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Questão Agrária e Assentamentos Rurais no Estado de São Paulo: o caso da Região Administrativa de Ribeirão Preto

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This thesis analyzes the structural conditions and the cyclical components of the brazilian agrarian issues, in the state of São Paulo, and around Ribeirão Preto region. It also approaches, in this work, one of the central elements of the national inequality, namely: the high concentration of land ownership structure and its more general social-economic repercussions. The path traversed, in this analysis, comes from the recovery of the historial patterns of the inequality of access to rural property to the more recent actions, present in the struggle for land in this region. the central points faced here goes, beyond finding the secular national land concentration, to upgrades of debate on the agrarian matters in São Paulo, most industrialized state, and with the most diversified agriculture of the country. The issue of study, brought in this thesis, becomes important when it shows an alternative to the conservative thinking, in which the agribusiness becomes the solution of agricultural problems and land in the country. The ultimate objective is to qualify the agrarian matter in Ribeirão Preto, where the agribusiness is historically consolidated, from the investigation of five rural settlements, demonstrating that besides not being surpessed, the agrarian reform can still be a valid public policy for the improvement of living conditions of workers and deal with poverty.
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... In Brazil, the exploitation of land and nature has been shaped by a process of reaffirming the plantation. If formerly, the dynamic focus of the country's economy was the production of monocultures on vast expanses of land with slave labor and production destined almost exclusively for the international market, currently we are witnessing commodity production with the prominent exploitation of land, natural resources and workers, characteristics that are inseparable from agribusiness in Brazil (Carvalho;Molina;Cunha, 2021). ...
... The expansion of sugarcane to the Ribeirão Preto region was supported by (Carvalho, 2011). ...
... The creation of the da Barra SDP, in 2004, was a milestone for Brazilian agrarian reform, since its expropriation was the first in the entire country due to non-compliance with the social function of rural property in relation to the appropriate use of available natural resources and preserving the environment. for the production of sugarcane, with no control or mechanism to mitigate the damage caused to the environment (Carvalho, 2011). The regularization of the settlement was established with the institutional commitment to develop an ecologically sustainable production of healthy food items, based on agroecological principles, on land that was suffering from the gradual loss of its biodiversity and ecological dynamism. ...
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This research has investigated the productive dynamics of the sugarcane agribusiness and its effects on the social reproduction of peasant groups in the administrative region of Ribeirão Preto, in the interior of São Paulo, an important territory hegemonized by sugarcane, which has been the stage of several agrarian conflicts in the state. To pursue this, semi-structured interviews were conducted with representative agents for the topic at hand, as well as field visits and analysis of secondary data. Using a historical-dialectical paradigm, the aim of this article is to demonstrate that in the region in question, an intensive, predatory neoextractivist activity is located, led by the sugarcane sector which, in its production logic, disrupts and hinders peasant production and social reproduction. The conclusions indicate that, even outside frontier zones, there have been severe impacts on local peasant groups, resulting in dispossession, land concentration, and conflicts of various kinds.
... A criação do PDS da Barra, em 2004, foi um marco para a reforma agrária brasileira, uma vez que a sua desapropriação foi a primeira em todo o país que se deu pelo não-cumprimento da função social da propriedade rural no que se refere à utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente. A fazenda se localiza em uma área de recarga do aquífero Guarani, antes destinada à produção de cana-de-açúcar, sem nenhum controle ou mecanismo de mitigação dos danos causados ao ambiente (Carvalho, 2011). A regularização do assentamento se firmou com o compromisso institucional de desenvolver uma produção ecologicamente sustentável de alimentos saudáveis, pautada em princípios agroecológicos, em uma terra que sofria com a paulatina perda de sua biodiversidade e dinamismo ecológico. ...
... Do mesmo modo, o PDS Sepé Tiaraju foi estabelecido na área de uma antiga fazenda de cana-de-açúcar, de propriedade da Usina Nova União (hoje desativada), que havia sido desapropriada pelo governo de São Paulo por conta de dívidas trabalhistas e outros passivos fiscais (Carvalho, 2011). Com isso, teve-se a materialização de um modelo diferente de ocupação da terra e desenvolvimento rural, que assume para si o papel de mitigar os efeitos climáticos e ambientais da atividade canavieira, inserindo de maneira contundente a questão ambiental no panorama dos conflitos agrários. ...
