Content uploaded by Jose Maria Pereira de Godoy
Author content
All content in this area was uploaded by Jose Maria Pereira de Godoy on May 05, 2023
Content may be subject to copyright.
Content uploaded by Jose Maria Pereira de Godoy
Author content
All content in this area was uploaded by Jose Maria Pereira de Godoy on May 05, 2023
Content may be subject to copyright.
Content uploaded by Jose Maria Pereira de Godoy
Author content
All content in this area was uploaded by Jose Maria Pereira de Godoy on Jul 24, 2016
Content may be subject to copyright.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
1
Câncer de mama e
linfedema de membro
superior:
Novas Opções de Tratamento
Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy
São José do Rio Preto - SP
2005
Novas Opções de Tratamento
2
Produção
The Talk Club Assessoria
Capa
Alaide Reis
Anderson Antonio Talharo
Projeto Visual
Anderson Antonio Talharo
Revisão
Cristina
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação
(CIP)
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
3
Autores
Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
Terapeuta Ocupacional Mestre pela Pontifícia
Universidade Católica de Campinas.
Doutoranda da Faculdade de Medicina de São José do
Rio Preto-SP.
Pesquisadora na Clínica Godoy.
Docente do Curso de Pós Graduação Lato-Sensu em
Reabilitação Linfedema da Faculdade de Medicina de São
José do Rio Preto-SP.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy
Professor Ajunto Doutor da Faculdade de Medicina de
São José do Rio Preto-SP.
Docente da Graduação e Pós Graduação Stricto-Sensu.
Coordenador do Curso de Pós Graduação Lato-Sensu
em Reabilitação Linfedema da Faculdade de Medicina de São
José do Rio Preto-SP.
Colaboradores
Patrícia Terumy Shono
Fisioterapeuta Curso de Pós Graduação Lato-Sensu
em Reabilitação Linfedema da Faculdade de Medicina de São
José do Rio Preto-SP.
Flávia Mariana Valente
Fisioterapeuta Docente do Curso de Pós Graduação
Lato-Sensu em Reabilitação Linfedema da Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto-SP.
Pesquisadora da Clínica Godoy.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
5
Agradecimentos
Primeiramente, agradeço a Deus por todas as idéias e
a oportunidade de estar diretamente em contanto com
pessoas, profissionais e pacientes, que possibilitaram a
realização deste trabalho.
Agradeço ao meu esposo José Maria que tanto me
incentiva a buscar novos conhecimentos dentro da minha área
de atuação, a terapia ocupacional, desenvolvendo novas
técnicas e esta obra. E aos nossos filhos Ana Carolina, Lívia
e Henrique, que sempre estão do nos estimulando, com
carinho e compreensão.
Agradeço ao meu orientador e sempre mestre Prof.
Dr. Domingo Marcolino Braile pelos seus ensinamentos e
paciência com que me recebe para orientar meu trabalho.
Agradeço as brilhantes profissionais da Fisioterapia:
Flávia Mariana Valente e Patrícia Terumy Shono, que me
proporcionaram uma contribuição imprescindível.
E a todas as pessoas que contribuem de alguma forma
na melhora do atendimento, e nas novas pesquisas a serem
desenvolvidas.
(Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy)
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
7
Apresentação
O livro “Câncer de mama e linfedema de membro
superior: Novas Opções de Tratamento” surgiu da
necessidade de enfatizar novas opções terapêuticas na
reabilitação do câncer de mama e o desenvolvimento do
linfedema.
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer que
mais atinge pessoas do mundo inteiro, sendo que, entre as
mulheres, é o primeiro.
Com o diagnóstico positivo, o impacto psicossocial na
mulher é um fator muito importante a ser considerado. As
incertezas surgem de imediato, quando a paciente começa a
temer mudanças na sua vida rotineira, que envolvem seu
casamento, vida sexual, atividades diárias, ocupacionais, lazer,
suas inter-relações pessoais, enfim, nesta fase é muito
importante a atuação de uma equipe multiprofissional, que
disponibilize as orientações necessárias, o que será vital no
momento de enfrentar a cirurgia e as etapas seguintes do
tratamento.
