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REVSBAU, Piracicaba – SP, v.11, n.3, p. 37-55, 2016
ISSN eletrônico 1980-7694
A PAISAGEM DA FLORESTA URBANA DE CURITIBA-PR
URBAN FOREST LANDSCAPE OF CURITIBA-PR
Mayssa Mascarenhas Grise
1
, Daniela Biondi2, Hideo Araki3
RESUMO
A vegetação é o componente central da estrutura das paisagens urbanas, seja por seus benefícios
ecológicos, estéticos ou sociais. O objetivo desse trabalho foi descrever e quantificar a composição e
configuração espacial dos componentes estruturais da paisagem da floresta urbana de Curitiba-PR. Para
identificar a floresta urbana utilizou-se imagens GeoEye-1, às quais foram aplicadas técnicas de realce
para a classificação por árvore de decisão. Após a classificação foram definidos os componentes
estruturais da paisagem, a matriz, os fragmentos e os corredores. A paisagem de Curitiba é formada por
uma matriz urbana que ocupa 56,33% da área total do município. Os fragmentos, classificados como as
áreas com cobertura de vegetação presentes nas áreas verdes e no interior das áreas de quadra,
ocupam 37,90%. Os corredores, definidos como a vegetação presente sobre o arruamento e os corpos
d’água, representam 5,73%. Ainda que Curitiba detenha uma matriz formada por áreas construídas
imersa em uma extensa (44% da paisagem) floresta urbana, há necessidade de um incremento no
número de fragmentos remanescentes, de uma efetiva fiscalização que evite a perda dos fragmentos
introduzidos particulares e, de um monitoramento e manejo adequado dos corredores do tipo urban
stepping stones.
Palavras-chave: Arborização; Área verde; Matriz; Corredor; Fragmento.
ABSTRACT
Vegetation is the central component of the urban landscape structure, whether by their ecological,
aesthetic or social benefits. The aim of this study was to describe and quantify the composition and
spatial configuration of landscape structural components of Curitiba-PR urban forest. The urban forest
was identified by GeoEye-1 images, which were applied enhancement techniques for classification by
decision tree. After classification, the landscape structural components were defined: the matrix, patches
and corridors. Curitiba’s landscape is formed by an urban matrix that occupies 56.33% of city total area.
The patches, classified as vegetation covered in green areas and block areas inside, occupies 37.90%.
Corridors, defined as the vegetation covered on streets and water bodies, represent 5.73%. Although
Curitiba holds a matrix of built areas immersed in an extensive (44% of the landscape) urban forest, there
is a need to increase the number of remaining patches, an efficient supervision to prevent the loss of
private introduced patches and a monitoring and appropriate management of the urban stepping stones
corridors.
Keywords: Tree; Green area; Matrix; Corridor; Patch.
Recebido em 17.06.2016 e aceito em 14.07.2016
1
Bióloga, Dra., Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná. Curitiba/PR. Email:
mayssamonteiro@gmail.com
2 Engenheira Florestal, Dra., Professora do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal do Paraná. Curitiba/PR.
Email: dbiondi@ufpr.br
3 Engenheiro Cartógrafo, Dr., Professor do Departamento de Geomática da Universidade Federal do Paraná. Curitiba/PR. Email:
haraki@ufpr.br
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INTRODUÇÃO
As paisagens urbanas são o produto das ações do homem sobre a natureza (BIONDI,
2015). A vegetação é um componente central da estrutura dessa paisagem, seja por motivos
ecológico, climático e também sociopsicológico (LANG; BLASCHKE, 2009).
Uma paisagem é formada por três componentes estruturantes: a matriz, os fragmentos
e os corredores. A matriz da paisagem é definida como a classe de cobertura do solo que
ocupa a maior área de cobertura da paisagem, com maior grau de conectividade e que controla
a dinâmica da paisagem (FORMAN; GODRON, 1986; LANG; BLASCHKE, 2009).
Os fragmentos são elementos individuais cujo uso do solo difere do da matriz. Estão
inseridos em uma matriz cujas características diferem em espécies, estrutura ou composição.
Segundo Forman e Godron (1986), os fragmentos podem ser categorizados por sua origem ou
mecanismo de sua causa.
