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VARIANTES SINTÁTICAS (PADRÃO E NÃO-PADRÃO) EM CONSTRUÇÕES PRONOMINAIS DO PORTUGUÊS: USOS, REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E ATITUDES LINGUÍSTICAS DE FALANTES MADEIRENSES

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Este trabalho resulta de duas investigações empíricas realizadas na ilha da Madeira, cujos questionários contêm um conjunto de perguntas que apelam aos juízos de valor dos falantes sobre variantes sintáticas em uso no português, nomeadamente, as de realização pronominal anafórica do objeto direto (OD), ou seja, variantes com: clítico acusativo O (eu vi-o), pronome nominativo Ele (eu vi ele) ou ainda com clítico dativo LHE (eu lhe vi). Os inquéritos sociolinguísticos desta investigação apresentam configurações distintas: um primeiro conjunto de dados foi recolhido entre abril e dezembro de 2013, junto de 126 indivíduos de sete comunidades linguísticas (18 por localidade), estratificados por idade, sexo e nível de escolaridade; já o segundo, realizado em outubro de 2015, foi aplicado a 412 estudantes da Universidade da Madeira, no Funchal, a capital da ilha. A análise, quantitativa e qualitativa, será conduzida, tendo em consideração dados retirados do Corpus do Português Falado no Funchal e os estudos recentes sobre vários aspetos da variação sintática em variedades do português (europeias, brasileiras e africanas). Os resultados das tarefas de julgamento realizadas por falantes madeirenses permitem (i) confirmar a relevância dos fatores sociais na consciência linguística da variação inerente dos sistemas linguísticos, por um lado, e, por outro, (ii) contribuir para a discussão do papel desempenhado por este tipo de dados subjetivos nos processos de mudança linguística.
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VARIANTES SINTÁTICAS (PADRÃO E NÃO-PADRÃO)
EM CONSTRUÇÕES PRONOMINAIS DO PORTUGUÊS:
USOS, REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E ATITUDES
LINGUÍSTICAS DE FALANTES MADEIRENSES
Aline Bazenga*, Catarina Andrade* e Lorena Rodrigues**
(UMa, Portugal*; UFC-CAPES/PDSE, Brasil**)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 2
INTRODUÇÃO
Mudança e Variação nas construções pronominais em
variedades do português:
1. Variação e mudança em PE
2. Variação dialetal em PE
3. Variação em variedades não europeias do
português: variedades do PB e Africanas (Angola e
Moçambique)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 3
INTRODUÇÃO
Etapas de uma investigação ainda em curso sobre
Variantes o-padrão de OD em variedades do PE
na Madeira (usos eperceção)
1. Dados atestados em falantes madeirenses
Amostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal); BAZENGA (2011)
Primeiros resultados quantitativos -trabalhos de mestrado de 2014
2. Dados da perceção de falantes madeirenses
ANDRADE (2014); BAZENGA e ANDRADE (2015)
RODRIGUES (2015); RODRIGUES e BAZENGA (2016)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 4
VARIAÇÃO EMUDANÇA NA SINTAXE
PRONOMINAL EM PE (MARTINS, 1994)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 5
Século XIII
(1) a. (Lx, 1290) presente fuy e esta procuraçõ
mha mãão propria escreuy e rapeyaae
emmendeyana oytaua regra no logo que diz
Achelas
b. (NO, 1277) e o dito Steuã az uoctorgou
Século XV
(2) a. (NO, 1408) e façouos della doaçom Antre vjuos
b. (NO, 1414) e xe lho obrigem A lhas defender
e lhas Asy darem desëbargadas
Século XVI
(3) a. (Lx, 1544 e desta maneira os ha ella dita
senhora dona guyomarpor Reçebidos em sy
Fonte: http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/gramhist/sxgenerativa.html
ordem 1250-99 1300-49 1350-99 1400-
