenas o efeito de ilusão referencial sem as desejadas empatia e o engajamento necessários no ambiente educacional e resulta na mera apresentação das possibilidades, produtos e serviços do Google para os professores e escolas brasileiras, incluída em uma estratégia global da empresa de disponibilizar cursos abertos online para educadores da Rússia, Índia e Filipinas além do Brasil no final de 2014.
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Considerações sobre a base teórica do curso online
“Fundamentos do Google para o ensino”
Considerations of the theoretical basis in the online course
"Google Basics for Teaching"
Sandra Regina SILVA1
Antonio Francisco MAGNONI2
Marcos AMERICO3
Fernando Chade de GRANDE4
Resumo
Entender os fundamentos teóricos do master learning (aprendizagem de domínio) e da
flipped classroom (sala de aula invertida) é a essência para uma análise teórica e do
conteúdo do curso online “Fundamentos Google para o Ensino” disponibilizado pela
empresa de internet para estudantes e professores, numa tentativa de popularização das
tecnologias de informação e comunicação (TICs) em ambientes escolares virtuais e
presenciais. A ideia deste artigo iniciou-se com a experiência empírica de realização do
curso on-line do Google, com a constatação dos autores de que o conteúdo cria apenas o
efeito de ilusão referencial sem as desejadas empatia e o engajamento necessários no
ambiente educacional e resulta na mera apresentação das possibilidades, produtos e
serviços do Google para os professores e escolas brasileiras, incluída em uma estratégia
global da empresa de disponibilizar cursos abertos online para educadores da Rússia, Índia
e Filipinas além do Brasil no final de 2014.
Palavras-chave: Google. Ensino. Master Learning. Flipped Classroom.
1 Professora do Programa de s-Graduação em Mídia e Tecnologia (PPGMiT) - Faculdade de Arquitetura,
Artes e Comunicação (FAAC), da Unesp de Bauru. E-mail: dino@lecotec.org.br
2 Professor do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia (PPGMiT) - Faculdade de Arquitetura,
Artes e Comunicação (FAAC), da Unesp de Bauru. E-mail: tuca@faac.unesp.br
3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia (PPGMiT), da Faculdade de Arquitetura,
Artes e Comunicação (FAAC), da Unesp de Bauru. E-mail: tiensdesenhos@hotmail.com
4 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia (PPGMiT), da Faculdade de Arquitetura,
Artes e Comunicação (FAAC), da Unesp de Bauru. E-mail: sandra.silva@gmail.com
Ano XI, n. 07 - Julho/2015 - NAMID/UFPB - http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/tematica
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Abstract
To understand the theoretical foundations of learning master (mastery learning) and the
flipped classroom (inverted classroom) is the essence for the theoretical analysis of the
online course content "Google Foundations for Education" provided by the internet
company for students and teachers in an attempt of the popularization of information and
communication technologies (ICTs) in virtual and face-school environments. The idea of
this article began with the empirical experience on the Google online course. The authors
realized that the content only creates the effect of referential illusion without the desired
empathy and engagement required in the educational environment resulting in mere
presentation of possibilities, Google products and services to teachers and brazilian schools,
included in a company's overall strategy of provide open courses online for educators from
Russia, India and the Philippines as well as Brazil in late 2014.
Keywords: Google. Learning. Master Learning. Flipped Classroom.
Introdução
A teoria master learning”, foi criada mais de 50 anos pelo pesquisador da
Universidade de Chicago (Estados Unidos), Benjamin Bloom e continua a influenciar
educadores no século XXI. Bloom é a referência bibliográfica e um dos fundamentos
teóricos para a criação do curso livre online “Fundamentos do Google para o Ensino”, que é
uma das aproximações básicas da empresa multinacional de internet com o público em
geral, com o objetivo de apresentar a estudantes, professores e profissionais do ambiente
educacional, os sites, programas e aplicativos Google, contribuindo também para a
popularização da tecnologia e das novas formas de aprendizado utilizando as TICs
(tecnologias de informação e comunicação).
