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Túlio Dornas1, Carlos Eduardo Agne2,
Lia Nahomi Kajiki3, Nunes D’Acosta4
& Kennedy Borges5
No Brasil é conhecida a ocorrência de
23 espécies de corujas, sendo Aegolius
harrisii (Cassin, 1849), (Strigiformes:
Strigidae), o caburé-acanelado, a única
espécie do gênero (Piacentini et al. 2015,
Holt et al. 2016). Com ampla, porém
disjunta distribuição geográca ao lon-
go da América do Sul, a espécie possui
variada amplitude altitudinal, ocorrendo
desde 50 m a 3.800 m de altitude (Konig
et al. 2009, Girão & Albano 2010, Bra-
vo & Barrio 2014, Holt et al. 2016). A
grande variedade de habitat usado pela
espécie é marcante, habitando áreas de
orestais tropicais, orestas montanas
andinas, orestas de araucárias, cerra-
dos, chaco, caatinga e até mesmo bordas
de orestas junto a pastagens e cafezais
ou mesmo áreas urbanas (Konig et al.
2009, Girão & Albano 2010, Rebelato et
al. 2011, Pereira et al. 2012, Santos et
al. 2014). Nos locais onde ocorrem, pre-
sume-se que as populações de A. harri-
sii são pequenas, discretas e subestima-
das (Girão & Albano 2010, Rosa et al.
2015). Detalhes sobre a biologia básica
da espécie ainda são pouco conhecidos
(Konig et al. 2008).
Atualmente são reconhecidas três subespécies: A. h. har-
risii, com distribuição prevista do noroeste da Venezuela até
região central do Peru; A. h. iheringi, ocorrendo do leste da
Bolívia, Paraguai, leste e porção central do Brasil até nor-
deste de Argentina e Uruguai e, por m, A. h. dabbenei no
noroeste da Argentina e sul da Bolívia (Holt et al. 2016). Gi-
rão & Albano (2010) discutem a possibilidade de sinonímias
entre as subespécies descritas. Contudo, existe a possibilida-
de da descrição de uma quarta subespécie para a região de
Cerro Neblina, sul da Venezuela (Konig et al. 2009, Holt et
al. 2016).
No Brasil, Girão & Albano (2010) reuniram os registros
da espécie apontando a sua ocorrência nos estados do Ceará,
Pernambuco, Alagoas, Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas
Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Registros após essa compilação expandiram a
ocorrência da espécie para outras localidades do Rio Grande
do Sul (Rebelato et al. 2011), Paraíba (Pereira et al. 2012),
São Paulo (Ubaid et al. 2012, Rosa et al. 2015) e Minas Ge-
rais (Ubaid et al. 2012, Santos et al. 2014). Nos últimos anos,
inúmeros registros da espécie têm sido depositados no portal
WikiAves, ampliando as localidades de ocorrência, principal-
mente no Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Paraná
(vide https://goo.gl/MSw2DP). Alguns desses registros mos-
tram, inclusive, presas e ninhos da espécie (Martins 2013,
Faitarone 2013, Rocha 2016).
Deste modo, com intuito de contribuir para a melhor com-
preensão da distribuição geográca da espécie, apresentamos
Extensão da distribuição geográca
de Aegolius harrisii na região central
do Brasil: registros inéditos para
estados de Goiás e Tocantins
Figura 1. A: uso e cobertura do solo no local do registro de Aegolius harrisii em Goiânia, assinalado
com ponto vermelho. B: paisagem da área do achado, com várias macaúbas, pastagem, mata de
galeria do rio Meia Ponte e centro urbano de Goiânia, ao fundo. C: indivíduo de A. harrisii
agrado no oco do tronco de macaúba. Mapa: Google Earth. Fotos: Nunes D’acosta.
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não emergiu mais. Novas visitas foram
realizadas nos dias seguintes a este ma-
caubal, sendo constatada a presença do
indivíduo no mesmo oco.
Em 14 janeiro de 2015, outro regis-
tro foi efetuado por NDA, por volta das
17:00 h. Após recorrer ao uso do méto-
do de esfregaço em uma macaúba vizi-
nha ao tronco do primeiro registro de
maio/2014, um indivíduo de A. harrisii
apareceu na borda do oco, cujo orifí-
cio era coberto pelas raízes da orquídea
sumaré-do-mato (Cyrtopodium puncta-
tum). Ao tentar maior aproximação, o in-
divíduo alçou voo e se refugiou na mata
próxima, às margens do rio Meia Ponte.
