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Produção, v. 23, n. 3, p. 625-636, jul./set. 2013
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132012005000090
*UERGS, Novo Hamburgo, RS, Brasil
Recebido 29/12/2010; Aceito 06/08/2012
Avaliação do desempenho ambiental de uma
instituição pública de ensino técnico e superior
Thomaz Sessegolo Marques de Almeidaa*, Miguel Afonso Sellittob
a*thomazparobe@bb.com.br, UERGS, Brasil
bsellitto@unisinos.br, UNISINOS, Brasil
Resumo
O objetivo deste artigo foi relatar um estudo de caso baseado em indicadores ambientais categóricos no qual foi
avaliado o desempenho ambiental de uma instituição pública de ensino técnico e superior. A revisão incluiu a série
de normas ISO 14000, o Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS) e o Ecoblock. O método usado foi
adaptado do SBP, um conjunto de procedimentos para a mensuração do desempenho ambiental de uma atividade
antrópica, que se vale de construtos latentes e indicadores categóricos que expliquem o desempenho. Os indicadores
foram organizados em sete construtos. Segundo os avaliadores e o modelo, a instituição faz 56,7% do máximo
possível em gestão ambiental. Os construtos mais carentes foram gestão de resíduos sólidos e poluição sonora. O
resultado da avaliação pode ser usado para reformulação da política ambiental da instituição.
Palavras-chave
Desempenho ambiental. Métodos de avaliação. Indicadores ambientais.
1. Introdução
A partir dos anos 1960 e 1970, a preocupação com
o meio ambiente tem sido pauta de encontros de chefes
de estado e influenciado relações internacionais. Mais
recentemente, empresas de classe mundial passaram
a considerar gastos com proteção ambiental como
sendo investimento e não como custo (CAMPOS;
MELO, 2008). De maneira geral, nas últimas décadas do
século XX, cientistas e praticantes se preocuparam mais
com os impactos ambientais gerados pela atividade
antrópica (MATIAS; PINHEIRO, 2008).
Crescimento econômico e preservação ambiental
já foram considerados contraditórios: para alcançar
um devia-se abrir mão do outro. Não era incomum a
visão de que a proteção ambiental freava o crescimento
econômico (ARAUJO; MACHADO, 2007). Problemas
ambientais podem ser parcialmente atribuídos a
processos industriais: todo produto ou processo
provoca impacto no ambiente, tanto pelas matérias-
primas como pelo uso de energia e o tipo de disposição
final que exige (CHEHEBE, 1997). Hoje já há evidências
suficientes que a industrialização, a expansão da
fronteira agrícola e a urbanização criaram pressões
significativas no patrimônio natural, devido à utilização
de recursos naturais exauríveis e à degradação da
qualidade ambiental (MOTTA, 1996). No entanto,
crescimento econômico e preservação ambiental
podem ser harmonizados por práticas ambientalmente
amigáveis, inseridas na gestão ambiental (MICHELSEN;
MAGERHOLM; DAHLSRUD, 2006).
Neste contexto, a Organização das Nações Unidas
(ONU) criou em 1983 a Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, com o objetivo de discutir
e propor meios de harmonizar economia e ambiente.
A comissão definiu desenvolvimento sustentável como
aquele capaz de suprir as necessidades da geração
atual sem comprometer as necessidades das gerações
futuras: o contínuo desenvolvimento da sociedade
atual não deve esgotar ou comprometer os recursos
naturais que serão herdados pelas futuras gerações
(ORGANIZAÇÃO..., 2010).
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O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu
formalmente no relatório da Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento intitulado Nosso
Futuro Comum, organizado sob a liderança de Gro
Harlem Brundtland. O conceito envolveu o estado
atual da tecnologia e a capacidade da biosfera de
lidar com os efeitos das atividades humanas. Em
síntese, desenvolvimento sustentável não é um estado
de equilíbrio a ser alcançado, mas um processo
de mudança no qual a exploração dos recursos,
a orientação de investimento, o desenvolvimento
tecnológico e as estruturas institucionais são
concebidos para conciliar necessidades atuais e
necessidades futuras (BRUNDTLAND, 1987). O
conceito desenvolvimento sustentável modifica os
esforços desenvolvimentistas com significativas
implicações econômicas e políticas para o mundo
atual (MOTTA, 1997), fazendo convergir interesses
políticos, científicos e da sociedade em geral, como
caminho alternativo à crise ambiental e ao aumento
de consciência crítica (MATIAS; PINHEIRO, 2008).
O desenvolvimento sustentável é baseado em três
aspectos: desempenho ambiental, responsabilidade
social e contribuição econômica (KRAJNC; GLAVIC,
2005). Este artigo preocupou-se com o primeiro.
No contexto do desenvolvimento sustentável,
vale destacar iniciativas como a exigência de estudos
de impactos ambientais para obras financiadas pelo
Banco Mundial, a crescente conscientização de
consumidores, o surgimento de ONGs, a adoção
de sistemas de gestão ambiental (SGAs) (PIMENTA;
GOUVINHAS, 2007), o desenvolvimento de produtos
com elevado desempenho ambiental (WAAGE, 2007)
e a instalação de tecnologia ambiental do tipo zero
impacto ou zero emissão (KUEHR, 2007). Também vale
destacar o novo papel que se espera da tecnologia de
produção: gerar menos resíduos e consumir menos
recursos naturais, principalmente os não renováveis
(BARBIERI, 2004).
Como consumidores conscientes consideram mais
do que preço e qualidade na decisão de compra,
evidenciar a gestão ambiental praticada pode agregar
valor para organizações e partes interessadas (BORGES;
ROSA; ENNSLIN, 2010). A gestão dos ativos naturais
tornou-se função estratégica, exigindo políticas, metas,
planos de ação e métodos para mensuração de uma
grandeza intangível mas decisiva nesse novo cenário,
o desempenho ambiental (ARAUJO; MACHADO,
2007). Zobel et al. (2002) definiram desempenho
ambiental como a informação analítica oferecida
por múltiplos indicadores organizados segundo um
sistema de mensuração. A contínua mensuração do
desempenho ambiental permite direcionar ações
segundo metas e objetivos ambientais prioritários
(JOHNSON, 1998) e melhorar os resultados da gestão
ambiental (KUHRE, 1998).
