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Abstract and Figures

Objetivo: o trabalho tem por objetivo revisar a literatura contemplando a atualização dos conceitos atuais sobre a leucoplasia oral (LO) e as suas repercussões clínicas. Material e Métodos: foram selecionados artigos científicos publicados entre os anos de 2010 e 2016, através dos bancos de dados MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrievel Sistem online), PUBMED (Publicações Médicas) e LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) utilizando como palavras-chave: Leucoplasia, carcinoma de células escamosas, desordens potencialmente malignas, lesões pré-malignas, terminologia. Foram selecionados 30 artigos em português e inglês em sua versão completa. Resultados: o termo leucoplasia deve ser usado para identificar placas brancas com possibilidade de malignização excluindo outras doenças ou desordens conhecidas que não demonstrem um risco aumentado para o câncer. Conclusão: concluiu-se que os conceitos sobre leucoplasia oral dentro das desordens potencialmente malígnas insere o potencial de transformação maligna, ressaltando a importância do reconhecimento e diagnóstico precoce.
Fluxograma (Flowchart) norteador que determinou a exclusão e inclusão dos artigos na presente revisão Revisão de Literatura De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1978, as lesões precursoras do câncer eram nomeadas como lesões e condições pré-cancerosas. As lesões eram subdivididas em leucoplasia, eritroplasia e lesões palatinas em fumantes reversos, enquanto as condições contemplavam a fibrose submucosa oral, a queilite actínica, o líquen plano e o lúpus eritematoso discoide.8 Em 2005, a OMS determinou uma nova classificação, na qual a nomenclatura foi alterada para lesões com potencial de malignização ou lesões epiteliais precursoras, sendo assim classificadas em: leucoplasia, leucoplasia verrucosa proliferativa (figura 2), eritroplasia, queilite actínica, fibrose submucosa oral, líquen plano e atrofia por deficiência de ferro. 18 A definição mais atual é a de 2007, que define as lesões precursoras do câncer como desordens potencialmente malignas e sendoelas a leucoplasia, queilite actínica, eritroplasia, líquen plano, fibrose submucosa oral, lesões palatinas em fumantes reversos, lúpus eritematoso discóide e desordens hereditárias. 9 Até esta última conclusão muitas foram as definições propostas ao longo do tempo para designar a LO de modo a uniformizar internacionalmente, facilitando a comunicação entre os diversos pesquisadores, epidemiologistas e patologistas. 9 Em 1978, a OMS propôs sua primeira definição, como sendo uma mancha ou placa branca que não pode ser caracterizada clínica ou patologicamente como nenhuma outra doença. 8 Em 1984, durante a Primeira Conferência Internacional sobre Leucoplasia Oral, em Malmo, Suécia, foi proposto um complemento à definição de 1978: uma mancha ou placa branca que não pode ser caracterizada clínica ou patologicamente como nenhuma outra doença e não pode ser associada com nenhum agente causador físico ou químico exceto o tabaco. 9 Em 1996, no Simpósio Internacional de Uppsala, Suécia, houve a seguinte mudança: uma lesão predominantemente branca da mucosa oral que não pode ser caracterizada como nenhuma outra doença. 9 A OMS, em 1997, apenas modificou o termo " doença " da definição anterior para " lesão ". 9 Já em 2005, afirmou que não havia distinção entre a LO e outras placas brancas. 18 Na definição mais atual, escrita em 2007 por Warnakulasuriya, 9 o termo leucoplasia deve ser usado para identificar placas brancas de malignização possível excluindo outras doenças ou desordens conhecidas que não demonstrem um risco aumentado para o câncer, correla
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DOI: 10.18363/rbo.v74n1.p.51
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Artigo de Revisão de Literatura/Estomatologia
Rev. Bras. Odontol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 1, p. 51-5, jan./mar. 2017
Leucoplasia Oral: conceitos e repercussões clínicas
Ruth Tramontani Ramos,1 Camilla Rodrigues Paiva,2 Andreza Maria de Oliveira Filgueiras,3 Geraldo Oliveira Silva-Junior,4 Marília Heffer Cantisano,4 Dennis de
Carvalho Ferreira,5 Marcia Ribeiro6
1Pos-gradução em Clínica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2Especialização em Estomatologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
3Pós-graduação em Odontologia, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal Fluminense, Nova Friburgo, RJ, Brasil
4Departamento de Diagnóstico e Terapêutica, Faculdade de Odontologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
5Pós-graduação em Odontologia da Universidade Veiga de Almeida e Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
6Serviço de Genética Médica - IPPMG - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
• Os autores declara m que não há conflito de int eresse.
Resum o
Objetivo: o trabalho tem por objetivo revisar a literatura contemplando a atualização dos conceitos atuais sobre a leuc oplasia oral (LO) e as suas repercussões clínicas.
Material e Métodos: foram selecionados artigos científicos publicados entre os anos de 2010 e 2016, através dos bancos de dados MEDLINE (
Medical Literature Analysis
and Retrievel Sistem online
), PUBMED (Publicações Médicas) e LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) utilizando como palavras-chave:
Leucoplasia, carcinoma de células escamosas, desordens potencialmente malignas, lesões pré-malignas, terminologia. Foram selecionados 30 artigos em português e inglês
em sua versão completa. Resultados: o termo leucoplasia deve ser usado para identificar placas brancas com possibilidade de malignização excluindo outras doenças
ou desordens conhecidas que não demonstrem um risco aumentado para o câncer. Conclusão: concluiu-se que os conceitos sobre leucoplasia oral dentro das desordens
potencialmente malígnas insere o potencial de transformação maligna, ressaltando a importância do reconhecimento e diagnóstico precoce.
Palavras-chave: Leucoplasia; Carcinoma de células escamosas; Desordens potencialmente malignas; Lesões pré-malignas; Terminologia.
Abstr Act
Objective: tthe objective of this study is to review a literature on the update of recent concepts on oral leukoplakia (LO) and its clinical repercussions. Mat erial a nd
Methods: the articles found between the years 2010 and 2016, using the MEDLINE, PUBMED (Medical Publications), and LILACS (Latin American and Caribbean Literature
in Health Sciences) databases were selected using the following keywords: leukoplakia, squamous cell carcinoma, potentially malignant disorders, premalignant lesions, termi-
nology. We selected 30 articles in Portuguese and English in their full versions. Results: the term leukoplakia represents white plaques that may be malignant, excluding other
known diseases or disorders that do not show an increased risk for cancer. Conclusion: it was concluded that the concepts about oral leukoplakia raise a possibility for the
potential for malignant transformation, highlighting the importance of diagnosis and treatment.