Os corredores são áreas lineares que comunicam um lugar a outro. Esta é a definição
clássica de Forman e Godron (1986), os quais classificam os corredores em três tipos: lineares,
em faixas e de corpos d’água. Entretanto, Lang e Blaschke (2009) destacam que ainda não há
uma definição clara e consistente para o termo corredor. Os autores enfatizam que a maioria
das definições tem uma componente espacial-estrutural (alongada) e outra componente
funcional (caráter conectivo, via para movimentação de organismos). Em 1995, a Estratégia
Pan-europeia para a Diversidade Biológica e Paisagística - PEBLDS, diante da dificuldade de
se estabelecer corredores lineares e contínuos em paisagens extremamente fragmentadas e
engessadas pela sua constituição histórica de povoamento, apoiou e incentivou a inclusão e
constituição de corredores de paisagem não somente condicionados à forma alongada e à
junção física, mas acedeu à ideia de corredores de trampolins ecológicos, ou stepping stones.
Assim, fortalece-se a noção de que o termo conectividade deve ser entendido na acepção de
união funcional, diferente de junção, que é a união física (LANG; BLASCHKE, 2009).
Diversos autores defendem a formação de um sistema de áreas verdes nas cidades
como forma de otimizar a funcionalidade da floresta urbana (FORMAN; GODRON, 1986).
Estudos têm apontado para a efetividade destes na dispersão de espécies vegetais e animais
em áreas urbanas, como Woodall et al. (2010) e Vergnes, Viol e Clergeau (2012). Um desenho
ideal das áreas verdes exige um sistema de vegetação incorporado à malha urbana. Isto
segrega as áreas construídas, aumenta o impacto paisagístico e facilita as funções ambientais
e ecológicas (FORMAN; GODRON, 1986).
Diante da necessidade de se reestruturar os ambientes urbanos, o que não é possível
sem considerar a vegetação (a qual atua diretamente na qualidade do solo, da água e do ar),
cada vez mais vem se discutindo o planejamento e o desenvolvimento das paisagens urbanas
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no âmbito da ecologia. Entretanto, antes de se iniciar estudos em ecologia urbana, é essencial
a coleta de informações básicas que possam dar suporte a tais pesquisas. Desta forma, a
quantificação, a qualificação e a espacialização da vegetação urbana são fundamentais nestes
processos.
A distribuição da vegetação urbana influi diretamente em suas funções ecológica,
estética e social. Portanto, um planejamento urbano baseado nos padrões espaciais de
configuração da paisagem pode resultar em uma convivência equilibrada dos habitantes com
os componentes urbanos.
Ferramentas geoespaciais como o Sensoriamento Remoto (SR) e os Sistemas de
Informação Geográfica (SIGs) podem fornecer dados espaciais, a partir dos quais a vegetação
urbana pode ser identificada, quantificada, qualificada e analisada quanto à sua distribuição
espacial na cidade. Neste sentido, a utilização de dados do SR de alta resolução espacial na
identificação da vegetação, bem como o posterior processamento dos dados em SIGs,
permitem a análise detalhada da composição e configuração da paisagem urbana através de
seus componentes estruturais, matriz, fragmentos e corredores, os quais, auxiliados pelo
cálculo de métricas, permite possibilitam a elaboração de um diagnóstico da paisagem urbana.
A partir de um diagnóstico apropriado, tem-se o entendimento das implicações específicas
resultantes dessa configuração para a integridade, utilidade e valor da paisagem (LANG;
BLASCHKE, 2009).
O objetivo do presente trabalho foi descrever e quantificar a composição e
configuração espacial dos componentes estruturais - matriz, fragmentos e corredores - da
paisagem da floresta urbana de Curitiba-PR por meio de técnicas do sensoriamento remoto de
alta resolução espacial, com a finalidade de gerar informações espaciais que sirvam de base
para o planejamento de uso e ocupação do solo urbano.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
A área de estudo foi o município de Curitiba, capital do estado do Paraná, na região
sul do Brasil. O marco zero da cidade, localizado na Praça Tiradentes, tem as coordenadas 25°
25’ 41” de latitude S e 25° 25' 41" longitude W. A cidade foi fundada em 1693 e atualmente é
dividida em 75 bairros dispostos em nove unidades administrativas ou regionais: Bairro Novo,
Boa Vista, Boqueirão, Cajuru, Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Matriz, Portão, Pinheirinho e
Santa Felicidade (IPPUC, 2014).
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Localizada no primeiro planalto paranaense, Curitiba ocupa uma área de 432,17 km²
com altitude média em relação ao nível do mar de 934,6 m. A topografia é ondulada com
colinas suavemente arredondadas. A geologia é composta por sedimentos de formação
Guabirotuba de origem flúvio-lacustre. Segundo a classificação de Köppen, o clima é do tipo
Cfb, subtropical (ou temperado) úmido, mesotérmico, sem estação seca, com verões frescos e
invernos com geadas frequentes (IPPUC, 2014).