Alguns dos fundamentos de Benjamin Bloom, como o dos níveis de aprendizagem
cognitiva (compreensão), afetiva (valoração e julgamento) e motora (habilidade para a
execução) da taxonomia (organização do sistema de aprendizagem) criada pelo pesquisador
também foram úteis para a criação da teoria das inteligências múltiplas. O master learning
não é uma panaceia educacional (GUSKEY, 2001) criada no século XX com bases em
estudos psicológicos behavoristas, embora tenha sido recebida com entusiasmo por
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pesquisadores e educadores funcionalistas, que acreditavam na melhoria da qualidade de
ensino proporcionada pela utilização do método.
O desafio deste artigo é o de analisar o método de master learning e da aplicação do
princípio da sala de aula invertida (flipped classroom) no curso “Fundamentos do Google
para o Ensino”. Os mestrandos do curso de Pós-Graduação em Televisão Digital da Unesp
(FAAC-Bauru) autores deste artigo sob a supervisão dos professores orientadores foram
alunos do curso do Google nos meses de novembro a dezembro de 2014 e que tem carga
horária flexível de 15 a 30 horas. A participação dos mestrandos no curso livre indicado
para estudantes e professores em geral, com certificado de participação disponibilizado pelo
Google, resultou na proposta de análise de conteúdo do curso, a partir da experiência
empírica online, vivenciada em experiências individuais de aprendizagem mediada pelo
computador, com a apropriação de conteúdos em vídeos disponibilizados pelo Google, na
realização de tarefas e na participação com depoimentos e posts no fórum online de
estudantes do curso.
O curso “Fundamentos do Google para o Ensino” foi direcionado aos educadores
para o aumento da eficiência, eficácia e inovação nas escolas, de acordo com a descrição
apresentada no site do curso, focado em três unidades: “Pesquisa e Comunicação”,
“Criação e Compartilhamento” e “Melhorar a Experiência em Sala de Aula”, todas
abrangendo basicamente a criação e o compartilhamento de documentos e planilhas
Google.
Não há pré-requisitos para a realização do curso, mas essa facilidade de participação
pode se tornar um fator limitador ao estudante, uma vez que ele tem acesso aos conceitos
extremamente básicos da internet, tais como a digitação correta de páginas web, método
muito básico que impõe certo mecanicismo ao curso. Na tentativa de atingir de modo
online o maior número de pessoas, o conteúdo disponibilizado é extremamente elementar: o
educador tem lições sobre como enviar ou encaminhar e-mails, itens que poderiam compor
um manual de introdução à informática e não em um curso de fundamentos para o ensino.
No entanto, é positivo o esforço realizado pelo projeto para integrar o ambiente
escolar ao cotidiano empresarial, que é descrito no item Casos de Usos “Estimular as
Habilidades Empresariais” e que traz a sugestão de um projeto de ciências para ser criado
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em conjunto com os alunos. O insistente feedback sobre como seria utilizado o recurso
Google em sala de aula, tampouco não cria a empatia necessária e pode até gerar frustração
com a necessidade imediata e prática de uso das unidades do curso no cotidiano, sem a
reflexão necessária de um real benefício para os alunos.
Para entender a teoria de Bloom
A premissa básica do master learning utilizado para a criação do curso do Google
recomenda que a diversificação da oferta de material didático (GUSKEY, 2000) ajuda a
obter melhor rendimento de cada aluno em sala de aula e a uniformizar o desempenho das
turmas. A contribuição do pesquisador americano Benjamin Bloom para a educação
ocorreu no período de 1940 até 1959, anos em que ele trabalhou na Universidade de
Chicago (EUA). O terceiro livro publicado, “A Taxionomia dos Objetos Educacionais:
Domínio Cognitivo” (1956) é a pesquisa mais importante da carreira de Bloom.
Foi a partir da leitura de um artigo do pesquisador do Universidade de Harvard,
John B. Carroll, sobre o modelo de ensino para as escolas, que Bloom começou a
intensificar as suas pesquisas em educação. Carroll desafiava os conceitos tradicionais de
aptidões intelectuais de longo prazo para os estudantes e acreditava que se fosse
disponibilizado durante o tempo necessário para o aprendizado, as condições escolares
essenciais e o trabalho necessário de cada aluno, todos poderiam aprender. Na prática, ele
questionava os conceitos pedagógicos tradicionais utilizados para medir a capacidade dos
alunos, de apropriação de conteúdos escolares, que acabavam por rotular e separar os
estudantes entre turmas de “baixa” e de “alta” aptidão.