Keywords: Leukoplakia; Squamous cell carcinoma; Potentially malignant disorders; Premalignant lesions; Terminology.
Oral Leukoplakia: concepts and clinical repercussions
Introdução
A Leucoplasia Oral (LO), atualmente, é classicada como
uma desordem potencialmente maligna, sendo a mais
comum das lesões com potencial de malignização que
podem ocorrer na cavidade oral.1-17 Com relação à etiologia, o ter-
mo vem do Grego que é a combinação de duas palavras: λευχο
(leuko – branco) e πλακοσ (plakos – placa). Foi descrita pela pri-
meira vez por Erno Schwimmer, em 1877, como uma lesão de co-
loração branca localizada em língua, que provavelmente estava
ligada à Sílis (glossite silítica).1
A Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs a primeira
denição para a LO em 1978, denindo-a como uma mancha ou
placa branca que não pode ser identicada clínica ou patologica-
mente como nenhuma outra lesão branca.8
A denição mais recente, proposta por Warnakulasuriya,9
apresenta as LOs como placas brancas de malignização possível
após excluídas daquelas que não transportam tal risco.
O termo que é estritamente clínico e não implica uma altera-
ção tecidual histopatológica especíca visa a um diagnóstico por
exclusão de outras alterações que surgem como placas brancas
orais.10 A mais recente denição proposta por Warnakulasuriya9
coloca o termo risco acrescentando subsídios diagnósticos a esta
lesão. Desta forma se passa a raciocinar que a leucoplasia é geral-
mente constituída por um tecido benigno, no entanto, alterações
morfológicas podem oferecer um risco maior do que o normal de
transformação maligna. O potencial de transformação maligna,
por sua vez, é quem vai denir o risco de um câncer estar pre-
sente em uma lesão ou condição pré-maligna, seja no diagnóstico
inicial ou no futuro. É sabido que o termo “risco relativo” é uma
medida epidemiológica especíca da associação entre a exposição
a um fator em particular e o risco de adquirir uma doença, ex-
presso como uma taxa entre a incidência ou prevalência de uma
doença entre aqueles indivíduos expostos e os nãos expostos ao
fator. Neste caso o potencial estaria também relacionado ao risco
relativo.9,10
Assim, a LO possui características clínicas básicas que a de-
nem ser uma placa branca aderente à mucosa que não pode ser
removida por raspagem, não pode estar associada a outra doença
e não poder ser diagnosticada histopatologicamente, devido aos
inúmeros aspectos que possui neste âmbito.11
Portanto, apesar da LO não estar vinculada a um diagnóstico
anatomopatológico especíco, é tipicamente considerada como
uma lesão que pode vir a sofrer transformação maligna. A frequ-
ência dessa transformação é maior do que o risco associado a uma
mucosa normal. Microscopicamente, a LO pode ou não apresen-
tar displasia epitelial, assim como já pode determinar a presença
de um carcinoma in situ.10
Diante das evidências de que os fatores de risco para a leuco-
plasia são coincidentes com os fatores de risco para o carcinoma
de células escamosas (CCE) a neoplasia maligna mais encontrada
na cavidade oral em todo mundo, ca evidente a associação dessas
lesões, que têm em comum o tabaco e o álcool como fatores de ris-
co mais importantes em ambos, separada ou sinergicamente.4,12 -16
O trabalho tem por objetivo realizar uma revisão da literatura
contemplando a atualização dos conceitos atuais da LO e as suas
repercussões clínicas.
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RAMOS RT et al.
Rev. Bras. Odontol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 1, p. 51-5, jan./mar. 2017
Figura 1. Fluxograma (Flowchar t) norteador que determinou a exclusão e inclusão dos artigos na presente revisão
Revisão de Literatura
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1978, as lesões precursoras do câncer eram nomeadas como lesões e
condições pré-cancerosas. As lesões eram subdivididas em leucoplasia, eritroplasia e lesões palatinas em fumantes reversos, enquanto
as condições contemplavam a brose submucosa oral, a queilite actínica, o líquen plano e o lúpus eritematoso discoide.8
Em 2005, a OMS determinou uma nova classicação, na qual a nomenclatura foi alterada para lesões com potencial de malignização
ou lesões epiteliais precursoras, sendo assim classicadas em: leucoplasia, leucoplasia verrucosa proliferativa (gura 2), eritroplasia,
queilite actínica, brose submucosa oral, líquen plano e atroa por deciência de ferro.18
A definição mais atual é a de 2007, que de-
fine as lesões precursoras do câncer como de-
sordens potencialmente malignas e sendoelas
a leucoplasia, queilite actínica, eritroplasia,
líquen plano, fibrose submucosa oral, lesões
palatinas em fumantes reversos, lúpus erite-
matoso discóide e desordens hereditárias.9
Até esta última conclusão muitas foram
as definições propostas ao longo do tempo
para designar a LO de modo a uniformizar
internacionalmente, facilitando a comunica-
ção entre os diversos pesquisadores, epide-
miologistas e patologistas.9 Em 1978, a OMS
propôs sua primeira definição, como sendo
uma mancha ou placa branca que não pode
ser caracterizada clínica ou patologicamente
como nenhuma outra doença.8
Em 1984, durante a Primeira Conferên-
cia Internacional sobre Leucoplasia Oral, em
Malmo, Suécia, foi proposto um complemen-
to à definição de 1978: uma mancha ou placa
branca que não pode ser caracterizada clínica
ou patologicamente como nenhuma outra do-
ença e não pode ser associada com nenhum
agente causador físico ou químico exceto o
tabaco.9
Em 1996, no Simpósio Internacional de Uppsala, Suécia, houve a seguinte mudança: uma lesão predominantemente branca da mucosa
oral que não pode ser caracterizada como nenhuma outra doença.9
A OMS, em 1997, apenas modicou o termo “doença” da denição anterior para “lesão”.9 Já em 2005, armou que não havia distinção
entre a LO e outras placas brancas.18
Na denição mais atual, escrita em 2007 por Warnakulasuriya,9 o termo leucoplasia deve ser usado para identicar placas brancas de
malignização possível excluindo outras doenças ou desordens conhecidas que não demonstrem um risco aumentado para o câncer, correla-
Figura 2. Formas clínicas da Leucoplasia Oral com variações em sua coloração. Em “A” temos a Leucoplasia
Verrucos a Proliferativa localizada em palato, “B” Leucoplasia homôgenea localizada em soalho da cavidade
oral, já em “C” temos leucoplasia associada com áre as verme lhas (eritroleucoplasia) localizada em soalho
da cavidade oral, bem como em “D” encontrada em mucosa jugal direita
Material e Métodos
Para a presente revisão foram selecionados artigos cientícos publicados entre os anos de 2010 e 2016, através dos bancos de dados
MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrievel Sistem Online), PUBMED (Publicações Médicas) e LILACS (Literatura Latino-a-
mericana e do Caribe em Ciências da Saúde) utilizando como palavras-chave: leucoplasia, carcinoma de células escamosas, desordens
potencialmente malignas, lesões pré-malignas, terminologia. Foram selecionados 30 artigos em português e inglês em sua versão
completa e lidos pelo mesmo indivíduo, sendo realizado um uxograma norteador que determinou a exclusão e inclusão de artigos na
presente revisão (gura 1).
