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Abstract

A atividade docente enquanto processo relacional requer dos professores uma grande capacidade de relacionamento interpessoal e, identicamente, uma gestão eficaz das próprias emoções e das emoções dos alunos. Desta feita, o desenvolvimento da inteligência emocional representa, cada vez mais, uma componente crucial para a melhoria das relações interpessoais e profissionais dos mesmos. O presente artigo descreve as características da inteligência emocional e a importância desta na relação pedagógica professor-aluno. Analisa-se ainda o papel da inteligência emocional na gestão de conflitos e na escolha das diferentes estratégias de resolução dos mesmos.
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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
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Inteligência Emocional em Contexto Escolar
Emotional Intelligence in Education Context
Maria Nunes-Valente*1 / Ana Paula Monteiro**2
*Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Escola de Ciências Humanas e Sociais-
Departamento de Educação e Psicologia, Doutoranda em Ciências da Educação; **
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Escola das Ciências Humanas e Sociais-
Departamento de Educação e Psicologia, Professor Auxiliar
Resumo
A atividade docente enquanto processo relacional requer dos professores uma grande
capacidade de relacionamento interpessoal e, identicamente, uma gestão eficaz das suas
próprias emoções e das dos outros. Desta feita, o desenvolvimento da inteligência
emocional e da capacidade de regulação dos professores representa, cada vez mais, uma
componente crucial para a melhoria das relações interpessoais e profissionais dos mesmos.
O presente artigo descreve as características da inteligência emocional e a importância
desta na relação pedagógica professor-aluno. Analisa-se ainda o papel da inteligência
emocional na gestão de conflitos e na escolha das diferentes estratégias de resolução do
conflito.
Palavras-chave: Inteligência Emocional; Conflito; Professores; Escola.
Abstract
The teaching activity as relational process requires teachers a great interpersonal skills
and, similarly, the effective management of their own emotions and those of others. This
time, the development of emotional intelligence and teachers of regulation capacity is
increasingly a crucial component for the improvement of interpersonal and professional
relationships of them.
This article describes the features of emotional intelligence and the importance of this
pedagogical teacher-student ratio. As well examines the role of emotional intelligence in
conflict management and in the choice of different strategies of conflict resolution.
Keywords: Emotional Intelligence; Conflict; Teachers; School.
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Endereço para correspondência: marianunesvalente@hotmail.com
Submissão: 27.09.2016
Aceitação: 30.01.2017
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Introdução
“Educar a mente sem educar o coração não é educação”.
Aristóteles
A sociedade sofre alterações exponenciais, por sua vez a escola permanece
ancorada em formas tradicionais de ensino (Punset, 2010). A escola preocupa-se
com o desenvolvimento académico, através de uma preparação para o mercado de
trabalho, mas não com a preparação para a vida, distanciando as próprias emoções
deste processo educativo, apesar destas serem uma força constante, e muitas
vezes a mais difícil de operar e entender.
Existem métodos para revigorar e exercitar a inteligência emocional, em
grande parte ignorados pela educação, no que concerne à aplicação prática dos
mesmos. Nos últimos anos, tem-se verificado um crescente interesse na
investigação sobre a importância das emoções na educação, sendo estas analisadas
considerando os diferentes intervenientes e relacionando-as tanto com as tarefas
escolares, como com os contextos e as relações interpessoais estabelecidas
(Schutz & DeCuir, 2002). No entanto, continua a verificar-se a ausência de um
ajustamento entre a investigação académica desenvolvida, sobre inteligência
emocional e a aplicação prática da mesma no contexto educativo.
Num mundo em crise, os professores exercem a sua profissão numa
sociedade cheia de desequilíbrios de várias naturezas e em escolas que, no meio de
sucessivas reformas, tardam em encontrar um rumo que ao encontro das
necessidades dos diferentes alunos e pais (Coelho, 2012). O currículo escolar dita
que até ao ensino secundário os alunos aprendem disciplinas essenciais para a vida
adulta. Mas, a par da Matemática, das Ciências e do Português outro conjunto
de aptidões que desempenham um papel importante no futuro de qualquer pessoa:
o desenvolvimento da inteligência emocional, que pode ajudar alunos a obterem
melhores resultados escolares assim como professores a terem uma melhor prática
docente. Estrela (2010) defende que a compreensão que o professor tiver da sua
história de vida ajuda-o a lidar de forma mais eficaz com as incertezas e dúvidas no
exercício da profissão e, consequentemente a adotar comportamentos mais
adequados no processo de ensino-aprendizagem.
O pensamento platónico defendia que a tarefa essencial da sociedade era a
de ensinar os jovens a encontrar o prazer nas atividades de aprendizagem, assim
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como toda a aprendizagem tinha de possuir uma base emocional. Atualmente a
neurociência defende que o elemento essencial na aprendizagem é a emoção, que
sem emoção não curiosidade, o há atenção, não aprendizagem e não
memória (Mora, 2013).
