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Acção, emoção e confiança: o Projecto Direitos Humanos em Acção ­ um caminho de aprendizagens e da mudanças a fazer acontecer um novo mundo, praticando valores do Humano

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Abstract

287 ­ Acção, emoção e confiança: o Pr ojecto Dir eitos Humanos em Acção ­ um caminho de apr endizagens e da mudanças a fazer acontecer um novo mundo, pr aticando valor es do Humano Autores ­ Conceição Lopes, Inês Guedes de Oliveira Universidade de Aveiro | DeCA Palavras­chave: Interacção social; Acção social; interaccionismo simbólico; Jogo. Direitos Humanos. 1. Introdução O Projecto DireitosT PPT Humanos em Acção TPPT reconhece que um novo mundo orientado pela busca dos valores do Humano é possível e diferente daquele que nos é dado. Assim, actuando sobre a experiência das pequenas coisas quotidianas, promove a reflexibilidade crítica a partir da interacção social na construção do Jogo da Caderneta dos Direitos Humanos em Acção. Um dos meios contemplados no design de Comunicação e ludicidade TPPT que estrutura a acção social de co­participação TPPT do Projecto. Assim, a presente comunicação coloca em discussão o enquadramento conceptual que dá sentido ao sistema e estrutura da interacção e acção social. E, apresentar o jogo enunciado como exemplo ilustrativo da operacionalização do quadro conceptual em foco, pretendendo­se, com isso, evidenciar a validade das inter­relações conceptuais de base estabelecidas e, contribuir para a integração da conexão comunicação e ludicidade PTnu ma teoria da acção social. 2. Desenvolvimento A Declaração Universal dos Direitos HumanosTP PTé um referente comum do Projecto DHA que permite estabelecer a relação com pensamento ontológico do ser humano pela compreensão de que o indivíduo e sociedade não são entidades separadas (Mead,1934) são um par dialéctico de produção de dinâmicas da mudança na sociedade. Assim, como refere Norbert Elias a sociedade é uma produção humana (1991), e o Humano uma
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Acção,emoçãoeconfiança:oPr ojectoDireitosHumanosemAcção 
umcaminhodeapr endizagensedamudançasafazeracontecer um
novomundo,praticandovaloresdoHumano
Autores ConceiçãoLopes,InêsGuedesdeOliveira
UniversidadedeAveiro|DeCA
Palavraschave: Interacção social; Acção social; interaccionismo simbólico; Jogo. Direitos
Humanos.
1.Introdução
OProjectoDireitosTPPTHumanosemAcçãoTPPTreconhecequeumnovomundoorientadopela
busca dos valores do Humano é possívele diferente daquele que nos édado. Assim,
actuando sobre a experiência das pequenas coisas quotidianas, promove a
reflexibilidade
crítica a partir da interacção social na construção do Jogo da Caderneta dos Direitos
Humanos em Acção. Um dos meios contemplados no design de Comunicação e
ludicidadeTPPTqueestruturaaacçãosocialdecoparticipaçãoTPPTdoProjecto.
Assim,apresentecomunicaçãocolocaemdiscussãooenquadramentoconceptualque
dá sentido ao sistema e estrutura da interacção e acção social. E, apresentar o jogo
enunciado como exemplo ilustrativo da operacionalização do quadro conceptual em
foco,pretendendose,comisso,evidenciaravalidadedasinterrelaçõesconceptuaisde
baseestabelecidase,contribuirparaaintegraçãodaconexãocomunicaçãoeludicidade
PTnumateoriadaacçãosocial.
2.Desenvolvimento
ADeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanosTPPTéumreferentecomumdoProjecto
DHAquepermiteestabelecerarelaçãocompensamentoontológicodoserhumanopela
compreensãodequeoindivíduoesociedadenãosãoentidadesseparadas(Mead,1934)
sãoumpardialécticodeproduçãodedinâmicasdamudançanasociedade.Assim,como
refere Norbert Elias a sociedade é uma produção humana (1991), e o Humano uma
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produção social (Berger, Luckman, 1986:87), a identidade pessoal não pode existir
independentementedarelaçãosocialcomosoutrosestandoestacontinuadamenteaser
produzidaemodificadaatravésdainteracçãosocial(Mead,ibid).