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Leucoplasia Oral: conceitos e repercussões clínicas
Rev. Bras. Odontol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 1, p. 51-5, jan./mar. 2017
cionando a LO com o risco de transformação maligna.9
Segundo Torras et al.,2 Wang et al.19 e Mortazavi et al.,20 o CCE re-
presenta mais de 90% das lesões malignas localizadas na boca, con-
gurando sua importância para a Odontologia. De acordo com Neville
et al.,10 a etiologia do CCE é multifatorial. Nenhum agente ou fator
etiológico único tem sido denido, porém tanto fatores extrínsecos
como intrínsecos podem atuar. São fatores extrínsecos o tabaco com
fumaça, álcool e, somente para cânceres do vermelhão do lábio, luz
solar. Os fatores intrínsecos incluem estados sistêmicos ou generali-
zados, tais como desnutrição gera l ou anemia por deciência de ferro.
A hereditariedade parece não desempenhar um papel principal na
causalidade do carcinoma.
Os CCE orais têm sido documentados em associação ou tem sido
precedidos por uma lesão pré-cancerosa, especialmente a leucopla-
sia.2,4,5,10,21
Segundo o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da
Silva (INCA),22 o número de casos novos de câncer em cavidade oral
estimado no Brasil para o ano de 2016 é de 11.140 casos em homens e
de 4.350 em mulheres. Sem considerar os tumores de pele não mela-
noma, o câncer da cavidade oral em homens é o quarto mais frequen-
te na região Sudeste. Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste ocupa a
quinta posição. Na região Sul ocupa a sexta posição e na região Norte
é o sétimo mais frequente. Para as mulheres é o nono mais frequente
na região Nordeste. Na região Sudeste, o CCE ocupa a 10ª posição.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, este câncer é o 12º mais frequente
e na região Sul ocupa a 15ª posição.22
Tor ra s et al.2 escreveu em sua revisão sistemática relatando que a
sobrevida em 5 anos para o CCE é de menos de 50% e o diagnóstico
precoce e tratamento são decisivos. Em estágios avançados (estágios
III-IV), o prognóstico encontra-se entre 30-50%; quando descoberto
em estágio inicial (estágio I), a taxa é de 80%. Portanto, o diagnóstico
precoce de lesões pré-malignas ou do CCE é primordial, consideran-
do a taxa de mortalidade nos estágios avançados.
A signicância da leucoplasia consiste em sua alta propensão à
transformação maligna quando comparada as outras lesões orais.21
Sua natureza pré-cancerosa tem sido estabelecida, não somente pela
associação com displasia ou pela íntima proximidade entre carcino-
mas orais e leucoplasia mas, principalmente, devido aos resultados
de investigações clínicas que monitoraram lesões leucoplásicas por
longos períodos.10
A etiologia da LO é considerada mul-
tifatorial, mas o tabaco é considerado o
fator mais envolvido.2 ,4,5,10,21 É muito mais
comum entre fumantes do que entre não
fumantes, sendo a quantidade de lesões
diretamente proporcional a quantidade
de consumo de tabaco.4 ,5,10 ,21 Além disso,
uma grande proporção de leucoplasias
em pessoas que param de fumar desa-
parecem ou tornam-se menores dentro
do primeiro ano após o hábito ter cessa-
do.10,21
O álcool pode ser pensado como um
fator de risco independente, mas ainda
faltam dados denitivos.4 É mais aceito
que há um efeito sinérgico ao tabaco no
desenvolvimento tanto da leucoplasia
quanto do câncer oral.2,10,21
A radiação ultravioleta é aceita como
um fator causal da leucoplasia de verme-
lhão de lábio inferior, sendo geralmente
associada à queilite actínica.
Fungos como a Candida albicans podem colonizar as camadas
superciais do epitélio da mucosa oral, produzindo placa espessa,
granular, de coloração mista leucoeritroplásica (gura 2).10 Estudos
notaram que a transformação maligna das leucoplasias infectadas
por Candida é alta, sugerindo que a associação com esse fungo pode
ser um fator signicante para a oncogênese.21
O papilomavírus humano (HPV), em particular os subtipos 16 e
18, tem sido identicado em algumas leucoplasias orais. São os mes-
mos subtipos do HPV associados ao carcinoma de colo de útero e a
um subgrupo do carcinoma de células escamosas oral, localizado em
orofaringe. Esses vírus, também, podem ser encontrados em células
normais do epitélio oral, de modo que sua presença talvez não seja
mais do que uma coincidência. Contudo, pode ser importante o fato
de ter sido demonstrado que o HPV-16 induz alterações semelhantes
à displasia no epitélio escamoso, diferenciando-se normalmente em
um ambiente in vitro estéril.10 Existem estudos relacionados ao possí-
vel papel do vírus, porém os resultados ainda não são claros.24
A LO geralmente afeta indivíduos acima dos 40 anos, principal-
mente entre as quinta e sétima décadas, e a prevalência aumenta ra-
pidamente com a idade, especialmente para os homens, com razão
de 2:1.4,5,10,21,25
Há predileção pelo gênero masculino (70%), contudo, tem sido ob-
servada uma diminuição na proporção de homens afetados ao longo
da última metade do século.4,6,10,25
As localizações variam de acordo com os hábitos de cada indiví-
duo e sua região de origem. Para Rodrigues et al.,6 mucosa juga l, lábio
inferior e língua têm sido as áreas mais afetadas. Segundo Parise,26
são língua, mucosa jugal, palato duro, assoalho (Figura 2) e gengiva.
