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Skopeologias: músicas e saberes sensíveis na construção partilhada do conhecimento

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This thesis lies within the domain of ethnomusicology and comprises a proposal for the way that research practices establish valuable instruments for the construction of knowledge, a model in which the permeability of knowledges is the creator of way of making emancipatory worlds. The research led from a journey dedicated to the study of Cape Verdian music that began in 2006, characterised by a progressive immersion in the field and by the adoption of different research practices in close dialogue with the music’s keepers. In this sense, I discuss two observational experiences: with the Musicultura group, in Rio de Janeiro/Brazil, and with the AMD Program, in Durban/South Africa. In order to discuss research practices, this thesis contains an analysis of the scientific production of ethnomusicologists who have acted within the context of applied ethnomusicology and who have reflected on the way in which contexts “convoke” ethnomusicologists to mediate and to act. I employ two case studies which constitute my universe of observation, analysis and action: the process of the patrimonialization of Kola San Jon and the Skopeofonia project. In the first case, I describe the practices and the way the ICH application file was constructed. With regard to the Skopeofonia project, I describe the research practices shared between the different actors involved (academics and non-academics). The analysis of the consequences of the patrimonialization of KSJ led me to a reflection on how ethnomusicology and music can acquire a singular protagonism in actions of social responsibility. The discussions about the practices protagonised by Skopeofonia allowed me to access different versions of worlds through knowledges and experiences of music. This process is reflected in a deeper understanding of the ways in which music and other sensitive knowledges can be decisive in the promotion of emancipatory knowledges and in the very construction of knowledge within ethnomusicology.
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... Within the context of shared research practices, both Sardo (2018) and Miguel (2016) have written about their experiences of the Skopeofonia project. Skopeofonia took place in the neighbourhood of Cova de Moura in Lisbon from 2013 to 2015, and involved a transdisciplinary team, comprised of academic researchers from the University of Aveiro and local musicians from the neighbourhood. ...
... Skopeofonia took place in the neighbourhood of Cova de Moura in Lisbon from 2013 to 2015, and involved a transdisciplinary team, comprised of academic researchers from the University of Aveiro and local musicians from the neighbourhood. In relation to the research activities in which the team participated, Miguel (2016) mentions training, bibliographic research, music-making, writing, audio-visual productions and fieldwork (interviews, participant-observation and audio-visual recordings). Both authors also refer to the importance of regular meetings. ...
... Both authors also refer to the importance of regular meetings. Inspired by her experiences with the Musicultura group in the favelas of Maré in Rio de Janeiro, Miguel (2016) highlights the importance of regular meetings, as spaces for discussion, reflection, and collective planning of future actions, through horizontal, democratic dialogue. Therefore, creating a regular space for meetings and discussion was considered crucial for this project. ...
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This paper discusses the development of music lessons for adults in a non-professional choir. Based on the Kodály Concept, the lessons took place from April 2019 until March 2020. The singers and conductor engaged in shared research practices, tracking teaching and learning experiences through journaling and sharing our writings. Through this sharing, we have discussed the activities that are most enjoyable, difficulties we have encountered, and ways to overcome these difficulties. The data has important implications for my own practice as a music teacher and conductor, in addition to resonating with topics such as critical geragogy and life-long learning in non-academic contexts. Furthermore, shared research practices give adult learners an opportunity to actively engage in teaching and learning processes, with implications for future projects that include adult music education in nonacademic contexts.
... A música adquiriu um papel relevante nesse processo, porque permite uma comunicação privilegiada com os outros, a qual outros aspectos da cultura não permitem. É por essa razão que vários grupos minoritários têm adotado e escolhido a música como forma de se evidenciar, de expor a sua diferença e de construir pontes de diálogo com a sociedade em geral (SARDO, 2010(SARDO, , 2016MIGUEL, 2016). Sobre esse último aspecto, parece-nos importante referir que é a natureza da música que faz com que ela desempenhe um papel singular na construção de diálogos: ...