Para o pesquisador de Chicago, a realização de modificações relacionadas com a
história dos alunos e a qualidade do ensino por si só, não poderão reduzir a variedade de
resultados finais dos níveis de apropriação de conteúdo pelos alunos. Uma possibilidade
para aprimorar a qualidade do ensino era estabelecer o nível de aprendizagem a partir de
medidas de tempo e do esforço em exercícios de reforço e de correções. Para Bloom, a taxa
de aprendizagem de uma criança dependeria então, muito mais do tempo necessário para
realizar a atividade do que de outras variáveis que influenciam no aprendizado, como a
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qualidade do ensino e o histórico escolar de cada aluno. Assim, os conceitos e os métodos
de Bloom foram fundamentais para o desenvolvimento da teoria do “master learning”.
Bloom acreditava também que, quanto maior for a diversificação do material
didático básico e complementar disponibilizado inicialmente aos alunos, menor será a
variação no nível de apropriação de conhecimentos no final do ciclo e maior será
efetivamente a apropriação de conteúdos por todos, um processo de ensino-aprendizado que
nivela positivamente o desempenho das turmas.
A partir deste fundamento, Bloom sugere a divisão do grupo de estudantes em
subgrupos para a divisão de tarefas distintas, de acordo com os níveis de aprendizado
obtidos individualmente. Enquanto os alunos que absorveram o conteúdo poderão se
dedicar aos projetos especiais e aos jogos, os que ainda não se apropriaram de todo o
conteúdo terão que realizar a correção de exercícios, a partir de retornos avaliativos
oferecidos pelo professor, que funcionam como diagnósticos pedagógicos para cada turma.
Assim, Bloom acredita que no final do processo de aprendizagem, será mais uniforme o
grau de conhecimentos básicos do currículo e o nível de conhecimento será maior do que
com a mera utilização de métodos tradicionais, ainda que alguns grupos tenham vivenciado
a apropriação de mais conteúdo com maior profundidade na sala de aula, enquanto outros
ainda se dedicavam aos exercícios de correção com abordagens alternativas e mais tempo
para aprender.
Para o entendimento do processo de apropriação de conhecimento, Bloom
desenvolveu o conceito de aprendizagem de domínio específico do desenvolvimento
cognitivo e definiu os desenvolvimentos afetivo e psicomotor, integrantes da “Taxonomia
de Bloom”, conforme demonstrado na ilustração a seguir, representativa da organização do
sistema de conhecimento.
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Figura 1: A taxonomia do domínio cognitivo (anterior e atualizada)
Fonte: Os autores
A utilização do método resultou em efeitos positivos de aprendizagem de domínio
que não se limitaram ao sistema cognitivo e à conquista de resultados mas a aplicação da
metodologia resultava também em melhorias da confiança dos alunos na aprendizagem, das
taxas de escolarização, da participação em sala e das atitudes sobre a aprendizagem. No
caso específico de uso da metodologia Bloom em cursos ministrados pela internet, é preciso
evitar a mera transposição das maneiras tradicionais de ensino para os programas,
aplicativos e dispositivos multimidiáticos. Ainda parece persistir grande dificuldade para
tornar factível nos processos educacionais, tudo o que é discutido conceitualmente a
respeito dos potenciais pedagógicos do ciberespaço, mesmo quando o Google é o
desenvolvedor dos instrumentos digitais de ensino-aprendizagem. Afinal, para ser possível
utilizar aplicações conceituais e metodológicas em intervenções de ensino-aprendizado para
uso no ciberespaço, será sempre necessário dispor de instrumentos derivados da informação
e da comunicação, áreas complexas e muito vastas que abrangem tecnologias, arte, design,
filosofia e diversos ramos de ciências clássicas e aplicadas.