O objetivo geral deste artigo foi avaliar o
desempenho ambiental de uma instituição pública
de ensino que oferece cursos técnicos e sedia cursos
superiores. Os objetivos específicos foram: definir os
construtos latentes e seus respectivos indicadores,
mensurá-los e usar a mensuração para priorização
de ações ambientais. O método de pesquisa foi a
modelagem numérica qualitativa, pois o modelo
matemático se originou de opiniões e impressões
de especialistas organizadas em formato numérico.
A instituição foi constituída há mais de 40 anos,
em área com 20 ha de vegetação nativa, acolhendo
hoje muito mais alunos e atividades do que quando
projetada, demandando mais recursos naturais e
gerando mais rejeitos do que então. O método de
pesquisa foi adaptado a partir do método SBP (iniciais
dos autores), originalmente aplicado em operações
industriais (SELLITTO; BORCHARDT; PEREIRA, 2008,
2009, 2010). O método se baseia em percepções de
especialistas em gestão ambiental com conhecimento
do objeto em avaliação.
2. Gestão ambiental e sistemas de gestão
ambiental (SGAs)
A necessidade do gerenciamento ambiental foi
percebida já nos anos 1960, quando se verificou que
as capacidades assimilativa dos ecossistemas e de
regeneração dos recursos naturais ocorriam a taxas
incompatíveis com o desgaste imposto pelos meios
produtivos (BARATA; KLIGERMAN; MINAYO-GOMEZ,
2007). Pressões internacionais têm sido exercidas no
sentido da preservação do patrimônio natural e de
maior controle de atividades industriais. Tal pressão
se materializa nas restrições impostas pelo mercado
internacional a empresas de baixo desempenho
ambiental (REIS, 1995). No Brasil, a gestão ambiental
tem se valido da regulação, ou seja, do uso de
instrumentos oficiais de controle. Na Política Nacional
do Meio Ambiente há quatro classes de instrumentos:
(i) padronização das emissões ambientais; (ii) controle
do uso do solo; (iii) licenciamentos e estudos de
impacto ambiental (EIA/Rima); e (iv) legislação
penalizadora. Na Constituição de 1988, biomas como
Amazônia e Pantanal foram declarados patrimônio
nacional e criadas leis específicas para sua proteção
(MOTTA, 1996).
Em atividades industriais, empresas têm sido
avaliadas não apenas pelo desempenho ou qualidade
de seus produtos e serviços, mas também por sua
responsabilidade social e ambiental (WALKER;
DI SISTO, McBAIN, 2008). A imagem das empresas
tem sido associada ao impacto que suas operações
causam. Ao incorporar a preservação ambiental aos
seus compromissos de gestão, a empresa pode melhorar
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sua imagem corporativa e eventualmente aumentar
seus negócios em mercados mais maduros (OTTMAN,
1994). Com isto, gestores têm adotado atitudes e
posturas não mais defensivas e reativas, mas ativas
e criativas, adaptadas a essa nova visão estratégica
(CAMPOS; MELO, 2008), tratando a gestão ambiental
como instrumento estratégico capaz de construir
vantagem competitiva (ADLMAIER; SELLITTO, 2007).
Conforme Epelbaum (2004), a gestão ambiental
pode ser entendida como a parte da gestão empresarial
que zela pela identificação, avaliação, controle,
monitoramento e redução dos impactos ambientais
a níveis pré-definidos. Nesse contexto, algumas
definições da norma ISO 14001 podem ser destacadas
(ASSOCIAÇÃO..., 1996): (i) aspecto ambiental:
elemento das atividades, produtos ou serviços de uma
organização que pode interagir com o meio ambiente;
(ii) impacto ambiental; modificações do meio ambiente
resultantes, no todo ou em parte, de atividades,
produtos ou serviços de uma organização; (iii) sistema
de gestão ambiental: parte do sistema de gestão
que inclui estrutura organizacional, planejamento,
responsabilidade, práticas, procedimentos, processos
e recursos para desenvolver, implementar, atingir,
analisar criticamente e manter a política ambiental;
(iv) desempenho ambiental: resultado mensurável do
sistema de gestão ambiental, relativos ao controle
da organização sobre seus aspectos ambientais, com
base na sua política, objetivos e metas ambientais;
e (v) política ambiental: declaração da organização
expondo intenções e princípios em relação ao
desempenho ambiental global, o que provê uma
estrutura para ação e definição de objetivos e metas
ambientais. Epelbaum (2004) aponta alguns dos
principais impactos e aspectos relevantes para análise,
expostos no Quadro 1.
Um elemento relevante em gestão ambiental são
os SGA (sistemas de gestão ambiental), responsáveis
por gerenciar o impacto das atividades produtivas
no ambiente. SGAs podem fazer parte de sistemas
integrados de gestão, incluindo qualidade, saúde
e segurança do trabalho e responsabilidade social
(GRAEL; OLIVEIRA, 2010). Um SGA pode apoiar
empresas no controle e redução permanente de
impactos ambientais (ROWLAND-JONES et al., 2005).
SGAs incluem políticas, procedimentos e protocolos
de auditoria aplicáveis a operações empresariais
(MATTHEWS, 2003). Por seu caráter estratégico,
o SGA atende objetivos ambientais e também
econômicos por: (i) diminuição de desperdícios e
rejeitos; (ii) adequação dos produtos e processos de
produção às necessidades do mercado; e (iii) troca de
equipamentos por outros mais eficientes em consumo
energético e menos interferentes na natureza. SGAs
formalizam procedimentos operacionais e incentivam
a melhoria contínua, possibilitando a redução de
resíduos e do consumo de recursos naturais. SGAs
são importantes alternativas para a compatibilização
de fatores ambientais e econômicos (OLIVEIRA;
PINHEIRO, 2010). O SGA exige estabelecimento de
metas e controle do nível de desempenho ambiental,
cobrindo todo o ciclo de vida do produto, desde
a concepção até o descarte ou reaproveitamento
(VALLE, 1995).
Quadro 1. Principais aspectos e impactos ambientais.