A reabilitação física no pós cirúrgico imediato se faz
necessária no sentido de prevenção e reintegração da paciente
à sua vida cotidiana. A assistência integral da equipe é
fundamental, e deve chegar até aos familiares da paciente,
que terão papel muito importante na continuidade do
tratamento.
Uma atitude sincera e de disponibilidade para o
esclarecimento de dúvidas, busca de soluções para os efeitos
colaterais da terapêutica, a abertura de um espaço para que
sejam discutidos os temores relativos à dor, sintomas,
limitações e os recursos para enfrentá-los, incentivando o
auto cuidado se fazem necessários.
Da mesma forma que a equipe habilita a paciente para
sua vida cotidiana, precisa acompanhar a evolução de sua
Novas Opções de Tratamento
8
saúde, porque algumas mulheres poderão desenvolver um
linfedema, que exige um tratamento efetivo para que não se
lese mais uma parte da vida da paciente.
Hoje se faz necessário a formação de profissionais
especializados, que busquem informações nas pesquisas
cientificas sobre as novas atuações, podendo levar até às
pessoas que sofrem com o diagnóstico da doenças, em
especial para as que se deparam com o linfedema, todas as
orientações necessárias.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
9
Prefácio
Este livro tem por objetivo expor alguns instrumentos
que ajudarão pacientes portadoras de câncer de mama e de
linfedema a vencer os seus desafios.
A nossa vida é iluminada pelas mãos do criador e no
seu transcorrer passamos por momentos maravilhosos e
outros, cheios de espinhos. Antes de tudo, a fé é um dos mais
importantes instrumentos que devemos buscar.
O câncer de mama é um destes “espinhos” que atingem
milhares de mulheres e até mesmo alguns homens em todo
mundo, podendo ser sentido no corpo e na alma. Um de seus
tratamentos pode envolver a ressecção cirúrgica de linfonodos
causando uma verdadeira agressão a este sistema e como
conseqüência levar ao desenvolvimento do linfedema. A
paciente fica curada do câncer, entretanto conseqüências
desagradáveis poderão ser manifestadas.
O transtorno será superado aos poucos, sendo
necessário ter fé, coragem e dedicação para superar os piores
momentos. O criador esta sempre iluminando nossos
caminhos e a fé pessoal vai ajudar a conduzir cada paciente
rumo a vitória.
O livro mostra alguns instrumentos úteis para vencer
os desafios nesse caminho terrestre. Portanto, é a somatória
de esforços que nos leva ao triunfo. Pacientes submetidos ao
tratamento do câncer de mama apresentam uma série de
dúvidas, principalmente quanto as suas limitações a aos riscos
expostos às atividades diárias. O que pode posso fazer? Quais
os riscos de complicações? Como será minha vida a partir de
agora? Enfim, surgem uma série de questionamentos, que
poderão ser respondidos através deste livro.
As informações estão em forma de texto e ilustrações,
com atividades práticas que irão ajudar às mulheres em
tratamento de câncer de mama e linfedemas dos membros
superiores, orientando na prevenção da piora da doença, com
medidas diárias em seu lar.
Novas Opções de Tratamento
10
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
11
Introdução
Uma Vida Saudável Cuidando de seu Membro.
Capítulo I- O Sistema Linfático
Capítulo II- Desenvolvimento do Linfedema
Capítulo III- Cuidados Preventivos
1) Cuidados Preventivos em Relação as Infecções
2) Prevenção do Linfedema
Capítulo IV- Tratamento do Linfedema
1) Drenagem Linfática
2) Auto-Drenagem Linfática
3) Bandagens
a) Braçadeiras de “Gorguron”
Capítulo V- Orientações Gerais Sobre Atividades de Vida
Diária
Capítulo VI- Atividades Linfomiocinéticas
Capítulo VII- Exercícios linfomiocinéticos, Cuidados com
a Nutrição e Apesctos Psicológicos.
Capítulo VIII- Câncer de Mama
1) Cuidados Pós Operatórios
2) Principais Problemas Encontrados pelas
Pacientes com Câncer de Mama e Sugestões
Índice Remissivo
(está no final)
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
13
Uma vida saudável cuidando do seu
membro.
