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SSN 2179-7374
ISSN 2179-7374
Volume 21 – Número 02
Agosto de 2017
Pags. 37 - 51
A LINGUAGEM VISUAL NO E-BOOK INFANTIL: ANÁLISE DO LIVRO APP
“WUWU & CO.”
VISUAL LANGUAGE IN CHILDREN'S E-BOOK: ANALYSIS OF “WUWU & CO.”
BOOK APP
Douglas Menegazzi
1
Stephania Padovani
2
Resumo
O livro ilustrado é o principal formato editorial para crianças, já que tende a valorizar a
imagem na relação com o texto para a articulação da narrativa. A popularização dos aparelhos
eletrônicos de leitura, e-readers, tem proporcionado a expansão das publicações eletrônicas,
e-books, inclusive dos livros ilustrados. A partir da abordagem do Design de Informação, este
artigo investiga como a linguagem visual é estruturada no livro ilustrado infantil de formato
digital. A investigação compõe-se de levantamento bibliográfico e análise de um e-book infantil
premiado. Como resultados são pontuadas características, e oportunidades, ao design gráfico
de livros ilustrados para formato e-book.
Palavras-chave: livro digital; ilustração; sintaxe visual.
Abstract
Picturebook is the main publishing format for children since it tends to enhance the image in
relation to the text for the narrative articulation. The popularization of electronics reading, e-
readers, has provided a digital publishing increase, including picturebooks. From the design
approach, this article investigates how visual language of children's digital picturebooks is
structured. This study composes within the literature review and analysis of an awarded
children's ebook. The results are scored features and opportunities for graphic design of
picture books for e-book format.
Keywords: digital book; illustration ; visual syntax.
1
Doutorando em Design, PPGDesign - UFPR. Professor no Departamento de Expressão Gráfica - EGR – UFSC,
douglasmenegazzi@gmail.com
2
Professora Doutora, Programa de pós-Graduação em Design – PPGDesign - UFPR - , s_padovani2@yahoo.co.uk
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1. O Atual Contexto dos E-books Infantis
Os livros digitais têm gerado relevantes mudanças na configuração do mercado editorial
nacional e alterações na dimensão habitual de leitura. Dados da Pesquisa sobre a Produção e
Vendas do Setor Livreiro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/USP, 2014),
demonstram a emergência dos livros digitais e o impacto que têm gerado no formato de
consumo e de produção editorial no país. Em 2011, primeiro ano em que foram inseridos na
pesquisa FIPE/USP, os livros digitais atingiram o número de 5.200 obras digitais vendidas no
Brasil. Os números dos anos seguintes, segundo Rodrigues (2014), apresentam a
comercialização de 235 mil exemplares, referentes a 2012, e 889 mil em 2013. Inclusive, foi
registrado durante o mesmo período uma estagnação do mercado editorial impresso, o que
pode indicar uma nova tendência de consumo. (RODRIGUES, 2014) A mesma pesquisa
(FIPE/USP, 2014) revelou o total de 1.213.062 obras vendidas em 2014 pelas 195 editoras que
responderam o questionário, o que possivelmente indica um número ainda maior de livros
digitais comercializados. O crescimento de vendas das obras digitais ocorre
concomitantemente às profundas transformações em torno da experiência de leitura
decorridas, segundo Mello (2012), da quebra da linearidade da leitura tradicional e da
popularização dos aparelhos eletrônicos e-readers, como smarthphones e tablets.
Neste contexto, a nova geração de livros infantis tem ganhado projeção por meio dos
recursos multimídia e de interação no suporte eletrônico, de onde se origina a definição “e-
book”, contração dos termos “electronic book”. Isto tem alterado não apenas a configuração
de leitura destas obras digitais, como também o seu processo de produção gráfica, que deixa
de ser pensada a partir da página dupla impressa para se comportar como interface. O que
leva a crer que a estruturação dos elementos de linguagem visual no e-book possa diferir da
forma que é apresentada e projetada nos livros ilustrados impressos. Desse modo, a partir de
enfoque do Design, este artigo apresenta uma investigação sobre a estrutura da linguagem
visual no e-book infantil. É também objetivo da pesquisa compreender alterações no projeto
gráfico dos livros infantis eletrônicos em relação aos impressos e, a partir disso, apontar
oportunidades para o design de e-books infantis.
