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A eloqüência do silêncio: gênero e diversidade sexual nos conceitos de família veiculados por livros didáticos

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Abstract

This paper is part of a broader research project whose characteristics were specified in the presentation of the four articles which discuss the research results. It intends to identify and analyze, using the concepts of sexual diversity and gender relationship, the homophobic occurrences in family models presented in school textbooks evaluated and distributed by the Brazilian government, and in use in 2007 and 2008. 67 of the 98 school books widely distributed to Brazilian public schools which provide basic education were selected. It was found, however, that the lack of explicit mentions to homosexuals and/or homosexuality shows indeed the silence covering the subject. The data interpretation led to the conclusion that - in spite of the advances resulting from the abundance of images and exercises aimed at introducing some aspects of gender relations that go beyond the traditional family patterns - the absence of sexual diversity and of homoparental families in images and texts is an expression of the power relationship that sustains the patriarchal and heterosexual model of family. On the other hand, the naturalization of heterossexualidade sustains the possibility of homophobia and somehow legitimates it as other relational forms of social visibility are excluded.

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... A questão não se restringe à violência física. Homossexuais são hostilizados das mais variadas formas, desde as mais explícitas, como agressões verbais diretas, às mais veladas, como as relacionadas ao humor, que em princípio suaviza das críticas (Irigaray, Saraiva & Carrieri, 2010), e ao silêncio, que atua como reforço da heteronormatividade, pois " o inescapável silêncio de imagens ou textos que pesadamente recobre esse tema abre espaço para a manutenção do preconceito e da discriminação homofóbica como uma forma de inferiorização " (Vianna & Ramires, 2008:360). Além de se tratar de uma questão de objeto, estudar homossexuais trata-se de uma questão política, uma vez que não partimos de homogêneos e bem acabados parâmetros para discutir a sociedade. ...
... A violência simbólica é manifesta porque o silêncio é uma forma de preconceito por meio da invisibilização da diferença, além de ser uma forma de negar a sexualidade, que é parte indissociável da identidade, o que reforça os achado de Irigaray e cols. (2011), Fontes (2008) e Vianna e Ramires (2008). Outro aspecto relevante do agir dos homossexuais é a seriedade no trabalho: […] tentar ser o mais sério possível, ser o mais profissional possível, tentar em algumas situações, acontece, das profissões acontece… tentar ser o mais imparcial possível, tentar dividir as situações entre o pessoal e o profissional, se você tem um colega de trabalho, tem um cliente, uma pessoa que você lida, tentar separar as coisas, isso que é o mais importante, não misturar, por exemplo, um relacionamento que poderia ocorrer de um colega ou um cliente, de uma pessoa que você lida, porque você sabe que iria dar problema. ...
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Resumo O presente artigo destina-se a analisar as violências de caráter simbólico vivenciadas por homossexuais masculinos de Juiz de Fora, com destaque para o âmbito profissional. Recuperamos trabalhos que tratam da construção da homossexualidade, do homossexual masculino no trabalho, da violência simbólica e sua relação as homossexualidades. Entrevistamos seis homossexuais masculinos por meio da técnica de história oral. Tratamos os dados por meio da análise de conteúdo qualitativa temática considerando duas categorias: violência em caráter amplo e violência e trabalho. De modo geral, as manifestações de violência simbólica abrangem uma visão negativa sobre os não heterossexuais, estereótipos e a não aceitação. No trabalho, tais manifestações também se apresentam por meio da internalização do ponto de vista heteronomativo, exclusão e desqualificação do homossexual.
... A ausência da discussão sobre diversidade sexual e de gênero no contexto escolar também é um tema que recebe destaque nos trabalhos sobre homofobia nesse espaço, pois consideram a omissão, também um signo de violência (Dinis, 2011). O silêncio no debate sobre o tema não opera somente no currículo escolar, mas nos livros didáticos (Lionço & Diniz, 2008;Vianna & Ramires, 2008;Roselli-Cruz, 2011). ...
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The aim of this study was to perform a critical analysis of the Brazilian scientific studies on homophobia, a term widely used to describe the violence based on prejudice and discrimination related to the sexual orientation and/or gender identity. The theoretical-methodological approach used was the constructionism in social psychology, taking the linguistic repertoires concept as analytical operator. The evaluation explores the results of the research in two analytical axes which were illustrated by different linguistic repertoires: 1) the territories, contexts and micro-places in which the violence emerges; 2) the governmental coping strategies or the strategies used in daily life by the victims of this violence.
