Article

Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes

Authors:
To read the full-text of this research, you can request a copy directly from the author.

Abstract

Na primeira parte do ensaio, argumenta‑se que as linhas cartográficas “abissais” que demarcavam o Velho e o Novo Mundo na era colonial subsistem estruturalmente no pensamento moderno ocidental e permanecem constitutivas das relações políticas e culturais excludentes mantidas no sistema mundial contemporâneo. A injustiça social global estaria, portanto, estritamente associada à injustiça cognitiva global, de modo que a luta por uma justiça social global requer a construção de um pensamento “pós-abissal”, cujos princípios são apresentados na segunda parte do ensaio como premissas programáticas de uma “ecologia de saberes”.

No full-text available

Request Full-text Paper PDF

To read the full-text of this research,
you can request a copy directly from the author.

... O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (1989Santos ( , 1995Santos ( , 2002Santos ( , 2007Santos ( , 2009), compreende que um dos grandes problemas da tensão social é que, ao centrar num único saber, ocidental e científico, outros saberes são esquecidos. Gera-se uma série de monoculturas: i) a de escala dominante, em que apenas uma métrica é considerada, sendo a ocidental, por consequência de ter o seu saber hegemônico; ii) a de produtividade pela lente capitalista, afinal, o capitalismo é o sistema econômico desta sociedade hegemônica; iii) a de naturalização de diferenças, que vê o homem supostamente superior à mulher, castas superiores a outras, pessoas superiores por terem mais bens etc.; iv) a do tempo linear, afinal, tempo é sinônimo de progresso e tudo fora dessa noção é visto como atrasado. ...
... Os ditos leigos desenvolveram conhecimentos milenares quanto à cura de moléstias, ou então, conhecimento sobre o uso e a importância de plantas e ervas (FEYERABEND, 2011). Os saberes tradicionais de povos indígenas se mostram centrais quando se fala na conservação ambiental (SANTOS, 2006(SANTOS, , 2007. Estes exemplos corroboram que os saberes populares e tradicionais têm muito a contribuir nos diálogos, inclusive na temática ambiental. ...
... Se há abertura para outras culturas além da ocidental, naturalmente pode-se olhar para outros sistemas de produtividade que não pela lógica capitalista. Consequentemente, reconhecem-se outras escalas, outras temporalidades, e também, outros atores são colocados em patamar de igualdade, configurando-se reconhecimentos (SANTOS, 2002 Santos (2007) acredita que há uma linha divisória entre o saber ocidental, representado pelos saberes hegemônicos, considerados abissais, pois estão a um abismo de distância em relação a outros saberes marginalizados. Este abismo é tão profundo que os saberes erodidos são quase inexistentes nos debates, e completamente esquecidos nas discussões, de modo a ser impossível a coexistência entre eles (SANTOS, 2007). ...
Article
Full-text available
Os valores da sociedade ocidental e capitalista parecem estar levando o ambiente ao colapso. Neste cenário pouco animador, verifica-se que pessoas têm lançado mão de ações de protagonismo ambiental, plantando árvores em diferentes espaços. Olhando para isso, lançamos a questão: Práticas de protagonismo ambiental relacionadas à arborização realizadas por diferentes atores sociais estão inseridas em uma racionalidade ambiental? Assim, nosso objetivo foi investigar práticas de protagonismo ambiental de atores sociais, compreendendo quais são os seus elementos motivacionais, saberes e fazeres envolvidos. Metodologicamente, nos pautamos em histórias orais. Os principais resultados sinalizam a relação entre a motivação central dos plantadores com a sensação de pertencimento à causa de plantar e que o entendimento das relações entre saberes e fazeres parecem ser importante. Tais apontamentos constituem indícios de uma racionalidade ambiental.
... @saberes.deduc in research and education in a context of neoliberalism. As bibliographical foundation, authors such as Boaventura de Sousa Santos (2007); Terry Shinn (2008), Ivani Fazenda (1994), Olga Pombo (2006), but also Silvio Gallo (2019), Bernard Charlot (1983) and Libâneo (1984). More than ever, thinking of the school institution, a space for the construction of knowledge, but also of citizenship, as a focus of research and understanding of the relations and ideologies present therein is something fundamental for the maintenance not of a democratic political regime, but of a democratic society. ...
... Trazendo para discussão, Boaventura de Sousa Santos (2007); Terry Shinn (2008), Ivani Fazenda (1994, Olga Pombo (2006), mas também autores como Silvio Gallo (2019), Bernard Charlot (1983, Libâneo (1984) Quando falamos em ciência, em pesquisas e, de forma mais abrangente, de conhecimento, é comum a referência das diferentes tipificações das formas do saber (senso comum, mítico, filosófico, religioso, científico, artístico, técnico...), mas, na sequência, fazemos sua classificação em relação ao que se pretende ser verdade e, portanto, uma hierarquização de acordo com sua possibilidade de comprovação, de exatidão e objetividade. Neste aspecto, elencamos a ciência como este conhecimento verdadeiro, objetivo, de método universal que lhe é garantido também pela separação dos saberes para especialistas cada vez mais conhecedores de um aspecto pontual de uma área do saber. ...
... O que ele chama de pensamento pós-abissal parte do princípio de que a diversidade do mundo é inesgotável e que não temos uma epistemologia adequada para tal compreensão, portanto, a diversidade epistemológica do mundo continua por construir. (SANTOS, 2007 Portanto, a recusa de uma possível epistemologia geral. "A ecologia de saberes procura dar consistência epistemológica ao pensamento pluralista e propositivo". ...
Article
Full-text available
Desde a modernidade, quando falamos em ciência, estamos nos referindo a um conhecimento pretensamente verdadeiro, objetivo e de método universal, que lhe é garantido cada vez mais pela separação dos saberes para especialistas. No entanto, o método científico, a divisão disciplinar do conhecimento e suas categorias que garantem validade de uma teoria, partem de um contexto, de uma perspectiva e, como tudo que é produto humano, não pode ser neutro e universal, tampouco, apolítico. A proposta de uma ecologia dos saberes nos remete a essa realidade plural do conhecimento e a necessidade de valorização de saberes que partem de várias perspectivas e lugares de fala. A escola, como espaço privilegiado de produção e “reprodução” de conhecimentos, deve ser pensada e vivida neste espaço amplo, social, científico e político dos saberes. Negar os diferentes elementos que compõem a educação escolar e restringi-la a uma única perspectiva, é também negar sua realidade. Assim, este ensaio busca refletir acerca deste diálogo de um saber pós-abissal na pesquisa e na educação num contexto de neoliberalismo. Como fundamento bibliográfico, autores como Boaventura de Sousa Santos (2007); Terry Shinn (2008), Ivani Fazenda (1994), Olga Pombo (2006), mas também Silvio Gallo (2019), Bernard Charlot (1983) e Libâneo (1984). Mais do que nunca, pensar a instituição escolar, espaço de construção de conhecimento, mas também de cidadania, como foco de pesquisa e compreensão das relações e ideologias nela presentes é algo fundamental para a manutenção não de um regime político democrático, mas de uma sociedade democrática.
... Sendo assim, a pesquisa-ação não se refere a levantamento de dados, mas a uma pesquisa pautada na ação e na interação com um grupo, que tenha algo a "dizer" e "fazer", para a construção da ação e tomada de consciência (Thiollent, 2011 Ou seja, não se deve assegurar a verdade científica como única e universal, uma vez que a ciência também é histórica, se transforma e avança de acordo com o processo histórico das civilizações. Sendo assim, "se a ciência não é unívoca, também não o é a epistemologia da ciência" (Peruzzo, 2016, p. 4 Importante mencionar que esse tipo de pesquisa vai ao encontro de romper a relação sujeito-objeto transformando-a em sujeito-sujeitoos atores investigados são sujeitos, sejam coletivos ou individuais, atuantes, ativos e com protagonismo (Peruzzo, 2016), no sentido de uma nova forma de produzir conhecimentos, uma ecologia de saberes (Santos, 2007). ...
... Esse foi um período de trabalho intenso: organizamos estoque, entendemos como as contas a pagar e a receber eram registradas, iniciamos uma organização coletiva do caixa para ser possível mapear os custos. Foi possível elaborar alguns dados quantitativos, que trago a seguir, tais como a quantidade de cafés da manhã e almoços servidos aos sábados, durante um mês: (Freire, 1983) buscando saberes que estavam fora de seu domínio para, através do diálogo e aprendizado mútuo (Santos, 2007), transformarem a situação em que se encontravam. ...
... Assim, a presente pesquisa e sua abordagem utilizada nas incursões em campo, em que a partir das necessidades percebidas foram construídas soluções de forma dialógica e colaborativa e com a Ecologia de Saberes (Santos, 2007) pode ser entendida como uma pesquisa qualitativa, com revisão bibliográfica, observação participante e diário de campo. Isso se deve ao fato de a abordagem qualitativa investigar os significados das ações e relações humanas. ...
Thesis
Full-text available
O Raízes do Brasil é um espaço localizado no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro, criado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), com o objetivo de integrar a agroecologia camponesa e a sociedade urbana e comercializar alimentos saudáveis (livre de agrotóxicos e transgênicos) provenientes da agricultura familiar. A iniciativa é um importante marco na estratégia do movimento para escoar seus produtos na Sociedade de Consumo, ao mesmo tempo que pode ser entendida como uma atuação micropolítica que institui uma resistência (Guattari & Rolnik, 1986). Assim, o presente estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica que aborda, através de um recorte psicossocial, a atuação do MPA e sua luta pela Soberania Alimentar e Nutricional (SAN), e mais especificamente, sua ação incorporada no espaço Raízes do Brasil e as subsequentes relações entre consumo, produção de subjetividades e micropolítica, sustentada em Hardt (2000), Deleuze e Guattari (1996) e Guattari (1990). O caminho metodológico tem como sua primeira parte uma pesquisa exploratória, fruto de encontros e vivências de 2013 a 2018, organizados em uma experiência de pesquisa-ação com base em Thiollent (2003; 2011) e estruturada com a perspectiva de Peruzzo (2016). Na segunda parte foi feita a análise semiótica, com base em C. S. Peirce, das 5 postagens mais curtidas do Instagram do Raízes do Brasil no período de pandemia da Covid-19, de março a dezembro de 2020. Com o estudo foi possível observar aspectos no campo psicossocial da iniciativa que podem ser considerados como uma atuação micropolítica de resistência, a construção de sentidos, de uma semiótica e uma ecosofia que promove, em certa medida, a ressingularização individual e coletiva frente à cultura capitalística contemporânea.
... Entendemos que a linha abissal é invisível, mas produz a dicotomização das sociedades e justifica o dualismo a partir da dominação executada pelas Epistemologias do Norte na representação do mundo e da imposição de falsos universalismos. O mundo se divide em dois: aquele que aceitamos e o outro que rejeitamos (Santos, 2007(Santos, , 2017(Santos, , 2019. ...
... Essa racionalidade científica é reflexo de um pensamento abissal que estabelece ideias 'universalistas' e fundamentam métodos de hierarquização de saberes que seguem os preceitos daqueles que detém o poder, dividindo os grupos de indivíduos através dessa fronteira. Para além do viés econômico, o pensamento abissal moderno produz e radicaliza distinções visíveis e não visíveis nas relações sociais, no campo do conhecimento, entre outras esferas (Santos, 2007). ...
... Essas problematizações nos fazem refletir que as Epistemologias do Sul ainda são alvos de eliminação e neutralização, portanto, há uma linha abissal epistemológica que também produz diferenças entre os saberes (Santos, 2007). Se a hierarquização de seres e saberes regulam o campo do conhecimento, de que modo essas fronteiras visíveis e invisíveis afetam a educação? ...
Article
Full-text available
No mundo contemporâneo, com o avanço da internet e as demais tecnologias digitais que permitem a aproximação de lugares e pessoas, há quem acredite que as fronteiras deixaram de existir. Questionando tal perspectiva, este estudo pretende refletir sobre como as fronteiras visíveis e invisíveis ainda estruturam historicamente e culturalmente a América Latina, e de maneira mais específica, problematizar a relação da linha abissal com a produção de fronteiras invisíveis que fortalecem hierarquias e processos de diferenciação no campo do conhecimento. Para isso, aproximamos o pensamento fronteiriço e a proposta de unidade na diversidade na busca por trabalhar com as Epistemologias do Sul, trazendo-as para o contexto da crítica decolonial ao contexto latino-americano que vem identificando e denunciando as hierarquias de poder e os processos de desumanização que os constituem. Neste ensaio teórico, de modo a flexibilizar as fronteiras críticas e pós-críticas, construiu-se uma aproximação epistemológica para discutirmos a proposta freiriana de unidade na diversidade como prática dialógica e humanizadora na educação. A partir disso, compreendemos que as fronteiras não deixaram de existir, ao mesmo tempo em que elas causam atritos, também promovem encontros, o que nos impulsiona a abrir horizontes mais plurais para além das dicotomias presentes no campo epistêmico.
