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Uma imagem (em movimento) vale mais do que mil palavras: GIF animado como recurso expressivo

Authors:

Abstract

Animated GIFs have been increasingly embedded in online conversations, being applied to express reactions, ideas or emotions, to answer to or even to replace completely written text. In this paper, we explore the use of the animated GIF as an expressive resource in computer- -mediated communication. Besides discussing some of de visual solutions applied by users to make their social experiences in digital platforms more compelling, the paper also analyses some verbalizations from individuals who use intensively animated GIFs in their daily practices, obtained through the realization of qualitative interviews.
Revista Communicare
GIFs animados cada vez mais aparecem inseridos em conver-
sações online, sendo aplicados para evocar reações, ideias ou
emoções, para responder e até substituir texto escrito. Neste
trabalho, é explorado seu uso enquanto recurso expressivo na
comunicação mediada por computadores. Além de discutir soluções visuais
encontradas pelos usuários para tornar suas experiências sociais plataformas
digitais mais satisfatórias, o artigo analisa verbalizações de indivíduos que
usam intensamente GIFs animados em suas práticas cotidianas, obtidas atra-
vés da realização de entrevistas semiestruturadas.
Palavras-chave: gifs; expressão; apropriação; conversação; cultura digital.
Ludmila Lupinacci
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação
da PPGCOM/UFRGS
E-mail: ludmila.lupinacci@gmail.com
Uma imagem (em movimento) vale mais
do que mil palavras: GIF animado como
recurso expressivo
Volume 16 – Nº 2 – 2º Semestre de 2016
Artigos 125
A (moving) picture is worth a thousand words:
animated GIF as an expressive resource
Animated GIFs have been increasingly embedded in online conversations, being applied
to express reactions, ideas or emotions, to answer or even to replace written text. In this
paper, we explore the use of the animated GIF as an expressive resource in computer-
-mediated communication. Besides discussing some of de visual solutions applied by
users to make their social experiences in digital platforms more satisfying, the paper also
analyses some verbalizations from individuals who use intensively animated GIFs on
their daily practices, obtained through the realization of qualitative interviews.
Keywords: gifs; expression; appropriation; conversation; digital culture.
Una imagen (en movimiento) vale más que
mil palabras: GIF animado como un recurso
expresivo
GIFs animados cada vez más aparecen incrustados en las actividades de conversación
online, donde están siendo aplicados para expresar reacciones, ideas o emociones, para
responder y para reemplazar el texto escrito. En este trabajo, exploramos el uso de GIF
animado como recurso expresivo en la comunicación mediada por ordenador. Además
de discutir algunas de las soluciones visuales encontradas por los usuarios para hacer
sus experiencias sociales en plataformas digitales más satisfactorias, el artículo analiza la
verbalización de individuos que utilizan en gran medida GIFs animados en sus prácticas
diarias, obtenidas mediante la realización de entrevistas semiestructuradas.
Palabras clave: gifs; expresión; apropiación; conversación; cultura digital.
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“Nós não temos mais tempo para as palavras porque elas não são rápi-
das o bastante, e nem são suficientemente descritivas para o que queremos
transmitir” (PSFK Lab, 2015. Tradução livre1). É o que diz Adam Leibsohn,
COO do site Giphy2 – a maior plataforma de catalogação e buscas de GIFs
animados da web –, que defende a ideia de que o GIF seria a ferramenta
comunicacional mais rápida, descritiva e eficiente da atualidade. Ainda se-
gundo Leibsohn (PSFK Lab, 2015), a palavra seria um recurso adequado a
um único propósito: permitir definições literais. Portanto, no contexto da
comunicação digital atual, as palavras não dariam conta de atender a todas
as nossas necessidades sociais. No mesmo sentido, ao anunciar a implemen-
tação de sua ferramenta interna de busca de GIFs animados, a plataforma de
blogging Tumblr3 afirma que GIFs substituíram a linguagem escrita, e o que
eles estariam fazendo seria “facilitar a transformação do obsoleto palavreado
em modernas imagens em movimento” (Tumblr Staff, 2015. Tradução livre4).
Obviamente, estes são dois exemplos de exagero publicitário. Através dessas
declarações, ambas as empresas estão na verdade valorizando o uso de GIFs
animados, justamente pelo fato de serem dois dos serviços mais utilizados
para a publicação e compartilhamento dessas animações. De qualquer for-
ma, ambas as declarações evidenciam a relevância crescente do GIF animado
enquanto recurso expressivo no contexto comunicacional contemporâneo,
constantemente mediado por plataformas digitais.
“GIF” corresponde ao Graphics Interchange Format, um protocolo de
imagens digitais lançado no final dos anos 1980, e que rapidamente con-
quistou seu espaço graças a seus baixos requisitos computacionais e sua alta
compatibilidade com diferentes navegadores sem a necessidade do uso de
plug-ins (Miglioli; Barros, 2013). O formato GIF pode ser utilizado para ima-
gens estáticas – assim como alguns de seus principais concorrentes, como o
JPEG e o PNG –, mas seu principal diferencial em relação aos demais pro-
tocolos é o fato de ele também suportar animações silenciosas e, frequen-
temente, cíclicas – os “GIFs animados”. Até meados dos anos 2000, GIFs
animados eram empregados principalmente com finalidades decorativas, e
eram os responsáveis por dar movimento às páginas da internet. Hoje, tais
animações são amplamente inseridas nas conversações online para simular
reações, em resposta ou mesmo substituindo a palavra escrita.