... A ausência da discussão sobre diversidade sexual e de gênero no contexto escolar também é um tema que recebe destaque nos trabalhos sobre homofobia nesse espaço, pois consideram a omissão, também um signo de violência (Dinis, 2011). O silêncio no debate sobre o tema não opera somente no currículo escolar, mas nos livros didáticos (Lionço & Diniz, 2008;Vianna & Ramires, 2008;Roselli-Cruz, 2011). ...
... Diferentes pesquisas têm mostrado que a atitude da escola diante do desafio de se constituir como espaço de construção de interpretações e atitudes que valorizem as diferenças tem se caracterizado pelo silêncio e pela manutenção da matriz heterossexual (entre outros: VIANA, RAMIRES, 2008;FERRARI;DE CASTRO, 2013;PRADO, 2017). De acordo com Butler (2003), a matriz heterossexual parte de uma interpretação binária, organizando homens e mulheres em pares opostos e delimitando papéis de gênero e o desejo, de tal modo que a heterossexualidade passa a ser considerada como a única orientação válida do desejo e como modelo de avaliação dos sujeitos e seus modos de ser. ...
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In daily school life, teachers face questions about issues they do not have the opportunity to reflect upon or study more intensively. Among those, homosexuality is a challenging topic, especially when they have to comment on it through images and films and not just reading theoretical papers. This article focuses on the analysis of positions around homosexuality registered in an online discussion forum for schoolteachers of the Federal District in the context of an in-service training course. In general, the analysis of the posts shows that heteronormativity works as a matrix, organized in a binary and asymmetric way, which has a regulatory and uniform effect of the milieu that causes stigma. Based on the Documentary Method, the analysis also reveals the existence of three different types of orientation among the 140 teachers who participated in the in-service training: an attitude of rejection, review of their one positions and defense of the homosexuality. These distinct orientations reveal the weight of heteronormativity in the construction of an education focus on the protection of equal rights.
... Os sete trabalhos que analisaram a implementação de políticas públicas buscaram investigar: o "Programa de Formação de Professoras/es em Gênero e Diversidade nas Escolas (GDE)" (Rohden, 2009); o "Programa Nacional dos Livros Didáticos (PNLD) (Fontes, 2008;Lionço & Diniz, 2008;Rios & Santos, 2008;Vianna & Ramires, 2008); o "Projeto de Formação Educando para a Diversidade (realizado pela ONG Nuances, financiada pelo Brasil Sem Homofobia) (Nardi & Quartiero, 2012), e o "Programa Brasil Sem Homofobia" (Borges & Meyer, 2008). Acredita-se que a análise da implementação desses programas é de fundamental importância, uma vez que, em suas propostas, propõem romper com os discursos sexistas e heteronormativos que, segundo autores como Louro (2001), Alos (2011) e Gesser, Oltramari e Panison (2015), atravessam e constituem as práticas educativas na contemporaneidade. ...
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Currently the changes have occurred in government policies related to sexual diversity in school. These policies are increasingly aligned with the principles of human rights and inclusion in diversity. The objective of this research was to analyze the production of knowledge on sexual diversity in school since the publication of the National Curriculum Standards, focusing on the relationship between the official documents and how it is produced knowledge, the concept of gender used in this process, and mapping, by means of such production, educational practices. To obtain the information, an integrative review of the knowledge of scientific papers published in the databases SciELO was performed PePSIC and Lilacs between the years 1997 and 2013. The information obtained evidence that the knowledge produced by the analyzed studies are increasingly aligned with the principles of human rights, although the practices within the school need to move a lot to the promotion of inclusive education of diversity by the ways of experiencing sexuality.