Os nossos membros são de vital importância para uma
série de coisas que fazemos diariamente. Entretanto, podemos
ter doenças que afetam seu funcionamento, entre elas está o
linfedema. Trata-se de um tipo de edema (inchaço) causado
pelo acúmulo anormal de líquidos, proteínas e
macromoléculas nos tecidos, tendo como causa a falha do
sistema linfático. Esta falha leva ao acumulo destas substâncias
no interstício celular, ou seja, no espaço entre as células. Os
vasos linfáticos são os responsáveis for fazer essas substâncias
retornarem para a corrente sangüínea, e quando isso não
ocorre, elas podem acumular neste espaço favorecendo a
progressão do linfedema.
O linfedema afeta milhões de pessoas em todo mundo
e permanece nesse novo milênio como mais um dos desafios
a ser enfrentado pela medicina. Os causados pela filaria são
uma das principais preocupações da Organização Mundial
de Saúde, entretanto, no Brasil, a filariose é incomum,
contudo outras causas de linfedema são freqüentes. O
linfedema está entre as principais causas que afastam pessoas
do trabalho, no mundo todo. Quando não tratada de forma
adequada, a doença pode progredir para uma efantíase.
Portanto, o tratamento do linfedema é fundamental.
Por outro lado, alternativas eficientes e de baixo custo, podem
possibilitar um tratamento adequado. É possível ter uma vida
saudável cuidando adequadamente do linfedema. A dedicação
e a vontade de superar o problema podem levar o paciente a
uma vitória sob a sua doença. Abandonar o tratamento vai
trazer conseqüências desagradáveis para a vida do doente.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
15
Sinais e sintomas de alerta
Algumas alterações servem como sinal de alerta aos
pacientes que devem o quanto antes, tirar as duvidas,
esclarecendo os sinais e sintomas. É fundamental fazer a
prevenção antes do agravamento da doença. É necessário
ficar alerta quando diagnosticado os seguintes sintomas:
Presença do edema;
Existe alguma lesão na pele;
Existe micose entre os dedos;
Infecção de repetição;
Há perda da mobilidade do membro;
Perda da sensibilidade;
e Dor.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
17
Capitulo I
O sistema linfático
O sistema linfático é pouco estudado, portanto pouco
conhecido. Ele faz parte do sistema circulatório sendo
responsável pela drenagem de um tipo especial de fluidos
que é a linfa. Uma das funções do sistema circulatório é levar
alimentos a todas as células vivas do nosso organismo e
remover tudo aquilo que elas produziram para serem usados
pelo organismo ou ser eliminado por ele. Para que os
alimentos cheguem às células eles precisam sair de dentro
dos vasos arteriais (capilar arterial) e seguir para um espaço
localizado entre as células antes de atingi-las. Este espaço
funciona como local de troca, interface, entre o sistema
circulatório e as células, portanto de vital importância para o
nosso organismo.
Sabe-se que o mesmo volume que saiu dos vasos
necessita retornar para eles, caso contrário haveria uma perda
deste volume e o paciente entraria em estado de choque
hipovolemico. Aproximadamente 90% deste volume formado
por nutrientes, líquidos, sais minerais, proteínas e todo tipo
de alimento que as células não absorveram, associado aos
produtos que a célula produziu retornam por um sistema de
vasos de drenagem denominadas de veias. Com isso, boa
parte do que saiu retorna para a corrente circulatória através
das veias. Entretanto, as partículas maiores não conseguem
entrar novamente no sistema venoso e necessitam de um
sistema de auxilio na drenagem dessas partículas maiores que
é o sistema linfático.
Cerca de 10% destes fluidos retornam pelo sistema
linfático. À medida que os fluidos que estão no espaço entre
as células passam para dentro dos vasos linfáticos recebem o
nome de linfa. Portanto, a linfa não é sangue, mas é formada
Novas Opções de Tratamento
18
por elementos oriundos da corrente sanguínea. A principal
função do sistema linfático é recolocar as proteínas e outras
substanciam na corrente sanguínea. Uma boa parte das
proteínas que estavam na corrente sanguínea e saíram durante
a filtração para o espaço entre as células, precisam se
recolocadas na corrente circulatória pelo sistema linfático.
