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ENSINO VIVENCIAL DE EMPREENDEDORISMO INOVADOR: ESTUDO DO
PROGRAMA AWC - ACADEMICWORKING CAPITAL
Artur Ribeiro
Eduardo Bonilha
Patrícia Krakauer
Guilherme Plonski
Universidade de São Paulo
Resumo: Este estudo analisa o surgimento de um programa de aprendizagem vivencial
focado em trabalhos de conclusão de curso (TCC) de Engenharia e Ciências Aplicadas. O
programa objetivou oferecer experiências de aprendizagem ativa nas quais os alunos eram
responsáveis por direcionar seus trabalhos no sentido de transformá-los em empresas
nascentes de base tecnológica. Este estudo, de cunho exploratório e qualitativo, centrou-se em
analisar, por parte dos alunos, (i) a percepção quanto aos processos de aprendizagem, (ii) a
motivação para continuar com o negócio, (ii) o engajamento com o conhecimento envolvido
no TCC e (iii) a relação com a temática empreendedorismo inovador.
Palavras-Chave: empreendedorismo; spin-offs universitárias; aprendizagem experiencial.
Introdução
Ao passo que o empreendedorismo inovador, especialmente focado no nascimento de
empresas baseadas em alta tecnologia (EBTs) com grande potencial de crescimento, tornou-se
um dos pilares centrais na busca por reinvenção de economias e geração de riqueza, cresceu a
atenção dada à universidade e seu papel na oferta de recursos (capital humano, produção
científica, avanços tecnológicos etc.) de maneira orquestrada na criação de ambientes
vibrantes para o surgimento de empreendimentos (Isenberg, 2010).
No Brasil, o crescimento também se deu quanto à demanda pelo estímulo ao
empreendedorismo por parte de diversos agentes, sejam meios governamentais, esforços
privados, fortalecimento de ambientes acadêmicos para inovação e outras ações, dando, deste
modo, certo destaque ao país em estudos como o Global Entrepreneurship Monitor, que
aponta o país como a maior taxa de empreendedorismo dentre os BRICS (Singeret al., 2015).
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De modo mais específico, São Paulo se destacou no Global Startup Ecosystem Ranking como
principal ecossistema da América Latina e décimo segundo no mundo (Hermann et al., 2015).
Quanto ao papel da universidade em ecossistemas de empreendedorismo, o destaque é
grande, porém, no Brasil há críticas sobre a atuação deste agente. Levin (2015) apresenta a
crítica de capitalistas de risco estrangeiros sobre os desafios de investir no Brasil, com ênfase
dada à formação de talentos capacitados para atuar em negócios de tecnologia sendo o maior
gargalo da nação. Os estudos Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras (Endeavor,
2012) também corroboram para tal afirmativa, dando luz ao alto interesse dos universitários
em empreender, mas com baixo direcionamento da universidade para suporte nesse sentido.
Nesse contexto, as universidades possuem diversos horizontes possíveis para o
engajamento com iniciativas de fomento, podendo desenvolver, inclusive, um ecossistema
próprio para empreendedorismo, organizando seus agentes de modo a fomentar tal
movimentação em seu ambiente (Lemos, 2012). Um dos possíveis desdobramentos em termos
de iniciativas são as ferramentas e processos de ensino, que podem vir a ser pensados de
maneira diferenciada na formação de empreendedores, como aponta Krakauer (2014), ao
propor um estudo centrado na utilização da aprendizagem experiencial como processo para
formação de empreendedores.
A autora destaca, ainda, que pode haver ganhos positivos na formação de
empreendedor por meio da proposição de processos que envolvam interação do indivíduo
com o seu ambiente, de modo a estimular maiores conexões e relações com o aprendizado,
relatando o defendido por Kolb (1984) e Dewey (1916).
Considerando o contexto acima apresentado, a atual pesquisa procura
avaliarmecanismos de aprendizagem vivencial aplicado ao empreendedorismo inovador, por
meio do estudo de um programa de apoio e incentivo a estudantes de engenharia e ciências
aplicadas, cujos trabalhos de conclusão de curso têm potencial para virar novos negócios de
base tecnológica.