... (FRITH, 1996). (MIGUEL, 2017(MIGUEL, , 2016SARDO, 2014). ...
... Partimos das teorias e dos conceitos que consideramos mais pertinentes para identificar a natureza e a intensidade participativas de cada uma das fases dos IP. Incluímos ainda algumas das ideias e conceitos desenvolvidos por Miguel (2016) numa das suas pesquisas recentes. ...
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O campo do patrimônio cultural, apesar do seu histórico relacionado ao contexto colonial e à estruturação associada ao poder socioeconômico, tem vindo ocupar um lugar de centralidade crescente na construção de equilíbrios sociais e de formas de sustentabilidade que valorizam o conhecimento da experiência. Nessa dinâmica, a aprovação da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003) desempenhou um papel importante no reconhecimento dos saberes locais, dos/as seus/suas protagonistas e da sua participação nos processos de inventariação do patrimônio imaterial em prol de uma gestão mais democrática e mais humana do patrimônio. Neste artigo analisamos a dimensão participativa de dois processos de patrimonialização focando a atenção nas dinâmicas utilizadas ao longo dos processos de inventário participativo. Trata-se das Matrizes do Samba, no Rio de Janeiro (Brasil), e do Kola San Jon, na Amadora (Portugal). Com esse objetivo, analisamos as respectivas políticas públicas, o modo como cada um desses processos aconteceu no Brasil e em Portugal e estruturamos, com base em trabalhos de autores/as de referência na teoria da participação, uma ferramenta de análise que permite identificar a natureza participativa e avaliar a qualidade da ação coletiva em cada uma das fases do inventário. Finalmente, apresentamos um conjunto de recomendações que nos aproximam do princípio e das práticas da investigação socialmente responsável, e com o que pretendemos contribuir para a construção de processos mais participativos e mais democráticos no âmbito da gestão da dimensão imaterial das nossas culturas.
... iii neste contexto, e regressando ao Verão de 2018, quanto há de "espetáculo" na forma como tamboreiros, coladeiras, navios e outros brincantes de Kola San Jon se tornam, por um momento, o centro da tarde festiva que preenche o rossio, em vésperas de santo antónio? nesta linha de preocupações, autoras como Miguel (2016), nogueira (2016) e Queiroz (2019) abordam a possível folclorização da festa de Kola San Jon; questão que nos remete para o papel que noções de veracidade histórica e de autenticidade têm desempenhado no campo dos estudos sobre património cultural. ...
... vii Para informações etnográficas sobre estes ciclos vide Miguel (2010Miguel ( , 2016 e Lopes (2017Lopes ( , 2020. viii Por exemplo, os serviços municipais de saneamento não operam no espaço do bairro nos moldes em que tal se dá em outras áreas do concelho da amadora. ...
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RESILIENT FORMS OF TRADITION IN THE AFRICAN DIASPORA IN LISBON: KOLA SAN JON AND THE RIGHT TO THE CITY. The contemporary urban sphere presents us with challenges of different (dis)orders and is itself one of the main issues to be addressed nowadays. This article deals with the public use of city space in neoliberal times and the modalities and consequences of its appropriation for social life, according to Lefebvre. The essay focuses on the Bairro Cova da Moura and the inscription, in 2013, of the Cape Verdean Kola San Jon in the National Inventory of Intangible Cultural Heritage. The analysis is based on ethnographic research undertaken between 2011 and 2018 and deals with Kola San Jon both as a cultural practice that actualizes social processes and as a strategical identity device that reclaims the visibility of the community. We focus on the yearly festival at Cova da Moura and the schedule of activities outside the neighbourhood, considering the struggle for the valorization of the place in Lisbon Metropolitan Area, as well as the process of recognizing Kola as heritage in Portugal. The reflection around a practice committed to strategies of action that generate forms of resistance and identity-based assertion, takes us to the question of the right to the city, both in relation to a place that capitalism pushes to the margins as well as a playful event capable of the generating citizens’ centralities. Kola San Jon calls to the fore the notion that we currently inhabit, with increasing intensity, webs in which tangled trajectories cross each other, in ways that are more important than frontiers.