... E apresenta diversos dados e levantamentos de pesquisas realizadas pelo IBGE e pela Unicef. Sustenta seus argumentos relacionando as "linhas abissais" de Boaventura de Sousa Santos (2007) ...
... Talvez um caminho viável diante da "cruel pedagogia do vírus" (SANTOS, 2020) seja buscar na experiência de Paulo Freire (1987) a perspectiva emancipatória da educação, no caso, digital, que leve o Brasil a superar as linhas abissais de que fala Boaventura Santos (2007) e possa concretizar o direito fundamental à educação. ...
... Talvez um caminho viável diante da "cruel pedagogia do vírus" (SANTOS, 2020) seja buscar na experiência de Paulo Freire (1987) a perspectiva emancipatória da educação, no caso, digital, que leve o Brasil a superar as linhas abissais de que fala Boaventura Santos (2007) e possa concretizar o direito fundamental à educação. ...
... Trata-se de uma divisão entre o Norte e o Sul enquanto metáforas das Epistemologias do Sul, sendo reconhecido que o Sul metafórico existe no norte geográfi co e o Norte metafórico existe no sul geográfi co. O Sul expressa o sofrimento humano causado pelo capitalismo, pelo colonialismo e pelo pa-triarcado, bem como a resistência para ultrapassar ou minimizar esse sofrimento (Santos, 1995(Santos, , 2007. ...
... Começo por mostrar de que modo a ciência e o direito foram os principais instrumentos de criação do pensamento abissal. Ainda que Boaventura de Sousa Santos refl ita largamente sobre a simbiose entre direito e ciência na construção do mundo moderno colonial e desenvolva uma proposta de direitos humanos interculturais (Santos, 1995(Santos, , 2000(Santos, , 2002(Santos, , 2007, na teoria da superação da linha abissal não desenvolve aprofundadamente os princípios da descolonização do direito, centrando--se sobretudo nos desafi os à monocultura do saber e do rigor do saber. Assim, no segundo ponto, procuro contribuir para essa refl exão, nomeadamente com a identifi cação de instrumentos epistemológicos que rompam com a hegemonia do direito moderno e permitam ampliar as experiências jurídicas conhecidas. ...
... A ecologia de saberes é o instrumento mais forte. Assente na premissa de que todos os saberes são incompletos e que isso se aplica também à ciência, a ecologia de saberes propõe o confronto da monocultura da ciência moderna com o reconhecimento da diversidade de formas de conhecimento que existem no mundo (Santos, 2006(Santos, , 2007. O processo de reconhecimento de outros saberes, de outras formas de conhecer, envolve necessariamente as restantes ecologias, nomeadamente a rejeição da lógica do tempo linear, da hierarquia da classifi cação social, da desvalorização do que é local ou do que não encaixa na narrativa da produção capitalista. ...
Article
Full-text available
Este texto resulta de uma investigação, as sentena proposta das Epistemologias do Sul de Boaventura de Sousa Santos, que tem como objetivo contribuir para o debate sobre o alargamento do cânone do direito e da justiça e a construção de um pensamento jurídico pós-abissal. Partindo do conceito de ecologia de saberes, proponho a ideia de ecologia de justiças como instrumento epistemológico para confrontara conceção moderna do direito e da justiça e as hierarquias impostas pelo cânone com a diversidade de direitos e de justiças que existem no mundo, contribuindo para o conhecimento e a valorização da diversidade que cabe no interior do conceito de pluralismo jurídico. Argumento que o Sul é heterogéneo, que a sociologia jurídica das ausências e das emergências requer instrumentos epistemológicos e metodológicos sensíveis aos contextos e que um pensamento jurídico pós-abissal deve estender-se para lá do que foi identificado como legalidade cosmopolita, incluindo espaços de reivindicação de direitos em que as lutas não se expressam nas categorias emancipatórias que conhecemos. Concluo o texto com a apresentação de uma cartografia das justiças comunitárias no centro da cidade de Maputo, com a qual pretendo ilustrar o percurso metodológico e os resultados da ecologia de justiças.
... A primeira discussão que trazemos se refere ao estudo de Santos (2007) sobre o pensamento moderno. O autor afirma que esse pensamento não é neutro, mas carrega uma dimensão invisível que representa e fundamenta as distinções da realidade social. ...
... São linhas metafóricas, invisíveis, que sobreviveram à cartografia literal de países e continentes. Santos (2007) utiliza a expressão "deste lado da linha" para representar o pensamento hegemônico, oriundos de regiões metropolitanas, e "do outro lado da linha" para se referir ao pensamento considerado subalterno, derivado de regiões coloniais. ...
... Ou seja, esse pensamento provoca uma invisibilidade do universo que representa "o outro lado da linha", do qual são considerados ilegítimos e falsos. As divisões sociais seguem com esse pensamento abissal, estruturando a realidade de acordo com as classificações deste lado da linha e impossibilitando o reconhecimento de outras formas de conhecimento (Santos, 2007). ...
Article
Full-text available
A universidade é um espaço formativo que trabalha por três principais frentes: ensino, pesquisa e extensão. Apesar da produção de conhecimento ser gerada por diferentes formas entre essas três dimensões, o desenvolvimento científico foi historicamente alicerçado em perspectivas e definições específicas sobre o que é ciência. Este ensaio visa apresentar os fundamentos de dois elementos característicos do conhecimento científico, o método e a racionalidade, e a sua forma de imposição cultural, especialmente na produção científica. Para isso, foram levantadas as contribuições de René Descartes e Immanuel Kant sobre a importância do método e do uso da razão para o desenvolvimento da ciência. Logo após, foram consideradas discussões de Boaventura de Souza Santos e Jean-Marc Ela sobre esse modelo de ciência e a exclusão de outras formas de saberes. Também foram incluídas as propostas de Antonio Joaquim Severino e Manuel Tavares referentes à decolonialidade nas universidades latino-americanas. Concluímos que a universidade desempenha uma função colaborativa com a colonialidade, pois impõe e difunde apenas os conhecimentos que são considerados legítimos nos padrões ocidentais. É necessário, portanto, refletir as suas ações, concepções e propostas para desempenhar a consciência crítica e incluir a diversidade epistemológica existente na sociedade.
... Contudo, aproximar teoria e prática implica em reduzir distâncias entre as noções abstratas e ambíguas associadas à reflexão sobre sustentabilidade e as transformações concretas que estão sendo empreendidas nos territórios. Para tanto, a predisposição real ao diálogo intercultural, em uma ecologia de saberes e práticas (Santos, 2007), tende a representar um desafio crucial e imperativo nesse processo. Analisando o quadro apresentado de seguida, é possível observar nos sentidos e nas práticas adotadas pelas ecovilas (Roysen et al., 2021) as conexões com o debate sobre as dimensões de sustentabilidade e os princípios orientadores das alternativas sistêmicas (Solón, 2019;Kothari, 2021). ...
... Por essa perspectiva, se reconhece nos processos de colapso socioambiental a convergência de múltiplas crises do presente, designada como Antropoceno (Crutzen e Stoermer, 2000), (Santos, 2007). Nesse caso, os próprios frutos amadurecidos e colhidos no processo de industrialização e desenvolvimento tecnológico (como as tecnologias da informação e comunicação, entre outras) podem estar, também, a serviço da construção de horizontes plurais, e confluir para a construção de relações de complementariedade, em uma síntese entre "saberes orgânicos e sintéticos" (Santos, 2015: 101 (Walsh, 2010;Gudynas, 2011;Acosta, 2016 Desse modo, iniciativas comunitárias territorializadas, às margens do capitalismo e enraizadas no reconhecimento do rico patrimônio biocultural global, salvaguardam sementes para um novo sistema-mundo (Dussel, 2004), a serem nutridas para gerar os frutos de regeneração da Terra. ...
Article
Full-text available
In the face of global crises, various communities around the globe have beenundertaking counter-hegemonic alternatives for social and productive organization. Thisessay takes up this premise, and through a narrative review of the academic literature andfrom a decolonial perspective, discusses the role of ecovillages within the pluriverse ofalternatives, aiming to contribute to a critical reflection on the community confluenceprocesses that strive to be both fair and ecological. It is understood that the socio-environmental practices of ecovillages, in confluence with the plurality of networkedcommunity alternatives, tend to represent a promising path for the necessary transitiontowards a fair and low-carbon society, in tune with the three-pronged dimensions of culturalidentity, social equity and ecological sustainability associated with the communal ethics of Good Living
... Alinhada à concepção vygotskiana, Liberali (Cultural Praxis, 2020) dialoga, por exemplo, com a perspectiva decolonial (Quijano, 2002;Santos, 2009;Mignolo, 2017Mignolo, /2011 que, no âmbito educacional, contesta a imposição dos padrões euro-EUA-centrados (Walsh, 2010), sobretudo, no campo epistemológico, silenciando culturas, experiências, saberes dos grupos invisibilizados considerados subalternos. Esses padrões coloniais 9 podem ser observados, por exemplo, no currículo escolar, livros didáticos, avaliações de rendimento, apostilas, e outros cujas narrativas ecoam pedagogias de dominação (Arroyo, 2014) que vêm, sistematicamente, invisibilizando grupos sociais a serem representados, inferiorizando saberes oriundos de outros grupos invisibilizados diante do cânone colonial. ...
... A superação desse paradigma requer dos pesquisadores o pensamento novo (Mignolo, 2017(Mignolo, /2011 que, além de questionar a opressão epistemológica, é responsável pela elaboração de propostas comprometidas com um mundo mais justo, como se espera de sujeitos sentipensantes (Fals Borda, 2009). Não se trata de deslegitimar o conhecimento produzido pelo sujeito colonizador, mas criar outro modo de pensar, fazer e agir que se distancie do pensamento abissal (Santos, 2009), ou seja, desse abismo fronteiriço -norte/sul -que inviabiliza a copresença entre os dois lados do hemisfério. ...
Article
Full-text available
Resumo Os espaços de aprendizagem precisam estar engajados com a vida real, na tentativa de criar possibilidades de ser, agir, sentir, viver o mundo de modo a garantir a mobilidade social do sujeito para intervir na realidade. Nesse intento, este trabalho propõe o conceito de desenvolvimento engajado para discutir o papel do brincar na constituição da multitudo em um programa de extensão. Para tal, centralizamos dois episódios de uma proposta didática com o tema moradia e habitação, por meio do teatro-brincar, como base para processos de ensino-aprendizagem. O teatro-brincar, fundamentado pela perspectiva vygotskiana e inspirado nos jogos teatrais boalianos, é visto como uma realização artístico-performático colaborativa, cujo engajamento real com a vida e a expansão intencional, faz dele lócus para seus participantes experienciarem a criação de eventos dramáticos, que são refratados em forma de vivências afeto-cognitivas, essenciais ao desenvolvimento de posicionamento no mundo. A análise dos episódios, por meio da pesquisa crítico-colaborativa, revela que o teatro-brincar promove o desenvolvimento engajado possibilitando a abertura de caminhos para a transformação do sujeito e sua atuação no mundo.
... In this direction, society also demonstrates difficulties to understand that geographic displacement across borders configures an essential social mobility strategy for survival, being an escape from real situations of vulnerability. This situation triggers silenced intersectional vulnerabilities, allowing the construction of abyssal lines (21) of gender, race, nationality, territory, and class. ...
... The system of visible and invisible distinctions is made up of lines that divide social reality into two distinct universes: "on this side of the line" and "on the other side of the line". The division is such that "the other side of the line" disappears as a reality, and becomes non-existent (21) . These lines, when diverse experiences in the social relations of groups that tend to be marginalized -such as refugee women -are ignored, become the production of sub-humanities and exclusions (22) . ...
