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Abstract

A memória é um dos temas que se encontra na zona fronteiriça entre diferentes campos do saber. Gesto essencialmente humano por somar afetividade, cognição, historicidade e cultura, tendo como figura central a pessoa que narra o que recorda, na memória estão contidas as marcas do tempo e dos grupos sociais aos quais pertencemos. Tema caro à psicologia, à psicofisiologia, às neurociências e à biologia, passou a ser do interesse da antropologia, da sociologia e da história, quando o entendimento da memória saltou do campo da aprendizagem, da subjetividade e da educação e alcançou o campo social com a memória coletiva. A memória social é a essência do conhecimento coletivo, reconhecido por um grupo específico balizado por um contexto. É um fenômeno construído social e individualmente. Esse livro traz uma reflexão de um grupo de pessoas que se dispôs a sair da zona de conforto das metodologias descritas nos manuais acadêmicos. Claro está que para chegar a essa afirmação esses manuais foram estudados e discutidos à exaustão, para ao final se concluir que os métodos ali descritos ainda não eram suficientes para explicar ou apreender aquilo que desejávamos apresentar. Mesmo sem ter a resposta final para nossas dúvidas continuamos indo a campo ouvir, interagir, se emocionar com as histórias, estivessem nossos atletas onde estivessem. A cada nova viagem, a cada novo contato, a cada nova descoberta a certeza da necessidade da busca pela subjetividade, pelo imaginário, pela memória - imprecisa, incompleta, falaciosa, demasiadamente humana - se impunha a cada um de nós. Vivemos em muitos momentos a certeza da dúvida que habita cada um que recorda e a dúvida pela certeza de um fato compartilhado socialmente e que a cada nova narrativa é recriado com elementos que nos fazem duvidar, ou não, de versões anteriormente elaboradas.
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... De acordo com o documento as comissões devem "Introduzir nos 14 critérios de avaliação da cidade candidata existente um novo critério intitulado: Experiência dos atletas" (IOC, 2014, p. 11). Nesse sentido, é importante pontuar a necessária relação entre legado e a experiência do atleta, questão apontada e ponderada por Rubio (RUBIO, 2011, 2016a que propõe uma maior valorização do atleta e entende sua figura como o maior legado dos Jogos Olímpicos. ...
... ISSN-e 2526-6314 2 Apresentação [...] ninguém pode escrever sobre o seu tempo de vida como pode (e deve) fazer em relação a uma época conhecida apenas de fora, em segunda ou terceira mão, por intermédio de fontes da época ou obras de historiadores posteriores (p. 7). 1 A história oral surge como método a partir da segunda metade do século XX e não obstante um percurso de mais de meio século e muitos autores, chega aos dias de hoje na constante procura de formas cada vez mais fiáveis de recolha e análise de dados 2,3,4,5,6 Sendo este texto um ensaio, o leitor encontrará uma investigação numa abordagem fenomenológica que recorre à redução, à variação eidética e à dedução intuída da essência do problema. Este método permitir-nos-á colocar outras reflexões e quiçá novas possibilidades sobre o modo de utilizar as 'árvores genealógicas desportivas' (AGD) como método. ...
Article
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Oral history as a method establishes concrete ways for data collection and analysis. This essay aims to discuss the method and to present alternatives for data collection and interpretation, based on practical experiences of interviews with the judo community. Thus, we seek to complement the processes of data collection and analysis from two studies in which athletes and coaches of the elite competition level of Brazilian and Portuguese judo were investigated. Specifically, these studies allowed for the creation of an analysis proposal that we call 'sport family trees'. The proposed modifications aim at the following phases of the method: 1-individuals selection criteria; 2-ways of approach and place of interviews; 3-acting or immersion in the research community; 4-searches in the interviewee's historical records; 5-establishment of narrative markers and interview record; 6-interventions during the reporting of contributors, in order to establish proximity and dialogue; 7-analysis of the videos records in the interviews as a complementary form to the text of the transcriptions; 8-analysis of images, photos or historical records of respondents; and 9-elaboration of the sports family tree of athletes. The use of these modifications allowed for in-depth analysis and a more rigorous verification of the reported facts.
... A atitude reflexiva permite a (re)experimentação de situações passadas, não apenas do ponto de vista do desenrolar dos fatos, mas pela ressignificação de episódios marcantes para o narrador, que se permite inverter (ou subverter) a narrativa, obedecendo a uma cronologia própria da afetividade implicada no evento ocorrido, dando ao seu texto um contexto [21][22][23][24][25][26] . ...
