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Compressão de frequências e reconhecimento de fala em idosos

Authors:

Abstract and Figures

Purpose To evaluate and compare the performance of elderly people in speech recognition tests, in silence and in noise, using hearing aids with and without the activation of the nonlinear compression algorithm (NLFC). Methods Forty-eight subjects were evaluated, 33 male and 15 female, ranging in age from 61 to 84 years, with mild to moderate hearing loss of descending configuration. The Lists of Sentences in Portuguese (LSP) test was applied, seeking the Sentence Recognition Threshold in Silence (SRTS), the Sentence Recognition Threshold in Noise (SRTN), expressed by the signal-to-noise ratio (S/N) and the Sentence Recognition Percentage Index in Silence (SRPIS) and in noise (SRPIN). All measurements were obtained twice: with the use of hearing aids without the activation of NLFC (SC) and with the activation of the NLFC (CC). Results It was found a statistically significant difference between the SRTS and PSRS obtained using hearing aids without and with CNLF, the latter being those that provided better results. In the S/N ratio and ISRN the analysis pointed no significant difference between the use of hearing aids SC and CC. Conclusion In the measurements obtained in silence, the hearing aids with NLFC CC presented statistically better results than with NLFC SC. In the measurements with competitive noise, it was not found a statistically significant difference between the results obtained with the use of hearing aids SC and CC. This suggests that elderly people with hearing loss of descending configuration could benefit from using hearing aids with NLFC, especially in silence.
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Artigo Original
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20310
http://dx.doi.org/10.1590/S2317-643120140003000016
Compressão de frequências e reconhecimento de fala em
idosos
Frequency compression and speech recognition in elderly people
Amanda Dal Piva Gresele1, Maristela Julio Costa2
RESUMO
Objetivo: Avaliar e comparar o desempenho de idosos em testes de
reconhecimento de fala, no silêncio e no ruído, usando próteses auditivas
sem e com a ativação do algoritmo de compressão não linear de frequên-
cias (CNLF). Métodos: Foram avaliados 48 sujeitos, 33 do gênero
masculino e 15 do feminino, com idades entre 61 e 84 anos, com perda
auditiva de grau leve a moderado e configuração descendente. Aplicou-se
o teste Listas de Sentenças em Português (LSP), tendo sido pesquisados
os Limiares de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio (LRSS) e
no Ruído (LRSR), estes últimos expressos pelas Relações Sinal/Ruído
(S/R) e Índices Percentuais de Reconhecimento de Sentenças no Silên-
cio (IPRSS) e no Ruído (IPRSR). Todas as medidas foram obtidas duas
vezes, com o uso de próteses auditivas, sem a ativação da CNLF (SC)
e com a ativação da CNLF (CC). Resultados: Observou-se diferença
entre os LRSS e IPRSS, obtidos quando usadas próteses auditivas SC e
CC, sendo as próteses CC as que proporcionaram melhores resultados.
Na relação S/R e IPRSR, não foi observada diferença significativa entre
o uso de próteses auditivas SC e CC. Conclusão: Nas medidas obtidas
no silêncio, as próteses auditivas CC apresentaram resultados melhores
do que as SC. Nas medidas com ruído competitivo, não foi verificada
diferença entre os resultados obtidos com o uso de próteses auditivas
SC e CC. Sugere-se que idosos com perda auditiva de configuração des-
cendente podem beneficiar-se do uso de próteses auditivas com CNLF,
especialmente no silêncio.
Descritores: Auxiliares de audição; Perda auditiva de alta frequência;
Idoso; Testes de discriminação da fala; Percepção da fala
ABSTRACT
Purpose: To evaluate and compare the performance of elderly people
in speech recognition tests, in silence and in noise, using hearing aids
with and without the activation of the nonlinear compression algorithm
(NLFC). Methods: Forty-eight subjects were evaluated, 33 male and
15 female, ranging in age from 61 to 84 years, with mild to moderate
hearing loss of descending configuration. The Lists of Sentences in
Portuguese (LSP) test was applied, seeking the Sentence Recognition
Threshold in Silence (SRTS), the Sentence Recognition Threshold in
Noise (SRTN), expressed by the signal-to-noise ratio (S/N) and the
Sentence Recognition Percentage Index in Silence (SRPIS) and in noise
(SRPIN). All measurements were obtained twice: with the use of hearing
aids without the activation of NLFC (SC) and with the activation of the
NLFC (CC). Results: It was found a statistically significant difference
between the SRTS and PSRS obtained using hearing aids without and
with CNLF, the latter being those that provided better results. In the S/N
ratio and ISRN the analysis pointed no significant difference between the
use of hearing aids SC and CC. Conclusion: In the measurements ob-
tained in silence, the hearing aids with NLFC CC presented statistically
better results than with NLFC SC. In the measurements with competitive
noise, it was not found a statistically significant difference between the
results obtained with the use of hearing aids SC and CC. This suggests
that elderly people with hearing loss of descending configuration could
benefit from using hearing aids with NLFC, especially in silence.
Keywords: Hearing aids; Hearing loss, High-frequency; Aged; Speech
discrimination tests; Speech perception
Trabalho realizado no Núcleo de Seleção e Adaptação de Próteses Auditivas (NUSEAPA), Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – Santa Maria (RS),
Brasil, com bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
(1) Programa de Pós Graduação (Mestrado) em Distúrbios da Comunicação Humana, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – Santa Maria (RS), Brasil.
(2) Departamento de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – Santa Maria (RS), Brasil.
Conflito de interesses: Não
Contribuição dos autores: ADPG realizou a concepção e delineamento do estudo, além de coleta, análise e interpretação dos dados e redação do artigo; MJC
foi responsável pela revisão do artigo de forma intelectualmente importante e aprovação da versão final.
Endereço para correspondência: Amanda Dal Piva Gresele. R. Ogê Fortkamp, 111/505, Bloco C, Trindade, Florianópolis (SC), Brasil, CEP: 88036-610.
E-mail: amandafonoufsm@hotmail.com
Recebido em: 27/1/2014; Aceito em: 23/4/2014
Uso da compressão de frequências em idosos
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20 311
INTRODUÇÃO
Ao longo da vida, uma série de fatores pode levar a danos na
cóclea, provocando a perda de audição. Os efeitos cumulativos
desses fatores podem gerar presbiacusia, uma perda auditiva
associada ao processo de envelhecimento que, devido às carac-
terísticas cocleares, é inicialmente maior nas altas do que nas
baixas frequências, resultando em uma curva audiométrica de
configuração descendente(1).