Os vasos linfáticos são semelhantes às veias e artérias,
porém existem algumas diferenças importantes em termo de
função. A primeira é que eles drenam a linfa e não o sangue.
Outra é que eles conduzem a linfa para os linfonodos
antes de levar para o sistema venoso, contudo o destino final
da linfa é o sistema venoso. Nos linfonodos são retidas as
partículas estranhas ao nosso organismo e eles já começam a
fazer uma defesa contra essas partículas. Outra importante
função do sistema linfático é a imunológica. O que se conhece
popularmente como íngua nada mais é do que o processo
infeccioso e inflamatório nos linfonodos. Isso significa que
alguma coisa estranha tentou passar por ele. No caso das
células cancerosas ele retém estas células evitando que elas
disseminem pelo organismo. Durante as cirurgias de mamas
os linfonodos podem ser retirados quando se tem duvidas
quanto à disseminação da doença. Muitas vezes são
encontradas células cancerosas neles, porém não no resto do
organismo. Isto significa que ele protegeu quanto à
disseminação do tumor. Em algumas pacientes as células já
conseguiram ultrapassar estes linfonodos e se disseminaram
pelo corpo. É por isso que quanto mais precoce for o
tratamento maior é a chance de cura do câncer de mama. As
mulheres têm os linfonodos como seus protetores, porém
eles não conseguem segurar por muito tempo. Portanto,
diante de uma suspeita é necessário que a paciente procure
imediatamente o seu médico. Devido a sua atuação, o sistema
linfático é denominado de “lixeira” do nosso organismo.
Também desenvolve a função de servir de reserva
funcional do sistema venoso que é outro sistema de drenagem.
Assim, quando a capacidade de drenagem do sistema venoso
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
19
é ultrapassada, os líquidos que deveriam ser drenados por
eles passam a ser drenados pelo sistema linfático. No caso
do sistema linfático conseguir fazer esta drenagem não ocorre
o edema e se este volume de líquido for maior do que a
capacidade da drenagem do sistema linfático começa a
formação do edema que é de origem venosa, neste caso,
denominado simplesmente de edema.
Mas quando o sistema venoso esta normal e o sistema
linfático apresenta alguma alteração, não conseguindo drenar
os fluidos que deveriam ser drenados, forma-se um tipo
especifico de edema denominado linfedema.
Novas Opções de Tratamento
20
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
21
Capitulo II
Desenvolvimento do linfedema
O linfedema começa a se desenvolver a partir do
momento em que o sistema linfática deixa de remover todas
as substancias que normalmente são drenadas por ele, e essas
substancias começam a se acumular no espaço localizado
entre as células, que é denominado de espaço intersticial ou
interstício celular. Na fase inicial não se observam alterações,
entretanto elas existem, e são chamadas de fase subclinica. A
partir do momento que o edema começa a ser observado ele
passa para fase de diagnóstico clinico dos edemas. Neste
momento o médico deve identificar qual é o tipo de edema
ou se é um linfedema.
O linfedema é uma doença de ordem crônica que
quando não tratada pode evoluir para elefantíase, que é a
forma mais avançada da doença. Este é o grande alerta para
as pessoas que tem linfedema. Ele pode ser classificado em
diferentes graus para facilitar o diagnóstico. Existem várias
classificações e isso significa que não se tem um consenso
em relação ao assunto. Entretanto, uma classificação simples
e que aborde de modo amplo seria a mais prudente.
Podemos classificar o linfedema de acordo com os seguintes
graus:
Linfedema Grau I: edema mole que reduz com o
repouso.
Linfedema Grau II: edema duro que não é reversível
espontaneamente.
Linfedema Grau III: aumenta do volume do membro
do grau II, com a presença de dermatoesclerose e lesões
verrucosas, elefantíase.