Após revisão teórica sobre o papel da universidade em ecossistemas de
empreendedorismo, a aprendizagem vivencial e o ensino de empreendedorismo, o artigo
apresenta a descrição do objeto de estudo (Programa AcademicWorking Capital) e as análises
realizadas a partir de pesquisa quantitativa aplicada aos alunos participantes, visando entender
as percepções sobre os mecanismos de aprendizagem vivencial e seus resultados.
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Como contribuição, este estudo poderá ser indicar caminhos teóricos e práticos para o
ensino do empreendedorismo nas universidades, fomentando a geração de empresas
inovadoras.
Contexto da Pesquisa e Objetivos
Destacada a importância das universidades em ecossistemas de empreendedorismo e o
papel de novos processos de ensino, alguns questionamentos nascem em meio às vivências
dos pesquisadores envolvidos em atividades de estímulo à aprendizagem. A atividade de
estímulo em questão se tratava do programa AcademicWorking Capital (AWC), desenvolvido
pelo Instituto Tim com apoio da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP)
e do Núcleo de Empreendedorismo da USP (NEU), um programa voltado para o
financiamento e direcionamento de trabalhos de conclusão de curso de alunos de engenharia e
ciências aplicadas a processos que buscavam sua aproximação com o mercado e possível
implementação em forma de novo empreendimento de base tecnológica.
O programa se destacou pelo pioneirismo na abordagem que busca uma interface entre
trabalhos técnicos e ambientes de empreendedorismo e inovação, sendo considerado,
portanto, uma boa referencia a ser estudada no contexto de novos métodos de aprendizagem
vivencial. Assim estando imerso no contexto de trabalhos de conclusão de curso de
engenharia, este estudo tem como objetivo investigar as percepções dos alunos participantes
do AWC sobre mecanismos da aprendizagem vivencial aplicada nas atividades propostas do
programa.
Deste modo, o presente estudo se desdobra nos seguintes objetivos:
Primário: analisaras percepções dos alunos sobre mecanismos de aprendizagem
vivencialem empreendedorismo,aplicados ao contexto de trabalhos de conclusão de curso
(TCC).
Secundários: (i) descrever os processos, os métodos e ferramentas utilizadas, de
perspectivas práticas e vivenciais, para ensino de empreendedorismo a alunos em trabalho
de conclusão de curso; (ii) levantar as percepções dosalunos quanto ao amadurecimento na
relação com o trabalho de conclusão; (iii) avaliar, pela visão dos alunos, métodos e
ferramentasutilizadas, resultados e aprendizados alcançados, além de perspectivas futuras
quanto à criação de empresas inovadoras.
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Referencial Teórico
Nesse tópico, serão abordados conceitos relativos ao papel da universidade em
ecossistemas de empreendedorismo, importância da geração de spin-offs acadêmicas (SOA),
aprendizagem vivencial e ensino de empreendedorismo.
Papel da Universidade em Ecossistemas de Empreendedorismo
Alinhando às colocações apresentadas no tópico de introdução do presente estudo,
diversos autores defenderam, ao longo de suas pesquisas, o papel da universidade em
ecossistemas de empreendedorismo. Glaesser e Kerr (2010) e Kon et al. (2014) destacam que
os ecossistemas de maior relevância são aqueles com robustas relações com instituições de
ensino superior, podendo-se tomar como exemplo os casos do Vale do Silício e de Israel,
fortemente presentes no estudo de Kon et al. (2014) sobre ecossistemas.
Ao destrinchar as propostas de diversos pesquisadores, tal como Lemos (2012),Feld
(2012), Isenberg (2011), Regele e Neck (2012), é possível identificar alguns caminhos claros
para quea universidade possacumprir o papel de estimuladora em ecossistemas de
empreendedorismo. Dentreos diversos apontados, cinco caminhos podem ser considerados
como de maior ênfase, em especial quando se trata de universidades de pesquisa:
(i) Capacitação básica em metodologias de geração de empresas e ferramentas de gestão;
(ii) Suporte ao desenvolvimento tecnológico nascido a partir de pesquisa científica;
(iii) Identificação e estímulo a alunos que se mostram potenciais empreendedores;
(iv) Oferta de estrutura física para atividades que tornem o ecossistema vibrante e conectado;
(v) Geração de impacto nas comunidades às quais se insere.