Este artigo surge como desdobramento de uma dissertação de mestrado
que buscou avaliar as razões que contribuem para a vitalidade e as apro-
priações do GIF animado. Na dissertação, uma das conclusões foi a de que
o GIF animado é particularmente apreciado na contemporaneidade devido
a sua aplicação enquanto formato narrativo, e que seus usos costumam dar-
-se com cinco finalidades principais: ilustração, demonstração, sintetização,
1. No original: We
don’t have time
for words becau-
se they’re not fast
enough, nor are they
descriptive enough
about the things we
want to convey”.
2. giphy.com/
3. tumblr.com/
4. No original:
We’re making it
easier to turn your
obsolete verbiage
into modern moving
pictures”.
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humor e expressão (Lupinacci, 2016). No presente trabalho exploraremos
especificamente seu uso enquanto recurso expressivo. Para tanto, começare-
mos discutindo algumas das principais críticas à comunicação mediada por
computadores, especialmente a acusação de que ela seria pobre, por supos-
tamente não permitir o compartilhamento de informações contextuais en-
tre os interagentes. Em seguida, partiremos para a apresentação de algumas
soluções encontradas pelos usuários para tornar suas experiências sociais
plataformas digitais mais satisfatórias. Chegaremos então ao cerne deste ar-
tigo, que é o uso de GIFs animados inseridos nessas conversações, em que
traremos e analisaremos algumas das verbalizações de indivíduos que usam
intensamente essas animações em suas práticas cotidianas, obtidas por meio
de entrevistas semiestruturadas.
Pistas expressivas na Comunicação Mediada por
Computadores (CMC)
As disputas sobre os efeitos da apropriação de ferramentas digitais para
a criação e manutenção de interações interpessoais vêm de longa data, e a
maior parte das críticas baseia-se na ideia de que interações mediadas por
computadores supostamente não permitiriam o compartilhamento de infor-
mações contextuais (Baym, 2010). Nesse sentido, uma das perspectivas mais
difundidas é a de que a CMC – uma vez que os interagentes não consegui-
riam ver, ouvir e sentir uns aos outros – seria ineficiente ou pobre, portanto
inadequada para práticas conversacionais (Walther, 1996; Baym, 2010).
Tendemos a concordar com Baym (2010), que essa visão, que toma a
comunicação mediada como inferior à face a face, acaba por ignorar diversos
outros fatores que têm o potencial de influenciar a prática comunicacional,
tais como a familiaridade dos indivíduos com as tecnologias empregadas, o
conhecimento prévio que eles possuem uns dos outros, o tipo de relaciona-
mento que há entre eles e os contextos em que se dão essas interações. Sem
falar que essa perspectiva antitecnológica acaba subestimando a capacidade
dos sujeitos de otimizar seus recursos para promover interações sociais mais
satisfatórias, mesmo quando em condições limitadas (Baym, 2010).
O que nos interessa particularmente nesta seção é ressaltar que o con-
texto, na atividade de conversação, depende fortemente das informações que
são acrescentadas às falas dos interagentes – as chamadas “pistas” (Recuero,
2012). E no caso da CMC, há de se considerar, também, a existência de fato-
res inerentes às plataformas empregadas no ato conversacional, em que suas
limitações acabam incentivando ou inibindo determinadas ações e, também,
a construção desse contexto. Como aponta Recuero (2012), tais interações
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se dão através do emprego de certas convenções formais e estilísticas que são
adaptadas constantemente de acordo com as características próprias de cada
ferramenta, grupo e situação comunicacional.
É provável que a visão dos meios digitais como incapazes de fornecer
informações contextuais nas conversações interpessoais deva-se ao fato de
que, pelo menos durante um quarto de século, a internet consistiu apenas de
texto escrito, o que certamente implicava algumas limitações na transmissão
das pistas sociais (Baym, 2010). No entanto, as restrições próprias das pla-
taformas online estimularam exercícios imaginativos, por meio dos quais as
pessoas começaram a fazer ajustes linguísticos de forma a expressar melhor
sentimentos e emoções (Wallace, 1999). Segundo Wallace (1999), conforme
as pessoas foram utilizando essas ferramentas com frequência e intensidade
maiores, mais elas foram trabalhando suas capacidades de expressão.
Ainda que muitas das apropriações linguísticas características da co-
municação mediada por computadores refiram-se à simulação de uma es-
crita oralizada (Recuero, 2012), além da influência do instrumento técni-
co, que resulta em uma escrita teclada (Palmiere, 2006), é preciso destacar
também o uso de elementos gráficos ou pictóricos enquanto recursos ex-
pressivos e contextuais. Sinais de pontuação, por exemplo, começaram a
ser combinados para expressar reações, emoções ou sentimentos nas trocas
de mensagens textuais online – são os emoticons (de emotional icons), uma
resposta quase instintiva ao hoje já diagnosticado fato de que informações
como sentimentos, emoções ou sarcasmo são extremamente difíceis de se-
rem transmitidas sem pistas como a expressão facial ou a entonação vocal
(Baym, 2010). Emoticons emergiram, portanto, a partir desse suposto vácuo
de recursos não verbais presente na comunicação mediada. E, ainda que não
tenham solucionado completamente o problema da dificuldade de informar
pistas contextuais, eles podem ser tomados como um exemplo bem-sucedi-
do da apropriação criativa dos recursos limitados de uma tecnologia com
finalidades expressivas (Baym, 2010).