A mera digitalização de uma determinada informação, seja ela oral, escrita, visual,
sonora, videográfica, fotográfica etc., não permite desenvolver todas as interfaces
cognitivas da linguagem digital, e tampouco as obras digitalizadas e disponíveis no
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ciberespaço traduzem o pensamento integral da cibercultura. Elas são pensadas e criadas
em contextos específicos para expressar a intencionalidade e as diversas referências
conceituais, estéticas, materiais e autorais inerentes ao momento histórico de criação e de
publicação. Devemos lembrar que a ausência de divisas espaço-temporais tangíveis não
significa a ausência absoluta de fronteiras no ciberespaço dominado pelas grandes
corporações desenvolvedoras e vendedoras de hardwares e de softwares para todas as
finalidades imagináveis, cujo acesso é possível com o uso de senhas e de chaves
codificadas de acesso.
Os valores colaborativos em grupos diversificados
A reflexão a ser realizada sobre a teoria de master learning em cursos presenciais é
a de que a divisão da sala de aula em grupos uniformes; em grupos de alunos que têm de
refazer o conteúdo e em estudantes que dominam o conteúdo, pode prejudicar a
adequação da escola aos valores colaborativos e de grupos diversificados do séculos XXI.
No entanto, em ambientes virtuais, essa divisão dos alunos e falta de integração é menos
visível para os estudantes. O fórum online do Google no curso de fundamentos para o
ensino cria um efeito de integração mas que não é transformado em algo mais produtivo,
como um projeto em grupo, por exemplo. Os comentários postados no fórum e as
avaliações de feedback (“não útil”, “útil”, “extremamente útil”, etc) criam apenas um ilusão
referencial, mas não são suficientes para a criação da empatia e do engajamento necessários
para a criação de projeto em comum.
As atividades educativas não deveriam estar mais relacionadas à interação
transversal do que a uma transmissão vertical hierarquizada? As ações de
ensino e de formação cultural não estariam mais relacionadas ao
desenvolvimento da autonomia individual, numa experimentação que
produz encontros, sínteses e novos saberes, do que a trivial difusão de um
saber previamente constituído e institucionalizado? Disponibilizar
conteúdos online o significa romper com essa forma conservadora e
padronizada de ensinar e de aprender. Isso talvez corresponda mais ao
ensino instrumental, ao adestramento prático e funcional, do que à
educação verdadeiramente emancipadora. (“Autor”; FERNANDES, D.,
p.212.)
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A aplicação do flipping the class
Além do master learning, o curso “Fundamentos do Google para o Ensino” utiliza a
aplicação da sala de aula invertida (flipped classroom) conceituada pelos pesquisadores
americanos e professores de economia Maureen Lage, Glenn Platte e Michael Treglia em
um artigo publicado no ano 2000 com a descrição5 das tentativas de diversificar a
aprendizagem como constrangedoras mas acreditavam que a democratização do acesso à
multimídia havia criado um ambiente de camadas que possibilitavam essa diversificação no
ensino, sem um aumento expressivo do tempo de contato nem o sacrifício da duração do
curso, podendo atrair todos os tipos de estudantes, com a utilização da internet e de
computadores multimídia em casa ou em entornos coletivos para eventos cotidianos que
normalmente ocorreriam apenas dentro da sala, numa inversão. E a sala de aula começa
então a ser focada nos resultados (discussões, projetos e experimentos) em vez da simples
apropriação de conhecimento.
Dependentes, colaborativos e independentes
O ponto de partida foi a identificação de diferentes tipos de alunos: dependentes,
colaborativos e independentes. A categorização no estilo de aprendizado foi fundamentada
a partir das escalas de personalidade de cada estudante e da forma de relacionamento com o
mundo (introvertidos-extrovertidos), o processo de apropriação de informação (sensitivo-
intuitivo), a tomada de decisões (pensativos-sentimentais) e a avaliação do ambiente
(percebendo-julgando).
O processo da apropriação do conhecimento classifica os estudantes em
assimiladores, convergentes, divergentes e acomodadores. Enquanto os convergentes e
5 LAGE, Maureen; PLATT, Glenn; TREGLIA, Michael. Inverting the Classroom: a gateway to creating an
inclusive learning environment. Journal of Economic Education, USA: 2000.
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acomodadores adquirem conhecimento a partir de uma experiência ativa, os divergentes e
acomodadores tendem a refletir e a observar mais durante a apropriação de conhecimento.