Para Georde Mead na comunicação os humanos não respondem simplesmente a um
gesto (como o fazem os nãohumanos) mas respondem à relação entre o gesto e o
objectoouaoacontecimentoqueestimulououmotivoutalgesto.Tornandoseassimo
gesto,umgestosimbólico. Nesteperspectivaos humanostentamcompreenderqualo
significadodaacçãodooutro.Destemodo,Meadcolocaareflexibilidadeinterrogativa
nocentrodainteracçãohumanaesocialaoindicarnoseuquadroteóricoapossibilidade
decadaindivíduopoderactuarfaceasi próprio,faceaosoutroseàsociedade(ibid).
Aoelegercomofinalidade,apromoçãoeacoproduçãodesituaçõesdeexperiênciaque
induzamahábitosTPPTdeparticipaçãocívica,adoptaporumlado,aperspectivadosvalores
queosdireitoshumanoscontemplam,assumindoqueoseuenunciadoéaexpressãoda
naturezaessencialdoserdo Humano,dascondiçõesdedignidadehumanae socialda
sua existência, que se querem ver generalizados, à luz dos valores de igualdade,
liberdadeefraternidade,abrangendotodososHumanosetodos,nela,consideradosno
mesmo pé de igualdade. Por outro lado, escolhe o caminho de conceptualização e da
operacionalização metodológica da acção social que orienta as práticas dos seus
protagonistascrianças,jovenseadultos.
Ainteracçãocomunicativa
O ideal da comunicação é a intercompreensão, a interacção comunicativa, o meio
pragmáticodecoproduçãoderealidades,mastambém,umprocessodeencontrofacea
face(Goffman,67)quepossibilita,nãoapenasodesenvolvimentodequadrosdeafeição,
emoção social e de confiança essenciais à coprodução em comum, de realidades
subjectivaseintersubjectivas.
Assimsendo,osprotagonistassignificantesdos DHAsãooseducadoreseprofessores
quedinamizamodesenvolvimentodecontextossituacionaisdestacoprodução,frutoda
partilha e troca simbólica cultural e social positiva. As estruturas de simetria e de
complementaridade da interacção conjugamse nos diversos papéis sociais que cada
protagonista do projecto nele detém e ficam sujeitas à intencionalidade e ao uso da
consciência de cada um que espontânea e voluntariamente, num encontro de faces,
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estabelecem o compromisso de dar em pequenos, mas significativos passos, para um
mundo mais humanizado à sua volta. Assim, logo sinto, logo sou, logo existo, logo
penso,logorio,logoinsisto.Adificuldadeestá,desdelogo,garantida.Ousartransgredi
la pela positiva e ultrapassálas é fruto do desejo, do desígnio e do desenho que os
direitos humanos em acção prosseguem. É necessário sentir, rir, pensar social e
emocionalmente, pensar criativamente, pensar analiticamente e conjuntivamente para
compreenderassituaçõeseactuaremdiversostiposdeacçãosocial,lúdicaenãolúdica
AludicidadeTPPTéumdostiposdeacçãodoProjectoDHAquecontribuifavoravelmente
para o desenvolvimento de hábitos de sociabilização emocionalTPPTsingular, de
reflexibilidade interrogativa, espontânea e rápida de acção intuitiva que a interacção
comunicacional desenvolve naacção de agir e pensar sobreos contextos de violação
dosdireitoshumanos.Comadinâmicade mediaçãodaleituradashistóriasdojogoda
caderneta e dos valores de referência ao Humano, criase um conjunto de condições
paraquecada protagonista,ao fazerusodasua “mente”TPPTapoiadoseassessoradospor
um outro, reconhecido, por si, como um significante, se reconheça, na situação co
construída,capazdepoderactuar sobresipróprio.Destemodo,realizaseoconfronto
do seu “eu mesmo” a força impulsionadora que explica os impulsos criativos e
imprevisíveis interiores a cada pessoa com o seu “eumim” que integra os padrões
organizados e compartilhados com outros e que, segundo George Mead, fornece a
orientação e a direcção, constituindose no comportamento socialmente aceitável
contribuindo, para a unificação da identidade Eu (Mead,1967) a actuação, pela
reflexibilidadeinterrogativaecríticabidireccionaldoeumesmocomoeumim.