Article
Full-text available
Objective To analyze the vulnerabilities of Venezuelan women considering their experiences of violence in refugee situations. Method Qualitative study, developed with ten (10) Venezuelan refugee women in the southern region of Brazil, through individual in-depth interviews. The theoretical framework of analysis was Vulnerability, Human Rights, and Intersectionality. Results The greater the intensity of the intersection of social markers present, such as sex, racial, nationality, generation, cultural, bodily, territorial and other relations, the greater the range of vulnerable experiences in the social relations of these women, producing exclusions and violation of rights. Conclusion The situations of vulnerabilities of refugee women are enhanced as more or less social markers intersect in their life experiences and established social relationships, causing impacts that allow the transition from ‘vulnerable to violated subjects’. Thus, intersectional relationships were formed, either promoting oppression or producing resilience and resistance. DESCRIPTORS Interpersonal Relations; Health Vulnerability; Violence Against Women; Human Rights; Refugees
... Nessa direção, a sociedade também demonstra dificuldades em entender que o deslocamento geográfico entre fronteiras configura uma estratégia de mobilidade social essencial para a sobrevivência, constituindo-se na fuga das situações reais de vulnerabilidade. Essa situação desencadeia vulnerabilidades interseccionais silenciadas, viabilizando a construção de linhas abissais (21) de gênero, raça, nacionalidade, território e classe. ...
... O sistema de distinções visíveis e invisíveis é constituído por linhas que dividem a realidade social em dois universos distintos: o "deste lado da linha" e o "do outro lado da linha". A divisão é tal que "o outro lado da linha" desaparece como realidade, e torna-se inexistente (21) . Essas linhas, ao ignorar-se as experiências diversas nas relações sociais de grupos que tendem a ser marginalizadoscomo o das mulheres refugiadas -convertem-se em produção de sub-humanidades e exclusões (22) . ...
Article
Full-text available
Objective To analyze the vulnerabilities of Venezuelan women considering their experiences of violence in refugee situations. Method Qualitative study, developed with ten (10) Venezuelan refugee women in the southern region of Brazil, through individual in-depth interviews. The theoretical framework of analysis was Vulnerability, Human Rights, and Intersectionality. Results The greater the intensity of the intersection of social markers present, such as sex, racial, nationality, generation, cultural, bodily, territorial and other relations, the greater the range of vulnerable experiences in the social relations of these women, producing exclusions and violation of rights. Conclusion The situations of vulnerabilities of refugee women are enhanced as more or less social markers intersect in their life experiences and established social relationships, causing impacts that allow the transition from ‘vulnerable to violated subjects’. Thus, intersectional relationships were formed, either promoting oppression or producing resilience and resistance. DESCRIPTORS Interpersonal Relations; Health Vulnerability; Violence Against Women; Human Rights; Refugees
... Outrossim, no excerto acima, explicita-se uma herança cultural eurocêntrica em que a etnia branca e socialmente privilegiada é vista como superior aos economicamente desfavorecidos num tom de discriminação e menosprezo. Para o sociólogo e jurista português Boaventura de Sousa Santos (2007), o processo de colonialidade está presente na caracterização do pensamento moderno ocidental, concebido como abissal, uma vez que este foi construído mediante as linhas cartográficas que demarcavam o território em Velho e Novo Mundo. Desse modo, na visão eurocêntrica, existe "este lado da linha" (a dominação) e "o outro lado da linha" (os dominados). ...
... Nessa perspectiva, levando em conta o par colonialidade e decolonialidade, presente nos discursos dos personagens de O Sertanejo, O Quinze e Vidas Secas, reforça-se que há a predominância da colonialidade do poder, do saber e do ser, fruto de uma herança cultural eurocêntrica e em face das sucessivas neocolonizações que vêm ocorrendo ao longo dos anos, conforme sinalizam Quijano (1997); Santos (2007); Grosfoguel (2008); Mignolo (2010); Colaço (2012); Maldonado-Torres (2016); Rosevics (2017), embora se possa perceber, de modo mais tímido, uma visão contra-hegemônica, que busca a emancipação dos sertanejos. ...
Article
Full-text available
A Ecocrítica e a Zooliteratura, por serem campos inter e transdisciplinares, apresentam alternativas à solidariedade acadêmica. Nesse sentido, esta investigação tem como objetivo analisar essas vertentes científicas como uma possibilidade pedagógica a um ensino articulado das Ciências, haja vista a necessidade de superação da visão positivista, que compartimenta os saberes. A metodologia desta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso qualitativo, de caráter descritivo-explicativo. A técnica de interpretação dos dados fundamenta-se na Análise do Discurso de Linha Francesa, tendo, como meios de investigação, as obras: O Sertanejo, de José de Alencar; O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Destaca-se que os principais resultados apontam que, mediante a Eco e a Zoocrítica, há indicações de possíveis correlações entre diversas ciências, como Geografia Humanista, Biologia, Psicanálise, Filosofia, História, Sociologia e Antropologia. Portanto, a Ecocrítica e a Zooliteratura revelam-se como potentes estudos inter e transdisciplinares, que suscitam um ensino integrado das ciências.
... (SANTos , 2007, p. 12) A ecologia de saberes nasce nesse contexto como um movimento subalterno e contra-hegemônico que pode reconhecer a pluralidade, a existência de conhecimentos heterogêneos, interações sustentáveis e dinâmicas entre si sem que ocorra 0 comprometimento de suas respectivas autonomias, inclusive sem deslegitimar nem discriminar a ciência como forma de produção do conhecimento. (SANTOS, 2007) A ecologia de saberes emerge da ascensão política de povos que, apesar da trajetória historicamente subalterna e periférica, impõe resistência à lógica capitalista e anseia constituir uma epistemologia una que possa oferecer consistência ao movimento contra-hegemônico por um "pensamento pluralista e propositivo", com o cruzamento de conhecimentos e ignorâncias e a comparaç_ ão entre os conhecimentos que podem ser apreendidos como tambe~ esquecidos no processo de aprendizagem. (SANTOS, 200 7 , P· ~S)dE • rtânc1a ª importante ressaltar que não se trata de negar a 1mpo 5 h cimento, ciência e dos métodos científicos na produção de con e ul-" d seus res muito menos de fomentar discursos que invali em . ...
... ~~~ também de fortalecer as organizaçoes pop ares e saciai • as sentido, as experiências locais de luta e reinvindicação r:· Nesse ráter trans-escalar defendido pela ecologia dos saberes p roposta porSantos. (2007) A análisede Costa (2012) mostrou importantes evidênc· .interlocução de Freire com os movimentos sociais dos anos 196 repercutindo na formação de ideias e conceitos que constituem: denominada pedagogia freireana. O exercício de aproximar educadores e educandos a partir do período de redemocratização, Via círculo de cultura, marca uma imp ...
Chapter
Full-text available
Introdução Considerar a continuidade dos processos educativos e formativos significa potencializar as vivências diárias em sociedade corno momentos constituintes de aprendi-zagens, em que os saberes e fazeres que emergem desse contexto são guardados na medida em que nos tocam, em que nos significam, em que representam urna possibilida-de, urna solução, urna esperança. Dessa forma, observamos a importância da participação popular em movimentos e organizações sociais na luta por diversas causas. Trata-se, de certo modo e até de certo ponto, de urna educação em que o processo educativo acontece corno con-sequência das ações e rituais exercidos na vivência social, segundo experiências laborais, socioculturais, políticas, socioarnbientais, entre outras, e que podem acontecer fora e dentro da escola-mas que não se confundem com a bu-rocracia administrativa da educação básica, mesmo sendo fundamental para a formação escolar, na medida em que as vidas pessoal, escolar e profissional exigem cada vez 25
... Maldonado-Torres (2018) concebe que descolonizar se alinha ao conceito de libertação, como forma de conhecer e de organizar a independência político-econômica desses povos. Embora o colonialismo, na forma clássica, tenha encontrado o fim com os processos de independência dos povos subalternizados e com a libertação de nacionalidades no século passado, a colonialidade -como controle dominante de recursos, de língua, de trabalho, de capital e de conhecimento, que submete o/a dominado/a a uma situação de inferioridadeainda está presente e assume historicamente diversas roupagens para se estabelecer e para camuflar sua persistência (SANTOS, 2009). A colonialidade diz respeito a essa percepção da permanência da estrutura de poder colonial até os dias de hoje. ...
... A colonialidade diz respeito a essa percepção da permanência da estrutura de poder colonial até os dias de hoje. Para se manter esse poder, (i) aventam-se metapragmáticas, as quais emergem de processos socioculturais de natureza linguístico-discursiva e político-ideológica, com a função de descrever, avaliar, condicionar e orientar os usos da língua (SIGNORINI, 2008); e (ii) estabelecem-se hierarquias sociais e ideológicas, que centralizam seus próprios interesses e excluem outros (SANTOS, 2009). Na atualidade, sob o discurso do contemporâneo e do sistema moderno, a colonialidade cria estratégias para eliminar corpos por meio de ações necropolcas, que fortalecem o Estado, bem como definem quem deve viver e quem deve morrer. ...
Article
Este trabalho busca refletir sobre os tensionamentos entre diferentes perspectivas no que tange à educação de Surdos/as no cenário histórico brasileiro, trazendo entrelaçamentos com bases teóricas da decolonialidade. Adotou-se a abordagem metodológica qualitativa, de cunho exploratório. Os resultados indicam que as políticas educacionais, regulamentadoras do processo de escolarização para os/as alunos/as Surdos/as, apresentam avanços nas últimas duas décadas. No entanto, longe de serem pacíficos, tais avanços foram conquistados pela permanente mobilização da comunidade Surda a favor de direitos e de políticas públicas direcionadas a esse grupo linguístico minorizado. Conclui-se que a promoção de práticas assistencialistas e capacitistas deflagram fortes vestígios coloniais, os quais só podem ser mitigados por meio de uma Educação Bilíngue verdadeiramente intercultural.
... Sometimes the implications of the colonial relations of power leave profound marks not only in the areas of authority, sexuality, knowledge, and the economy but also on the general understanding of oneself. According to Sousa Santos (2010), modernity can be characterized by an abyssal line that divides those who live above it and those who live below it. This metaphorical line demarks the zones where codes of law are recognized among European empires and the lawless zones where conflicts of class, gender, and sexuality are articulated simultaneously with racial oppression through violent methods and constant appropriation/dispossession. ...
Article
Full-text available
This systematic review explores the intersection of race, gender, and social class in the context of internationalization of higher education (IHE) research in Brazil. Historically, the development of the Brazilian educational system has responded to the elite's demands and reproduced Western-European values and knowledge. The exponential growth of IHE has led to increased scholarly interest in various interdisciplinary research areas, with a possible move in studies and practices from a neoliberal to a more critical, decolonial, and diverse perspective. This article aims to investigate to what extent Brazilian researchers have investigated the intersectionality of gender, race, and class in IHE. Using two scientific databases, the study provides an overview of recent Brazilian academic Doctoral Dissertations, Master’s Theses, and academic articles published between 2015 and 2022. The theoretical framework of intersectionality (Crenshaw, 2002; Collins & Bilge, 2021; Akotirene, 2019) is presented to help recognize the interaction of different social markers of inequalities in IHE. The results pointed to a small number of publications related to this theme and continuous interest in the Science without Borders (SwB) mobility program. A particularly privileged profile of participants in academic mobility programs across various higher education institutions (HEI) in Brazil demonstrated the need for planning and actions to understand the social, historical, and political aspects that perpetuate exclusions. Moreover, this review indicates the importance of addressing colonialism in social dynamics and recognizing the coloniality of power in language policies in IHE. It calls for further investigations that explore the intersections of social markers in IHE processes from a more politically engaged perspective.
... 3 Trabalhamos aqui com o sentido de deslizamento com transposições de significações, associações dadas como axiomas, naturalizadas e cristalizadas, de tal forma que passam a ser aceitas como dado, sem questionamento. 4 O termo se opõe ao que Baptista (2021a) Capra (1991Capra ( , 1997, Santos (2010), Crema (1989) Baptista (2016;2020a;, entre outros, base teórica para os estudos do Amorcomtur. 11 A noção de sujeito-trama é proposição de Baptista, em vários de seus textos, com fundamentação esquizoanalítica, pensando o sujeito em produção contínua, resultado de agenciamentos e transversalizações desejantes, com marcas profundas de seus universos existenciais. ...