A educação formal, especialmente aquela centrada em gestão aplicada a diversos
campos do conhecimento, é considerada por autores como Etzkowitzet al. (2000), Bessand e
Tidd (2009) e Lopes (2010) como elemento de suma importância na formação de
empreendedores dentro da universidade. A partir do contato com elementos de gestão, os
alunos passam a ter maior confiança quando às possibilidades de desempenharem de maneira
prática e empreendedora suas atividades de pesquisa e estudos particulares.
Aprendizagem Vivencial e Ensino de Empreendedorismo
As abordagens de ensino passam por diversas correntes. Nas universidades,
geralmente estão ligadas ao espectro da abordagem tradicionalista, na qual, segundo Santos
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(2005), a figura do professor dentro de uma sala de aula faz com que o aluno seja somente um
sujeito passivo e que acumulará informações ao decorrer do programa de ensino. Essa é uma
estrutura na qual a transmissão do conhecimento cabe essencialmente ao professor, quase sem
interferências dos alunos e seus interesses.
Com o desenvolvimento de novas abordagens, ocorreu maior aproximação de
conceitos nos quais há interação entre o sujeito e o objeto. Algumas abordagens alinhadas a
tal perspectiva são apresentadas na tese de doutorado de Krakauer (2014), na qual propõe uma
abordagem experiencial para o ensino de empreendedorismo baseado na teoria da
aprendizagem experiencial proposta por Kolb (1984). Para a autora, essa aproximação com
questões de interação sujeito-objeto ganha maior atenção na abordagem cognitivista (ou
“piagetiana”), proposta que se volta para aprendizagem como transformação de estruturas
mentais já existentes, decorrentes de interações entre o sujeito e o objeto. Dessa forma, tem-se
ênfase maior no papel da aprendizagem por experiências, diretamente ligadas aos modelos de
Dewey, Lewin e Piaget, nos quais a tensão e o conflito oriundo da interação do indivíduo com
o ambiente em que está inserido reflete diretamente nos processos de aprendizagem (Kolb,
1984).
Em relação ao papel do educador nos ambientes centrados nas experiências, Blikstein
(2008) defende que passa a ser não mais de pressionar à implementação de roteiro definido,
mas facilitar interações de estudantes com o contexto em que se encontram, indo ao encontro
da metáfora do conhecimento como rede proposta por Machado (2004) que preconiza os
centros de interesse dos alunos em uma sala de aula.
Quadro 1: Modelos de aprendizagem para empreendedorismo
MODELO DESCRIÇÃO
Moraes e
Hoeltgebaum (2003)
Apresentam um modelo dividido em três etapas:
(1) Aprendizagem para empreender: aquisição de habilidades que permitam ao aprendiz
empreender;
(2) Aprendizagem gerencial: voltada ao aprendizado da gestão de um negócio;
(3) Aprendizagem estratégica: aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes que
lhe possibilitam agir estrategicamente no seu negócio.
Politis (2005) Apresenta um modelo em três fases, voltadas àaprendizagem por experiência:
(1) Conhecimento empreendedor: é o conhecimento estruturado pela prática e pela
observação, ocorrendo ao longo do tempo;
(2) Experiências da carreira do empreendedor: os três tipos de experiências relevantes na
carreira dos empreendedores são: em criação de novas empresas, em gestão e no ramo
especifico em que se pretende atuar;
(3) Processo de transformação da experiência em conhecimento: processo de
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transformação de experiências, as quais são continuamente criadas e recriadas. Traz
nessa fase dois conceitos: exploitation e exploration. O primeiro e explorar o que ja e
conhecido e o segundo e explorar o novo.
Rae (2004) Apresenta um modelo que foca em três aspectos:
(1) Formação pessoal e social: a pessoa pode desenvolver a sua identidade
empreendedora por meio de sua formação pessoal e social, ou seja, através de
experiências de vida, da educação formal, das relações familiares e sociais.