A cidade está inserida na região fitogeográfica de limite de Campo (Estepe Gramíneo-
Lenhosa) com Mata de Araucária (Floresta Ombrófila Mista) que compõe o Bioma Mata
Atlântica. Possui mais de mil áreas verdes além de 300 mil árvores de rua (IPPUC, 2014). A
cobertura vegetal de todo o município, em 2004, foi estimada por Vieira e Biondi (2008) em
129.940.000 m2 ou 30% do seu território.
Reconhecida internacionalmente como capital ecológica, Curitiba tem seu
desenvolvimento histórico relacionado às questões ambientais desde 1721, quando chega à
cidade o ouvidor Raphael Pires Pardinho, a primeira autoridade a se preocupar com os
aspectos ambientais da cidade. No século XIX iniciou-se a “arborização” de Curitiba com o
plantio das primeiras árvores em ruas e praças. A década de 1870 marcou o início do processo
de arborização dos largos (precursores das praças) da capital, com a criação do “Cinturão
Verde” no entorno da cidade e o plantio das primeiras árvores em ruas, praças e parques. O
Passeio Público foi o primeiro parque da cidade, inaugurado em 1886. Somente em 1966 foi
estabelecido o Plano Diretor, o qual conduziu o crescimento da cidade associado à conservação
das áreas verdes e à qualidade de vida dos cidadãos (IPPUC, 2014).
Identificação da floresta urbana por meio de imagens digitais
Para a realização desta pesquisa foram utilizadas imagens do satélite GeoEye-1, com
as bandas do visível e infravermelho próximo, que contemplaram a totalidade do município. As
imagens fusionadas apresentam uma resolução espacial de 0,5 m e dataram de janeiro de
2010, ou seja, foram adquiridas na melhor estação do ano para tal finalidade, o verão. Para a
classificação das imagens digitais foi utilizado o método da Árvore de Decisão, sendo
estabelecido um conjunto de regras de decisão, baseado no comportamento da vegetação
quando realçada pelas técnicas do NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) e nas
transformações por Componentes Principais (CP) e no espaço de cores – matiz, saturação e
valor (Hue, Saturation, Value - HSV). A Árvore de Decisão permitiu criar as regras de decisão,
as quais foram implementadas no ambiente MATLAB.
O pós-processamento foi realizado em ambiente computacional SIG no software
ArcGIS 10. Os arquivos contendo as informações da cobertura de vegetação de Curitiba foram
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transformados do formato matricial (raster) para vetorial. Com as informações vetorizadas
obteve-se acesso aos dados da tabela de atributos, na qual foi calculada a área dos polígonos
de vegetação.
Uma vez definida a cobertura de vegetação da cidade e de suas regionais, os
componentes da floresta urbana foram divididos em floresta urbana em área pública e floresta
urbana em área particular, conforme Biondi (2015).
Foi considerada floresta urbana particular, toda a cobertura de vegetação em área
particular (BIONDI, 2015), ou seja, os quintais e jardins - áreas cobertas por vegetação
localizadas dentro dos limites das quadras e lotes, segundo os dados vetoriais de arruamento
da cidade, fornecidos pelo IPPUC.
Foi considerada floresta urbana pública toda a cobertura de vegetação sobre as áreas
verdes públicas e a arborização viária (BIONDI, 2015). As áreas verdes foram identificadas a
partir do arquivo vetorial fornecido e elaborado pelo IPPUC, e a arborização viária foi definida
como sendo toda a cobertura de vegetação encontrada sobre o arruamento - ruas, avenidas,
calçadas e demais acessos da cidade (BIONDI, 2015). Foram cruzados, no software ArcGIS, o
arquivo vetorial da cobertura de vegetação com os arquivos vetoriais de áreas verdes e do
arruamento a fim de se obter a floresta urbana pública de Curitiba.
Componentes estruturais da paisagem
A paisagem da floresta urbana de Curitiba-PR foi caracterizada por meio da análise
dos componentes estruturais da paisagem - a matriz, os fragmentos e os corredores. Esta
definição foi baseada em Forman e Godron (1986), os precursores do estudo da paisagem no
século XX.
A matriz da paisagem da floresta urbana de Curitiba e de suas regionais foi definida
pelos seguintes critérios (FORMAN; GODRON, 1986):
a) área relativa - a classe de cobertura do solo de maior representatividade e extensão ao
longo da paisagem;
b) conectividade e controle da dinâmica da paisagem - a classe de cobertura do solo de maior
conectividade e que detém o controle sobre a dinâmica da paisagem.