Atualmente, em várias das plataformas online apropriadas para ativi-
dades de conversação, existem representações gráficas mais sofisticadas, as
quais o usuário pode utilizar, ao combinar apropriadamente caracteres ou
ao selecionar a partir de uma lista fornecida pelo próprio serviço (Fullwood;
Orchard; Floyd, 2013). Muitas vezes, no entanto, tais elementos gráficos são
designados como “emojis. O termo é um neologismo japonês que corres-
ponde a “palavra-imagem” (Sternbergh, 2014). Emojis são, basicamente, fi-
guras incorporadas em mensagens textuais, a fim de fornecer sentidos bási-
cos, contextualizar, ou ainda destacar algo que se está tentando dizer (Allen,
2015). Apesar de os emojis tradicionalmente servirem para fornecer pistas
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não-verbais para a conversação, um de seus maiores apelos seria a elastici-
dade de sentidos possíveis, uma vez que uma mesma figura pode ser aplicada
em diferentes situações, e com diversas intenções. O emoji da berinjela, por
exemplo, pode ser utilizado quando se quer falar sobre o vegetal em sentido
literal; muitas vezes, porém, é aplicado com outros intuitos, porque de algu-
ma forma remete ao órgão sexual masculino (Sternbergh, 2014).
Ao buscar justificativas para a atual popularidade dos emojis, Allen
(2015) aponta que, como estamos cada vez mais dependentes da comuni-
cação via dispositivos móveis, baseada fortemente na digitação com dois
dedos em aparelhos pequenos, parece lógico que um sistema pictórico
tão simples de usar faça sucesso. Em verdade, essa febre dos emojis ad-
quiriu tamanha proporção que até mesmo marcas de diferentes segmen-
tos vêm fazendo uso do recurso em suas campanhas promocionais – é
o caso, por exemplo, da Accor Hotéis, que lançou uma ação intitulada
Emoji Search, ou mesmo do Banco Itaú, que utilizou emojis recentemente
em seus comerciais televisivos.
Esse breve panorama de apropriações não verbais na CMC foi traçado
para evidenciar a relevância que esses conteúdos adquiriram nos últimos
anos, e para ratificar a busca constante dos indivíduos por recursos que lhes
permitam transmitir e evocar informações contextuais de forma mais satis-
fatória durante suas conversações online. De modo muito semelhante, GIFs
animados, quando inseridos em espaços conversacionais, acabam sendo fre-
quentemente aplicados para evocar sentimentos, reações e emoções e, mui-
tas vezes, para complementar ou substituir a fala escrita na CMC.
GIF animado inserido em espaços conversacionais
Ao contrário do que acontecia nos anos 1990 e na primeira metade dos
anos 2000, em que as animações disponíveis na internet eram predominan-
temente ilustrações simples, com a chegada dos sites de hospedagem de ví-
deos e também devido à proliferação de ferramentas que permitem a criação
fácil e rápida de animações, o conteúdo dos GIFs animados começou a con-
sistir, cada vez mais, de trechos breves de material audiovisual preexistente
(Ash, 2015), chamados de frame grab GIFs ou video-capture GIFs (Rourke,
2012). Nessas animações, que podem derivar de conteúdo de cinema, televi-
são, ou mesmo de vídeos amadores típicos da própria “cultura da internet”,
a ação mostrada é apenas um recorte removido de um contexto mais amplo
– aos quais, muitas vezes, é adicionada uma legenda, já que o formato não
permite áudio. Esses GIFs parecem atraentes principalmente porque, em um
contexto em que dedicar atenção estendida e contínua a alguma atividade
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parece cada vez mais raro, permitem que se chegue ao ponto instantanea-
mente, evitando o desperdício de tempo (Miglioli; Barros, 2013). Além disso,
a repetição da animação captura o espectador, destacando expressões e ges-
tos que antes eram efêmeros (Uhlin, 2014) e, possivelmente, imperceptíveis
no contexto geral de onde foram retirados.
Por volta de 2011, esses GIFs derivados de conteúdo midiático começa-
ram a ser postados com maior frequência em plataformas de conversação on-
line em resposta a – ou no lugar de, substituindo – texto escrito. Tais anima-
ções são utilizadas criativamente para expressar ideias ou emoções com as
quais outras pessoas conseguem facilmente se identificar (Eppink, 2014). São
os chamados reaction GIFs, ou “GIFs de reação”. Eppink (2014) divide-os em
duas categorias: os verdadeiros e os hipotéticos. Os reaction GIFs verdadei-
ros seriam aqueles vistos em comentários, tópicos de fóruns, image boards
ou listas de e-mail, quando alguém posta ou envia um GIF para responder ou
reagir diretamente ao que outro usuário disse ou escreveu anteriormente. Já
os reaction GIFs hipotéticos, designariam o uso em que alguém propõe uma
situação hipotética (que, portanto, não necessariamente aconteceu na reali-
dade) e posta um GIF como forma de performar uma reação a essa situação.
Tal uso ficou especialmente popular no Tumblr, primeiramente na página
norte-americana What Should We Call Me5, que acabou dando origem a ou-
tras, como a bem-sucedida brasileira Como eu me sinto quando6.
