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Um ensaio sobre a Gestão do Esporte: um momento para a sua afirmação no Brasil

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Abstract and Figures

Devido aos grandes eventos esportivos realizados no país, criou-se uma grande expectativa em relação as melhorias que poderiam acontecer no esporte brasileiro, principalmente, em relação ao sistema, a infraestrutura e as estruturas organizacionais relacionadas. Passados os eventos, constatam-se indícios que nos levam a afirmar que, infelizmente, não aproveitamos bem a oportunidade e identificamos a ausência de uma gestão profissional, ética e responsável no esporte brasileiro. Continuamos com uma perspectiva de descontinuidade nos programas implementados, falta de visão estratégica, ineficácia, irresponsabilidade e ineficiência com relação aos recursos disponibilizados. Este ensaio tem como objetivo, pontuar alguns aspectos da Gestão do Esporte, principalmente, no contexto brasileiro. O propósito maior é fomentar ainda mais sua existência, a sua necessidade e o seu melhor entendimento para os diversos interessados e atores do esporte no país. Não advogamos que a Gestão do Esporte é a área mais importante da Educação Física e do Esporte ou da Administração. Mas ela é fundamental para que outras áreas que envolvem a pedagogia e o treinamento esportivo aconteçam com efetividade e qualidade no esporte brasileiro, isso tanto no âmbito prático das diversas organizações e manifestações esportivas, como também no universo acadêmico das instituições de ensino superior. Espera-se que este ensaio proporcione elucidação, conhecimento e reflexão aos leitores, por meio dos tópicos: O que é? Para que serve? Quem faz? Onde se faz? Para onde vai? Todos obviamente relacionados com a Gestão do Esporte. Espera-se também, que o presente e o futuro afirmem a Gestão do Esporte como área de importância para o esporte brasileiro, caso contrário, continuaremos com a falta de efetividade no desenvolvimento esportivo nacional.
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Um ensaio sobre a Gestão do Esporte: Um momento para a sua afirmação no Brasil
An essay on the Sport Management: A moment for its affirmation in Brazil
Leandro Carlos Mazzei*
Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, SP, Brasil
Ary José Rocco Júnior
Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
RESUMO
Devido aos grandes eventos esportivos realizados no país, criou-se uma grande
expectativa em relação as melhorias que poderiam acontecer no esporte brasileiro,
principalmente, em relação ao sistema, a infraestrutura e as estruturas organizacionais
relacionadas. Passados os eventos, constatam-se indícios que nos levam a afirmar que,
infelizmente, não aproveitamos bem a oportunidade e identificamos a ausência de uma
gestão profissional, ética e responsável no esporte brasileiro. Continuamos com uma
perspectiva de descontinuidade nos programas implementados, falta de visão estratégica,
ineficácia, irresponsabilidade e ineficiência com relação aos recursos disponibilizados.
Este ensaio tem como objetivo, pontuar alguns aspectos da Gestão do Esporte,
principalmente, no contexto brasileiro. O propósito maior é fomentar ainda mais sua
existência, a sua necessidade e o seu melhor entendimento para os diversos interessados
e atores do esporte no país. Não advogamos que a Gestão do Esporte é a área mais
importante da Educação Física e do Esporte ou da Administração. Mas ela é fundamental
para que outras áreas que envolvem a pedagogia e o treinamento esportivo aconteçam
com efetividade e qualidade no esporte brasileiro, isso tanto no âmbito prático das
diversas organizações e manifestações esportivas, como também no universo acadêmico
das instituições de ensino superior. Espera-se que este ensaio proporcione elucidação,
conhecimento e reflexão aos leitores, por meio dos tópicos: O que é? Para que serve?
Quem faz? Onde se faz? Para onde vai? Todos obviamente relacionados com a Gestão
do Esporte. Espera-se também, que o presente e o futuro afirmem a Gestão do Esporte
como área de importância para o esporte brasileiro, caso contrário, continuaremos com a
falta de efetividade no desenvolvimento esportivo nacional.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão do Esporte; Ensaio teórico; Brasil.
ABSTRACT
Due to the great sporting events held in the country, a great expectation was created
regarding the improvements that could happen in the Brazilian sport, especially, in
relation to the sport system, infrastructure and sport organizations structures. After the
events, there are indications that lead us to say that, unfortunately, we do not take
advantage of the opportunity and it is possible to identify the absence of professional,
ethical and responsible management in Brazilian sport. We continue with a perspective
of discontinuity of the programs implemented, lack of strategic vision, ineffective,
irresponsibility and inefficiency with regard to the resources made available. This essay
aim to highlight some aspects of Sport Management, especially, in the Brazilian context.
The greater purpose is to further promote their existence, their need and their better
understanding for the various interested and stakeholders of the sport in the country. We
do not advocate that Sport Management is the most important area of Physical Education
and Sport, or Administration area. But, it is fundamental for other areas that involve
pedagogy and sports training, as their effectiveness and quality in Brazilian sports, both
in the practical scope of the various sport organizations and sporting events, as well as
in the academic universe of universities institutions. This essay is expected to provide
elucidation, knowledge, and reflection of readers through the topics: What is it? What is
it for? Who does? Where is it done? Where it go? All obviously related to Sport
Management. It is also expected that, the present and the future will affirm the Sport
Management as an important area for Brazilian sport, otherwise, we will continue with
the lack of effectiveness in the national sports development.
KEYWORDS: Sport Management; Theoretical essay; Brazil.
Submetido em: 21-05-2017
Aprovado em: 25-05-2017
*Leandro Carlos Mazzei
Doutor em Educação Física pela Escola
de Educação Física e Esporte da
Universidade de São Paulo
(EEFE/USP) e pela Vrije Universiteit
Brussel (VUB) (Bélgica). Professor do
curso de Ciências do Esporte da
Faculdade de Ciências Aplicadas da
Universidade Estadual de Campinas
(FCA/UNICAMP).
(CEP 13484-350 São Paulo, SP,
Brasil).
E-mail:
leandro.mazzei@fca.unicamp.br
Endereço: Centro de Pesquisa em
Ciências do Esporte, Faculdade de
Ciências Aplicadas da Universidade
Estadual de Campinas. Rua Pedro
Zaccaria, 1300, sala LA-525D, 13484-
350, Limeira, São Paulo, SP, Brasil.
Ary José Rocco Júnior
Pós-Doutor em Ciências da
Comunicação pela Escola de
Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo (ECA/USP). Professor da
Escola de Educação Física e Esporte da
Universidade de São Paulo
(EEFE/USP). Líder e fundador do
Grupo de Estudos e Pesquisa em
Marketing e Comunicação no Esporte
(GEPECOM) da EEFE/USP.
E-mail: aryrocco@usp.br
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Revista de Gestão e Negócios do Esporte (RGNE) ISSN 2448-3052 (on-line) - Sistema de Avaliação: Double Blind Review - São Paulo - v. 2, n. 1,
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1 INTRODUÇÃO
Nos últimos dez anos o Brasil sediou uma série de eventos esportivos internacionais, nos quais
podem ser destacados: os Jogos Pan-Americanos de 2007, os Jogos Mundiais Militares em 2011, a
Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos e
Paralímpicos em 2016. Cabe mencionar também, a desistência dos órgãos responsáveis pela
organização das Univesíades, que seriam realizadas em Brasília em 2019; mas também da realização
de um número representativo de campeonatos mundiais de várias modalidades esportivas no país a
partir de 2002 que, de certa forma, tiveram como propósito a preparação para os grandes eventos
anteriormente citados. Dentre os diversos fatores e argumentos para a realização desses eventos, o
termo legado e/ou impacto foram frequentemente utilizados como apelo positivo pelas organizações
esportivas organizadoras, como por exemplo: Governo Federal, Ministério do Esporte, Comitê
Olímpico Brasileiro, Confederação Brasileira de Futebol, além de outras Confederações, Governos
Estaduais, Federações estaduais, Governos Municipais, Clubes e associações esportivas.