Tema Aspecto ambiental Impacto ambiental primário
Ar
Emissão atmosférica
Poluição do ar
Contribuição à chuva ácida
Redução da camada de ozônio
Contribuição ao efeito estufa
Formação de
smog
fotoquímico
Ruído Incômodo à comunidade
Radiação Contaminação radioativa
Solo Movimentação de terra Erosão
Resíduos sólidos Poluição do solo
Água Efluentes
Poluição da água
Acidificação
Eutrofização
Flora Desmatamento Supressão da vegetação
Fauna Movimentação de equipamentos Perturbação/evasão de fauna
Efluente líquido Ecotoxicidade
Sociedade Atividades do empreendimento
Geração de empregos
Geração de tributos
Dinamização da economia regional
Uso do solo
Recursos naturais Extração dos recursos naturais Exaustão dos recursos naturais
Fonte: Epelbaum (2004).
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Um modo de garantir o resultado do SGA é a
monitoração contínua de um conjunto de indicadores
de desempenho ambiental (CAMPOS; MELO, 2008).
Dos inúmeros modelos de controle de desempenho
já propostos, alguns foram mais úteis nesta pesquisa:
as normas da série ISO 14000, pela aceitação
internacional; o PNQS, por contemplar relevante
setor para o desenvolvimento socioambiental; o
Ecoblock, por tratar de cadeias produtivas; e o SBP,
por permitir flexibilidade nos indicadores.
2.1.
As normas da série ISO 14000
A série ISO 14000 integra 28 normas abrangendo
seis áreas: sistema de gestão ambiental; auditorias
ambientais; avaliação de desempenho ambiental;
rotulagem ambiental; aspectos ambientais nas normas
de produtos; e análise do ciclo de vida do produto
(CAMPOS; MELO, 2008). A série colocou a gestão
ambiental no mesmo plano da gestão da qualidade,
criando mais um condicionante para empresas que
concorrem no mercado globalizado. Conciliar as
características ambientais dos produtos com princípios
ambientalmente amigáveis tornou-se requisito essencial
para empresas exportadoras. Como a série ISO 14000
não é obrigatória, diferencia-se dos dispositivos oficiais
de regulação: a velocidade das certificações é ditada
pela pressão dos mercados (SOUZA; SILVA, 1997).
As normas ISO 14000 foram formuladas pela
International Organization for Standardization
(ISO) em 1996 e desde então têm sido difundidas
pelo mundo. Organizações voluntariamente as têm
adotado, certificadas por organismos credenciados
(ÁVILA; PAIVA, 2006). Tais organismos orientam
as organizações na implantação e manutenção de
políticas ambientais que considerem as condições
legais e as informações acerca dos impactos ambientais
(SEIFFERT, 2007; DONAIRE, 1999).
As normas ISO 14001 formam um dos modelos
de gestão ambiental mais implantados no mundo.
Uma característica das normas é a padronização de
rotinas e procedimentos, segundo um roteiro válido
internacionalmente. A norma não se contrapõe à
legislação local vigente, mas a fortalece, pois exige
total cumprimento para a certificação (VALLE, 2002). A
norma ISO 14001:2004 é organizada em: introdução;
objetivo; referências normativas; termos e definições;
requisitos do sistema de gestão ambiental (requisitos
gerais, política ambiental, planejamento, implantação
e operação, verificação e ação corretiva e análise crítica
pela administração) e orientações para o uso da norma
(OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010). A série oferece uma
estrutura formal de gerenciamento (Figura 1), cujo
objetivo é aumentar continuamente o desempenho
ambiental de uma organização (DONNELLY et al., 2004).
Por fim, cabe destacar que os princípios de uma
das normas da família, a ISO 14031, têm subsidiado
modelos para avaliação de desempenho ambiental
baseado em indicadores ambientais gerenciais e
operacionais (CAMPOS; MELO, 2008).
2.2.
Ecoblock
O Ecoblock é um método de avaliação de
desempenho ambiental desenvolvido para calcular
pressões ambientais com base em indicadores. Pressões
ambientais são fatores de produção que configuram
consumo de recursos naturais ou representam
potencial de degradação ambiental. A avaliação
usa indicadores cumulativos, aplicáveis ao longo de
territórios, cadeias produtivas ou indústrias inteiras.
Os indicadores refletem as pressões ambientais das
atividades que compõem a cadeia ou território,
permitindo comparações entre setores e identificando
criticidades ao longo deles (MELO; PEGADO, 2002).
O Quadro 2 mostra os indicadores e os respectivos
critérios de cálculo utilizados no Ecoblock. Os
indicadores: (i) são aditivos, podendo ser acumulados
ao longo da cadeia produtiva; (ii) são flexíveis,
podendo avaliar o desempenho em vários tipos de
atividade; (iii) representam pressões ambientais,
ou seja, pressões exercidas sobre o ambiente, mas
não o estado quiescente do ambiente; e (iv) estão
correlacionados com impactos regionais, nacionais ou
globais (PEGADO; MELO, RAMOS, 2001). O método
usa apenas indicadores operacionais, desconsiderando
indicadores gerenciais (VERDUM; SELLITTO, 2009).
2.3.
Prêmio Nacional de Qualidade em
Saneamento
O Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento
(PNQS) é promovido pela Associação Brasileira de
Figura 1. Espiral do sistema de gestão ambiental. Fonte:
Oliveira e Pinheiro (2010).
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Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). Seu objetivo
é estimular a prática de modelos gerenciais compatíveis
com os melhores exemplos mundiais, pela promoção e
reconhecimento de casos de sucesso que auxiliem no
aprimoramento do setor e no aumento da qualidade
de vida da população. Além disso, o PNQS surgiu para:
(i) estimular a busca e aplicação de boas práticas de
gestão nas empresas de saneamento; (ii) reconhecer
aquelas que se destacarem pela utilização das práticas e
pelo desempenho; (iii) divulgar as práticas reconhecidas
em seminários e publicações de casos finalistas e
vencedores; e (iv) promover eventos de capacitação
gerencial (PRÊMIO..., 2008).