Para atingir seus objetivos, o estudo compreende o levantamento de dados
bibliográficos e análise de um e-book infantil premiado. As principais contribuições teóricas
utilizadas vêm dos estudos da linguagem de Twyman (1979), das definições morfológicas da
linguagem visual de Horn (1998), das observações acerca do livro infantil ilustrado propostas
por Linden (2011), Nikolajeva e Scott (2011), Salisbury e Styles (2013), entre outros. A pesquisa
de caráter qualitativo se atém a uma abordagem exploratória que, além de gerar dados para
compreender a problemática proposta, decorre dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas
de Fundamentos dos Sistemas de Informação, cursada pelo autor no programa de doutorado
em Design da Universidade Federal do Paraná, e Mídia e Sensorialidade, realizada no
programa de pós-graduação em Design da Universidade Federal de Santa Catarina, ambas em
2016.
2. Para Entender o Livro Ilustrado Eletrônico
O livro ilustrado é um dos principais formatos literários infantis, pois é projetado para valorizar
as relações entre texto, imagem e suporte para a articulação da narrativa. Isto tem tornado o
livro ilustrado contemporâneo uma importante ferramenta educacional na formação de
leitores e motivado inúmeras pesquisas nas áreas de educação, linguística, letramento e
literatura. Por isso os livros infantis ilustrados têm sido tratados normalmente como “veículos
de letramento”, predominantemente por pesquisas no campo educacional, como afirmam
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Nikolajeva e Scott (2011, p. 15). Entretanto, como alertam as autoras, a percepção acerca dos
livros ilustrados tem sido conceitualmente problematizada e ampliada a outras áreas, como
artes visuais e design.
O livro ilustrado é uma forma de expressão que apresenta uma interação de textos
(que podem ser subjacentes) e imagens (espacialmente preponderantes) no âmbito de um
suporte, caracterizada por uma livre organização da página dupla, pela diversidade de
produções e por um encadeamento fluido e coerente de página para página. (Linden, 2011, p.
11) É justamente a ênfase que possui a imagem no livro ilustrado que faz com que este atinja a
priori os leitores menos experientes e assim o “consolida como uma forma de expressão por
seu todo”. (LINDEN, 2011, p. 7). Convém falar do livro ilustrado, portanto, como um dos
principais formatos editoriais infantis, já que este reúne linguagens estimulantes por meio de
interações entre textos, imagens (LINDEN, 2011, p.11) e suportes.
Por e-book entende-se qualquer formato de publicação para leitura em dispositivos
eletrônicos. Não obstante, podem ser classificados por formatos, de acordo com os recursos
multimídias que apresentam ou de acordo com o suporte eletrônico para o qual foram
projetados. (FLATSCHART, 2014; SARGEANT, 2015). Os e-books mais simples, por exemplo, são
de formato de texto, arquivos DOC, TXT e RTF, quais podem conter no máximo imagens e links.
Os livros de formato PDF são também modelos restritos, incluindo ocasionalmente vídeos e
sons. Entre os mais populares, atualmente, estão o formato EPUB e o book app, ou livro
aplicativo. (FLATSCHART, 2014) A partir do ano de 2000, com a popularização de e-readers
como o Kindle, o EPUB surge como o primeiro formato planejado especificamente para ser
suportado na maioria dos e-readers, sendo um documento de propósito geral. Contudo,
muitos e-books neste formato se limitam às versões digitalizadas de livros impressos ou livros
projetados para serem lidos com poucos recursos multimídia. (SARGEANT, 2015) O book app
surge a partir de 2010, com o lançamento do Ipad da Apple como um novo formato, planejado
como um aplicativo para usufruir os mais avançados recursos de interação disponíveis nos
modernos aparelhos tablets. (FREDERIDO, 2013)
Salisbury e Styles (2013) fazem menção ao e-book para tablet como um modelo
tecnológico que poderá redefinir o setor editorial voltado ao público infantil. “A leitura em tela
tornar-se-á uma forma cada vez mais popular do que a leitura em papel” (2013, p. 185).
Porém, problematizando a percepção dos autores, esta popularização vem ocorrendo por
meio de um crescimento exponencial de publicações sem critérios específicos de qualidade, no
que diz respeito do projeto de conteúdos e recursos multimídia empregados. Por isso, dentre
os mais relevantes “termômetros” para a seleção de um e-book infantil estão os concursos e
festivais de premiação específicos da área. O Bologna Ragazzi Digital Award é um destes
concursos, com critérios de seleção e premiações que fomentam a concorrência e julgam as
melhores propostas dos editoriais infantis digitais publicadas em todo o mundo.