Contudo, a documentação fotográca do
encontro foi efetuada, presumindo-se,
inclusive, que seja o mesmo indivíduo
avistado em maio de 2014, uma vez que
as duas árvores dos respectivos registros
estão a pouco mais de 10 m de distância
uma da outra. Desta data em diante, no-
vas buscas não se converteram em mais
registros de A. harrisii na região. Mora-
dores locais relatam a frequente presen-
ça de pessoas armadas com espingardas
de pressão abatendo aves e répteis; por-
tanto não é descartado que a espécie te-
nha sido abatida na região.
A segunda localidade está situada no
estado do Tocantins e trata-se de uma
área de cerradão adjacente à área de pas-
tagem em recuperação com manchas de
capoeira, no município de Paranã, região sudeste de Tocan-
tins (12°17’58”S, 47°42’22”W) (Figura 2A e Figura 4). O
primeiro registro da espécie, efetuado por TD e CEA, ocorreu
na madrugada de 09 de dezembro de 2015, por voltas das
4:40 h da manhã. Após reprodução da voz (playback) de Ae-
golius harrisii, a espécie respondeu minutos depois, pousada
em árvore na borda de cerradão e pastagem (Figura 2). O
indivíduo detectado foi fotografado (Agne 2015) e teve sua
vocalização gravada (Dornas 2015).
No dia seguinte, foi estabelecido um novo contato com a
espécie no mesmo local e horário do registro do dia anterior.
Dessa vez foi escutada a voz, em resposta ao playback, de
pelo menos três indivíduos, conforme as sucessivas respos-
tas percebidas entre o trio. Somente um dos indivíduos foi
visualizado na oportunidade. Nos dias 11 e 12 de dezembro
foram realizados chamados da espécie em áreas de cerradão,
cerrado sensu strictu e mata de galeria em locais distantes 1 a
5 km da localidade do registro. Contudo, em nenhum desses
pontos de chamada foi obtida resposta da espécie.
O segundo registro de Aegolius harrisii nesta mesma loca-
lidade do estado do Tocantins foi realizado por TD e LNK e
ocorreu nos dias 27 de julho e 01 de agosto de 2016, no exato
local onde foram realizados os registros do mês de dezembro
de 2015. Os chamados de playback ocorreram entre 4:30 h e
5:00 h da manhã, quando houve resposta de um único indi-
víduo. As documentações fotográca (Kajiki 2016) e sonora
neste trabalho quatro novas localidades de ocorrência de Ae-
golius harrisii no Brasil. Dentre esses registros, destaca-se o
primeiro registro documentado de A. harrisii para o estado do
Tocantins. Os registros foram efetuados nos estados de Goiás
e Tocantins, em quatro ocasiões: durante rápida prospecção
ornitológica em maio/2014 e setembro/2016, e também du-
rante duas campanhas de inventariamento ornitológico entre
os meses de dezembro/2015 a janeiro/2016 e julho/2016 a
agosto/2016. Os indivíduos registrados são atribuídos à su-
bespécie A. h. iheringi com base em sua distribuição geo-
gráca. Por m, também são feitos comentários a respeito
das buscas, sem sucesso, da espécie em outras localidades no
Tocantins.
A primeira localidade, situada no estado de Goiás, trata-
-se de uma área de pastagens a alguns quilômetros do rio
Meia Ponte, no setor Samambaia, em Goiânia (16°35’14”S,
49°17’51”W). O registro da espécie foi conduzido por NDA,
na manhã do dia 10 de maio de 2014, por voltas das 07:30 h.
Durante atividade de observação de aves na região foi nota-
do um aglomerado de macaúbas (Acrocomia aculeata) com
ocos e perfurações em seus troncos. Após esfregar as mãos
no tronco com o intuito de provocar ruído no interior e, pos-
sivelmente, desalojar algum animal de seu interior, um indi-
víduo de Aegolius harrisii despontou e permaneceu pousado
estático durante alguns instantes na abertura do oco (Figura
1), até se enar novamente para o interior do tronco de onde
Figura 2. A: local do registro de A. harrisii em Paranã, Tocantins (marcador vermelho) e pontos de
buscas sem êxito (círculos). Mapa: Google Earth. B: indivíduo de A. harrisii (Foto: Carlos E. Agne).