Enquanto Abidullah et al.21 armaram que os principais locais são
lábios, mucosa bucal, língua e gengiva.
A aparência clínica é diversa e se modica ao longo do tempo. Ini-
cialmente surge como uma placa branca translúcida ou acinzentada,
na e ligeiramente elevada. A lesão é, caracteristicamente, suave e
plana e, por vezes, enrugada ou ssurada (gura 3). Essas lesões ge-
ralmente apresentam bordas bem demarcadas, porém, podem mis-
turar-se de forma gradual à mucosa normal. Com o tempo as lesões
tornam-se mais espessas, extensas lateralmente e com a coloração
mais esbranquiçada.10, 21 O tamanho pode variar de alguns milíme-
tros até lesões que abrangem toda a mucosa oral.11
Figura 3. Esquema ilustrativo dos diversos aspectos clínicos da Leucoplasia Oral (homôgenea e
não homôgena) versus sua natureza morfológica. (adaptado de Robert O. Greer e Terri Tilliss em
http://www.dimensionsofdentalhygiene.com/2012/12_December/Features/Rare_but_Deadly.aspx)
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A relação entre o aspecto clínico e as características histopa-
tológicas das leucoplasias orais foram avaliadas por Rodrigues et
al.6 em 28 pacientes adultos que apresentaram lesões leucoplásicas
na mucosa oral. As lesões foram divididas em homogêneas e não
homogêneas (gura 3) e classicadas segundo suas características
histopatológicas em seis grupos: hiperceratose com ausência de
displasia epitelial; displasia epitelial leve; displasia epitelial mo-
derada; displasia epitelial severa, carcinoma in situ e carcinoma
invasivo. As leucoplasias homogêneas apresentaram alterações
celulares discretas, enquanto as leucoplasias não homogêneas
evidenciaram displasia epitelial severa e carcinoma invasivo.6 A
presença de displasia moderada ou severa tem sido aceita como a
principal indicação de transformação maligna, dentre os diversos
fatores relacionados, como o gênero feminino, a duração da lesão,
o tamanho e outros.2,3,5,21,26
O protocolo atual para detecção de lesões como a LO envolve
inspeção visual da cavidade oral e palpação dos linfonodos de ca-
beça e pescoço.2,4 Contudo, identicar clinicamente uma LO não
é difícil quando comparada a uma tentativa de denição do risco
de malignização que ela pode manifestar.26
O diagnóstico inicial deve ser seguido de identicação e afas-
tamento de fatores que possam estar relacionados à lesão. Provi-
soriamente, deve ser chamada de leucoplasia toda lesão branca na
mucosa. Devem ser identicados fatores irritativos que não o ta-
baco e seus derivados e, posteriormente, os fatores devem ser afas-
tados do paciente. Caso haja desaparecimento, a lesão tem relação
com os fatores identicados e um baixo potencial maligno.26,28
O uso do azul de toluidina, um corante que identica DNA mi-
tocondrial em células com atividade replicativa, sugerindo pro-
liferação celular, é um precioso método de orientação (gura 4)
para a realização das biópsias que são mandatórias para tais lesões
que podem guardar carcinomas. 2-4,15,21,29,30
Figura 4. Aplicação da técnica do azul de toluidina (Técnica de Mashberg). Em “A” identicação da
lesão branca suspeita de Leucoplasia em borda lateral de lingua e em “B” aplicação do corante com
remoção do seu excesso
Discussão
São oportunas as discussões feitas ao longo do tempo a res-
peito da denição das leucoplasias, bem como a sua inserção nas
desordens potencialmente malignas, tendo em vista a sua correla-
ção com o CCE e a multiplicidade de agentes concorrentes nessa
malignização, conferindo um caráter multifatorial, como se viu
nessa revisão.3,5,8,9,18,21
Não há dúvidas de que o CCE representa 90% dos cânceres de
boca, tendo em vista sua alta incidência em nosso meio, caracte-
rizando-o como a neoplasia maligna mais comum na cavidade
oral.2,4 ,12-16,19,20 Isso se conrma com as expectativas do INCA22
para 2016 no Brasil, onde câncer bucal revela-se como um proble-
ma de saúde pública.
O que dene a importância do diagnóstico precoce, tanto das
desordens pré-malignas quanto do CCE, é a taxa de mortalidade
que observamos em estágios avançados da doença, tornando o
câncer de cavidade oral relevante em todo o mundo. A LO, como
uma possível lesão precursora, deve ser estudada e detectada o
mais precocemente possível. Starzyńska et al.,1 Tor ra s et al.,2 Fari-
nelli et al.,3 Parlatescu et al.,4 Patrício5 e Rodrigues et al.6 concor-
dam que se trata da lesão pré maligna mais comum. Torras et al.,2
Parlatescu et al.,4 Patrício,5 Neville et al.10 e Abidullah et al.21 jus-
ticam sua signicância ao armarem que CCEs orais vêm sendo
associados ou precedidos de lesões pré-malignas, com destaque
para a LO. Com isso, as LOs são reconhecidas, na literatura, com
as de maior propensão à malignização.2,4,5,10,21
Desse modo, conhecer a etiologia é fundamental. É reconhe-
cido pela comunidade cientíca como sendo fatores etiológicos
da LO: o tabaco, o álcool, a radiação ultravioleta, a Candida e o
HPV. 2,4,10,21,24 Apesar de multifatorial, existe um consenso sobre
o tabaco ser o principal fator envolvido com o surgimento da
LO.2,4 ,5,10,21 Os autores armam que as LOs são mais vistas em pa-
cientes fumantes e a maioria delas desaparece ou regride já no
primeiro ano após o paciente largar o hábito.4,10 ,21
As características vistas na literatura baseiam-se no comporta-
mento clínico das LOs acompanhadas ao longo do tempo, auxi-
liando na identicação de um possível grupo de risco levando em
condição a taxa de exposição.4 ,10,11,21,2 5
Em relação ao diagnóstico, foi visto que o termo leucoplasia
é usado apenas para nomear clinicamente, não tendo nenhuma
conotação quanto às alterações histológicas que as lesões podem
apresentar.6,10 Dessa forma, o diagnóstico de “leucoplasia” é estri-
tamente clínico e usado para ex-
cluir outras condições de colora-
ção branca que podem surgir na
cavidade oral.10
Para uma completa classi-
cação diagnóstica, as alterações
histopatológicas devem ser ana-
lisadas, uma vez que elas podem
denir qual será o comportamen-
to biológico da LO, segundo Ro-
drigues et al.6
Parlatescu et al.4 armaram
que a displasia epitelial é consi-
derada o padrão ouro para deter-
minar o risco de transformação
maligna. Além disso, é essencial, para a correta classicação, de-
terminar a displasia encontrada, leve, moderada ou severa, e o ris-
co de malignização, sem risco ou baixo risco e moderado ou risco
severo. Apenas uma classicação completa poderá denir qual o
possível comportamento da LO.