A fórmula é simples: de modo geral, é feita a utilização de um GIF ani-
mado derivado de um vídeo já existente, ao qual é anexado um conteúdo sob
a forma de um título ou chamada, que transforma o significado da imagem,
ao conferir a ela um contexto completamente novo. Assim, animações res-
significadas, ao serem associadas a uma ou duas frases, são utilizadas para
expressar os mais diversos tipos de emoção – normalmente com viés humo-
rístico. Inclusive, no já mencionado Giphy, as animações podem ser encon-
tradas pela busca por ações (como chorando, comendo, sorrindo), reações
(como facepalm, thumbs up ou eye roll) ou ainda emoções específicas, como
chocado, desapontado ou nervoso. Assim, o tagueamento e consequente ca-
tegorização – que resultam em um maior potencial de busca – certamente
facilitam o trabalho do usuário de encontrar um GIF adequado para inserir
em uma atividade conversacional.
É importante observar também que grande parte dos GIFs animados
utilizados para exprimir reações apresenta, em algum momento, um retra-
to de expressão facial. E mesmo quando não há um personagem humano
presente, a ação é frequentemente antropomorfizada, conferindo a animais
ou objetos inanimados um caráter expressivo que é tipicamente humano. A
popularidade dos GIFs animados de reação, bem como a dos mencionados
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5. whatshouldwe-
callme.tumblr.com/
6. comoeumesinto-
quando.tumblr.com/
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emojis e emoticons, parece então uma resposta ao problema de a comunica-
ção mediada por computadores ser desfacializada. Reaction GIFs, portanto,
conferem uma face e uma atitude a esses atos conversacionais – permitin-
do que se use até a face de um artista ou personagem famoso para ilustrar
o que se quer dizer (Bacon, 2012).
Tais animações são então inseridas nas conversações interpessoais e
grupais que se desenrolam através das plataformas digitais, tanto no que
se refere a interações privadas quanto ao compartilhamento público do
conteúdo nos perfis de sites de rede social. Em casos como estes, GIFs
animados servem como recursos que fornecem pistas contextuais às inte-
rações mediadas por computador, podendo assumir o papel dos rostos e
olhares para gerar a ideia de entonação da fala, ou até substituir comple-
tamente a fala que, sem tais recursos, seria apresentada em texto escrito.
Essas animações podem ser entendidas como gestos, uma vez que ajudam
a conferir mais nuance e concisão do que seria possível apenas com o uso
de comunicação verbal (Eppink, 2014).
Além disso, GIFs animados permitem a expressão subjetiva não ape-
nas pela imagem, mas também com a adição do recurso do movimento, o
que é bastante significativo – ainda que a maioria das animações seja breve.
E, de fato, a própria brevidade parece ser um fator relevante, uma vez que
no contexto cultural atual aparenta haver uma demanda por informação e
impacto emocional cada vez mais imediato e que exije o mínimo possível
de atenção e esforço (Bacon, 2012). Bacon (2012) afirma que, graças a sua
propensão para expressar reações, pensamentos, situações ou desejos, de
forma que qualquer pessoa pode (em teoria) imediatamente compreender,
ao mesmo tempo em que é composto por um número extremamente limi-
tado de frames, o GIF animado seria a comprovação da tão difundida frase
“uma imagem vale mais do que mil palavras”.
Como mencionado, para a construção da etapa empírica da disserta-
ção de mestrado foram realizadas entrevistas com sujeitos que fazem uso
intenso de GIFs animados em suas práticas comunicacionais cotidianas –
ou seja, que consomem, circulam, enviam, publicam e compartilham com
frequência essas animações. Tal opção deu-se também devido à constata-
ção de que nenhum dos demais trabalhos encontrados que tinham no GIF
animado seu objeto de investigação havia realizado uma pesquisa empírica
em seu sentido estrito. Assim, por meio dessas conversas, pretendeu-se
coletar informações relevantes sobre as experiências e percepções desses
indivíduos acerca de suas práticas e contato constante com esses materiais.
Optou-se pela realização de entrevistas semiabertas, a partir de um roteiro
de questões semiestruturado.
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Para a seleção dos entrevistados foi feito uso da técnica da bola de
neve (Patton, 2002), em que a partir de um primeiro sujeito-chave conse-
gue-se obter a recomendação de outro, resultando em uma cadeia de indi-
cações – o que permite que se alcancem sujeitos externos à rede social do
pesquisador, contribuindo para a validade científica dos resultados. Ao fim
da etapa da coleta empírica – que se deu entre outubro de 2015 e janeiro
de 2016 – terminamos com 16 entrevistas válidas. A média de idade dos
sujeitos respondentes ficou em 27 anos – sendo que o indivíduo mais jovem
possui 20 anos de idade, e o mais velho, 36. Foram entrevistados quatro
homens e 11 mulheres, e essa diferença de representatividade dos gêneros é
atribuída às próprias indicações dos respondentes. A fim de preservar suas
identidades, os respondentes serão aqui identificados por números – sujei-
to 1, sujeito 2, e assim por diante.
A seguir, apresentaremos algumas verbalizações extraídas de tais entre-
vistas, que dizem respeito precisamente ao assunto de interesse deste artigo:
o uso de GIFs animados inseridos nas conversações mediadas por computa-
dores com finalidades expressivas. Através da análise dessas falas, e tendo
como base os pressupostos teóricos discutidos nas seções anteriores, será
possível visualizar e compreender algumas das principais questões envolvi-
das na utilização do GIF para expressão subjetiva.