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Este estudo pretende observar no ambiente de prática do surfe, entendido como uma manifestação da cultura corporal de movimento, nas configurações desde o lazer ao esporte de rendimento, a possibilidade e potência do desenvolvimento de elementos da educação não formal. Para tal objetivo foi utilizado a aplicação do conceito metodológico das Narrativa Biográficas em participantes do Projeto Social Surf e SUP para Todos, fundado em 2009, na cidade de Caraguatatuba – litoral norte do estado de São Paulo, onde foram obtidos o registro da narrativa do Prof. Luciano Santana – idealizador do projeto. A narrativa analisada por este estudo ainda é composta pelo relato de um aluno, que por ventura esteve presente no momento do registro e participou da composição dos dados ao legitimar a narrativa de seu professor. Os elementos analisados das narrativas biográficas deste professor e seu aluno, nos sugerem que a prática do surfe contém potenciais além da dimensão esportiva, relacionada ao alto rendimento, pois, também pode ser abordado como instrumento pedagógico e espaço de interação social, permitindo aos seus praticantes momentos que podem congregar prazer, aprendizado, e a excelência do corpo em movimento em suas diversas configurações de prática; lazer, saúde e qualidade de vida, competitiva, e profissional. Referências 1 Rubio K, Veloso RC, Leão L. Between solar and lunar hero: A cartographic study of Brazilian Olympic athletes in the social imaginary. Imago A J Soc Imaginary. 2018;(11): 147–62. 2 Rubio K. A dinâmica do esporte olímpico do século XIX ao XXI. Rev Bras Educ Física e Esporte. 2011; 25:83–90. 3 Rubio K. From Amateurism to professionalism: sport’s transformations by the Brazilian Olympic Athletes’ lenses. Humanit Soc Sci. 2013; 1(3):85. 4 Han B-C. Sociedade do cansaço. Petrópolis, RJ: Vozes; 2015. 5 Veloso RC. A condição do gregário no ciclismo de estrada. Aspectos de uma prática competitiva singular no esporte contemporâneo. In: Rubio K, editor. Preservação da memória: A responsabilidade social dos Jogos Olímpicos. São Paulo: Laços Editora; 2014. 6 Rubio K. Memória e imaginário de atletas medalhistas olímpicos brasileiros [tese – livre-docência]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte; 2004. 7 Kampiom D. Stoked!: a history of surf culture. Santa Monica, CA: Gibbs Smith; 2003. 8 Kampiom D, Brown B. Uma história da cultura do surfe. Los Angeles: Evergreen; 2000. 9 Booth D. History, culture, surfing: Exploring historiographical relationships. J Sport Hist. 2013; 40(1): 3-20. 10 International Surfing Association (ISA) [Internet]. [citado 26 Aug 2019]. Disponível em https://www.isasurf.org/. 11 World Surfing League (WSF) [Internet]. [citado 26 Aug 2019]. Disponível em https://www.worldsurfleague.com/. 12 Smith MK. What is non-formal education? [Internet]. 1996 [citado 26 Aug 2019]. Disponível em http://infed.org/mobi/what-is-non-formal-education/. 13 Marandino M. Faz sentido ainda propor a separação entre os termos educação formal, não formal e informal? Ciência e Educação (Bauru). 2017; 23(4): 811–816. 14 Gohn MG. Educação não-formal e cultura política: Impactos sobre o associativismo do terceiro setor. São Paulo: Cortez; 1999. 15 Amato J, Souza V, Falcão TBC. A Olimpização do Surf. In: Rubio K. Editors. Do pós ao neo Olimpismo: Esporte e movimento no século XXI. São Paulo: Képos; 2019. 16 Warshaw M. A História do surfe. San Francisco: Hartcourt, Inc; 2010. 17 Confederação Brasileira de Esportes [Internet]. [citado 26 Aug 2019]. Disponível em http://www.cbe.esp.br/modalidades.php. 18 Fortes R. O surfe brasileiro e as mídias sonora e audiovisual nos anos 1980: Comunicação e Esporte. Logus: Comunicação e Esporte. 2010;17(2): 90-105. 19 Benjamin W. Obras escolhidas. Vol. I. São Paulo: Brasiliense; 2012. 20 Ricoeur P. L’Identité Naarative. Rev Sprit. 1988; 295–304. 21 Rubio K. A experiência da pesquisa “Memórias olímpicas por atletas olímpicos brasileiros”. Acervo. 2014; 27(2): 93–105. 22 Rubio K. Memória, esquecimento e meta-história: entre Mnemosine e Letho. In: Rubio K, editor. Narrativas biográficas: da busca à construção de um método. São Paulo: Laços; 2016. 23 Veloso RC, Rubio K. Objetos biográficos: tempos vivos para narrativas. In: Rubio K, editor. Narrativas biográficas: da busca à construção de um método. São Paulo: Laços; 2016. p. 229–242. 24 Rubio K. A história de vida como método e instrumento para a apreensão do imaginário esportivo contemporâneo. Motus Corporis. 2003;11(1):30–48. 