49
1450-
99
1500-
49
cl V7.1%
(4/56)
24.6%
(15/61)
41.9%
(18/43)
78.9%
(30/38)
92.7%
(38/41)
98.8%
(80/81
)
V-cl 92.9%
(52/56)
75.4%
(46/61)
58.1%
(25/43)
21.1%
(8/38)
7.3%
(3/41)
1.2%
(1/81)
Tabela 1. Dados retirados de documentos de tipo legal (Martins, 1994)
VARIAÇÃO EMUDANÇA NA SINTAXE
PRONOMINAL EM PE (MARTINS,1994)
AUTORES
PR
ÓCLISE
ÊNCLISE
INTERPOLÃO
-1515)
73
.5% (119)
26
.5% (43)sim
-1574)
97
.1% (130)
2
.9% (4) sim
-1583)
98
.1% (102)
1
.9% (2) sim
(1542-1616)
72
.5% (74)
27
.5% (28)sim
M.de Mello (1608-1666)
92
.3% (36)
7
.7% (3) sim
(residual)
Vieira (1608-1697)
31
.6% (117)
68
.4% (248)o
Verney (1713-1792)
27
.3% (18)
72
.7% (48)o
(1799-1854)
19
.3% (11)
80
.7% (46)o
Martins (1845-1894)
2
.4% (2)
97
.6% (80)o
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 6
Fonte: disponível em : http://www.clul.ul.pt/files/ana_maria_martins/MartinsFromUnity.pdf
Tabela 2. Colocação dos clíticos em PE do século XVI ao século XIX (Martins, 2003)
VARIAÇÃO E MUDANÇA NA SINTAXE
PRONOMINAL EM PE (Português Arcaico)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 7
!Nunes, José Joaquim Nunes, Compêndio de Gramática
histórica, 1989: 235 (pronomes)
!ele ou el acusativo (ou OD): exemplos publicados por Pedro D’Azevedo
(Revista Lusitana, VIII, 39)
(4) Séc. XIII (1270) a. “(...) faredes senpre per tal preeto que uos
tenades ele em uossa uida
Séc. XIV (1311) b. “(...) que esta carta mandamos fazer ela per
dante homees
VARIAÇÃO NA SINTAXE PRONOMINAL
PE dialetal
(5) a velha onti à nõiti dê Øuma pazada (Odeleite – p. 125)
(6) começa Øsó com duas ripas tambéim (Odeleite – p. 128)
(7) Eu não quero ele dentro (Ericeira p. 180)
(8) Molhómos elas todas (Ericeira – p. 180)
(9) dá para mim guardari (Odeleite – p. 153)
(GUEDES E BERLINCK, 2006: 1476)
(10) apenas eu lhe boto no forno (Ajuda da Bretanha/Açores)
(BERNARDO e MONTENEGRO, 2003: 88)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 8
VARIAÇÃO NA SINTAXE PRONOMINAL
-PB
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 9
Pessoa
Português brasileiro formal Português brasileiro informal
Sujeito Complemento Sujeito Complemento
1ª pessoa singular
Eu
Me, mim, comigo
Eu, a gente
Eu, me, mim,
Prep + eu,
mim
2ª pessoa singular
Tu, você, o senhor, a
senhora
Te, ti, contigo, (preposição +)
o senhor, com a senhora
Você/
ocê, tu
Você/
ocê/ , te,
Preposição + você/
ocê
(=
docê, cocê)
3ª pessoa singular
Ele, ela
0/a (em desaparecimento),
lhe, se, si, consigo
Ele/ei
Ele
, ela, lhe, Prep + a
gente
1ª pessoa plural
Nós
Nos, conosco
A gente
A gente,
Prep
+ a gente
pessoa plural
Vós (de uso restrito),
os senhores, as
senhoras, vocês
(preposição +)
os senhores, as senhoras
Vocês/
ocês/ cês
Vocês/
ocês/ cês,
Preposição + Vocês/
vocês
3ª pessoa plural
Eles
, elas
Os/as (em
desaparecimento), lhes, se, si,
consigo
Eles/eis, elas
Eles/eis, elas, Preposição
+ eles/eis, elas
Tabela 3. Paradigmas dos pronomes pessoais em PB (CASTILHO E ELIAS, 2012)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 10
21
Por esse motivo, Cyrino (1997), utilizando a teoria para elipses de Fiengo & May
(1994), propõe que, devido a fatores históricos que descreveremos abaixo, o objeto nulo
é um fenômeno de elipse em Forma Fonética e reconstrução em Forma Lógica, nos
moldes das elipses de sintagma verbal.
Essa proposta tenta resgatar a idéia avançada em Kato (1993) de que o objeto nulo em
Português Brasileiro é a contraparte nula do pronome neutro o, o primeiro pronome
clítico de terceira pessoa a desaparecer nessa língua. Como veremos abaixo, o objeto
nulo parece ter surgido a partir da queda desse pronome, em construções em que a
elipse também era permitida pela gramática.
