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Redes Arawa. Ensaios de etnologia do Médio Purus

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A Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé atua em três territórios: na TI Rio Omerê, região etnoambiental onde vivem as Akuntsú e os Kanoé do Omerê, povos de recente contato; na TI Massaco, área de indígenas em situação de isolamento; e no território do indígena do Tanaru. A atuação da Frente garante a proteção e a autonomia desses indígenas e a preservação de sua integridade no mais amplo sentido. Para as Akuntsú e para os Kanoé, a intervenção foi vital para a salvaguarda de suas vidas, tendo em vista que no final da década de 1970 a expansão econômica adentrou, sistematicamente, nos seus territórios tradicionais. Para os isolados das TIs Massaco e Tanaru, a não intervenção por meio do contato, descortinou-se bem-sucedida e, desde 1990 (Amorim 2016), há a garantia de seus direitos, preservando a decisão dessas parcialidades humanas em se manterem em situação de autonomia frente à sociedade nacional. Dessa forma, o presente artigo busca um exercício analítico de compreender as três realidades em perspectiva, refletindo sobre questões contextuais em um horizonte histórico, linguístico e indigenista. Compreendemos que, nesses contextos, os povos de recente contato e os indígenas em situação de isolamento refletem processos históricos de resistências no médio e baixo rio Guaporé.
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In light of the recent ethnographic production on the indigenous Arawá peoples and the research in historical ecology dedicated to the lands of the Juruá-Purus interfluve, this article proposes a reflection on plant poisons, hunting and fishing, based on the sociality, shamanism and body-making practices of the indigenous peoples of this region. We start from the self-poisoning of the Suruwaha to consider it as a starting point for the analysis of the language of the physiology of Arawá affections that expresses the ambivalence or categorical instability of certain plants. Our hypothesis is that the use and importance of plants in the Arawá context is inseparable from their anti-alimentary value, i.e., their food and practical aspects do not obliterate their shamanic potential as poisons. In the first part of the text, we present a reflection on Casimirella ampla, a tuberous plant, which offers a productive perspective on the use of cassava in this region and will serve as an analytical model to test the hypothesis on the practical and categorical ambivalence of certain plants. In the second part, we develop our argument by highlighting the anti-alimentary potential of these plants, in favor of an alternative conceptual image of Arawá sociability in which poisons are featured as body transforming substances.
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Em 1987, o governo brasileiro oficializou a política do "não contato", destinada aos povos indígenas isolados, com a intenção de garantir o direito originário aos seus territórios e ao princípio da autodeterminação, ou seja, o direito político de recusar o contato. Essa política, cuja responsabilidade cabe à Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato, tem como objetivo central produzir informações acerca da localização, territorialidade e modo de vida de tais povos, investigados a partir dos vestígios materiais identificados em seus territórios. Nesse contexto, a análise da cultura material dos povos isolados, que consiste em artefatos, ecofatos e marcas de sua interação na e com as matas, pode ser vista, segundo nossa proposta, como uma prática arqueológica. Assim, buscamos aprimorar métodos e técnicas empregados no trabalho indigenista e arqueológico, de maneira complementar e transversal, visando a ampliar a compreensão acerca desses povos, de modo a configurar uma arqueologia do não-contato. Essa abordagem também objetiva contribuir para a proteção dos territórios ameaçados da Amazônia, muitos dos quais habitados por populações em isolamento, e tem potencial para acrescentar uma nova camada estratigráfica à história de longa duração dos povos indígenas.
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La zona interfluvial situada entre las cuencas de los ríos Purús y Juruá, en la Amazonia occidental brasileña, se ha caracterizado por la baja densidad de investigaciones históricas, arqueológicas y lingüísticas. En ella se concentra un circuito de pueblos indígenas que integran la familia lingüística Arawá y que, durante los últimos 15 años, han constituido el centro de atención de nuevas etnografías. Este artículo desarrolla un cruzamiento entre los análisis de investigaciones antropológicas recientes en esta región y los resultados del trabajo etnográfico de campo junto a dos grupos del conjunto Arawá: los Banawá y los Suruwaha, con foco especial en los procesos de constitución de colectivos. Sus formas de socialidad manifiestan una especie de inconformidad con las fronteras étnicas, con movimientos de resistencia a morfologías sociales o delimitaciones sociológicas estables. Los Arawá desarrollan un cromatismo en sus relaciones que nos conduce a reconocer en ellos una antisociología de las relaciones-entre-si más que un conjunto de grupos étnicos sólidamente constituidos.
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