C: aspecto da capoeira na área de borda, entre cerradão e pastagem. Foto: Túlio Dornas.
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playback no fragmento de oresta estacional decidual onde
não havia sido registrado durante buscas em janeiro de 2016
(14°28’52”S, 46°58’31”W). Um único indivíduo foi regis-
trado, através somente de registro auditivo. Entre os dias 2
e 3, 5 e 6 de agosto, tentativas de encontro da espécie foram
realizadas sem êxito, no fragmento das buscas bem sucedidas
de janeiro. Embora existam cerca de 2 km de pastagens com
árvores esparsas separando os fragmentos, implicando em
certo grau de isolamento e determinação de indivíduos dife-
rentes, não se descarta a possibilidade destes registros serem
todos de um mesmo indivíduo, que possivelmente tenha se
deslocado entre os respectivos fragmentos.
A quarta localidade, também situada no estado de Goiás, é
um fragmento orestal próximo às matas ciliares do rio Claro,
no município de Cachoeira de Goiás, na porção sudoeste do
estado (16°49’0.93”S, 50°44’47.46”O). Durante atividades
de observação de aves KB ouviu e visualizou um indivíduo
que após atravessar a estrada do fragmento continuou a emitir
sua vocalização por um curto período de tempo. Um pequeno
trecho da vocalização foi gravada (WA2491443), contudo no
momento não foi possível fazer playback e, assim, uma nova
gravação sonora ou mesmo um registro fotográco. A região
se apresenta bastante antropizada, com extensas formações
de pastagens, onde havia macaúbas e sucupiras (Figura 3).
Contudo, dentro de um raio de 3 km a partir do local do re-
gistro ainda se observa fragmentos orestais relativamente
grandes para as condições ambientais da região demonstran-
do uma matriz em mosaico, parcialmente dividido entre áreas
naturais e antropizadas.
Os registros apresentados em Goiás parecem ser os primei-
ros devidamente documentados nos limites do estado. A es-
pécie é mencionada para Goiás por Sick (1997), no entanto,
(Dornas 2016a) do indivíduo foram tomadas. Acreditamos
que este indivíduo possa ser exatamente um dos três indi-
víduos registrados na campanha anterior na região. Entre os
dias 28 e 31 de julho, tentativas de detecção da espécie foram
conduzidas em pontos de mata de galeria, cerradão e cerrados
sensu strictu distantes de 3 a 5 km do local do registro, no in-
tuito de encontrar um agrupamento distinto da espécie na re-
gião. Entretanto, não se obteve êxito neste esforço de busca.
A terceira localidade, também situada no estado de Goiás,
trata-se de dois fragmentos vizinhos, mas isolados, de oresta
estacional decidual. Esses fragmentos estão inseridos numa
área de extensas pastagens no munícipio de Flores de Goiás,
região nordeste do estado (Figura 4). O primeiro registro da
espécie na localidade foi efetuado por TD e CEA e ocorreu
na madrugada de 10 de janeiro de 2016, por volta das 04:30
min. Um único indivíduo respondeu ao playback da espécie
na borda de um dos fragmentos entre a mata e a estrada adja-
cente (14°29’30”S, 46°57’09”W). Documentação fotográca
(Agne 2016) e gravação sonora (Dornas 2016b) foram obti-
das. Um novo contato com a espécie foi obtido neste mesmo
local na madrugada seguinte, de modo que novamente so-
mente um indivíduo respondeu (Figura 3); presume-se que
seja o mesmo indivíduo registrado na madrugada anterior.
Nos dias 12 e 13 de janeiro foram conduzidos chamados da
espécie a 2 km do local de registro, em outro fragmento de
oresta estacional decidual e também no mesmo fragmento
do registro, porém no seu lado oposto, distante 2,5 km do
ponto do achado. Em ambos os casos não se obteve êxito na
detecção da espécie.
O segundo registro obtido nesta localidade ocorreu na ma-
drugada de 04 de agosto de 2016, efetuados por TD e LNK.