Novas Opções de Tratamento
22
A classificação é importante porque ajuda a
compreender em que estágio a doença está. No grau I, como
se pode observar, o paciente deita com o membro inchado e
acorda sem o edema. Isso significa que apenas o repouso foi
suficiente para reduzir inchaço. Porém, quando ele levanta,
o braço começa a inchar e no período da tarde e noite o
membro está muito edemaciado. Esse fato é importante
porque mostra que quando ficamos muito tempo de pé o
membro incha bastante, portanto, é prudente que o paciente
com linfedema faça mais repouso que uma pessoa normal.
O inchaço agrava mais nos dias quentes e melhora nos
dias frios, portanto a temperatura pode influenciar no inchaço
do membro. Os pacientes que moram em regiões mais frias
podem se sentir melhor do que aqueles que moram em regiões
quentes. O edema vai agravando com o passar do tempo e
chega um momento em que a pessoa já acorda com o membro
inchado e mesmo que a pessoa fique em repouso por longos
períodos, o problema não regride. É nessa fase que ele passa
para o grau II e como se observa o repouso sozinho já não é
mais suficiente para desinchar o membro. Nessa etapa,
mesmos nos dias frios o membro está inchado e a tendência é
piorar formando deformações nos membros. Esse é o ponto
onde ele passa do grau II para o grau III ou elefantíase.
Como se observa, a medida que o tempo vai passando
o quadro vai progredindo e nos casos onde não se realizou o
tratamento adequado a tendência é o agravamento.
Agranvantes do linfedema
A cronicidade da doença permite que o paciente fique
exposto a uma variedade de situações que podem levar ao
seu agravamento. Portanto, a identificação de cada uma delas
é fundamental para que o paciente evite estes agravantes,
prevenindo a evolução da doença.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
23
Posição do membro
Atitudes simples podem agravar a doença como, por
exemplo, dormir sobre o braço. Algumas pacientes com
linfedema relatam que quando dormem sobre o braço ele
amanhece mais edemaciado e quando elas protegem o braço
acordam bem. Isso não ocorre com todas as pacientes,
portanto cada um deve buscar o motivo que agrava o inchaço
do seu membro.
Posições que mantém o membro mais elevado podem
ajudar, pois evitam o inchaço facilitando a redução do edema.
Infecção
As infecções são um dos agravantes mais temidos do
linfedema e estão associadas principalmente com os cuidados
higiênicos dos membros e dos ferimentos. A erisipela é uma
das infecções que mais agride o sistema linfático. Os principais
sintomas são: febre, calafrios, e hiperemia (vermelhidão) do
membro. (Pode formar um cordão avermelhado e dolorido
que caminha para a região axilar denominada de linfangite).
Micoses
As micoses são infecções que facilitam a entrada de
outros tipos de infecção. Portanto o cuidado com as micoses
é fundamental na prevenção dos surtos de erisipela. As
avaliações constantes da pele são recomendas para identificar
estas infecções.
Novas Opções de Tratamento
24
Calor
O calor agrava ainda mais o edema e as próprias
pacientes observam que nos dias fresco não incham muito,
ao passo que nos dias quentes ocorre uma piora. As profissões
que expõem as pacientes a ambientes quentes ou ao calor
devem ser evitadas ou adaptadas, como por exemplo o uso
do ar condicionado. Cada atividade deve ser analisada
individualmente, sempre verificando o agravamento da
doença.
Exercícios repetitivos
Exercícios ou atividades repetitivas ou de longa duração
podem agravar o edema, sendo que a análise deve ser feita
individualmente. Estes aspectos serão mais detalhados no
capítulo VII.
Peso do membro
A evolução da doença leva ao aumento de peso e isto
traz uma série de complicações decorrentes a essa sobrecarga.
Os cuidados para manutenção do trofismo muscular,
tipos de movimentos, intensidade de movimentos devem ser
avaliadas. Abordaremos estes com mais detalhes no capitulo
VI e VII.
Câncer
Linfedemas crônicos não tratados podem evoluir para
um tipo de câncer, portanto o tratamento do linfedema é
fundamental para evitar essas complicações.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
25
Capítulo III
Cuidados preventivos
1)Cuidados preventivos em relação às infecções.