A escola é também responsável pela educação de valores e competências
para a convivência e deve preparar-se, de forma diferente, para trabalhar as
emoções e os conflitos que ocorrem no seu seio pois "a verdadeira inteligência
emocional é o que une o emocional e o cognitivo, e a sua harmonia é o que garante
o seu desenvolvimento eficaz para enfrentarmos qualquer situação da vida"
(Gallego & Gallego, 2004, pp. 83).
É quase impossível pensar a escola, ou outro ambiente de trabalho, onde não
ocorram situações de conflitualidade. Sabemos que as exigências colocadas
atualmente à escola constituem imperativos de ordem não só formativa académica,
mas principalmente de natureza pessoal e social. Existem outras necessidades na
sociedade atual, diferentes das do passado as quais, evidentemente requerem
outras respostas. Deste modo, urge a mudança para alcançar escolas de sucesso.
Inteligência emocional e escola
Um dos aspetos que mais contribuiu para o desenvolvimento do constructo
de inteligência emocional foi o conceito de emoção (Rego & Fernandes, 2005).
A emoção pode ser definida como uma panóplia de reações e de alterações
fisiológicas que ocorrem no organismo, e o sentimento como a interpretação e a
tomada de consciência dessas mesmas alterações (Damásio, 2003). A interação
humana tem, assim, um lugar de destaque quando relacionada com as emoções.
Estas estão subordinadas aos atos e respostas que advêm da interação com os
outros, isto é, as emoções são concebidas numa ligação entre o indivíduo e o meio,
representando um contributo para o raciocínio e para a inteligência em geral,
sendo adaptativas e funcionais (Mayer, DiPaolo & Salovey, 1990). Por conseguinte,
as emoções são determinantes para a qualidade de vida, visto que ajudam a
descobrirmo-nos e a compreendermo-nos, a nós próprios e aos outros,
desempenhando um papel importante nos nossos relacionamentos (Ekman, 2012).
A inteligência emocional tem recebido progressiva atenção na investigação
científica, pela crescente evidência da sua influência no sucesso pessoal e
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organizacional. O conceito de inteligência emocional foi desenvolvido ao longo do
último meio século, surgindo pela primeira vez em 1990, por Peter Salovey e John
D. Mayer que ao redefinirem as inteligências pessoais de Gardner, cartografaram o
modo de trazer inteligência às emoções, criando o conceito de inteligência
emocional. De acordo com Mayer e Salovey (1997, citado em Mayer, Salovey &
Caruso, 2004) a inteligência emocional é o conjunto de quatro capacidades
distintas que interagem entre si: a perceção emocional, a facilitação emocional do
pensamento, a compreensão emocional e a gestão emocional, com a finalidade de
promover melhores emoções e pensamentos.
Divulgada em 1995, por Daniel Goleman, na publicação do livro Emotional
Intelligence, a inteligência emocional conquistou novo alento, resultando numa
popularização do conceito a nível académico e social. Goleman (2006) define
inteligência emocional como a capacidade de identificar os nossos próprios
sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro
de nós e nos nossos relacionamentos. A análise de inteligência emocional e das
respetivas dimensões, foi evoluindo ao longo do tempo, deste modo Goleman
simplificou o seu modelo original, de cinco para quatro domínios: autoconsciência,
autodomínio, consciência social e gestão das relações (Goleman, Boyatzis & McKee,
2007).
O saber gerir as emoções remete-nos para o domínio das competências
emocionais, que ao serem trabalhadas e desenvolvidas permitirão, em todo o
contexto escolar um ambiente mais saudável e rico em aprendizagens. Damásio
(1995) clarifica e Goleman (1999) defende que as pessoas emocionalmente
competentes apresentam, nos contextos de vida prática, uma relação consigo e
com os outros francamente mais positiva do que aqueles que apresentam sinais de
iliteracia emocional. Os atributos emocionais do professor na relação pedagógica
geram emoções e comportamentos nos alunos, e este processo remete-nos para a
importância da educação emocional (Veiga Branco, 2005).
De acordo com a International Society of Applied Emotional Intelligence
(ISAEI) a inteligência emocional apresenta as seguintes características: controlo
emocional-controlar os seus sentimentos e gerir o seu humor; autoestima- ter bons
sentimentos a seu respeito, independentemente das situações exteriores; gestão do
stress- controlar o stress e criar mudanças; aptidões sociais- ser capaz de
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relacionar-se com os outros e ser empático; controlo da impulsividade- controlar a
sua impulsividade e aceitar adiar as suas gratificações; equilíbrio- manter o
equilíbrio entre o trabalho e a casa, as obrigações e o prazer; aptidões de
comunicação- comunicar eficazmente com os outros; gestão de metas e de
objetivos- fixar metas realistas em todas as esferas da vida; automotivação -
motivar-se a si próprio na prossecução das suas metas, ser capaz de criar energia
interna; e atitude positiva-manter uma atitude positiva e realista mesmo nos
momentos mais difíceis (Chabot, 2001).
Para desenvolver a inteligência emocional dos professores, é importante
prepará-los, através de programas de formação. O desenvolvimento das
competências de inteligência emocional em professores irá ajudá-los a trabalhar
com os alunos de modo mais eficaz (Bhattacharjee, 2016). Os professores devem
dominar as competências da inteligência emocional, para que as transmitam aos
alunos, com a finalidade de trabalhar com eles o desenvolvimento destas mesmas
capacidades.