Article
Full-text available
O texto tem caráter ensaístico com dupla autoria, inscrevendo-se como meta texto de viagem e viajem investigativa, visando refletir as narrativas e ‘com-versações’, como dispositivo de pesquisa para o Turismo e viagens investigativas, como proposto por Baptista. O texto apresenta sinalizadores epistemológico-teóricos para pesquisas orientadas pelas visões ecossistêmica-complexa, nas viagens investigativas em Turismo. A trama de abordagens teóricas tem destaque na Esquizoanalise de Deleuze e Guattari, associada à visão holística, complexa de comunicação, subjetividade e turismo-trama de Baptista. A formulação foi produzida, orientada metodologicamente pela estratégia da Cartografia dos Saberes e balizada pelas Matrizes Rizomáticas, também de Baptista. A partir da experiência narrada de um dos autores, em Favelas do Rio de Janeiro, produziram-se ‘com-versas’ transversais e reflexivas sobre os fluxos do Turismo, como produtor de narrativas, e do fluxo narrativo, como produtor de mais Turismo recursivamente, potencializando a (auto)transpoiese e o Desejo também por viagens investigativas.
... Para Santos (2007), os conhecimentos populares, camponeses ou indígenas não são considerados conhecimentos relevantes por se encontrarem para além do universo do verdadeiro e do falso. Imagina-se que esses conhecimentos sejam crenças, opiniões, entendimentos intuitivos ou subjetivos, e que, na melhor das hipóteses, podem se tornar objeto ou matéria-prima de investigações científicas. ...
Article
Full-text available
Introdução: A presença indígena na educação superior tem se apresentado dentre as pautas atuais das discussões acadêmicas. Apesar de ser uma temática recente, evidencia que precisamos pesquisar e nos conectar com os desafios educacionais, culturais, sociais e políticos do nosso tempo, para não apenas compreendermos o mundo em que vivemos, mas, sobretudo, para criarmos possibilidades de sua ressignificação. Objetivo: Diante disso, este texto tem como objetivo problematizar a universidade, o preconceito, a discriminação e a hegemonia epistemológica eurocêntrica a partir das experiências de estudantes indígenas da Universidade Federal da Fronteira Sul. Metodologia: O intuito é contribuir nas reflexões sobre o acesso, a permanência, a vivência na universidade e o significado dessa escolarização para os povos indígenas, tomando a perspectiva decolonial como articuladora da análise. Procuramos problematizar as possibilidades que os indígenas, grupo étnico vítima de genocídio, epistemicídio e etnocídio, têm de contribuírem para a transformação e ressignificação da universidade ao se fazerem presentes nesse espaço. Resultado/Conclusão: Percebemos que os estudantes indígenas ainda enfrentam situações difíceis, que são as relações coloniais e o sofrimento por elas gerado, e que é necessário quebrar paradigmas e construir possibilidades para romper o ciclo de violências ainda em curso.
... Essa perspectiva desencializadora do fascismo também foi observada por outros estudos sobre coletivos de torcedores de esquerda (LOPES; IÑIGUEZ-RUEDA, 2022). Ademais, ela está presente em várias obras sobre o fascismo, como, por exemplo, a de Boaventura de Souza Santos (2002;2007), apenas para citar um exemplo -o que sugere haver um "fundo discursivo" comum sobre o fenômeno, que atravessa distintos campos sociais, como o acadêmico e o da militância política. ...
Article
Este artigo tem como objetivo compreender como o fenômeno do fascismo é discursivamente construído por coletivos de torcedores de esquerda do Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Para alcançar esse objetivo, realizei duas entrevistas em grupo e duas individuais com esses torcedores. Ao analisar essas entrevistas, argumentei, entre outras coisas, que, na formulação dos discursos sobre o fascismo, muitos dos entrevistados adotam uma perspectiva iluminista crítica, retomando a crença na razão como instrumento civilizatório. Também argumentei que parte deles compreende que a luta contra o fascismo deve se dar no campo do diálogo.
... JUSTIÇAS Na base do trabalho que tenho desenvolvido, encontra-se um desafio lançado por Boaventura de Sousa Santos (2003aSantos ( , 2007 no âmbito do que designa por sociologia das ausências e das emergências, uma proposta epistemológica concebida contra o "desperdício da experiência". A sociologia das ausências parte da ideia de que "o que não existe é, na verdade, activamente produzido como não existente, isto é como uma alternativa não credível ao que existe", situação que as ciências sociais, através de uma nova racionalidade, podem combater, dando a conhecer e credibilizando a diversidade das práticas sociais existentes no mundo, face às práticas hegemónicas. ...
Conference Paper
Full-text available
Ao longo da história, o Estado moçambicano, sob diferentes modelos e face a diversas pressões externas e internas, relacionou-se de múltiplas formas com as instâncias comunitárias de resolução de conflitos que configuram a pluralidade jurídica do país. Nesta comunicação, divido a história de Moçambique em três períodos (colonialismo, socialismo, neoliberalismo/democracia) e analiso de que modo o Estado, em cada uma das fases, procurou integrar ou excluir as justiças comunitárias e como estas foram acatando as imposições exteriores ou resistindo selectivamente às mesmas. Centro-me particularmente na relação entre o Estado e as autoridades tradicionais, os tribunais populares de base, os tribunais comunitários e os grupos dinamizadores. Em seguida, a partir de estudos empíricos, mostro como, no presente, a realidade é bastante complexa em resultado das articulações ao nível local das várias lógicas em que o Estado assentou (presentes e passadas), de especificidades locais e de iniciativas de âmbito internacional.
... De acordo com Carvalho (2022) a escolarização tem negado a cultura e a subjetividade dos sujeitos, na substituição do sujeito cultural popular pelo sujeito pensante universal. Conforme aponta Santos (2007), devemos evidenciar o caráter ideológico do saber que se coloca como neutro e universal e que promove e legitima, em um só golpe, as diversas opressões (a de gênero, racial, especista, etc.). Todorov (1993) chama a atenção para o quanto o suposto universalismo de uma forma de pensamento o desengaja da realidade e sustenta estruturas de poder. ...
Article
Full-text available
O objetivo do presente trabalho é promover uma investigação acerca dos pressupostos culturais e paradigmáticos que sustentam a desumanização e objetificação dos sujeitos para, a partir disso, refletirmos acerca de uma educação libertadora por meio da cultura e de uma postura crítica em relação a ela. Por meio de um recorte de pensamento decolonial e uma pesquisa bibliográfica, procuraremos problematizar o conjunto de crenças e valores que sustentam as relações de dominação, evidenciando neste processo a importância de um projeto histórico/cultural vincular – enquanto contraposição e fonte de inspiração, presente nas comunidades tradicionais. Nesse sentido, procuraremos refletir a respeito da centralidade da cultura, com especial foco na cultura popular, para o exercício de uma educação humanizadora. Ressaltamos que tal educação deve integrar a liberdade no nível individual e social desvinculando suas práticas e conteúdos dos conjuntos de práticas e conteúdos provenientes do padrão colonizador, conectando a educação ao povo e às subjetividades e àquilo que da interação humana pode emergir conectando as liberdades.
... Não podemos mais vendar os olhos para a permanência do epistemicídio e ignorar as produções de outras partes do globo (GROSFOGUEL, 2016). Estamos, no decorrer dos últimos cinco séculos, desperdiçando uma riqueza imensa de experiências cognitivas (SANTOS, 2007). É necessário ir além da Europa e dos EUA e ouvir pesquisadores negros, indígenas e mestiços de outras regiões do planeta, como África, Ásia, Oriente Médio e América Latina. ...
Article
Full-text available
Nas Ciências Humanas, a comparação tem sido muito importante para a investigação científica e amplamente utilizada por fundadores de verdadeiras escolas acadêmicas como Karl Marx e Max Weber. Por consequência, muitos historiadores, cientistas sociais, filósofos e outros a utilizam largamente. Não obstante, vigora nas nossas universidades o eurocentrismo, isto é, o método comparado continua guiado por uma perspectiva colonialista, não contestando seus valores, preconceitos, culturas e seu suposto universalismo. Fato é que muito se tem escrito sobre a relevância da comparação nas pesquisas científicas, mas pouco ou quase nada relacionada com as perspectivas decoloniais e libertárias. Nesse sentido, objetivamos preencher essa lacuna, utilizando como referencial teórico a crítica decolonial e libertária e metodologicamente alguns exemplos de comparação em dois campos específicos: da História e da Ciência Política. Desta maneira, colaboraremos para uma interpretação que combata o racismo epistêmico nas ciências humanas e no método comparado.
Article
Full-text available
Este artigo apresenta uma discussão em torno da tematização das religiões de matrizes africanas e afro-brasileiras, através da presença dos orixás, na narrativa infantil contemporânea negro-brasileira, seguindo a orientação teórica das epistemologias decoloniais, objetivando analisar a importância dessa ancestralidade divinizada na possibilidade de contribuir para o respeito à diversidade religiosa, especificamente a iourubana, tomando como corpus de análise a obra As férias fantásticas de Lili (2018), da escritora negra Lívia Natália. Portanto, intentou-se contribuir com as discussões contemporâneas sobre a tematização, o respeito e a tolerância ancoradas na realidade de serem as religiões de matrizes africanas e afro-brasileiras e suas especificidades pouco tematizadas no universo da literatura infantil.
Article
Full-text available
A pandemia da COVID-19 provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e reconhecida como pandemia pela Organização Mundial da Saúde consiste em uma crise sanitária sem precedentes que emergiu na China e em questão de semanas atingiu nível mundial. Com a chegada do vírus, diversas foram as mudanças ocorridas no mundo, dentre elas, o fechamento dos estabelecimentos de ensino como forma de conter sua propagação. O presente trabalho objetiva analisar de que forma as crianças e adolescentes foram afetadas em sua formação escolar durante o período da pandemia, com especial atenção à maneira não homogênea com que o vírus afeta as pessoas em suas vicissitudes existenciais, de classe, raça e gênero. Boaventura de Sousa Santos discute sobre o pensamento abissal da epistemologia moderna ocidental, em que conduz ao pensamento da predominância e hierarquização de determinados grupos na contemporaneidade frutos de processos discriminatórios. Dentre seus contributos teóricos, encontram-se as teorias da ecologia de saberes e da cruel pedagogia do vírus.
Article
Full-text available
Por meio de revisão integrativa de literatura produzida em pesquisas realizadas em língua portuguesa, referente ao período de 2016a 2020, existente na base de dissertações e teses da CAPES, este artigo objetiva analisar como a população em situação de rua é definida pelos pesquisadores no campo das pesquisas das Ciências Sociais, Humanas e da Saúde, com especial destaque na Antropologia, Ciência Política, Direito, Educação, Psicologia, Saúde Coletiva e Sociologia. A abordagem é quanti-qualitativa, de caráter exploratório e fundamentado na metodologia informacional do NVivo .10.
Article
Resenha do livro de Françoise VERGÈS, Um feminismo decolonial. Trad. de Dias, Jamille Pinheiro; Camargo, Raquel. São Paulo: Editora Ubu, 2020, 144 p.
Article
Full-text available
Partindo do pressuposto de que vivemos certa crise metodológica nas Humanidades – da qual os Estudos da Linguagem fazem parte –, este artigo propõe uma perspectiva de estudos discursivos que tenha como base a concepção de linguagem como forma(s) de vida tal como expressa pelo pensamento do L. Wittgenstein maduro. Concomitantemente, pretendemos reler a perspectiva wittgensteiniana de linguagem sob o olhar de outro perspectivismo: o ameríndio, conforme formulado pelo antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro (2002, 2018). Desse modo, partindo de uma filosofia da linguagem ordinária, faremos uma leitura das formas de vida wittgensteiniana com lentes ameríndias. Como veremos, nossa concepção de linguagem tem como consequência epistemológica a inessencialidade de seus conceitos. Essa fugacidade resvala no próprio ser: o antropófago digere seu inimigo e lhe toma o nome, maior honraria alcançável ao transformar sua corporeidade. Entre os ameríndios, é no corpo que os entes – todos gente – se (des)identificam entre si. O sujeito, como a linguagem, se constitui, necessariamente, na/pela alteridade. Enfim, sujeito e linguagem são entes sempre em devir. As formas de vida são biológicas e culturais – ou melhor: não há essa distinção natureza / cultura. E isso não é um relativismo, mas um perspectivismo linguístico-antropológico.