... Kola San Jon Festivity, held since 1991, at Cova 15 See the discussion on the concept of history and the process of professionalization of the historian's social role, in Trouillot (1995).da Moura, in Amadora is associated with a specific founding moment evoked by different actors involved in a recent and equally specific historical context(Ribeiro, 2000;Horta, 2000;Miguel, 2010;2016;Ribeiro, 2012;Queiroz, 2019;Lopes, 2020). One refers to the historical context in which they are involved, both the late colonial process undertaken in African colonies under the Portuguese yoke -forced labour; voluntary and involuntary international migration programs etc. (cf.Monteiro, 2018); and the events that have happened in Portugal, since the outbreak of the liberation wars in Africa -the crisis of the returnees; the gradual intensification of immigration from the "new" countries (former colonies); the increase in demographic pressure and the crisis around property in the process of democratization after 1974; and the consequences of this phenomenon that survived until today in the problems faced by Portuguese society (cf.Antunes et al. 2016;Antunes, 2017). ...
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This essay approaches the trajectory of a Cabo Verdean traditional popular festivity, and its implications in the contemporary urban scape of Lisbon, when figured out as a transnational phenomenon that has become one of the greatest challenges in the field of Contemporary Anthropology in current Portuguese society. The Kola San Jon de Cova da Moura is construed as one of the several outcomes of an immigrant associative phenomenon which occurred in the metropolitan area of Lisbon since the 1990s, and whose mobilization has generated a diversity of strategies of struggle, among these, the political and pedagogic use of traditional cultural practices kin to the African immigrants. Throughout an ethnographic immersion, for a period of seven years, the author has apprehended a complex mesh of individual and collective trajectories, experience and individual narratives from persons and social actors committed to the decolonial principle of annulment of prejudice by means of social conviviality, music, and dance, as well as, through the construction of place.
... uais seriam os objetivos de investigação do projeto. A partir de várias reuniões de interlocução entre pesquisadores acadêmicos, investigadores locais e comunidade, decidiu-se pela construção coletiva de um arquivo de música e som para o bairro, de modo a gerar um acervo patrimonial para a própria memória da região (MIGUEL et al., 2020. SARDO, 2019. MIGUEL, 2016. O sucesso do projeto de investigação serviu de estímulo para a elaboração de um novo projeto de pesquisa, também ancorado na perspectiva da investigação partilhada, mas desta vez tendo como foco a construção de um arquivo sonoro para os onze municípios que compõem a região de Aveiro: o projeto SOMA. ...
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O artigo tem por objetivo refletir sobre desafios e problemas práticos na construção de um arquivo sonoro colaborativo. Desenvolvido pela Universidade de Aveiro (Portugal) e pelo Centro de Estudos em Música e Dança (Portugal), o projeto SOMA – Sons e Memórias de Aveiro – tem por meta a construção de um arquivo sonoro elaborado por meio de investigação partilhada que busque salvaguardar a herança sonora de onze municípios que compõem a Comunidade Intermunicipal de Aveiro (CIRA). A partir de reflexões sobre minha própria trajetória como investigador do projeto – incluindo remissões a cadernos de campo e diálogos com a equipe de pesquisa –, procuro analisar uma das primeiras ações do projeto SOMA: a realização de um videodocumentário sobre a rádio na região de Aveiro, elaborado com base em memórias afetivas de moradores, ex-agentes de rádio e radialistas. O artigo tem ainda por objetivos específicos: a) entender de que forma a trama de discursos colhidos no documentário sobre as diferentes percepções sobre a rádio na região – trama que envolve diferentes discursos, sociabilidades, dimensões políticas, comerciais e ideológicas – se articula na construção de um arquivo colaborativo; b) refletir sobre o conjunto de escolhas e ações envolvidas no processo de constituição de um arquivo sonoro.