Os resultados do estudo diacrônico em Cyrino (1997) mostram vários fatos acerca do
Português Brasileiro:
a) um decréscimo de posições preenchidas para o objeto direto - veja a tabela 1.
posições nulas posições
preenchidas
TOTAL
Século
n. % n. % n. %
XVI 31 11 259 89 290 100
XVII 37 13 256 87 293 100
XVIII 53 19 234 81 287 100
XIX 122 45 149 55 271 100
XX 193 79 51 21 244 100
Tabela 1. Distribuição de posições nulas vs. preenchidas, em Cyrino (1997).
b) o primeiro objeto nulo a aparecer é aquele cujo antecedente é proposicional, isto é, o
objeto que poderia ser realizado pela clítico neutro o:37
Século NP[+específico] NP[-específico] proposicional genérico
XVI 3 % (4/139) 9% (3/34) 23% (23/99) 50% (1/2)
XVII 4% (4/100) 18% 16/90) 21% (14/68) 33% (3/12)
XVIII 8% (9/120) 6% (2/33) 45% (41/90) 25% (1/4)
XIX 31%(38/121) 4% (1/24) 83% (81/98) 33% (1/3)
XX 67% (64/95) 86% (31/36) 91% (97/107) 0
Tabela 2. Objetos nulos de acordo com o tipo de antecedente, adaptado de
(Cyrino1997) - excluídos: elipse de VP e objeto nulo dêitico
1.2 O trabalho de Duarte
Duarte (1987 e 1989), trabalhando principalmente com corpus de língua falada
da cidade de São Paulo, identifica um processo de mudança lingüística em
curso com relação à realização do objeto direto anafórico, com a substituição
do clítico acusativo de pessoa (o/a/os/as) pela categoria vazia [cv] e, em
menor escala, pelo pronome lexical na forma nominativa (ele[s]/ela[s]). De
um total de 1.974 ocorrências, o clítico só representa 4,9% dos dados,
conforme a tabela:
Tabela 1: Realização do objeto direto anafórico em Duarte (1987)
Variante Ocorrências %
Clítico 97 4,9
Pronome lexical 304 15,4
Categorial vazia 1235 62,6
SNs anafóricos 338 17,1
Total 1974 100,0
Fonte: Duarte (1989, p. 21), adaptado.
Note-se que o uso de SNs anafóricos o se constitui exatamente como uma
variante lingüística, mas sim pode ser visto como um processo de esquiva
diante da avaliação social da variação.
Com efeito, Duarte busca identificar os valores sociais adquiridos pelas
variantes. Embora seja a forma conservadora e investida de prestígio pela
tradição gramatical, o uso do clítico não tem boa aceitação social entre os
informantes, por ser considerado “pedante”, sendo pouco apropriado para a
fala natural e a conversação espontânea. o pronome lexical, que passa a
ocupar “naturalmente” a função do clítico, sofre uma forte estigmatização
social, ao ser identificado como característico de classes baixas, e é evitado.
Diante desse quadro, desponta o uso da categoria vazia como estratégia
neutra, não marcada socialmente. Entretanto, também vários fatores de
ordem estrutural que entram em jogo no uso das variantes.
3
Tabela 4. Variação OD nulo / realizado no PB (CYRINO, 1997;
2002)
Tabela 5. Variantes OD em PB, num corpus de língua fa la d a em S.
Paulo (Duarte, 1986; 1989)
VARIAÇÃO NA SINTAXE PRONOMINAL
-PB
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 11
VARIAÇÃO NA SINTAXE PRONOMINAL
-PB
!uso do clítico o
(11) A- Meu filho estava no shopping.
B- a. Eu vi seu filho lá. [estr. SN pleno muito frequente]
b. Eu vi ele lá. [estr. ‘ele acusativo’, estigmatizado]
c. Eu vi-o lá. [estr. Clítico o Norma culta]
d. Eu vi [ ] lá. [estr. Omissão ]
!uso do clítico lhe (perda da sua função como dativo e uso crescente como
acusativo em alternância com te (mesmo se o falante trata o interlocutor por
você)
(12) a. Você gosta mesmo de golfe! Eu lhe vejo sempre no clube. [estr. ‘lhe
acusativo’]
b. Você gosta mesmo de golfe! Eu te vejo sempre no clube. [estr.