... Os sete trabalhos que analisaram a implementação de políticas públicas buscaram investigar: o "Programa de Formação de Professoras/es em Gênero e Diversidade nas Escolas (GDE)" (Rohden, 2009); o "Programa Nacional dos Livros Didáticos (PNLD) (Fontes, 2008;Lionço & Diniz, 2008;Rios & Santos, 2008;Vianna & Ramires, 2008); o "Projeto de Formação Educando para a Diversidade (realizado pela ONG Nuances, financiada pelo Brasil Sem Homofobia) (Nardi & Quartiero, 2012), e o "Programa Brasil Sem Homofobia" (Borges & Meyer, 2008). Acredita-se que a análise da implementação desses programas é de fundamental importância, uma vez que, em suas propostas, propõem romper com os discursos sexistas e heteronormativos que, segundo autores como Louro (2001), Alos (2011) e Gesser, Oltramari e Panison (2015), atravessam e constituem as práticas educativas na contemporaneidade. ...
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Currently the changes have occurred in government policies related to sexual diversity in school. These policies are increasingly aligned with the principles of human rights and inclusion in diversity. The objective of this research was to analyze the production of knowledge on sexual diversity in school since the publication of the National Curriculum Standards, focusing on the relationship between the official documents and how it is produced knowledge, the concept of gender used in this process, and mapping, by means of such production, educational practices. To obtain the information, an integrative review of the knowledge of scientific papers published in the databases SciELO was performed PePSIC and Lilacs between the years 1997 and 2013. The information obtained evidence that the knowledge produced by the analyzed studies are increasingly aligned with the principles of human rights, although the practices within the school need to move a lot to the promotion of inclusive education of diversity by the ways of experiencing sexuality.
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A escola é o espaço adequado à discussão sobre as questões de gêneroe diversidade sexual e suas respectivas identidades. O que ocorre forade seus muros também se reproduz em seu interior. Assim osestudantes explicitam seus anseios e contrariedades e, muitas vezes,valem-se do próprio corpo para manifestar seus desejos, que, paraalguns, são negados pela heteronormatividade compulsória. Essasituação também encontra espaço entre os docentes que nãoreceberam ou buscaram a capacitação para estabelecer um debatesaudável em relação a gênero e à diversidade sexual. O silenciamentosobre a perspectiva de gênero gera a manutenção daheteronormatividade e da homolesbotransbifobia, que faz com que oBrasil seja campeão de assassinatos de pessoas travestis e trangêneros.A ausência dessa temática, nessa perspectiva, mantém as relações degênero engessadas no modelo binário, que aceita práticas específicasde manifestação da sexualidade, negando as demais possibilidades.Quando a escola silencia a discussão de gênero e diversidade sexual, elaadere à manutenção das práticas de violência: da simbólica à física. Assituações de violência de gênero e diversidade sexual fazem parte docotidiano escolar como qualquer outra forma de violência, mas não.costumam receber a mesma atenção. Mesmo que essa intenção nãoseja proposital, sua ocorrência é material.
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O objetivo deste artigo é identificar os conceitos de pedagogias de gênero e evidenciar como as questões de gênero continuaram sendo mobilizadas no ambiente escolar apesar das tentativas de silenciamento da agenda conservadora para a educação. Trata-se de um estudo bibliográfico e de campo, cujos dados foram levantados por meio de entrevistas semiestruturadas com professoras que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, em escolas públicas de um município do Oeste catarinense. Os resultados apontam que as pedagogias de gênero são constantemente mobilizadas no cotidiano escolar, ora reproduzindo relações desiguais, ora produzindo relações igualitárias e justas. Assim, a disputa conservadora pelo silenciamento de gênero nas políticas educacionais não elimina sua recorrente enunciação, que ocorre por meio de normas e práticas escolares.
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Esta terceira edição da publicação Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência - Guia Prático para Educadores e Educadoras é o resultado de experiências acumuladas por professoras e professores, pesquisadoras e pesquisadores que estudam as questões de igualdade, equidade e diversidade de gênero. Foi idealizado como um instrumento de orientação e de autoavaliação para docentes da educação básica, auxiliando o desenvolvimento de práticas didáticas que contribuam para extinguir os preconceitos de todas as naturezas na formação de crianças e adolescentes, adquiridos tanto por herança cultural da sociedade, quanto por menções e concepções equivocadas eventualmente presentes nos materiais educacionais. O conteúdo deste Guia não pretende ser exaustivo, nem portador de receitas mágicas. É, antes de mais nada, provocativo para a reflexão e propositivo para a aprendizagem por interação e participação.