Os efeitos da presbiacusia causam impacto no reconheci-
mento de fala, uma vez que a percepção de mais de 25% das
pistas de fala é proporcionada pelas frequências a partir de
3000 Hz(2). Essa dificuldade pode estar especialmente acentu-
ada em situações de ruído, em que o número de pistas diminui
significativamente(3).
A amplificação das altas frequências, com o intuito de
aumentar a informação acústica transmitida ao indivíduo e,
consequentemente, melhorar sua comunicação, tem sido pro-
porcionada aos indivíduos com perda auditiva descendente,
por meio da adaptação de próteses auditivas. Nesses casos,
entretanto, o processo de adaptação tende a ser mais com-
plexo, se comparado a indivíduos com outras configurações
audiométricas.
Essa dificuldade pode estar relacionada a uma série de
fatores, como as limitações de ganho e saída máxima, principal-
mente para altas frequências, dos sistemas amplificadores das
próteses auditivas e o risco de ocorrer microfonia ou descon-
forto, devido aos elevados níveis de pressão sonora prescritos,
principalmente, para frequências acima de 3000 Hz(4,5).
As limitações técnicas das próteses auditivas convencionais
acabam se refletindo em restrições no benefício e satisfação de
sujeitos com perda auditiva descendente, usuários de próteses
auditivas, o que levou pesquisadores a desenvolverem uma
série de novas tecnologias, baseadas na mesma ideia central:
mover a informação auditiva das altas frequências para serem
percebidas pelas baixas frequências.
Um dos recursos disponíveis em próteses auditivas, comer-
cializadas na atualidade, é a compressão não linear de frequên-
cias (CNLF). É um algoritmo que se baseia em dois parâmetros
de ajuste pré-determinados pelo profissional: a frequência de
corte (FC) e a razão de compressão (RC)(6).
A FC consiste na frequência a partir da qual a CNLF co-
meçará a ocorrer. Logo, o algoritmo atua apenas sobre as altas
frequências, preservando todas aquelas abaixo da FC, evitando a
sobreposição da onda comprimida com os sons das frequências
baixas. A quantidade de compressão é progressiva, ou seja, as
frequências muito acima da FC serão mais comprimidas do
que as mais próximas desta(6).
Ainda que pesquisas tenham sido realizadas com o uso da
compressão de frequências em populações, como crianças e
adultos já usuários de próteses auditivas convencionais(4,5,7-9), os
benefícios obtidos com esse algoritmo ainda não estão comple-
tamente esclarecidos, especialmente tratando-se de idosos sem
nenhuma experiência prévia com o uso de próteses auditivas.
Visando ao enriquecimento da literatura e definição de
melhores condutas para atuação junto a idosos com perda
auditiva descendente, privilegiando sua qualidade de vida e
comunicação, este estudo teve por objetivo avaliar e comparar
o desempenho de idosos em testes de reconhecimento de fala,
no silêncio e no ruído, usando próteses auditivas sem e com a
ativação do algoritmo de compressão não linear de frequências.
MÉTODOS
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa
em Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), sob o no 05765712.3.0000.5346, fazendo parte de um
projeto registrado no Gabinete de Projetos com o no 032630.
Todos os sujeitos que concordaram em participar assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Trata-se de um estudo de caráter quantitativo, do tipo
observacional descritivo e de corte transversal. Para seleção
da amostra, foram analisados os dados pessoais e avaliações
audiológicas contidos nos prontuários de todos os sujeitos
que chegaram ao Núcleo de Seleção e Adaptação de Próteses
Auditivas (NUSEAPA) para dar início ao processo de seleção e
adaptação de próteses auditivas, no período de agosto de 2012
a janeiro de 2013.
Foram analisados 275 prontuários e considerados os se-
guintes critérios de inclusão na amostra: ter idade acima de 60
anos (denominados idosos); apresentar perda auditiva do tipo
neurossensorial, de grau leve a moderado(10) e configuração
descendente(11), adquirida no período pós-lingual; apresentar
Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) sem
próteses auditivas de, no mínimo, 60% e nunca ter usado
próteses auditivas.
Com base nesses critérios, 49 sujeitos foram contatados
por telefone para participar da pesquisa e agendar a consulta
para as avaliações.
Foram adotados como critérios de exclusão: apresentar
histórico de alteração neurológica, fatores cognitivos e/ou
articulatórios que interferissem na avaliação, ou excesso de
cerúmen, ou outras alterações observadas durante a inspeção
visual do meato acústico.
Dos 49 sujeitos avaliados, um foi excluído da amostra por
ter pontuação abaixo do ponto de corte no Mini Exame do
Estado Mental (MEEM)(12), indicando uma possível alteração
no âmbito cognitivo.
Sendo assim, a amostra foi constituída por 48 sujeitos,
sendo 33 do gênero masculino e 15 do feminino, com idades
entre 61 e 84 anos e perda auditiva de configuração descendente
(Figura 1).
A coleta de dados foi realizada entre outubro de 2012 e
março de 2013, no Laboratório de Próteses Auditivas (LPA) da
Universidade Federal de Santa Maria em uma única sessão de
avaliação. Os sujeitos foram submetidos à anamnese, aplicação
Gresele ADP, Costa MJ
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20312
do MEEM e inspeção visual do meato acústico externo, antes de
iniciarem os procedimentos com o uso das próteses auditivas.
Todos foram avaliados usando próteses auditivas de forma
binaural, da mesma marca e modelo, do tipo retroauricular, com
tecnologia digital com 6 canais de ajuste, saída e ganho máximo
de 128 dB e 58 dB (acoplador de 2 cc), respectivamente. Tais
próteses auditivas possuíam recurso de ativação ou desativação
da CNLF e disponibilizavam dois parâmetros para ajuste desse
algoritmo, regulados conjuntamente: a FC, escolhida de 1,5 a
6 KHz e a RC, variando de 1,5:1 a 4:1.
Considerando o fato de todos os participantes da pesquisa
apresentarem perda auditiva descendente bilateral, foram
programadas para cada paciente, duas próteses auditivas sem
a ativação do algoritmo de CNLF e duas com a ativação desse
recurso. A programação de todas as próteses auditivas, incluin-
do ajustes de ganho e saída máxima por frequência, foi realizada
antes da chegada do sujeito para atendimento, por meio do
ajuste rápido do software, que supõe as melhores regulagens
possíveis para as características do paciente. Do mesmo modo,
foi realizado o ajuste da FC e da RC, referentes à CNLF. Apenas
o recurso de cancelamento de microfonia foi mantido, sendo
os demais algoritmos, como controle de oclusão e seleção
automática de programas, desativados. Assim que ligadas, as
próteses auditivas foram programadas para funcionar em pro-
grama de silêncio e com microfone omnidirecional. Ressalta-se
que o único diferencial entre os dois pares de próteses auditivas
utilizadas neste estudo foi a ativação ou não da CNLF.