A temática que envolve tanto os impactos (curto e médio prazo) como os legados (longo prazo)
consequentes de eventos esportivos é complexa e polêmica (Preuss, 2007). Por outro lado, as
possíveis divisões dos impactos/legados em algumas áreas facilitam os entendimentos e as análises,
assim como as possíveis descrições e mensurações decorrentes de eventos esportivos. Desta forma,
impactos/legados podem ser analisados sobre a ótica da economia; do turismo; dos desdobramentos
políticos, culturais e sociais; dos impactos ambientais; das mudanças estruturais das cidades e países
sede; e principalmente sobre a questão do desenvolvimento esportivo de uma forma geral (Getz, 2007;
Preuss, 2007).
Especialmente sobre esse olhar do desenvolvimento esportivo, criou-se uma grande expectativa
em relação as melhorias que poderiam acontecer para o esporte brasileiro, principalmente, em relação
aos esportes olímpicos (respectivamente o sistema, a infraestrutura e as estruturas organizacionais
relacionadas), em decorrência dos grandes eventos internacionais realizados. Passados os eventos,
pode-se afirmar que, em termos de organização e realização, os objetivos foram cumpridos, apesar
da identificação de diversos erros e muitos acertos. sobre a melhoria do esporte, os indícios nos
levam a afirmar que, infelizmente, não aproveitamos a oportunidade, seja em termos da estrutura
organizacional, das instalações esportivas, como também do sistema em que a população deveria ter
acesso ao esporte e possibilitar aos seus interessados um apoio suficiente para uma carreira esportiva
de alto rendimento. De forma geral, constata-se a ausência de uma gestão profissional, ética e
responsável no esporte brasileiro. Continuamos com uma perspectiva de descontinuidade nos
programas implementados, falta de visão estratégica, ineficácia, irresponsabilidade e ineficiência com
relação aos recursos disponibilizados.
A partir desta breve contextualização de nossa realidade, este ensaio tem como objetivo pontuar
alguns aspectos da Gestão do Esporte, principalmente no contexto brasileiro. O propósito maior é
fomentar ainda mais sua existência, sua necessidade e seu melhor entendimento para os seus
interessados: os estudantes de Educação Física, Esporte e Administração (além de outras possíveis
áreas afins), os gestores, os coordenadores e os diferentes atuantes nos departamentos ou seções dos
inúmeros tipos de organizações esportivas existentes no país.
Mesmo com os inúmeros fatos noticiados e publicados pela mídia em geral e das diversas
evidências identificadas por instituições de ensino de ponta, acreditamos que a área da Gestão do
Esporte é fundamental para o desenvolvimento do esporte no país, mas que ainda passa por um
momento de afirmação no Brasil por inúmeros motivos. Portanto, este ensaio terá um formato não
convencional e diferente daquele que a Revista de Gestão e Negócios do Esporte (RGNE) solicita
aos seus autores. Para cumprir o objetivo e o propósito estipulado, apresentaremos a seguir os
seguintes tópicos, todos obviamente relacionados com a Gestão do Esporte: O que é? Para que serve?
Quem faz? Onde se faz? Para onde vai?
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2 O QUE É?
Assim como os impactos/legados esportivos e outros temas ligados ao esporte, existe uma série de
definições ou perspectivas do que é a Gestão do Esporte (Bastos & Mazzei, 2012), muitas vezes
variando ou de um olhar científico (Bastos, 2003; Rocha & Bastos, 2011) ou de sua aplicação prática
(F. N. Mattar & Mattar, 2013; Pires & Sarmento, 2001). Mas de forma simples e objetiva, a Gestão
do Esporte pode ser definida como a utilização e aplicação de diferentes conhecimentos oriundos
principalmente das Ciências do Esporte e da Administração, no gerenciamento das diferentes
atividades e organizações existentes e que envolvem o fenômeno Esporte. Os pesquisadores se
dedicam a analisar os desdobramentos relacionados a este gerenciamento, enquanto os gestores se
aplicam no desenvolvimento efetivo e eficiente deste gerenciamento.
Importante citar que o ato de gerir praticamente acompanha a humanidade através da história
(Giddens, 2005; Toffler, 1980), sendo que a gestão envolve conhecimento, perspectiva e atitude para
se tomar decisões que irão servir para o planejamento, para a estruturação, para o controle e para a
avaliação de determinada atividade ou organização. Além disso, a gestão ou o ato de gerir envolve o
inter-relacionamento com as pessoas e com a administração de recursos que, em conjunto, serão
capazes de buscar e atingir objetivos previamente definidos (Chiavenato, 2011; Maximiano, 2006).
A partir do objeto, área e contexto, a gestão se difere e acaba por ter inúmeras características.
Portanto, não basta o conhecimento oriundo da Administração para gerir. É preciso conhecer, saber
fazer, fazer e refletir sobre o que está sendo gerido (Pires, 2005; Pires & Sarmento, 2001). Gerir uma
empresa de produção industrial ou manufatureira, uma atividade comercial, um banco, um órgão
público, um hospital, uma escola ou até um clube esportivo, possui aspectos comuns com relação aos
processos gerenciais, mas ao mesmo tempo, a gestão desses exemplos citados se torna característica
de uma para outra já que, em suas particularidades, os objetos são diferentes.
Desta forma, para gerir algo relacionado com o fenômeno Esporte é preciso conhecer (de
preferência profundamente) o universo da prática, da atividade, do serviço ou do produto esportivo
em questão. Este conhecimento pode ser adquirido de forma prática ou teórica, mas a gestão só fará
sentido se for coerente com as características presentes no fenômeno Esporte. Sendo que essas
características é que torna o Esporte uma das maiores manifestações da humanidade (Rubio, 2010).
Assim, a Gestão do Esporte é uma área que pode ser vista como interdisciplinar, multidisciplinar e
até transdisciplinar (sobre a definição desses conceitos ver Gaya, 2008), na qual os conhecimentos,
principalmente, das Ciências do Esporte e da Administração
1
irão se unir para o gerenciamento das
atividades existentes e que envolvem o fenômeno Esporte. Do lado das Ciências dos Esporte o
conhecimento envolve o entendimento das práticas esportivas, as necessidades para o pleno
desempenho esportivo, individual, social, econômico e cultural dos seus praticantes. Do lado da
Administração, o conhecimento envolve todos os aspectos relacionados à esta área, como por
exemplo, planejamento, estratégia, governança, finanças, recursos humanos, marketing,
empreendedorismo, etc. Como a Gestão do Esporte se insere em inúmeros tipos de organizações e
situações, outras áreas também se interagem em seu escopo, como o Direito, a Economia, a
Sociologia, a Psicologia, a Comunicação, a Política, dentre outras (Commission on Sport
Management Accreditation [COSMA], 2016).
Importante citar que a Gestão do Esporte não nasceu de geração espontânea, nem do dia para a
noite. Ela é o resultado de um processo de evolução longo, do qual existem sínteses reflexivas
(Pires & Sarmento, 2001). Devido ao aumento constante da complexidade do fenômeno Esporte e a
exigência por parte de todos os envolvidos nas diversas atividades e manifestações esportivas, a
Gestão do Esporte se torna cada vez mais fundamental para o desenvolvimento esportivo, seja qual
for sua manifestação, objetivo ou atividade.
1
De certa forma, as Ciências do Esporte e a Administração também possuem a intersecção com outras áreas do
conhecimento, tornando-as aceitáveis em uma classificação interdisciplinar ou multidisciplinar (Gaya, 2008; Maximiano,
2006).
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Com frequência é discutido onde se estuda ou se adquire conhecimento em Gestão do Esporte.