“Uma forma de comunicação e de diversão”: análise das
entrevistas
A partir das verbalizações obtidas, um primeiro ponto interessante é a
confirmação de que as animações visualizadas e circuladas pelos responden-
tes podem ser de diversos tipos ou estilos, desde aquelas com movimento
fluido e ilustração sofisticada até trechos de vídeos de baixa qualidade grava-
dos por câmeras de segurança. O que determina o uso de um tipo ou outro é
justamente sua adequação ao contexto da interação:
como eu uso muito pra comunicação, é interessante que tenha alguma
coisa engraçada, que tenha uma mensagem que comunique alguma
coisa, e não simplesmente algo aleatório. Pode ser alguém caindo ou
sendo atropelado... Alguma coisa que seja apropriada para o momento,
que tenha uma mensagem, uma comunicação. Algo que expresse.
Porque para eu compartilhar, se tem um GIF com um loop perfeito,
a única coisa que eu vou dizer é “olha que legal”. Ele não vai ter uma
função dentro da minha comunicação com alguém. Ele não vai ser uma
reação a alguma coisa (sujeito 3).
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Ou seja, ainda que apreciem animações com caráter mais “artístico”
(nas palavras deles mesmos), os respondentes muitas vezes optam por uti-
lizar GIFs animados não originais, derivados de conteúdo preexistente, e
dão preferência para animações que expressem com precisão aquilo que eles
desejam transmitir. Trata-se da reutilização de um trecho ou recorte de um
conteúdo audiovisual que é então apropriado pelos usuários em suas práti-
cas comunicacionais. Na definição do sujeito 11, tais conteúdos são consi-
derados “ceninhas, que às vezes eu nem sei de onde vieram ou como foram
filmadas”. Segundo o sujeito 2, tais GIFs podem se originar de uma variedade
de materiais: “desde vídeo amador até trecho de filme mesmo, de todos os
tipos. Desde que ele diga o que eu quiser dizer na hora”. São pedaços de cul-
tura pop, que são recortados e apropriados pelos indivíduos.
Em alguns casos, a cena retratada no GIF deixa de depender da narrati-
va original, e a ação é tudo o que importa. Tal perspectiva é corroborada pelo
sujeito 1, que afirma que “se a situação do GIF se encaixa no que eu quero,
não importa que eu não tenha visto, eu vou compartilhar. E às vezes eu nem
sei de onde saiu, mas achei que servia e usei. Eu me importo mais com o
conteúdo (...) e se isso serve para o que eu quero dizer. Em outros casos, o
indivíduo pode até reconhecer de onde se originou o GIF, “mas não é por
isso que eu vou compartilhar” (sujeito 2). E há ainda casos em que reconhe-
cer o material original pode ajudar o espectador a interpretar o conteúdo em
diferentes níveis, captando novas camadas de sentido.
O que podemos extrair disso é que quanto mais adequado e inserido
às necessidades sociais trazidas pela conversação, mais independente de seu
contexto de origem se torna o GIF – e, portanto, menos relevância é exercida
pelo compartilhamento das referências e domínio sobre o conteúdo original
para o entendimento da animação. E, especialmente no que refere-se à pos-
tagem pública de GIFs nas timelines ou perfis de site de rede social – em que
a audiência é mais ampla e variada do que em uma conversa privada –, o co-
nhecimento prévio não parece ser requisito fundamental: “Dependendo do
que a pessoa fala com o GIF, mesmo que seja de uma série ou filme, o outro
não precisa necessariamente saber de onde é. Desde que ele entenda o signi-
ficado que eu estou querendo dar ao GIF. Uma coisa não é necessariamente
ligada à outra” (sujeito 12).
Assim, percebe-se que também na fala dos entrevistados o uso do
GIF animado enquanto recurso expressivo apareceu com grande intensi-
dade. Nesse sentido, o GIF animado parece ser amplamente utilizado para
a expressão subjetiva: “se eu quero expressar um sentimento no momento,
não dá para usar uma foto mas não precisa de um vídeo, eu acho que o
GIF serve também. Sempre contando uma história. Um GIF que transmita
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o que eu quero dizer, o que eu estou sentindo” (sujeito 1). Nesses casos, o
GIF animado pode vir acompanhado de um texto a fim de contextualizar a
mensagem: “tem vezes que só coloco o GIF, porque ele já fala tudo. Mas se
for pra minha timeline eu tenho de botar num contexto, não vou simples-
mente jogar um GIF. Normalmente tem um contexto, uma legenda para
deixar bem claro” (sujeito 8).
Interessa-nos também falar do uso do texto que não diz respeito ape-
nas a uma descrição ou comentário explicativo sobre o que é apresentado
na animação. Isso porque a adição de texto escrito serve, muitas vezes, para
ressignificá-la, através de analogias e comparações. Nesses casos, a legenda
serve “para dar um sentido novo. É mais que um complemento” (sujeito 9).