Article
A perspectiva antropocêntrica da consideração do ser humano como destinatário final dos recursos naturais terrestres legitimou a prática do ecocídio, como consequência da globalização dos riscos, em dissonância com o princípio do desenvolvimento sustentável, que preserva os direitos das futuras gerações ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Nesse sentido, o objetivo geral do artigo é refletir sobre o ecocídio como crime contra a paz, no contexto da solidariedade intergeracional. Por sua vez, o objetivo específico do trabalho é analisar se o ecocídio pode ser julgado pelo Tribunal Internacional, como crime contra a humanidade ou como genocídio, condutas já previstas no Estatuto de Roma de 1998. Optou-se pelo método dedutivo, com a técnica de documentação indireta e procedimento de análise doutrinária, legislativa e jurisprudencial. A relevância do tema se justifica pela necessidade de ressignificação da interpretação do Estatuto de Roma, em prol dos interesses da humanidade. Dessa forma, o artigo esclarecerá se existe a possibilidade de responsabilização criminal internacional do ecocídio, de acordo com a previsão existente no Estatuto de Roma, como crime contra a humanidade ou como genocídio, decorrente do nexo com o genocídio, apresentando os fundamentos para a consideração do ecocídio como crime contra a paz, no âmbito internacional.
Chapter
Several scholars have posited that contemporary societies or economies are knowledge-based. Inspired by these narratives, the African Union adopted the so-called Agenda 2063 intended to transform Africa into a knowledge-based economy by 2063. However, if only conventional western-rooted approaches of knowledge readiness and performance are used, Sub-Saharan Africa (SSA) will unlikely become a knowledge-based economy or society by the defined deadline. SSA is and will likely continue to lag behind because the conventional measures of knowledge readiness tend to reflect (i) inequalities in development between developed and developing regions, (ii) a monolithic western-based view of science or knowledge (iii) and geopolitical inequalities in the world system of knowledge production. In this chapter, I seek to critically question the SSA’s portrait displayed by these conventional approaches. Drawing from Southern perspectives’ epistemic pluralism, I argue that, if all knowledge available in educational realm are recognized, it will be easier to democratize and decolonize African pedagogies.
Article
A soft law é constantemente excluída do debate acerca do sistema normativo internacional por carecer, dentro de uma ótica positivista clássica, dos atributos típicos da norma jurídica, como a juridicidade, a legalidade, a validade, a legitimidade e a obrigatoriedade. O presente artigo busca propor uma reflexão mais ampla destes atributos a fim de indicar em que medida a soft law possa contê-los e seu estudo se justificar dentro do sistema normativo internacional. A metodologia utilizada é a jurídico-dogmática possibilitando uma investigação de caráter descritivo e propositivo. Verificar-se-á que é possível redimensionar na contemporaneidade o entendimento acerca destes atributos quando diante da categoria da soft law a fim de legitimar o seu estudo dentro da formação do direito internacional. Este trabalho é original e se propõe como alternativa ao entendimento binário de que a soft law não é direito na medida em que questiona de modo crítico os atributos da norma jurídica.
Article
Full-text available
A convergência para ações comuns pactuadas em diferentes realidades locais nas quais o Programa Trilhas Potiguares vêm atuando ao longo dos anos, parece ser um desafio e um estímulo para os fazeres da Extensão Universitária, a perspectiva da ecologia de saberes nos convida a mediar a comunicação entre diferentes saberes, transformando-os em ações significativas na/com as comunidades. Nesse sentido, o presente relato de experiência objetiva traçar um diálogo com base ético-teórica na educação popular e na ecologia de saberes, além de sistematizar vivências construídas no Trilhas-2022 no município de Poço Branco/RN. Mediante protagonismo discente, diversas oficinas e atividades foram desenvolvidas, pautadas na partilha de saberes, aprendizagens coletivas e experiências pulsantes in loco, palco da ecologia de saberes.
Article
O artigo se caracteriza como um Recursos Digitais na Educação por meio da perspectiva de Livros Digitais na Educação e com o tema Tecnologias Digitais e Estratégias Didáticas. Desta maneira, o trabalho busca explorar as potencialidades da criação de livros digitais para a atuação com os educandos na sala de aula. Utilizando o App Book Creator para criar livros com as mais variadas temáticas, professores e educandos podem experimentar a categoria de autores de seu saber. Utiliza-se a categoria ator-rede proposta por Bruno Latour como Teoria do Ator-Rede (TAR) para explorar as potencialidades e agências dos professores e educandos enquanto agentes sociais, econômicos, políticos, culturais e educacionais.
Article
Full-text available
O presente artigo analisa a categoria de propriedade ancestral, explorando-se as sentenças dos casos Comunidade Indígena Yakye Axa vs. Paraguai, Comunidade Indígena Sawhoyamaxa vs. Paraguai e Xákmok Kásek vs. Paraguai na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). A partir do aporte dos estudos decoloniais, utilizando-se ideias legadas por Aníbal Quijano, Boaventura de Sousa Santos, Catherine Walsh, Enrique Dussel e Santiago Castro-Gómez, buscou-se problematizar a dinâmica de trabalho das instituições jurídicas paraguaias, que reproduziam camadas do chamado pensamento abissal, bem como confrontar o modelo de interpretação nacionalista com a tendência internacionalista construída pela CIDH. Tal investigação levou a resultados que refletem a necessidade de incorporação no âmbito estatal dos mecanismos plurais de interpretação normativa, bem como da consideração de precedentes em patamar de igualdade com o conteúdo positivado em âmbito de direito interno, elucidando também os desafios ainda existentes para se vislumbrar práticas sociais interculturais no que tange à participação indígena nas decisões referentes às suas demandas. PALAVRAS-CHAVE: Propriedade ancestral; Corte Interamericana de Direitos Humanos; Direitos Indígenas; Paraguai; Decolonialidade
Article
Full-text available
Como as narrativas ideológicas se constituíram no cenário brasileiro partindo dos campos da religião e da mídia para chegar ao campo da política? Como uma sociedade tão plural como a brasileira pode ser polarizada ideologicamente em dois lados equidistantes? Nas duas últimas eleições, as práticas eleitorais foram mais que meras atividades democráticas em que os cidadãos e as cidadãs iam às urnas cumprirem o dever cívico. O Brasil se tornou uma arena numa guerra de narrativas. O ato de votar tornou-se uma luta do bem contra o mal e a perspectiva de quem é o bem e quem é o mau, está em quem olha, pois ambos se autointitulam, do bem. Nenhum dos lados quer ser visto como do mal, ainda que as ações de seus agentes explicitem isso. O objetivo do ensaio é traçar uma linha, ainda que tênue, das narrativas construídas por três entes: a religião, a mídia e a política e como esta última se polarizou em dois lados: esquerda e direita, partindo da hipótese de que a religião se utilizou da mídia para chegar na política. Como metodologia, seguiu-se o método etnográfico de campo virtual, pois recorreu-se, primordialmente, à literatura online.
Article
Full-text available
O estudo tem como objetivos: compreender os impactos da vivência no trabalho na trajetória de vida de pessoas em sofrimento psíquico que participam de empreendimento econômico solidário; identificar possibilidades de enfrentamento do contexto capitalista a partir de uma proposta solidária; e refletir sobre a inclusão no trabalho à luz do referencial teórico da Ecologia de Saberes. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, que faz uso da história oral de vida, apresentando a narrativa de um membro do Recriart (empreendimento econômico solidário do campo da saúde mental), analisada sob a ótica das sociologias das ausências e das emergências e da ecologia de saberes, referencial teórico-filosófico desenvolvido por Boaventura de Sousa Santos. Os resultados apontam para o elevado potencial transformador, emancipatório e de emergência do trabalho fundamentado na economia solidária; o Recriart tem um papel fundamental na vida do narrador, posto que, para além de um espaço de trabalho, significa valorização, pertencimento, exercício da cidadania, ampliação da autonomia, (re)estruturação da rotina e desenvolvimento da afetividade. Concluímos demarcando o grande potencial de emergência do trabalho fundamentado na economia solidária, que permite às pessoas em sofrimento psíquico a vivência de alternativas que cabem no horizonte das possibilidades concretas e de enfrentamento ao capitalismo.
Article
Full-text available
The current study takes experiences accumulated in the research, teaching and extension fields at Vale do Gurguéia Center for Agroecology and Arts - which is linked to the Undergraduate Course in Rural Education of Federal University of Piauí - as basis to reflect about the performance of the aforementioned Center, mainly in its cultural aspect. Its aim is to understand the role played by art in building a cultural agroecological education. In methodological terms, the present study has action-research features and takes into consideration actions carried out by NAGU in two different languages – i.e., the theater and audiovisual language -, for qualitative analysis purposes. The current research, which is inserted in a field of conflict between peasantry and agribusiness, highlights agroecology as element of resistance and popular education, whereas art is considered a constitutive and fundamental element of agroecological culture. Thus, aesthetics is herein depicted as front to be occupied in the construction for a popular educational project focused on the countryside and on its subjects. This project involves learning about collective struggles and the process to elaborate a political culture shared between universities and communities.
Article
Full-text available
As inúmeras transformações ocorridas no Oeste da Bahia, proporcionadas pela introdução de uma agricultura moderna e a formação de dicotomias sociais em parte do espaço agrícola, foi o estímulo inicial que levou ao desenvolvimento deste trabalho. Neste estudo, externa-se a colonização derivada da migração sulista nas décadas de 1970 e 1980 com a construção simbólica do imaginário colonial na contemporaneidade, expondo diversas frentes de mobilidade social e processos migratórios diferenciados, promovendo processos de segregação e preconceito no território. O objetivo principal é o de estabelecer uma discussão pertinente sobre como este imaginário foi construído e como a propaganda do local como espaço de oportunidades foi edificado e registrado na história a partir das fontes diversas, dos relatos em entrevistas, das cartas e documentos oficiais na construção negativa da imagem do nordestino em contraponto ao ideário do pioneirismo nas terras do cerrado.
Article
Full-text available
Este trabalho tem o objetivo de observar a trajetória de uma família Warao, de aproximadamente 38 pessoas que residem em Tinguá (Nova Iguaçu – Município da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro), que vive uma relação complicada com os órgãos públicos de acolhimento. Tem como metodologia revisão bibliográfica, entrevistas e observação participante, afim de perceber, através da ótica decolonial, como esta relação perpassa a noção de construção e manutenção de conhecimento, além de pensar possíveis estratégias para melhor inserção de imigrantes e refugiados na sociedade de acolhida.
Article
Este trabalho é um recorte de uma pesquisa em nível de doutorado já concluída, em que consideramos uma concepção de uma educação intercultural pautada nas ideias de Ubiratan D’Ambrosio em um contexto de ensino de português para haitianos, no CIEJA-Perus, em São Paulo. O foco são os diálogos com a equipe pedagógica estabelecidos na Etapa 2 do estudo, a partir de entrevistas semiestruturadas. Com a pesquisa, pudemos conhecer as relações que se estabelecem entre os sujeitos daquela comunidade escolar, além de identificar três temas que consideramos como fronteiras que atravessam as trajetórias de imigrantes haitianos: racismo, língua, formação e mercado de trabalho. Esperamos que o trabalho contribua para reflexões sobre caminhos e possibilidades para a educação de imigrantes que vivem no Brasil.
Article
Este trabalho discute acerca da categoria formação socioespacial e seus elementos basilares, aplicada ao contexto da Rede de Feiras Agroecológicas Solidárias – REFAS Piemonte. O objetivo é evidenciar o processo de formação do território Piemonte da Diamantina (Bahia, Brasil) e seus rebatimentos na constituição e espacialização das REFAS. Inicialmente é realizada uma breve contextualização da situação geográfica e de sua gênese espacial/territorial, identificando os agentes sociais envolvidos, a produção e comercialização dos alimentos agroecológicos, além das estratégias de organização social coletiva. Assim, engendramos uma teorização conexa às categorias de produção do espaço e redes, (decorrente da orientação), perpassando por uma literatura regional, além de informações empíricas colhidas durante a pesquisas de campo, corroborando para a compreensão dialética dos fenômenos geográficos investigados. Em sua totalidade (local-regional-nacional-mundial), o compreendemos como momentos diferenciados e dinâmicos, conexos e objetivos ligados a insurgência de novas dinâmicas socioespaciais, sobretudo no contexto do território Piemonte da Diamantina. Palavras-chave: formação socioespacial; rede; feiras agroecológicas; território Piemonte da Diamantina.