Por volta das 5:00 h a espécie respondeu ao chamado de
Figura 3. A: registro de A. harrisii em Flores de Goiás: marcadores vermelho e verde representam registros de janeiro e agosto de 2016, respectivamente.
Círculos branco e azul indicam pontos de busca, sem êxito, em janeiro e agosto de 2016, respectivamente. B: aspecto da oresta estacional decidual
dos fragmentos amostrados. Foto: Túlio Dornas. C: primeiros 10 s do sonograma da voz do indivíduo registrado no ponto vermelho em janeiro
de 2016 (Dornas 2016a). D e E: respectivamente: localidade do registro e os 6 s de gravação da voz de A. harrisii em Cachoeira de Goiás.
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cumentados da espécie em território
tocantinense. Inventários ornitológicos
históricos conduzidos por José Hidasi
não detectaram a espécie no estado do
Tocantins (Dornas 2009), tampouco os
estudos mais recentes na região sudeste
do Tocantins (Pacheco & Olmos 2006,
T. Dornas dados não publicados). Os re-
gistros de A. harrisii em Paranã indicam,
até o momento, um novo limite de distri-
buição noroeste da espécie, ampliando-o
em pelo menos 200 km a partir da lo-
calidade mais próxima, Correntina, no
oeste da Bahia (Girão & Albano 2010)
(Figura 4).
A presença de A. harrisii em área de
cerradão, margeado por área de pasta-
gem em recuperação, permite presumir
a ocorrência da espécie para outras áre-
as de vegetação de cerrado no estado do
Tocantins, principalmente nas porções
leste, central e sul. Entretanto, uma série
de pelo menos 20 tentativas, com total
de aproximadamente 40 h de busca, em
áreas potenciais de ocorrência da espé-
cie, falhou em sua detecção. Bordas de
orestas estacionais semidecíduais e
decíduas com pastagens, cerrados sen-
su strictu e cerradões nos municípios de
Novo Acordo, Palmas, Porto Nacional,
Ipueiras, Oliveira de Fátima, Gurupi e
Figueirópolis, foram prospectados com
uso de playback em buscas noturnas de pelo menos duas ho-
ras de duração, sempre antes da alvorada (Figura 4).
Essas sucessivas buscas frustradas de A. harrisii podem
indicar uma suposta ausência da espécie em boa parte dos
limites do Tocantins, reetindo uma ocorrência exclusiva e
tangencial da espécie na porção sudeste do estado, nas áre-
as de cerradão e formações orestais com forte anidade
deciduais. Esse delineamento está de acordo com marcante
ausência amazônica da espécie, sobretudo da subespécie em
questão, A. h. inheringi, a qual também foi alvo de algumas
buscas eventuais, sem êxito, nos limites da Amazônia tocanti-
nense (TD obs. pess.) e também de tentativas de detecção em
diferentes partes da Amazônia (Sidnei de Melo Dantas 2016,
com. pess.).
Por outro lado, a presença da espécie em outras áreas do
bioma Cerrado no Tocantins não pode ser descartada justa-
mente pelas características de inconspicuidade que são atri-
buídas a A. harrisii (Girão & Albano 2010). A atividade so-
nora da espécie parece restrita a determinada época do ano e,
além disso, foi notada a ocorrência pontual da espécie com
aglomerados populacionais em área de raio de 100 m (Konig
1999 apud Girão & Albano 2010). As buscas frustradas de A.
harrisii em diferentes locais, com mesma sionomia e carac-
terísticas ambientais, num raio de 5 km de distância do local
do registro no cerradão de Paranã reforçam essa condição.
Embora o esforço empregado tenha sido expressivo (mais de
20 h), a ausência de registros pode ser explicada por não ter
atingido um destes locais de aglomeração populacional, ou
o autor não informa a localidade exata do registro, e a dene
apenas como situada a 1.000 m de altitude no Planalto Cen-
tral. Girão & Albano (2010) também mencionam e questio-
nam esse registro. Outro registro recente para o estado de
Goiás em relação aos registros apresentados neste trabalho
é fornecido para o município de Planaltina de Goiás (Bor-
ges 2016), localidade muito próxima dos pontos de registros
da Fazenda Grotão, na porção norte do Distrito Federal (Ro-
cha 2015, Silva & Silva 2015). Além disso, durante visita de
NDA ao MOG, José Hidasi, relatou que um indivíduo havia
sido coletado na região do município de Ouro Verde, região
central de Goiás, entre os anos de 1960 e 1980. No entanto, o
espécime não teve seu paradeiro conrmado na referida co-
leção e pode ter sido envolvido, segundo o próprio J. Hidasi,
em permutas com outras coleções internacionais.