Temos aqui duas situações. A primeira é que, tradicionalmente, a Gestão do Esporte teve seu início
em instituições ligadas à Educação Física e ao Esporte. Este fato, pode-se dizer que é mundial
(Chelladurai, 2009; Masteralexis, Barr, & Hums, 2011), ou seja, a formação de profissionais que
intervêm na ampla gama de atividades físicas e esportivas passa por noções básicas de gestão ou
assim deveria ser. Mesmo porque em termos de progressão de carreira, os profissionais da Educação
Física e do Esporte um dia serão nomeados para coordenação, supervisão, cargos de chefia e de gestão
em inúmeras situações, que vão desde uma microempresa individual de personal trainer até a de
ministro do esporte, cargos públicos em secretarias, presidente de confederação, de federações e
gestores de clubes esportivos. Com relação a Gestão do Esporte e aos cursos de ensino superior de
Educação Física e Esporte, infelizmente ainda se observa no Brasil: uma carência de profissionais
qualificados no ensino da Gestão do Esporte nos cursos de Educação Física e Esporte; uma carência
de disciplinas ofertadas desta área aos alunos; a discriminação sobre a importância desta área no
ensino de graduação (e até na pesquisa) se comparado à outras áreas da Educação Física e do Esporte
(Bastos, 2016).
A segunda situação sobre onde se estuda ou se adquire conhecimento em Gestão do Esporte
envolve as instituições ligadas à área da Administração. Em uma perspectiva de que o esporte pode
ser visto como um negócio, administradores buscam o conhecimento dos processos gerenciais para
aplicá-los nas atividades e organizações esportivas. Esses profissionais, oriundos ou especializados
na área da Administração, podem vir a fazer uma Gestão do Esporte de sucesso, a partir do
entendimento e respeito mínimo ao objeto que estão trabalhando. Em muitos casos a Administração
se aproxima do Esporte quando este envolve cifras monetárias maiores. Por outro lado, nesta segunda
situação, é comum no Brasil, a figura pejorativa do cartola. Erros grosseiros acabam acontecendo
quando se tenta gerir o Esporte como se ele fosse restritamente uma simples empresa, ou seja,
gerencia-se o Esporte sem entender e respeitar suas particularidades e características. Fato é que, essa
segunda situação é incomum no Brasil, mas existem cursos no país, principalmente de especialização,
que são norteados pela área da Administração.
Em alguns países o conhecimento da Gestão do Esporte envolve cursos específicos desta área já
na graduação. Nos Estados Unidos por exemplo, existem aproximadamente 415 cursos de graduação,
172 mestrados e 27 programas de doutorado específicos em Gestão do Esporte (North American
Society for Sport Management [NASSM], 2017). No Brasil, temos diversos cursos de tecnólogo em
Gestão Desportiva e do Lazer, não temos nenhum curso de graduação, o único curso de mestrado
(profissional e sob a grande área da Administração) foi descontinuado em 2016 e também não temos
nenhum programa de doutorado específico em Gestão do Esporte (Mazzei, Amaya, & Bastos, 2013).
Acreditamos que, uma possível solução para aumentar a capacitação e desenvolver melhor a
formação da Gestão do Esporte no Brasil, seriam os cursos de especialização (pós-graduação lato
sensu), que existem em uma quantidade razoável, apesar desta contabilidade não possuir uma única
base de dados para mensuração. Esse tipo de curso pode receber profissionais formados em diferentes
áreas e propicia aprofundamento em determinado tema. Porém, é importante que sua configuração e
coordenação tenha docentes das áreas da Ciências do Esporte (ou Educação Física) e Administração,
além de respeitar o perfil eclético dos alunos e a multidisciplinaridade da área (que, em alguns
momentos, pode ser divergente). Existem também os cursos corporativos (federações, confederações,
etc.) que oferecem a oportunidade de capacitação em Gestão do Esporte para o seu universo de
colaboradores.
Geralmente, esses cursos, sejam os de especialização ou corporativos, são procurados,
majoritariamente, por profissionais da Educação Física e do Esporte que, de forma natural, buscam
um aprofundamento na Gestão do Esporte que não tiveram na graduação, visualizando assim,
possibilidades futuras para a sua atuação. Em outros casos, tanto profissionais da Educação Física e
do Esporte como de outras áreas, se matriculam em cursos de especialização em Gestão de Esporte
com a expectativa de embasar melhor as decisões e ações que realizam nas organizações esportivas
que já atuam.
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Quanto à pesquisa, hoje a Gestão do Esporte no Brasil se desenvolve principalmente em escolas
de ponta da área de Educação Física e Esporte, mesmo que a grande área da Educação Física e órgão
federais reguladores não valorizem tanto o ensino quanto a pesquisa em Gestão do Esporte (Bastos,
2016; Santos, Freire, & Miranda, 2017). Também deve ser considerado a produção científica e
pesquisas originárias das instituições que possuem cursos e programas da Administração. A partir
daqui, para aprofundar este tema, passaremos para o próximo tópico deste ensaio.
3 PARA QUE SERVE?
Como mencionado, Gestão do Esporte pode ser definida como a utilização e a aplicação de
diferentes conhecimentos oriundos, principalmente, das Ciências do Esporte e da Administração no
gerenciamento das diferentes atividades e organizações existentes e que envolvem o fenômeno
Esporte. Em termo práticos, a Gestão do Esporte tem como objetivo o gerenciamento efetivo, eficaz
e eficiente das atividades e organizações esportivas.
Eficácia e eficiência podem ser entendidos respectivamente, como a forma que as metas e objetivos
são alcançados por uma atividade ou organização e a quantidade dos recursos utilizados para atingir
essas metas e objetivos que foram estipulados. Em outras palavras, eficácia é a capacidade de se fazer
o que é preciso, o que é certo para se alcançar determinado objetivo, escolhendo os melhores meios
para produzir um produto adequado ao mercado. Eficiência é a capacidade do gestor de alcançar os
objetivos, utilizando a menor quantidade de recursos possíveis. Assim, a eficácia se refere ao
resultado alcançado e a eficiência envolve a forma com que ele é alcançado (Certo & Peter, 2005;
Chelladurai, 2009; Slack & Parent, 2006). A partir da eficácia e da eficiência, teremos a questão da
efetividade. Esta característica diz respeito à capacidade de se alcançar resultados e objetivos
pretendidos (Chiavenato, 2011).
O que se sabe é que o Brasil possui, na maioria das atividades e organizações, uma Gestão do
Esporte ineficaz, ineficiente e, portanto, não efetiva. Uma série de publicações acadêmicas
evidenciam este fato. Talvez alguns dos principais indicadores desta característica seriam os próprios
relatórios do esporte publicados pelo Ministério do Esporte (Brasil - Ministério do Esporte, 2015,
2016), os resultados brasileiros do consórcio internacional denominado SPLISS Sports Policy
factors Leading to International Sporting Success (Böhme & Bastos, 2015; De Bosscher, Shibli,
Westerbeek, & Van Bottenburg, 2015), além de inúmeras pesquisas ligadas ao futebol, condensadas
em produções como as referenciadas a seguir (Costa & Marinho, 2005; Gasparetto, 2013; Marques
& Costa, 2016; Mattar, 2014).
Assim como em diversas outras áreas, acreditamos que a pesquisa é um dos fatores para a melhora
da eficácia, da eficiência e da efetividade da Gestão do Esporte no Brasil, pois, a partir do
conhecimento gerado por meio de pesquisas científicas (principalmente aquelas relacionadas com
problemas reais do contexto prático das atividades e organizações esportivas), as decisões dos
gestores esportivos passariam a ser feitas com embasamento, com consistência, superando um
empirismo dominante e os erros frequentes observados no contexto esportivo brasileiro.
Existem alguns exemplos de informações que poderiam ser usadas como embasamento para
decisões. O consórcio SPLISS realizou um comparativo de nove pilares que podem explicar o sucesso
esportivo internacional entre 15 países (Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Coréia do Sul, Dinamarca,
Espanha, Estônia, Finlândia, França, Holanda, Irlanda do Norte, Japão, Portugal e Suíça), os
resultados do Brasil podem ser observados na Figura 1.
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Figura 1 - Resultados do Brasil no consórcio internacional SPLISS
Fonte: Adaptado de De Bosscher et al., 2015.