Os membros com linfedema têm uma predisposição
maior para infecção, portanto fazer um exame diário do
membro se faz necessário para buscar alterações ocorridas
na pele.
Arranhões na pele
A presença de arranhões pode ser suficiente para
quebrar a barreira de proteção da pele e facilitar a entrada de
uma bactéria como, por exemplo, do esteptococos e causar
uma erisipela. Portanto, qualquer alteração que ocorrer deve
servir de alerta para uma possível infecção. Caso a pessoa
tenha um arranhão no membro e começar apresentar febre,
tremor de frio, dor no membro, sugere-se que procure o seu
médico o mais rápido possível. O quanto antes começar a
tratar menor serão as lesões causadas pela infecção.
A cada episódio de infecção no membro ocorre um
agravamento do linfedema. Estudos mostram que pacientes
com maiores números de infecções podem ter uma forma de
linfedema mais grave.
Cuidados com o corte de unha
Uma observação freqüente de infecção é logo após o
corte das unhas, quando um traumatismo pode facilitar a
entrada da infecção. É importante que no caso de ocorrer
lesão durante o corte a pessoa esteja alerta quanto a
Novas Opções de Tratamento
26
possibilidade de infecção. O máximo de cuidado deve ser
tomado durante o corte das unhas para evitar as lesões.
Produtos químicos
Alguns produtos químicos podem causar lesões na pele
e predispor a infecção, portanto deve-se redobrar os cuidados
com os produtos de limpeza.
2)Prevenção do Linfedema
A prevenção do linfedema nada mais é do que evitar
tudo aquilo que possa agredir o sistema linfático, desde a
sobrecarga até agressões traumáticas. Ela deve ser iniciada
toda vez que há risco no desenvolvimento do linfedema como
por exemplo, no tratamento do câncer de mama ou nos casos
já diagnosticados.
Nos pacientes com linfedema já instalado a prevenção
é para evitar o agravamento e que ele atinja graus mais
avançados. As principais formas de prevenção envolvem a
adequação às atividades de vida diária e os cuidados
higiênicos. As medicações para prevenção de infecção como
da erisipela, deve ser discutida com o médico de sua
confianças, podendo ser diferenciado o tratamento de cada
caso.
Entre as mulheres que fizeram tratamento do câncer
de mama, de 15% a 50% podem desenvolver o linfedema.
Esta incidência tende a cair com as novas formas de
tratamento do câncer de mama, nas quais se utilizam técnicas
que permitem maior preservação dos linfonodos. As pesquisas
dos linfonodos sentinelas devem ajudar na redução desta
incidência.
Outro fato importante são os cuidados após o
tratamento no sentido de prevenção, ver capitulo III, V, VI.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
27
Pacientes com história de erisipela nos membros podem
ser portadores assintomáticos do linfedema, portanto a
característica serve como alerta para a doença.
Sobrecarga do membro
Em torno de 70% ou mais das mulheres submetidas ao
tratamento do câncer de mama não vão desenvolver o
linfedema. O tipo de cirurgia realizado e a associação com a
radioterapia fazem parte dos fatores determinantes. Nas
cirurgias onde os linfonodos foram retirados o sistema
linfático do membro deixa de estar integro, porém nem sempre
evolui para o linfedema. As mulheres que tiverem maior
número de vias linfáticas preservadas provavelmente não
desenvolverão a doença, contudo podem estar no limite para
desenvolver. É comum a mulher relatar que o surgimento do
linfedema foi depois que fez muito esforço físico. Neste caso
a sobrecarga de atividades pode ter desencadeado o linfedema.
Observa-se que quanto mais intenso e forte for o
exercício maior a possibilidade de lesão do sistema. É
fundamental evitar o uso excessivo do membro afetado,
maiores detalhes ver no capitulo V, VI.
Evitar as infecções
Sabe-se que as infecções, principalmente a erisipela
são fatores agravantes, por isso, é necessário uma orientação
diária, a fim de que o paciente não se descuide, como já citado
anteriormente.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
29
Capitulo IV
Tratamento do Linfedema
No tratamento do linfedema as associações de terapias
apresentam efeitos sinérgicos, ou seja, dão melhores
resultados do que uma modalidade isolada. A drenagem
linfática, exercícios linfomiocinéticos, atividades
linfomiocinéticas, meias e bandagens, drogas linfocinéticas e
os cuidados higiênicos e com vida diária constituem as formas
de tratamento.