A competição que o Bologna Ragazzi Digital Award promove anualmente, desde 2012,
surgiu como atividade complementar da Feira do Livro de Bologna (Itália) para prestigiar as
melhores obras direcionadas às crianças entre 2 a 15 anos. Desde então o prêmio tem se
destacado com um dos principais órgãos de seleção de obras digitais. Podem se inscrever de
forma gratuita e concorrer ao prêmio qualquer livro digital, em qualquer mídia e idioma
produzido para o público infantil. “O prêmio é projetado para identificar e promover a
inovação e o desenvolvimento na edição digital. ” (BOLOGNARAGAZZI DIGITAL AWARD, 2016)
Com base na seleção realizada pelo prêmio, será utilizado como objeto de análise para
esta investigação o e-book “Wuwu & Co.”, ganhador do Bologna Ragazzi Digital Award 2016. O
livro, publicado pela editora Step in Books da Dinamarca, apresenta uma história imersiva em
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360 graus, que utiliza figuras minimalistas ajustadas ao mundo virtual de forma a serem
exploradas não linearmente e por meio da liberdade de movimentos físicos e interativo com o
tablet.
3. Linguagem Visual e sua Estruturação no E-book Infantil “WUWU & CO.”
Enquanto a linguística é tradicionalmente o campo de estudos que procura compreender a
linguagem verbal, a linguagem visual tem sido encarada com maior rigor científico em estudos
mais recentes pelo viés do Design de Informação. Destacam-se, Twyman (1979) e Horn (1998)
com contribuições no âmbito da linguagem visual.
Para Twyman (1979) a linguagem é o veículo de comunicação pela qual informações
podem ser transmitidas, principalmente, por meio de recursos sonoros e visuais. A linguagem
é gerada por marcas intencionais com o objetivo de comunicar mensagens, que a nível visual
podem ser verbais, pictóricas ou esquemáticas. A linguagem visual não se apresenta ao acaso,
é gerada ou reproduzida de acordo com expressões que buscam uma finalidade. No caso da
imagem, como afirma Twyman (1985, p. 260), “produzida manualmente ou mecanicamente e
está associada ou assemelhar-se, mesmo que vagamente, a aparência ou estrutura de coisas
reais ou imaginárias”. Contudo, o canal visual pode também ser não-gráfico, referindo-se à
linguagem tridimensional dos objetos, por exemplo. As reflexões da linguagem propostas pelo
autor encontram-se na representação gráfica de síntese a seguir. (Figura 1)
Figura 1: Esquema de Estrutura de Linguagem proposta por Twyman (1979)
Fonte: adaptado de Twyman (1979)
Linguagem visual, na definição de Horn (1998, p. 8), é “ (1) a integração entre palavras,
imagens e formas em uma única unidade de comunicação; (2) o uso de palavras e imagens, ou
de palavras e formas de modo a formar uma única unidade de comunicação”. Portanto, a
linguagem visual só pode ocorrer de forma “verdadeira” na integração de elementos verbais e
visuais, “no ato de dar formar, coordenar, ou misturar em um todo funcional ou unificado”.
(HORN, 1998, p. 11)
É interessante perceber semelhança nas teorias de Twyman (1979) e Horn (1998), mas
com ressalvas. A linguagem gráfico-verbal proposta por Twyman (1979) corresponde ao que
Horn (1998) atribui às palavras. A linguagem visual pictórica tem relação tanto ao âmbito das
imagens como das formas. Já a linguagem gráfico-esquemática, que propõem a junção entre
elementos verbais e pictóricos, é o ponto fundamental para que ocorra a linguagem visual,
segundo Horn (1998). A linguagem visual apresenta propriedades distintas de um formato de
linguagem unicamente verbal ou puramente imagético, o que torna sua estruturação ainda
mais complexa, já que varia de acordo com diferentes composições e estruturas de elementos
gráficos. (HORN, 1998) A percepção de Horn (1998) tem como base a linha cognitiva gestalt, a
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qual propõe uma forte relação entre fenômenos da percepção visual e a construção de
expressões da linguagem. (DONDIS, 2007)
A gestalt tem como premissa uma abordagem que visa a compreensão e análise da
linguagem visual a partir de seus elementos constituintes a níveis morfológicos e sintáticos.
(Dondis, 2007, p. 52) A morfologia é o estudo dos elementos que compõem a linguagem,
enquanto a sintaxe preocupa-se das relações formais pelas quais estes se estabelecem para a
formação de estruturas mais complexas. A morfologia visual é compreendida por Horn (1998)
na condição de dois níveis. (Figura 2) O primeiro refere-se ao nível das palavras, formas e
imagens, o segundo diz respeito às suas propriedades.