Na avaliação são envolvidos os processos referentes
ou associados a três setores: (i) captação de água;
(ii) tratamento e distribuição de água e coleta,
tratamento e disposição final dos esgotos sanitários;
e (iii) coleta, processamento e disposição final de
resíduos sólidos e drenagem urbana. As premiações são
divididas em quatro categorias: níveis I, II, III e IV. Nas
três primeiras é avaliado o sistema de gestão completo
da organização candidata. Na última, denominada
de Inovação da Gestão em Saneamento (IGS), são
avaliadas práticas de gestão específicas introduzidas
nos últimos cinco anos (PRÊMIO..., 2008).
Os critérios de avaliação dos três primeiros níveis
examinam o grau de maturidade na implementação
dos fundamentos da excelência pelas organizações do
setor de saneamento. Isso possibilita a avaliação dos
processos gerencias e dos resultados organizacionais. Os
fundamentos de excelência são incorporados no modelo
de gestão por 11 princípios: pensamento sistêmico;
aprendizado organizacional; cultura de inovação;
liderança e constância de propósitos; orientação por
processos e informações; visão de futuro; geração de
valor; valorização das pessoas; conhecimento sobre o
cliente e o mercado; desenvolvimento de parcerias; e
responsabilidade. A excelência na gestão é mensurada
por meio de oito critérios: liderança; estratégia e planos;
clientes; sociedade; informação e conhecimento;
pessoas; processos; e resultados (PRÊMIO..., 2008).
No nível IV (IGS), a avaliação é feita por critérios,
itens e fatores. São quatro critérios: oportunidade,
ideia, resultados e apresentação pública. Dentro dos
critérios existem oito itens de avaliação. Cada item é
avaliado em fatores. Os critérios desse nível apresentam
relação com os níveis I, II e III pois, para ser elegível, o
caso proposto deve estar relacionado com métodos de
gestão exigidos em um ou mais aspectos dos critérios.
O projeto deve apresentar elementos clássicos da
gestão de classe mundial, tais como padronização,
controle, aprendizado e demonstração de eficácia por
resultados. Esses elementos garantem a repetição do
processo gerencial dentro de padrões de conformidade
e a melhoria contínua por meio da avaliação e a
melhoria da prática de gestão (PRÊMIO..., 2008).
O PNQS distingue-se do Ecoblock por incluir
indicadores de gestão. No entanto, o Ecoblock se
propõe a enxergar toda a cadeia, enquanto que o
PNQS detalha informações e aplicações específicas
do setor de saneamento.
3. A pesquisa
A pergunta da pesquisa foi: como identificar e
organizar os fatores que influenciam o desempenho
ambiental de uma instituição de ensino? Os fatores,
doravante denominados indicadores, foram organizados
em uma estrutura de árvore: um termo superior,
explicado por construtos latentes, medido por um
conjunto de indicadores. A estrutura assume a forma
sistêmica: subsistemas que medem partes e remontam
o sistema como um todo.
A instituição estudada oferece ensino técnico e
abriga três cursos superiores, dois de engenharia e um
de tecnologia, totalizando mais de 3 mil alunos. Foi
construída em área nativa, abriga cursos e pesquisa na
área das ciências da terra e da vida e tem tradição de
desenvolvimento ambiental. A instituição conta com
corpo docente e pesquisadores em ciências químicas,
biológicas, do ambiente, eletrônica e mecânica. Em
2002 foi formalizada a ação de um comitê ambiental,
formado por professores e pesquisadores, mas que
nunca fez uma avaliação formal de desempenho
ambiental. Alguns membros do comitê participaram
da pesquisa.
A finalidade da pesquisa é prática, ou seja, aplicar
os achados na solução de problemas já identificados
na realidade. O objetivo da pesquisa é descritivo,
ou seja, inclui a descrição, observação, registro,
Quadro 2. Sistema de indicadores e respectivos critérios de cálculo.
Indicadores Critérios para o cálculo dos indicadores
Consumo de água Proveniência e renovabilidade da origem da água
Potencial de aquecimento global Emissões associadas à produção e consumo de energia
Outras emissões de gases do efeito estufa
Emissões poluentes (sólidas, líquidas, gasosas) Periculosidade equivalente
Consumo de materiais Renovabilidade das fontes
Ocupação de área Renovabilidade do uso do território
Fonte: Pegado, Melo e Ramos (2001).
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análise e correlação de fatos ou fenômenos, porém
sem manipulá-los (MARCONI; LAKATOS, 2007). O
método de pesquisa foi a modelagem qualitativa:
foi desenvolvido um modelo numérico que mensura
opiniões de especialistas. Modelagem envolve o
desenvolvimento de uma representação conceitual
de um sistema, no caso, o desempenho ambiental de
uma atividade antrópica, com o objetivo de organizar
ideias e perspectivas e construir e verificar hipóteses
sobre o objeto.
A metodologia dividiu-se em duas etapas
(STRAUSS; CORBIN, 1998): uma parte qualitativa,
para identificar e organizar as dimensões relevantes
e os indicadores, e um levantamento numérico, para
avaliar o objeto. Na parte qualitativa, o problema foi
estruturado e foi formulado um modelo. Na parte
numérica, o modelo foi testado em um caso.
O método usou elementos similares aos do
design-research
(pesquisa-projeto) usado em produção
de artefatos lógicos (HEVNER; MARCH; RAM, 2004;
MANSON, 2006): após uma fase de construção mental
ou teórica, surge uma ideia que deve ser verificada
e refinada por estudos de caso em campo (MARCH;
SMITH, 1995). Estudos de caso são apropriados
para descrever e eventualmente explicar fenômenos
complexos, multifacetados, sobre os quais ainda
não haja suficiente teoria (BAKER, 2001; STRAUSS;
CORBIN, 1998; SCHOLZ; TIETJE, 2002). Algumas vezes,
um único caso, exclusivo e profundo, pode contribuir
para uma teoria (DYER JUNIOR; WILKINS, 1991), desde
que as informações sejam suficientemente trianguladas
(EISENHARDT, 1989; JICK, 1979; EISENHARDT;
GRAEBNER, 2007). Voss et al. (2002) reconhecem que
os casos são aceitáveis em estudos que envolvem algum
tipo de cognição e estratégia, como o deste artigo,
devido à fenomenologia presente no objeto. Esse caso,
juntamente com outros, em maior profundidade e
amplitude, pode contribuir para um futuro modelo
generalizável (EISENHARDT, 1989; STRAUSS; CORBIN,
1998) para desempenho ambiental.
