... Fora do mercado de trabalho, altamente escolarizadas ou, mais raramente, tendo se casado jovens e abandonado ou adiado os planos de finalizar um curso superior, essas mulheres dedicamse integralmente aos filhos. São elas que os levam para a escola e os buscam no final do período escolar, são elas que os acompanham nas inúmeras atividades extracurriculares a que se dedicam, no clube ou fora dele, rotina típica das crianças desse meio social não apenas no Brasil (Vincent e Ball, 2007;Friedman, 2013). Como a escolha das atividades extracurriculares é vista como algo "individual", que decorre das "inclinações", do "gosto" das crianças, não é raro que essas mulheres se vejam atravessando a cidade, várias vezes por dia, para atender às pesadas agendas de cada filho ou filha, que podem envolver aulas de futebol, balé, inglês, artes marciais etc. Como, além disso, são elas que se ocupam de toda a gestão das atividades familiaresque abrange definição de cardápios, idas a supermercado e padaria, preparação de lanches, organização de roupas e uniformes, compra de presentes para festas de aniversário, contratação e administração de funcionários etc. -, veem-se obrigadas a empreender uma intrincada organização do tempo, que, ao final, libera pouco ou nenhum espaço para suas agendas pessoais, mesmo fenômeno observado por Lisa Swanson (2009), no seu estudo sobre as chamadas soccer moms nos Estados Unidos. ...