Article
Full-text available
Este artigo estabelece diálogos entre obras selecionadas do geógrafo brasileiro Milton Santos, do “Patrono da Educação” Paulo Freire, e da intelectual e professora feminista bell hooks para explorar as potências para possíveis novas epistemologias de uma educação libertadora centrada no lugar vivido, em seus respectivos saberes e práticas populares, como premissa da construção de sujeitos históricos autoconscientes na escola. Ao correlacionar as obras desses autores, suas formulações teóricas, reflexões pedagógicas e experiências, buscamos a compreensão da importância do conceito geográfico de lugar nas propostas da educação popular nesta conjuntura de políticas neoliberais na educação brasileira, que favorecem a massificação e impedem a formulação do pensamento crítico.
Article
Full-text available
This article aims to carry out a sociological reflection on women’s participation in the Portuguese unionism under the theoretical reference of the sociology of absences and emergencies. Our research object is the memories of female workers and union women who experienced the process of democratic transition in Portugal. Analyzing the paradoxical condition of work, not only as a space of economic exploitation but also of women’s insurgency, we present the possibilities of the emergence of women in Portuguese unionism and point out the gender inequalities on contemporary union activism. The empirical research was carried out by bibliographic review, documentary research, consultation of testimonials, and interviews. Finally, we present the key findings of applying the theoretical reference of the sociology of absences and emergencies in labor union studies, focusing on women’s activism.
Article
Full-text available
Levando em conta a formação de futuros técnicos em hospedagem no Instituto Federal de Alagoas, Campus Maragogi; a existência da disciplina História Regional na grade curricular do curso; a necessidade de rememoração da identidade alagoana ancestral silenciada e invisibilizada pelos processos opressores da cultura canavieira, este trabalho teve como objetivo sensibilizar os estudantes para a riqueza cultural alagoana a partir da valorização da oralidade e memória dos mestres griôs, inserindo-os em uma abordagem ativa e colaborativa. Teve como metodologia central a pesquisa-ação e, como desdobramentos, a pedagogia griô enquanto perspectiva decolonial; a sala de aula invertida, a abordagem baseada em projetos e a avaliação por pares vinculadas às metodologias ativas; e o Photovoice como ferramenta participativa. Os resultados obtidos apontam que foi ofertado ao alunado uma nova forma de repensar sua própria aprendizagem por meio da pedagogia griô, gerando autonomia e criticidade para os fatos do cotidiano que puderam ser relacionados com os conteúdos de sala de aula.
Article
Full-text available
Este ensaio utiliza a pesquisa pós qualitativa participante como abordagem e a análise crítica do discurso como método para problematizar as relações entre a Educação Profissional e Tecnológica – EPT e o sistema prisional brasileiro, considerando a raça como marcador de diferença e desigualdade. A construção dos dados se deu por meio de deambulações e entrevistas com uma pessoa negra que experienciou o cárcere e a formação profissional. A partir da perspectiva decolonial, busca inspiração na mitologia do povo iorubá, nos orixás e na participação do sujeito da pesquisa deste estudo para questionar o humanismo e o cientificismo que sustentam a lógica colonial. Este ensaio questionou a categoria de ressocialização no sistema prisional brasileiro, defendendo uma EPT que considere a pluralidade dos sujeitos e suas múltiplas dimensões. A pesquisa mostrou que a EPT pode contribuir para a transformação social dos indivíduos privados de liberdade, restituindo seus direitos sociais e levantando suas vidas que foram despersonificadas pela lógica colonial.
Article
Full-text available
O presente artigo resulta de pesquisa de pós-doutorado realizada no Instituto Superior de Ciências da Educação – ISCED de Lubango em Angola. Objetivamos identificar como experiências, memórias, patrimônios e culturas locais são agenciados na produção dos saberes escolares e não escolares a partir da investigação do trabalho em instituições de educação básica em sete municípios da Provincia de Huíla. Para a coleta das informações trabalhamos com documentos diversos, fotografias e entrevistas orais com quinze professore/as. Teoricamente dialogamos com epistemologia decolonial, interculturalidade, História Oral, memória, patrimônio cultural e história local. Neste artigo apresentamos algumas narrativas sobre os estudantes. Dentre alguns autores e autoras trabalhamos com Walter Benjamin, Catherine Walsh, Cynthia Simioni França, Maria Carolina Galzerani, Maria Inês Petrucci da Rosa, Sil Lena Calderaro Oliveira e Vera Candau. O artigo é composto por introdução, aspectos histórico-educacionais angolanos, mônadas: rememorar o todo no fragmento e considerações finais.
Article
Esse trabalho discute a produção de conhecimento sobre pessoas trans no Brasil na academia e internet, a partir da ecologia de saberes, convivência dos saberes sem hierarquização. A ciência tradicional, criticada por destacar grupos socialmente excluídos como objetos de pesquisa, parece ter muito a aprender. A partir do levantamento de produções na base de dados Scielo percebi dois temas de interesse nas pesquisas: saúde, com ênfase no processo de transexualização e normatização de um corpo “padrão”; e a violência, sendo o Brasil um dos países mais perigosos para pessoas trans. Muitos trabalhos incluem transgêneros na sigla LGBTT o que aponta uma generalização dos estudos, sem enfoque específico. A análise na Scielo e CAPES demonstram outras áreas silenciadas, como educação, importante ferramenta para inclusão e desenvolvimento. Através da ascensão de uma produção acadêmica e política, autoras e autores também buscam suprir uma produção de subjetividades em primeira pessoa, afastada de uma construção academicista que rotula, classifica e reforça a violência contra pessoas trans. Exemplos de pesquisadoras com um viés político e de resistência são Jaqueline Gomes de Jesus e Viviane Vergueiro, entre outras. A internet também se configura como um espaço político e de produção de conhecimento, destacando as redes sociais, zona de construção, de compartilhamento de relatos que tocam outras subjetividades, além de articulação de manifestações. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais, com 12 mil curtidas no Facebook, apresenta dados sobre violência contra pessoas trans que não são identificados em sites “oficiais”. Esses dados são criados e divulgados na internet, importante ferramenta política dessa realidade ainda invisibilizada. A partir da ecologia de saberes, podemos destacar que existe um movimento que extrapola a ciência tradicional, o que ratifica a necessidade de construir uma sociedade em que diversos conhecimentos possam dialogar e conviver em busca de visibilizar grupos historicamente excluídos.
Article
Trata-se de relato de experiência sobre o processo de transformação social em curso, iniciado no bairro Alecrim II, na cidade de Eunápolis, extremo sul da Bahia, a partir da iniciativa de uma jovem liderança comunitária em iniciar projetos de cunho educativo e cultural com crianças e adolescentes da região a partir de 2013. Os objetivos do trabalho são evidenciar o papel de agentes locais de transformação para o desenvolvimento comunitário e o uso de metodologia integrativas para a compreensão de um sujeito integral. A abordagem teórica se fundamenta na importância da educação de pares para a mutiplicação de novos saberes, interatividade que abre portas para a construção de novos hábitos, costumes e valores, e também pontuar a relevância do uso das metodologias integrativas entendidas como métodos, norteados pela busca de uma recomposição entre as partes cindidas do ser humano. As atividades educativas e culturais acontecem desde 2013, com o público infanto-juvenil de cinco a quinze anos, tem por foco ações de incentivo à leitura, brincadeiras, espaços de interação e aprendizagem em português e matemática e produções culturais. O projeto foi abraçado pela ONG Gerando Vida que desde 2014 coordena as ações e realiza também outras atividades sociais para o desenvolvimento local.
Article
Full-text available
O texto pensa a documentação narrativa não somente como uma prática narrativa solitária, mas aprofunda a discussão do dispositivo em sua dimensão epistemopolítica radical e repulsiva, ao implantar no contexto de conversas entre pares ou colegas, outras formas de pensar o fazer pedagógico e as políticas de identidade profissional que estruturam a formação docente. Elucidamos a condição epistemopolítica que passa a se configurar através de narrativas de si e da conversação sobre elas como uma hermenêutica coletiva da experiência docente e da concepção pedagógica de educação de maneira plural e dialogada. Com inspiração da pesquisa-formação-ação, da etnografia e (auto)biografia, acreditamos que o dispositivo da documentação narrativa, constituído a partir da reflexão pedagógica, dá outros contornos e outra densidade aos processos formativos dos sujeitos, evidenciando autoria e autonomia dos saberes docentes instituídos pela indagação da experiência.
Article
Full-text available
Visando contribuir com a educação linguística para surdos no Sul Global, a partir de posturas críticas e/ou decoloniais (Anzaldúa,1987; Quijano, 2005; Maldonado-Torres,2020; Santos,2015; Sousa-Santos, 2014), a intencionalidade do presente dossiê foi inspirada em estudos e/ou pesquisas realizadas sob o prisma da Linguística Aplicada Crítica (Pennycook; Makoni, 2019; Penycook, 2019, 2001; Menezes de Sousa, 2019; Kumaravadivelu, 2012; Makoni; Pennycook, 2006; Moita Lopes, 2006; Rajagopalan, 2003), além de outras abordagens teóricas. O objetivo foi problematizar e analisar a crença na concepção de linguagem como uma entidade estática para enfatizar a mobilidade e fluidez entre as línguas, a mescla de identidades e culturas sem o cerco das fronteiras. O comportamento de falantes multilíngues mostra um uso móvel, ilimitado e versátil de mais de uma língua ao mesmo tempo para dar sentido ao mundo ao seu redor. A educação linguística tem assumido muitas formas que continuam a intrigar os/as educadores/as e pesquisadores/as em todo o mundo interpelando o viés monolíngue em salas de aula complexas e multilíngues. Com base em uma perspectiva indisciplinar (Moita Lopes, 2006), acreditamos que nas práticas de salas de aula bi/multilíngues se estabelece um regime meta-discursivo entre falantes dentro e fora da escola. (Garcia, 2009). Através das lentes da criticidade e da decolonialidade, importa o que as pessoas fazem com as suas línguas, em vez de como as línguas são. Nesta edição da Revista Linguagem & Ensino, apresentam-se contribuições de pesquisadores/as do Sul Global, que buscam discutir temas direcionados a uma comunidade que é minoritarizada/marginalizada no Sul Global, a saber - a comunidade surda (Favorito; Silva, 2023). Além disso, problematiza-se o acesso epistêmico e a afirmação de identidades de surdos em em espaços formais e não formais de educação em países do Sul Global. Visa-se apresentar, refletir e discutir estudos desenvolvidos em/fora de sala de aula com o intuito de fomentar e promover iniciativas para ensino-aprendizagem de/para surdos e a valorização das línguas de sinais, em contextos dinâmicos e complexos. São muitos os desafios educacionais, sociais, culturais que instigam nos pesquisadores da área da língua(gem) o desejo de se posicionarem em busca de inovações e de proposições teóricas, metodológicas, didáticas e epistêmicas. Em síntese, esse dossiê é (re)pensado crítica e decolonialmente nesse horizonte, em que a (trans)linguagem se evidencia em suas pluralidades e, por decorrência, realiza-se como espaço de crise e criatividade, como um conjunto de práticas pedagógicas, como discursos, ideologias e políticas potencialmente indisciplinares, transgressoras, híbridas e mestiças (Rocha; Tanzi Neto, 2019; Moita Lopes, 2006), expandindo assim a noção de comunicação para além das palavras e línguas individuais ou nominadas, em favor de processos e práticas de (re)construção de sentidos, ideológica e historicamente situados e ecologicamente constituídos (Canagarajah, 2013, 2017; Rocha; Tanzi Neto, 2019; Ndlovu; Makalela, 2021; Silva; Makalela, 2023). Por fim, esse dossiê se organiza em dois blocos temáticos denominados Translinguagem, decolonialidade e educação bi/multilíngue de surdos e Acesso epistêmico e afirmação de identidades, além de uma seção que apresenta a resenha da obra intitulada Decolonising Multilingualism: recentering silenced voices from the Global South, de autoria de Mércia Regina Santana Flannery.
Article
Full-text available
Celem artykułu jest krytyczna analiza konsekwencji pandemii COVID-19 na globalnym Południu oraz debaty, jaka wyłoniła się wśród peryferyjnych intelektualistów (lub piszących z perspektywy podporządkowanych) wokół (ekonomicznej i dyskursywnej) marginalizacji społeczeństw niezachodnich. Przedmiotem analizy są teksty opublikowane od momentu rozpoczęcia pandemi w 2020 roku, które skonfrontowane zostały z teoretyczną refleksją, jaka wyłoniła się w ostatnich kilkunastu latach. Artykuł przedstawia oddziaływanie strukturalnych uwarunkowań peryferii na przebieg pandemii oraz problemy specyficzne tych społeczności. Debata na temat pandemii wskazuje na rosnące upodmiotowienie wiedzy tworzonej na globalnym Południu i potrzebę dialogu między zachodnią myślą krytyczną i peryferyjną pod kątem bardziej nowatorskich ontologii życia społecznego.