A adaptação das próteses auditivas foi realizada com moldes
auriculares, do tipo invisível simples, de acrílico, e o tamanho da
ventilação determinado conforme a configuração audiométrica
de cada sujeito. Para a programação das próteses auditivas, foi
utilizado o método prescritivo NAL-NL1. Mensurações com
microfone sonda foram realizadas antes do início dos testes,
com o intuito de verificar os ajustes das próteses auditivas e a
desativação/ativação do algoritmo de CNLF.
A coleta dos dados foi realizada por meio do teste Listas de
Sentenças em Português (LSP)(13), que permitiu a obtenção do
Limiar de Reconhecimento de Sentença no Silêncio (LRSS) e
no Ruído (LRSR) e do Índice Percentual de Reconhecimento
de Sentença no Silêncio (IPRSS) e no Ruído (IPRSR).
As medidas foram realizadas em campo livre, em cabine
acusticamente tratada, utilizando-se um audiômetro digital de
dois canais, Fonix Hearing Evaluator®, modelo FA 12 tipo
I. As sentenças foram apresentadas com uso de um Compact
Disc Player Digital Toshiba®, modelo 4149, acoplado ao
audiômetro.
Com o intuito de que as condições de apresentação fossem
mantidas constantes, antes de iniciar o teste, realizou-se a ca-
libração da saída de cada canal do VU-meter do audiômetro,
posicionando-se no nível zero, tanto o tom puro presente na pri-
meira faixa do canal um, quanto o ruído presente no canal dois.
Para pesquisa do LRSS e do LRSR, a aplicação do material
foi realizada por meio do procedimento denominado “estratégia
sequen cial adaptativa ou ascendente-descendente”(14). Seguindo
essa estratégia, quando o sujeito é capaz de reconhecer corre-
tamente o estímulo de fala apresentado, a intensi dade do estí-
mulo é reduzida. Caso contrário, é aumentada. Uma resposta
só é considerada correta quando o sujeito repetir, sem nenhum
erro ou omissão, toda a sentença apresentada.
Os intervalos de apresentação das sentenças recomendados
na literatura(14) são de 4 dB nas primeiras frases, até a primeira
mudança no tipo de resposta e, posteriormente, são de 2 dB.
Contudo, o equipamento utilizado para esta pesquisa não
apresentava a possibilidade de intervalos de 4 e 2 dB. Portanto,
foram utilizados intervalos de 5 e 2,5 dB, respectivamente. Os
valores de apresentação de cada frase foram anotados no pro-
tocolo de exame, para, então, serem calculadas as médias, com
base nas intensidades de apresentação das sentenças, a partir da
primeira mudança no tipo de resposta. Esse procedimento foi
utilizado tanto para a pesquisa dos limiares no silêncio, como
Figura 1. Média e desvio padrão dos limiares tonais das orelhas direita e esquerda dos idosos do estudo
Uso da compressão de frequências em idosos
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20 313
no ruído. No teste com ruído compe titivo, este foi mantido
constante em 65 dB NPS (A).
Considerando que foi observada pela autora(15) do material
a existência de uma diferença de 7 dB no volume de gravação
entre a fala e o ruído (fala abaixo do ruído) adotou-se, como
procedimento para o cálculo do LRSS e LRSR, a subtração
de 7 dB dos valores de fala, registrados e observados no dial
do equipamento.
Desse modo, obteve-se o LRSS e o LRSR, sendo este último
expresso por meio da relação sinal/ruído (S/R), que é a diferença
entre o nível de apresentação das sentenças e o ruído. Portanto,
para o cálculo da relação S/R, subtraiu-se o valor médio dos
níveis de apresentação da fala, do nível do ruído. Nesse sentido,
sempre que a fala for apresentada em nível abaixo do ruído,
o resultado será negativo e, sempre que a fala for apresentada
acima do ruído, será positivo.
Para obtenção dos IPRSS e IPRSR, a intensidade de apre-
sentação das sentenças foi mantida fixa no limiar encontrado na
pesquisa do LRSS e do LRSR de cada sujeito, quando estava
usando as próteses auditivas sem a ativação do algoritmo de
CNLF. Uma lista de sentenças foi apresentada em cada con-
dição e, durante a aplicação do teste, as respostas dos sujeitos
foram anotadas em um protocolo, que permitiu a análise dos
índices, considerando como erro somente a(s) palavra(s)
omitida(s) ou repetida(s) de maneira incorreta(16).
Todas as medidas do teste LSP foram realizadas com uso
de próteses auditivas e cada sujeito foi submetido à pesquisa do
LRSS, LRSR, IPRSS e IPRSR duas vezes: usando as próteses
auditivas sem a ativação da CNLF e com a ativação da CNLF.
Para melhor esclarecimento, as medidas que se referem àquelas
realizadas com as próteses auditivas sem a ativação da CNLF
serão seguidas das iniciais SC e as que se referem às realizadas
com a ativação do algoritmo, representadas pelas letras CC.
Inicialmente, os sujeitos foram avaliados com as próteses
auditivas sem a ativação da CNLF. Antes de dar início à avalia-
ção propriamente dita, houve um treinamento para familiariza-
ção com o teste, por meio da apresentação das cinco primeiras
sentenças da lista 7B, sem a presença de ruído competitivo. Para
facilitar o reconhecimento da primeira sentença de cada lista,
a fim de garantir a compreensão do teste, a intensidade inicial
de apresentação das sentenças no silêncio, para treinamento,
foi de 10 a 20 dB acima do Limiar de Reconhecimento de Fala
(LRF)(17). A seguir, as dez primeiras sentenças da lista 1A foram
utilizadas para a pesquisa do LRSS SC. Com o nível de apre-
sentação fixo no valor encontrado no LRSS SC, procedeu-se à
pesquisa do IPRSS SC, com a aplicação da lista 1B.