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Este dossiê, denominado “Decolonizar Museus e Patrimônios: Teorias e Práticas”, traduz-se como uma tomada de partido. Trata-se de uma provocação ao debate, que é ao mesmo tempo teórico, político, epistêmico e prático. Reveste-se, assim, de um compromisso com a ação, com a práxis que transcende a adoção de um pretenso discurso decolonial. Firma-se com esse conjunto de potentes artigos que compõe o dossiê uma estaca no tempo e no espaço, cujo desafio coletivo é demarcar a relevância de um movimento amplo que está em curso, que tem como norte os processos de decolonização de museus e patrimônios. Mais do que isso: é um potente condutor que retira as subalternidades da periferia e as empurra para o centro.
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Neste ensaio, propomos uma análise dos procedimentos metodológicos para estudos etnomusicológicos durante processos de pesquisa. Conceitualmente, as abordagens adotadas são aplicadas a quatro práticas performativas que envolvem percussão, dança, poesia, canto e/ou vocalizações e artefatos: adowa (Akan, Gana); batuko e colá Son Jon (Cabo Verde); maracatu (Brasil). Estas manifestações culturais (e religiosas) estão condicionadas às estratégias de sobrevivência desenvolvidas pelos povos, outrora colonizados, e seus descendentes no enfrentamento das estruturas hegemônicas impostas em todos os domínios das suas vidas, enquanto reproduzem os seus valores, saberes e rituais. Nos referimos às estruturas coloniais de poder cujas bases foram lançadas na aurora da modernidade ocidental. Bases que se desenvolveram ao longo dos últimos séculos e originaram sistemas globais de comunicação caracterizados por fluxos e trocas culturais em uma dimensão mundial transnacional.
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In the last few years, a group of researchers of the branch of the University of Aveiro of the Instituto de Etnomusicologia-Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md/UA)-has been involved in ethnographic collaborative activities with vulnerable social groups. The shifting from research practices centred in the identification, analysis and explanation of events, to what we define as shared research practices, is deeply influencing the research group. Its priorities are increasingly decided through a dialogue between the academia and non-academic communities, originating an ecological process of construction of knowledg-es in music that goes towards knowledge de-hierarchization. This process is still in its initial stage and sometimes it has contradictory aspects. It is influenced by disagreements between the needs of the academia (who marks short research production times) and those of the communities (who need long-term sustainability). But at the same time, it is defined by unexpected and fruitful encounters. KEY WORDS Ethnomusicology, participatory methodologies, co-utility and transmodality of knowledges, Portugal. PRÁCTICAS DE INVESTIGACIÓN COMPARTIDA EN MÚSICA. TENTATIVAS Y DESAFÍOS DESDE PORTUGAL RESUMEN En los últimos años, un grupo de investigadores-md/UA)-se ha involucrado en una serie de actividades colaborativas de carácter etnográfico con grupos socialmente vulnerables. El pasaje de prácticas de investigación centradas en la identificación, análisis y explicación de fenómenos, a las que definimos como prácticas de investigación compartida, está influenciando profundamente la labor del grupo: cada vez más sus priori-dades se construyen en un diálogo continuo entre academia y comunidades, generando un proceso ecológico de construcción del conocimiento en música, que se mueve hacia una desjerarquización de saberes. Se trata de un proceso aún inicial y a veces contradictorio, hecho de desencuentros entre las necesidades de la academia (que marca tiempos de produc-ción de resultados de investigación cada vez más breves) y de las comunidades (que requie-ren procesos compartidos sostenibles en el tiempo), pero también de encuentros inesperados y fructíferos. PALABRAS CLAVE Etnomusicología, metodologías participativas, co-utilidad, transmodalidad, Portugal. 359 ANA FLÁVIA MIGUEL, DARIO RANOCCHIARI and SUSANA SARDO
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En los últimos años, un grupo de investigadores de la sede de la Universidade de Aveiro del Instituto de Etnomusicologia —Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md/UA)— se ha involucrado en una serie de actividades colaborativas de carácter etnográfico con grupos socialmente vulnerables. El pasaje de prácticas de investigación centradas en la identificación, análisis y explicación de fenómenos, a las que definimos como prácticas de investigación compartida, está influenciando profundamente la labor del grupo: cada vez más sus prioridades se construyen en un diálogo continuo entre academia y comunidades, generando un proceso ecológico de construcción del conocimiento en música, que se mueve hacia una desjerarquización de saberes. Se trata de un proceso aún inicial y a veces contradictorio, hecho de desencuentros entre las necesidades de la academia (que marca tiempos de producción de resultados de investigación cada vez más breves) y de las comunidades (que requieren procesos compartidos sostenibles en el tiempo), pero también de encuentros inesperados y fructíferos.