Te/vo]
Gráfico1.Resultados globais: "#$%&#'(#)*+,-.$,/.&#.0%1$,$12(0-+,.,/.&#1-.-1,-+,3+&%(2(4$,567,1,689,#0,:;7<;7=,>??@A,B?C9
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 12
47%
8%
14%
31%
77%
0%
11% 12%
Clítico
Pronome ele
SNanafórico
Objeto Nulo
Freire (2005), A realização do acusativo e do dativo anafóricos de
Te rc eir a p es so a na es cr ita b r as ile ir a e lu sita na
PB PE
VARIAÇÃO NA SINTAXE PRONOMINAL
PB (+ PE)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 13
(13) PM: Levam a miúda para o quarto, vestem-lhe.
PA: minha mãe diz que lhe vão buscar e lhe vão levar
todos os dias.
(GONÇALVES, 2015: 175 )
VARIAÇÃO NA SINTAXE PRONOMINAL
PM e PA
!Uso de lhe como OD, o fenómeno mais frequente em PA
(CHAVAGNE, 2005: 227 )
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (BAZENGA, 2011)
oAmostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
0
(14) a. […] jogava-opo chão (FNC11_MA1:032)
b. […] é normal que a seguir prevaleça e os corrija
de com maior cuidado do que corrija o meu teste.
(FNC-MA3.1:101)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 14
oAmostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
objeto nulo [ ]
(15) a. […] faço o jantar sirvo [ ] [sirvo-o] à família
(FNC11_MA1:010)
b. o meu pai falava comuigue e eu ouvuia [ ][ouvia-o]
logue (FNC11_MA1:082)
c. a minha licenciatura termina-se antes do tempo
pretendido_ tive que me enquadrar no bolonha e
tive que [ ] [a] acabar mais cedo (FNC-MA3.1:013)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 15
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (BAZENGA, 2011)
oAmostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
repetição lexical
(16) a. gostava de comprar uma mota_ e os meus pais
detestam motas [detestam-nas] (FNC-HA1:004)
b. queria a minha roupa vestia a minha roupa [vestia-
a] (FNC11_MA1:067)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 16
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (BAZENGA, 2011)
oAmostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
ELE
(17) a. ponho ele a ver boneques [bonecos] (FNC11_MA1
243)
b. mete [meto] ele andar de bicicleta (FNC11_MA1 243)
c. vi ele a passar ao pé dela (FNC11_MA1 270)
d. e depois o maride deixou ela e ficou na na quinta
(FNC11_MC1.1 453)
e. e então _devorava logo eles todos (FNC11_MA2.2 31)
f. levou ele à cozinha (FNC-MB1: 344)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 17
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (BAZENGA, 2011)
oAmostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
LHE
(18) a. tento-lhe explicar e lhe informar [informá-lo] sobre
as coisas (FNC11_HA1426)
b. levo-lhe [levo-o] a escola (FNC11_MA1 006)
c. eu não gostava dele nem lhe [nem o podia] podia
ver a frente (FNC11_MA1 204-5)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 18
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (BAZENGA, 2011)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 19
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3
OD NÃO-PADRÃO
(FUNCHAL ,2011)
OD-ele OD-Lhe
5
0 00
2
4
6
8
10
12
(18-35) (36-55) (56-75)
OD NÃO-PADRÃO
(FUNCHAL, 2011)
OD-ele OD-Lhe
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (BAZENGA, 2011)
Gráfico2. Variantes ele/-lhe e fator nível de escolaridade
(Corpus Funchal) Gráfico3. Variantes ele/-lhe e fator faixa etária (Corpus
Funcha l)
32,70%
18,20%
30,90%
16,40%
1,80%
Repetição
Padrão
OD Nul o
Ele
Lhe
36,10%
5,60%
33,30%
22,20%
2,80%
27,30%
36,40%
27,30%
9,10%
0%
25% 25%
50%
0% 0%
Repetição Padrão OD Nulo Ele Lhe
Nível 1
Nivel 2
Nível 3
Gráfico 4. Realização OD, 6 informantes mais velhos do Funchal (CAIRES
e LUIS, 2014).