Ainda usando as próteses auditivas sem a ativação da CNLF,
foram obtidas as medidas na presença de ruído competitivo, em
nível constante de 65 dB NPS (A). As cinco últimas sentenças
da lista 7B foram aplicadas como treinamento com a presença
de ruído competitivo. A intensidade inicial de apresentação
das sentenças, nesse caso, foi de 10 a 20 dB acima do ruído.
Após o treinamento, a lista 2B foi apresentada para pesquisa
do LRSR SC. Com a intensidade fixa no valor encontrado no
LRSR SC, o IPRSR SC foi investigado, por meio da lista 3B.
Em seguida, as medidas foram calculadas, seguindo os
mesmos parâmetros para avaliação com as próteses auditivas
com a ativação da CNLF. O treinamento foi realizado com as
mesmas sentenças, tanto no silêncio, quanto no ruído, já que,
por tratar-se de um treinamento, a repetição das sentenças não
influenciaria nos resultados.
Após o treinamento no silêncio, as sentenças de 11 a 20 da
lista 1A foram utilizadas para obtenção dos LRSS CC. A fim de
manter a mesma intensidade de teste da condição sem a ativação
da CNLF e posterior comparação entre resultados, o IPRSS
CC foi pesquisado na intensidade encontrada na pesquisa do
LRSS SC. A lista utilizada para pesquisa do IPRSS CC foi a
4B. A seguir, foi realizado o treinamento na condição de ruído
para, então, obter-se o LRSR CC, aplicando-se a lista 5B. Da
mesma forma que no silêncio, para obtenção do IPRSR CC a
intensidade foi fixada no valor encontrado no LRSR SC e foi
utilizada a lista 6B.
A fim de evitar efeitos de rotulação semelhantes ao efeito
placebo, realizou-se cegamento da amostra quanto às próteses
auditivas avaliadas em cada momento, ou seja, o paciente não
sabia se estava sendo avaliado com próteses auditivas sem ou
com a ativação da CNLF.
Os dados foram analisados descritivamente e receberam
tratamento estatístico, utilizando-se o programa Statistica
9.0. Para verificar a normalidade das variáveis, foi aplicado o
teste Shapiro Wilk. Por apresentarem distribuição normal, as
variáveis LRSS, IPRSS e IPRSR foram analisadas por meio do
teste T pareado para duas amostras dependentes. Já o teste não
paramétrico de Wilcoxon foi utilizado para analisar a variável
relação S/R, que apresentou distribuição não normal.
Adotou-se como nível de confiança 95% (p<0,05) e os
resultados que mostraram significância foram assinalados por
um asterisco (*).
RESULTADOS
As medidas descritivas e testes comparativos dos resultados
do LRSS e IPRSS dos sujeitos usando próteses auditivas SC e
CC são expostos na Tabela 1.
Foi observada diferença significativa entre os LRSS e IPRSS
obtidos com uso de próteses auditivas SC e CC. Nas duas me-
didas, as próteses auditivas CC foram as que proporcionaram
melhores resultados.
As Figuras 2 e 3 ilustram os resultados do LRSS e IPRSS
de cada indivíduo, usando próteses auditivas SC e CC.
Considerando-se os dados obtidos no LRSS, observou-se
que 13 sujeitos apresentaram resultados semelhantes com o
uso de próteses auditivas SC e CC, 25 demonstraram melhora
e dez revelaram piora com o uso das próteses auditivas CC.
Considerando-se os dados obtidos no IPRSS, verificou-
-se que quatro sujeitos apresentaram resultados semelhantes
Gresele ADP, Costa MJ
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20314
usando próteses auditivas SC e CC, 29 apresentaram melhora
e 15 demonstraram piora com o uso das próteses auditivas CC.
As medidas descritivas e testes comparativos dos LRSR,
expressos por meio da relação S/R e IPRSR dos sujeitos usando
próteses auditivas SC e CC, são descritas na Tabela 2.
Não foi observada diferença significativa entre as relações
S/R e IPRSR com o uso de próteses auditivas SC e CC.
As Figuras 4 e 5 apresentam a relação S/R e IPRSR de cada
indivíduo, usando próteses auditivas SC e CC.
Considerando-se os dados obtidos na relação S/R, obser-
vou-se que 16 sujeitos apresentaram resultados semelhantes
usando próteses auditivas SC e CC, 19 obtiveram melhora e
13 apresentaram piora na relação S/R com o uso das próteses
auditivas CC.
Considerando-se os dados obtidos no IPRSR, observou-se
que dois sujeitos apresentaram resultados semelhantes, usando
próteses auditivas SC e CC, 26 melhoraram e 20 pioraram com
o uso das próteses auditivas CC.
DISCUSSÃO
Apesar do objetivo do presente estudo não ter sido comparar
o desempenho de idosos com adultos ou crianças, considerando
a escassez de literatura que relacione o algoritmo e faixa etária
abordados, a relação entre os achados foi realizada com estudos
envolvendo outras faixas etárias e recursos de rebaixamento de
frequências semelhantes.
Tabela 1. Distribuição do grupo de sujeitos quanto aos resultados no
LRSS e IPRSS usando próteses auditivas SC e CC
Mín Máx Média Valor de p
LRSS
(dB NPS (A)
SC 23,37 54,66 36,21 0,004*
CC 21,21 55,00 34,53
IPRSS
(%)
SC 25,53 95,46 59,76 0,001*
CC 37,12 100 67,40
*Valores significativos (p<0,05) – Teste T pareado para duas amostras depen-
dentes
Legenda: LRSS = Limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio;
IPRSS = Índice percentual de reconhecimento de sentenças no silêncio;
SC = sem compressão não linear de frequências; CC = com compressão não
linear de frequências
Legenda: LRSS = Limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio; SC = sem compressão não linear de frequências; CC = com compressão não linear de frequências
Figura 2. Comparação entre o LRSS de cada indivíduo usando próteses auditivas SC e CC
Uso da compressão de frequências em idosos
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Os resultados obtidos na condição de silêncio (Tabela 1),
que apresentaram diferença significativa entre o uso de próteses
auditivas sem e com CNLF, vão ao encontro de estudos reali-
zados com crianças e adultos, em que a CNLF proporcionou
melhora na audibilidade de tons, nas frequências de 4, 6 e 8
kHz(5), na habilidade de detecção dos fonemas /s/ e /sh/, no
reconhecimento de monossílabos, consoantes e plurais(7,9).