3.1.
Segue o método de trabalho
Em sessões de grupos focados com seis especialistas
e pesquisadores em gestão ambiental, mediadas pelos
pesquisadores, foram definidos e priorizados sete
construtos latentes, ou seja, entes observáveis no
ambiente, mas que não podem ser medidos diretamente,
exigindo indicadores e escalas para sua apreensão. Os
especialistas consultaram pesquisas anteriores e optaram
pelos construtos: (i) poluição sonora, ruídos resultantes
das atividades promovidas pela instituição; (ii) poluição
atmosférica, gases resultantes das atividades; (iii)
efluentes, resíduos líquidos resultantes das atividades;
(iv) resíduos sólidos, refugos e rejeitos resultantes
das atividades; (v) usos de recursos naturais e do
solo necessários para as atividades; (vi) influência
na vida selvagem, o quanto as atividades interferem
na vida nativa da microrregião; e (vii) influência no
microclima, o quanto as atividades interferem no clima
da microrregião. Dos sete construtos, três apreendem
impactos mais associados ao projeto das instalações
(uso de recursos naturais e do solo, influência na
vida selvagem e influência no microclima), e quatro
às atividades antrópicas desenvolvidas na instituição
(poluição sonora, poluição atmosférica, efluentes e
resíduos sólidos).
Cada especialista foi convidado a ordenar os
construtos segundo sua opinião quanto à gravidade
da interferência no ambiente. Os julgamentos foram
expressos numericamente: (mais grave = 6; segundo
mais grave = 5; ... menos grave = 0). Cada especialista
distribuiu 21 pontos entre os construtos. Como foram
seis especialistas, o total distribuído foi de 126 pontos.
Somaram-se e normalizaram-se os resultados, gerando
um vetor de prioridades. Devido à escala adotada e
ao número de respondentes, a máxima prioridade
que um construto poderia assumir era de 28,5%,
evitando-se assimetrias exageradas.
A Tabela 1 mostra os resultados dessa fase.
A seguir, especialistas e pesquisadores mediaram
sete grupos compostos por 20 alunos formandos do
curso de engenharia de energia, com conhecimento do
assunto e familiaridade com a instituição. Cada grupo
definiu indicadores para apreensão de um construto
latente. Dentro do construto, dividiu-se a importância
de modo uniforme entre os indicadores. Em pesquisas
futuras, pode-se distribuir importâncias também
entre os indicadores. A seguir, os 20 alunos julgaram
categoricamente os 35 indicadores segundo o grau
com que, na situação atual, afetavam o ambiente e
prejudicavam o construto: (sem dano = 4; pouco = 3;
médio = 2; muito = 1; dano irreparável = 0).
Em levantamentos do tipo
survey
pode-se testar
os vários tipos de validade dos construtos por análise
fatorial exploratória (EFA) (O’LEARY-KELLY; VOKURKA,
1998). No entanto, foram encontradas poucas correlações
Tabela 1. Construtos e priorizações.
Construto
Avaliadores
Prioridade
(%)
A1 A2 A3 A4 A5 A6
Poluição sonora 1 4 6 1 4 1 20
Poluição atmosférica 4 3 4 2 3 4 17
Efluentes 3 1 1 6 1 2 22
Resíduos sólidos 2 2 2 5 2 3 21
Uso de recursos naturais
e do solo 5 5 3 7 6 6 8
Influência na vida
selvagem 6 6 5 4 5 5 9
Influência no
microclima 7 7 7 3 7 7 3
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significativas entre as respostas, mesmo dentro dos
construtos, o que inviabilizou a EFA. Adicionalmente,
o número de respondentes é baixo. Hair et al. (2009)
falam em no mínimo 100 respondentes para análise
fatorial. As baixas correlações, no entanto, apontam
para unidimensionalidade entre os indicadores, ou
seja, pouco sombreamento entre os conteúdos, o que
é desejável. Quanto à confiabilidade dos construtos,
esta se baseou na teoria (CHURCHILL, 1979) que até
então tem sido construída e testada sobre desempenho
ambiental (SELLITTO et al., 2010, 2012).
O resultado das avaliações é apresentado na
Tabela 2. A tabela mostra a estrutura de indicadores,
a média e o coeficiente de variação das 20 respostas,
as avaliações por indicador, por construto e global.
Na primeira coluna repetem-se os construtos e
sua importância relativa. Na segunda, observam-se
os indicadores e sua importância, uniformemente
distribuída dentro do construto. Na terceira e quarta
colunas, observam-se as médias e os coeficientes
de variação (cv) das 20 respostas. Os cv informam
Tabela 2. Construtos e respectivos indicadores.