É importante uma adaptação psico-socioeconomica de
cada paciente, caso contrário os resultados deixam a desejar.
Nestes últimos anos Godoy e Godoy vêm trabalhando,
desenvolvendo e adequando formas de tratamento simples e
de baixo custo que permite maior abrangência de pacientes.
A criação de centros de tratamentos, pelos serviços
públicos, auxiliariam bastante às pacientes. Entretanto, a
escassez de profissionais especializados dificulta a criação
dos centros. A atuação de uma equipe interdisciplinar e
multidisciplinar, ou seja, vários profissionais envolvidos no
tratamento como, médico, fisioterapeuta, terapeutas
ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, etc, faz-se
necessária.
As dificuldades são maiores nas pequenas cidades,
distantes de centros de tratamentos, porém pode-se criar
condições de tratamento mesmo a longas distancias com apoio
do governo e da comunidade.
1) Drenagem linfática
A drenagem linfática é uma das mais importantes formas
de tratamento do linfedema e constitui num dos pilares deste
Novas Opções de Tratamento
30
tratamento. Para um bom resultado, alguns cuidados devem
ser tomados com a sua pratica. A drenagem linfática é uma
técnica de estimulação física semelhante à massagem, porém
com resultados totalmente diferentes. Dependendo do tipo
de massagem ela pode agravar o linfedema, portanto as
pacientes devem ter uma orientação do especialista quanto a
essa pratica. Alguns tipos de massagem provocam hematomas
e estes são decorrentes a traumas e lesão de vasos, portanto
podem ser nocivas para pacientes com linfedema.
É comum a paciente chegar ao médico e relatar que a
drenagem linfática não foi boa para o seu tratamento. O que
acontece é que muitas vezes as pacientes não fizeram o
tratamento adequadamente ou a própria técnica aplicada não
foi apropriada. Para evitar agravantes, a drenagem linfática
deve ser feita por profissionais especializados.
A primeira diferenciação importante que você deve
conhecer é o conceito entre massagem e drenagem. A
massagem é uma técnica que envolve a musculatura, ou seja,
o amassamento dos músculos, com o objetivo do relaxamento;
a drenagem linfática são movimentos de deslizamento e
compressão sobre o trajeto dos vasos linfáticos, com pressão
e velocidade controlada, para a condução da linfa. Para
realizar a drenagem linfática é necessário o conhecimento da
anatomia, fisiologia do sistema linfático e princípios de
hidráulica e hidrodinâmica. É uma técnica sistematizada, cujos
movimentos devem ter uma seqüência determinada.
Para ficar mais claro podemos comparar com a
drenagem de um rio durante uma enchente, primeiro temos
que esvaziar o leito principal do rio, a partir disso, os leitos
menores são drenados para o leito principal e a enchente é
debelada. Podemos colocar uma barragem nesse rio que
poderá limitar a vazão dessa água e qualquer pressão maior
que a tolerada pela barreira poderá danificar a barragem. No
sistema linfático, essa barragem é representada pelos
linfonodos e dessa maneira devemos:
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
31
1- Drenar o leito principal
2- Após a drenagem dos coletores principais drenar os
secundários e assim completar a drenagem dos leitos
secundários carreadores da linfa.
3- Após esvaziar o leito dos vasos linfáticos, a formação
de nova linfa será facilitada devido às diferenças de pressões
entre o interstício e o leito do vaso. Agora o aumento da
pressão tecidual facilitará a formação da linfa com o
carreamento do fluído intersticial para dentro dos coletores
vazios, e com baixa pressão. Os cuidados em relação a essa
manobra são em relação à pressão, pois altas pressões podem
colabar os vasos e dificultar a drenagem além de danificá-
los.
Entretanto, no linfedema de membros superiores os
canais principais foram bloqueados irreversivelmente pela
cirurgia que fez a ligadura dos vasos linfáticos, ou seja,
amarrou os vasos linfáticos após a remoção dos linfonodos.