... Segundo Carvalho (2011), o modelo agrícola herdado da revolução verde domina as formas de produção dos assentamentos estaduais, com pouco (ainda que crescente) espaço para alternativas agroecológicas. ...
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Esta pesquisa investigou a dinâmica produtiva do agronegócio canavieiro e seus efeitos na reprodução social de grupos camponeses na Região Administrativa de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo, importante território hegemonizado pela cana-de-açúcar e palco de diversos conflitos agrários do estado. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com agentes representativos para o tema em questão, além de visitas de campo e análise de dados secundários. A partir de um paradigma histórico-dialético, o objetivo deste artigo é demonstrar que, na região em questão, se localiza uma intensiva e predatória atividade neoextrativista protagonizada pelo setor sucroenergético que, em sua lógica de produção, desorganiza e dificulta a produção e reprodução social camponesa. As conclusões indicam que, ainda que fora de zonas de fronteira, há severos impactos sobre grupos camponeses locais, resultando em despossessões, concentração fundiária e conflitos de diversas ordens.
... Afirma Carvalho (2011) que o desenvolvimento subsequente da agricultura paulista confirmou tanto a consolidação das grandes cadeias produtivas com intenso aporte tecnológico e inter-relacionadas com o agronegócio internacional, notoriamente aquelas relacionadas à cultura da cana-de-açúcar, da laranja e da pecuária de corte e derivados, como também a presença de inúmeras cadeias produtivas especializadas de pequeno porte que, apesar da diminuta participação na renda agropecuária total do estado, possuem destaque local. No entanto, a despeito desta considerável diversidade e especificidade regional dos tipos de exploração agrícola presentes atualmente em São Paulo, não somente houve um agravamento no quadro de elevada concentração de terras no estado entre 1995 e 2006, mas também "[...] não resta dúvida de que os ganhos de produtividade ficaram ao largo da melhoria das condições de vida dos trabalhadores do campo, o que por sua vez, corroborou de modo estrutural para o aumento dos conflitos no campo e na luta pela terra" (CARVALHO, 2011, p. 76). ...
... Diferentemente do contexto nordestino, onde o trabalho realizado por ativistas do Partido Comunista a partir de 1945 promoveu com maior efetividade a mobilização e organização civil dos trabalhadores rurais, culminando na formação das Ligas Camponesas enquanto alternativa política aos sindicatos rurais controlados pelos grandes proprietários fundiários (MONTENEGRO, 2003), os movimentos de luta pela terra no estado de São Paulo não se constituíram de forma organizada até o início da década de 1980 4 . A despeito da atuação política do mesmo Partido Comunista nas décadas anteriores em prol da regulamentação das leis trabalhistas e da reforma agrária, os conflitos e ocupações de terras ocorreram em caráter pontual e em áreas isoladas do estado (FERRANTE et al., 2012;CARVALHO, 2011). ...
... RetRatos de assentamentos   Rompendo a "terceira cerca": a judicialização da questão... comum" (DATALUTA, 2020, p. 06). Tal reposição reforça, em nossa compreensão, o argumento de Carvalho (2011), segundo o qual "[...] a luta pela terra no estado mais rico do país demonstra o quão complexo e contraditório é o processo de desenvolvimento das forças capitalistas na agricultura brasileira e paulista" (p. 63), tendo "[...] importantes implicações que transcendem o espaço rural, estabelecendo outras interfaces com o desenvolvimento nacional dada suas conexões com questões regionais e urbanas de cunho demográfico e social" (p. ...
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Neste artigo problematizamos a situação de criminalização de que é vitima a população camponesa envolvida na luta pela reforma agrária no Brasil. Por meio de revisão bibliográfica específica à questão agrária brasileira e da análise fenomenológica dos registros de campo coletados no processo investigativo junto aos/as agricultores/as assentados/as no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Santa Helena, localizado no município de São Carlos/SP, defendemos que as experiências de vida individuais e coletivas engendradas pelas ações dos movimentos de luta pela terra são marcadas pelos conflitos de classes e raciais expressos nas reações de violência e criminalização sofridas por trabalhadores/as sem-terra.