Figura 2: Nível dos Elementos Morfológicos da Linguagem visual de Horn (1998)
Fonte: Adaptada de Horn (1998)
A linguagem visual apresenta-se no e-book “Wuwu & Co.” na estruturação entre
palavras, formas e imagens que, apesar de lembrar a organização gráfica de um livro ilustrado
tradicional, foi originalmente criada para a mídia digital. As palavras são apresentadas de
modo similar aos livros infantis impressos: como frases curtas para títulos de seções e
capítulos; enquanto sentenças nos parágrafos da história; podendo formar pequenos blocos
de texto, mas não muito extensos, pois não seriam condizentes à proposta de leitura em tela
digital ou para o público infantil. Contudo, diferentemente de livros infantis impressos, o uso
de palavras isoladas ocorre na função de nomear menus de interface, unicamente na página
de abertura (home,) em áreas de configurações do e-book, por exemplo, na seleção de idioma.
Já os botões de interação nas páginas internas não apresentam palavras, mas são apenas
formas gráficas como setas, provavelmente para não atrapalhar a leitura contínua do texto.
Estas condições podem ser observadas na Figura 3.
Horn (1998) define imagens como sendo ilustrações, fotografias e outras
representações gráficas que buscam expressar a experiência mais próxima do real com
objetos. Sendo assim, consideramos toda representação de objetos, personagens ou cenas
como imagens no e-book analisado. Como formas são percebidos aqui apenas os elementos
gráficos amorfos ou que não representem objetos do mundo natural, “real”. Portanto, é
correto afirmar que o uso mais “puro” das formas ocorre na configuração de elementos
graficamente mais simples, como linhas, setas, caixas de contenção em formato de botões de
interação. A seguir (Figura 4) estão demonstradas as páginas do e-book e logo abaixo destas as
formas foram extraídas e isoladas para dar destaque e facilitar a visualização.
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Figura 3: Os modos gráficos das palavras no e-book “Wuwu & Co.” (2016)
Fonte: Step in Books (2016)
Figura 4: O uso das formas no e-book Wuwu & Co. (2016)
Fonte: Step in Books (2016)
A respeito de cada uma destas modalidades encontradas no e-book “Wuwu & Co.”,
destacam-se: linhas, que são projetadas nas figuras dos personagens para dar destaque
quando estes são ou precisam ser selecionados pelo recurso touch; setas, aparentes
principalmente nas páginas internas, para indicar ao leitor como navegar pelas seções ou
páginas do livro. As setas também são utilizadas como elemento instrucional para a ação física
que o leitor precisa exercer movimentando o tablet e, assim, habilitar a realidade virtual da
história; botões, formas no formato de caixas para conter e dar destaque às áreas de interação
e de menus.
As imagens, no formato de ilustrações estilizadas, têm bastante importância no
projeto do livro digital “Wuwu & Co.” Ocorrem de três modos diferentes, como (1) elemento
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ilustrativo da narrativa gráfico-verbal, (2) ícone e figura de navegação, ou em tela inteira nas
cenas ilustradas imersivas.
As imagens, enquanto elementos ilustrativos da narrativa gráfico-verbal, estão
alocadas nas áreas de cabeçalho ou rodapé (Figura 5) dos blocos de texto nas páginas internas
do e-book.
Figura 5: Ilustrações da narrativa gráfico-verbal e-book “Wuwu & Co.”
Fonte: Wuwu & Co. (STEP IN BOOKS, 2016)
As imagens também apresentam funções de navegação no livro digital “Wuwu & Co.”
Neste caso, as ilustrações são representadas como ícones similares às placas de sinalização
urbana ou, ainda, como figuras não convencionadas, no caso dos elementos do próprio
cenário (Figura 6). Como exemplos, a pedra na página inicial (home) se apresenta como o
botão para ligar e desligar a leitura automática e a figura da casa, nas páginas internas do livro,
é o botão que leva o usuário-leitor a home. Portanto, não há uma padronização no uso de
ícones ou figuras convencionados para a navegação neste livro digital, o que pode exigir um
pouco mais da interpretação do leitor, mas também pode promover uma linguagem mais
dinâmica e particular deste livro em relação a outras interfaces digitais.
Figura 6: Ícones e Figuras de navegação no e-book “Wuwu & Co.”
Fonte: Wuwu & Co. (STEP IN BOOKS, 2016)
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As páginas ilustradas imersivas em modo de tela inteira demandam interação física
com o tablet, visto que conforme o movimento que o usuário-leitor faz com o aparelho a cena
pode se revelar em um ângulo de 360°. Este modo de uso da imagem no e-book pode ser
compreendido melhor a seguir (Figura 7), que representa a planificação de uma cena em
realidade virtual, na qual os personagens estão dentro da “casa vermelha” de Wuwu.