(2) Aprendizado relacionado ao contexto: ocorre quando as pessoas relatam e comparam
as suas experiências individuais com as de outras pessoas, criando e compartilhando
significados. O aprendizado e intuitivo e teórico, possibilitando fazer conexões entre os
aspectos de sua vida e açõespráticas.
(3) Empreendimento negociável: Trocas interativas entre pessoas envolvidas no processo
de aprendizagem e e subdividido em: empreendimento conjunto e parcerias; significados
compartilhados, estrutura e práticas; mudanças dos papéis ao longo do tempo; e inserção
em redes de relacionamentos externas.
Fonte: Krakauer (2014)
Trata-se de buscar avançar na compreensão de metodologias específicas para se
ensinar uma temática que abraça várias perspectivas teóricas e tem variantes em sua
conceituação existentes tanto no senso comum quanto no conhecimento científico. Sendo
tema de fronteira do conhecimento, a utilização da aprendizagem experiencial tem despontado
como uma possibilidade (Rae; Carswell, 2000;Zampier;Takahashi, 2011) e tem ganho espaço
nas universidades brasileiras como no programa de mestrado profissional da USP e na
faculdade FATEC-SEBRAE, somente para mencionar alguns casos.
Procedimentos metodológicos
Trata-se de uma pesquisa exploratória que visa investigar as percepções dos alunos do
Programa AWC acerca da experiência vivenciada. Para se atingir este objetivo principal,
optou-se pela realização de um estudo de caso, com triangulação de dados, considerando que
para Yin (2005) é um método que possibilita o uso de uma grande variedade de evidências,
como documentos, artefatos, entrevistas e observações.
Entende-se que a técnica de triangulação de dados é uma das formas de se buscar
confirmação de dados em pesquisas com esta natureza (Eisenhardt, 1989) e aumentar a
precisão da análise das evidências, podendo ser realizada através do uso de metodologias
diversas, diferentes coletas de dados ou mesmo através da observação de diferentes
pesquisadores (Flick, 1992).Assim, foram adotadas as seguintes estratégias de pesquisa para
compor a triangulação pretendida: (i) pesquisa documental sobre o Programa AWC; (ii)
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observação participante realizada por dois pesquisadores, mentores do programa e (iii)
levantamento quantitativo com os alunos participantes do programa.
O objeto de estudo (unidade de análise) é o Programa AWC-AcademicWorking
Capital, que foi desenvolvido junto a alunos de último ano do curso de engenharia, em
especial da Poli-USP, com o objetivo de apoiar com conhecimento e recursos financeiros o
desenvolvimento de novas empresas a partir dos trabalhos de conclusão de curso. Dois dos
autores atuaram como mentores do Programa AWC, participando ativamente de todas as
atividades e suportando os alunos nas decisões e desenvolvimento dos produtos e modelos de
negócios. Esta participação permitiu a observação direta dos fatos e o acompanhamento da
aplicação de atividades de ensino junto aos alunos.
Conforme as estratégias de pesquisa propostas para a triangulação, os seguintes
procedimentos foram utilizados para a coleta de dados:
1. Levantamento de dados em fontes secundárias (documental): a pesquisa documental
foi realizada por meio de materiais de apoio e websites do Programa AWC e do
Instituto Tim.
2. Levantamento de dados através da observação participante: a observação foi direta e
participativa, objetivando obter dados in loco para a descrição das etapas desenhadas
pelos organizadores do programa. Utilizou-se para tal as etapas preconizadas por
Queiroz et al. (2007): (i) inserção do pesquisador no meio social; (ii) coleta dos dados
e registro de informações no diário de campo; e (iii) sistematização, organização e
análise dos dados obtidos.
3. Levantamento quantitativo: elaboração e aplicação de questionário estruturado aos
participantes do Programa AWC, considerando os objetivos do estudo e as
experiências vivenciadas pelos estudantes;
E para a análise dos dados foram os seguintes procedimentos:
1. Análise comparativa dos dados secundários com os dados obtidos com a observação
participante, culminando na descrição detalhada das etapas do programa que será
apresentada no tópico 5.