Por outro lado, o presente estudo não concorda com uma
pesquisa realizada com adultos, que avaliou o reconhecimento
de monossílabos e consoantes no silêncio, comparando-se a
amplificação convencional com aquela em que a CNLF estava
ativada, em que não foi encontrada diferença significativa nos
resultados(8).
Outros métodos de rebaixamento de frequências, como a
transposição, apresentaram bons resultados no silêncio, em pes-
quisas realizadas com adultos e idosos, com melhora na detecção
e reconhecimento de fricativas e outros sons consonantais(18-20).
Deve-se destacar que a maioria dos estudos citados foi
realizada com sujeitos que já tinham experiência prévia com
o uso de próteses auditivas, geralmente usuários de amplifi-
cação convencional. Além disso, as pesquisas tinham caráter
longitudinal, visto que os sujeitos passaram por experiência
domiciliar com o uso da CNLF, facilitando a adaptação ao
novo sinal comprimido. As avaliações foram realizadas ao
longo desse período.
Legenda: IPRSS = Índice percentual de reconhecimento de sentenças no silêncio; SC = sem compressão não linear de frequências; CC = com compressão não
linear de frequências
Figura 3. Comparação entre o IPRSS de cada indivíduo usando próteses auditivas SC e CC
Tabela 2. Distribuição do grupo de sujeitos quanto aos resultados no
LRSR e IPRSR usando próteses auditivas SC e CC
Mín Máx Média Valor de p
REL S/R
(dB NPS (A)
SC -8,12 6,88 -2,53 0,163
CC -9,80 6,00 -3,16
IPRSR
(%)
SC 3,57 90,09 60,12 0,302
CC 7,77 97,68 62,32
Teste Wilcoxon (Rel S/R); Teste T pareado para duas amostras dependentes
(IPRSR) (p<0,05)
Legenda: REL S/R = Relação sinal-ruído; IPRSR = Índice percentual de reconhe-
cimento de sentenças no ruído; SC = sem compressão não linear de frequências;
CC = com compressão não linear de frequências
Gresele ADP, Costa MJ
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20316
Compilando os achados do presente estudo com os já rea-
lizados, observa-se que, de qualquer maneira, o algoritmo tem
demonstrado bons resultados no silêncio. Nota-se, então, que
os artefatos que surgem, decorrentes do novo processamento do
sinal, e o fato de o som não se apresentar de forma tão natural, é
superado pelo uso mais efetivo da audição residual. Além disso,
por tornar audíveis sons de frequências ainda mais altas, que
não se encontram dentro da faixa de frequência de adaptação da
prótese auditiva convencional, a CNLF proporciona um aumen-
to da transmissão de informação acústica das altas frequências,
para serem percebidas pelas baixas frequências. Assim, além
da restauração da audibilidade das altas frequências, ou por
conta disso, há uma melhora, também, no reconhecimento de
fala, como encontrado neste estudo.
Por conta de o IPRSS ter sido pesquisado com o valor fixo
em que o LRSS foi encontrado, o que corresponde a, aproxi-
madamente, 50% de acertos das sentenças, pode-se dizer que
a percepção do sujeito avaliado, em relação à intensidade de
apresentação das sentenças, estava relativamente fraca. Dessa
forma, os resultados positivos nessa medida com o uso da
CNLF, se comparados à amplificação convencional, reforçam
a ideia de que a CNLF pode ser um recurso que melhora a
audibilidade de sons fracos nos casos em que outros ajustes,
devido a limitações de ganho ou ocorrência de microfonia, por
exemplo, não foram eficientes. A resposta positiva a sons de
entrada de fraca intensidade já havia sido relatada por outros
estudos(20,21).
O número de sujeitos que obteve melhores resultados com
o uso da CNLF foi quase o dobro daqueles estudados com a
amplificação convencional. Além disso, o fato de, em alguns
casos, a extensão do benefício proporcionado pelo uso do al-
goritmo ter sido indiscutível, evidencia que os efeitos positivos
alcançados com a CNLF não poderiam ser obtidos apenas com
a amplificação convencional de altas frequências, por conta das
limitações já conhecidas.
Enquanto no presente estudo, mais de 60% dos sujeitos
avaliados apresentaram algum nível de melhora no reconhe-
cimento de fala, com o uso de próteses auditivas com CNLF,
em pesquisa realizada com 17 sujeitos, utilizando o mesmo
recurso, oito deles, o que equivale a 47% da amostra, apresen-
taram melhora significativa no reconhecimento de fonemas
com o uso do algoritmo(7). Em outro estudo, o percentual de
Legenda: REL S/R = Relação sinal-ruído; SC = sem compressão não linear de frequências; CC = com compressão não linear de frequências
Figura 4. Comparação entre a relação S/R de cada indivíduo usando próteses auditivas SC e CC
Uso da compressão de frequências em idosos
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20 317
melhora correspondeu à metade do observado nesta pesquisa,
uma vez que, dos 22 sujeitos avaliados na detecção do /s/ e
/sh/, apenas sete, ou seja, 30%, melhoraram. Ainda, no reco-
nhecimento de plurais, o percentual subiu para 35% de sujeitos
que apresentaram melhora, caindo para 19%, na avaliação do
reconhecimento de consoantes(9).
A diferença entre os percentuais de melhora individuais já
relatados aumenta ao verificarem-se pesquisas realizadas com
cinco e sete sujeitos, em que apenas 20% e 14%, respectiva-
mente, obtiveram melhora no reconhecimento de monossílabos
e consoantes, ao experimentarem métodos de rebaixamento de
frequências(8,19).
O tipo de estímulo usado para obtenção dos dados da
presente pesquisa pode justificar o maior número de sujeitos
que se beneficiaram da CNLF, comparado aos demais estudos.