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Ethnomusicological fieldwork has significantly changed since the end of the the 20th century. Ethnomusicology is in a critical moment that requires new perspecitves on fieldwork—perspectives that are not addressed in the standard guides to ethnomusicological or anthropological method. The focus in ethnomusicological writing and teaching has traditionally centered around analyses and ethnographic representations of musical cultures, rather than on the personal world of understanding, experience, knowing, and doing fieldwork. Shadows in the Field deliberately shift the focus of ethnomusicology and of ethnography in general from representation (text) to experience (fieldwork). The “new fieldwork” moves beyond mere data collection and has become a defining characteristic of ethnomusicology that engages the scholar in meaningful human contexts. In this new edition of Shadows in the Field, renowned ethnomusicologists explore the roles they themselves act out while performing fieldwork and pose significant questions for the field: What are the new directions in ethnomusicological fieldwork? Where does fieldwork of “the past” fit into these theories? And above all, what do we see when we acknowledge the shadows we cast in the field? The second edition of Shadows in the Field includes updates of all existing chapters, a new preface by Bruno Nettl, and seven new chapters addressing critical issues and concerns that have become increasingly relevant since the first edition.
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Na primeira parte do ensaio, argumenta‑se que as linhas cartográficas “abissais” que demarcavam o Velho e o Novo Mundo na era colonial subsistem estruturalmente no pensamento moderno ocidental e permanecem constitutivas das relações políticas e culturais excludentes mantidas no sistema mundial contemporâneo. A injustiça social global estaria, portanto, estritamente associada à injustiça cognitiva global, de modo que a luta por uma justiça social global requer a construção de um pensamento “pós-abissal”, cujos princípios são apresentados na segunda parte do ensaio como premissas programáticas de uma “ecologia de saberes”.
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I am not quite sure when the world fell apart. When I began my study of ethnomusicology in 1968, there was a great deal of excitement and optimism about this relatively new field of study, even though the United States was in the middle of a horrible war in Vietnam. It seemed that, as we say in English, “the world was our oyster.” We could apparently go anywhere (with the possible exception of Vietnam) and study any music that struck our fancy. Since then, however, not only has this naïve optimism and energy been subjected to a withering postcolonial critique but, especially since the end of the Cold War in 1991, the situation for many people in the world seems only to be getting worse and worse, making the prospect of doing fieldwork in a growing number of places in the world nearly unimaginable. For a few people, including most readers of this journal, our personal worlds have probably improved during this period, but what of the rest of the world, including the poor and unfortunate in our own countries? The United Nations today lists more than sixty countries in which there is open, armed conflict between groups or between resistance groups and the government. The HIV/AIDS pandemic has wracked some parts of the world, most notably Africa. All reports indicate that the gap between rich and poor is growing, both in developed, capitalist countries, and between rich and poor regions of the world. Climate change seems to be posing an ever-more-obvious threat to life on our planet, and rising ocean water levels are causing some people in the Pacific to plan for a future far from their native atolls. Where can we go to work ethnomusicologically today, and what kind of work should we be doing there?