Gráfico 5. Realização OD, 6 informantes mais velhos do Funchal (CAIRES e LUIS,
2014).
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 20
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (Dados quantitativos, 2014)
Repetição
29%
Padrão
16%
Nulo; 30;
37%
Lhe; 7;
9%
Ele
9%
Repetição Padrão Nulo Lhe Ele
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
nivel 1
nivel 2
nivel 3
Repetição (R)
Padrão (O)
Nulo (Z)
Lhe (L)
Ele (E)
Gráfico 6. Realização OD, 6 informantes jovens do Funcha l
(NÓBREGA e COELHO, 2014)
Gráfico 7. Realização OD, 6 informantes jovens do Funchal: Variável
Nível de escolaridade (NÓBREGA e COELHO, 2014)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 21
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (Dados quantitativos, 2014)
37,1%
36,4%
4,2%
2,8%
19,6%
SNRep OD Nulo Lhe Padrão Ele
23,30%
46,50%
11,60%
2,30%
16,30%
34%
22%
1,90%
0%
22,60%
53,20%
21,30%
0%
6,40%
19,10%
SNREP OD NULO LHE PA D R ÃO ELE
Faixa A Faixa B Faixa C
Gráfico 8. Variação na realização OD, 6 informantes com
escolaridade básica (nível 1) do Funchal (AVEIRO e SOUSA, 2014). Gráfico 9. Variação na realização OD, 6 informantes com escolaridade básica
(nível 1) e por faixa etária do Funchal (AVEIRO e SOUSA, 2014).
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 22
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (Dados quantitativos, 2014)
4,9
15,4
62,6
17,1
16
9
37
29
18,2
16,4
30,9
32,7
CLÍTICO
PRO-ELE
VAZIO/NULO
REPETIÇÃO SN
PB (S.Paulo) PE (Funchal)A PE (Funchal)C
Gráfico10. Variação na realizão OD no português falado (variedades PB e PE - Madeira
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 23
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL (Dados quantitativos, 2014)
Pontos de Inquérito (6)
Funchal, Santa Cruz, Machico,Câmara
de Lobos, Santana e S. Vicente
Figura 1. Pontos de Inquérito (Andrade, 2014)
Idade Escolaridade Sexo
A18 -35
anos 1> Básico HHomem
B36 -55
anos 2> Secundário MMulher
C56 -75
anos 3 > Superior
Tabela 6.Amoststra estratificada (18 informantes p/ ponto de inquérito) num total
de 126 (Andrade, 2014)
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (ANDRADE, 2014)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 24
A
B
B1
C
Variantes sintáticas (escala de Lickert)
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (ANDRADE, 2014)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 25
Figura 2. Questionário (excerto) (Andrade, 2014) Figura 3. Questionário: Parte C (Variantes sinticas)(Andrade, 2014)
65%
16%
7% 8% 4%
10% 6% 7%
13%
63%
54%
17%
11% 9% 10%
33%
11% 9%
18%
29%
1- very bad 2- bad 3-average 4- good 5- very good
Sim, eu sei, eu vi-lhe ontem
Sim, eu sei, eu vi-o ontem
sim, eu sei, eu o vi ontem
sim, eu sei, eu vi ele ontem
O namorado da Carolina estava na praia
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (ANDRADE, 2014)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 26
Gráfico11. Avaliação de variantes sinticas (OD) por informantes madeirenses (Andrade, 2014)
50%
17%
0%
22%
11%
61%
0% 0% 6%
33%
1-Very Bad
2- Bad
3- Average%
4- Good
5- Very Good
Sim, eu vi ele ontem
Calheta Câmara de Lobos
11%
22%
17%
28%
22%
0% 0%
17%
39%
44%
1-Very Bad 2- Bad 3- Average% 4- Good 5- Very Good
Sim, eu vi ele ontem
Funchal Machico
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (ANDRADE, 2014)
IV CIDS -SORBONNE, PARIS -2016 27
Gráfico12. Avaliação de variantes sinticas (OD) por informantes
madeirenses (Calheta e de Lobos) (Andrade, 2014) Gráfico13. Avaliação de variantes sintáticas (OD) por informantes
madeirenses (Funchal e Machico) (Andrade, 2014)
58%
48%
33%
17%
12%
“Porque estava
chovendo”
“Sim, eu sei, eu vi ele
ontem.”