Para esta pesquisa foram considerados somente os corredores formados por
vegetação, os quais foram baseados nos tipos propostos por Forman e Godron (1986) e Lang
e Blaschke (2009), tais como:
a) corredores lineares de vegetação - caracterizados por estreitas faixas de vegetação
dominadas por espécies de borda de fragmentos, aqui considerada a cobertura de vegetação
sobre o arruamento que formaram faixas com área superior a 7.500 m2;
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b) corredores em quadra - corresponde à vegetação sobre o arruamento com área de
cobertura de 500 a 7.500 m2;
c) corredores urban stepping stones ou trampolins ecológicos urbanos - foram caracterizados
pela cobertura de vegetação sobre o arruamento com área inferior a 500 m2;
d) corredores em faixas de vegetação - caracterizados por largas faixas de vegetação que
possuem uma área central contendo espécies de interior, aqui definidos como sendo a
cobertura de vegetação sobre o arruamento com área superior a 7.500 m2 e que se
apresentaram de forma arredondada ou triangular;
e) corredores de corpos d’água - foi considerada a cobertura de vegetação sobre os corpos
d’água e que consequentemente acompanham a margem de rios e arroios ou lagos e cavas.
Os parâmetros utilizados no estabelecimento das áreas de cada tipo de corredor foram:
a) área de 500 m2 - corresponde à maior área de copa encontrada na arborização de Curitiba
em estudo realizado por Bobrowski e Biondi (2012) por meio de inventário florestal;
b) área de 7.500 m2 - corresponde à área padrão de arruamento ao longo de uma quadra,
baseado na Lei n. 2.942/1966 (CURITIBA, 1966). Esta Lei regulamenta os projetos de
arruamento e loteamento de Curitiba e estabelece que as vias públicas não devem exceder
300 m e as secções transversais terão de 12 a 25 m, sendo 25 m o valor mínimo para vias
expressas (CURITIBA, 1966). Assim calculou-se a área padrão de arruamento (300 m x 25 m)
igual a 7.500 m2.
Estas categorias de corredores foram estabelecidas para que fosse possível realizar
uma análise minuciosa da distribuição da arborização viária da cidade, de forma a considerar
toda a vegetação componente da arborização viária como formadora de corredores. Incluem-se
assim as pequenas áreas de vegetação (até 500 m2), como os trampolins ecológicos urbanos,
a vegetação presente ao longo da área de uma quadra (de 500 a 7.500 m2), e os grandes
corredores (área superior a 7.500 m2). Estes três tipos somados aos corredores de corpos
d’água e corredores em faixa permitiram o estudo da paisagem com maior detalhamento, de
forma a aprimorar a análise do sistema formado pela floresta urbana de Curitiba.
Com base nos tipos de fragmentos propostos por Forman e Godron (1986), foi feita
uma adaptação e os fragmentos foram definidos como:
a) fragmentos remanescentes - são ilhas de vegetação que resistiram a um distúrbio
generalizado nas áreas ao seu redor, mas que preservam características intrínsecas da biota
nativa. Neste estudo foram considerados os parques (de conservação, lineares e de lazer),
bosques (nativos relevantes, de conservação e de lazer), RPPNM e áreas verdes diversas
(aquelas que constam no arquivo base do IPPUC, mas cuja tipologia não é definida) com área
maior que 100.000 m2. Este valor foi estipulado, considerando que 99,76% das praças de
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Curitiba apresentam área inferior a 100.000 m2 e 41,66% dos parques e bosques apresentam
área superior a este valor;
b) fragmentos de perturbação - são originários de áreas de vegetação que sofreram um
distúrbio produzido pela matriz, sendo muitas vezes descaracterizados, mas que ainda
apresentam certa cobertura de vegetação. Sendo assim, foram considerados as praças, os
eixos de animação e as áreas verdes diversas com área de 2.500 a 100.000 m2. Este é o
intervalo entre a área mínima de uma praça, conforme estabelece o Decreto n. 427 de 1983
(CURITIBA, 1983), e a área definida para os fragmentos remanescentes;
c) fragmentos introduzidos públicos - são áreas com vegetação plantada, independente do
porte. Foi considerada a vegetação inserida pela municipalidade em área verde pública, tais
como: jardinetes, largos, jardins ambientais, núcleos ambientais, centro poliesportivo e as áreas
verdes diversas menores que 2.500 m2;
d) fragmentos introduzidos particulares - são áreas com vegetação plantada e/ou manejada
diretamente pelos habitantes de determinado local. Foi considerada somente a cobertura de
vegetação dentro dos limites das quadras, segundo os dados vetoriais de arruamento da cidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise da estrutura da paisagem da floresta urbana de Curitiba-PR
Baseado nos dados vetoriais do IPPUC de 2010, Curitiba possui uma área total de
434.530.889,27 m2. A classificação das imagens digitais resultou em uma área total de
cobertura de vegetação de 189.826.140,18 m2.