Em breve análise, pode-se perceber que a disponibilidade de recursos financeiros para o esporte
no Brasil foi alta, se comparada aos países que participaram desta pesquisa internacional
(principalmente, nas modalidades olímpicas e nos últimos anos Böhme & Bastos, 2015). Por outro
lado, os resultados na maioria dos outros pilares são ruins. A partir desses resultados, teríamos uma
possibilidade clara para um direcionamento de investimento por parte das políticas públicas e das
confederações de esportes olímpicos. Ou seja, para um desenvolvimento esportivo sustentável e
visando um longo prazo, os órgãos e organizações esportivas se embasariam nessa pesquisa para
elaboração de seus respectivos planejamentos relacionados com o esporte de alto rendimento para os
próximos anos. Essa temática do SPLISS também foi adaptada para esportes específicos,
proporcionando direcionamentos para algumas modalidades, como é o caso do atletismo (Truyens,
De Bosscher, Heyndels, & Westerbeek, 2014), da canoagem de velocidade (Sotiriadou, Gowthorp,
& De Bosscher, 2013), do tênis (Brouwers, Sotiriadou, & De Bosscher, 2015), e do judô (Mazzei,
2016).
Outro exemplo em que a pesquisa pode embasar os gestores esportivos pode ser observado nos
resultados de um projeto denominado “Os novos estádios e arenas e o comportamento do consumidor
do produto esportivo: O padrão FIFA de qualidade e o impacto no torcedor brasileiro”, que teve como
principal objetivo identificar o perfil do consumidor de frequentadores de estádios de futebol em três
momentos: antes, durante e depois da Copa do Mundo de 2014 realizada no país. Como objetivo
secundário, o projeto identificou quais motivos faziam com que as pessoas não assistissem os jogos
de futebol no Brasil, nos estádios e arenas nas doze cidades-sedes da Copa do Mundo 2014,
considerando os três momentos citados. As principais respostas para a ausência de público nos
estádios e arenas brasileiros podem ser observadas na Tabela 1.
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Tabela 1 - Cinco fatores que afetam a não ida e presença de torcedores nos estádios e arenas brasileiros nas três fases
estipuladas no projeto de pesquisa mencionado (Rocco & Mazzei, 2015)
FASE 1 ANTES DA COPA DO MUNDO FIFA 2014
ÍNDICE (MÍN. 0 MÁX. 5)
1. Violência nos arredores do estádio/torcidas organizadas
2. Sensação de insegurança no estádio
3. Más condições de conforto do estádio
4. Falta de estacionamento/de transporte público
5. Ingressos caros
3,54
3,27
3,08
3,06
3,05
FASE 2 DURANTE A COPA DO MUNDO FIFA 2014
1. Violência nos arredores do estádio/torcidas organizadas
2. Sensação de insegurança no estádio
3. Falta de estacionamento/de transporte público
4. Ingressos caros
5. Más condições de conforto do estádio
3,56
3,37
3,30
3,28
3,09
FASE 3 DEPOIS DA COPA DO MUNDO FIFA 2014
1. Violência nos arredores do estádio/torcidas organizadas
2. Sensação de insegurança no estádio
3. Ingressos caros
4. Falta de estacionamento/de transporte público
5. Comidas e bebidas caras no estádio
348
3,23
3,14
3,13
3,11
O Campeonato Brasileiro da Série A entre 2014 e 2016 teve uma média de público por jogo de
aproximadamente 14.000 pessoas e uma taxa de ocupação dos estádios/arenas média de 34%,
números menores que os principais campeonatos nacionais da Europa e menor aque a Major
League Soccer dos EUA (Transfermarkt GmbH & Co. KG, 2017). Sendo assim, os resultados
identificados na pesquisa mostram que o aumento de espectadores que irão gerar receita aos clubes
de futebol com uma bilheteria nos jogos não depende da construção ou reforma de um novo espaço.
A partir dos números gerados por uma pesquisa científica, é possível identificar que para aumentar o
número de torcedores presentes nos estádios, deve haver a melhora de um contexto social do país.
Por outro lado, os clubes, por meio de uma Gestão do Esporte atenta às expectativas por
entretenimento dos torcedores em geral, poderiam desenvolver campeonatos tecnicamente com mais
qualidade, equilibrados esportivamente e principalmente, defender uma tolerância “zero” contra
grupos violentos de torcedores, como aconteceu com os Hooligans na Inglaterra na década de 1980.
Esses foram dois exemplos de como a pesquisa científica pode contribuir com as decisões dos
gestores esportivos. Concluindo, a Gestão do Esporte serve para, essencialmente, desenvolver o
Esporte nas suas mais diversas manifestações de forma consistente e coerente. Para que isso ocorra
de forma efetiva, o conhecimento científico embasa as decisões dos gestores, proporcionando eficácia
e também eficiência na gestão de organizações esportivas.
4 QUEM FAZ?
Determinar um único perfil de gestor esportivo seria uma tarefa audaciosa, complexa e até errônea.
O que é possível, em primeiro lugar, é delinear algumas competências que o gestor esportivo deve
possuir, independentemente da atividade ou organização esportiva. Em Amaral e Bastos (2015) e
Joaquim, Carvalho e Batista (2011) são descritas algumas competências que o gestor esportivo deve
ter: conhecer o objeto que irá gerir (Esporte) e as ferramentas da administração; ter a capacidade de
conjugar e lidar com políticas; definir a missão da organização; desenvolver o planejamento;
convergir os recursos humanos para os objetivos a serem alcançados; conhecer e estimular técnicas
de marketing, imagem e comunicação; elaborar políticas de gestão de qualidade; dentre outros. Em
uma posição de liderança de uma atividade que se contextualiza como interdisciplinar, o gestor
esportivo deve apresentar uma constante preocupação com suas habilidades e capacidades de
coordenar pessoas e recursos em sua organização (Amaral & Bastos, 2015).
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Fato é que o perfil do gestor esportivo deve ser composto de um conhecimento do Esporte unido
com um conhecimento da Administração. Por exemplo, ex-atletas que se capacitaram tanto nas
Ciências do Esporte como na Administração potencialmente seriam bons gestores. Por outro lado,
este é um perfil que não se encontra tão facilmente e que varia de acordo com as diferentes
características e históricos dos indivíduos. Na prática, e como já foi mencionado neste ensaio,
profissionais de Educação Física e Esporte acabam por assumir cargos de gestores em uma progressão
de suas carreiras. Da mesma forma que, muitos gestores existentes no Brasil, sem conhecimento do
Esporte nem da Administração, atuam em caráter voluntário, seguindo uma lógica pertinente (mas
ultrapassada) ao movimento associativo presente em nossa história esportiva (Barros & Mazzei,
2012).
Independentemente do perfil e das competências necessárias para um trabalho como gestor
esportivo, é preciso que esses profissionais tenham profissionalismo, continuem em uma jornada de
educação continuada, tenham uma visão ampla do futuro de sua organização esportiva (planejamento
em longo prazo) e do contexto no qual estão inseridos. Mesmo porque, em tempos de crise como o
Brasil passa neste final de segunda década do século XXI, e parafraseando Nelson Rodrigues, onde
o Esporte é a manifestação mais importante dentre as outras menos importantes, é fundamental uma
gestão do esporte criativa, eficiente, que vise práticas socialmente e financeiramente sustentáveis, e
ainda com planejamentos em longo prazo.
Quanto aos pesquisadores que fomentam o conhecimento da Gestão do Esporte, temos no Brasil,
a existência de uma maioria de indivíduos com sua origem e atuação em cursos (graduação e/ou
programas de pós-graduação) ligados a instituições com foco em Educação Física e Esporte e uma
minoria provenientes de instituições da Administração e outras áreas (Bastos, 2016). Também são
diversificadas as experiências práticas e de formação acadêmica dos pesquisadores com relação
respectivamente às atividades esportivas / atuação nas organizações esportivas e linhas e escolas de
pesquisa. Porém, ainda é preciso uma maior atenção sobre a área e a pesquisa em Gestão do Esporte
ou simplesmente o reconhecimento da sua existência e importância, por parte tanto das instituições
de ensino superior, principalmente da Educação Física e Esporte e dos órgãos reguladores como do
Ministério da Educação e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), por exemplo.