Figura 7: Representação da Cena 360º do E-book “Wuwu & Co.”
Fonte: Wuwu & Co. (STEP IN BOOKS, 2016)
No segundo nível da morfologia da linguagem visual, Horn (1998) se refere à qualidade
das propriedades gráficas nos elementos: palavras, formas e imagens. A articulação dessas
características permite a variação das mensagens visuais no arranjo verbal e não verbal. A
seguir (Quadro 1) é apresentada a síntese da análise das propriedades morfológicas nos
elementos gráficos do e-book “Wuwu & Co.”
Quadro 1: Propriedades morfológicas e de elementos gráficos no e-book “Wuwu & Co.”
Palavras
Formas
Imagens
Valor
Apresentam altos valores de
contraste em relação ao
fundo.
As formas “puras”
apresentam alto valor de
contraste em relação ao
fundo.
Apresentam, de acordo
com a necessidade de
representação de objetos
ou cenas, variação de valor.
Textura
Não apresentam
São texturizadas apenas
quando aplicadas nos
botões de interação da
página inicial (home).
São compostas de muitas
texturas para simular
personagens e objetos de
maneira estilizada.
Cor
Nas páginas interna, estão
aplicadas no preto. No branco,
apenas nos botões de
interação na página inicial.
Geralmente no preto
para destacarem-se do
fundo
Geralmente em escala de
cinza, já os elementos de
destaque na cena
apresentam cores.
Orientação
Horizontal. Apresentam
variações de orientação
apenas nos botões de
interação da página (home) de
abertura.
Quando aparecem no
formato de setas tem
orientação indicativa
horizontal ou vertical,
auxiliando o leitor na
navegação.
Geralmente horizontais,
contudo nas cenas de
interação é possível ter
uma imersão das imagens
em 360°.
Tamanho
Nas páginas internas
apresentam três variações:
tamanhos maiores para títulos,
Nas páginas internas têm
tamanho menor. São
maiores nos botões de
Nas páginas que aparecem
junto ao texto são
pequenas. Nas páginas de
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Palavras
Formas
Imagens
tamanho médio para blocos de
texto e são menores em
rubricas na história (exe.: o
uso do recurso “P.S.”)
interação da página
(home) de abertura.
imersão ocupam toda a
tela.
Localização
2D
Geralmente localizados mais
ao centro, dentro dos limites
das margens da página.
Nas páginas internas são
aplicadas nas
extremidades da página,
longe da área de texto.
Nas páginas internas
localizam-se no cabeçalho
ou rodapé.
Localização
3D
São simuladas de forma
tridimensional apenas quando
são utilizadas como elementos
ilustrativos nos cenários do
livro.
Estão em primeiro plano,
simulando
tridimensionalidade
apenas na página (home)
de abertura.
Nas páginas de imersão as
imagens formam cenários
tridimensionais e imersivos.
Movimento
Não apresentam, são estáticas.
Apresentação de
indicações de direção e
movimento para a
navegação.
Imagens de personagens e
elementos do cenário
apresentam movimentos
sequenciais (animação)
Espessura
Não há variação de peso
(espessura das linhas que
compõem os caracteres)
São mais finas quando
aparecem nas páginas
internas.
Não se aplica
Iluminação
Não apresentam variações de
destaque ou obscuridade
Não apresentam
variações de destaque
ou obscuridade
Cores são utilizadas para
dar destaque a
personagens e elementos
do cenário.
Fonte: elaborado pelo autor (2017)
É possível destacar, a partir dos itens descritos no quadro 1, algumas características a
respeito do e-book infantil. Nas páginas internas, com blocos de texto, a organização dos
elementos é praticamente igual a um livro tradicional, preza pela leitura, pois: as palavras e
formas têm alto valor de contraste e não possuem textura, ou variação de cor; os elementos
gráficos estão localizados a partir do centro, com margens de segurança; há pouco ou nenhum
movimento simulado ou animação e a composição está prezando pela nitidez, legibilidade; as
ilustrações funcionam como elementos decorativos, apenas.
Já na página de abertura (home) e nas páginas internas inteiramente ilustradas são
onde se apresentam as grandes diferenças do e-book em relação ao livro ilustrado impresso.
As ilustrações disponibilizam movimentos e interações, são contínuas, compõe cenários de
360° com realidade virtual. Mas, para que o leitor não se perca em meio a estes recursos,
“Wuwu & Co.” utiliza as cores na função de dar destaque aos objetos de interação nas cenas,
geralmente cinzas.