Para a análise da estrutura da paisagem da floresta urbana de Curitiba-PR, foram
considerados somente os polígonos de vegetação com área maior que 0,25 m2 ou um píxel.
Desta forma, 0,03% da área total de Curitiba classificado como vegetação foram
desconsiderados para o estudo da paisagem. Foram 911.989 polígonos que, quando somados,
não apresentaram tamanho significativo de área que viesse a interferir na análise da paisagem.
Mas que, devido ao elevado número de pequenos polígonos, inviabilizaria o processamento
das métricas de paisagem.
A estrutura da paisagem de Curitiba apresentou como matriz sua área sem cobertura
de vegetação. Os fragmentos foram formados pelas áreas com cobertura de vegetação. Os
corredores foram compostos pelas áreas com cobertura de vegetação que conectam os
fragmentos (Figuras 1 e 2).
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A matriz da paisagem foi definida pelo método da área relativa como sendo a área
sem cobertura de vegetação, a qual representou 224.763.417,39 m2 ou 56,33% da área total
do município (Figuras 1 e 2). A matriz, portanto, é formada por áreas impermeáveis
construídas, tais como: casas comerciais, indústrias, residências, sistema viário e as estruturas
e equipamentos das empresas de energia elétrica, de água e saneamentos e de
telecomunicações; e ainda por áreas permeáveis como solo exposto e corpos d’água. Segundo
Biondi (2015), na paisagem urbana a matriz detém o controle dos fragmentos e corredores.
Figura 1. Estrutura da paisagem da floresta urbana de Curitiba-PR
Figure 1. Urban forest landscape structure of Curitiba-PR
Área Total de Curitiba
Corredores
Fragmentos
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Figura 2. Estrutura da paisagem da floresta urbana de Curitiba-PR
Figure 2. Urban forest landscape structure of Curitiba-PR
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Parece óbvio que a matriz de uma cidade seja, em grande parte, formada por área
construída. Entretanto, comprovar que a matriz da paisagem de Curitiba corresponde à apenas
56% da área da cidade é surpreendentemente positivo, uma vez que os outros 44% (ou quase
a metade) da cidade são cobertos por vegetação. O objeto de estudo desta pesquisa foi a
cobertura de vegetação (independente do porte) presente (em cada 0,25 m2 de área) na
cidade. Todo e qualquer outro elemento na paisagem (incluindo os corpos d’água sem
cobertura de vegetação) foi considerado como componente da matriz. A matriz desempenha
um papel relevante para o fluxo de energia, o ciclo de substâncias e o regime de espécies na
paisagem (FORMAN; GODRON, 1986; LANG; BLASCHKE, 2009). Uma matriz formada por
áreas construídas, que detém a dinâmica dos fluxos de matéria, energia e espécies na
paisagem, estando imersa em uma extensa floresta urbana (44% da paisagem), pode compor
um cenário urbano muito mais equilibrado, principalmente do ponto de vista ecológico, devido
todos os benefícios agregados à presença de vegetação em áreas urbanas e que influem
diretamente na melhoria da qualidade do ar, da água e do solo.
Os fragmentos, classificados como as áreas com cobertura de vegetação presentes
nas áreas verdes e no interior das áreas de quadra, totalizaram 164.705.040 m2, ou 37,90% da
área total de Curitiba. Dentre os tipos de fragmentos, a maior área de cobertura (91,49%) são
de fragmentos introduzidos particulares e apenas 6,02% são áreas de fragmentos
remanescentes. Os fragmentos de perturbação e os introduzidos públicos representaram
juntos, menos de 2,5% dos tipos de fragmentos (Figuras 1 e 2).
Os fragmentos introduzidos particulares corresponderam a mais de 90% da área de
cobertura dentre os tipos de fragmentos, o que é preocupante. Alguns trabalhos reconhecem a
importância dos jardins na paisagem urbana (REYES-PAECKE; MEZA, 2011; CAMERON et
al., 2012). Entretanto, Cameron et al. (2012) advertem que o manejo de jardins particulares
pode trazer mais danos do que benefícios ao ambiente, uma vez que não se tem estudos que
avaliem o uso da água, de pesticidas ou fertilizantes nestas áreas. Se este alerta for levado em
consideração, em conjunto com o fato destes jardins estarem em áreas particulares sujeitas a
certa regulamentação de taxa de permeabilidade do solo, estas áreas podem ser consideradas
vulneráveis.