Article
Full-text available
This paper considers two recent pieces of Australian 'anti-terrorism' law - the amendments to the Criminal Code brought about by the Anti-Terrorism Act 2004(Cth), and the National Security Information (Criminal Proceedings) Bill 2004 (Cth). Both laws pose a significant threat to the right to a fair trial, permitting as they do the conviction of individuals without evidence of criminal guilt having to be led against them at trial. The government has failed to address this threat - indeed, the rhetoric used has sought to conceal the matter at stake - and therefore has failed to justify these laws
Article
Full-text available
For over a thousand years, generations of Balinese farmers have gradually transformed the landscape of their island, clearing forests, digging irrigation canals, and terracing hillsides to enable themselves and their descendants to grow irrigated rice. Paralleling the physical system of terraces and irrigation works, the Balinese have also constructed intricate networks of shrines and temples dedicated to agricultural deities. Ecological modeling shows that water temple networks can have macroscopic effects on the topography of the adaptive landscape, and may be representative of a class of complex adaptive systems that have evolved to manage agroecosystems.
Article
Full-text available
Article
Full-text available
  The debate over the Open Method of Co-ordination has reopened discussion of the role of ‘soft law’ in the process of European integration. This paper outlines the debate over the relative value of hard and soft law in EU social policy, explores the operation of non-binding objectives and guidelines in the European Employment Strategy, suggests a number of reasons why ‘soft law’ might be effective in this area, and explores the possibility for productive combination of hard and soft law measures.
Article
Full-text available
This article examines the stereotyping of Islam both by advocates and academics in refugee rights advocacy. The article looks at a particular aspect of this stereotyping, which can be seen as ‘neo-Orientalism’ occurring in the asylum and refugee context, particularly affecting women, and the damage that it does to refugee rights both in and outside the Arab and Muslim world. The article points out the dangers of neo-orientalism in framing refugee law issues, and asks for a more thoughtful and analytical approach by Western refugee advocates and academics on the panoply of Muslim attitudes and Islamic thought affecting applicants for asylum and refugee status in the West.
Article
Antes mesmo da divulgação de um Brasil que reside em Miami/Estados Unidos através da novela “América”, nos arredores de universidades e centros acadêmicos, estudos sobre esta mesma população já estavam sendo realizados através de pesquisadores diversos. O artigo que segue versa justam entre sobre um destes estudos, realizado durante os anos de 2001 a 2004, quando eu, então aluna do doutorado da Unicamp, aventurei-me enquanto “imigrante” pela América. [...]
Book
International law was born from the impulse to 'civilize' late nineteenth-century attitudes towards race and society, argues Martti Koskenniemi in this extensive study of the rise and fall of modern international law. In a work of wide-ranging intellectual scope, now available for the first time in paperback, Koskenniemi traces the emergence of a liberal sensibility relating to international matters in the late nineteenth century, and its subsequent decline after the Second World War. He combines legal analysis, historical and political critique and semi-biographical studies of key figures (including Hans Kelsen, Hersch Lauterpacht, Carl Schmitt and Hans Morgenthau); he also considers the role of crucial institutions (the Institut de droit international, the League of Nations). His discussion of legal and political realism at American law schools ends in a critique of post-1960 'instrumentalism'. This book provides a unique reflection on the possibility of critical international law today.
Book
Haraway’s discussions of how scientists have perceived the sexual nature of female primates opens a new chapter in feminist theory, raising unsettling questions about models of the family and of heterosexuality in primate research.
Book
Cambridge Core - British History after 1450 - Hobbes: Leviathan - edited by Richard Tuck
Book
Albert Memmi's classic work stands as one of the most powerful and psychologically penetrating studies of colonial oppression ever written. Dissecting the minds of both the oppressor and the oppressed, Memmi reveals truths about the colonial situation and struggle that are as relevant today as they were five decades ago. Nobel Laureate Nadine Gordimer's new critical Introduction draws Memmi into the 21st century by reflecting on his achievements and highlighting his omissions. In doing so she opens new avenues of enquiry for scholars and students, and exposes new directions for activists seeking a more just world order in our neo-colonial age. With the fires of war, terrorism and protest burning around the globe, never has Memmi's work been such relevant and necessary reading.
Book
This book argues that the colonial confrontation was central to the formation of international law and, in particular, its founding concept, sovereignty. Traditional histories of the discipline present colonialism and non-European peoples as peripheral concerns. By contrast, Anghie argues that international law has always been animated by the ‘civilizing mission’ - the project of governing non-European peoples, and that the economic exploitation and cultural subordination that resulted were constitutively significant for the discipline. In developing these arguments, the book examines different phases of the colonial encounter, ranging from the sixteenth century to the League of Nations period and the current ‘war on terror’. Anghie provides a new approach to the history of international law, illuminating the enduring imperial character of the discipline and its continuing importance for peoples of the Third World. This book will be of interest to students of international law and relations, history, post-colonial studies and development studies.
Article
First Published in 2003. Routledge is an imprint of Taylor & Francis, an informa company.
Article
A la question «Y a-t-il des universaux culturels?», l'A. repond d'emblee par une reduction a l'absurde: oui, sans quoi la communication entre les cultures serait impossible. Le probleme, et c'est a lui que les analyses linguistiques de l'A. s'attaquent, devient alors de savoir s'il existe des schemes de concepts qui puissent etre partages par toute l'humanite
Article
A much-needed assessment of a changed world, Resource Wars is a compelling look at warfare in an era of rampant globalisation and intense economic competition. The political divisions of the Cold War, Klare asserts, have given way to a global scramble for oil, natural gas, minerals, and water. And as armies throughout the world define resource security as a primary objective, widespread instability is bound to follow, especially in those areas where competition for essential materials overlaps with long-standing territorial and religious disputes .
Article
This article strives to meet two challenges. As a review, it provides a critical discussion of the scholarship concerning undocumented migration, with a special emphasis on ethnographically informed works that foreground significant aspects of the everyday life of undocumented migrants. But another key concern here is to formulate more precisely the theoretical status of migrant "illegality" and deportability in order that further research related to undocumented migration may be conceptualized more rigorously. This review considers the study of migrant "illegality" as an epistemological, methodological, and political problem, in order to then formulate it as a theoretical problem. The article argues that it is insufficient to examine the "illegality" of undocumented migration only in terms of its consequences and that it is necessary also to produce historically informed accounts of the sociopolitical processes of "illegalization" themselves, which can be characterized as the legal production of migrant "illegality.".
Article
The build-up of inter-ethnic trust, partnerships and alliances by minority elites is a remarkable accomplishment, in the face of majoritarian fears of 'the takeover' and 'the hidden agenda' -the popular imagining of an ethnic conspiracy consciously directed by the few against the many. This article examines that inter-ethnic accomplishment and the entrepreneurship of nationally prominent Kalanga elites. Mainly former top civil servants turned entrepreneurs, originally from the north of Botswana, they are now the best-positioned minority elites in the capital in the south. The analysis resolves a linked set of apparent paradoxes. The first is that Kalanga elites merge urban cosmopolitanism with assertions of their ethnic identity, linguistic difference, distinct cultural heritage and ties to their rural homes. The second relates to the boundary-crossing legacies in the postcolonial present from the colonial and pre-colonial past: that Kalanga elites, coming from the borderland of Botswana and Zimbabwe, orient their ethnicity towards the nation and also beyond it, internationally. That super-tribalism and nation building in Botswana march ahead together, like moral comrades-in-arms, is the third paradox. More generally for postcolonial studies, the argument relates changes in ethnicity, inter-ethnicity and entrepreneurship to the transformation of the capable African state, tracing these changes through the administrations of Botswana's three presidents: from the heyday of assimilationist yet highly co-optive policy and One Nation Consensus under the first; through the second president's less co-optive rule, which appeared to foster the autonomy of the bureaucracy but, under a liberalisation policy, reduced the insulation between the civil service and the investment opportunities of business and high finance; and finally, under the current president, to the growing pressures for a shift towards greater pluralism in the postcolonial state.
Article
American Quarterly 57.3 (2005) 973-997 At Abu Ghraib, the normality of the abnormal was placed on spectacu-lar display when photographs of American GIs proudly humiliating and torturing Iraqi detainees suddenly and surprisingly achieved worldwide media coverage. The shock value of the Abu Ghraib photos lies not in their images of torture during wartime or in prison but in the apparent patriotic delight of the torturers, in America "out of place." In them, we are presented with a seemingly unsustainable contradiction: an image of liberators engaged in torture, of a democracy acting sadistically in a totalitarian setting. We are confronted with America decentered publicly and unavoidably, its "imagined community" disrupted by way of a hyper-aggressive patriotism. Simultaneously, we are not surprised at all. Mark Danner identifies the soldiers' actions at Abu Ghraib as "a logical extension of treatment they have seen every day under a military occupation that began harshly and has grown, under the stress of the insurgency, more brutal." Slavoj Žižek insists that "in the photos of the humiliated Iraqi prisoners, what we get is, precisely, an insight into 'American values,'" a "flipside" to public morality, premised in the obscene, where soldiers perceive torture and humiliation as acceptable. In other contexts, some neoconservatives express outrage at the outrage itself: war is war after all and prisons house "dangerous" people. As the story of Abu Ghraib unfolds, the limits of such conflicting discourses are being constructed primarily by and through law. This legal contest centers in many ways upon how various kinds of law will come to view events at the Baghdad prison while under American occupation and which vision of law will be privileged. As is clear from the first wave of legal hearings and courts-martial, the stakes of that contest, much like the conditions of Abu Ghraib, are centered in a vocabulary of punishment, including its correlates: interrogation, accountability, and blame. Culpability is and will be based ultimately upon a legal judgment as to Abu Ghraib's uniqueness or its typicality, its abnormalcy or its normalcy, when, in reality, it is the combined qualities of normal abnormalcy that make Abu Ghraib possible at all. Nowhere is this more apparent than in the penal contexts at home, which mirror the kinds of technologies, techniques, and discourses found at Abu Ghraib. As a site of unseemly conjunctures between various kinds of competing law, Abu Ghraib is an unusually complex instance of American imprisonment. Its gates mark encounters with United States, Islamic, military, criminal, and international human rights law. Its walls mark not simply the contours of sovereignty and the boundaries of the nation/state but, more significantly, their violation as an immense superpower engages in a preemptive strike, invasion, occupation, and torture. Within this configuration of power, transnational exportations of punishment materialize in a variety of manifestations: (1) in the sociopolitical contexts that define the lives of the primary actors caught up in the prison/military-industrial complex and its increasingly global economies; (2) through the international implementation of U.S. penal technologies with unprecedented exclusionary capabilities, epitomized in President Bush's desire to raze Abu Ghraib and build a "state of the art" supermax prison...
Article
This review explores contemporary processes through which immigrants are categorized into shifting racial landscapes in the new Europe. Tracing the racial genealogy of the immigrant through European and Europeanist migration studies, the successive construction of overlapping tropes of the nomad, the laborer, the uprooted victim, the hybrid cosmopolite, and the (Muslim) transmigrant are examined. This history points to the perduring problematization of the immigrant as the object of national integration. If migration studies have effectively tended to racialize migrants into a new savage slot, recent ethnographies of the immigrant experience in Europe point to ways in which immigrant and diasporic groups cross racial frontiers and enact solidarity across class and cultural lines.
Article
The most powerful democracy is detaining hundreds of suspected foot soldiers of the Taliban in a legal black hole at the United States naval base at Guantanamo Bay, where they await trial on capital charges by military tribunals. This episode must be put in context. Democracies must defend themselves. Democracies are entitled to try officers and soldiers of enemy forces for war crimes. But it is a recurring theme in history that in times of war, armed conflict, or perceived national danger, even liberal democracies adopt measures infringing human rights in ways that are wholly disproportionate to the crisis. One tool at hand is detention without charge or trial, that is, executive detention. Ill-conceived rushed legislation is passed granting excessive powers to executive governments which compromise the rights and liberties of individuals beyond the exigencies of the situation. Often the loss of liberty is permanent. Executive branches of government, faced with a perceived emergency, often resort to excessive measures. The litany of grave abuses of power by liberal democratic governments is too long to recount, but in order to understand and to hold governments to account, we do well to take intoaccount the circles of history.