Diversos autores (eg. Barrantes-Elizondo, 2016; Bisquerra e Renom, 2007;
Fernández-Berrocal e Extremera , 2002 e Sánchez, 2014) defendem várias razões
para implementar programas de educação emocional, referindo que as
competências sócio emocionais são um aspeto fundamental do desenvolvimento
humano. De modo a regular as emoções para prevenir comportamentos de risco e
também a necessidade de preparar para a resolução de situações que são
imprevisíveis e difíceis de gerenciar em contexto escolar (Barrantes-Elizondo,
2016).
Estudos feitos por Battistich et al. (2000, citados em Corcoran & Tormey,
2013) indicam que nas escolas onde se desenvolveram programas que validam a
construção de relações estáveis, emotivas e de apoio revelaram redução no
consumo de drogas, no comportamento antissocial e um aumento de atitudes pró-
sociais. Verificando-se também melhorias nas atitudes académicas, na motivação e
no comportamento dos alunos. Do mesmo modo, Brackett, Palomera, Mojsa-Kaja,
Reyes e Salovey (2010) defendem que professores com pontuações mais elevadas
nos testes de regulação emocional relatam menos cansaço e maior satisfação no
trabalho.
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Contudo, a escola continua a privilegiar os conteúdos a lecionar, fazendo
com que muitos professores tenham uma qualificação excelente na sua área
disciplinar, não conseguindo, no entanto, estabelecer contacto com os alunos, pela
falta de competências relacionais e de estratégias para resolver e gerir conflitos.
Jesus (2002) elaborou uma análise de programas curriculares, de várias instituições
que formam professores, tendo concluído que a formação clássica dos professores
portugueses é limitativa ou pelo menos não estimulativa relativamente à
componente afetiva.
Estevão (2012) afirma que a formação ministrada aos professores pouco ou
nada contribui para uma maior e melhor adaptação aos desafios futuros em
contexto escolar. O sistema educativo provoca stress em toda a comunidade
educativa por se pautar na retórica da transmissão de informação, valorizando uma
aprendizagem quantitativa e não qualitativa. Este tipo de prática rotineira, sem
análise, sem crítica e sem diálogo enfraquece o desenvolvimento emocional,
anulando qualquer participação ativa do aluno e convertendo o conteúdo
programático em algo sem vida interior, sem emoção, que empobrece a
participação e desempenho dos alunos (Barrantes-Elizondo, 2016).
Capacitar professores, na sua dimensão emocional é pertinente, sendo
também uma necessidade sentida pelos mesmos, como testemunha Estrela (2010)
ao referir que os professores sabem que há necessidade de autorregularem as suas
emoções, de forma a evitarem o descontrolo emocional que pode ter reflexos
negativos na sua ação pedagógica.
A inteligência emocional revela-se primordial na atividade dos professores,
pois pode promover melhores resultados, aumentar a capacidade para lidar com as
tensões vivenciadas na escola, assim como melhorar as competências de
relacionamento interpessoal.
Inteligência Emocional e Conflito Escolar
A escola é um lugar onde convivem pessoas com diferentes características,
opiniões, religiões e personalidades. Face à existência de tais diferenças é natural
que emerjam desacordos de diversas ordens. É necessário que as escolas aprendam
a viver com os conflitos que possam surgir, considerando-os como uma
oportunidade de aprendizagem (Cascón, 2000).
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As emoções encontram-se inerentemente relacionadas com o conflito, ou
seja, ativamos as emoções com o conflito e este, por sua vez, também as estimula
(Sánchez, 2014). As emoções podem dificultar uma gestão positiva do conflito por
diversos motivos: interferem na nossa atenção; a sua demonstração pode tornar-
nos vulneráveis à manipulação; e as emoções dificultam o pensamento objetivo e
preciso (Maciel, 2013). No entanto, a capacidade de lidar positivamente com as
emoções aumenta a possibilidade de se alcançarem os objetivos numa negociação.
Logo, torna-se vantajoso compreender a informação transmitida através das
emoções, dado que estas exprimem a importância que cada um confere aos seus
interesses e necessidades no conflito (Shapiro, 2004).
A literatura aponta que as emoções desempenham um papel fundamental na
gestão de conflitos e também na escolha dos diferentes estilos de gestão (Kiel,
2010; Leung, 2010; Shih & Susanto, 2010). A escolha dos estilos vai ser afetada pela
interação existente entre a inteligência emocional e as respostas comportamentais
(Leung, 2010). Bippus e Rollin (2003) defendem que uma maior satisfação nas
relações vai originar comportamentos mais integrativos e de compromisso, o que
demonstra que a inteligência emocional se relaciona com os estilos de gestão de
conflitos. No mesmo sentido, Shih e Susanto (2010) verificam que a inteligência
emocional prediz os estilos de conflito integração e compromisso. Tendo avaliado a
inteligência emocional como uma dimensão obtiveram uma relação positiva
entre esta e os estilos de conflito integração e compromisso.