... A prática social da luta pela terra constituiu-se historicamente no Brasil a partir da conformação secular de uma questão agrária própria a nossa formação social, definida pelo conjunto de ações e relações sociais estabelecidas no meio rural a partir do processo de expropriação, produção e reprodução capitalista, o qual instituiu, de forma geral e particular, o fenômeno da luta pela reforma agrária no país (Carvalho, 2011). Manifestando de modo mais intenso as tensões existentes entre a lógica rentista do capital agrário e as formas de apossamento que possibilitam a reprodução social camponesa, a reprodução ampliada do capital na agricultura brasileira requereu não apenas a alienação do trabalho humano sob a forma de mais-valia, mas também a apropriação da terra enquanto fator fundamental de produção (Graziano da Silva, 1980;Martins, 1981). ...
... Por sua vez, as políticas públicas voltadas aos camponeses assentados não asseguram sua reprodução como agricultor, caracterizando-se pela insuficiência e descontinuidade dos repasses financeiros públicos realizados, pelo baixo grau de articulação entre as políticas de suporte, e por contingências de implementação oriundas dos distintos arranjos normativos operados e do alto grau de descentralização dos níveis de decisão. Assim, podemos inferir um importante grau de vulnerabilidade na condição camponesa experienciada nos assentamentos rurais, ainda que a possibilidade de acesso à terra de trabalho enseje novas perspectivas de reprodução social e garanta minimante as condições de subsistência das famílias assentadas (Tafuri;Carvalho;. ...
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A prática social da luta pela terra em assentamentos rurais: uma perspectiva geracional ResumoA luta pela terra constituiu-se historicamente enquanto prática social de resistência camponesa frente ao processo de expropriação, produção e reprodução social capitalista no meio rural brasileiro. Deste modo, movimentos e sujeitos sem-terra continuam assumindo o protagonismo da luta política exercida contra a concentração fundiária, a degradação ambiental e a precarização das relações de trabalho nos territórios rurais. Considerando tal conjuntura, o presente artigo tem por objetivo discutir o fenômeno da prática social da luta pela terra em sua dimensão geracional, com foco analítico nos assentamentos rurais paulistas. O estudo foi elaborado por meio de revisão bibliográfica de literatura acadêmica especializada. Como resultado, argumentamos pela existência de uma ruptura geracional entre a primeira e segunda geração camponesa assentada, no que se refere aos modos de problematização, identificação, significação e formulação de projetos de vida ligados ao meio rural.Palavras-chave: Reprodução Social Camponesa. Assentamentos Rurais. Sucessão Geracional. The social practice of land struggle in rural settlements: a generational perspective AbstractThe struggle for land has historically constituted as a social practice of peasant resistance against the process of expropriation, production, and capitalist social reproduction in the Brazilian rural environment. Thus, landless movements and individuals continue to take on the role of political struggle against land concentration, environmental degradation, and the precarization of labor relations in rural territories. Considering this context, the present article aims to discuss the phenomenon of the social practice of the fight for land in its generational dimension, with analytical focus on rural settlements in São Paulo. The study was conducted through a literature review of specialized academic literature. As a result, we argue for the existence of a generational rupture between the first and second generations of settled peasants, concerning modes of problematization, identification, significance, and formulation of life projects linked to the rural environment.Keywords: Peasant Social Reproduction. Rural Settlements. Generational Succession. La práctica social de la lucha por la tierra en los asentamientos rurales: una perspectiva generacional ResumenLa lucha por la tierra se ha constituido históricamente como una práctica social de resistencia campesina frente al proceso de expropiación, producción y reproducción social capitalista en el medio rural brasileño. Así, los movimientos y sujetos sin tierra continúan asumiendo el protagonismo de la lucha política ejercida contra la concentración de tierras, la degradación ambiental y la precarización de las relaciones laborales en los territorios rurales. Considerando este contexto, el presente artículo tiene como objetivo discutir el fenómeno de la práctica social de la lucha por la tierra en su dimensión generacional, con enfoque analítico en los asentamientos rurales paulistas. El estudio se realizó mediante una revisión bibliográfica de literatura académica especializada. Como resultado, argumentamos la existencia de una ruptura generacional entre la primera y segunda generación campesina asentada, en lo que se refiere a los modos de problematización, identificación, significación y formulación de proyectos de vida vinculados al medio rural.Palabras clave: Reproducción Social Campesina. Asentamientos Rurales. Sucesión Generacional.