Assim, o texto escrito não serve apenas para que o espectador entenda o sen-
tido literal do que é mostrado no GIF, e sim para que interprete a animação, a
partir do contexto explicitado pelo interagente, como no exemplo citado pelo
sujeito 11: “às vezes, é um GIF de um cachorrinho chorando, daí eu coloco
‘eu numa segunda-feira’”. E, conforme aponta o sujeito 9, “se todo mundo já
tinha visto o GIF, por que eu postaria de novo? Mas eu quero que esteja na
minha timeline, num texto que faça sentido para mim”. A combinação com
o texto é, muitas vezes, o que cria a própria mensagem ou piada. Dessa for-
ma, um mesmo GIF animado pode ser utilizado para diferentes situações, e
para expressar tipos diversos de emoção, dependendo do contexto em que é
empregado e do texto que é a ele vinculado. O sujeito 7, por exemplo, tem
um “GIF preferido”, que já foi por ele utilizado diversas vezes, em variadas
situações, contextualizado por diferentes legendas.
É interessante notar também que o envio e compartilhamento de tais
animações acaba por si só provocando a continuidade da interação, em que
a reciprocidade costumeiramente se faz presente: “se eu mando GIFs, as pes-
soas também respondem com GIFs, ou com risadas em maiúsculas. Mandam
mais GIFs, e daí a conversa fica interminável” (sujeito 7). Da mesma forma, o
sujeito 11 também já participou de conversas por GIFs animados que acaba-
ram ganhando continuidade para além do incialmente planejado: “eu respon-
di, e ele respondeu com outro GIF. E vai levando adiante. A minha timeline
virou quase só GIF” (sujeito 11). Ou seja, há um reconhecimento por parte
dos entrevistados no papel dos GIFs animados como mobilizadores de ações,
e incentivadores da continuidade das conversações:
por ser uma dinâmica mais rápida, o GIF parece que dá uma interatividade
maior. Quando tu comenta com GIF tu causa uma dinâmica maior. A
pessoa tá vendo o teu comentário e o GIF. Ela vai falar sobre o que tu
comentou e sobre o GIF. É uma coisa visual muito forte, chama a atenção,
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se destaca. Daqui a pouco pessoas que tu nem conhece tão comentando
sobre um comentário que tu fez com um GIF. Acho que é um pouco
disso. Na monotonia, na linearidade da timeline do Facebook, o GIF é
dinâmico, ele causa um impacto mais rápido (sujeito 12).
Nesse sentido, os GIFs animados parecem ser frequentemente em-
pregados tanto para responder a algo que foi dito quanto para iniciar uma
nova conversa: “depende da situação. Tenho amigas que me mandam e daí
eu costumo responder de volta, em GIFs. Ou posso iniciar a conversa com
um GIF ao estilo Como eu me sinto quando. Do tipo, estava passando por
tal coisa e aqui tá um GIF de como me senti” (sujeito 1). Nas entrevistas,
também se fez bastante presente a comparação do GIF animado com ou-
tros recursos comunicacionais já mencionados neste trabalho, os emoti-
cons e emojis. Isso porque os próprios respondentes afirmam ver o GIF
animado como uma solução semelhante:
bom, um GIF pra mim, eu penso como uma forma de expressão. A
mesma coisa dos emojis. Tu quer falar alguma coisa, mas em vez de
escrever tu usa aquilo que expressa toda a tua... teu sentimento, tua
emoção, e comunica tudo que tu precisa naquele momento. Então o GIF
pra mim é realmente uma forma de comunicação e, também, uma forma
de diversão. Uma coisa que, de certa forma, também te transmite alguma
coisa. Então pra mim o GIF é muito isso de transmitir alguma coisa, um
meio de comunicação mesmo (sujeito 3).
Já o sujeito 16 afirma que o GIF animado atua como uma forma de des-
contrair uma conversa, uma vez que “não tem como ver a entonação da pes-
soa quando ela escreve num chat e tal, então o GIF meio que quebra o gelo,
a seriedade... E de repente ilustra uma situação”. Tal perspectiva é comparti-
lhada pelo sujeito 12, que usa o GIF animado como recurso para dinamizar
as suas conversações, e por vezes deixá-las mais cômicas: “não deixar tão
sisudo assim. Às vezes tu pode escrever uma coisa e parecer mais sisudo do
que tu queria. Na escrita, a interpretação é livre. Já um GIF é mais difícil de
interpretar de outra forma que não a planejada. Fica mais claro” (sujeito 12).
No entanto, é preciso considerar que reações e expressões não são uni-
versais, e que seu entendimento depende do compartilhamento de códigos
e referências entre os interlocutores. Cabe atentar, assim, para o fato de que
um GIF animado pode, também, ser mal-interpretado: o interlocutor pode
entender a animação de uma forma diferente da pretendida pela pessoa que
fez o seu envio ou compartilhamento. Porém, na fala dos entrevistados, essa
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possibilidade não é sequer considerada. Para eles, ao que parece, uma legen-
da, título ou comentário é mais do que suficiente para vincular a animação
a uma única interpretação. Não parece haver a consideração de que pessoas
diferentes podem interpretar a mensagem de variadas formas, graças a seus
repertórios particulares e individuais.
Ainda assim, o consenso é de que o GIF animado auxilia na comunica-
ção mediada quando o texto escrito se torna insuficiente para a transmissão
de informações contextuais (Baym, 2010; Recuero, 2012). Conforme aponta
o sujeito 1, “a nossa cultura cada vez mais é visual. Até na fala a gente busca
alguns recursos visuais, porque a gente perde a questão da expressão, dos
gestos e tal quando está escrevendo na internet”. O GIF animado serve, en-
tão, como um recurso que é apropriado por esses indivíduos a fim de faci-
litar a expressão daquilo que não pode ser dito em palavras. Sem o contato
presencial da interação, fica mais dif ícil para o interlocutor saber “se eu tô
sorrindo, se eu tô chorando, se eu tô debochando. Eu acho que o GIF ajuda
nessa contextualização” (sujeito 1).