2. Análise quantitativa dos dados obtidos com a aplicação do questionário, sendo
calculados percentuais, desvio padrão e rankings, quando fosse o caso. Tal análise
será apresentada no tópico 6 do presente artigo.
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3. Análise dos resultados obtidos com o levantamento quantitativo à luz do referencial
teórico e da descrição realizada.
O questionário foi composto por 40 questões fechadas, utilizando uma escala de 5
pontos (notas de 1 a 5), sendo nota 1 para muito baixo /pouco importante, e nota 5 para muito
alto ou muito importante. As questões foram agrupadas nos seguintes temas:
Motivação para participar no Programa AWC;
Engajamento com o desenvolvimento doprojeto / trabalho de conclusão;
Importância do primeiro workshop;
Importância do acompanhamento / mentoria realizada;
Importância do segundo workshop;
Importância do Programa AWC para desenvolvimento do projeto;
Avaliação geral do Programa AWC.
O programa foi iniciado com 28 alunos, divididos em 12 equipes de projeto (sendo
cada projeto um TCC). Houve a desistência de 4 equipes ao longo do programa, formadas por
8 alunos no total. Dos 20 alunos restantes, foi possível obter a resposta de 18 alunos (90%), o
que configura uma amostra representativa e suficiente para análises e conclusões. Os dois
alunos que não responderam fazem parte de uma mesma equipe que não desistiu oficialmente,
mas não puderam comparecer ao workshop e feira de investimentos por motivos profissionais.
A aplicação do questionário foi realizada durante a feira de investimentos, no último dia do
programa, em fichas impressas e de forma individual.
Descrição do Programa AWC
Origem e Motivações
O Programa AWC nasceu da percepção de um professor e de um aluno de mestrado da
Escola Politécnica da USP (Poli-USP) de que os estudantes de engenharia precisavam de
apoio para transformar os trabalhos de conclusão de curso (TCC) em produtos e negócios
inovadores. As ideias tinham que sair do papel, mas haviam várias dificuldades envolvidas no
processo de aprendizagem que perpassavam desde a obtenção de recursos para o
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desenvolvimento de protótipos até a aquisição de conhecimentos específicos de
administração, como modelagem de negócios e gestão.
Desta forma, os idealizadores do programa buscaram e conseguiram o apoio e
patrocínio do Instituto Tim para um piloto no segundo semestre de 2015, e continuidade
realizadano ano de 2016, com maior abrangência de localidades e universidades.O programa
também foi inspirado em um projeto semelhante realizado na Itália para apoio a startups.
O Instituto Tim, criado há dois anos, tem a missão de “criar e potencializar recursos e
estratégias para a democratização da ciência, tecnologia e inovação, que promovam o
desenvolvimento humano no Brasil, tendo a tecnologia móvel entre os principais
habilitadores”,conforme seu website (Instituto TIM, 2015). Como princípios e estratégias, o
instituto elenca:
Ensino:investimentos na formação de professores e apoio a projetos que contribuam para o
ensino de ciências e matemática para crianças e jovens;
Aplicações:investimentospara encontrar aplicações e soluções tecnológicasque contribuam
para melhorias do trabalho de instituições orientadas a servir ao desenvolvimento humano;
Trabalho: investimentos na criação e democratização de recursos e estratégias de ensino
que promovam a inclusão tecnológica produtiva de jovens;
Inclusão: investimentos na criação e democratização de estratégias e recursos para difusão
de conhecimentos que promovam a inclusão tecnológica.
O Programa AWC - AcademicWorking Capital está classificado no princípio de
“Trabalho”, como projeto de apoio à “prototipação de TCCs e criação de novos negócios”.
Estruturação do Programa
Como já destacado, o Programa AWC busca o incentivo à criação de empresas
inovadoras de base tecnológica (EBTs), por meio dos trabalhos de conclusão de curso de
graduação de alunos de engenharia e ciências exatas. O propósito é apoiar os estudantes com
recursos financeiros para desenvolvimento dos protótipos de produtos, além de fornecer
consultoria, conhecimentos e métodos para aperfeiçoamento do projeto e estruturação dos
modelos de negócio e produção.