O processo vivenciado de comunicação e ludicidade aumenta a probabilidade da
comunicação que a potencia. Contudo a conexão estabelecida entre comunicação e
ludicidadeea suaoperacionalizaçãoimplicaumametodologiadeactuaçãoemruptura
com as metodologias cognitivistas clássicas. A este propósito, Gaston Bachelard
assinala a importância das metodologias que designa de “cosmogonias intuitivas”
referindo que estas metodologias dão forma a actividades especulativas como a
imaginação e a criatividade. O design de ludicidadeenquadrase nestas metodologias
que o Projecto DHA promove e desenvolve. Nesta perspectiva as reciprocidades de
actuaçãoque sedesenvolvemnasituação deludicidade,entre oeu mesmocomoeu
mim,decadaprotagonistacomooutrosignificante,odinamizadordasituaçãoeambos,
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face ao outro generalizado, configuramse diversos papéis sociais no processo da
reflexibilidade interrogativa. São simultaneamente autores, realizadores, e audiência,
coproduzindoguiõesdeacçãoedapontuaçãodassequênciasdainteracçãoporvezes
emflashesdesentido,porvezesdesconexosenemsempreordenados,mascujosefeitos
aexperiênciadoencontrodefacesserevelaemmodosdepensardeumoutromodoe
deinteragiremcoerênciacomumnovoquadrodereferência.
Do confronto destas modalidades pragmáticas, evidenciase a reflexibilidade crítica
geradapelainteracçãosocial,nestecasodaludicidade,queapesardaimperceptibilidade
da continuação dos seus efeitos, como refere Kauffmann, referindo a este tipo de
metodologias, elas não devem ser substimadas dado que “mil pequenas decisões
congruentes participam para construírem uma trajectória identitária” (2003:229). A
propósito,PaulWatzlawick,umdosmembrosdo ColégioInvisível,econtinuadordos
estudosdeBateson,nosanos80nasuaobra“ARealidadeéReal”desenvolveaquestão
da construção da realidade e identifica a existência de três tipos de realidade, a de
primeiraordem,quedizrespeitoaosfenómenosfísicos,adesegundaordem,decorreda
capacidadehumanadeatribuirsignificadoàscoisas,quedáasubjectividadeaosujeito
queaconstróie,arealidadede terceiraordem,a daintersubjectividaderesultantedo
encontro, mutuamente, compreensivo dos sujeitos. [Watzlawick,78]. Watzlawick dá,
assim,evidênciaàsfunçõesintrapessoaisqueseestabelecementreo“eumesmo”eo
“eumim”eàsfunçõesinterpessoaisdoeucomumoutrosignificanteeametaidealda
comunicação,aintercompreensão.
Deste modo, se estabelece o fio condutor que une, significativamente, o sentido das
relações sociais e dos vínculos interpretativos existentes entre a multiplicidade e a
diversidadedasmanifestaçõesverbaisenãoverbais,criativas,lúdicasenãolúdicascom
osseusefeitos,nacoconstruçãosubjectivaeintersubjectivadasrealidadesde2ªe3ª
ordens, que constituem o mundo de vida de cada protagonista do projecto, e possam
compreender a indissociabilidade dos valores do Humano e escolham, entre um
universodepossíveisescolhas,darprimaziaàinteracçãocomunicacionalorientadapor
essesvalores.
A perspectiva de George Mead ao destacar o papel do sujeito social, em relação ao
sistemasocial,demonstraqueosfundamentospsíquicosdaacçãosocialsealimentada
interacçãosociale éatravésdestaqueosujeitoconstróioseucomportamento,sendo
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esteresultadodadinâmicadereciprocidadedesenvolvidaentreossujeitos.Enfatizando
a relação dos seres humanos com a sociedade, sustenta que para estudar o
comportamentodealguém,énecessárioestudarocontextodasuaprodução,bemcomo
a percepção do sujeito sobre o seu meio ambiente, esta perspectiva é acentuada pelo
Colégio Invisível de Palo Alto (1967) o que permite criticar os comportamentos
etnocêntricos e acentua a necessidade de compreender os símbolos de cada cultura.
TambémBlumerTPPT,noqueserefereàinteracção,sublinhaopapelindividualdosactores,
protagonistas,nosgrupos,nasinstituiçõesenasociedade,considerandoos“nãocomo
estruturas ou organizações per si, mas como interligações de interacções simbólicas
humanasbásicas[Blumer69]emfunçãodomeioemqueserealizamasinteracções.