Chuang, Wang, Kung e Wang (2011) demonstraram que o estado emocional
positivo tem um efeito positivo sobre os estilos colaborativos, enquanto o estado
emocional negativo tem um efeito positivo sobre o estilo competitivo e a evitação.
Apesar da importância em utilizar os estilos de gestão, de acordo com as
especificidades da situação conflitual em que estamos envolvidos (Medina &
Munduate, 2005), a adoção de um estilo mais colaborativo tem uma relação
positiva com uma negociação mais eficaz, por levar a resultados mais construtivos,
conduzindo também a uma satisfação de ambas as partes em conflito (Rubin, Pruitt
& Kim, 1994). Acresce que quanto maior o valor atribuído aos objetivos a alcançar
e à preservação da relação entre as partes, mais importante é a premissa da
colaboração enquanto princípio primordial no mundo da educação (Cascón, 2000).
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Assim, a educação emocional fundamentada no desenvolvimento da
inteligência emocional é uma condição essencial nos processos de mediação e
gestão de conflitos, por abranger uma gestão das emoções do sujeito e do outro,
presentes em toda a interação social e educativa. Ora, tais aspetos fomentam um
clima escolar positivo, favorecem a aprendizagem e contribuem para a diminuição
de comportamentos disruptivos (Sánchez, 2014).
Considerações Finais
Desenvolver a capacidade para gerir as emoções e filtrar estímulos
stressantes é de extrema importância no dia-a-dia de todos os envolvidos no
contexto educativo. Vários autores mostram que as competências emocionais são
fundamentais para a adaptação do ser humano aos ecossistemas em que se
encontra (Bisquerra & Pérez, 2007; Caruso & Salovey, 2007; Goleman et al., 2007).
Deste modo, o professor deverá conhecer e ensinar um vasto vocabulário emocional
aos seus alunos, desenvolvendo nestes capacidades para conhecerem e gerirem as
suas emoções.
É quase impossível pensar a escola, ou um ambiente de trabalho, onde não
ocorram situações de conflitualidade. Se é uma realidade que a sociedade evoluiu
e está, consequentemente, aberta às mudanças sociais que possam suceder,
aparenta não ser menos verdade que na escola, parte constituinte dessa sociedade,
se tenham operado enormes transformações no decurso do tempo. Face a
inevitabilidade de conflitos na escola, importa formar os professores com as
competências suficientes para os enfrentar, reconhecendo a sua existência, ou seja
dever-se-á alterar e adequar a formação de professores à realidade e às exigências
atuais, nomeadamente no que concerne às emoções (Esteve, 1992).
Fernández-Berrocal e Extremera (2002) consideram que vivemos um
momento de mudanças educativas em que importa refletir sobre o desafio da
inclusão das competências emocionais de uma forma explícita no sistema escolar.
Os autores preconizam que “o professor para este novo século terá que ser capaz
de ensinar a aritmética do coração e a gramática das relações sociais” (Fernández-
Berrocal & Extremera, 2002, p. 6).
Assim, uma conceção de educação que preconize a construção de uma
cultura de paz nas escolas tem, necessariamente, como componente principal a
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operacionalização de diversas formas de resolução colaborativa dos conflitos e da
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... Uma demanda que foi ofertada e aceita pela equipe pedagógica foi a realização de um curso EaD de capacitação em gestão de conflitos escolares com duração de 40h. A escola pode ser um ambiente que impõe uma carga psicológica significativa e é um ambiente que demanda o desenvolvimento da inteligência emocional, o que inclui a capacidade de gerir conflitos (NUNES-VALENTE;MONTEIRO, 2016). O curso foi realizado por dois membros da equipe diretiva e espera-se que possa auxiliar no trabalho diário de forma que, na emergência de conflitos, estes possam ser resolvidos da forma mais rápida e tranquila quanto possível. ...
... Uma demanda que foi ofertada e aceita pela equipe pedagógica foi a realização de um curso EaD de capacitação em gestão de conflitos escolares com duração de 40h. A escola pode ser um ambiente que impõe uma carga psicológica significativa e é um ambiente que demanda o desenvolvimento da inteligência emocional, o que inclui a capacidade de gerir conflitos (NUNES-VALENTE;MONTEIRO, 2016). O curso foi realizado por dois membros da equipe diretiva e espera-se que possa auxiliar no trabalho diário de forma que, na emergência de conflitos, estes possam ser resolvidos da forma mais rápida e tranquila quanto possível. ...