... No que se refere às experiências estaduais de redistribuição fundiária, em que pese o aumento mais recente de famílias camponesas interessadas na implantação de sistemas produtivos mais sustentáveis, incluindo algumas com produção e manejo agroecológico, a agricultura convencional é generalizada nos assentamentos sob responsabilidade do ITESP. Segundo Carvalho (2011), o modelo agrícola herdado da revolução verde domina as formas de produção dos assentamentos estaduais, com pouco (mas crescente) espaço para alternativas agroecológicas. ...
... notadamente, com o apoio do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), ainda na décadade 1970, no bojo das políticas do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), favorecendo a consolidação de uma modernização agrícola da região por meio da complexificação das relações capitalistas a montante e a jusante do setor sucroenergético.A partir da década de 1980, por meio do Programa de Expansão da Canavicultura para a Produção de Combustível do Estado de São Paulo (Procana), que tinha como objetivo aumentar a produção fora das regiões de Piracicaba, Araraquara e Ribeirão Preto, houve, em contraponto, um estímulo à instalação de usinas para a produção de álcool na região(CARVALHO, 2011).A década de 1990, marcada pela intensificação do processo de globalização e de reestruturação no contexto do ajuste estrutural neoliberal impôs uma abertura comercial que fragilizou a produção interna de gêneros ligados à agricultura de base familiar e camponesa e, por outro lado, favoreceu o agronegócio produtor de commodities, sustentado no tripé caracterizado pelo latifúndio monocultor para exportação e, nesta dinâmica, hegemonizando a cana-de-açúcar como principal produto agrícola no estado de São Paulo em termos gerais e o mais importante na RA de Ribeirão Preto, fato que se reitera nas últimas duas décadas.Gráfico 1 -Área plantada com cana-de-açúcar (em ha) na Região Administrativa deRibeirão Preto e no estado de São Paulo, 2000-2020 À primeira vista pode parecer estranha a diferença da baixa taxa de crescimento da área plantada de cana na região de Ribeirão Preto se comparada com o estado de São Paulo, contudo, cabe ressaltar que essa cultura, no início dos anos 2000 já era a que ocupava a maioria de sua área agricultável, mantendo-se estável na casa dos 1.300.000 ha, desde 2009, como se pode observar nos dados da Pesquisa de Produção Agrícola Municipal, congregados no gráfico acima. ...
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Ethanol is a biofuel that has been emphasized in the energetic matrix global debate, given the inability to maintain the industrial model based on fossil fuel, notably petroleum-based ones. However, recently in Brazil, facing the expansion of sugarcane plantations, important debates are being held about its environmental damages, an about forms of labor exploitation as well. That being said, the current work aims to analyze the social impacts of sugar-energy activities to rural settlements located in territories of conflict, as Ribeirão Preto county, north of São Paulo state, a zone dominated by agribusiness. Thus, our intent was to analyze the advance of sugarcane cultivation over the mentioned territory and the impacts of sugar-energy agroindustry over peasant communities that there are, highlighting the very social actors that both live and work in rural zones. Methodologically, in addition to interviews with representative agents, peasants, e researchers on the subject, we have also utilized documentation analyzes and secondary data of agricultural censuses and other researches, as well as field visits. Starting from a critical approach, through historical-dialectical materialism, we sought to identify the conflicts that permeate social relations of production in the researched territory and that indicate – anticipating our conclusions – that the imposition of an excluding and spoiling model of rural development witch, through institutional changes that impacts land use and occupation, is affecting agricultural production in rural settlements located in the study area. In some of them, sugarcane planting has increased, through partnerships with sugar-energy industries, configuring relationships close to renting that tend to weaken peasant autonomy of the settled families involved. On the other hand, in opposition to this process, other settlements are strengthening agroecology in counterpoint to the predominant agribusiness model. All these elements, in turn, have given meaning to the complexity of the agrarian matter in the studied area.