25 Rubio K. Biographical narratives of Olympic Athletes: An access road to identity and Brazilian sports imagery. Am Int J Soc Sci. 2015;4(1): 85–90. 26 Rubio K, Carvalho AL. Areté, fair play e o movimento olímpico contemporâneo. Rev Port Ciências do Desporto. 2005;3(5): 350–357. 27 Rubio K. Marcos de uma caminhada: Imaginário, método, intuição e mapas de pesquisa com narrativas biográficas. In: Leão L, editor. Processos do Imaginário. São Paulo: Laços Editora; 2016. p. 51–75. 28 Ferreira Junior NS De. Contexto e elementos constitutivos do método. In: Rubio K, editor. Narrativas biográficas: da busca à construção do método. São Paulo: Képos; 2016. p. 105–19. 29 Meihy JCSB. Manual de história oral. São Paulo: Loyola; 2005. 30 Meihy JCSB, Holanda F. História oral: Como fazer, como pensar. São Paulo: Editora Contexto; 2007. 31 Leffa VJ. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sagra - DC Luzzatto; 1996. 32 Halbwachs M. A memória coletiva. São Paulo: Centauro; 2006. 33 Stone L. Prosopografia. Rev Sociol Política. 2011;19(39): 115–37. 34 Bosi E. O Tempo Vivo da Memória. São Paulo: Ateliê Editorial; 2003. 35 Rubio K. Narrativas biográficas: da busca à construção de um método. Rubio K, editor. São Paulo: Laços; 2016. p. 39-56.
Thesis
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Every athlete who participates in the Olympic Games is associated with a National Olympic Committee. Despite some connections, the criteria that define a competitor's sports nationality are not necessarily the same as state nationality. In Brazil, the primacy is the adoption of the jus soli criterion, in which all born in the national territory are considered native Brazilians. However, the legislation allows in several cases the granting of Brazilian nationality by jus sanguinis, taking into account ancestry. There is also the possibility of naturalization. Since 1920, when it sent a delegation for the first time to compete in the Summer Olympic Games, until the Rio Olympics in 2016, Brazil had 52 athletes born in other territories representing the country in the disputes. This work pursues to present the trajectory of these athletes and understand the construction of their identification and identity. For this purpose, the Biographical Narratives method, developed by the researcher Katia Rubio and adopted in research by the Olympic Studies Group of the University of São Paulo (GEOUSP), is used, by which the texts are constructed based on the interviewees' statements about their lives. To understand the concepts of identity, we rely on theorists like Stuart Hall and Zygmunt Bauman. There is a go over of how the subject of sports nationality exchanges and international migrants in sport are addressed in other countries, based on international literature. From the speeches of the athletes and the theoretical discussions carried out, it was possible to verify that the sport's trajectory, in many cases, is closely linked to the identity construction of the subjects - and that such development is individual, being the result of a series of aspects. When describing such trajectories, it is also possible to note that the migration of athletes is not an isolated phenomenon and that it is related to other social elements. Several migrants played a crucial role in the introduction, promotion and development of sports and entities within the country, and the Olympic participation of some of them reflects this relevance. Historical elements, such as the two world wars and the Cold War, were decisive in some migratory processes. There are cases in which athletes with more than one nationality opt for the Brazilian one for familial factors and others in which such choice represented a split with the ancestors. Despite the increase in the number of athletes who changed nationality in recent years, it is possible to see that the motivators for such a procedure go beyond economic and financial elements. In a world where borders have become increasingly fluid for highly qualified people, the migration of athletes is a natural consequence, as is the case with other professionals linked to the sport, such as coaches and sports agents. The greater focus on athletes is due to the character of national representatives that they assume when participating in a competition such as the Olympic Games