Article
Thousands of individuals have been detained abroad in the context of the “war on terror”, both during the armed conflicts in Afghanistan and in Iraq and as a result of transnational law-enforcement operations. This paper argues that, notwithstanding contrary positions expounded by some States, the protections of international humanitarian law and/or international human rights law remain applicable to these individuals, wherever detained, and examines recent decisions of domestic courts and international bodies which appear to reveal a reassertion of international standards.
Article
This article posits a theoretical framework within which to analyze various aspects of post-September 11 detention policy - including the widespread prisoner abuse that has been documented in the leaks and official releases that began with publication of photos made at Iraq's Abu Ghraib prison. Examined are the actions of civilian executive officials charged with setting policy, of judicial officers who evaluated it, and military personnel who implemented it. Abuse has been attributed to failures of training or planning. The article concentrates on a different failure, the failure of law to keep lawlessness in check. On September 11, law's map was replete with national and international norms and doctrines, enforcement regimes, and compliance mechanisms concerning detention and interrogation. For more than two years thereafter the United States nonetheless maintained spaces within which, it said, executive fiat controlled. Initial judicial hesitancy to intervene was due in part to legal tradition: on account of the prevailing construct of relevant legal disciplines such as conflicts of law and public international law, actors did not see - did not even see a need to see - the myriad laws that ought to have cabined their behavior. The Supreme Court's 2004 detention trilogy signaled a willingness to interpose judicial supervision over policy and practice when appropriate. But that message came too late for persons assigned to hold and interrogate persons labeled "the enemy," under conditions that made abuse possible, even, perhaps, inevitable.
Since September 11, numerous scholars and media commentators have suggested that the United States engage in more "rigorous" interrogation tactics, including the use of torture, when questioning terrorist suspects. For example, Professor Alan Dershowitz, among others, has argued that torture should be permitted in "ticking bomb" situations where there exists the real posssibility of imminent mass casualties. This article joins that debate by addressing the constitutional and policy arguments against the use of torture. Specifically, I consider first whether torture during interrogations would violate either the due process clause or the privilege against self incrimination. I conclude that the Constitution would preclude the use of any statement derived from torture in a criminal prosecution. The mere act of torture, however, might not violate either constitutional provision if the information elicited during interrogation was used solely for investigative purposes. Since the Constitution might not prohibit torture in that context, I next turn to the policy arguments for and against the use of torture in a "ticking bomb" scenario. Here I consider the arguments in favor of torture (the ends justify the means, and torture is an acceptable method of self defense) and the arguments against its use (torture is evil, torture is ineffective and there is no practicial way to limit its use to the "ticking bomb" scenario). After considering all of these arguments, I ultimately conclude that torture should not be permitted in any circumstance.
Article
Bali has figured prominently in debates on the question of whether irrigation centralizes state power. New evidence shows that irrigation is actually organized by networks of “water temples” that constitute an institutional system separate from the state. Earlier attempts to identify a discrete system of irrigation management misconceived the problem. For most crops, irrigation simply provides water for the plant's roots. But in a Balinese rice terrace, water is used to construct a complex, pulsed artificial ecosystem. Water temples manipulate the states of the system, at ascending levels in regional hierarchies. The permanence of water temple networks contrasts sharply with the instability of the traditional Balinese states. Since the water temples are real, perhaps it is the Balinese “state” that is chimerical.
Article
This article analyzes some of the most salient features of the state and the legal system in Mozambique. I propose the concept of the heterogeneous state to highlight the breakdown of the modern equation between the unity of the state, on the one hand, and the unity of its legal and administrative operation, on the other. The centrality of legal pluralism is analyzed in light of an empirical research focused on community courts and traditional authorities. I use the concept of legal hybridization with the purpose of showing the porosity of the boundaries of the different legal orders and cultures in Mozambique and the deep cross-fertilizations or cross-contaminations among them. Special attention is given to the multicultural plurality resulting from the interaction between modern law and traditional law, the latter conceived here as an alternative modernity.
Article
Since the mid-1970s, gated housing areas of the privileged have been spreading in Latin American cities. They have to be seen as a visible consequence of the deepening social disparities within Latin American societies and the resulting fragmentation of urban space. Condomínios fechados (Brazil) or barrios cerrados (Argentina) can be typified following different criteria, such as formation, location, size, fittings, construction typology, as well as social structure. Three groups of actors influence the process of their expansion: the real estate companies, for which the new form of living offers an attractive market segment, the target groups, whose increasing expectations regarding security and living comfort need to be met, and the public authorities, who have to find adequate responses concerning the further orientation of urban development. Based on case studies from Brazil, the paper will discuss the different phases of gated community expansion and the reasons why this is happening. Their internal structure and differentiation, as well as consequences for socio-spatial development and urban planning will also be dealt with. KeywordsAlphaville–Brazil–condomínios fechados–São Paulo–urban fragmentation
Article
Winner of the Modern Language Association's Katherine Singer Kovacs Prize. The Darker Side of the Renaissance weaves together literature, semiotics, history, historiography, cartography, geography, and cultural theory to examine the role of language in the colonization of the New World. Walter D. Mignolo locates the privileging of European forms of literacy at the heart of New World colonization. He examines how alphabetic writing is linked with the exercise of power, what role "the book" has played in colonial relations, and the many connections between writing, social organization, and political control. It has long been acknowledged that Amerindians were at a disadvantage in facing European invaders because native cultures did not employ the same kind of texts (hence "knowledge") that were validated by the Europeans. Yet no study until this one has so thoroughly analyzed either the process or the implications of conquest and destruction through sign systems. Starting with the contrasts between Amerindian and European writing systems, Mignolo moves through such topics as the development of Spanish grammar, the different understandings of the book as object and text, principles of genre in history-writing, and an analysis of linguistic descriptions and mapping techniques in relation to the construction of territoriality and understandings of cultural space. The Darker Side of the Renaissance will significantly challenge commonplace understandings of New World history. More importantly, it will continue to stimulate and provide models for new colonial and post-colonial scholarship. ". . . a contribution to Renaissance studies of the first order. The field will have to reckon with it for years to come, for it will unquestionably become the point of departure for discussion not only on the foundations and achievements of the Renaissance but also on the effects and influences on colonized cultures." -- Journal of Hispanic/ Latino Theology Walter D. Mignolo is Professor in the Department of Romance Studies and the Program in Literature, Duke University.
Article
Public Culture 12.3 (2000) 679-702 Modernity, globalization, and cosmopolitanism are concepts whose meanings and projects (as manifest in social science literature, as well as in everyday and journalistic communication), largely overlap and coincide at the level of procedures and operational modes. African discussions of these concepts tend to privilege unilateral assimilation of the civilizing mission of colonialism and the modernization necessarily defined by the West. For some time, the latter has been supplemented by Islamic modernity, which is both modern and cosmopolitan. And while Islamic fundamentalist movements have attacked, sometimes in a violent manner, these local and unique forms of Muslim appropriation, postcolonial subjects continue to pursue their ambivalent and ambiguous projects of constructing autonomous or subordinate identities while also struggling to reconcile native temporalities and forms of spirituality with the temporality of the world at large. There are clearly disappointing outcomes produced by the paradigm that opposes the traditional character of African forms of spirituality to the modernity of world time (le temps du monde), whether it celebrates resistance to assimilation or condemns the alienation in which the latter results. The issue that continues to defy analysis is how to elaborate a single explanation of both the process of globalization and the multiplicity of individual temporalities and local rationalities that are inserted into it. Can we fully account for the overlapping of local systems of mercantile, cultural, and religious values with the capitalist system --which is Western and universal, at least in its claims and practices -- by reference to the concepts of hybridization, postcoloniality, and cosmopolitanism? By contrast, there is the crucial question raised by Arjun Appadurai's work: How can something local be produced within a process of globalization so solidly committed to the celebration of cosmopolitanism? Is it a matter of appropriating this process by "annexing" it? or, rather, of exploiting this process to lend new strength to local idioms, so as to impose on the global scene the original version in place of its translation and adaptation? The complexity of these situations is the source of Stuart Hall's bafflement when confronted by "the discourse of globalization" and the "discourses of hyper-globalization." He explains that in these discourses, "everything is transformed; everything is an outcast in the same way by the global processes. There isn't any local that isn't written through and through by the global. That just doesn't seem to me to be true. It doesn't ring true; I think it's a myth." Reviewing some of the questions that have been raised regarding globalization, Hall emphasizes "the intensification of the commitment to the local." This essay examines and tests two issues raised by Hall. The first issue is the role of capitalist modernity in the process of globalization, and I focus on the possibility of the emergence of modernities that are not, properly speaking, capitalist but are, at the most, non-Western versions or modalities of dealing with acquisition of wealth. The second issue concerns what Hall calls "vernacular modernity," which is, as we interpret it here, the totality of the possibilities and powers of making transactions implemented through both the geography of globalization (the world as a space in which people are able to trade) and the discourses and practices of globalization (the actual operations to make ends meet -- that is, to accumulate wealth). I am concerned here with the various forms and expressions of incorporation and inscription into the process of globalization on the basis of a significant locality. From this point of view, we must inquire into the modes on the basis of which native modernity relies on, confronts, and/or compromises with global modernity and with cosmopolitanism, the latter considered an instrument and a modality of the incorporation of the local into the global. The "locality" in question here is that of the Murid brotherhood, a Senegalese religious group founded in the nineteenth century by a Senegalese marabout named Amadou Bamba Mbacké. The literature on this brotherhood is more extensive than that on other Senegalese brotherhoods and Islamic movements in black Africa...
Article
International debate about the problems of defining terrorism historically centred on the General Assembly. Yet, between 1985 and 2001, the Security Council adopted a range of measures addressing terrorist threats to peace and security, and analysis of the incidents involved reveals much about the Council's understanding of "terrorism". After September 2001, problems of definition became acute, since the Council adopted general legislative measures against terrorism--with serious legal consequences--without defining it. The Council has encouraged States to unilaterally define terrorism in national law, permitting wide and divergent definitions. A non-binding Council definition of late 2004 fails to remedy the serious difficulties caused by the lack of an operative definition in Council practice.
Article
An effort is made to reveal the multiple functions of early nineteenth-century geographic expeditions into the interior of lowland South America, with an emphasis on the subtle and pervasive ways that “scientific” knowledge (natural historical, gregraphic, ethnographic) was consistently entangled with colonial reconnaissance and administration. The work of Robert H. Schomburgk and William Hilhouse in British Guiana receives close scrutiny. Particular efforts are made to show the ways that their hybrid expeditions—hybrid in the composition of the exploring party itself, as well as hybrid in purpose—shaped European conceptions of the Amerindians of the region, and were in turn shaped by their presence. Also considered: the impact of abolition on conceptions of Amerindian character.
Article
Although the United States and Canada have had quite different constitutional frameworks, their uses of emergency powers through most of the nineteenth and twentieth centuries were very similar. In the nineteenth century, national troops were used to put down local rebellions in both countries, often at the request of local governors. With World War I, however, both moved to a statute-based system of regulating emergencies. In Canada, the War Powers Act provided broad delegations of power from the parliament to the executive. In the U.S., delegations were also broad, but accomplished through a series of smaller statutes. These frameworks lasted until abuses of emergency powers were exposed in both countries in the 1970s. And there the parallel history ended. Canada adopted a comprehensive constitutional revision that brought all emergency powers within constitutional understandings. The U.S., on the other hand, continued its use of statutory patches to regulate the relationship between the executive and legislature in times of crisis. As a result, the reactions of the two countries to the events of 9/11 were quite different. Canada responded with a moderate use of exceptional powers, while the US plunged into more extreme uses of emergency powers.
Article
Do women do science differently? This is a history of women in science and a frank assessment of the role of gender in shaping scientific knowledge. Science is both a profession and a body of knowledge, and Londa Schiebinger looks at how women have fared and performed in both instances. Shoe first considers the lives of women scientists, past and present. Schiebinger debunks the myth that women scientists - because they are women - are somehow more holistic and integrative and create more cooperative scientific communities. However, have feminist perspectives brought any positive change to scientific knowledge? Schiebinger provides a nuanced gender analysis of the physical sciences, medicine, archaeology, evolutionary biology, primatology, and developmental biology. She also shows that feminist scientists have developed new theories, asked new questions, and opened new fields in many of these areas.