Considerando-se todos os registros documentados recentes
da espécie que conrmam sua presença no Distrito Federal e
a diversidade de habitat utilizada por A. harrisii, a espécie
possivelmente tem ampla ocorrência no estado de Goiás, es-
pecialmente ao longo de todo eixo nordeste-central-sudoeste
do estado. Certamente novos registros serão efetuados ao
longo desta transecção, de modo que há suspeitas de que A.
harrisii deva ocorrer em importantes Unidades de Conserva-
ção goianas, como o Parque Estadual Terra Ronca, o Parque
Nacional Chapada dos Veadeiros, Parque Estadual Altamiro
de Moura e Parque Nacional das Emas.
Por sua vez, os registros efetuados nos cerradões do mu-
nicípio de Paranã caracterizam os primeiros registros do-
Figura 4. Distribuição geográca de Aegolius harrisii no Brasil (círculos vermelhos segundo Girão
& Albano 2010, Rebelato et al. 2011, Ubaid et al. 2012, Pereira et al. 2012, Santos et al. 2014, Rosa et
al. 2015 e portal WikiAves). Em azul, os novos registros apresentados: círculo, Paranã; quadrado,
Flores de Goiás; triângulo, Goiânia; estrela, Cachoeira de Goiás. Pontos de interrogação representam
localidades no Tocantins onde ocorreram buscas sem êxito da espécie. Mapa: Túlio Dornas.
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Tocantins, Brasil. E-mail: tuliodornas@yahoo.com.br
2 Centro de Ensino Superior Riograndense/Cesurg e
Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos/CBRO.
E-mail: caduornito@yahoo.com.br
3 Laboratório de Comportamento Animal, Departamento
de Zoologia, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito
Federal. E-mail: lia.nahomi@gmail.com
4 Alta Floresta Eventos, Goiânia, Goiás.
E-mail: avesnunes@gmail.com
5 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio). E-mail: kennedy.borges@icmbio.gov.br
por encontrar a espécie em um período do ano de inatividade,
isento de respostas a chamados de playback.
Os registros inéditos apresentados preenchem uma lacuna
de conhecimento da distribuição geográca da espécie para a
região central do Brasil, sobretudo no Cerrado goiano. Esses
registros também estendem a ocorrência de A. harrisii até o
estado do Tocantins (Figura 4), indicando possíveis áreas de
ocorrência ao norte, pelo menos até os limites da transição
entre Amazônia e Cerrado, nas porções centrais do estado.
Além disso, deixa evidente a potencial ocorrência da espécie
ao longo de outras regiões do bioma Cerrado, como em Mato
Grosso do Sul e, sobretudo também, nos estados do Mara-
nhão, Piauí e Bahia, reetindo uma possível conexão latitu-
dinal, ainda que caracterizada por uma distribuição pontual,
junto aos contingentes populacionais do nordeste do Brasil,
em especial com aqueles estabelecidos no Ceará.
Assim, destaca-se a importância de documentações como
essas para reduzir uma das principais barreiras existentes ao
conhecimento da biodiversidade – os Wallacean shortfalls,
ou o desconhecimento da real distribuição geográca das es-
pécies (Hortal et al. 2015). Por m, para Aegolius harrisii,
ca evidente que a descoberta de novas localidades de ocor-
rência necessitará do aumento das buscas noturnas, preferen-
cialmente em horários afastados dos crepúsculos vespertinos
e matutinos para que as probabilidades de encontro sejam
maiores.
Agradecimentos
TD, CEA e LNK agradecem à Biota Soluções Ambientais
e Concremat Ambiental, nas pessoas de Rafael Becker, Re-
ginaldo Cruz e Michele Drummond por todo apoio logístico
fornecido em campo.
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