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A escola é um ambiente privilegiado para o desenvolvimento de ações em saúde interprofissionais. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar as necessidades educativas e de atenção à saúde no cenário escolar, com vistas à construção de ações interprofissionais em saúde. Este trabalho é de cunho qualitativo, do tipo pesquisa ação e foi realizado em uma escola na região central do Rio Grande do Sul no período de 2020. Participaram do estudo alunos e membros da equipe pedagógica do turno da tarde. O estudo seguiu as etapas da pesquisa-ação preconizadas por Thiollent. Como técnicas de coleta de dados foram utilizados formulários, que avaliaram as condições de saúde das crianças, assim como a execução semanal de oficinas em saúde e quatro grupos focais com a equipe pedagógica da escola. Como resultado temos dados das condições de saúde das crianças permitiu realizar ações singulares de educação em saúde, além de encaminhamentos e acompanhamento de alunos para profissionais especializados. Ainda, a análise de concepções dos professores permitiu a problematização da atuação da equipe de saúde junto à escola; a qualificação da equipe pedagógica e a aproximação entre escola e gestão municipal de saúde. Considera-se que esta aproximação trouxe a possibilidade de vinculação desta ao sistema municipal de saúde e permitiu a realização de encaminhamentos de alunos para consulta especializada. A análise de concepções permitiu uma reconstrução das intervenções baseadas nas demandas da escola e orientou as atividades de qualificação que buscaram aumentar a autonomia da escola na tomada de decisão e ação em saúde.
... Porém, quando os quadros de ansiedade acabam trazendo algum tipo de prejuízo ou sofrimento para o sujeito, esta passa a se enquadrar no hall das patologias. 5 Entende-se por inteligência emocional um conjunto de habilidades e competências cognitivas, tidas como autoconsciência, autodomínio, consciência social e gestão das relações, que permitem que os sujeitos desenvolvam e articulem relações e (re)ações saudáveis, seja consigo ou com o outro, nas diversas situações sociais (VALENTE; MONTEIRO, 2016). 6 A Sociedade de Controle, para a Hardt e Negri (2001), é caracterizada por formas de controle e governo específicas do sujeito. ...
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O objetivo deste estudo consiste em analisar discursos acerca da ansiedade num livro didático de Língua Inglesa do novo ensino médio. O aparato teórico que norteia as reflexões ancora-se nos apontamentos de Michel Foucault, especialmente os conceitos de discurso, enunciado, prática discursiva, verdade, modos de objetivação e de subjetivação, bem como de autores que discutem a problemática do transtorno de ansiedade, tais como o DSM-V (2014). O corpus de análise é formado por um livro didático de Língua Inglesa do ensino médio, English vibes for Brazilian learnes mais especificamente a unidade denominada Dealing with anxiety, cujo foco reside em partir da temática da ansiedade, especialmente entre os jovens, para trabalhar as habilidades do ensino de língua inglesa como língua estrangeira. Metodologicamente, este trabalho é caracterizado como uma pesquisa documental, de natureza qualitativa. As análises denotam que a seleção da ansiedade como um tema para uma unidade do material didático estudado está sensivelmente articulada com a amplitude desse problema em escala mundial. Ademais, foi possível constatar que a posição que enuncia no livro didático, além de trazer materialidades discursivas marcadas pela ênfase na informação acerca da ansiedade, encentram tecnologias de si, por meio das quais o sujeito discente pode subjetivar-se.
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O aprimoramento da inteligência emocional é fundamental para o bem-estar individual, convívio social, para o desempenho acadêmico e o mundo do trabalho. Por isso, torna-se cada vez mais necessário o desenvolvimento de estratégias dentro da educação formal, visando a melhoria do equilíbrio emocional e dos processos de ensino-aprendizagem, principalmente no contexto pós-pandemia da COVID-19. Dentro desse contexto, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de escopo para levantar e examinar a natureza e extensão das publicações acerca da Inteligência Emocional no ambiente escolar formal, identificando lacunas e desafios. Realizou-se uma revisão de literatura, indexada em bases de dados, conforme a metodologia scoping review. As informações foram coletadas nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scopus (Sc) e Web of Science (WoS). Utilizaram-se as palavras-chave “Education”, “Emotional” and Intelligence” para coletar artigos publicados nos últimos cinco anos. Encontraram-se 541 artigos, dos quais 120 atenderam aos critérios de inclusão e foram analisados. A revisão evidencia que trabalhos sobre IE têm começado a ocupar os espaços do ensino formal, estando mais concentrados nos níveis médio e superior. Não foram identificados trabalhos desenvolvidos no Ensino Profissionalizante Integrado ao Médio, nem nas séries iniciais do Ensino Infantil. Trata-se, portanto, de uma lacuna que precisa ser preenchida, visto que o desenvolvimento do equilíbrio emocional é fundamental para o mundo do trabalho e deve ser desenvolvido desde a mais tenra idade para obtenção de melhores resultados. A revisão permitiu identificar que existem várias lacunas para a promoção da Educação Emocional nos ambientes formais, dentre elas: necessidade de incorporação de forma transversal no currículo escolar; necessidade de implementar/avaliar as ações em longo prazo; necessidade de melhorar os instrumentos de coleta de dados, bem como o tamanho e perfil amostral.