Construtos Indicadores Média Cv Desempenho
Poluição sonora
20%
Movimentação de veículos: 5% 2,45 0,34 3,1 pp
Maquinário de zeladoria: 5% 2,25 0,41 2,8 pp
Movimentação humana: 5% 2,00 0,56 2,6 pp
Maquinário de aprendizagem: 5% 2,25 0,37 2,8 pp
subtotal = 11,3 pp
Poluição atmosférica
17%
Emissão de CO2: 3,4% 2,50 0,40 2,1 pp
Emissão de NOx 3,4% 2,55 0,32 2,2 pp
Emissão de material particulado: 3,4% 2,65 0,33 2,3 pp
Gases solventes e reagentes: 3,4% 2,35 0,34 2,0 pp
Queimadas e simulações de incêndios: 3,4% 2,15 0,62 1,8 pp
subtotal = 10,3 pp
Efluentes
22%
Água de sanitários: 3,6% 2,05 0,29 1,9 pp
Laboratório de química: 3,6% 2,25 0,28 2,1 pp
Laboratório de mecânica: 3,6% 2,30 0,32 2,1 pp
Água de limpeza: 3,6% 2,45 0,31 2,2 pp
Água de cozinha: 3,6% 2,25 0,35 2,1 pp
Sistema de tratamento de efluentes: 3,6% 1,75 0,69 1,7 pp
subtotal = 12,0 pp
Resíduos sólidos
21%
Lixo orgânico: 3,5% 2,20 0,28 1,9 pp
Lixo seco: 3,5% 2,00 0,28 1,8 pp
Lixo eletrônico: 3,5% 2,25 0,04 2,0 pp
Sucata de oficinas: 3,5% 2,20 0,32 1,9 pp
Material contaminado: 3,5% 2,10 0,48 1,9 pp
Material reciclável: 3,5% 2,05 0,58 1,8 pp
subtotal = 11,3 pp
Uso de recursos naturais
e do solo
8%
Permeabilidade do solo: 1,6% 2,10 0,41 0,9 pp
Degradação do solo: 1,6% 2,40 0,28 1,0 pp
Preservação de nascentes: 1,6% 2,50 0,48 1,0 pp
Área desmatada: 1,6% 2,40 0,44 1,0 pp
Integração projeto-ambiente: 1,6% 2,00 0,51 0,8 pp
subtotal = 4,7 pp
Influência na vida
selvagem
9%
Diversidade da fauna: 1,5% 2,25 0,40 0,8 pp
Diversidade da flora: 1,5% 2,15 0,41 0,8 pp
Densidade populacional das espécies animais: 1,5% 2,15 0,46 0,8 pp
Quantidade de plantas por espécie: 1,5% 2,40 0,34 0,9 pp
Área plantada/área de vegetação nativa: 1,5% 2,30 0,40 0,9 pp
Área construída/área natural: 1,5% 2,55 0,23 1,0 pp
subtotal = 5,2 pp
Influência no microclima
3%
Influência na temperatura local: 1% 2,60 0,34 0,7 pp
Influência na umidade relativa: 1% 2,40 0,46 0,6 pp
Influência nas correntes de ar (ventos): 1% 2,60 0,42 0,7 pp
subtotal = 2,0 pp
total = 56,8%
Fonte: Elaborada pelos autores.
632 Almeida, T. S. M. et al.
Avaliação do desempenho ambiental ... ensino técnico e superior. Produção, v. 23, n. 3, p. 625-636, jul./set. 2013
sobre o quanto os respondentes divergiram ao
formar opinião sobre o indicador. Na última coluna
observam-se as contribuições de cada indicador
para o desempenho global, em pontos percentuais
(pp). Optou-se por mensurar essa grandeza em
pontos percentuais absolutos para não confundir
com percentagem, que é uma proporção do máximo.
Ao fim de cada bloco de linhas, observam-se os
resultados parciais por construto. Na última linha,
observa-se o resultado global, 56,8%. Esse resultado
informa que, de um máximo possível de 100%, na
opinião dos 20 respondentes, e segundo o modelo
gerado pelos seis especialistas, a instituição cumpre
56,8% do que poderia ou deveria fazer.
Para efeito de ação estratégica, interessam
as lacunas dos construtos, ou seja, a diferença
entre importância (máximo desempenho possível)
e desempenho. Quanto maior a lacuna, maior
a responsividade do construto, ou seja, maior a
probabilidade de aumentar o desempenho global
para o mesmo esforço de correção. Assume-se como
pressuposto que os indicadores de um mesmo construto
possam ser afetados por fatores comuns. Desse modo,
ações que afetem um indicador possivelmente afetarão
outros no mesmo construto. Por exemplo, em Uso
de recursos naturais e do solo, ações que tornem o
projeto arquitetônico mais amigável ao ambiente
possivelmente afetarão positivamente os demais
indicadores. Nos outros construtos, pode-se esperar
o mesmo em vários subconjuntos de indicadores.
Secundariamente, também podem interessar os
indicadores de maior dispersão na avaliação, ou seja,
com maior cv.
A Tabela 3 organiza os construtos segundo as
lacunas, do mais para o menos crítico.
Além da lacuna absoluta, em pp, a tabela apresenta
a lacuna normalizada, ou seja, o percentual de lacuna
de cada construto. Caso exista um orçamento fixo
para investimento em ações ambientais, o vetor de
lacunas normalizadas pode ser usado para distribuir
os recursos.
4. Discussão
Pelo resultado final e também pela composição
das parcelas, é possível discutir alternativas para
melhorar o desempenho ambiental avaliado. Outra
fonte de oportunidades são os indicadores de alto
coeficiente de variação. Alta variabilidade nas respostas
pode indicar dúvidas ou diferenças de opinião sobre
a condição do indicador. Nesse caso, pode haver
oportunidades de melhorias.
O construto mais crítico foi efluentes. Dos
seis indicadores, dois apresentaram desempenho
notavelmente inferior: sistema de tratamento de
efluentes e águas sanitárias. Não existe sistema de
tratamento de águas nem de esgotos, mas soluções
integradas são possíveis. Projeto e instalação de ETE
(estação de tratamento de efluentes) contribuiria
para o desempenho ambiental, além de servir para
estudos e pesquisas nos cursos técnicos e superiores
mantidos pela instituição e relacionados com o tema.
Os demais indicadores do construto também seriam
beneficiados. Com uma ETE poderiam ser desativadas
as atuais soluções parciais, menos qualificadas, mas
que garantem uma avaliação razoável para efluentes
dos laboratórios de química e de mecânica e das
águas de limpeza e cozinha.
O segundo construto mais crítico é resíduos
sólidos. A instituição gera grandes quantidades,
incluindo materiais de escritório, de laboratórios e
resíduos de cozinha. Os resíduos mais impactantes
são: (i) plásticos e papéis dos escritórios e salas de
aula; (ii) eletrônicos provenientes dos laboratórios de
eletrônica e eletrotécnica; (iii) contaminados utilizados
no laboratório de química, principalmente recipientes
de vidro e de plástico utilizados em amostras que não
podem ser reutilizados ou inutilizados; e (iv) orgânicos
gerados por alunos e principalmente pela cantina.
