Entre as muitas mudanças e transformações em curso está o franco envelhecimento da população mundial. O Brasil, por sua vez, se deparará com o
mesmo problema, já que as projeções demográficas indicam que haverá a aceleração dessa tendência em nosso país a partir de 2030. Dada a importância do
assunto, é fundamental que políticas sociais preemptivas sejam colocadas em
ação – algo, aliás, com o qual não estamos culturalmente acostumados. Mas é
forçoso reconhecer que uma mudança de tal magnitude vem acompanhada de
outros efeitos como, por exemplo, o envelhecimento da força de trabalho.
Assim sendo, a minha intenção inicial ao escrever essa obra era de pura
e simplesmente desvendar o universo do trabalhador mais velho (o talento
maduro) e conhecer a sua realidade, já que ele deverá ocupar um papel-chave
doravante. Afinal de contas, os avanços da medicina e o consequente aumento
da longevidade favorecem a obtenção de carreiras profissionais mais longevas.
Entretanto, cumpre destacar que a literatura mundial sobre o tema revela a existência de mitos e pressupostos infundados que, no geral, tendem a tornar a vida
desse grupo particularmente difícil. E tal constatação não deixa de ser um já
que estamos diante de um fenômeno social e demográfico praticamente generalizado, bem como o fato de que se trata de algo inerente às nossas existências.
Em suma, pode-se afirmar que a velhice não é bem recebida. De alguma forma,
ela evoca lembranças ou sinais indesejáveis – e o mesmo raciocínio vale para a esfera
do trabalho. Como seres ainda imperfeitos, nós somos moldados por preconceitos
e percepções estereotipadas decorrentes dos valores que abrigamos em nossos selfs.
Embora possamos (e devemos) controlá-las, elas estão lá em algum lugar da nossa
personalidade. Os ambientes de trabalho não estão imunes aos efeitos deletérios de tais visões e opiniões pessoais. Do contrário, nós viveríamos num mundo absoluta-mente perfeito – condição essa ainda inconquistada, como mostra a realidade.
Mas ao escrutinizar a situação do trabalhador mais velho acabei, por exten-são, esbarrando numa problemática tão ou mais complexa, ou seja, o imperativo
de promover a diversidade em nossas empresas e de desenvolver ambientes mais
inclusivos. De fato, os primeiros estudos sobre diversidade no Brasil datam dos anos
1990. No entanto, ainda persistem muitas perguntas a ser respondidas e, sobre-tudo, ações a ser implementadas no âmbito das organizações. Dito de outra forma,
os assuntos tratados nesse livro ainda não foram adequadamente assimilados.
Dessa forma, portanto, os meus objetivos ao escrever essa obra foram consideráveis – ou seja: analisar criticamente três relevantes aspectos referentes à
realidade dos ambientes de trabalho da atualidade. Ao encetar tal empreendimento, procurei deixar de lado as minhas próprias impressões e convicções construídas aprioristicamente e fundamentar as minhas conclusões em evidências
empíricas (e aí reside a maior contribuição dessa obra).
Por outro lado, escrever para públicos-alvos distintos é sempre muito desa-fiador dado que as necessidades são singulares. Nesse sentido, na medida do pos-sível busquei abastecer os praticantes de gestão da diversidade e líderes organiza-cionais com informações criteriosamente embasadas, ricos insightse conclusões
fundamentadas, livrando-os da superficialidade observável em muitas obras do
gênero. Por isso, os leitores pertencentes a esse grupo encontrarão subsídios para
alicerçar suas decisões e projetos, assim como aspectos para confrontar e ponderar. Não há aqui, a rigor, uma receita adrede preparada.
Em contrapartida, aos colegas acadêmicos e estudantes, especialmente os liga-dos aos campos da Administração de Empresas, Psicologia Social e Organizacional,
assim como Sociologia, apresento farto material para reflexão já que empreendi
ampla revisão literária, buscando coligir o estado da arte dos citados campos, bem
como os resultados de pesquisas internacionais e nacionais. Nesse sentido, os leitores desse grupo encontrarão a análise de uma ampla gama de estudos abrigados em
diferentes tópicos e cobrindo variados enfoques, metodologias e realidades investigadas. Eventualmente, forneço sugestões para futuros estudos.