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O desenvolvimento das habilidades emocionais é de grande importância ser apresentado ainda na infância, para que se a pessoa se torne um adulto empático, com relações verdadeiramente saudáveis e dotado da Inteligência Emocional. Diante de tal importância, é relevante que a escola inclua o tema em suas práticas, abordando a questão das emoções junto aos alunos desde suas fases iniciais. O objetivo deste trabalho é descrever o projeto Baú das Emoções, demonstrando que as emoções fazem parte do universo infantil e que as crianças precisam aprender sobre essas emoções, para saber nomeá-las e falar sobre elas, adquirindo desde cedo habilidades socioemocionais. A metodologia empregada foi um estudo de caso realizado com crianças de 5 anos em uma escola municipal de Varginha. Também foi utilizada a pesquisa bibliográfica para fundamentação teórica. Após a aplicação do projeto as crianças mostraram-se capazes de nomear as emoções, falar sobre o que elas sentem, compartilham com os professores e colegas os sentimentos e emoções. O projeto mostrou-se significativo na vida das crianças e de suas famílias, o que se tornou nítido em suas falas e expressões.
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A Inteligência Emocional é um assunto atual que vem ganhando espaço nas discussões que envolvem a saúde mental, a educação e o processo de aprendizagem. Compreender esse conceito e saber utilizá-lo em diferentes situações no dia a dia da sala de aula, principalmente, no processo de Alfabetização é hoje uma necessidade que pode fazer toda a diferença para o sucesso do processo. Neste contexto, o presente estudo busca analisar e discutir os avanços da inteligência emocional no contexto da alfabetização brasileira na última década. Por meio de uma revisão integrativa a pesquisa buscou Artigos, Teses, Dissertações e Trabalhos de Conclusão de Curso, no período de 2010 a 2020, nas bases de dados do Google Acadêmico, Scielo (Scientific Electronic Library On-line), CAPES e BVS. Os descritores utilizados para a busca de dados foram “Inteligência Emocional” AND “Aprendizagem” AND “Alfabetização”. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão 46 publicações foram selecionadas para serem lidas e analisadas na íntegra. Os dados de Autor, Ano, Título, Tipo de produção (Trabalho de Conclusão de Curso, Dissertação, Tese, E-book, Resumo Expandido e Artigo), Idioma e Objetivo(s) foram analisados. Ao fim podemos destacar que o desenvolvimento da Inteligência Emocional é uma necessidade atual e urgente. E não deve estar restrito a estudantes e educadores, mas sim de toda a comunidade escolar. O que certamente irá proporcionar maior sucesso no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Habilidades Emocionais. Educação Básica. Ensino. Abstract Emotional Intelligence is a current issue that has been gaining ground in discussions involving mental health, education and the learning process. Understanding this concept and knowing how to use it in different situations in the daily life of the classroom, especially in the Literacy process, is today a necessity that can make all the difference to the success of the process. In this context, the present study seeks to analyze and discuss the advances in emotional intelligence in the context of Brazilian literacy in the last decade. Finally, we can highlight that the development of Emotional Intelligence is a current and urgent need. And it should not be restricted to students and educators, but the entire school community. Which will certainly provide greater success in the teaching-learning process. Keywords: Emotional Skills. Basic Education. Teaching.
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A proposta do presente artigo é analisar a importância da inteligência emocional e da educação emocional para o desenvolvimento de um ambiente escolar mais saudável, no qual as relações de ensino e aprendizagem não ignorem a afetividade e a dimensão humana entre docentes, alunos e comunidade escolar. O artigo se fundamenta teoricamente no levantamento e análise crítica de bibliografia pertinente ao tema, debatendo as principais ideias e conceitos acerca da efetividade e das emoções na aprendizagem. Dessa forma, o artigo apresentará o conceito SEL (Social and Emotional Learning) como programa educacional aplicado em escolas ao redor do mundo, que visa promover um aprendizado significativo aos educandos, desenvolvendo-os o autocontrole e o autoconhecimento através da prática de suas atividades curriculares, contribuindo para a vida pessoal e profissional, tanto no âmbito educacional como nos espaços extraescolares.
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Um dos grandes problemas que afeta as escolas e constitui tema de investigação recorrente na atualidade, é o Insucesso Escolar. Condicionado por inúmeros fatores e sem se conseguir encontrar soluções homogéneas - que todas as escolas possam pôr em prática e que contemplem a vasta diversidade de estilos de aprendizagem, motivação e características socioeconómicas e culturais dos alunos - a comunidade científica, as instituições de ensino e respetivos agentes educativos e o sistema político, discutem e promovem medidas diversas para dar resposta a este desafio. Em pleno século XXI, mesmo com o maior número de recursos disponíveis, o desenvolvimento das tecnologias e um aumento (embora desigual) da qualidade de vida, a Taxa de Insucesso Escolar tende a ser elevada. Esta situação levou-nos a tentar refletir sobre os fatores que condicionam o (in)sucesso escolar, objetivo que norteou o presente Relatório de Estágio. Vários motivos foram desde logo orientadores do nosso estudo: os professores estarão preparados para ensinar a geração atual? Será falta de motivação por parte dos alunos? Mas o que (des)motiva os alunos? Será que o estatuto socioeconómico e cultural influencia o (in)sucesso? E qual o contributo da inteligência/(in)estabilidade emocional? Porque aumenta o Insucesso quando temos as ferramentas que precisamos para aumentar a Taxa de Sucesso Escolar? A quem atribuir ‘culpas’? Aos professores? Aos pais? Ao sistema de ensino? Aos alunos? À comunidade em si? Ou será de uma falta de parceria entre todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem? Para tentar responder a tantas as questões, optamos por uma metodologia de trabalho que se baseou na aplicação de um Inquérito por questionário, um segundo Inquérito onde questionamos os alunos sobre o seu Projeto de Vida, os resultados escolares obtidos aos longo do ano letivo e na aplicação de grelhas de observação diárias. Da aplicação das metodologias anteriores verificamos que os alunos vivem em contextos completamente distintos, cada um com a sua própria história para contar e cada um com vivências que influenciam a sua prestação na escola, quer seja de forma positiva, quer seja de forma negativa. Palavras-chave: (In)Sucesso Escolar; Estatuto Socioeconómico; Inteligência Emocional; Família; Projeto de Vida.