A força simbólica da Declaração universal dos Direitos do Homem permite a
generalizaçãodeumanoçãodeHumanoedacompreensãodainteracçãosocialfacea–
face, não como uma interacção de contacto superficial em que a compreensão e a
intercompreensãonãosãoosalvosescolhidosdoprocesso massimcomoumtempoe
umlugardabuscadaintercompreensãomútua.
A relação conceptual estabelecida permite articular de modo não somatitvo e total,
diferentesdimensõesdadinâmicadainteracçãosimbólicacomunicacionalqueumavez
corelacionados conferem uma unidade pragmática, sociológica e antropológica a ser
explorada.
AcçãoSocial
Duasdefiniçõesservemdeguiaàcompreensãodaacção social.A primeira,a quese
situa na tradição compreensiva e interaccionista de Max Weber que considera que a
acçãosocialésubjectiva.Nestesentidoelaédeterminadapelasrealidadesde2ª.ede3ª
ordens já referidas, “a acção (humana) é social, na medida em que, em função da
significaçãosubjectivaqueoindivíduoouosindivíduosque agemlheatribuem,toma
em consideração o comportamento dos outros e é por ele afectada no seu curso”
[Weber,1964:88]. Ou seja, existe a compreensão de que a acção social tem valor de
signooudesímboloquer paraoprotagonistaquerparaosoutroscomqueminterage.
Nesta perspectiva, a acção social é influenciada pelo significado compartilhado por
todososquedelaparticipam.Poderádizersequeéumaacçãomediadoraconsciente.
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Asegunda,aquesesituanatradiçãodeEmileDurkheim,paraquemaacçãosocialé
fruto da “consciência colectiva” e transcende o protagonista da acção e constitui as
“maneirasdeagir,depensaredesentir,exterioresao indivíduo,equesãodotadasde
umpoderdecoerçãoemvirtudedoqualselheimpõem”[1904].Assim,aacçãosocial
resultadasubordinaçãodaacçãohumanaàsformascolectivasdeagir, de pensarede
sentir.
GuyRocheranalisandoastradições,respectivamente,“compreensiva”e“positiva”que
envolvem as duas definições dos autores enunciados, afirma a complementaridade
existente entre ambas e destaca que “a realidade social não é nem exclusivamente
interna aos sujeitos que a vivem, nem exclusivamente exterior a eles; é vivida em
perspectiva, em situação, pelas pessoas em causa, a quem se impõem do exterior,
simultaneamente,constrangimentos(
contraintes
)elimitações”[Rocher,1971:4157].
A conceptualização exposta no segundo eixo interrelacionase com a enunciada no
primeiro eixo, compreender a acção social como interacção social e esta como
interacçãosimbólicaseremeteparaarelação:comunicaçãohumanaesociedade
Deste modo, evidenciamse as seis premissas que advogam a clarificação desta
afirmação desta relação: a primeira afirma que a mente, o eu e a sociedade não são
estruturasdistintas,masprocessosdeinteracçãointrapessoaleinterpessoal;asegunda
referequeainteracçãoéumpontodevistaqueenfatizaalinguagemcomomecanismo
primárioqueculminanamenteenoeudoindivíduo;naterceira,amenteéconcebida
comoainteriorizaçãodeprocessossociaisnoindivíduo;naquarta,oscomportamentos
são construídospelo indivíduo no decursoda suaacção, não sendo o comportamento
puramentereactivo,deummodomecanicista;aquintapremissadefendequeoveículo
primárioparaacondutahumanaéadefiniçãodasituaçãopeloactor;finalmenteasexta
eúltimapremissa,oeuéconstituídopordefiniçõestantosociaiscomopessoais[Manis
eMeltzer72]e[Litlejhon78].
Comestaabordagemreforçaseacompreensãodequeacomunicaçãohumanaesocialé
reconhecidacomoumprocessodeinteracçãosimbólicaTPPT.
O Interaccionismo Simbólico de Mead conduziu ao desenvolvimento do seu
pensamento e formação da Escola Dramatúrgica, nomeadamente Burke [1969] que
destacaoconceitodesubstânciacomoessênciadoHumano,referindoquecadapessoa
possuiumasubstânciaúnicaquesemprecoincidirá,nalgumaparte,comasubstânciado
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outro,sendo oprocesso decomunicaçãoumprocessode interacçãosociale a função
directadasuaconsubstancialidadeoudepropriedadesecaracterísticascomuns.Retoma
as premissasde Meade de Blumer e,refere mais ainda, quea participação activa do
Humano na substância comum favorece a comunicação porque cria uma condição de
significadocompartilhadoparaossímbolosemuso.