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Além do Instituto Tim, o programa contou com apoio de conteúdo e recursos da
Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FTDE), do Núcleo de
Empreendedorismo da USP (NEU), e da consultoria especializada em inovação e design Caos
Focado, fundada por ex-alunos engenharia da Escola Politécnica da USP (Poli-USP).
Para participar, as equipes de alunos deveriam submeter suas propostas de protótipo de
produto e necessidades de recursos por meio do website do programa, com a seguinte
estrutura: objetivo e motivação, apresentação do produto, visão de negócio, estado da arte,
plano de trabalho, orçamento proposto, dados gerais e qualificações da equipe. Cada equipe
deveria ter ao menos um aluno de engenharia vinculado ao TCC e todos deveriam ser da
mesma instituição de ensino.
Com as equipes escolhidas, o programa foi desenvolvido ao longo de um período de 6
meses (julho a dezembro de 2015), tendo como base as seguintes frentes:
Workshops Presenciais: eventos de dia inteiro com palestrantes e especialistas em
concepção de produtos e modelos de negócios, com espaço para discussões e trabalhos das
equipes;
Orientação de Produtos e Negócios: acompanhamento e mentoria constantes para suporte
ao desenvolvimento de um produto com potencial de vendas e desenho do modelo de
negócios;
Apoio Financeiro:recursos para aquisição de materiais de consumo, insumos ou serviços
necessários para a construção de um protótipo ou produto comercialmente viável;
Feira de Investimentos: ao final do programa, realização de evento para demonstração dos
produtos e encontro com uma rede de investidores e aceleradoras de negócios nascentes.
As atividades principais do programa se dividiram em (i) primeiro workshop, (ii)
acompanhamento de equipes, (iii) segundo workshop e (iv) feira de investimentos.
(a) Primeiro workshop: O primeiro workshop, com duração de quatro dias, tinha como
foco o tema "Design detalhado e Construção" - com palestras ligadas a tais pontos e
exercícios de desenvolvimento e apresentações para feedbacks. Foram abordados
temas como Design Thinking, desenvolvimento de produtos com prototipagem rápida,
construção de MVP e desenho de um Business ModelCanvas. Os alunos tiveram
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palestras com professores e especialistas e, no dia de encerramento, vivenciaram uma
feira de apresentações aberta ao público dentro da Escola de Engenharia da USP - de
modo a buscarem feedbacks e potenciais relações estratégicas em um ambiente no qual
foram convidadas diversas pessoas externas (pessoas do mercado, especialistas e
acadêmicos).
(b) Acompanhamento de equipes: os grupos passaram a ser organizados em clusters-
agrupamentos de acordo com o perfil do negócio (hard tech, meca tech e soft tech),
passando a ser acompanhados cada um por um monitor, aluno de pós-graduação
(mestrado ou doutorado) do departamento de administração da Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP). Os mentores atendiam
semanalmente cada projeto dando mentorias no campo dos negócios - enquanto, em
paralelo, eram orientados tecnicamente por seus orientadores de TCC. Os grpos
tinham entregas específicas a serem desenvolvidas periodicamente - de modo a
estimular um nível maior de entrega e engajamento.As entregas e os avanços eram
registrados em um blog do programa, estimulando o compartilhamento e troca de
informações.
(c) Segundo workshop: semelhante ao primeiro workshop - com 4 dias de duração
(sendo o último na feira de investimentos), momentos de feedbacks e palestras com
professores e especialistas - o segundo workshop deu maior ênfase em questões
específicas sobre negócios, estratégias comerciais, mecanismos de financiamento,
técnicas de apresentação, propriedade intelectual e marketing.
(d) Feira de investimentos: acontecendo no último dia do segundo workshop, a feira de
investimentos contou com a presença dos representantes oficiais das organizações e
parceiros estratégicos (Instituto Tim, USP, Investe SP entre outros) e trouxe aos alunos
palestras ligadas a investimentos, bem como uma palestra com o fundador da 99taxis,
aluno formado na Poli-USP. Os alunos puderam, nesse momento, apresentar o estágio
final do projeto após o período de desenvolvimento para uma banca de especialistas,
empreendedores, empresários e investidores, buscando oportunidades para próximos
passos pós-AWC.