Um programa integrado de reciclagem deve ser
proposto imediatamente, se possível em parceria
com as inúmeras cooperativas de recicladores da
região. No passado, a instituição iniciou um programa
mas este foi descontinuado. Outras instituições e
universidades da região operam programas similares,
com excelentes resultados, abastecendo empresas
vizinhas que produzem materiais plásticos e de vidro
a partir de reciclados.
O próximo construto foi poluição sonora. Quanto
ao ruído originado por veículos, já existe um plano
de controle. É proibida a entrada de ônibus, carros
e motos de estudantes e visitantes no pátio interno
da instituição. São autorizadas entradas apenas para
professores e funcionários, que representam trânsito
de pequena monta e concentrado nos horários de
entrada e saída de turnos, o que deixa o nível de
ruído aceitável e não perturba as atividades escolares.
Tabela 3. Responsividade dos construtos.
Construto Lacuna Lacuna normalizada
(%)
Efluentes 10,0 pp 23,1
Resíduos sólidos 9,7 pp 22,5
Poluição sonora 8,7 pp 20,1
Poluição atmosférica 6,7 pp 15,5
Influência na vida selvagem 3,8 pp 8,8
Usos de recursos naturais
e do solo 3,3 pp 7,6
Influência no microclima 1,0 pp 2,3
Fonte: Elaborada pelos autores.
Almeida, T. S. M. et al.
Avaliação do desempenho ambiental ... ensino técnico e superior. Produção, v. 23, n. 3, p. 625-636, jul./set. 2013 633
Nos outros três indicadores, medidas são necessárias.
Quanto aos ruídos humanos, devem ser destinadas
áreas e horários exclusivos para lazer e recreação e
proibidos eventos e encontros sociais e culturais nas
proximidades de salas de aula. São práticas usuais na
instituição concursos musicais, olimpíadas estudantis
e manifestações culturais de estudantes secundaristas
em horário de aula e próximo às salas destinadas
aos cursos de engenharia, inviabilizando atividades
acadêmicas em várias semanas do ano. Por fim, os
indicadores referentes a maquinário de conservação
e zeladoria (compressores, roçadeiras, cortadores de
grama) e de aprendizagem podem ser tratados em
conjunto, pois as medidas tomadas são similares.
Em ambos os casos, os ruídos são gerados pela falta
de manutenção nos equipamentos e por defasagens
tecnológicas. São necessárias reformas e eventuais
substituições.
Segue poluição atmosférica. Observam-se baixas
emissões de CO
2
e NOx. Mesmo sabendo que os
gases formadores do efeito estufa são seis (os outros
são CH
4
, SF
6
, PFC e HFC) (WILLARD, 2005), os
especialistas entenderam que apenas esses dois são
gerados significativamente na instituição. Material
particulado e gases solventes também foram bem
avaliados. Em parte, a baixa emissão é devida à
restrição de trânsito de veículos e ao uso de frações
pequenas e controladas nos laboratórios. Dentre os
indicadores do construto, o mais mal avaliado foi o
das queimadas. Essas são praticadas eventualmente
na área da instituição e quando da simulações de
incêndio em aulas práticas dos cursos de segurança do
trabalho. Tais práticas podem e devem ser minimizadas
ou abolidas pela instituição.
O construto influência na vida selvagem tem
menor importância, o que torna menos urgentes
possíveis melhorias. Ainda assim, alguns indicadores
não tiveram avaliações satisfatórias e em algum
momento deverão ser enfocados. Os indicadores mais
mal avaliados foram diversidade da flora e densidade
populacional das espécies animais. Ambos podem ser
melhorados por planos de revitalização de espécies.
Segue o uso de recursos naturais e do solo. Nesse
construto foi avaliada a relação entre o projeto
arquitetônico e o meio ambiente. Um dos principais
aspectos avaliados foi o quanto as instalações
obstruíram, impermeabilizaram e desgastaram o solo.
Foram avaliadas a permeabilidade e a degradação do
solo; a manutenção das nascentes; a área original que
foi desmatada; e a integração do ambiente natural
ao projeto arquitetônico. Quanto a essa última, não
existia no projeto arquitetônico inicial um plano
para minimizar o uso dos recursos naturais e do
solo. Contudo, o desempenho dos indicadores foi
satisfatório, principalmente quanto às nascentes,
degradação e área desmatada, pois no complexo
educacional não há atividades que degradem o solo e
existe esforço da instituição para manter a vegetação.
Os indicadores permeabilidade do solo e integração
do ambiente natural ao projeto arquitetônico
apresentaram resultados menos satisfatórios, pois as
instalações interagem mal com o meio. O projeto pode
e deve ser atualizado, dessa vez sob uma perspectiva
ambientalmente mais amigável.
Por fim, o construto influência no microclima
também tem pequena importância. Como a atividade
educacional (se comparada à industrial) tem pequeno
impacto térmico e energético, exige muito pouca
matéria-prima e devolve muito pouco material e
energia ao ambiente, a influência no microclima é
pequena. É possível aumentar o desempenho médio,
mas esse construto tem menos prioridade.
Quanto ao método, observaram-se algumas
particularidades: (i) houve interesse e comprometimento
de especialistas (professores pesquisadores), com
conhecimento científico e empírico sobre o caso,
pois exercem atividade profissional na instituição;
(ii) houve transparência e objetividade na comunicação
dos resultados, pois o modelo fornece desempenho
global e detalhado por indicadores e construtos
e a contribuição de cada parcela para o resultado
global; (iii) houve sensível redução de custos em
relação a outros métodos, pois surgiram resultados
em curto espaço de tempo, sem instrumentação de
campo, o que fez com que o comitê da instituição
avaliasse a possibilidade de adotar em definitivo o
método para avaliação periódica de desempenho
ambiental; (iv) houve valorização da percepção e da
subjetividade humana, muito mais multifacetada do
que indicadores medidos por grandezas físicas de
campo, o que incluiu desperdícios de matéria-prima,
estruturas funcionais inadequadas, comportamento
humano, equipamentos obsoletos, entre outras
precariedades, que talvez não fossem percebidas por
medições objetivas por instrumentação; (v) resultou
um plano de melhorias, cujo objetivo é elevar
rapidamente o desempenho ambiental global da
instituição; e (vi) apesar de discutidos outros métodos,
os especialistas preferiram mensurar apenas indicadores
operacionais, negligenciando indicadores gerenciais,
pois a instituição não opera um SGA formal.