Somente 6% da área de cobertura dos fragmentos foram classificados como
fragmentos remanescentes. Em Curitiba este tipo de fragmento é pertencente às categorias
parques e bosques do Sistema de Unidade de Conservação Municipal, formados pelas mais
expressivas áreas de vegetação nativa remanescente da cidade. Heckmann, Manlez e
Schlesinger (2008) afirmam que remanescentes de florestas contribuem significativamente para
manter espécies nativas em áreas urbanas. O parque Barigui, por exemplo, foi apontado por
Kozera, Dittrich e Silva (2006) como um fragmento remanescente de Floresta Ombrófila Mista
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com grande riqueza de espécies vegetais vasculares, mesmo estando situado em área urbana
e sob interferência antrópica. São também refugio para mastofauna de médio porte como as
capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), animais presentes em diversos parques da cidade
(ALMEIDA et al., 2014).
Os fragmentos remanescentes ainda proporcionam ao ambiente urbano microclimas
mais confortáveis termicamente, com menores temperaturas e maiores valores de umidade
relativa do ar do que em áreas construídas e gramado (MARTINI; BIONDI, 2015) ou até mesmo
em áreas verdes com paisagismo e arborização de ruas (MARTINI et al., 2015). Portanto,
somente 6% dos fragmentos sendo classificados como remanescentes é muito pouco,
principalmente em se tratando dos fragmentos de maior importância na paisagem.
Os corredores, definidos como a vegetação presente sobre o arruamento e os corpos
d’água, representaram 24.916.876 m2 ou 5,73% da área total da cidade. A maior área de
cobertura dos corredores, 43,49%, foram considerados urban stepping stones, ou seja, aqueles
que possuem área igual ou menor que 500 m2, seguido por 30,74% de corredores de quadra,
aqueles com área de 500 a 7.500 m2. Os corredores do tipo corpo d’água totalizaram 13,31%,
7,09% foram classificados como corredores lineares e 5,37% como corredores em faixa
(Figuras 1 e 2).
A arborização viária já é reconhecida como corredor ecológico, sendo fundamental na
estruturação do espaço urbano. Algumas pesquisas confirmam a eficácia dos corredores em
áreas urbanas na melhoria da biodiversidade destas áreas (VERGNES; VIOL; CLERGEAU,
2012).
Curitiba possui 21% de sua área formada por sistema viário e corpos d’água, portanto,
aproximadamente um quarto é coberto por corredores de vegetação. Considerar toda a
vegetação sobre o arruamento como corredor, principalmente os corredores urban stepping
stones, é avançar no conceito de conectividade e, consequentemente, no entendimento da
floresta urbana. Entretanto, Bobrowski e Biondi (2012) constataram que a arborização viária de
Curitiba encontra-se na fase madura ou de amadurecimento, ou seja, a longo prazo, se não
houver um planejamento de reposição e um manejo adequado, a tendência é que haja uma
diminuição destes corredores na cidade devido ao envelhecimento e perda das árvores. Os
autores alertaram para a urgente necessidade de um plano de manejo adequado, contendo
práticas modernas e sustentáveis para a conservação e compatibilização das árvores com as
mudanças estruturais da cidade.
Análise por regional da estrutura da paisagem da floresta urbana de Curitiba-PR
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Quando feita a análise da paisagem de cada regional, a definição da matriz teve de
seguir dois critérios: primeiro a classe de maior cobertura do solo e, posteriormente, a classe
de maior conectividade e controle da dinâmica da paisagem. A matriz de todas as regionais foi
a área sem cobertura de vegetação, entretanto, para as regionais Bairro Novo e Santa
Felicidade, a matriz foi definida utilizando-se o segundo critério, o da conectividade e controle
da dinâmica da paisagem. Nestas regionais, a cobertura de vegetação nos fragmentos
representa mais da metade de sua área. Entretanto, a área sem cobertura de vegetação possui
maior conectividade, detém o controle da dinâmica da paisagem e é interligada e perfurada
pela presença dos fragmentos e corredores de vegetação (Figura 3).