5 ONDE SE FAZ?
Um dos conceitos mais utilizado sobre a área de atuação dos gestores esportivos é o denominado
Indústria do Esporte (Mazzei, Oliveira, Rocco, & Bastos, 2013). O termo “indústria” pode ser
entendido como um mercado que oferece produtos e serviços semelhantes ou estritamente
relacionados a uma mesma gama de consumidores potenciais, mas com perfis demográficos e
psicológicos diferenciados com relação às necessidades, vontades, desejos ou exigências (Porter,
1989).
Conforme uma das primeiras referências deste conceito, a Indústria do Esporte inclui ampla
variedade de pessoas interessadas no esporte, no qual produtos e serviços ofertados abrangem uma
grande gama de atividades e práticas esportivas, inclusive de fitness, recreativas ou de lazer e outros
bens de valor relacionados com essas práticas (Pitts, Fielding, & Miller, 1994). É possível identificar
três segmentos na Indústria do Esporte, sendo o primeiro segmento (de Prática Esportiva) composto
por organizações que oferecem como serviços, a prática esportiva e as atividades diretamente ligadas
ao entretenimento e desempenho esportivo como, por exemplo, clubes, federações, academias, ligas,
etc. Esse primeiro segmento é considerado o coração da Indústria do Esporte (Chelladurai, 2009). O
segundo segmento, denominado de Produção, é o das organizações responsáveis pelo fornecimento
de produtos e equipamentos esportivos como, por exemplo, as marcas fabricantes de vestuário
esportivo. O terceiro segmento, de Promoção, é constituído por organizações responsáveis pela
promoção do esporte como um produto, bem como o desenvolvimento de ações relacionadas com
outros produtos e serviços que usam o esporte como um veículo para a promoção e comercialização.
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Uma pequena ressalva é feita com relação ao conceito de Indústria do Esporte, que é o fato dele
ser desenvolvido a partir do contexto norte-americano. No Brasil, a Gestão do Esporte também teria
um segmento de “Prática”, no qual, não só teríamos a presença da base de nosso esporte, que são os
clubes, mas também as escolas, as academias, as associações, as federações, as confederações e ainda
o Sistema S (Sesc, Sesi, etc.) e as organizações não governamentais do terceiro setor que possuem
seu foco em atividades esportivas. Ainda como semelhança, teríamos no Brasil, o segmento de
Produção, já que existem no país inúmeras empresas destinadas ao desenvolvimento e fabricação de
materiais e produtos esportivos para a prática das mais diversas modalidades. com relação ao
segmento de Promoção, temos no país algo mais insipiente. Enquanto no contexto norte-americano
este segmento possui uma representatividade considerável no gerenciamento das ligas e na carreira
de atletas profissionais (dentre outros), no Brasil é possível identificar, mas de forma insípida, a
organização e promoção de eventos esportivos (Vance, Nassif, & Masteralexis, 2015).
Ainda sobre os segmentos da Indústria do Esporte no Brasil, é importante citar a existência dos
órgãos governamentais (Ministérios e Secretarias Estaduais e Municipais), dos quais possuem
importante papel no desenvolvimento de leis, construção de instalações e promoção das atividades
esportivas para a população por meio de políticas públicas e seus programas (Meira, Bastos, &
Böhme, 2012). Portanto, em termos práticos, o universo de atuação para a Gestão do Esporte no Brasil
é considerável, mesmo que em muitas organizações não se dê o devido valor à necessidade desta área
e à existência de pessoal capacitado em funções que envolvem o gestor esportivo (Figura 2).
Figura 2 - Suposta Indústria do Esporte no Brasil
Fonte: Desenvolvido pelos Autores.
Em termos de pesquisa e, conforme já mencionado, boa parte dos estudos e da produção científica
em Gestão do Esporte são desenvolvidos em instituições de ponta da Educação Física e Esporte.
Existem grupos de pesquisa com foco na Gestão do Esporte cadastrados no Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), no qual grande parte de seus líderes e membros
são da área de Educação Física e Esporte (Bastos, 2016). Também existe o desenvolvimento de
pesquisa em instituições da Administração, principalmente naquelas em que existem os cursos lato
sensu em Gestão do Esporte e /ou áreas afins. Por outro lado, existe uma constante necessidade de
defesa da Gestão do Esporte nos departamentos das instituições, sejam da Educação Física e Esporte,
sejam da Administração e outras áreas afins.
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6 PARA ONDE VAI?
Com o encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro em 2016, se encerrou
a chamada “década de ouro” do esporte brasileiro. Neste período, houve um montante de recursos
nunca antes disponíveis. Ao mesmo tempo, se bem planejado lá atrás, poderíamos ter produzido
incontáveis benefícios para o esporte brasileiro em todas as suas vertentes constitucionais educação,
formação, participação e rendimento. Porém, e por absoluta falta de gestão, o país não conseguiu
concretizar impactos efetivos e tampouco se visualiza no futuro a possibilidade de legados
decorrentes dos grandes eventos realizados. Apontados como os principais fatores e argumentos para
a realização desses eventos no Brasil, os impactos/legados esportivos, efetivamente, ainda não se
consolidaram. Boa parte das principais organizações esportivas do país, como por exemplo, o Comitê
Olímpico Brasileiro, a Confederação Brasileira de Futebol, algumas confederações, diversos clubes
e associações esportivas, convivem atualmente com a fuga de patrocinadores, problemas de
governança, transparência e corrupção, além da insustentabilidade financeira.
Diversas instalações, como os estádios construídos para a Copa do Mundo 2014 e diversos ginásios
e praças esportivas erguidas para abrigar as competições dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio
de Janeiro 2016, sofrem, hoje, com a falta de definição das entidades que irão gerir e manter esses
espaços. Também se observa com frequência os elevados custos necessários para sua manutenção
para utilização de instalações esportivas, fato consumado de ausência de planejamento e mensuração
da sustentabilidade dos novos espações construídos ou reformados. Em alguns casos vale a pena a
demolição dessas instalações.
O investimento feito para que o país pudesse abrigar a “década de ouro” do esporte, também não
foi revertido em uma política de esporte, de amplitude nacional, capaz de aumentar o número de
pessoas envolvidas com a prática esportiva, principalmente considerando o público que envolve
crianças e adolescentes. Obviamente que existem exceções e aqui se coloca o desafio para entender
porque as gestões dessas exceções deram e dão certo. Mas basta analisar dois levantamentos do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE] (2017a, 2017b) sobre o Esporte e a prática
esportiva no Brasil para se chegar à conclusão que realmente desperdiçamos uma oportunidade para
ser reverter alguns quadros sobre a falta de cultura esportiva no Brasil.
Apesar da boa organização e realização dos eventos acontecidos no país de 2007 a 2017, que teve
uma boa imagem passada aos visitantes que estiveram presentes aos eventos, observa-se que do ponto
de vista da Gestão do Esporte, o principal impacto/legado que pudemos ou iremos perceber da
“década de ouro” do nosso esporte é a verificação, de forma prática e concreta, da ausência de uma
gestão profissional, ética e responsável. Conforme já mencionado, continuamos com uma perspectiva
de descontinuidade nos programas implementados, falta de visão estratégica, ineficácia e
irresponsabilidade e ineficiência na utilização dos recursos disponíveis. Também é possível constatar
que, no atual modelo de gestão do nosso esporte, os profissionais envolvidos na direção das principais
organizações esportivas (principalmente confederações), dependem do financiamento estatal como
vértice para a obtenção de recursos para as suas ações e realizações. Sabemos que, em tempos de crise
política e econômica, o esporte apenas se desenvolverá a partir de soluções criativas e de ações
gerenciais que utilizarão os recursos de forma eficiente, bem como a criação e desenvolvimento de
estruturas organizacionais sustentáveis, principalmente, do ponto de vista econômico e social.