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This experience report describes and evaluates an intervention developed with ten teachers from a private technical school in Porto Alegre/RS, which aimed to examine indicators of emotional intelligence and how they could contribute to the quality of their interpersonal relationships, particularly with students and with the school direction. A quantitative and qualitative intervention research was carried out on days and at times provided by the school, using the instruments of the Emotional Intelligence Measure and a questionnaire with open questions about emotional intelligence and interpersonal relationships in school, in addition to a proposal, which involved lectures, debates and moments of reflection. The results, obtained through descriptive statistics and inductive thematic analysis, revealed that in addition to a slight improvement in the quality of the teachers’ relations with the students and the direction, it was possible to elucidate and to know the main concerns of the teachers and to point out the present difficulties involved to their work. It was concluded that the intervention served its purpose, although that for significant changes in interpersonal relationships, institutional improvements would also be necessary.
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BACKGROUND: The study about emotions in nursing care reveals that to work with them is essential for the relationship with the patient. It is a dimension of the practical activities of nurses, so that they can show an affectionate sensitivity and comprehension towards the person, while at the same time dealing with the influence of emotions within themselves. The performance of the development of socioemotional skills in nursery includes actions inscribed into the care process with affectionate-emotional perspectives that seek to positively transform the experiences of the subjects involved, with the intention to promote global well-being. AIM: To identify the content and strategies of the teaching-learning related to socioemotional skills in undergraduate nursing education, verifying its effective presence in academic programs. METHODS: Research of a qualitative approach in the perspective of sociopoetics. For the research group device, 13 students participated, effectively enrolled in the last 2 semesters of nursing school, over 18 years old, both genders. The research performs the qualitative analysis of data according to the transcription, categorization and verification of the results. RESULTS: Orientations regarding emotions in undergraduate education revealed to be inexistent, given that in the program there is no content, credit subject or activity that points to this theme, neither a faculty/academic perspective that considers this approach in a transversal and continuous way. CONCLUSION: This study provided the analysis of the socioemotional dimensions of nursing students, identifying that these dimensions are not developed during undergraduate education, opening, therefore, the possibility of curricular program changes to emerge and make way for new spaces for its discussion in university contexts.
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Las emociones están asociadas a acontecimientos significativos que determinan a las reacciones del individuo ante ciertas situaciones. Constituyen la base para el desarrollo intelectual y sociocultural del individuo, y el dibujo las refleja, desarrolla habilidades y, cuando se utiliza con colores demuestra los sentimientos en el momento de la acción, pudiendo aplicarse a niños, jóvenes y adultos. Su uso proporciona instrumentos para el desarrollo integral de la persona, permitiendo aprender a lidiar con las emociones, la vida y los procesos de desarrollo. Objetivo fue identificar a través de dibujos, sentimientos y emociones relacionadas al proceso de aprendizaje del alumno de la enseñanza primaria. Metodología fue basada en investigación bibliográfica y de campo, donde se analizaron los dibujos producidos por niños del 2º y 3º año de la enseñanza primaria y que presentase buena comunicación oral. Criterios de exclusión: no ser alumno de las escuelas seleccionadas, presentar problemas mentales que contaminase la investigación, y alumnos portadores de problemas psíquicos que imposibiliten la comunicación oral. En este estudio se ha aspirado a mejorar los procesos psicopedagógicos que involucran el aprendizaje escolar a través del estudio de los diseños e inteligencia emocional. Resultado: Considerase importante el análisis de los dibujos en niños de edad escolar, con el fin de entender situaciones vividas por los alumnos dentro y fuera de la escuela, sus miedos, sus angustias y rabia, además de todo tipo de emoción que pueda interferir en el proceso de enseñanza aprendizaje.
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This essay aims to demonstrate how social injustice becomes a side effect of the lack of an emotional educational program in the education system. The discussion focuses in the necessity of channeling emotional abilities since early ages and making the four basic dominions of the emotional ability: self-awareness, self-government, social coexistence and relationships management, part of the common knowledge. The emotional ability is a necessary element for both current and future education. This ability is a fundamental piece in the society puzzle, it constitutes a key element in a fair complex human coexistence where individuals learn to govern over their emotions through strategies since their childhood. On the other hand, the need to acquire a deeper knowledge of oneself emotions is highlighted, as well as identifying the emotions of others, develop the ability to regulate our own negative emotions, the ability to create positive emotions and the ability to self motivate in order to adopt a positive attitude towards life. Among the main conclusions, these can be cited: the socio-emotional abilities become a basic aspect of human development; an educational program that seeks to approach this ability requires more than a list of values and attitudes; in order to get out of this a systematic answer, clearly set objectives, contents, mediating activities and evaluation strategies are required.