Figura 3. Componentes estruturais da paisagem da cidade de Curitiba-PR e de suas regionais
Figure 3. Landscape structural components of Curitiba-PR and its regional
As regionais que apresentaram menor proporção de fragmentos por área foram
Cajuru, Matriz e Portão, entretanto, estas foram as regionais que apresentaram a maior
proporção de corredores. A regional Cajuru apresentou 7,87% de sua área formada por
corredores, seguida pelas regionais Portão (6,78%) e Matriz (6,73%) (Figura 4). Este resultado
é relevante, uma vez que justamente as regionais com a menor quantidade de fragmentos
(cobertura de vegetação em áreas verdes e áreas particulares) apresentaram uma maior
quantidade de corredores conectando estes fragmentos. Como esses fragmentos são em
menor quantidade e encontram-se mais afastados os corredores acabam exercendo um papel
ainda mais importante nestas regionais.
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Figura 4. Tipos de fragmentos da cidade de Curitiba-PR e de suas regionais
Figure 4. Patches types of Curitiba-PR and its regional
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Dentre os tipos de fragmentos, os fragmentos introduzidos particulares representaram
maioria para todas as regionais, sendo que em seis regionais, estes superaram 90% da área
de cobertura de vegetação dos fragmentos. Apenas as regionais Cajuru, Matriz e Boqueirão
apresentaram valores inferiores. Agregado a isto, as regionais Cajuru e Matriz apresentam a
segunda e a terceira maiores densidades populacionais de Curitiba, respectivamente. Segundo
Michey, Schmitt-Harsh e Thurau (2013), em uma escala pequena ou “fina”, a copa das árvores
em áreas particulares de zonas residenciais com alta densidade populacional, se comportam
de forma mais parecida com zonas comerciais, do que com zonas residenciais de baixa
densidade, o que pode ser observado na regional Cajuru. Esta possui uma quantidade de
fragmentos introduzidos particulares similar à regional Matriz, a qual contém a zona central
(predominantemente comercial) da cidade. Em suma, devido a estas condições, a regional
Cajuru se assemelha à regional Matriz.
A regional Boqueirão apresentou 60,39% de fragmentos introduzidos particulares, e a
maior proporção dentre as regionais de fragmentos remanescentes, 37,35%. Este resultado
revela a presença nesta regional do maior parque da cidade, o Parque Iguaçu. A regional
Cajuru também é contemplada por parte da área do Parque Iguaçu, sendo a terceira regional
em proporção de fragmentos remanescentes com 8,3%. A regional Matriz apresentou 10,16%
de seus fragmentos como remanescentes, fato interessante por se tratar da região central da
cidade. Isto é explicado pela grande quantidade de áreas verdes instituídas nesta regional
dentre as quais, 14% do número total de parques e bosques de Curitiba, incluindo o Parque
Barigui, o segundo maior parque da cidade em área (Figura 4).
A regional Matriz também se destacou quanto à presença de fragmentos de
perturbação, como as praças e eixos de animação, os quais representaram 4% de seus
fragmentos. Esta é a regional com maior área coberta por vegetação em praças e eixos de
animação, que se deve ao fato desta regional possuir 20% do número destas categorias de
áreas verdes em Curitiba (Figura 4). Os resultados corroboram com Biondi e Lima Neto (2012),
segundo os quais a regional Matriz contém o maior número de praças de Curitiba, que não
deve estar associado com a maior cobertura de vegetação total da regional. Isso também pode
ser observado nesta pesquisa, já que esta regional possui a segunda menor área coberta por
vegetação da cidade.
Em contra ponto, a regional Santa Felicidade, que possui a segunda maior floresta
urbana da cidade, apresentou a menor proporção de fragmentos de perturbação (0,86%).
Santa Felicidade é a regional com o menor número de praças e eixos de animação, apenas 44
(Figura 4). Isto pode estar associado ao fato desta ser a regional com menor densidade
demográfica de Curitiba, 23,90 hab/ha, fato também observado por Biondi e Lima Neto (2012).
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Os fragmentos introduzidos públicos, aqueles representados pelos jardinetes, largos,
jardins ambientais, núcleos ambientais e centro poliesportivo, foram o tipo de fragmento de
menor representatividade dentre os tipos de fragmentos, com menos de 2% em todas as
regionais, exceto nas regionais Cajuru e Matriz, com 4,51 e 1,39%, respectivamente. A regional
Cajuru se sobressai às demais regionais neste tipo de fragmento por possuir o único centro
poliesportivo da cidade, representando 4,77% da área total de áreas verdes desta regional. Já
a regional Matriz detém o maior número destas categorias de áreas verdes, 27% do total da
cidade (Figura 4).
Em relação aos tipos de corredores, a maioria das regionais possui predominância de
urban stepping stones, aqueles com área inferior a 500 m2. O maior valor de corredores urban
stepping stones foi encontrado para a regional Boqueirão (68,05%) e o menor para a regional
Pinheirinho (21,39%). Os corredores em faixa foram os de menor representatividade para a
maioria das regionais e não tiveram ocorrência nas regionais Matriz e Portão (Figura 5).