E, além da vantagem de ser um formato imagético, compatível com a
“cultura visual” que tanto apetece aos usuários hoje, o GIF animado é vanta-
joso ainda por ser fácil de usar e breve de visualizar: “acho que é uma forma
de poder se expressar em poucos segundos”, diz o sujeito 10. O sujeito 13
complementa: “digamos que seja um período curto de ‘filmagem’ que é usado
para expressar alguma coisa. Uma forma realmente mais fácil de expressar”.
Além disso, parece haver o reconhecimento de que aquilo que é dito também
afeta o receptor da mensagem, o interlocutor. Conforme explica o sujeito 13,
“GIF é uma expressão do que tu está sentindo no momento. Tu quer expres-
sar, não em palavras, e fazer com que aquela pessoa se impacte com aquilo”.
Considerações finais
Como observamos neste percurso, o uso de GIFs animados concretiza-
-se cada vez mais (ainda que nem sempre) dentro de espaços conversacionais.
Nesse sentido, cabe lembrar que durante muito tempo empresas como o Fa-
cebook e o Twitter mantiveram posturas claramente contrárias à presença
dessas animações, e que recentemente tais serviços pareceram obrigados a
aceitar GIFs devido às demandas de sua base de usuários. Ser GIF-friendly
acabou virando também um diferencial mercadológico. E, como aponta Uhlin
(2012), o fato de a nova popularidade dos GIFs animados ter crescido de for-
ma simultânea à sua incorporação por parte dos principais sites de redes so-
ciais – fortemente baseados nos princípios de compartilhamento e propa-
gação em rede, e com estruturas em timeline que favorecem conteúdos que
136 Uma imagem (em movimento) vale mais do que mil palavras: GIF animado como recurso expressivo
Volume 16 – Nº 2 – 2º Semestre de 2016
rodem automaticamente – certamente não pode ser visto como coincidência.
Hoje, essa tecnologia foi apropriada de tal forma às práticas comunica-
cionais contemporâneas que, por vezes, é utilizada como modo de ilustrar
uma situação, expressar um sentimento ou emoção e conferir a entonação
desejada para a mensagem que se quer transmitir. Dessa forma, e tendo
como base a capacidade humana de exercitar e otimizar seus recursos para
promover interações sociais mais satisfatórias quando em condições limita-
das, entendemos que o GIF animado é frequentemente empregado como re-
curso para o fornecimento de pistas contextuais. Ou seja, GIFs animados são
comumente usados criativamente para expressar ideias ou emoções com as
quais outras pessoas conseguem facilmente se identificar, para reagir direta-
mente a algo que foi dito ou até mesmo para performar reações hipotéticas.
GIFs acabam facilitando a expressão daquilo que não poderia ser tão bem
colocado apenas com o recurso da palavra.
Nesse sentido, comprovamos que as animações visualizadas e circu-
ladas pelos respondentes podem ser de diversos tipos ou estilos, variando
imensamente nos temas. Mas que, muitas vezes, elas consistem de trechos
extraídos de material já existente, como vídeos amadores, filmes, séries, que
são recortados e recontextualizados. Pequenos pedaços ou pacotes de cultura
pop são apropriados pelos indivíduos. McLuhan (2007) já dizia que o conteú-
do de qualquer meio é sempre outro meio, usando como exemplo o fato de o
conteúdo da escrita ser a fala. No caso dos GIFs animados, tal ideia torna-se
ainda mais evidente: nessas situações, o conteúdo da fala dos indivíduos é
constituído precisamente por pequenos trechos de material midiático.
Salientamos também que além de o GIF permitir uma comunicação
com face – ao contrário do que diriam os críticos da CMC como desperso-
nalizada –, seu uso como recurso expressivo ainda possibilita que o próprio
usuário escolha deliberadamente qual face deseja utilizar em cada situação
conversacional; qual máscara vai vestir para aquele momento específico. Ao
escolher determinado GIF para enviar para alguém, ou para publicar em um
site de rede social, a pessoa está, de alguma forma, fazendo uma curadoria
do seu self; está promovendo um trabalho de cultivo de imagem, de constru-
ção identitária. Como coloca Baym (2010), conforme pessoas se apropriam
das possibilidades textuais para se entreter, para usar como pistas conver-
sacionais, ou mesmo para se mostrar ou se exibir para os outros, elas estão
performando e construindo suas próprias identidades. Tal tópico obviamen-
te não se esgota aqui, podendo ser objeto de futuros trabalhos.
Uma das perguntas que motivou a construção deste artigo particu-
larmente foi: por que usar GIFs, em vez de simplesmente dizer o que se
quer dizer com palavras? Não seria mais fácil aplicar texto escrito do que
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Revista Communicare
empenhar esforços para procurar um GIF que retrate exatamente aquilo
que se deseja dizer? Em termos de esforço ou de tempo, talvez. Mas nos
parece, também, que a apropriação de GIFs animados para práticas con-
versacionais tem como objetivo não apenas fazer-se entender mais facil-
mente, mas também provocar, intencional e conscientemente, reações nos
interlocutores. O GIF animado é rápido, divertido, fácil de utilizar e ainda
estimula a continuidade da conversação.