Também,ErvingGoffman[19221982]sesitua nestaescolade pensamentoe destaca
nassuasobrasquecomunicaçãoéainteracçãoebasedaformaçãosocial.E,realçaque
a interacção é regulada por um acordo tácito, que preside à definição de qualquer
situação: quando um indivíduo, implícita ou explicitamente, indica que possui certas
característicashumanasesociaiseledeveserdefactoaquiloquedeclaraser,exigindo
moralmenteaosoutrosqueoreconheçameotratemcomoseapresenta;qualquersujeito
tem o direito moral a esperar que os outros o apreciem e tratem de modo
correspondente.Sãoestesdoisprincípiosqueconstituemopactoinicial,quedefineas
condições para a situação se desenvolver ou não, ou se interromper. Ou seja, a
interacçãosocialéreguladaporumcompromissoéticoemoral.Colocandoseaquestão
porumlado,do condicionamentoeporoutro,daliberdadeedasua ligação,denovo,
aosvaloresTPPT.
OJogodacadernetadosDireitosHumanosemAcção
OJogodaCadernetadosDireitosHumanosemAcção[(MCOLopes,eVieira,A.2003)
e (MCOLopes eMartinho Marques, 2002)]tem por basea Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948), visa motivara interacção social através da dinamização da
conversa e da negociação que começam na escola e no jardimdeinfância entre
professores e alunos nas escolas e prolongamse no quadro familiar, com a mesma
finalidade, buscar soluções para as 22 histórias/problemas de violações dos direitos
humanosqueacadernetaapresenta.
Atravésda manifestaçãodaludicidade–jogo, ainteracçãocomunicacionaléregulada
pela lógica de “soma zero”, o que significa segundo Paul Watzlawick (1983) que há
vencedores e vencidos, neste caso representado o vencedor pelos jogadores que em
conjuntoconstroem asvinteeduassoluções,afirmandoosvaloresdoHumanonaacção
quequeremversalvaguardados.E,osvencidossãorepresentadospelosvioladoresdos
direitoshumanosque cadahistóriaproblemaidentifica. Sendouma manifestaçãopré
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regrada os jogadores aceitam as regras que antecipadamente definem as situações do
jogo e sujeitam os seus papéis sociais à lógica da defesa e promoção dos direitos
Humanos.
Aquestãoqueatravessatodoojogoéadequecadaum,nodiaadia,noseumeiode
vida,pode e écapazde promovere defender,pela suaacção, os valoresdohumano,
praticandoos.
AchavedaaventuradojogodacadernetadosDireitosHumanosemAcçãoéaemoção
social,aconfiançaesatisfaçãodoreconhecimentodessaacção,simbolizadonosorriso
desenhado a cores em cada um dos 22 cromos autocolantes diversamente pontuados.
PorcadasoluçãoencontradaaEducadoraouProfessoraofereceumsorriso–ocromo
respectivo,comovalorrespectivo,queo jogadorvaiacrescentandonacaderneta e no
cartãodemilitantedosdireitoshumanosemacçãoqueguardanamochila.Odesígnio
doprojectoquenojogoenadinamizaçãodaestratégiasedesenhaconduzaoresultado
do jogador preencher de sorrisos a caderneta que depois, um artefacto de grandes
dimensões,apartirdelaconstruído,divulga.
AmobilizaçãodoEumim,damente,daacçãoedainteracçãohumanaesocialencontra
naexperiênciacriativadacomunicaçãofaceaface,destejogooquadrodereferênciade
das aprendizagens e das mudanças. Na experiência com um outro significante,
descobremse novas valorizações para o que já se pensava, assimilamse outras
consubstanciadasecompartilhadasingrupo.
As abordagens teóricas precedentes levam à consideração de que a acção social
correspondeaumaordemdainteracçãosimbólicaqueestandosubordinadaaumadada
cultura,eàrelaçãodialécticaentreoprotagonistadacomunicaçãoeasociedadequese
interligam na co produção do sentido das práticas sociais e que regulam de modo
responsáveloscomportamentosindividuais.
Outrasperspectivassociológicasde análisecomunicacionalesocial,complementamo
quadrodereferênciaconceptualdoprojectoquenãosãoofocodestaapresentação.