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In recent years, conflict management has attracted a lot of attention in the field of organizational behaviors. It is investigated that each person has a unique style or approach to conflict and that we, possibly, alter the conflict approach in regards to a given situation. The present study aims to identify the role of emotions and the approaches people utilize in conflict management, and to examine the extent, subjective emotional states, influence their approaches to conflict. In addition, previous research has done a lot of efforts on the relationship between conflict and personality traits. Therefore, it is expected to examine further, whether there is any difference under the effect of face-saving concerns for others in the relation between emotions, and the approaches to conflict. The data obtained from the experiments with 110 participants demonstrated that positive emotional state has a significant positive effect on cooperative approach whereas; negative emotional state has a significant positive effect on competitive or avoiding approach. Furthermore, face-saving concerns for others as a moderating role did moderate the relationship between emotions and conflict management. The results also indicated that different levels of face-saving concerns for others influence the relationship between emotions and conflict management differently.
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This article examines some of the theoretical foundations on which future inquiry on emotions in education may proceed. The study of emotions has a lot of promise in informing the understanding of teaching, motivation, and self-regulated learning; however, it also indicates that inquiry on emotions presents a number of potential challenges. First, the article discusses assumptions about the nature of reality, the nature of the knower, and knowledge that guides the study of emotions. Then, there is a discussion of theoretical views on the nature of emotions that emerge from assumptions about reality and knowledge. Next, the article discusses potential approaches for investigating emotions that have emerged from beliefs about the nature of emotions and assumptions about reality and knowledge. Finally, the article discusses some potential directions for future inquiry on emotions in education. The article also suggests that as this area of inquiry matures, the continual examination of the theoretical foundations on which inquiry on emotions in education is based is seen as fundamental to the healthy development of this research community.
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The full text of my (with Sung Hee Kim) third edition of Social Conflict: Escalation, Stalemate, and Settlement is now available from Lulu Press. --Dean G. Pruitt
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Nuestra sociedad ha valorado de forma pertinaz durante los últimos siglos un ideal muy concreto del ser humano: la persona inteligente. En la escuela tradicional, se consideraba que un niño era inteligente cuando dominaba las lenguas clásicas, el latín o el griego, y las matemáticas, el álgebra o la geometría. Más recientemente, se ha identificado al niño inteligente con el que obtiene una puntuación elevada en los tests de inteligencia. En el siglo XXI esta visión ha entrado en crisis por dos razones. Primera, la inteligencia académica no es suficiente para alcanzar el éxito profesional. Segunda, la inteligencia no garantiza el éxito en nuestra vida cotidiana.
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The paper provides further empirical evidence for validating the instrument for measuring Emotional Intelligence suggested by Rego and Fernandes. The individuals of the first sample were invited to answer to the questionnaire suggested by those researchers and to report their physical health. The individuals of the second sample, after describing their IE, were invited to report their satisfaction with life. The findings suggest a six­‑factor model: (1) understanding of emotions in self; (2) self­‑control before criticisms; (3) self­‑encouragement; (4) emotional self­‑control; (5) empathy; (6) understanding of emotions in others. These dimensions explain 14% of the variance of physical health and 26% of the variance of the satisfaction with life. Although this dimensional structure is similar to the one extracted by Rego and Fernandes, it has some advantages. For example, the semantic contents of the items comprised in each factor are now closer to the meaning of each dimension.
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This study explores how attachment style affects individuals’ relationship maintenance behaviors and conflict management behaviors as evaluated by their close friend. Findings revealed that friends reported greater relationship satisfaction, greater use of prosocial maintenance strategies, and more integrating and compromising conflict behavior for securely attached individuals as compared to preoccupieds, dismissives, and fearfuls. Findings are discussed in terms of the need to consider friendship‐specific relational maintenance behaviors, the conceptual link between attachment styles and conflict styles, and the implications for friendships.
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Purpose The purpose of this paper is to investigate the relationships among emotional intelligence (EI), conflict management styles (CMSs) and job performance at selected local governments in Indonesia. Specifically, the antecedent of CMSs was investigated. Design/methodology/approach A total of 300 government employees from two local districts and one province in Indonesia were asked to complete the questionnaire. The final sample consisted of 228 respondents. The multiple hierarchical regression was used to test the developed hypotheses. Findings The findings indicate that EI was an antecedent of conflict management styles for integrating and compromising styles. Moreover, they illustrate the direct effects of integrating style on job performance. This study also confirms that integrating style partially mediates the relationship between EI and job performance. Finally, the results demonstrate that EI within public organizations has an impact on job performance similar to that of EI within private organizations. Originality/value Previous studies were less focused on the antecedents of conflict management styles on job performance. Further, the effects of two conflict management styles on EI and job performance had previously lacked attention. The paper verifies that EI within public sectors can provide beneficial results as discovered in private organizations.