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Resumo: O presente artigo busca refletir e publicizar elementos ocultados da vida social de grupos minoritários que são atos eminentemente políticos. A reflexão sobre o negado, elementos não explicitados, recorrentes na história da homossexualidade, bem como sobre processos de luta e resistência social contra sistemáticas políticas de esquecimento e silenciamento nos conduziu às Paradas do Orgulho LGBT como fenômenos psicopolíticos significativos para superação de práticas assimilacionistas heteronormativas próprias de sociedades conservadoras, que andam na contramão do multiculturalismo e do respeito à diversidade. Aqui propomos que memória e consciência política podem ser elementos de potencialização da ação política de sujeitos a partir de ações coletivas e estas constituem práticas estratégicas para a construção de políticas públicas realmente inclusivas e igualitárias no campo LGBT. Tais ações coletivas são produzidas na disputa com outros atores sociais e visam pressionar o Estado no que tange à formulação, implementação e avaliação de políticas públicas de inclusão social voltadas à grupos minoritários. Palavras-Chave: Psicologia Política, Políticas Públicas, Movimentos LGBT, Memória Política, Consciência Política. Resumen: Este trabajo tiene como objetivo reflexionar y dar a conocer los elementos ocultos de la vida social de los grupos minoritarios que son acto eminentemente político. La reflexión sobre los elementos que se niegan, no explícitos y recurrentes, en la historia de la homosexualidad, así como sobre los procesos de lucha social y la resistencia contra las políticas de abandono y el silenciamiento sistemático nos han llevado a las manifestaciones del Orgullo LGBT, como fenómenos psicopolíticos importantes para la superación de las prácticas asimilacionistas heteronormativas propias de las sociedades conservadoras que van en contra de la corriente del
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O artigo explora representações de crianças sobre família e relações de gênero. Trata-se de um novo tratamento de dados elaborados por Gibim (2017) com crianças usuárias de Educação Infantil. A partir de desenhos e narrativas de crianças, foi possível captar estereótipos de gênero oriundos de uma sociedade erguida em bases patriarcais, o que é refletido em práticas intrafamiliares que envolvem as crianças. Trata das transformações na unidade doméstica decorrentes, principalmente, da emergência de diferentes dinâmicas familiares e de um reposicionamento feminino decorrente do esgotamento do modelo tradicional conjugal. A Educação Infantil surge, neste contexto, no compartilhamento da educação e cuidado com as famílias, promovendo a redefinição dos papéis parentais na construção de contextos sociais livres de preconceitos.
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The present work is focused on the relation between Public Polices and Education for Human Rights and Sexual Diversity from two main points of view: the political action of public managers and of educators. Both are essential for the occurrence of a social transformation of our reality. Besides that, they are related to political phenomena that transform the intimacy spaces, privacy and public. In this process, the educational space is a key element of daily life and has special interest for Brazilian Political Psychology.
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This article aims to analyze the symbolic character of violence experienced by gay men and one bisexual from Juiz de Fora, especially in the professional sphere. Recovered works dealing with construction of homosexuality, the male homosexual at work, the symbolic violence and its relationship with homosexualities. We interviewed six gay men through the technique of oral history. We treat data through qualitative thematic content analysis considering two categories: violence in wide character and violence in work. In general, the manifestations of symbolic violence include a negative view about the homosexual, stereotypes and non-acceptance. At work, such events also occur through internalization of a social view that values the heterosexual model, exclusion and disqualification of the homosexual.