Para que exista uma melhor Gestão do Esporte no Brasil, é preciso que aconteça a afirmação de
seu reconhecimento e sua importância. O investimento na formação de profissionais éticos,
competentes e transparentes é urgente e fundamental para que o esporte brasileiro possa explorar todo
seu potencial. Essa Gestão do Esporte é fator chave para que o fenômeno Esporte se manifeste como
importante elemento de educação e inclusão social, em uma sociedade tão injusta como a brasileira.
Essa Gestão do Esporte também é parte essencial para uma mudança de paradigma entre o
amadorismo irresponsável para um profissionalismo eficaz. Não advogamos que a Gestão do Esporte
é a área mais importante da Educação Física e Esporte ou da Administração, mas sim que ela é
fundamental para que outras áreas que envolvem a pedagogia e o treinamento esportivo aconteçam
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com efetividade e qualidade no esporte brasileiro, tanto no âmbito prático das diversas organizações
e manifestações esportivas, como também no universo acadêmico das instituições de ensino superior.
Portanto, espera-se que este ensaio tenha proporcionado elucidação, conhecimento e reflexão aos
leitores da RGNE. Espera-se também que o presente e o futuro afirmem a Gestão do Esporte como
área de importância para o esporte brasileiro, caso contrário, continuaremos com a falta de efetividade
no desenvolvimento esportivo nacional. Por fim, pontua-se que, tanto em termos de produção e
desenvolvimento científico, como da formação acadêmica de profissionais, nenhuma área (Educação
Física e Esporte, Administração, etc.) se apropriou completamente ou de fato da Gestão do Esporte
no Brasil. Esse processo já começou, afinal existem instituições de ponta que possuem laboratórios,
grupos de pesquisa e docentes qualificados, principalmente na área da Educação Física e Esporte
(graduação e pós-graduação stricto sensu) e na área da Administração (pós-graduação lato sensu). É
preciso citar também o movimento pioneiro e de fomento da Associação Brasileira de Gestão do
Esporte (ABRAGESP) em prol ao ensino e pesquisa em Gestão do Esporte no Brasil
2
. Entretanto, a
Gestão do Esporte no Brasil ainda requer maior reconhecimento e afirmação, seja nos órgãos
reguladores de cursos de ensino superior, seja no campo prático de atuação.
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2
Cabe mencionar que o movimento pioneiro de associações específicas de Gestão do Esporte, que buscam seu
desenvolvimento e, principalmente, o fomento em pesquisa e em conhecimento, também foi fato marcante nos Estados
Unidos da América e na Europa (Bastos, 2003; Bastos & Mazzei, 2012; Pires & Sarmento, 2001; Rocha & Bastos, 2011).
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... De forma similar, Santos et al. (2019) caracterizan la gestión deportiva como un conjunto de acciones administrativas que buscan hacer más efectiva la promoción de productos y servicios deportivos que atiendan las al., 2013; Cárdenas & Feuerschütte, 2014;Cardona & Padierna, 2017;Mazzei & Rocco, 2017); empero, en dichas disertaciones persisten lagunas epistémicas que este estudio se propone llenar. ...
... Gutiérrez (2010) señala tres funciones de la gestión deportiva: 1) alcanzar objetivos y metas de la organización deportiva; 2) manejar los recursos humanos; 3) manejar los recursos financieros. Esta tendencia dominante en la bibliografía revisada sugiere que la gestión deportiva se consagra a la puesta en marcha de acciones orientadas a planificar, organizar, dirigir, ejecutar y controlar los recursos disponibles para cumplir los objetivos de las organizaciones deportivas de forma eficaz (Ramos, 1993;Nogueras et al., 2002;Sánchez, 2005;Gutiérrez, 2010;Rocha & Bastos, 2011;Ramos-Carranza et al., 2015;Mazzei & Rocco, 2017;). ...
Article
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En este artículo se presenta un balance de las tendencias y perspectivas actuales de la gestión deportiva en Latinoamérica. Se llevó a cabo una revisión sistemática de los estudios publicados sobre gestión deportiva en la región desde 1990 hasta 2021. Se concluye que hay una ambigüedad en la distinción entre administración deportiva y gestión deportiva. Se plantea una reflexión epistemológica que conduce a pensar que mientras la administración deportiva es una rama de la administración aplicada al campo del deporte; la gestión deportiva es un campo de estudios interdisciplinar más amplio que contiene teorías, métodos y discursos provenientes de las ciencias económicas y sociales, las ciencias del deporte y las ciencias de la educación. La gestión deportiva contiene la administración deportiva, pero no se agota en ella, es más amplia. Ambas tienen la finalidad de planear, organizar, dirigir y controlar los recursos disponibles para cumplir los objetivos de las organizaciones deportivas, pero la gestión deportiva lo hace de forma más holística al incluir herramientas de la administración, pero también de otras áreas de conocimiento. Finalmente, se plantean aplicaciones prácticas de esta disertación en el sector del deportivo, y se proponen futuras líneas de investigación. Palabras clave: gestión, administración, deporte, América Latina, epistemología. Abstract. This paper presents a review of current trends and perspectives of sport management in Latin America. A systematic review of published studies on sport management in the region from 1990 to 2021 was carried out. It is concluded that there is an ambiguity in the distinction between sports administration and sports management. An epistemological reflection is proposed that leads to think that while sport administration is a branch of administration applied to the field of sport, sport management is a broader interdisciplinary field of study that contains theories, methods and discourses from the economic and social sciences, sport sciences and education sciences. Sport management includes sport administration, but is not limited to it; it is broader. Both have the purpose of planning, organizing, executing and controlling the resources available to meet the objectives of sports organizations, but sports management does it in a more holistic way by including tools from administration, but also from other areas of knowledge. Finally, practical applications of this dissertation in the sports sector are presented, and future lines of research are proposed.Key words: management, administration, sport, Latin America, epistemology.
... A gestão também passa por esses estágios, sendo iniciada no Brasil na etapa do amadorismo, inicia um processo de institucionalização com as mudanças na legislação que pedem boas práticas de gestão e governança e então, deve tratar sua gestão de maneira mais profissional Rocco Jr., 2017), estando nessa etapa a mercantilização (tratando o esporte como produto), com poucas modalidades atingiram este nível de maturidade até então. ...
Article
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Gestão e governança são conceitos relativamente recentes no campo esportivo, podendo ser consideradas ferramentas importantes no âmbito da gestão do esporte. Neste sentido, buscou-se neste artigo posicionar tais conceitos dentro do modelo analítico dos 5 E's, como forma de auxiliar no entendimento dos processos que levam ao avanço institucional e no aprimoramento do esporte como um produto atrativo. Tal posicionamento pode servir de apoio aos gestores esportivos, com o desenvolvimento de um fluxo de processos cíclicos, indicando possíveis relações entre os pilares da governança e os conceitos do modelo analítico. A construção deste ciclo visa auxiliar no entendimento de tais processos diante da própria gestão, no formato de um caminho processual a ser seguido.
... Neste sentido, as empresas têm utilizado o marketing esportivo como uma ferramenta para alavancar marcas, criando oportunidades em novos mercados a fim de consolidar e fidelizar clientes. Dentre as atividades de marketing esportivo destacam-se as ações de patrocínio, considerado o principal investimento, por ser um formato de comunicação de marketing capaz de impactar significativamente a audiência pelo fato de as mensagens se aproximarem dos consumidores de forma eficiente, complementando outros formatos de comunicação integrada de marketing, uma vez que o patrocinador, seja ele de um evento, atleta ou equipe, tem como objetivo fazer com que sua marca ganhe notoriedade por meio da construção e gerenciamento de sua imagem (Morgan & Summers, 2008;Soderman & Dolles, 2010;Mazzei & Rocco, 2017). Por meio de patrocínios, é possível associar empresas, marcas ou produtos a times, seleções esportivas, ou mesmo a atletas individuais (Soderman & Dolles, 2010;Horowitz, 2014;Parolini & Rocco Junior, 2015). ...