“Tem muito trânsito nas
ruas.”
Porque só no verão é que
a gente vai-se à praia.
“Sim, eu sei, eu vi-lhe
ontem.”
Pe rc e ção de c ons tr uç õe s nã o-padrão no PE insular (ilha da Madeira)
World Conference on Pluricentric languages and their non-dominant varieties
08-11 July 2015, University of Graz, Austria
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (ANDRADE, 2014)
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Gráfico14. Avaliação de construções sintáticas não-padrão do PE por informantes madeirenses: continuum percetivo (Andrade, 2014)
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PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (RODRIGUES, 2015)
!412 estudantes da Universidade
da Madeira;
!De ambos os sexos;
!Das áreas de Humanidades,
psicologia, engenharia,
educação física e gestão
Figura 4. Universidade da Madeira (Funchal, Ilha da Madeira)
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PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (RODRIGUES, 2015)
!Avaliação dada a cada forma
!Sexo do informante
!Curso
!Viveu fora da ilha
!Traço [±humano] do OD
!nero do OD
!Forma do verbo (simples ou
composta)
!Posição do pronome
Figura 5. Questionário (excerto).(Rodrigues, 2015)
Gráfico 15. Resultados globais da avaliação das variantes OD ele e -lhe por estudantes da UMa (RODRIGUES, 2015;
RODRIGUES e BAZENGA, 2016).
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PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (RODRIGUES, 2015)
Gráfico 16.Resultados da avaliação das variantes OD ele e-lhe por estudantes da UMa (RODRIGUES, 2015; RODRIGUES e BAZENGA,
2016): fator social (g énero dos inquiridos).
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PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (RODRIGUES, 2015)
Gráfico 17.Resultados da avaliação das variantes OD ele e-lhe por estudantes da UMa (RODRIGUES, 2015; RODRIGUES e BAZENGA,
2016): fatores linguísticos (traço semântico [humano] e género de N).
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PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL (RODRIGUES, 2015)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
!O sistema pronominal da Língua Portuguesa está
em processo de mudança avançado nas variedades
brasileira, africanas e madeirense, em comparação
com o PE continental.
!Anão distinção de formas entre nominativo,
acusativo edativo, na terceira pessoa, aponta para
uma mudança em que osistema de casos passa a
um sistema referencial (FREIRE, 2005; RODRIGUES
(no prelo)).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
!Fatores cognitivos e culturais (LABOV, 2010)
estariam no centro dessas mudanças, uma vez
que ocorrem de modo semelhante em
diversas variantes geográficas do português
“pós-colonial”.
MUITO OBRIGADA!
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Refencias bibliogficas
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Chapter
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A categoria caso nos pronomes pessoais de terceira pessoa: " estou estudando ela " em perspectiva sociolinguística lorena rodriGues* Universidade Federal do Ceará/ CAPES-PDSE aline bazenGa Universidade da Madeira 1. Introdução Os estudos sobre a variedade madeirense, no quadro dos dialetos do português europeu (PE), são relativamente recentes, uma vez que apenas em Cintra (1971) tenha havido a inserção dos dialetos insulares no mapa da variação linguística da língua portuguesa. Porém, quatro décadas após esse estudo pioneiro, poucas são as pesquisas que fornecem dados acerca da variação sintática nas variedades insulares. Carrilho e Pereira (2011) traçam uma distribuição geográfica de construções não ‑padrão o que permite estabelecer contrastes entre diferentes variedades geo‑ linguísticas do PE em geral. Conforme as autoras, destacam ‑se como construções produtivas na Madeira: a) construções impessoais com o verbo ter existencial, semelhante ao uso no Português Brasileiro (PB) (Mas tinha muitos moinhos por aqui fora. (CLH03); b) as perífrases de verbos aspectuais (como estar, ficar e andar) seguidas de gerúndio (toda a gente estava desejando de chegar ao Natal, que era para comer massa e arroz e um bocadinho de carne (PST)) e c) os possessivos pré ‑nominais não precedidos de artigos que, apesar de ocorrerem por todo o território português, * Doutoranda em linguística pela Universidade Federal do Ceará e bolsista pelo PDSE ‑Capes, com período de estágio sanduíche na Universidade da Madeira.