O modo como as estruturas morfológicas se organizam para compor a linguagem
depende do arranjo espacial dos elementos na tela, uma questão da sintaxe visual. Já o
significado que visam gerar na compreensão da mensagem é uma qualidade sintática, como
esclarece Horn (1998, p. 73-93). Além de existirem princípios da percepção e critérios culturais
da significação, entre outras variáveis, o formato livro ilustrado apresenta uma estruturação
sintática e semântica específicas da linguagem visual, conforme é detalhada a seguir.
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4. Aspectos da Sintaxe e Semântica Visuais do Livro Infantil Digital
Os três elementos que formam a base estrutural do livro ilustrado contemporâneo são “texto,
imagem e a consciência do livro-ele-mesmo”. (NECYK, 2007, p. 83) A partir disso, discute-se
como as unidades e propriedades gráficas se organizam e geram significado nas relações entre
texto, imagem (considerando também as formas) e suporte dos livros infantis impressos e
paralelamente no e-book. A investigação busca compreender alterações no projeto gráfico
entre o formato impresso e digital de livro ilustrado. Esta problemática leva em consideração
que “o design do livro é o meio pelo qual o leitor toma contato com a narrativa no livro infantil
contemporâneo. ” (NECYK, 2007, p. 83)
4.1. As Relações entre Texto e Imagem
Apesar da relevância espacial das imagens em relação ao texto no projeto gráfico de livros
infantis, “na maioria dos casos o significado surge por intermédio da interação entre palavras e
imagens, sendo que nenhuma delas faria sentido quando usadas separadamente”.
(SALISBURY, MORAG, 2013, p.59) Isto ocorre, de acordo com Nikolajeva e Scott (2011), por
meio de uma “relação dinâmica entre palavra e imagem”, de forma “simbiótica.” (SIPE, 1998)
A união entre texto e imagem ocorre não apenas de modo sintático, mas semanticamente
para proporcionar uma narrativa dinâmica e atrativa.
Como demonstra Linden (2011, p. 120), no livro ilustrado a relação entre texto e
imagem sugere três possibilidades semânticas. O que pode proporcionar o encadeamento,
seleção, complementaridade ou contraponto dos conteúdos.
Relação de Redundância que “não produz nenhum sentido suplementar” onde a
ilustração e o texto têm sentido idêntico;
Relação de Colaboração: a qual demonstra “textos e imagens trabalhando em
conjunto tendo em vista um sentido comum. ” Ou seja, nem texto, nem imagem
detêm o sentido único da narrativa, que só pode existir por meio da união de
ambos;
Relação de Disjunção: pouco comum, trata-se de uma “sobreposição de
conteúdos”, na qual texto e imagem podem “assumir a forma de histórias ou
narrações paralelas”.
No e-book “Wuwu & Co.”, a redundância ocorre apenas nas páginas estáticas que
apresentam blocos de textos. Como exemplo, a ilustração do tubarão (Figura 8) em
conformidade ao trecho que diz “Wuwu não foi capturar um único peixe porque havia um
desagradável tubarão nadando no mar” (STEP IN BOOKS, 2016) Porém, nas demais páginas o
livro proporciona a imersão do leitor na cena para cumprir algumas ações por meio de
interações com personagens ou objetos do cenário. Apesar de não haver disjunção entre as
linguagens gráficas verbais e não verbais, as cenas apresentam muito mais elementos que
apenas aqueles presentes na descrição verbal, inclusive contam com recursos animados e
sonoros. Todos estes cenários, ações, personagens e estímulos extras mantêm uma relação de
colaboração com a história.
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Figura 8: Redundância entre Texto e Imagem no E-book “Wuwu & Co.”
Fonte: Wuwu & Co. (STEP IN BOOKS, 2016)
O texto pode ter ainda tem funções de limitação, de ordenação, de regência e de
ligação em relação à imagem (LINDEN, 2011, p. 110-111). Esse caráter sintático pode ser
muitas vezes essencial para a organização da história. No e-book “Wuwu & Co.”, além da
habitual ação de limitação em que “texto e imagem se aliam, portanto, para isolar tempos
específicos de uma ação ou acontecimento”, as funções de ordenação e de ligação são
fundamentais para a compreensão da narrativa digital (LINDEN, 2011, p. 110). Sem a
ordenação realizada pelo texto é impossível descobrir como as cenas de interação devem ser
lidas, que interação nelas deve ser feita para que a história continue. O texto em relação à
narrativa gráfica não verbal, portanto, “revela-se determinante para a compreensão da ordem
em que se desenrolam os fatos” (LINDEN, 2011, p. 110). Contudo, devido à sucessão entre
páginas de linguagem escrita e áreas imersivas nas cenas ilustradas, pode haver também
rupturas do entendimento da linearidade da história, já que “a maioria de sequências de
imagens associadas produz descontinuidade na passagem de uma imagem para outra. ” Desse
modo, o texto pode então atuar na ligação e entendimento da narrativa.