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Todo atleta que participa dos Jogos Olímpicos é vinculado a um Comitê Olímpico Nacional. Apesar de algumas conexões, os critérios que definem a nacionalidade esportiva de um competidor não são, necessariamente, os mesmos da nacionalidade estatal. No Brasil, a primazia é pela adoção do critério jus soli, no qual são considerados brasileiros natos todos os nascidos no território nacional. Todavia, a legislação permite em vários casos a concessão de nacionalidade brasileira pelo jus sanguinis, levando em conta a ancestralidade. Há, ainda, a possibilidade de naturalizações. Desde 1920, quando enviou uma delegação pela primeira vez para os Jogos Olímpicos de Verão, até os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, o Brasil teve 52 atletas nascidos em outros territórios representando o país nas disputas. Este trabalho tem como objetivo apresentar a trajetória destes esportistas e compreender a construção da identificação e da identidade destes atletas. Para tanto, utiliza-se como método as Narrativas Biográficas, desenvolvido pela pesquisadora Katia Rubio e adotado em pesquisas do Grupo de Estudos Olímpicos da Universidade de São Paulo (GEO-USP), pelo qual os textos são construídos com base nas falas dos entrevistados sobre suas vidas. Para a compreensão dos conceitos de identidade, nos apoiamos em teóricos como Stuart Hall e Zygmunt Bauman. Há uma releitura de como o assunto das trocas de nacionalidade esportiva e dos migrantes internacionais no esporte são abordados em outros países, com base em literatura internacional. A partir das falas dos atletas e das discussões teóricas realizadas, foi possível constatar que a trajetória esportiva, em muitos casos, está intimamente ligada à construção identitária dos sujeitos - e que tal construção é individual, sendo fruto de uma série de aspectos. Ao descrever tais trajetórias, é possível notar que a migração de esportistas não é um fenômeno isolado e que está vinculada a outros elementos sociais. Diversos migrantes tiveram um papel importante na introdução, fomento e desenvolvimento de modalidades e entidades esportivas dentro do país, e a participação olímpica de alguns deles reflete tal relevância. Elementos históricos, como as duas grandes guerras mundiais e a Guerra Fria, foram determinantes em alguns processos migratórios. Há casos em que atletas com mais de uma nacionalidade optam pela brasileira por fatores ancestrais e outros nos quais tal escolha representou uma cisão com os antepassados. Apesar do aumento do número de atletas que trocaram de nacionalidade nos últimos anos, é possível constatar que os motivadores para tal procedimento vão além de elementos econômicos e financeiros. Em um mundo onde as fronteiras se tornaram cada vez mais fluídas para pessoas altamente qualificadas, a migração de atletas é uma consequência natural, assim como ocorre com outros profissionais ligados ao esporte, tais como treinadores e agentes esportivos. O foco maior nos atletas deve-se ao caráter de representantes nacionais que eles assumem ao participar de uma competição como os Jogos Olímpicos
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Este artigo tem como objetivo refletir sobre histórias de vida de cuidadoras de idosos, enquanto método de investigação em si mesmo e como modalidade (auto)formativa em contexto profissional. Num processo de construção de histórias de vida partilhamos do rememorar de pedaços de vida individuais, que se tornam formativamente significativos para narradores, bem como para o investigador que assim pode questionar modalidades novas de concretização epistemológica. O artigo baseia-se num processo investigativo com cuidadoras de pessoas da terceira idade. O escutar as suas vozes constitui, à partida, o reconhecimento pelo valor da sua vida, o que releva a pertinência política das histórias de vida no campo pessoal, bem como da investigação enquanto manifestação do entendimento de cada sujeito como participante no processo de construção de conhecimento social. A produção oral, realizada durante a entrevista dos atores sociais que se narram, permite uma entrega do sujeito à sua própria história, enaltecendo aquela que é a sua identidade e transmitindo-a, aos poucos, ao investigador. A vida individual é uma expressão criadora que, quando tornada conhecida aos ouvidos e análise do investigador, tende a criar interpretações polissémicas e questionamentos, potenciando novas possibilidades formativas e epistemológicas. Os resultados do estudo mostraram que as histórias de vida serviram três importantes dimensões: 1) a auto consciencialização e autoformação das participantes, 2) o nosso acesso, enquanto formadoras-investigadoras, ao conhecimento das mesmas e 3) o valor epistémico das histórias de vida no campo de conhecimento de profissionais do humano.