As considerações dos pesquisadores foram as de que a flipping the class requer
classes menores porque isso facilita a interação dos alunos nas discussões embora possa
haver adaptações para grupos maiores. Os custos da flipping class também eram
considerados maiores na década de 2000 na comparação com o método tradicional, o que
poderia ser resolvido com a produção própria de material de power point e a construção
colaborativa de páginas de web na universidade.
Figura 2: Mapa conceitual do curso “Fundamentos do Google para o ensino”
Fonte: Os autores
O curso online Fundamentos do Google para o Ensino” preuma flexibilidade
para o período de estudos. Esta previsão de horas para o estudo das três unidades e a
realização de dois projetos online é de no mínimo 15 horas e de no máximo 30 horas. Fator
importante, tendo em vista a capacidade de aprendizado de cada aluno.
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O método de divisão do conteúdo em pequenas unidades do master learning é
utilizada mas a figura do professor tutor é substituída pelo fórum de discussão. A
autonomia do estudante é total nesta aprendizagem mediada pelo computador mas a parte
mais interessante da flipped class que é a discussão em sala e os projetos em grupo não são
explorados na plataforma do curso do Google que fica restrito à apropriação do
conhecimento sem nenhum feeedback ou avaliação do projeto final apresentado no curso
online.
Considerações finais
As inovações dos cerca de 12 produtos e serviços Google apresentados no curso
“Fundamentos do Google para o Ensino” são positivas para o ambiente escolar e resultam
em facilidades principalmente para a criação e compartilhamento de documentos e de
planilhas. Para a redação deste presente artigo, a opção pela edição em tempo online do
texto conjunto dos autores foi a do Google Drive. Uma questão é que a utilização de
tecnologia e dos produtos licenciados Google em instituições escolares não é totalmente
segura e sujeita a uma futura possível mudança no direcionamento dos negócios da empresa
e que poderia comprometer a base de dados de alunos e professores que decidirem utilizar a
plataforma. Recentemente, o fim do programa de mensagens MSN significou a perda de
banco do dados online e de milhares de contatos pessoais em todo o mundo. Cada nova
atualização do programa de mensagens Whatsapp, que é uma mania entre adolescentes,
jovens e adultos de todo o mundo, resulta na perda momentânea dos contatos mediados por
uma nova tecnologia fechada e de propriedade de uma empresa que aufere lucros com a
utilização comercial de seu banco de dados.
O uso de TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação) em ambientes
escolares é essencial para a apropriação de novas competências e para o desenvolvimento
das habilidades 2.0, mas algumas questões como a privacidade dos dados dos usuários de
empresas gigantes globais de internet também são devem ser levados em conta. E se o
universo é o escolar, com maior atenção para as crianças, o uso comercial ou o
fornecimento desses dados pessoais de usuários a agências americanas de informação é
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ainda mais polêmico e negativo. A utilização das TICs deve ser realizado para o
desenvolvimento das habilidades das TAC (Tecnologias para a Aprendizagem e o
Conhecimento) em um novo contexto escolar colaborativo (LOZANO, 2011) onde
aprende-se não apenas para as novas tecnologias e sobre essas TIC mas a partir delas.
No século XXI os recursos da escola são ressignificados a lousa eletrônica, os e-
books, tablets em um fluxo fluído e expandido em podcasts e vídeos, resultado dos
impactos da internet 2.0 no ensino-aprendizado colaborativo (PEÑA, ALLEGRETTI, 2012)
em que o espaço físico é expandido, quando o mundo virtual passa ser integrante do
ambiente de aprendizagem.
A opção por plataformas e ambientes virtuais não-comerciais são impulsionadas em
todo o mundo, possibilitando a inovação disruptiva tecnológica aplicada às escolas e que é
fundamentada em critérios de barateamento do preço da equipamentos e maior acesso a um
número maior de pessoas, resultando em mudanças significativas na forma de aprender
(CHRISTENSEN, HORN, 2012).
Referências
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“Autor”; FERNANDES, Daniele. Comunicação Midiática e Educação na Cibercultura.