O relato de distorções de sons consonantais, principalmente
fricativas, e confusão entre os fonemas, descrita por outros
estudos(8,18,19), não foi comum nesta pesquisa. À medida que
os pacientes foram avaliados usando sentenças, o contexto
linguístico em que o fonema estava inserido pode ter facilita-
do a distinção de outros que poderiam tornar-se semelhantes
após a compressão. Um exemplo típico dessa confusão ocorre
entre /sh/ e /s/, em que o primeiro fonema possui sua energia
dominante entre 2000 e 4000 Hz, que, por sua vez, corresponde
à faixa de frequência em que o fonema /s/ será audível após o
rebaixamento de frequências(20).
Apesar disso, acredita-se que o tipo de estímulo aplicado
não invalida os resultados favoráveis à CNLF. Pelo contrário,
valoriza-os, na medida em que as sentenças simulam melhor
as situações de comunicação diária às quais o paciente estará
exposto.
O pior desempenho apresentado por alguns sujeitos, quando
avaliados com o uso de próteses auditivas com CNLF, pode ser
justificado por uma série de fatores individuais, como cognição,
escolaridade, habilidades auditivas, entre outras.
Autores indicam que a análise de dados, tais como a frequ-
ência em que a perda auditiva se torna mais severa e a diferença
dos limiares por oitava, poderia auxiliar na interpretação das
diferenças individuais de desempenho, já que sujeitos com
forte inclinação da curva audiométrica tendem a apresentar
menores benefícios do que aqueles com declínio moderado(7,8).
Do mesmo modo, a análise da RC torna-se interessante, uma
Legenda: IPRSR = Índice percentual de reconhecimento de sentenças no ruído; SC = sem compressão não linear de frequências; CC = com compressão não linear
de frequências
Figura 5. Comparação entre o IPRSR de cada indivíduo usando próteses auditivas SC e CC
Gresele ADP, Costa MJ
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20318
vez que, quanto maior a RC aplicada, maior a distorção do sinal
sonoro e, possivelmente, pior o desempenho dos sujeitos(8).
Desta forma, sugere-se que tais aspectos sejam levados em
consideração em estudos futuros.
Ainda quanto aos dados que se referem ao reconhecimento
de sentenças no silêncio, deve-se lembrar que foram obtidos no
primeiro contato dos pacientes com o uso de próteses auditivas.
Alguns autores ressaltam que, devido às alterações espectrais
causadas pela CNLF, o período de aclimatização pode ser maior
que o de próteses auditivas convencionais. Encontraram, em
seus estudos, melhora dos aspectos avaliados após o uso do
algoritmo por alguns meses(9,20,22). Além disso, indicaram que,
em alguns casos, é importante a realização de treinamento
para auxiliar na familiarização com o novo sinal de fala(18,19,23).
Assim, acredita-se que, passado o período de aclimatização, os
resultados poderiam ser ainda melhores.
Os resultados obtidos nas condições com ruído competitivo
(Tabela 2), mostrando que não houve diferença significativa
de desempenho entre o uso de próteses auditivas sem e com
a ativação da CNLF, concordam com os achados de estudos
anteriores, nos quais o desempenho de próteses auditivas com
rebaixamento de frequências foi similar ao das convencionais,
sendo que, no ruído, vários dos testes aplicados também utili-
zaram sentenças como estímulo(5,8,19).
Ainda assim, destaca-se que autores já relataram que o
recurso de rebaixamento de frequências pode degradar o reco-
nhecimento de fala no ruído(24). Nesse sentido, hipóteses foram
geradas, quanto aos possíveis ônus do uso dessa tecnologia
em tais situações. Uma delas, seria a de que o ruído de altas
frequências, antes não audível, passaria a sê-lo, fazendo com
que a nova relação S/R ainda não fosse suficiente para melhorar
o reconhecimento de fala dos sujeitos(5).
Uma alternativa para superar tais aspectos seria o uso de
recursos de transposição/compressão de frequências, desenvol-
vidos para atuar especificamente sobre as consoantes fricativas
e/ou africadas(18,25). Apesar de um dos estudos ter resultado em
maior confusão de fonemas após a aplicação desse recurso(18),
outro trabalho, desenvolvido por pesquisadores brasileiros,
obteve bons resultados em sujeitos com audição normal e
simulação de zonas mortas na cóclea, em altas frequências(25).
Todavia, a CNLF não deixa de ser uma alternativa que, após
um período de aclimatização, pode trazer maior satisfação e
benefícios no reconhecimento de fala de sujeitos com perda
auditiva descendente, mesmo em ambientes acusticamente
desfavoráveis. Essa afirmação é reforçada ao verificar-se que
estudos anteriores revelaram que a exposição diária ao sinal
comprimido, a que pacientes usuários de próteses auditivas
com rebaixamento de frequências estão expostos, leva-os
a reconhecer o sinal alterado em meio ao ruído com maior
facilidade(4,20,22).
Como bem evidenciado por pesquisadores, o fato do recurso
não demonstrar efeitos negativos no reconhecimento de fala no
ruído pode ser considerado um achado importante e positivo
para sua utilização, em situações em que a fala é apresentada
concomitantemente a um sinal competitivo(20). Acredita-se
que, com a ativação de algoritmos como redutores de ruído
e microfone direcional, desativados na presente pesquisa, os
benefícios da CNLF, nessa condição, poderiam ser maiores,
principalmente após os pacientes passarem por um período de
aclimatização, como citado.
A proporção de melhora da relação S/R e do IPRSR dos in-
divíduos com o uso de próteses auditivas com ativação da CNLF
(Figuras 4 e 5), encontrada no presente estudo é semelhante à
relatada em pesquisa realizada com 11 adultos e idosos, em que
sete deles melhoraram seu desempenho no reconhecimento de
sentenças no ruído, com o uso da CNLF(4). Já pesquisas realiza-
das com amostras menores, apresentaram menores proporções
de sujeitos que se beneficiaram do uso do algoritmo, quando
expostos a sinais competitivos(8,19). Ressalta-se que, no presente
estudo, a extensão do benefício proporcionado pelo uso do
algoritmo não foi tão acentuada como a observada no silêncio,
condizente com o fato de não ter sido observada diferença na
análise do grupo, na condição de ruído.
Ressalta-se que, se para indivíduos jovens normo-ouvintes
o reconhecimento de fala em ambientes com ruído competitivo
já demanda maior esforço do que em ambientes silenciosos,
nos idosos com perda auditiva essa dificuldade é ainda mais
proeminente.