4.2 As Relações entre as Imagens
Outro aspecto importante no arranjo das imagens no livro ilustrado é, segundo Linden (2011,
p. 85), como estas se relacionam entre si. Já que no livro impresso “estão necessariamente
ligadas umas às outras, seja diretamente no espaço da página dupla, seja no âmbito do livro. ”
(LINDEN, 2011, p. 44). Para a autora, existem ao menos três diferentes status da imagem em
um livro ilustrado: imagens isoladas, sequenciais e associadas.
As imagens isoladas são aquelas que não apresentam intervenção do texto, estão
localizadas em uma página separada, geralmente da direita, no livro infantil impresso.
Entretanto, podem ser percebidas no livro “Wuwu & Co.”, mas de uma maneira diferente, pois
mesmo quando ocorrem páginas sem texto gráfico é possível a presença de linguagem verbal
falada. Por exemplo, na cena em que o leitor navega pela ilustração e precisa ajudar Wuwu a
se livrar do tubarão, se a interação com os objetos demorar a ocorrer, o personagem Wuwu
repete instruções previamente contidas no texto.
A sequencialidade de imagens é a relação mais explorada no e-book infantil por meio
dos recursos multimídias que oportunizam sequências animadas e interativas. Um exemplo
disso pode ser visualizado na “página” em que o leitor precisa chacoalhar o tablet para
derrubar a neve e as pinhas de uma árvore (figura 7). Com tanta variação no formato de
leitura, a “continuidade plástica ou semântica” entre as figuras é essencial, senão depois de
tantos recursos a associação das ilustrações poderia estar comprometida e dificultar a
compreensão da continuidade da história.
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Figura 9: Sequência Animada e Interativa no E-book “Wuwu & Co”.
Fonte: Wuwu & Co.(STEP IN BOOKS, 2016)
4.4 Da Página Dupla à Tela Digital
No livro ilustrado impresso a composição é delimitada pelo formato do papel e do projeto
editorial. No livro digital, quando as imagens atingem o limite da área da tela, estão agindo
como ocorre na página dupla do impresso, configurando-se como uma janela que projeta o
leitor para dentro da narrativa. Este conceito é definido por Bazin (apud LINDEN, 2011: 74)
como “tela” mesmo, e ocorre quando uma imagem procura “se estender indefinidamente no
universo”, como ocorre no e-book “Wuwu & Co.” por meio da imersão em realidade.
Figura 10: Representação do movimento físico para a imersão nos cenários 360°
Fonte: Wuwu & Co. (STEP IN BOOKS, 2016)
A tela é uma disposição da linguagem visual muito explorada em “Wuwu & Co.”,
inclusive apresentando os enquadramentos de planos que podem ser controlados pelo usuário
nas páginas de imersão. O leitor pode escolher olhar para qualquer ângulo do cenário e
explorar as ilustrações extracampo a partir do movimento físico do aparelho tablet (Figura 10),
tendo acesso às imagens de cenários habitados por personagens no ângulo de 360°, algo
praticamente impossível em um livro infantil impresso.
5. Considerações Finais e Desdobramentos
Este artigo investigou como se estrutura a linguagem visual no livro ilustrado infantil de
formato digital. Para isso a pesquisa analisou o e-book “Wuwu & Co.”, obra de ficção
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ganhadora do prêmio Bologna Ragazzi Digital Award de 2016, concurso de referência
internacional no setor editorial infantil.
A partir da análise da morfologia visual e de suas propriedades, com base em Horn
(1998), compreendeu-se a existência de três áreas gráficas funcionais muito bem definidas na
estrutura gráfica do e-book infantil. Serão nomeadas aqui como página de configurações,
página verbal ilustrada e página ilustrada imersiva. Cada uma apresentou características
diferenciadas. A página de configurações é a área que dá ênfase à linguagem esquemática, na
união de imagens com um grande número de informações verbais organizadas por formas
gráficas amorfas, que constituem botões de interação, para configurações como idioma, modo
de leitura etc. A página verbal ilustrada é aquela que dá prioridade à leitura do texto, por isso
dispensa muita interação, possui imagens quase decorativas, que estabelecem redundância
com os assuntos tratados e reforçam a narrativa verbal. Na página ilustrada imersiva é onde a
narrativa imagética ocorre com ênfase por meio das representações de cenários, personagens
e objetos animados, sonorizados e projetados no espaço tridimensional. Para ter total acesso
às páginas ilustradas imersivas é necessário adentrar a cena e interagir com seus elementos
gráficos a partir de movimentos físicos com o aparelho e-reader.