Conference Paper
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O objetivo deste artigo é analisar as condições e perspectivas históricas de reprodução social dos camponeses assentados em territórios hegemonizados pelo setor sucroenergético, na interface que estabelecem com a questão ambiental e com as formas de inserção camponesa nos mercados. Com base na apreciação de dados empíricos, mediada por abordagem qualitativa orientada por uma perspectiva empírico-indutiva, foi possível constatar que o desenvolvimento do setor sucroenergético paulista tem afetado diretamente as condições de vida e manejo produtivo neste rural reocupado, visto que aos camponeses assentados são destinadas terras ambientalmente degradadas, com baixa fertilidade e em desequilíbrio ecológico. Nesse sentido, tem limitado a consecução da produção agroecológica de alimentos nos assentamentos, afetando diretamente as possibilidades de integração camponesa aos mercados agroalimentares públicos e privados e, por conseguinte, sua capacidade de geração de renda por meio do trabalho familiar.
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Na década de 1990, em decorrência da pressão política exercida pelos movimentos sociais atuantes no meio rural, o estado brasileiro passou a formular e executar políticas públicas com objetivo de atender os camponeses marginalizados pelo processo de modernização conservadora da agricultura nacional. Destarte, propomos neste artigo analisar as condições atuais de acesso de camponeses assentados na região centro-leste do Estado de São Paulo às políticas federais voltadas para agricultura familiar, na relação que estabelecem com as estratégias de reprodução social camponesa. Com base na apreciação de dados empíricos, através de metodologia de análise de políticas públicas, foi possível constatar a insuficiência e descontinuidade dos repasses financeiros realizados aos programas públicos federais voltados à agricultura familiar, o baixo grau de articulação com outras políticas relacionadas e a existência de contingências de implementação relacionadas ao seu alto grau de descentralização e à existência de níveis distintos e distantes de decisão.
Conference Paper
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Food and Nutrition Security is a basic human right that consists of regular and permanent access to quality food, but the food insecurity (FI) scenario has intensified in recent years in Brazil and has been aggravated during the COVID-19 Pandemic. The difficulty of access and availability of food becomes more serious in rural areas where there are the highest rates of poverty and FI due to the lack of access to land and other goods necessary for production aimed at self-consumption. This research project focuses on investigating the Food Insecurity present in the Mário Lago Sustainable Development Project (SDP) rural settlement, located in the municipality of Ribeirão Preto (SP). Given that this PDS presents an agroecological project, an important factor to raise the levels of Food and Nutritional Security, and represents a challenging model of the way of agribusiness production, specifically the sugar and alcohol sector, responsible for environmental and social damages in the region. Based on the hypothesis that access to land, water and seeds, enabling agricultural production, contributes to the increase in FNS and guarantees the Food Sovereignty of the population, we are interested in observing whether this rural settlement reproduces the national reality or presents itself as a reality. to shed light on possible ways and strategies to move forward in overcoming food and nutrition insecurity in rural Brazil. The research will be qualitative and quantitative and will work with a combination of methodological approaches that complement each other, namely: field research, semi-structured interviews, participant observation, bibliographic and secondary data related to the theme. The questionnaire applied for the interview will be elaborated from the adaptation of the questions of the Brazilian Scale of Food Insecurity (EBIA) that measures the perception and experience of hunger from psychological and social parameters, being a direct indicator of AI, of low cost application and validated in Brazil for urban and rural populations. In addition, as an indirect way of dimensioning the FNS, questions will be elaborated that seek to investigate the importance of self-consumption for the social reproduction of settled families in order to obtain data on food insecurity in the Mário Lago SDP.
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Objetivo deste trabalho foi descrever a situação de saúde quanto à pandemia de COVID-19 e seu enfrentamento entre os residentes do Assentamento Mário Lago, pertencente ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Fazenda da Barra e localizado em Ribeirão Preto, estado de São Paulo. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, do tipo inquérito, com amostragem aleatória estratificada. Foram entrevistados 158 residentes, com idade entre 18 e 84 anos, entre 26 de outubro de 2021 e 28 de janeiro de 2022. Os resultados obtidos expõem uma situação de vulnerabilidade social da sua população, em que apenas 23,4% dos entrevistados chegaram ao ensino médio, e 95,6% possuem uma renda familiar de até três salários mínimos. Dentre os participantes do estudo, 17,1% tiveram resultado positivo para um teste de COVID-19, e 42,4% relataram que a pandemia diminuiu muito a renda das pessoas da casa, enquanto 3,8% ficaram sem renda. Para que as populações assentadas estejam mais bem preparadas para futuras crises como a provocada pela pandemia de COVID-19, é necessária a continuidade das ações já realizadas pelos movimentos sociais e populares do campo e assegurar a manutenção e o desenvolvimento das redes de suporte social.