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Gênero, Gram. Categoria que indica por meio de desinência uma divisão dos nomes baseada em critérios tais como sexo e associações psicológicas. Há gêneros masculino, feminino e neutro. Novo Dicionário da Língua Portuguesa (Aurélio B. de Hollanda Ferreira). Aqueles que se propõem a codificar os sentidos das palavras lutam por uma causa perdida, porque as palavras, como as idéias e as coisas que elas significam, têm uma história. Nem os professores de Oxford, nem a Academia Francesa foram inteiramente capazes de controlar a maré, de captar e fixar os sentidos livres do jogo da invenção e da imaginação humana. Mary Wortley Montagu acrescentava a ironia à sua denúncia do "belo sexo" ("meu único consolo em pertencer a este gênero é ter certeza de que nunca vou me casar com uma delas") fazendo uso, deliberadamente errado, da referência gramatical. Ao longo dos séculos, as pessoas utilizaram de forma figurada os termos gramaticais para evocar traços de caráter ou traços sexuais. Por exemplo, a utilização proposta pelo Dicionário da Língua Francesa de 1879 era: "Não se sabe qual é o seu gênero, se é macho ou fêmea, fala-se de um homem muito retraído, cujos sentimentos são desconhecidos". E Gladstone fazia esta distinção em 1878: "Atenas não tinha nada do sexo a não ser o gênero, nada de mulher a não ser a fama". Mais recentemente – recentemente demais para encontrar seu caminho nos dicionários ou na enciclopédia das ciências sociais – as feministas começaram a utilizar a palavra "gênero" mais seriamente, no sentido mais literal, como uma maneira de referir-se à organização social da relação entre os sexos. A conexão com a gramática é ao mesmo tempo explícita e cheia de possibilidades inexploradas. Explícita, porque o uso gramatical implica em regras que decorrem da designação do masculino ou feminino; cheia de possibilidades inexploradas, porque em vários idiomas indo-europeus existe uma terceira categoria – o sexo indefinido ou neutro. Na gramática, gênero é compreendido como um meio de classificar fenômenos, um sistema de distinções socialmente acordado mais do que uma descrição objetiva de traços inerentes. Além disso, as classificações sugerem uma relação entre categorias que permite distinções ou agrupamentos separados. No seu uso mais recente, o "gênero" parece ter aparecido primeiro entre as feministas americanas que queriam insistir na qualidade fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo. A palavra indicava uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos como "sexo" ou "diferença sexual". O "gênero" sublinhava também o aspecto relacional das definições normativas de feminilidade. As que estavam mais preocupadas com o fato de que a produção dos estudos femininos centrava-se sobre as mulheres de forma muito estreita e isolada, utilizaram o termo "gênero" para introduzir uma noção relacional no nosso vocabulário analítico. Segundo esta opinião, as mulheres e os homens eram definidos em termos recíprocos e nenhuma compreensão de qualquer um poderia existir através de estudo inteiramente separado. Assim, Nathalie Davis dizia em 1975: "Eu acho que deveríamos nos interessar pela história tanto dos homens quanto das mulheres, e que não deveríamos trabalhar unicamente sobre o sexo oprimido, da mesma forma que um historiador das classes não pode fixar seu olhar unicamente sobre os camponeses. Nosso objetivo é entender a importância dos sexos, dos grupos de gêneros no passado histórico. Nosso objetivo é descobrir a amplitude dos papéis sexuais e do simbolismo sexual nas várias sociedades e épocas, achar qual o seu sentido e como funcionavam para manter a ordem social e para mudá-la".
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RESUMO: Este artigo examina a inclusão da perspectiva de gênero na educação infantil e no ensino fundamental, no período de 1988 a 2002, com ênfase no Referencial Curricular Nacional para a Edu-cação Infantil (RCNEI) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental (PCN). Conclui que, embora esses documentos constituam importantes instrumentos de referência para a construção de políticas públicas de educação no Brasil, a partir da ótica de gê-nero, contribuindo com a formação e com a atuação de professoras e professores, essas políticas não são devidamente efetivadas pelo Esta-do. Não existem estudos sistematizados sobre a efetividade dessas proposições e sobre possíveis mudanças na prática pedagógica de educadoras(es). Desse modo, sua legitimidade fica prejudicada, assim como a proposição de uma política que pretende garantir condições igualitárias de qualidade para o sistema de ensino e para a formação docente, a partir de um currículo nacional. ABSTRACT: This paper explores the inclusion of a gender per-spective in pre-school and basic education in Brazil during 1988-* Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), professora da Faculdade de Educação da mesma Instituição e coordenadora do GT "Movimentos Sociais e Educação" da ANPEd.
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The point is made that the relation between the family and the school is fundamentally a relation between mothers and the school. Further, the position of mothers in the family must be grasped in order to understand the articulation of particular families to the school. In this, the feminist critique of the family becomes central. Exploring the talk of some elementary teachers in relation to the feminist critiques of the ideology of motherhood and theories of maternal deprivation leads to the claim that a feminist perspective is central in the education of teachers.
O indivíduo homossexual, o casal de mesmo sexo e as famílias homoparentais: análise da realidade jurídica francesa no contexto internacional
  • Daniel Borillo