Article
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Objetivo: Discutir a perspectiva de marcas patrocinadoras, empresários de marketing esportivo e atletas brasileiros do surfe profissional no que tange objetivos em comum, formatos de comunicação e ativações de marca que gerem maior retorno para patrocinadores e patrocinados. Metodologia/abordagem: De caráter qualitativo descritivo, foram realizadas entrevistas em profundidade, sendo duas com gestores de marcas patrocinadoras; duas com empresários de marketing esportivo; duas com atletas brasileiros competidores na primeira divisão do surfe mundial. Na análise triangulada de dados foi utilizado o software Voyant Tools.Originalidade/relevância: O patrocínio é um dos principais formatos de investimento em comunicação de marca no marketing esportivo, entretanto, poucos trabalhos tratam de patrocínio em atletas trazendo à tona perspectivas de marcas, intermediários e atletas.Principais resultados: Para as marcas patrocinadoras, o principal vetor de atratividade em iniciativas de patrocínio nos atletas é o desempenho obtido nos campeonatos associado à capacidade de o atleta proporcionar visibilidade à marca. Para atletas e empresários, o essencial é o apoio financeiro visando a manutenção de equipe técnica e o bom desempenho nas competições, e, como consequência, a associação da imagem vencedora entre patrocinador e patrocinado. Contribuições teóricas: Proposição de utilização de ativações de marca que possam ampliar a experiência do consumo esportivo e métricas para controlar e avaliar o retorno do investimento em patrocínio.
... A comprovação do cumprimento do projeto é considerada como uma das etapas cruciais para continuidade de novos projetos. A falta de capacitação de recursos humanos pode gerar inabilidade e/ou a irresponsabilidade gerencial em diversos setores esportivos brasileiros 11 . ...
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RESUMO O objetivo do estudo foi analisar o projeto de judô Kimono de Ouro nos anos de 2011 a 2017, a partir de recursos fomentados pela Lei de Incentivo ao Esporte e da aplicação do modelo de políticas nacionais de esporte de rendimento. A metodologia de abordagem qualitativa e descritiva foi delineada pela análise documental e pelo modelo de Sports Policy Factors Leading to International Sporting Success. Na perspectiva do rendimento esportivo, os resultados revelaram que a Lei de Incentivo ao Esporte potencializou o desenvolvimento do projeto ao evidenciar correlações significativas com o Sports Policy Factors Leading to International Sporting Success. Conclui-se que a captação de recursos, a gestão financeira e a qualificação da equipe multiprofissional foram fundamentais para a evolução do desempenho esportivo. Palavras-chave: Esporte. Rendimento. Judô. Formação profissional. ABSTRACT The aim of the study was to analyze the judo project "Kimono de Ouro" from 2011 to 2017, based on resources promoted by the Sports Incentive Law and the application of the national performance sport policies model. The qualitative and descriptive study was carried out through documentary analysis and comparing to the model of Sports Policy Factors Leading to International Sporting Success. From the perspective of sports performance, the results show by the Sports Incentive Law improved the project and show significant correlations with Sports Policy Factors Leading to International Sporting Success. In colclusion, fundraising, financial management and the qualification of the multidisciplinary team were fundamental for the evolution of sports performance.
... -Editor Científico: Michel Fauze Mattar -Editor Adjunto: Leandro Carlos Mazzei -www.revistagestaodoesporte.com.br 59 capacitados para administrar as demandas organizacionais, da desorganização, da corrupção dos impactos da constante crise interna no país (econômica/política), dentre outros (Mazzei & Bastos, 2012;Mazzei & Rocco, 2017). Fato é que a estrutura do universo das atividades físicas e do esporte está calcada fortemente em organizações esportivas, que são entidades sociais que desenvolvem produtos e serviços oferecidos e consumidos pela sociedade (Cárdenas, 2013). ...
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O esporte assume historicamente diferentes papéis na sociedade, sendo que mais recentemente há uma necessidade por uma melhor gestão das organizações responsáveis pela oferta das inúmeras possibilidades do Esporte para com a sociedade. De fato, as organizações esportivas têm tido um papel expressivo no desenvolvimento deste fenômeno e também estão fortemente imbricadas à Gestão do Esporte, na sua própria conceituação, na pesquisa e na formação. Da mesma forma, as organizações esportivas são estudadas, mas diferentemente descritas ou apresentadas, dependendo do olhar da indústria do esporte, do marketing e da economia, assim como na regulamentação legal ou na política de esporte de cada contexto. Embora a literatura internacional aponte conceituação já consolidada sobre as organizações esportivas, no país existem diferentes entendimentos e conceitos expressos por teóricos, na legislação, em pesquisas e em trabalhos acadêmicos. No entanto, não há um referencial que abarque essas visões de forma integrada, como acontece na literatura internacional. Face a esse cenário, o objetivo do artigo é construir e propor um modelo unificado que expresse as organizações esportivas segundo o ambiente social e cultural brasileiro. Foi realizada pesquisa qualitativa e bibliográfica/documental, no sentido de reunir e expor diferentes perspectivas conceituais sobre a organização esportiva. Primeiramente foram analisadas fontes teóricas internacionais, em seguida levantamento e análise da produção de livros e pesquisas e de documentos legais e regulamentadores nacionais. Os resultados dessas análises permitiram a elaboração para cada setor, público, privado com fins lucrativos e privado com fins lucrativos (comercial), de quadros síntese, a partir do modelo de indústria do esporte de Pedersen e Thibault (2019), o mais recente na literatura e identificado como o que contém as expressões dos setores da sociedade e estruturas comparáveis às brasileiras. O produto final foi o MOEB (Modelo de Organizações Esportivas no Brasil), que leva em conta, na medida do possível, as organizações esportivas relevantes no cenário do país, num mapa integrador e compreensível, mostrando suas múltiplas conexões. Esse modelo deve ser visto como uma integração da literatura relevante sobre gestão do esporte em direção a uma abordagem unificada. Portanto, não é um produto acabado, pelo contrário, é uma primeira aproximação no sentido de se promover um entendimento e pode ser um ponto de partida para pesquisas futuras. Palavras-chave: Organização Esportiva. Gestão do Esporte. Modelo Unificado. Brasil. Abstract Sport has historically assumed different roles in society, and more recently there is a need for better management by the organizations responsible for offering the numerous possibilities of Sport to society. In fact, sports organizations have played an expressive role in the development of this phenomenon and in the same way, sports organizations are linked strongly to Sport Management, in its own concept, in research and academic training. Likewise, the sport organizations are studied, but differently described or presented, depending on the sports industry, marketing and economics, as well as in legal regulation or sports policy of each context. Although the international literature points out concepts already consolidated about sports organizations, in the country there are different understandings and concepts expressed by theorists, in legislation, research and academic work. However, there is no references that encompasses these views in an integrated manner, as is international literature. In view of this scenario, the objective of the article is to build and propose a unified
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Esta pesquisa qualitativa e descritiva teve como objetivo analisar o perfil dos coordenadores de ações esportivas do Instituto Federal do Paraná (IFPR) no desenvolvimento de ações para toda comunidade institucional. As fontes de informações foram o currículo Lattes e uma entrevista semiestruturada com os quatro coordenadores atuantes no cargo no período de 2010 a 2021, analisadas mediante a análise de conteúdo. Os coordenadores possuem um papel fundamental na gestão das ações e o perfil destes não possui características únicas, tampouco relacionado com a formação e atuação específica na área do esporte ou da gestão. Os profissionais, figuras essenciais para o desenvolvimento do esporte, precisam dispor de conhecimentos, competências, habilidades e experiências para potencializar suas ações.