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Este artigo, apresentado no V Encontro da Rede de Estudos Rurais, realizado em Belém em 2012, pretende ser um esforço didático tendo como objetivo problematizar o termo agronegócio. Sua estrutura está dividida em 3 tópicos. No primeiro buscamos, em uma recuperação histórica, explicitar o processo das transformações socioeconômicas no campo nas últimas décadas. O segundo demonstra que o agronegócio, como mecanismo ideológico, já transbordou o setor privado, dominando setores importantes do Estado. No terceiro buscamos problematizar o termo agronegócio apresentando sua base de sustentação política e econômica.
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Ao longo de sua história o camponês no Brasil vem sendo tratado como um sujeito sem voz, e por isso, passível de se tornar o ator principal em projetos alheios. E isso muitas vezes se dá através de imposições e de um falso entendimento de qual é a sua verdadeira condição. No entanto, não se trata de uma população passiva e, principalmente nos assentamentos rurais, são pessoas em busca de reconstruir suas sociabilidades, as quais invariavelmente irão se pautar em valores e normas da sociedade tradicional. Este trabalho tem como objetivo discutir a relação entre organização coletiva e formas de resistência no projeto de construção de 77 habitações no assentamento rural Sepé Tiaraju, Serra Azul – SP, resistência a ser observada a partir da descrição da trajetória de três assentados representativos, no momento de discussão dos acordos, entendidos como coletivos, e na ação em canteiro de obras. Considera-se como resistência as soluções encontradas por estas famílias ao lidarem com um projeto que busca emancipa-los politicamente a partir da organização coletiva, como, por exemplo, em ações de falsa participação, dissimulação, e falso entendimento, as quais, segundo James Scott, podem ser consideradas formas de resistência passiva.
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Este artigo aborda a proposta teórico-metodológica de uma Cartografia Geográfica Crítica e sua aplicação no desenvolvimento do Atlas da Questão Agrária Brasileira (www.fct.unesp.br/nera/atlas). O trabalho é parte dos resultados da tese de doutorado defendida em 2008 na Unesp de Presidente Prudente e foi apresentado na mesa A cartografia no contexto socioambiental no II Cartogeo, realizado em 2010 pelo Departamento de Geografia da USP. No artigo apresentamos os fundamentos da proposta da Cartografia Geográfica Crítica e a análise da estrutura fundiária brasileira, um dos vários temas que compõem o Atlas.
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This paper presents the final estimates of the agricultural and forestry production value for the State of Sao Paulo, as well as its share among the 40 Rural Development Offices and 15 Administrative Regions in 2009. A total of 54 products are analyzed and grouped into the six following categories: industrial products, animal products, fresh fruits, grains and fibers, forestry products and vegetables. The production value was estimated at US2,7billion,withan1.82,7 billion, with an 1.8% increase over the previous year, in current currency rates. Three forestry product values in 2009 (eucalyptus timber, pinus timber and pinus resin) are estimated at US1.9 billion, with a 7.5% decrease, in current currency rates.
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Celso Furtado (1920-2004) foi um dos mais importantes economistas e cientistas sociais brasileiros. Demonstrou, em sua obra, o que significa a relação inseparável entre o pensar e o agir, entre o rigor acadêmico e o engajamento político. Esta Coletânea, volume 1 de um uma trilogia sobre aspectos da vida e obra deste paraibano de Pombal, reúne textos produzidos nos últimos 30 anos por intérpretes atentos e privilegiados. Atentos, porque pesquisadores, estudiosos dos problemas brasileiros, vinculados a instituições de prestígio nacional e internacional (USP, UNICAMP, UFRJ, FGV, UFMG, UFPE) e que têm a crítica como natureza de ofício; privilegiados, porque conviveram em algum momento da vida pessoal, profissional ou acadêmica com Celso Furtado. Tentamos nos guiar pela incômoda pergunta: O que deveria ser retido como última lição do mestre? O próprio Furtado responde: “Equivoca-se quem pretende que já não existe espaço para a utopia. Esse é o desafio maior que enfrenta a nova geração: convido-a a assumi-lo sem temores”