Sintetizando, as ações de melhoria foram
organizadas em blocos de atividade: (i) maquinário:
manutenção de rolamentos, partes móveis e isolamento
acústico de casas de máquinas; (ii) comportamento
humano: construção de áreas de convivência afastadas
para redução de ruídos nos corredores e arredores das
salas de aula, de estudo e da biblioteca; (iii) oficina de
usinagem: manutenção do maquinário e isolamento
acústico das instalações; (iv) proibição de práticas de
634 Almeida, T. S. M. et al.
Avaliação do desempenho ambiental ... ensino técnico e superior. Produção, v. 23, n. 3, p. 625-636, jul./set. 2013
queimadas e simulações de incêndio; (v) efluentes
sanitários, do laboratório de química, cozinha e
sistema de tratamento de efluentes: implantação de
sistemas de tratamento de efluentes; (vi) lixo orgânico:
reaproveitamento e destinação para compostagem;
(vii) lixo seco, sucata, lixo eletrônico e programas
de reciclagem: formação de centro de reciclagem
de material gerado na instituição e também trazido
pela comunidade, tal como em outras universidades
da região; e (viii) material contaminado: encaminhar
para o centro de reciclagem especial da instituição,
ligado aos cursos de química e biologia.
Concluindo a discussão, salientam-se indicadores
de maior coeficiente de variação (cv), o que pode
indicar diferença de percepção sobre o indicador ou
baixa confiabilidade nas respostas, causada por mau
entendimento. Como foram coletadas opiniões sobre
indicadores objetivos (situação de CO
2
ou NOx, estado
de preservação das nascentes etc.), que podem ser
mensurados objetivamente por grandezas físicas de
campo, eventual falta de confiabilidade não pareceu
ter sido relevante. Não pareceu que respondentes não
tivessem certeza sobre o que responderam. Portanto,
assumiu-se o pressuposto de que indicadores com alto
cv apresentaram maior dificuldade ou subjetividade
na avaliação. Essa é uma implicação de avaliações
qualitativas. Portanto, mesmo com médias altas é
possível que existam fatores de risco nas avaliações,
o que recomendaria atenção ao indicador.
Os indicadores de maior dispersão foram:
(i) movimentação humana (média = 2; cv = 0,56);
(ii) queimadas e simulações de incêndio (média = 2,15;
cv = 0,56); (iii) sistema de tratamento de efluentes
(média = 1,75; cv = 0,69); e (iv) material reciclável
(média = 2,05; cv = 0,58). Nesse caso particular todos
os indicadores de elevado cv também tiveram baixa
média, portanto suas implicações já foram tratadas. A
elevada dispersão nas opiniões reforça a necessidade
de propor planos de ação para esses indicadores.
5. Considerações finais
O objetivo deste artigo foi avaliar o desempenho
ambiental de uma instituição educacional que abriga
cursos técnicos e de engenharia. A instituição acolhe
mais de 3 mil alunos e foi construída em extensa área
nativa, com tradição de ensino e pesquisa de ciências,
inclusive da terra e ambiental. O principal método de
pesquisa foi a modelagem qualitativa. O método de
trabalho utilizado baseou-se em adaptação do método
SBP. Ao final, o desempenho ambiental da instituição
atingiu 56,8%. Por se tratar de instituição de ensino
e pesquisa, esse desempenho pode ser considerado
apenas intermediário. Existe uma lacuna de 43,2%
que pode ser trabalhada por professores pesquisadores
e alunos e que assim, além de melhorar o resultado
ambiental, pode agregar inovações para os cursos.
O método apontou que é possível aumentar o
desempenho, centralizando esforços nos poucos
indicadores que apresentaram resultados médios
mais baixos e dispersões de opinião mais altas.
Pode-se assumir o pressuposto que, com esforços
similares, a pontuação final subirá mais se as ações
forem concentradas nos indicadores priorizados. O
processo de avaliação permite a elaboração de uma
política ambiental e exige reavaliação periódica dos
resultados das ações. Eventualmente, o método pode
sugerir reformulações na estratégia ambiental, caso
as ações se mostrem ineficientes após sucessivas
rodadas de avaliações.
Para que a instituição melhore seu desempenho
ambiental e se compatibilize com o desenvolvimento
sustentável, é importante o comprometimento da
direção, professores, alunos e funcionários para
consolidar esse processo proposto de avaliação e
constante melhoria. A pesquisa apontou que não são
necessários grandes investimentos e, principalmente,
que o resultado obtido poderia ter sido melhor, pois
existem elementos materiais e recursos humanos
suficientes para propor projetos socioambientais
compatíveis com a nova realidade ambiental do
século XXI.
Como continuidade de pesquisa, sugere-se
reaplicar o método na própria instituição, distribuindo
importâncias relativas também entre os indicadores
e comparando resultados. Caso a diferença seja
pequena, talvez seja vantajoso manter uniforme a
distribuição de importância dentro dos construtos.
Também sugere-se a replicação periódica da avaliação
e a formação de uma série histórica de resultados.
Agradecimentos
Agradece-se à instituição, alunos e pesquisadores
que participaram da pesquisa, parcialmente financiada
pelo CNPq.
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Gestão & Produção
, v. 17,
Environmental performance assessment of a public institution
of technical and undergraduate education
Abstract
This article reports a case study in which the environmental performance of a public institution of higher and
technical education was evaluated, based on environmental indicators in spades. The following standards series
were reviewed:
ISO 14000
,
National Quality Award in Sanitation
(PNQS) and
Ecoblock
. The method was adapted
from
SBP
, a set of procedures for measuring the environmental performance of an anthropic activity, composed by
latent constructs and categorical indicators that explain the performance. The indicators were organized in seven
constructs. According to the assessed respondents and the model, the institution reached 56.7% of the maximum
possible in environmental management. Lower constructs were management of solid waste and noise pollution. The
evaluation can be used for reshaping the environmental policy of the institution.
Keywords
Environmental performance. Assessment methods. Environmental indicators.