Para muitos autores, a perda auditiva não seria o fator pre-
ponderantemente responsável pelas diferenças nas habilidades
auditivas de adultos e idosos(26-28), mas sim o efeito difuso do
envelhecimento, que afeta o sistema nervoso central e o pro-
cessamento cortical(28).
Apesar de nenhum teste específico de avaliação do pro-
cessamento auditivo ter sido aplicado na presente pesquisa,
sabe-se que nos idosos há uma dificuldade no processamento
auditivo de sinais de fala, que se encontram distorcidos em
meio ao ruído(29). Os resultados do presente estudo concordam
com a afirmação supracitada, visto que, no silêncio, os sujeitos
puderam beneficiar-se do aumento da informação acústica
transmitida com o uso da CNLF, mesmo com o sinal distorcido.
Já quando avaliados em situação de ruído, as dificuldades de
processamento auditivo decorrentes do processo senescente
ficaram mais evidentes, uma vez que, nessa condição, havia
dois fatores negativos atuantes: o ruído e a distorção decorrente
do novo processamento do sinal.
As mudanças ocorridas com o passar da idade também le-
vam à redução na relação S/R funcional, necessitando-se ajustes
dessa relação, com maior sinal de fala para reconhecimento
da mensagem em meio ao ruído competitivo. Os resultados
obtidos no presente estudo vão ao encontro do descrito, uma
vez que tal ajuste pode ser proporcionado pela CNLF, o que
foi verificado em mais de 40% dos idosos que obtiveram al-
gum grau de melhora com o uso do algoritmo em situação de
ruído. Acredita-se que os idosos que obtiveram esse benefício,
possivelmente apresentariam melhores resultados em tarefas
Uso da compressão de frequências em idosos
Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20 319
de processamento auditivo do que os 30% que tiveram seu
desempenho deteriorado, na mesma situação.
Sabe-se que, além disso, a compreensão da fala nessas
situações envolve habilidades não auditivas, como a atenção
(focar em determinado som), o controle inibitório (ignorar o
som não relevante) e a memória (recordar a informação de
fala). Essas habilidades, por sua vez, também podem sofrer
defasagens com o avanço da idade(30) e podem ter influenciado
negativamente os resultados obtidos no ruído.
Considerando o relatado, acredita-se que a realização de
treinamento auditivo pode auxiliar a habituação dos idosos às
distorções causadas pela CNLF, além de estimular suas habili-
dades auditivas e não auditivas, proporcionando a maximização
das vantagens já apresentadas por alguns com o uso da CNLF
e, até mesmo, proporcionando benefício aos que ainda não
apresentaram no primeiro momento(18,20,23).
Comparando-se os resultados obtidos nas condições de
silêncio (IPRSS) e ruído (IPRSR) com a ativação da CNLF,
chama a atenção, nesta pesquisa, o fato de 14 sujeitos terem
apresentado piora no silêncio e melhora no ruído e 11 sujeitos,
melhora no silêncio e piora no ruído. Observou-se que mais
de 50% dos sujeitos da amostra demonstraram melhora no re-
conhecimento de fala com o uso do recurso em uma condição
e piora em outra.
As alterações em nível de processamento auditivo, possivel-
mente apresentadas por alguns pacientes, pode justificar parte
dos dados acima expostos. Destaca-se, ainda, que a regulagem
das próteses auditivas foi feita de forma genérica e automática,
pelo software. Logo, a realização de ajustes finos poderia re-
sultar em desempenho mais positivo para ambas as situações,
de silêncio e de ruído. Ainda assim, os achados sugerem que,
em alguns casos, é interessante o uso de diferentes programas
para as diversas situações às quais o paciente será exposto,
podendo-se, ora ativar a CNLF, ora não.
Considerando o exposto, pode-se afirmar que os acha-
dos do presente estudo evidenciaram que os sujeitos idosos
são aptos a lidar com as modificações no processamento do
sinal e distorções causadas pela CNLF, podendo, inclusive,
beneficiar-se, mesmo em um primeiro contato, da maior au-
dibilidade promovida pelo uso desse algoritmo. De qualquer
forma, salienta-se que aspectos individuais, como atividades
de vida diária, ocupação, escolaridade, habilidades auditivas e
cognição, devem ser levados em consideração, ao optar-se ou
não, pelo uso desse algoritmo.
CONCLUSÃO
No silêncio, o uso de próteses auditivas com CNLF
proporcionou maiores benefícios ao reconhecimento de fala
de idosos do que o uso de próteses auditivas sem a ativação
da CNLF. No ruído o reconhecimento de fala dos idosos foi
semelhante com o uso de próteses auditivas sem ou com a
ativação da CNLF.
Com base neste estudo, pode-se sugerir que idosos com
perda auditiva de configuração descendente podem beneficiar-
-se do uso de próteses auditivas com CNLF, especialmente em
situações de silêncio.
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Article
Full-text available
Purpose To develop Brazilian Portuguese Dichotic Sentence List Test, check its applicability and propose an application protocol for auditory processing assessment. Methods The lists of sentences were taken from the original material, analyzed in detailed and adapted to form the new test. To compose pairs of sentences with as much of the same duration as possible, the duration of each sentence was statistically analyzed within the same list and among lists. The lists were combined in increasing order of length, within each list; and combinations of the lists were formed according to the length of sentences, resulting in 42 different sets of lists. Then, the test was performed with 42 normal hearing individuals. Individuals were instructed on how to answer: initially, they should repeat the sentences presented to both ears (attention divided between the right and the left ears). Then, the steps for the right ear phrases (attention directed to the right ear), and finally for the left ear (attention directed to the left ear) were performed. Results The new material was composed as follows: track 1, pure tone calibration; track 2, modified 1A list; and tracks 3 to 44, the 42 possible combinations among the lists. After the test was applied, an application protocol was suggested. Conclusion The Brazilian Portuguese Dichotic Sentence List Test was developed and proved to be an instrument that can be used in adults. Therefore, a protocol was proposed with two different combinations of lists and presentation sequence for auditory processing assessment.