Thesis
Esta pesquisa teve como objetivo investigar a presença da figura do professor de Educação Física nas narrativas biográficas de atletas olímpicos brasileiros. Para tanto foi utilizado o acervo do banco de histórias da pesquisa Memórias Olímpicas por Atletas Olímpicos Brasileiros, alimentado por dados objetivos e subjetivos, extraídos da fala de atletas de diferentes gerações olímpicas. Participam dessa reflexão três atletas e dois professores cuja relação tem início na escola e dali seguem para uma carreira olímpica no atletismo e no voleibol. A partir da leitura das narrativas dos atletas olímpicos, percebe-se como a figura do professor de Educação Física transpõe o papel de orientador, treinador e técnico. Esse profissional influenciou o processo de ‘encantamento’ e formação daqueles que decidiram fazer da prática esportiva e do sonho olímpico companheiros de uma longa jornada cheia de desafios. Nestas narrativas é encontrado um professor inesquecível, lembrado de maneira carinhosa, por mediar de forma equilibrada o conteúdo pedagógico e a relação dos aspectos afetivos, tão caros à aprendizagem. A relação entre professor e aluno é permeada de cuidados, olhares de atenção para proporcionar um bom desenvolvimento do aluno, que caminha para transformá-lo no escritor de sua própria história. Por isso, ele é aqui chamado de professor suficientemente bom, e como parte do desenvolvimento do self, este professor também tem passagem marcante nos períodos mutativos, momentos esses decisivos para transformações vitais, de tal ordem a poder mudar radicalmente o significado e a direção da história de uma vida. Este momento se assemelha ao instante do encontro entre o Mestre e o discípulo, no qual o mestre que incita, desperta o discípulo a superar as suas limitações, como também a atrever-se nos caminhos nada precisos da reflexão pessoal, do crescimento.
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Esse livro marcou os 5 anos do Grupo de Estudos Olímpicos da EEFE-USP. A escolha desse tema de deveu às observações sobre os rumos do Movimento Olímpico tanto no Brasil como no exterior. Superado o romantismo inicial que moveu e motivou a criação do Movimento Olímpico, assiste-se na atualidade a uma complexa trama de interesses que movem ideais e ações no campo olímpico. De um sonho multicultural e multiétnico a um dos maiores negócios do planeta os Jogos Olímpicos, a maior realização do Comitê Olímpico Internacional, tornaram-se uma fonte inesgotável de reprodução de valores culturais e de projeção da dinâmica social. A ideia de educação olímpica surge em um momento de crise desses valores e de reflexão sobre os rumos que o movimento como um todo toma, em um mundo marcado pelas diferenças não apenas culturais, mas também econômicas e sociais. Educar quem e para que são questões fundantes em diversos capítulos desse livro, que foca a educação olímpica no contexto da realidade brasileira.
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Tradução de Josemar Machado de Oliveira.
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Há muito a história anda de mãos dadas com a cultura e a psicologia social. Se tempos atrás essa proximidade e con-fusão pareciam causar mal estar nos puristas defensores das fronteiras do conhecimento e do pensamento, na atualidade essa convivência não apenas é bem-vinda como também desejada uma vez que a produção do conhecimento é cada vez mais pródiga em apresentar referências inéditas nascidas da proximidade entre diferentes teorias. O diálogo, mais do que desejado, se mostra necessário. Alguns temas encontram-se hoje nessa zona fronteiriça entre diferentes campos do saber. A memória é um deles. Gesto essencialmente humano por somar afetividade, cognição, historicidade e cultura, tendo como figura central a pessoa que narra o que recorda, na memória estão contidas as marcas do tempo e dos grupos sociais aos quais pertencemos. Tema caro à psicologia, psicofisiologia, neurociências e à biologia, passou a ser do interesse da antropologia, da sociologia e da história, quando o entendimento da memória saltou do campo da aprendizagem e da educação e alcançou o campo social com a memória coletiva. Le Goff (2013) aponta que a memória coletiva além de uma conquista é também um instrumento e um objeto de poder. “São as sociedades cuja memória social é, sobretudo oral, ou que estão em vias de constituir uma memória coletiva escrita, aquelas que melhor permitem compreender esta luta pela dominação da recordação e da tradição, essa manifestação da memória” (p. 435). Essa postura implica em dar voz, ou ainda deixar expressar pela oralidade, tantos quantos forem os narradores de um determinado grupo social. O esporte, assim como outros fenômenos humanos, apresenta as marcas de um fato que se configura como social e se perpetua no atleta, olímpico ou não, como o narrador de eventos que colaboram para a formação de um imaginário esportivo. Isso porque na condição de protagonista do espetáculo ele tanto é o herói de seu tempo como o anônimo em um futuro chamado pós-carreira. Foram esses os