A explosão de novas idéias e métodos nas disciplinas culturais nos anos 1960 parece não ter afetado a apresentação dos processos culturais na prática. Livros, museus dedicados à arte, design e mídia, entre outras áreas culturais, continuam a organizar os seus temas em um pequeno número de categorias discretas*: períodos, escolas artísticas, ismos e movimentos culturais. Os capítulos de um livro
... [Show full abstract] ou as salas da maioria dos museus atuam como divisores materiais entre essas categorias. Dessa forma, um "organismo" cultural que evolui continuamente é colocado à força em caixas artificiais. Na realidade, mesmo que no âmbito tecnológico a mudança do analógico para o digital ainda seja um fato recente, nós já "somos digitais", teoricamente falando, há bastante tempo. Ou seja, desde a emergência das instituições modernas de armazenamento cultural e da produção do conhecimento cultural no século XIX (ou seja, museus e disciplinas na área das humanidades alocadas em universidades), temos utilizado categorias discretas para exemplificar a continuidade da cultura no sentido de teorizá-la, preservá-la e exibi-la. Neste sentido, podemos perguntar: se estamos atualmente fascinados com as idéias de fluxo, evolução, complexidade, heterogeneidade e hibridização cultural, porque nossas representações e apresentações dos dados culturais não refletem essas idéias?