Article
Full-text available
Nas clínicas de audiologia, as queixas de dificuldade de compreensão da fala em ambientes ruidosos são freqüentes, mesmo para indivíduos normo-ouvintes. Assim, o audiologista deve não só identificar uma perda auditiva, mas também analisar a compreensão da fala, em condições de comunicação próximas às encontradas no cotidiano. OBJETIVO: Determinar o valor de referência para os limiares de reconhecimento de sentenças no ruído, em campo livre, para indivíduos adultos normo-ouvintes. MATERIAL E MÉTODO: O experimento foi realizado nos anos de 2005 e 2006. Participaram da pesquisa 150 indivíduos adultos normo-ouvintes, com idade entre 18 e 64 anos, avaliados em cabine acusticamente tratada. Realizou-se a avaliação a partir da aplicação do teste Listas de Sentenças em Português. As listas de sentenças foram apresentadas em campo livre, na presença de um ruído competitivo, na intensidade fixa de 65 dB A. O ângulo de incidência de ambos os estímulos foi de 0º- 0º azimute. RESULTADOS E CONCLUSÃO: Os limiares de reconhecimento de sentenças em campo-livre foram obtidos na relação sinal-ruído de -8,14 dB A, sendo este o valor de referência para indivíduos normo-ouvintes.
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Full-text available
Research has been done to investigate the interference of background noise in speech perception of listeners. AIM: The purpose of this was to study the effects of hearing loss and aging on the speech recognition ability with noisy backgrounds by using two kinds of noise. STUDY DESIGN: Clinical prospective. MATERIAL AND METHOD: Three groups were organized: one with adult listeners with normal hearing, another with adults with hearing loss in high frequencies, and the third one with elderly listeners with hearing loss in high frequencies. All subjects performed speech recognition tasks without noise, with wide spectrum white noise and "cocktail party" noise in the same signal to noise ratio (0 dB) in both ears. RESULTS: The results showed that noise interfered negatively in speech recognition ability in all groups. The adult listeners with normal hearing had better performance compared with the other two groups. However, the elderly group had the worst performance, more evident with "cocktail party" noise. All subjects showed better performance in the second ear tested, indicating a learning effect. CONCLUSION: These findings show that age related factors along with hearing loss contribute to the low performance of elderly people in speech perception with background noise and that the "cocktail party" noise was adequate for this investigation.
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Full-text available
Currently, the only behind-the-ear hearing aid that provides a frequency transposition function is the ImpaCt DSR675, recently introduced by AVR Communications Ltd. of Israel. In tests with three hearing-impaired adults, the performance of the ImpaCt aid(s) was compared with that of each subject's own (nontransposing) hearing aids. Recognition of monosyllabic words and medial consonants did not differ significantly between the two types of aids. This suggests that the transposition function of the ImpaCt was not effective at providing these subjects with increased high-frequency speech information, at least for the programmable parameters applied in the experiments. However, the subjects' understanding of sentences in a competing noise was significantly poorer with the ImpaCt than with the subjects' own aids. In that test, the ImpaCt aids were programmed to attenuate parts of the noise. The decreased sentence recognition may have resulted from this program, which effectively reduced the bandwidth of the ImpaCt aids. Abbreviations: AGC = automatic gain control, ANOVA = analysis of variance, CFE = Clinician Fitting Environment, CNC = consonant-vowel nucleus-consonant, DCB = dynamic consonant boost, FCVL = frequency compression for voiceless sounds, HPF = high-pass filter, LPF = low-pass filter, SNR = signal-to-noise ratio
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Full-text available
This study evaluated prototype multichannel nonlinear frequency compression (NFC) signal processing on listeners with high-frequency hearing loss. This signal processor applies NFC above a cut-off frequency. The participants were hearing-impaired adults (13) and children (11) with sloping, high-frequency hearing loss. Multiple outcome measures were repeated using a modified withdrawal design. These included speech sound detection, speech recognition, and self-reported preference measures. Group level results provide evidence of significant improvement of consonant and plural recognition when NFC was enabled. Vowel recognition did not change significantly. Analysis of individual results allowed for exploration of individual factors contributing to benefit received from NFC processing. Findings suggest that NFC processing can improve high frequency speech detection and speech recognition ability for adult and child listeners. Variability in individual outcomes related to factors such as degree and configuration of hearing loss, age of participant, and type of outcome measure.
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Full-text available
Recently two major manufacturers of hearing aids introduced two distinct frequency-lowering techniques that were designed to compensate in part for the perceptual effects of high-frequency hearing impairments. The Widex "Audibility Extender" is a linear frequency transposition scheme, whereas the Phonak "SoundRecover" scheme employs nonlinear frequency compression. Although these schemes process sound signals in very different ways, studies investigating their use by both adults and children with hearing impairment have reported significant perceptual benefits. However, the modifications that these innovative schemes apply to sound signals have not previously been described or compared in detail. The main aim of the present study was to analyze these schemes'technical performance by measuring outputs from each type of hearing aid with the frequency-lowering functions enabled and disabled. The input signals included sinusoids, flute sounds, and speech material. Spectral analyses were carried out on the output signals produced by the hearing aids in each condition. The results of the analyses confirmed that each scheme was effective at lowering certain high-frequency acoustic signals, although both techniques also distorted some signals. Most importantly, the application of either frequency-lowering scheme would be expected to improve the audibility of many sounds having salient high-frequency components. Nevertheless, considerably different perceptual effects would be expected from these schemes, even when each hearing aid is fitted in accordance with the same audiometric configuration of hearing impairment. In general, these findings reinforce the need for appropriate selection and fitting of sound-processing schemes in modern hearing aids to suit the characteristics and preferences of individual listeners.
Article
To evaluate non-linear frequency compression (NLFC) as a means to improve speech recognition for children with moderate to moderately-severe hearing loss following a six-month acclimatization period. Within subject design with repeated measures across test conditions. Fifteen children, ages 5 to 13 years, with moderate to moderately-severe high-frequency sensorineural hearing loss were fitted with Phonak Nios, micro-sized, BTE hearing aids and evaluated after two six-week intervals with and without NLFC and again after a six-month period of consecutive NLFC use. Using repeated measures analyses, the six-month results were compared to data that was collected following six-week trials with and without NLFC hearing aids (Wolfe et al, in press). Improvements seen with NLFC in the initial study (Wolfe et al, in press) were maintained or significantly increased in the present study. When compared to the six-week data, aided non-sense syllable speech recognition thresholds in quiet and speech recognition in noise were significantly better at the six-month interval. These results suggest that NLFC improves audibility for and recognition of high-frequency speech sounds for children with moderate to moderately-severe hearing loss. In many cases, improvements found with NLFC increased with a longer period of acclimatization to the technology.