temas tratados no IV Seminário de Estudos Olímpicos e que aqui estão registrados. O livro foi dividido em duas partes. Na primeira delas, denominada Preservação e Legado, encontram-se os textos nos quais são discutidas as questões relacionadas ao Movimento Olímpico e ao Esporte a partir de diferentes referenciais teóricos e metodológicos. No capítulo de Pedro Paulo A. Funari encontramos uma visão histórica sobre os Jogos Olímpicos e uma análise do que se entende por legado dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Bárbara Schausteck de Almeida e Wanderley Marchi Júnior fazem uma leitura sociológica sobre o desenvolvimento do Movimento Olímpico, a partir do entendimento das rupturas e cenários de crise ao longo de mais de um século de Jogos Olímpicos, a face pública do Olimpismo. Entendendo o esporte como parte do processo de educação Maria Alice Zimmermann traz um relato sobre as Olimpíadas Estudantis da rede municipal de Educação do Município de São Paulo e os valores transformadores tanto dos estudantes participantes quanto dos professores, formadores dessa geração de estudantes-atletas. O legado da geração X é a contribuição que Raoni Perrucci T. Machado traz para esse debate ao analisar as práticas chamadas de “radicais” no passado e que passaram a receber diferentes denominações no presente e que indicam a necessidade do Movimento Olímpico de se abrir para aquilo que a sociedade aponta como tendência esportiva. À frente de um dos principais Centros de Memória do Esporte brasileiro, Silvana Vilodre Goellner discute a importância da preservação e construção de acervos na preservação da memória do esporte e compartilha a experiência desse trabalho inovador e necessário. O capítulo de Victor Andrade de Melo apresenta os desafios metodológicos para os estudos do esporte a partir do referencial da história e da memória e aponta para as inúmeras possibilidades de trabalhos futuros. A segunda parte do livro, denominada Memórias, narrativas e histórias de vida, conta com a contribuição de diferentes autores que ao se ancoram nas narrativas de atletas para fazerem suas discussões sobre a memória do esporte. Katia Rubio apresenta sua contribuição sobre narrativas biográficas a partir da perspectiva dos atletas olímpicos brasileiros de diferentes gerações. O universo das narrativas de jogadores olímpicos de futebol é o tema de Luciana F. Angelo que se ateve a esse aspecto na formação da identidade desses atletas. Ana Souza, Rui Corredeira e Ana Luísa Pereira fazem uma discussão sobre o esporte paralímpico a partir da história de vida do principal atleta paralímpico português. O encontro com João Havelange levou Sergio Settani Giglio a refletir sobre a extensão desse atleta que se tornou um dos dirigentes esportivos de maior influência no século XX. A constatação de um erro sobre a identidade de Paulinho Almeida, um jogador de futebol olímpico de 1952, levou Isaias Sodré da Nóbrega, Júlia Frias Amato e Roberta Cardoso a refazerem a trajetória de um astro do Flamengo apagado dos memorias do esporte olímpico. A transição de carreira é o tema central dos estudos de Neilton de Sousa Ferreira Júnior que aqui discute a transformação da identidade de Agra e Paula ao encerrarem a carreira de atletas a partir da narrativa de suas histórias de vida. Rafael Campos Veloso traz para discussão o papel do ciclista gregário, atleta responsável por imprimir um ritmo acentuado às provas de ciclismo de estrada, sabedor de que seu papel implica em não disputar espaço no pódio. A diversidade dos temas aponta para a multiplicidade dos diálogos que o tema memória e narrativas propicia. Espero que a leitura desses trabalhos desperte o mesmo interesse e paixão que cada estudo ou história de vida provoca em nós pesquisadores. Boa leitura
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The affect conception is very broad. It encloses History, Philosophy, Psychoanalysis (Freud and Lacan), and also Literature. This text is above all a reconsideration of affect through time.
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This paper discusses the role of affectivity in pedagogical practices developed by teachers in the classroom. With the theoretical support of Vygotsky and Wallon ideas, it is assumed that the relations established between the subject, the object of knowledge and the mediator are also deeply influenced by the affective dimension, since they produce impacts on subjective subject. Such impacts can generate approximation or separation movements between the subject and the object of such knowledge; these relations can be observed in the classroom situation. We aim to identify and analyze some pedagogical decisions planned and developed by teachers and their impacts on affective relations that are established between the student and the school contents. Research data permit to identify the teacher decisions that promote success in learning, increasing the chances of establishing a positive affective relation between the student and the school contents - here designated as a relation of affective approach.