Patrício5 e Parise26 armaram que, em mulheres, o risco apre-
senta-se maior nas não fumantes e em lesões heterogêneas. A
questão do gênero envolve uma maior procura das mulheres por
tratamento em relação aos homens.
RAMOS RT et al.
Rev. Bras. Odontol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 1, p. 51-5, jan./mar. 2017
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Recebido em: 01/10/2016 / Aprovado em: 08/03/2017
Autor Correspondente
Ruth Tramontani Ramos
E-mail: tramontaniramos@gmail.com
Mini Currículo e Contribuição dos Autores
1. Ruth Tramontani Ramos - cirurgiã-dentista e mestre. Contribuição: concepção e delineamento; redação do manuscrito; revisão crítica e aprovação nal.
2. Camilla Rodrigues Paiva - cirurgiã-dentista e especialista em Estomatologia. Contribuição: redação do manuscrito e aprovação nal.
3. Andreza Maria de Oliveira Filgueiras - cirurgiã-dentista e especialista em Estomatologia. Contribuição: revisão crítica e aprovação nal.
4. Geraldo Oliveira Silva-Junior - cirurgião-dentista e PhD. Contribuição: concepção e delineamento; redação do manuscrito; revisão crítica e aprovação nal.
5. Marília Heer Cantisano - cirurgiã-dentista e PhD. Contribuição: concepção e delineamento; redação do manuscrito; revisão crítica e aprovação nal.
6. Dennis de Carvalho Ferreira - cirurgião-dentista e PhD. Contribuição: revisão crítica e aprovação nal.
7. Marcia Ribeiro - médica e PhD. Contribuição: revisão crítica e aprovação nal.
Leucoplasia Oral: conceitos e repercussões clínicas
Rev. Bras. Odontol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 1, p. 51-5, jan./mar. 2017
Conclusão
A evolução do conceito da leucoplasia oral dentro das desor-
dens potencialmente malignas insere o risco suscetível de trans-
formação maligna, que, por sua vez, é quem vai denir a ameça de
um câncer estar presente em uma lesão ou condição pré-maligna,
seja no diagnóstico inicial ou no futuro.
O estudo ressalta a importância do reconhecimento e diagnós-
tico precoce da LO dentro das desordens potencialmente malignas.
... A região da cabeça e pescoço apresenta múltiplos sítios anatômicos que podem ser afetados por um processo neoplásico maligno, com destaque para a cavidade oral (ARAYA, 2018). O Carcinoma de Células Escamosas (CCE) é o tumor que representa mais de 90% das lesões malignas localizadas na boca, tendo sido documentado em associação ou precedido por uma lesão denominada de potencialmente maligna, como é caso da leucoplasia (MESSADI, 2013;RAMOS et al., 2017). ...
... As Desordens Potencialmente Malignas Orais (DPMO) foram classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 2007, como alterações teciduais que podem assumir o caráter de tumor maligno, a qualquer tempo, mas, por outro lado, podem permanecer estáveis (MULLER, 2018). Essas lesões, ao sofrerem o processo de malignização, entram em um estado de maior agressividade biológica e são acompanhadas por alterações teciduais mais severas (RAMOS et al., 2017). ...
... A etiologia da LO permanece desconhecida, porém estudos sugerem o tabaco e álcool como fatores de risco mais importantes para desenvolvimento e progressão da patologia (MESSADI, 2013;WARNKULASURIYA;ARIYAWARDANA, 2016;RAMOS et al., 2017). O exame histopatológico deve ser realizado para identificar a displasia epitelial oral, indicador para transformação e progressão maligna (LOMBARDO et al., 2018;MORTAZAVI et al., 2019). ...
... Pode ser dividida clinicamente em: homogênea e não homogênea. A leucoplasia homogênea tem aspecto majoritariamente esbranquiçado, com superfície plana, fina, a qual pode exibir fendas com aspecto liso, enrugado, ou corrugado em sua superfície, possuindo uma textura espessa, ao passo que a não homogênea é principalmente esbranquiçada ou branco-avermelhada, podendo ter uma superfície nodular, irregular ou exofítica (Hernández-Pérez, et al., 2019;Ramos, 2017). ...
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Introdução: Leucoplasia é, essencialmente, um termo clínico para lesões brancas com um potencial malignidade. Seu diagnóstico é realizado tanto pelos aspectos clínicos, quanto pela eliminação de outras lesões semelhantes. Relato de caso: Paciente C.I.O., 49 anos, procurou a clínica da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas, queixando-se de lesões indolores na região da mucosa labial, palato duro e mole, relatou fazer uso de cigarro artesanal. Foi feita biópsia das lesões, confirmando diagnóstico de leucoplasia bucal. Metodologia: Foi realizada uma busca nas bases de dados Google Scholar, PubMed e Medline, utilizando os termos “Leucoplasia bucal", “Biópsia”, “Neoplasias bucais” e “Mucosa bucal”. Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um paciente portador de leucoplasia com manifestação na cavidade oral. Resultados e discussão: Clinicamente, podem ser lesões homogêneas ou não homogêneas e, histologicamente, a distinção pode ser feita pela presença de displasia e seus diferentes graus. Grande parte das lesões crônicas tem seu desenvolvimento em resposta a traumas e pode ser assintomática. O tratamento consiste em eliminar a causa, monitorando-a e uso de medicamentos, se necessário. Considerações finais: Assim, é importante a busca e interpretação correta de lesões, a fim de evitar risco de malignidade.