Article
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Baseado em uma amostra constituída de diferentes gêneros textuais distribuídos ao longo de um contínuo oralidade-letramento, o presente estudo investiga o uso dos clíticos acusativo e dativo de terceira pessoa e suas formas variantes (pronome tônico, SN anafórico ou SP e uma categoria vazia) na escrita do português brasileiro e do português europeu, com o propósito de levantar possíveis diferenças e semelhanças entre as duas variedades comparadas à modalidade escrita e de discutir, com base em Kato (2005), aspectos da gramática do indivíduo letrado.
Conference Paper
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From a Labovian quantitative perspective of language variation, social dimensions of speakers may correlate with their linguistic uses, revealing whether a variant is a stereotype, or a marker, and showing systematic social stratification (Labov, 1994). The social meaning of variation is an emergent phenomenon and the evaluation of linguistic forms take place through interaction in different ways depending on who is using them and who is doing the interpretation. In addition to the systematic recording of spontaneous speech, other elicitation techniques such as written questionnaires and oral tasks are needed, in order to achieve a greater observational and explanatory force of linguistic variation. It is generally accepted that the acceptability of linguistic variables occurs on a continuum of grammatical judgment degrees made by the speakers, presented by the preference for prescriptive and/or a prestige variant on one side, and a stigmatized variant in the opposite scenario (Cornips, 2014) This talk deals with syntactic or morphosyntactic variation in Portuguese, exploring their spatial and social dimensions (Johnstone, 2010; Brit Mæhlum, 2010), as part of an ongoing research project on the Sociolinguistic of Spoken European Portuguese in Madeira Island. This project intends to describe the social representations of a select group of syntactic variants of Spoken European Portuguese (SEP) in use in this insular region of Portugal. The presentation will provide evidence to support the hypothesis referred above, that, patterns of linguistic variation exist along a continuum which involves not only the social value of linguistic variants but the level at which they occur. According to previous data concerning SEP syntactic variation (Carrilho & Pereira, 2011; Bazenga, 2011, 2012), this work follows a survey applied, between April and December 2013, to 126 respondents, living in seven locations points on the island of Madeira (Andrade, 2014). For this presentation, three selected variable phenomena in European Portuguese (EP) are analyzed, taken from the questionnaire (section 4): (a) the existential construction: by haver ‘there is’ - há várias calças no armário. (‘there is many pants in-the closet ’) vs. ter ‘to have’ - tem várias calças no armário. (‘has many pants in-the closet’); (b) the aspectual construction: progressive periphrasis with estar ‘to be’+ a + V[Infinitive] – Maria está a cantar (‘Maria is.SL to sing’) vs. estar ‘to be’+ V[Gerund] – Maria está cantando (‘Maria is.SL singing’); (c) the realization of the anaphoric direct object: by an accusative clitic - eu vi-o ontem (‘I saw him-CL yesterday’), vs. a nominative pronoun - eu vi ele ontem (‘I saw he-NOM yesterday’) vs. a dative pronoun - eu vi lhe ontem (‘I saw he-DAT yesterday’) vs. an empty category eu vi ∅ ontem (‘I saw ∅ yesterday’). The analysis, following a variationist approach, by taking into account social variables, such as sex, age, school attendance, and using Likert scale for mesuring the acceptability jugdgement, allows the identification of different patterns of social stratification on the perception of community speech. Regarding social evaluation, the (a) and (b) phenomenon are located at the prestigious and dominant extreme of the linguistic variation continuum, in insular varieties. The phenomenon considered in (c) is typical of popular and non-dominant varieties and subject to very strong social stigma. This talk can provide new insights regarding possible directions of linguistic change in this insular Portuguese community, namely, in levelling of prestige variety’s (Kerswill, 2003), or, on the contrary, by strengthening its regional specificity, as an act of identity (Johnstone, 2010). Keywords: Sociolinguistic Evaluation; Syntactic variation; Spoken European Portuguese Variety of Funchal (Madeira Island).