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Resultados e Análise da Pesquisa
Para avaliar percepções dos alunos sobre os mecanismos de aprendizagem vivencial
aplicados no ensino de empreendedorismo, bem como métodos e ferramentas utilizados, e os
resultados alcançados no programa, foi entregue um questionário a todos os participantes que
estiveram presentes na feira de investimentos.A maioria dos alunos participantes é do sexo
masculino (88,9%). Embora exista predominância de homens nas escolas de engenharia no
Brasil, é notório que as mulheres têm ocupado cada vez mais espaço nestes cursos e têm
presença forte no mercado de trabalho, o que demonstra um desequilíbrio neste programa de
empreendedorismo.
Mais de 60% dos alunos do programa trabalham e fazem estágio, o que denotaria uma
restrição à dedicação de tempo ao trabalho de conclusão e ao projeto de negócios. Porém,
mais da metade possui pelo menos mais dois sócios e quase 70% dos alunos afirmou que
dedica pelo menos 11 horas semanais ao projeto no AWC e ao TCC (em média, mais de 1h30
por dia), demonstrando que existem recursos e boa dedicação ao desenvolvimento do produto
e do negócio.
Tabela 1: Motivação inicial para participar do Programa AWC
Motivação: decis ão inicial de participar do AWC Média Dsv Padrão Respostas Ranking
Obtenção de verba para projeto final (TCC) 3,76 1,68 17 5
Mentoria de negócios e produtos 4,35 0,86 17 2
Conhecimentos / participação em workshops 3,82 1,13 17 4
Troca de informações / networking 4,47 0,62 17 1
Participação em Feira de Inves timentos 3,88 1,36 17 3
Fonte: Pesquisa realizada pelo autor (2016).
A Tabela 1 mostra as motivações iniciais dos alunos para participar do Programa
AWC.Pelo ranking, a primeira motivação foi a troca de informações e networking, com nota
média de 4,47, seguida pela mentoria de negócios e produtos, também com nota média alta
(4,35). Embora com desvio padrão mais alto, que demostra divergências de opinião, a
obtenção de verba para o projeto final é o motivo com média mais baixa (3,76).
Tabela 2: Engajamento e avaliação geral do Programa AWC
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Engajamento: desenvolvimento do projeto (TCC) Média Dsv Padrão Respostas
Engajamento ANTES do início do Programa AWC 3,33 1,40 15
Engajamento APÓS o início do Programa AWC 4,19 1,11 16
Participação do seu orientador de TCC 2,50 1,55 16
Intenção de continuar com o projeto 4,53 0,72 17
Intenção de empreender em outro projeto 3,69 1,08 16
Intenção de dedicação ao empreendimento 4,35 0,86 17
Avaliação geral do Programa AWC Média Dsv Padrão Respostas
Contribuição geral do Programa AWC para o projeto 4,38 0,81 16
Indicação do Programa AWC para colegas / alunos 4,81 0,40 16
Fonte: Pesquisa realizada pelo autor (2016).
Pela Tabela 2, é possível avaliar percepções e resultados da aprendizagem vivencial
dos alunos participantes do programa. Em média, a nota para engajamento ao
desenvolvimento do projeto de conclusão de curso após o início do programa foi de 4,19 e
mais de 25% acima da nota do engajamento antes do início do programa. A intenção de
continuar com o projeto após o término do programa e de continuar se dedicando ao
empreendedorismo, com notas médias de 4,53 e 4,35, respectivamente, reforçam a ideia de
que o programa e os métodos de ensino foram bem-sucedidos na missão de despertar o
interesse e engajar os estudantes no empreendedorismo. Os alunos também demonstraram a
intenção de empreender em outro projeto (3,69).