... It is considered the most common disorder with malignant potential (DMP) in the oral cavity, with an expressive rate of malignant transformation [2,3]. The clinical aspect of OL is diverse and may change over time [4]. The most common clinical presentation is a plaque with more than 5 mm in length, which cannot be removed by scraping [5], being commonly located on the lips, tongue, and gums [6]. ...
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Purpose The aim of this study was to report a clinical case of oral leukoplakia (OL) treated with high-power diode laser and discuss aspects related to its clinical and histopathological characteristics. Case report A 61-year-old male, non-white, smoker, and alcoholic patient, presented for evaluation of an asymptomatic lesion in the tongue. On intraoral physical examination, a white plaque located on the tongue border on the left side was observed, measuring approximately 4.0 × 2.0 cm, with well-defined contours and irregular borders. After the clinical diagnosis of OL, an incisional biopsy was performed. In view of the histopathological diagnosis of mild dysplasia, it was decided to completely remove the lesion by using a high-power diode laser (808 nm; 2.5 W; continuous mode) in two surgical stages, whose diagnoses were, respectively, mild and moderate dysplasia. After 3 months, the lesion recurred, and microscopic findings revealed severe dysplasia. The patient has been followed up for 14 months, without evidence of new recurrence or malignant transformation. Conclusion Therefore, the high-power diode laser allowed for the safe and effective removal of an extensive OL without intraoperative bleeding and promoted satisfactory healing in the expected period, without adverse effects on adjacent tissues.
... A Leucoplasia é a lesão oral pré-cancerosa mais frequente, representando cerca de 85% dos casos. O diagnóstico depende da exclusão de outras desordens que possuem as mesmas características clínicas (Neville, 2009;Ramos et al., 2017) Geralmente atinge pessoas do sexo masculino (70%) e acima de 40 anos. A causa da leucoplasia é desconhecida, porém existem várias hipóteses que podem contribuir para o surgimento da lesão, como o uso do tabaco, consumo excessivo de álcool, radiação ultravioleta e microrganismos, como o treponema pallidum, cândida albicans e papilomavirus humano (HPV) (Neville, 2009 (Neville, 2009;Scully & Porter, 2000). ...
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As lesões brancas benignas da cavidade oral apresentam alta recorrência e representam um grupo de entidades, cuja principal manifestação clínica se dá pela presença de áreas enbranquiçadas na boca. Apesar de haver características clássicas associadas a cada lesão, as aparências clinicas podem ser confundidas levando à um diagnóstico e tratamento incorreto. Diante do exposto, este trabalho possui como objetivo descrever as lesões brancas benignas mais comuns encontradas na mucosa oral, destacando sua etiologia, apresentação clínica, diagnóstico e tratamento. Para a construção deste trabalho foi feito um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciVerse Scopus, Scientific Eletronic Library Online (Scielo), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) e ScienceDirect, utilizando o gerenciador de referências Mendeley. A partir da revisão integrativa da literatura, observou-se que as lesões brancas benignas que afetam a mucosa oral com maior recorrência são a candidíase pseudomembranosa, leucoplasia, estomatite nicotínica, queilite actínica, leucoedema, líquen plano, reação de contato liquenóide, lesão por mordiscamento, linha alba e nevo branco esponjoso. Diante disso, é de extrema importância que os profissionais da suade estejam familiarizados com essas lesões, distinguindo-as de lesões malignas que afetam a cavidade oral, a afim de que se estabeleça o correto tratamento para cada caso.
... A Leucoplasia é a lesão oral pré-cancerosa mais frequente, representando cerca de 85% dos casos. O diagnóstico depende da exclusão de outras desordens que possuem as mesmas características clínicas (Ramos et al. 2017 ...
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O carcinoma epidermóide oral (CEO) é o tipo mais comum de neoplasia maligna entre os tumores de cabeça e pescoço, correspondendo mais de 90% dos casos e, apesar dos avanços nas medidas terapêuticas, a maioria dos tumores são diagnosticados em estágio tardio da doença, resultando em um prognóstico ruim e baixas taxas de sobrevida. As desordens com potencial de Malignização (DPM) são anormalidades clínicas e histopatológicas, a nível celular, que podem assumir o caráter de tumor maligno, a qualquer tempo, porém podem permanecer estáveis por um considerável tempo. A literatura aponta que cerca de 80% de dos cânceres de boca são evoluções de DPM. Conhecer as lesões com potencial de malignização se torna importante, para diagnosticar precocemente o câncer de boca, melhorando no prognóstico e nas taxas de sobrevida. Diante do exposto, este estudo possui como objetivo revisar a literatura acerca das lesões com potencial de malignização, abordando suas principais características que possibilitam identificá-las. Para a construção deste artigo foi feito um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciVerse Scopus, Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e U.S. National Library of Medicine (PUBMED). Foram selecionados artigos contemplados entre os anos de 2010 à 2021. Os resultados desta pesquisa revelam existem quatro principais lesões com grande potencial em se tornar câncer de boca, sendo elas leucoplasia, eritroplasia, quielite actínica e líquen plano oral.
... Moreover, in its aetiology, OL has factors similar to those found in head and neck cancer [1]. The development of OL is common among 8.4% of patients who smoke tobacco [14]. ...
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Background: Oral leucoplakia is clinical term used to describe white plaques, and that is part of the group of oral potentially malignant disorders. Leucoplakia may show epithelial dysplasia, mainly in harder smoking patient. This case report discusses a small leucoplakia with dysplasia on the tongue's lateral border in a woman, diagnosed early after a routine clinical consultation. Methods: A 57-year-old female patient consulted to the Oral Diagnosis and Surgery Service of the State University of Ponta Grossa, Brazil. First, the patient was referred for the extraction of her lower incisors due to periodontal disease. During clinical examination, was identified a sessile white plaque, of small size, and located on the tongue's left lateral border. Thus, the lesion's diagnostic hypothesis was oral leucoplakia due to patient be chronic smoker for 40 years. The incisional biopsy was performed, with the epithelial tissue and part of the connective tissue removed. Results: The histopathological examination revealed a stratified and keratinized pavement epithelium, with cellular atypia, and presence of hyperchromatism and nuclear pleomorphism. However, the alterations were restricted to the epithelium's basal, characterizing a mild dysplasia. The proposed treatment was surgical removal of the lesion, and the patient was also instructed to quit smoking, as well as she continues to follow-up. Conclusions: The presented case emphasizes the importance of early diagnosis and the orientation of risk factors to smoking patients, even in small lesions that can clinically appear harmless.