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O objetivo do estudo é analisar as conexões entre o basquete e o perfil de torcedores que compareceram aos dois últimos jogos das finais da nona edição do Novo Basquete Brasil (NBB), em 2017. A pesquisa tem natureza qualitativa, e o percurso metodológico valeu-se da aplicação aleatória de um questionário com 39 perguntas junto aos torcedores presentes nos ginásios, ou no seu entorno, momentos antes dos jogos, disputados em junho de 2017, nas cidades de São Paulo e Araraquara. A partir da análise de 91 questionários e da observação das ações de patrocínio, foi realizada uma entrevista semiestruturada com o Gerente de Comunicação da Liga Nacional de Basquete (LNB). Os resultados indicam a predominância de um público masculino, jovem e de alto poder aquisitivo nos dois jogos (57% dos respondentes têm renda familiar mensal acima de R$ 4,5 mil). Esses torcedores apresentam um envolvimento afetivo com o basquete e com os times, porém não têm uma relação formal ou monetária com as equipes. A comunicação via mídias sociais atinge boa parcela desse público, que aprova ações de entretenimento durante o evento esportivo. Portanto, há um potencial para estreitar o relacionamento com os torcedores. O trabalho desenvolvido há dez anos pela LNB tem gerado parcerias com empresas e grandes grupos de comunicação, além da adoção de práticas bem-sucedidas no exterior na gestão esportiva. Em 2014, a Liga anunciou uma parceria inovadora e de longo prazo com a National Basketball Association (NBA). Há obstáculos a serem superados, principalmente na administração dos clubes, e este artigo espera contribuir para a melhoria do processo.
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Tendo em vista o cenário de relação entre o patrocínio e o voleibol brasileiro, este trabalho objetiva levantar, do ponto de vista histórico e mercadológico, as ações de patrocínio realizadas entre uma empresa multinacional do ramo de produtos alimentícios e o Osasco Voleibol Clube, para discuti-las sob a ótica dos principais agentes envolvidos na modalidade-treinadores, gestores e atletas. Trata-se de uma pesquisa documental, de caráter qualitativo, exploratório e descritivo, que teve como fontes primárias as reportagens jornalísticas disponíveis em domínio público, publicadas no período do qual o clube e a empresa mantiveram relações no contexto esportivo. Para a análise dos dados, foi utilizado o método de Análise de Conteúdo, no qual os dados de pesquisa foram organizados em três diferentes características que abrangem os assuntos discutidos ao longo das reportagens, relativos ao clube, atletas/comissão técnica e gestores. Tal pesquisa se mostra relevante para a área, devido a produção incipiente de estudos de natureza qualitativa que tratem sobre a relação do patrocínio esportivo e o voleibol, e por trazer uma importante discussão de casos de sucesso sobre o patrocínio de clubes esportivos no Brasil. Identificamos a utilização de diferentes estratégias de marketing utilizadas pela empresa nos diferentes períodos de manutenção do patrocínio, que trouxeram retornos positivos em termos de desempenho desportivo para o clube-advindo principalmente do investimento realizado em estrutura e desenvolvimento de atletas-e em desempenho de mercado das diferentes marcas da empresa-chegando à liderança de mercado diante de marcas já consolidadas no consumo brasileiro. Como estudo de caso, a pesquisa evidenciou estratégias bem-sucedidas e que atenderam objetivos mútuos, por meio da mudança de produto, de marca e de uniforme, trazendo benefícios para o clube e para a empresa. Inovações como a criação da loja online do clube, do mascote oficial, campanhas de ativação das marcas da empresa no ginásio e de campanhas publicitárias também se destacam ao longo do período de patrocínio As estratégias que foram utilizadas podem ser aplicadas de forma direta ou adaptadas a outras relações entre clubes esportivos e empresas, colaborando para um retorno notável da marca e seus produtos, e de uma competente estruturação do esporte (da base ao alto rendimento).
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The purpose of this inventory was to characterize the profile of sports managers from cities belonging to an intermunicipal consortium in the state of São Paulo and to know their view on the objectives of the sport in the city. A qualitative research was carried out, with the participation of 12 sports managers belonging to the union of the municipalities of Media Sorocabana, in São Paulo. Semi-structured, recorded and audio and transcribed interviews were performed. For the analysis of these interviews, the Content Analysis technique was used. It was possible to verify that the profile of the municipal sports managers is similar to that identified in other studies. Also it is verified the existence of a culture that disregards the professional skills and abilities for the sport management, inherent to the sport organizations. In their interviews, managers claim that sport in their cities aims to contribute to social inclusion, improve health and quality of life, identify new talent for sports and democratize access to sports practices. We realize that some of the proposed objectives cannot be achieved only with the practice of sports, but that they depend on the elaboration of a public policy that integrates different municipal secretariats.
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http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2017v29n50p183A produção do conhecimento sobre a gestão do esporte tem aumentado nos últimos anos. Conhecer as características das pesquisas que têm sido realizadas permite identificar as escolhas feitas pelos pesquisadores ao abordar, bem como as lacunas ainda existentes. Nessa perspectiva, o objetivo deste estudo foi analisar a publicação científica sobre a Gestão de Esporte, que focaliza a intervenção do gestor. Foi realizado o levantamento bibliográfico em quatro bases de dados eletrônicas. Foram identificados 40 artigos que atenderam aos critérios estabelecidos, sendo 11 ensaios, 6 artigos de revisão ou pesquisa documental e 23 artigos originais. Os temas mais abordados na publicação analisada foram a formação dos gestores esportivos, a organização da gestão as políticas públicas de esporte e lazer. Ao analisar o método adotado nos estudos identificou-se o crescimento no número de publicações nos últimos anos e o predomínio de pesquisas quantitativas, construídas a partir de uma concepção empírico-analítica de ciência. É importante a diversificação das pesquisas realizadas, com a utilização de pesquisas qualitativas, que permitam uma maior aproximação com o contexto real da gestão.
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In general, Brazilian soccer clubs face financial and management problems. Good governance practices can be an answer to these problems since they aid in their administrative and financial restructuring. On the other hand, some adaptations may be necessary in this process, due to the specificities of this business. The present study elaborated a specific model of good governance practices which is adequate to the organizational characteristics and to the environmental context of the professional soccer clubs. A qualitative, exploratory, applied and interdisciplinary research was carried out. A bibliographic research was carried out and the data collected in this research were used as basis for the construction of the proposed governance model, using the comparative method. Then, the proposed model was sent to experts, based on a semi-structured interview script. The data collected in this process were analyzed according to the content analysis method and adjustments were made to the model. The model created suggests that, through adaptations made in traditional governance practices, a specific model for this particular business is feasible, tending to have some dimensions and practices common to the main governance codes. The results suggest the adequacy and applicability of the model, so it can be useful as subsidy for a possible regulatory normative milestone which comprises aspects related to the governance of professional soccer clubs.
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Considerando que a área gestão do esporte no Brasil está em pleno crescimento, tanto no que diz respeito ao mercado como também à pesquisa científica e também tendo em conta a importância de se conhecer os profissionais que atuam na área e a produção científica voltada à esta temática, este estudo teve por objetivo realizar uma revisão das publicações acerca do perfil dos gestores esportivos brasileiros. Para tanto, realizou se uma pesquisa bibliográfica de publicações de pesquisas, teses e dissertações em base de dados pré estabelecidas utilizando as palavras chave sport manager ”, sport management ”, s port directors ”, s port manager and organization ”, competency and sport ”, sport director and organization ”, responsibilities and sport ” e “ responsibilities and sport managers ”. Do total de estudos obtidos, 3 artigo s foram selecionados além de 1 tese. Destaca se uma maior participação masculina nos cargos de gestor esportivo, a formação deste gestor não é bem definida e o método mais utilizado nas pesquisas é o questionário, a temática ainda não alcançou patamares c omo os encontrados internacionalmente e encontra se pouco material nas bases de dados sobre o perfil do gestor esportivo brasileiro.