Por fim, cabe lembrar que a comunicação baseada no uso de imagens
não é, de forma alguma, novidade. Pictogramas e ideogramas são a base
da escrita de muitas culturas orientais, e em verdade tal recurso era apli-
cado até mesmo pelos homens das cavernas, sem falar nos hieróglifos do
Egito Antigo. O fato é que esse fenômeno do uso de imagens, animadas ou
não, para a comunicação interpessoal torna-se algo ainda mais visível na
cibercultura contemporânea, e que é perceptível uma vez que as próprias
empresas de tecnologia e serviços de sociabilidade estão reconhecendo a
importância de tal prática, e apropriando-se dela de forma a fornecer ainda
mais recursos para o usuário. Exemplos como a incorporação de uma GIF
search pelo Twitter (REDDY, 2016), de uma Emoji search pelo Google (Bi-
jora, 2016), e até o lançamento das Reactions do Facebook (Stinson, 2016)
podem ser tomados como evidência disso.
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... Por sua vez, os stickers, conforme Seta (2018), são, normalmente, imagens maiores, estáticas ou não, enviadas individualmente, e os gifs (Graphics Interchange Format), de acordo com Lupinacci (2016), são animações silenciosas e, frequentemente, cíclicas, amplamente inseridas em interações das redes sociais digitais, evidenciando emoções, reações em reposta a alguma postagem. ...
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Resumo: Neste artigo, definimos como recorte temático um estudo sobre a topicalidade e a construção da coerência em textos produzidos em ambiente de rede. Supondo que os estudos do texto, como empreendidos na abordagem sociocognitiva, podem servir, sim, de orientação teórica para descrição e análise de textos em contextos propiciados por tecnologias atuais de comunicação e interação, pretendemos neste trabalho responder às seguintes questões: como descrever e analisar a topicalidade e coerência textual em textos produzidos em rede? Para os linguistas de texto, quais as demandas teóricas e analíticas advindas dessas produções em rede em razão das formas de interação e de colaboração possíveis aos sujeitos/usuários da rede? Observando o objetivo embutido nessas questões de realizar um estudo sobre a topicalidade e a sua contribuição para a construção da coerência em produções textuais situadas em ambiente de rede, servimo-nos de textos extraídos da rede social Facebook para a análise do tópico, sua instauração, progressão no processo interacional e sentidos possíveis. Os resultados indicam que a abordagem sociocognitiva para os estudos do texto em mídias tradicionais pode servir de ponto de partida para os estudos das produções hipertextuais, no entanto, necessário se faz que o analista promova atualizações nos procedimentos teóricos e metodológicos requisitados pela especificidade dessas produções. Palavras-chave: Facebook. Organização tópica. Coerência Abstract: In this paper, we define as the thematic focus a study on topicality and the construction of coherence in texts produced in social network environment. Assuming that textual studies, as undertaken in the sociocognitive approach, may work as a theoretical guide for text description and analysis in provided contexts by current communication and interaction technologies, we intend to answer the following questions: how to describe and analyze textual topicality and coherence in texts that are produced in social network? What are the theoretical and analytical demands arising from these network productions due to the forms of interaction and possible collaboration to the network subjects/users for text linguists? Observing the embedded aim in these questions to conduct a study on topicality and its contribution to the construction of coherence in textual productions situated in a network environment, we use texts from the social network Facebook for the topic analysis, its establishment, progression in the interactional process and possible meanings. The results indicate that the sociocognitive approach towards text studies in traditional media may serve as a starting point for hypertextual 1 Este texto é uma versão revisada e ampliada da que foi publicada em Capistrano Júnior e Elias (2018; 2019).
Chapter
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Neste capítulo, chamamos a atenção para a Linguística Textual (LT), um campo de investigação que tem como objeto de estudo o texto, e objetivamos tecer algumas considerações sobre o seu papel na descrição, explicação e compreensão de fenômenos de natureza textual.
Article
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Este estudo pretende traçar algumas relações entre a videoarte e novas abordagens de apresentação artística que têm as tecnologias digitais como plataforma e a web como meio de disseminação. Apresentamos a técnica do GIF animado como linguagem artística genuinamente digital envolvendo cinema, fotografia e vídeo, e o cinemagraph, como um potencial representante de uma nova vertente da videoarte on-line.
Article
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The present study examines sex and age differences in the use of emoticons (graphic representations of facial expressions) in Internet chat rooms. Data were collected from four Noesis chat rooms (“18+”, “30-something”, “40-something” and “50+”). Although women were more likely than men to use emoticons, there was no difference between the sexes in the range of emoticons used. The fact that men expressed a similar range of emoticons to women implies a general convergence towards female expression in mixed-sex communication contexts. Chat room users without a profile picture were also more likely to use winking emoticons. This may be because these types of emoticons are more flirtatious in intent, and it is easier for chatters to engage in risky communications when they are less identifiable. Furthermore, age had little bearing on the uptake of emoticons as well as the types of emoticons expressed. We draw upon Communication Accommodation Theory to help explain why emotional expression may converge in the chat room context.
Emojis: the secret behind the smile Sensation, networks and the GIF: toward an allotropic account of affect
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