Ao terminar de expor o enquadramento teórico e orientador do Projecto Direitos
Humanos em Acção citando a propósito Derrida, “a mundialização éorganizada pela
rede conceptual do homem, do próprio do homem, do direito do homem, do crime
contra a humanidade do homem. Essa mundialização quer ser portanto uma
humanização”(2001:10 11).
LIVRODEACTAS– 4ºSOPCOM
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A televisão é um dos media mais poderoso e está presente em quase todas as casas dos portugueses. Segundo os dados estatísticos da “Obercom” referentes ao ano de 2008, em Portugal verificou-se que 74,1% dos agregados familiares portugueses dispõem de dois ou mais televisores e 99,5% dispõe de um televisor. Em relação ao modo de acesso, em 2010, 47,8% continua a usufruir da televisão analógica e 42,8% por satélite/cabo. Estes dados sublinham a importância dada pelos portugueses às emissões televisivas. Da articulação dos seguintes fatores: i) reconhecimento do poder de influência da televisão; ii) quantidade de horas que as crianças estão frente ao televisor; insuficiente controlo parental sobre as escolhas do que as crianças vêm; iii) identificação de manifestações de violência, diretas e dissimuladas nos conteúdos da telenovela “Morangos com Açúcar” iv) reconhecimento de que a telenovela, em geral, capta níveis elevados de audiências; v) as crianças têm tendência a reproduzir padrões de comportamento que vêm na televisão desenvolveu-se um estudo de caso, no âmbito do mestrado em comunicação multimédia, da Universidade de Aveiro, pretendendo-se dar um contributo para o estudo do binómio televisão-violência. E, recolher as orientações de um grupo de 14 crianças, telespectadoras assíduas da telenovela “Morangos com Açúcar”. Para o efeito selecionou-se o episódio 121 da 9a série e analisaram-se dois fragmentos em que estão expostos vários tipos de violência interpessoal, protagonizada pelos personagens Brian/Ana Rita e Marcus/Bruno/Kiko.
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On 1 February 2003, the Chinese authorities in Guangdong Province reported that 300 people had become ill and five had died in an outbreak of a mysterious respiratory illness. On 28 February a Chinese doctor, infected in Guangdong, stayed at the Metropole Hotel in Hong Kong. Twelve other guests at the hotel contracted the illness. When the infected guests left the hotel and fiew home they carried the virus to five countries in three different continents. Two remained in Hong Kong. In Canada the disease spread through two extended families. In Vietnam and Hong Kong health workers became infected. An infected health worker from Singapore flew to New York then on to Frankfurt. Meanwhile, the disease continued to spread throughout China. On 24 March, the World Health Organisation (WHO) announced that Sars is a new form of the coronavirus, a pathogen known to affect humans, but not a global killer. Strict containment of all known cases is vital. A team of WHO doctors had been in Beijing but was waiting for permission to visit other provinces where there were thought to be clusters of cases. After a week of waiting, the doctors were allowed to go to Guangdong. Under intense pressure and criticism from WHO, the Chinese Health Ministry announced the outbreak had begun five months earlier. They had far more cases than the 40 previously announced — nearly 400. On 5 April, China apologised for its slow response to the Sars outbreak. There were allegations that officials had covered up the extent of the spread of the disease.
Article
Social stress can be understood by incorporating interruption theory as developed in research on stress into a model of identity processes drawn from identity theory. From this perspective, social stress results from interruption of the feedback loop that maintains identity processes. I discuss four mechanisms of interruption of identity processes: broken identity loops, interference between identity systems, over-controlled identity systems, and the invocation of episodic identities. Each of these four mechanisms is associated with conditions known to produce feelings of distress. Finally, I discuss how personal evaluation relates to identity processes and distress, and how distress, can lead to changes in identity.
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Of contemporary interest in the sociology of emotions and social psychology of self is the question of the reciprocal relation of affect or emotion and self. This question is pursued by asking how affect or emotion impacts the identity theory variables of commitment, identity salience, and role performance as well as by asking how these identity theory variables impact persons’ affective responses. Brief reviews of the general literatures on emotion, the symbolic interactionist literature (from which theoretical frame identity theory derives) on emotion, identity theory itself, and characteristics of social sentiments and emotional outbursts allows the development of expectations about the interrelation of sentiments and emotional outbursts and identity theoretic variables.