Thesis
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From a dialectological point of view, few studies have been carried out on Angolan Portuguese. Publications exist on aspects of the lexicon, or authors' writing styles, and remarks are made on this language in diverse researches. We propose a broad study of Angola's Portuguese language which approaches the phonology, the lexicon and the syntax, while considering existing researches and various written texts as well as verbal recordings of Angolans. There are no standard rules for Angolan Portuguese. Basically, the European Portuguese rules serve as reference for Angolans. However, despite a real diversified and individual means of appropriation of Portuguese language by Angolans, certain characteristics make it possible to recognize the Angolan origin of a speaker or a text ; This reality permits to raise the question of a third future rule for this language in this country, as Angola is, a country (apart from Brazil and Portugal) where Portuguese is mostly established despite the fact that it's the country's official and first language. The Bantu languages of the substrate are the principal elements of the Angolan ecosystem and they have exerted their influence on the adaptation of Portuguese language in Angola. Amongst these Bantu languages, Kimbundu plays the strongest role, besides, historically, it appears to have had the most frequent contacts with Portuguese language, and the effects are present in Portuguese of Portugal and Portuguese of Brazil. The principal hypothesis for interpreting the observed linguistic specificity of Angolan Portuguese, is the superposition of two systems : the system of European Portuguese and the Bantu languages' system.
Chapter
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Este artigo apresenta uma análise dos factores sociolinguísticos e históricos relevantes para a compreensão da génese e desenvolvimento do português vernáculo de Angola (PVA), seguida de uma análise morfossintáctica do seu sintagma nominal (SN). Os fenómenos linguísticos analisados incluem a marcação de género e número, marcação de posse e a ordem de colocação e marcação de caso dos pronomes pessoais. Os dados linguísticos analisados, salvo indicação em contrário, provêm de um corpus oral semi-espontâneo recolhido em 2004, no Dundo, província da Lunda Norte. O corpus foi recolhido através de trinta entrevistas informais, recolha esta que visou adquirir uma visão geral das características linguísticas do PVA, por oposição à realização de um estudo quantitativo do mesmo, pelo que o critério subjacente à escolha dos falantes foi essencialmente o facto de serem falantes de português língua segunda. Não obstante, foram recolhidos dados relativos às suas características sociolinguísticas. Assim, dezasseis dos falantes apresentam idades compreendidas entre os 5 e os 17 anos e um grau médio de escolarização. Onze dos falantes apresentam idades compreendidas entre os 20 e os 56 anos e têm pouca ou nenhuma escolarização. Todos os falantes, excepto cinco dos falantes mais novos, são naturais do Dundo e falantes nativos de Cokwe, embora afirmem possuir um conhecimento passivo de outras línguas banto faladas no país e na região. O objectivo deste artigo é determinar em que medida o SN denota o grau de reestruturação sofrida pelo PVA, i.e. o grau de retenção da morfossintaxe do português por oposição à introdução de características de substrato. Assim, avalia-se o papel que as estruturas das línguas envolvidas na situação de contacto têm no processo de reestruturação (ex. número e tipo de elementos existentes no SN e a posição do respectivo núcleo). Com base nesta análise, defende-se que a reestruturação do PVA está ainda em curso, especialmente no interior de Angola junto dos falantes bilingues em português e uma ou mais línguas banto.
Chapter
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Estudo piloto para uma comparação mais detalhada dos factores sociais e linguísticos na origem de duas variedades vernáculas do português, o português vernáculo do Brasil (PVB) e o português vernáculo de Angola (PVA), com o objectivo de procurar entender até que ponto os processos sociais e linguísticos que levaram à formação de cada um dos vernáculos terão sido semelhantes ou diferentes. Por partilharem várias características estruturais, o PVB e o PVA surgem muitas vezes comparados na literatura sobre as variedades parcialmente reestruturadas do português, parecendo esta apontar para um processo de formação comparável (Gärtner, 2003; Baxter em Mello et al, 1998). Não se pretende aqui negar a evidência da partilha dessas características (i.e., ao nível da concordância variável de género e número no seio do SN e da concordância variável entre o sujeito e o verbo), nem recusar a importância de futuras investigações do PVA para uma melhor compreensão do PVB. Pretende-se, sim, tentar compreender até que ponto essas características comuns resultam de processos paralelos de formação (i.e., ‘reestruturação parcial’) e avaliar em que medida a situação sociolinguística nos dois países no período de pós-contacto poderá legitimar ou problematizar essa possibilidade.
Pronome pessoal de terceira pessoa: suas formas variantes em função acusativa
  • Nelize Pires
OMENA, Nelize Pires. Pronome pessoal de terceira pessoa: suas formas variantes em função acusativa. Rio de Janeiro, 1978. Dissertação (Mestrado em Linguística de Língua Portuguesa) – Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.