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Os recursos digitais gratuitos disponibilizados pela empresa Google são muito populares e vêm sendo utilizados nos mais variados contextos, inclusive na educação. Esses aplicativos são ferramentas de fácil assimilação e podem ser úteis para a dinamização das aulas, propiciando uma metodologia mais compatível com o contexto atual. Este artigo tem por objetivo tecer algumas reflexões sobre a utilização das ferramentas contidas no programa Google for Education pelos docentes vinculados ao Centro de Educação Profissional da Universidade do Vale do Taquari - Univates. Desde a adesão da instituição ao programa, os professores vêm sendo progressivamente incluídos em ações de capacitação voltadas ao desenvolvimento de competências tecnológicas para a utilização dos recursos disponíveis na suíte de aplicativos. A coleta de dados para a pesquisa deu-se por meio de um questionário enviado aos professores dos Cursos Técnicos ofertados pela instituição. Os resultados foram analisados qualitativamente, buscando-se elucidar quais os recursos digitais mais utilizados e sua finalidade. Realizou-se ainda um levantamento das percepções sobre as vantagens e limitações da utilização dessas tecnologias digitais nas atividades pedagógicas. Os resultados mostram que 81% dos professores que compõem a amostra da pesquisa já participaram de atividades de capacitação para a utilização dos recursos Google. As principais vantagens reconhecidas pelos professores na utilização das ferramentas Google são o dinamismo, inovação e criatividade nas aulas. Entre as dificuldades apontadas está a falta de domínio dessas ferramentas, gerando, em algumas situações, insegurança na sua utilização.
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Muitos são os instrumentos existentes para apoiar o planejamento didático-pedagógico, a estruturação, a organização, a definição de objetivos instrucionais e a escolha de instrumentos de avaliação. A Taxonomia de Bloom é um desses instrumentos cuja finalidade é auxiliar a identificação e a declaração dos objetivos ligados ao desenvolvimento cognitivo que, no contexto deste artigo, engloba a aquisição do conhecimento, competência e atitudes, visando facilitar o planejamento do processo de ensino e aprendizagem. Embora este seja um instrumento adequado para utilização no ensino superior, poucos educadores fazem uso dele por não conhecerem uma maneira adequada de utilizá-lo. Este artigo tem como objetivo apresentar a Taxonomia de Bloom e as modificações ocorridas nos últimos anos, assim como esclarecer a forma como ela pode ser utilizada dentro do contexto de ensino de engenharia.Bloom's taxonomy was created in order to support the classification of educational objectives and facilitate the process of teaching, learning and the cognitive development. Even though Bloom's Taxonomy has proven to be a significant tool for the process of teaching, learning, and assessment, few educators use it adequately, mostly because its use is not as clear as it should be. This paper describes the Bloom's Taxonomy including its updated version, and has the objective of clarifying some important points of how to Bloom's Taxonomy can be used in engineering courses (teaching, learning, and assessment) to provide an adequate, planed, and controlled cognitive development.
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  • Clayton M Horn
  • B Michael
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______. Closing Achievement Gaps: Revisiting Benjamin S. Bloom´s "Learning for Mastery". Jornal of Advanced Academics, 19, 8-31, USA: 2007.
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  • Roser Lozano
LOZANO, Roser. De las TIC a las TAC: tecnologías del aprendizaje y del conocimiento".Anuario ThinkEPI, 2011, v.5, pp. 45-47.
Escola Híbrida: Aprendizes Imersivos
  • Maria De
  • Dolores Jimenez
  • Sonia Maria Allegretti
  • Macedo
PEÑA, Maria de los Dolores Jimenez; ALLEGRETTI, Sonia Maria Macedo. Escola Híbrida: Aprendizes Imersivos. Revista Contemporaneidade, Educação e Tecnologia, vol. 01, nº 02, abril, 2012, p. 97-107.
São Paulo: 2014. Disponível em: https://basicsforteaching.withgoogle.com/course Acesso em: 17 fev
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GOOGLE. Fundamentos para o Ensino. São Paulo: 2014. Disponível em: https://basicsforteaching.withgoogle.com/course. Acesso em: 17 fev. 2015.
Fundamentos do Google para o Ensino no Brasil. Google Brasil Blog
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As Contribuições de Benjamin S. Bloom para o Curriculum
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