Dentre as regionais, a Matriz foi a que apresentou a maior proporção de corredores
em quadra (44,02%) e a menor proporção de corredores em corpos d’água, não tendo
apresentado corredores em faixa. Este resultado é interessante, uma vez que esta é a regional
central da cidade e apresentou a maior parte de seus corredores como corredores em quadra,
ou seja, aqueles que apresentam área padrão de arruamento presente ao longo de uma
quadra (de 500 a 7.500 m2) (Figura 5). Em estudo realizado por Martini, Biondi e Batista
(2013), os autores compararam variáveis microclimáticas em ruas arborizadas e sem
arborização em três bairros de Curitiba, sendo dois localizados na regional Matriz. Os autores
constataram que a temperatura do ar nas ruas arborizadas estiveram abaixo dos valores das
ruas sem arborização, enquanto o inverso ocorreu para a umidade relativa. Desta forma, os
autores concluíram que arborização de ruas proporciona um microclima urbano mais ameno
durante a maior parte do dia. Portanto, possuir a maioria dos corredores de vegetação em
quadra proporciona à regional Matriz uma melhoria da qualidade ambiental da porção da
cidade de maior circulação de pessoas, a região central.
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Figura 5. Tipos de corredores da cidade de Curitiba-PR e de suas regionais
Figure 5. Corridors types of Curitiba-PR and its regional
Linear
Em
Faixa
Corpo D’água
Em Quadra
Urban stepping stones
Tipos de corredores
_______________________________________________________________________
Regionais
Regionais
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Costa (2010) utilizou-se de imagens de satélite de alta resolução espacial para
identificar locais prioritários para a instalação de corredores verdes na cidade de São Paulo-
SP. A autora, entretanto, definiu os corredores como faixas contínuas e lineares de vegetação.
Isto se justificou uma vez que o objetivo principal era instalar tais corredores em áreas de
declividade e alagamento e assim mitigar tais problemas. Para esta pesquisa, procurou-se
identificar toda a cobertura de vegetação de Curitiba e relacioná-la aos padrões espaciais do
estudo da paisagem. Portanto, a abordagem de inclusão dos corredores urban stepping stones
como integrantes da arborização viária, ainda que não fisicamente conectadas, se mostrou
pertinente.
Alguns estudos atestam a efetividade de corredores em áreas urbanas, principalmente
em organismos de baixa capacidade de dispersão e aves (VERGNES; VIOL; CLERGEAU,
2012; VERGNES; KERBIRIOU; CLERGEAU, 2013), os quais tendem a ser os maiores
beneficiados pelos corredores urban stepping stones.
Considerando a riqueza da avifauna curitibana, 367 espécies registradas (STRAUBE
et al., 2009), esse conceito inovador de corredor tende a ganhar maior importância. Para
Straube et al. (2009) pequenas ilhas de vegetação florestada ou apenas arborizada, nativa ou
não, são importantes pontos de passagem para a avifauna entre os remanescentes isolados.
Os autores inclusive as intitulam como stepping stones.
CONCLUSÕES
A paisagem de Curitiba é formada por uma matriz urbana, a qual ocupa 56,33% da
área total do município. Os fragmentos, classificados como as áreas com cobertura de
vegetação presentes nas áreas verdes e no interior das áreas de quadra, ocupam 37,90% da
cidade. Os corredores, definidos como a vegetação presente sobre o arruamento e os corpos
d’água, representam 5,73% da área total da cidade.
Dentre os tipos de fragmentos de vegetação, os caracterizados como introduzidos
particulares são a grande maioria (91,49%). Existe uma deficiência de fragmentos
remanescentes, os quais representam apenas 6% dos tipos de fragmentos.
Os corredores de vegetação cobriram cerca de um quarto da área de arruamento e
corpos d’água da cidade, sendo a maioria (43,49%) os urban stepping stones.
A nova abordagem dada aos corredores denominados de urban stepping stones foi
coerente com sua quantidade e função estratégica na paisagem já que as regionais com a
menor quantidade de fragmentos apresentaram uma maior quantidade de corredores
conectando estes fragmentos, que em menor quantidade encontram-se mais afastados.
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Ainda que Curitiba detenha uma matriz formada por áreas construídas, imersa em
uma extensa (44% da paisagem) floresta urbana, há necessidade de um incremento no
número de fragmentos remanescentes, de uma efetiva fiscalização que evite a perda dos
fragmentos introduzidos particulares e um monitoramento e manejo adequado dos corredores
urban stepping stones.
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