Quanto às respostas relativas aos conteúdos, teve-se uma boa aprovação. No primeiro
workshop, todas as ferramentas foram bem avaliadas, com notas médias acima de 4, com
destaque para as técnicas de prototipagem e de design de produtos, aprendizados e dicas de
empreendedores, e a realização da feira de produtos no último dia. A nota mais baixa ficou
para a análise de concorrentes e de mercado. De fato, foi a parte em que alunos tiveram mais
dificuldades, até mesmo pela formação, e não tiveram tempo suficiente para trabalhar.Quanto
ao segundo workshop, os temas e métodos de maior importância para os projetos, todas com
notas acima de 4, foram, na ordem, as informações sobre propriedade intelectual, marcas e
patentes, a realização da feira de investimentos, as informações jurídicas, contratos e recursos
humanos, as informações sobre crowdfunding, venture capital e angels, as informações sobre
linhas de investimento e fomentos, e a elaboração do plano de ação para os próximos meses.
Em resumo, os alunos avaliaram como mais importante os conhecimentos de gestão e
operação dos negócios, informações que não estavam habituados, além do plano para os
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próximos seis meses, que tem um aspecto prático e já era motivo de preocupação e ansiedade.
Como item pior avaliado, ficou o workshop de pitch / apresentação, embora com desvio
padrão bastante alto. Esta não costuma ser uma zona de conforto para os estudantes, mas é
fundamental para vendas de ideias e obtenção de apoio e recurso com parceiros ou
investidores. Em seguida, as estratégias de marketing e posicionamento, e a estratégia de
canais, relacionamento e vendas, que poderiam trabalhadas com mais tempo e de forma mais
interativa.
Discussão e Contribuições Finais
Ao se observar os resultados obtidos com a pesquisa de campo com a teoria levantada
e apresentada no tópico 3 do presente artigo, percebe-se que o papel da universidade dentro
do ecossistema empreendedor vai além da transmissão do conhecimento teórico necessário
para a graduação de um aluno e a sua formação como profissional. Está no estímulo a uma
forma de pensar inovadora, condizente com a contemporaneidade e com o exigente mercado
de trabalho.
Apesar do trabalho de Kolb não ser recente, data da década de 80, a sua abordagem
permanece atual, especialmente como pilar de programas ou projetos que buscam o
desenvolvimento da profissionalidade, como é o caso do programa
investigado.Especificamente sobre o programa AWC, objeto em estudo, ao se olhar os
achados obtidos com o levantamento percebe-se que o programa foi bem avaliado pelos
alunos participantes, com aumento de interesse e engajamento no trabalho de conclusão de
curso e em empreendedorismo após o início de programa. Além disso, conexões com novos
conhecimentos foram obtidas, tanto em técnicas para geração de produtos e negócios
inovadores, quanto em informações críticas para operação e gestão dos negócios.
Dessa forma, o artigo cumpre seus objetivos de avaliar a aprendizagem vivencial, os
métodos e ferramentas do Programa AWC, contribuindo com a melhoria do programa e
inspirando novos programas que podem se valer da mesma metodologia para ensino do
empreendedorismo. Como em todo trabalho de cunho acadêmico, algumas foram as
limitações metodológicas percebidas: a observação participante per si já traz consigo
limitações no que refere aos procedimentos da pesquisa de campo, com o envolvimento do
pesquisador no ambiente em estudo, o que pode ter gerado vieses; o levantamento
quantitativo, apesar de ter conseguido uma amostragem condizente com a população em
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estudo, não obteve o número de respondentes que possa traduzir em resultados conclusivos,
carecendo de um estudo ao longo dos próximos programas para que a amostra seja ampliada e
os resultados possam ser comparados; as particularidades dos alunos envolvidos, todos da
área das ciências exatas, fazem com que os resultados não possam ser generalizados a todas as
graduações, limitando os seus achados ao contexto investigado.
Como recomendação, o programa deve equacionar um aparente desequilíbrio entre os
gêneros, dando mais espaço e incentivando a participação do público feminino, como também
a distribuição entre os cursos de engenharia e exatas, buscando equipes mais
multidisciplinares e de diferentes instituições de ensino superior. Como direcionamento para
estudos futuros, o acompanhamento de evoluções diversas no programa, bem como uma
avaliação de resultados de médio prazo das primeiras turmas pode ser um esforço válido para
um aprofundamento em constatações sobre os resultados do ensino vivencial. Outro caminho
que pode ser percorrido por futuros estudos está ligado a análises comparativas com outros
estudos realizados sobre aprendizagem vivencial e empreendedorismo na universidade.
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