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O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) gera uma redução das células T CD4 +, acarretando a imunodeficiência e ocorrência de infecções oportunistas no organismo. Isso torna o organismo propenso ao aparecimento de infecções como: candidose, tuberculose, pneumonia, por HPV, entre outras. O tratamento anti-retroviral se mostra de extrema importância nestes casos, porém, mesmo em uso o indivíduo com HIV tem uma alta taxa de aquisição do HPV e doenças relacionadas a esse vírus, principalmente aos subtipos virais de alto risco. O presente estudo tem como objetivo relatar um caso clínico de diagnóstico de leucoplasia por HPV em língua de paciente imunossuprimido por HIV. O paciente, sexo masculino, 31 anos, brasileiro, atendido na Fundação de Medicina Tropical – Doutor Heitor Vieira Machado com queixa de tosse e cansaço a pequenos esforços, sendo portador de SIDA, com abandono do tratamento. Foi realizado teste rápido molecular para tuberculose com escarro, onde foi detectado a Mycobacterium tuberculosis, e diagnosticada clinicamente a pneumonia bacteriana não-especificada. A avaliação do cirurgião-dentista foi solicitada para uma lesão em língua de aspecto nodular. Posteriormente foi realizada a biópsia incisional e obteve-se o diagnóstico de leucoplasia por HPV.
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Between 2016 and 2017, more than 600 thousand new cases of cancer occurred in Brazil, with emphasis on oral cancer occupying the fifth place of incidence among men and seventh among women. Based on these data, the study aims to demonstrate the importance of dental surgeons in the early diagnosis of oral cancer, described, through the literature review, as characteristics of potentially fundamental cancerous oral lesions to be recognized and differentiated by these professionals. It is concluded that with the techniques of clinical examination and anamnesis, the dentist plays a fundamental role in the levels of primary and secondary prevention, in the detection of risky behavior and in the application of resources that enable the diagnosis of a malignant lesion at an early stage.
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Objetivo: descrever o processo de elaboração e validação uma cartilha eletrônica para auxiliar no diagnóstico de desordens potencialmente malignas da cavidade oral. Método: estudo metodológico, desenvolvido mediante levantamento de dados por meio de uma revisão integrativa e com o público-alvo com aplicação de um questionário; construção da cartilha; qualificação do material através de validação por juízes especialistas da área de saúde e de comunicação/designer. Resultados: A primeira versão da cartilha conteve 23 páginas e na sua avaliação, o Índice de Validade de Conteúdo global foi de 0,97 entre os juízes especialistas; a aparência foi qualificada como ‘’superior’’ com percentual de 98,4 %. Conclusão: a cartilha foi validada, podendo ser considerada um material válido e confiável com uma linguagem clara, layout e designer atraente, a qual pode ser utilizada por diferentes profissionais para auxiliar no diagnóstico precoce de desordens orais potencialmente malignas.
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Oral leukoplakia (OL) is the most common potentially malignant lesion of the oral cavity. The purpose of the study was clinical and epidemiological analysis of patients with OL diagnosed and treated in the Department of Maxillofacial and Oral Surgery, Medical University of Gdansk, comparison of effectiveness of treatment methods, defining whether van der Waal level of OL influences treatment effectiveness, correlation between localization of OL and treatment effectiveness, and defining the optimal OL therapeutic method. Among 55 911 patients diagnosed and treated in the Department in the years 1999-2009, 204 people with OL were selected (104 women, 100 men, average age: 58.1 years). Treatment and observation period of 6 months was completed by 178 (87.25%) patients. Seventy-four patients were treated with cream containing 0.05% tretinoin. Sixty-three patients underwent cryosurgery, and 41 surgery. Control visits were made in week 2, 4, 6 and 8 and 6 months after completed treatment. Three hundred and twenty lesions of OL were diagnosed. According to van der Waal classification, the largest group of patients was classified into stage I and II. The percentage of totally cured patients was 90.07%. There were no statistic differences in effectiveness between surgical and cryosurgical treatment. Evaluation of OL treatment methods depends on localization of the lesions and its stage of progression. The effectiveness of treatment with locally applied tretinoin is smaller in comparison to surgery and cryosurgery. It allows to reduce the number and size of OL lesions, what makes it possible to reduce the number of ablative procedures.
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Background and objectives: The diagnosis of early oral potentially malignant disorders (OPMD) and oral squamous cell carcinoma (OSCC) is of paramount clinical importance given the mortality rate of late stage disease. The aim of this study is to review the literature to assess the current situation and progress in this area. Material and methods: A search in Cochrane and PubMed (January 2006 to December 2013) has been used with the key words "squamous cell carcinoma", "early diagnosis" "oral cavity", "Potentially Malignant Disorders" y "premalignant lesions". The inclusion criteria were the use of techniques for early diagnosis of OSCC and OPMD, 7 years aged articles and publications written in English, French or Spanish. The exclusion criteria were case reports and studies in other languages. Results: Out of the 89 studies obtained initially from the search 60 articles were selected to be included in the systematic review: 1 metaanalysis, 17 systematic reviews, 35 prospective studies, 5 retrospective studies, 1 consensus and 1 semi-structured interviews. Conclusions: The best diagnostic technique is that which we have sufficient experience and training. Definitely tissue biopsy and histopathological examination should remain the gold standard for oral cancer diagnose. In this systematic review it has not been found sufficient scientific evidence on the majority of proposed techniques for early diagnosis of OSCC, therefore more extensive and exhaustive studies are needed.
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The main purpose of this paper was to assess the current state of science on oral leukoplakia. Although it is considered a potentially malignant disorder the overall malignant progression of oral leukoplakia is of the order of 5% and even more. Nowadays there are no currently accepted markers to distinguish those that may progress to cancer from those that may not. The current golden standard is considered the presence of epithelial dysplasia on the tissue biopsy of the lesion. Proliferative verrucous leukoplakia is a rare form of OL which has multiple recurrences, is refractory to treatment and has malignant transformation in a short period. It is considered a true premalignant lesion. The management of oral leukoplakia varies from a "wait and see" attitude and topical chemopreventive agents to complete surgical removal.