No e-book infantil o nível de imersão das páginas extrapola a relação semântica de
colaboração com o texto, proposta por Linden (2011). Apesar das páginas ilustradas imersivas
não conterem elementos verbais gráficos, os recursos multimídia possibilitam a presença de
falas dos personagens, ambientação sonora e a interação com a cena de forma tátil e física a
partir de movimentos com o aparelho tablet. O e-book "Wuwu & Co.” expõe a existência de
uma linguagem multissensorial, que pode ser articulada na união dos canais visual, sonoro e
tátil. Esta observação vai de encontro à teoria proposta por Twyman (1979), inclusive
atingindo níveis de linguagem não mencionados pelo teórico, como o caso da linguagem por
códigos de toque e gestos e, por isso, merece ser melhor investigada futuramente.
Outra condição muito interessante pode ser destacada nas diferenças de composição
da linguagem visual para finalidade narrativa ou como instrumento para navegação. No
sentido de prezar pela narrativa o principal elemento da linguagem visual utilizado é texto
verbal gráfico, que geralmente é empregado em relação às imagens para limitar a
compreensão, ordenar e estabelecer ligação entre as páginas de ilustração. Isso demonstra
semelhança ao livro infantil impresso, na fidelidade do e-book à proposta literária. Já nas
páginas ou áreas que prezam pela navegação se constitui um formato particular de linguagem
visual, já que nestas são utilizadas principalmente as formas, normalmente setas, e figuras
instrucionais para sugerir ao leitor como estabelecer o fluxo de leitura em ambiente digital.
Portanto, em termos de linguagem visual, outra importante diferença entre livros infantis
impressos e eletrônicos se dá na inclusão de elementos e arranjos gráficos que têm por função
permitir a navegação e interação. Neste âmbito estão as representações gráficas de botões,
que permitem a seleção e alteração de configurações; avisos visuais para a interação; as cores
como atributos de destaque de objetos ou personagens nas cenas; o uso de animações que
sugerem ou solicitam interações do usuário na tela do e-reader.
De forma geral, esta pesquisa atendeu seu objetivo exploratório, possibilitou perceber
importantes diferenças no design da linguagem visual entre o e-book infantil em relação às
principais características já conhecidas do livro ilustrado impresso. Algumas das questões
apontadas podem não diferir tanto entre os suportes impresso e digital, já que o projeto
gráfico ainda preza pela atividade da leitura verbal na maioria das "páginas" do e-book infantil.
Mas, a investigação demonstra que a linguagem visual deve ser, de um modo ou de outro,
adaptada de modo a explorar os recursos digitais multimídia em livros eletrônicos, podendo se
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apropriar de outros canais sensoriais dos leitores, estabelecendo-se como uma linguagem
multissensorial.
Neste sentido, algumas das observações feitas por esta pesquisa apontam
necessidades de novas demandas ao design editorial, demonstram que o projeto gráfico de
livros infantis digitais passa a envolver também áreas como interfaces digitais, sistemas de
informação, produção sonora, animação, entre outras. Um projeto editorial mais completo e
transdisciplinar se faz necessário no âmbito destes novos produtos para a infância. Contudo, o
incremento de recursos multimídia ao projeto de design editorial deve ser realizado em função
da história para proporcionar livros infantis mais atraentes ao público infantil, mas que ainda
cumpram sua função educacional e literária, no atual cenário de comunicação e consumo por
mídias digitais.
As considerações desta pesquisa convergem diretamente à compreensão das
características do projeto gráfico e da linguagem visual de livros infantis de formato aplicativo.
Todavia, sua maior contribuição reside na organização e aplicação de um modelo investigativo
que possa ser replicado em outras obras semelhantes, o que ainda pode revelar outros
aspectos da linguagem visual em livros digitais para crianças. Sendo assim, a ampliação do
número de casos de análise é um importante desdobramento desta investigação, como
também as pesquisas que busquem entender como os outros modos de linguagem, como a
tátil e sonora, devem convergir para favorecer uma tarefa de leitura multissensorial.
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