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Background Oral cancers can be preceded by clinically evident oral potentially malignant disorders (OPMDs). The current study evaluated the rate and the time of malignant transformation in the various OPMDs in a cohort of patients from southern Taiwan. Parameters possibly indicative for malignant transformation of OPMDs, such as epidemiological and etiological factors, and clinical and histopathological features were also described. Methods We followed-up 5071 patients with OPMDs—epithelial dysplasia with oral submucous fibrosis, epithelial dysplasia with hyperkeratosis/epithelial hyperplasia, hyperkeratosis/epithelial hyperplasia, oral submucous fibrosis, lichen planus, and verrucous hyperplasia—between 2001 and 2010 for malignant transformation. Results Two hundred nineteen of these 5071 OPMD patients (202 men, 17 women; mean age: 51.25 years; range: 30–81 years) developed oral cancers (179 squamous cell carcinomas; 40 verrucous carcinomas) in the same sites as the initial lesions at least 6 months after their initial biopsies. The overall transformation rate was 4.32% (mean duration of transformation: 33.56 months; range: 6–67 months). Additionally, the mean time of malignant transformation was significantly shorter for lesions with than without epithelial dysplasia. The risk of malignant transformation was 1.89 times higher for epithelially dysplastic than non-dysplastic lesions. The anatomical site of OPMD and the presence of epithelial dysplasia were significantly associated with malignant transformation. The hazard rate ratio was 1.87 times larger for tongue lesions than for buccal lesions. Conclusion Patients with OPMDs require long-term follow up.
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Cancer of the oral cavity accounts for approximately 3% of all malignancies diagnosed annually in 270,000 patients worldwide. Oral cancer is the 12th most common cancer in women and the 6th in men. Many oral squamous cell carcinomas develop from potentially malignant disorders (PMDs). Lack of awareness about the signs and symptoms of oral PMDs in the general population and even healthcare providers is believed to be responsible for the diagnostic delay of these entities. The aim of this article is to update and improve the knowledge of healthcare providers about oral PMDs.
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Oral cancer (OC) is a major cause of global morbidity and mortality Squamous cell carcinoma accounts for more than 90% of oral malignancies and occurs most frequently in middle-aged to elderly patients who smoke and drink heavily. The overall outlook for patients diagnosed with oral squamous cell carcinoma (OSCC) remains poor, largely due to late clinical presentation. Early lesions are frequently undetected due to the lack of accompanying symptoms. Early recognition, diagnosis and treatment of OSCC significantly enhance patient survival and minimise the need for extensive surgery. It is thus essential that the oral health care worker (OHW) be familiar with the variable clinical manifestations of both potentially malignant disorders (PMD) as well as invasive malignancy. OC screening, particularly in high-risk patients should be an integral component of routine intra-oral clinical examination. The aim of this article is to highlight the varied clinical appearance of OC and to emphasise the importance of early recognition and diagnosis.
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The aim of the present study was to evaluate the definition of oral leukoplakia, proposed by the WHO in 2005 and taking into account a previously reported classification and staging system, including the use of a Certainty factor of four levels with which the diagnosis of leukoplakia can be established. In the period 1997-2012 a hospital-based population of 275 consecutive patients with a provisional diagnosis of oral leukoplakia has been examined. In only 176 patients of these 275 patients a firm diagnosis of leukoplakia has been established based on strict clinicopathological criteria. The 176 patients have subsequently been staged using a classification and staging system based on size and histopathologic features. For use in epidemiological studies it seems acceptable to accept a diagnosis of leukoplakia based on a single oral examination (Certainty level 1). For studies on management and malignant transformation rate the recommendation is made to include the requirement of histopathologic examination of an incisional or excisional biopsy, representing Certainty level 3 and 4, respectively. This recommendation results in the following definition of oral leukoplakia: “A predominantly white lesion or plaque of questionable behaviour having excluded, clinically and histopathologically, any other definable white disease or disorder”. Furthermore, we recommend the use of strict diagnostic criteria for predominantly white lesions for which a causative factor has been identified, e.g. smokers’ lesion, frictional lesion and dental restoration associated lesion. Key words:Oral epithelial dysplasia, oral leukoplakia, potentially malignant oral disorders.
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Background: Comprehensive patient evaluation begins with an accurate analysis of all factors of the patient's history before the physical examination is performed. Risk factor identification is particularly important in most cases of oral mucosal dysplasia and carcinoma, as it alerts the clinician to an increased susceptibility for such alterations. The armamentarium of the dentist, which ranges from noninvasive indicators to a scalpel biopsy, permits a thorough evaluation of any observed mucosal changes. Newer additions to this armamentarium have been developed and are emerging that aid in the process of characterizing lesions, thereby facilitating appropriate management. Methods: The author presents methods of assessing and analyzing a patient's oral health status. He discusses carcinogens and cofactors, as well as dietary considerations, in the development of oral mucosal precancer and cancer. He also presents details of the clinical evaluation, which can lead the clinician to possible further evaluation and analysis by an expanding array of diagnostic tools. Results: The article identifies the factors a clinician should consider when evaluating the dental patient, from initial presentation and risk factor identification to the use of traditional assessment parameters. New and evolving diagnostic tools, coupled with cell and tissue characterization by an oral and maxillofacial pathologist, remain critical in terms of patient management and in maintaining optimum standards of care. Conclusions and clinical implications: A comprehensive oral examination must include integration of each patient's in-depth health history and the physical findings. Appreciation of subtle surface changes as a possible harbinger of pathology and the traditional process of observation combined with new and emerging tools now allow for earlier diagnosis that will translate into improved outcomes.
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The use of CO2 laser has become a routine procedure for the treatment of oral leukoplakia. In this retrospective study, we evaluated 65 patients with oral leukoplakia treated with CO2 laser vaporization. The main location was the tongue (n = 21/65, 32.3%). The initial biopsy showed mild/moderate dysplasia in almost half the patients (n = 29, 44.6%) and hyperplasia without dysplasia in around a third of the patients (n = 21, 32.3%). The recurrence and malignant transformation rates were 33.8% (n = 22) and 15.4% (n = 10), respectively. The follow-up mean (standard deviation) was 15.0 (10.6) months. The procedure-related complications rate was 7.7% (n = 5). The Kaplan-Meier curves for time to recurrence showed differences only for gingiva lesions compared to tongue lesions (log rank, p = 0.032). Malignant leukoplakia transformation is independent of treatment, although it seems advisable to treat leukoplakia with or without dysplasia. Copyright © 2015 European Association for Cranio-Maxillo-Facial Surgery. Published by Elsevier Ltd. All rights reserved.