Este procedimento é necessário para evitar que a linfa
seja coletada nos tecidos ao redor da remoção os linfonodos
causando cistos, infecção,etc. Portanto, temos um caso
especial de linfedema no qual os coletores estão íntegros até
a região da axila, local onde se encontrava os linfonodos,
que foram removidos pela cirurgia. É a mesma comparação
de uma estrada que tinha uma ponte e esta ponte foi destruída,
contudo podemos chegar até a ponte , mas não conseguimos
atravessá-la.
Na cirurgia de mama ocorre a remoção desta ponte
que são os linfonodos, a linfa chega até eles, mas foi impedida
de passar. No caso da ponte temos que ser avisados que a
mesma está destruída, ou podemos cair no rio ou abismo.
No caso dos vasos linfáticos eles são amarrados para
evitar que a linfa que está dentro deles seja “derramada” fora
dos vasos linfáticos e nos tecidos ao redor. Assim causaria
uma série de complicações. Entretanto, a linfa continua a ser
formada e caminha para os vasos linfáticos, estes vão
Novas Opções de Tratamento
32
enchendo até um ponto, onde a pressão aumenta tanto que
não permite mais a entrada da linfa para o seu interior. Neste
momento ela deixa de ser formada e começa acumular nos
tecidos formando o edema.
A pressão nos vasos linfáticos fica muito alta. Para se
ter uma idéia, pressões que eram menores que 10 mmHg
chegam a ultrapassar mais de 100mmHg deixando os vãos
linfáticos mais frágeis e com maior chance de romperem. É
por isso que a drenagem linfática tem de ser muito suave,
caso contrário os vasos podem ser rompidos e piorar ainda
mais o linfedema, causando mais lesão no sistema. Por isso,
é fundamental que a drenagem linfática seja feita por um
profissional especializado.
Outro fator importante já observado, é que na drenagem
linfática geralmente começamos a desbloquear os coletores
principais e nesse caso eles foram ligados. Então a alternativa
é buscar as vias derivativas, portanto o profissional necessita
de ter um conhecimento de anatomia, fisiologia e do que está
acontecendo com o paciente. Esta função é do médico que
deve identificar as possíveis vias de drenagem e orientar o
profissional que realizará a drenagem, que pode ser um
fisioterapeuta especializado, uma terapeuta ocupacional e em
alguns lugares até uma enfermeira especializada.
Infelizmente temos poucos profissionais habilitados no
tratamento do linfedema e, portanto devemos cobrar do
Estado maiores esforços para a formação desses profissionais
e centros especializados.
Godoy & Godoy em 1999, preconizaram uma técnica
simplificada de drenagem linfática que consiste em
movimentos de deslizamento sobre o trajeto dos vasos
linfáticos e de compressão suave nas regiões dos linfonodos.
É uma técnica sistematizada, cujos movimentos devem ter
uma seqüência determinada, sendo que o sentido e a
velocidade desses movimentos são de fundamental
importância. É consenso que se deve “desbloquear” as regiões
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
33
proximais, ou seja, inicia-se geralmente pela região cervical,
axila, região torácica, abdome, raiz do membro sadio. Segue-
se distalmente e somente após é que se deve trabalhar no
membro afetado. Essa técnica pode ser realizada por roletes
confeccionados de material macio, como a espuma
siliconizada ou pelas mãos. A vantagem dos roletes é poder
uma extensão maior da área a ser drenada. Entretanto, essa
técnica deve ser usada com cuidados e por profissionais
especializados.
Em resumo, a drenagem linfática é uma das principais
formas de tratamento do linfedema, porém requer muitos
cuidados durante a sua execução e na escolha de profissionais
habilitados.
2)Auto-drenagem linfática
É possível que a própria paciente realize algumas
manobras de drenagem linfática, o que consiste uma auto-
aplicação. É importante que ela seja treinada e orientada pelo
especialista, ou poderá piorar ainda mais o linfedema. Neste
tratamento a curiosidade da paciente que acredita saber como
realizar o procedimento pode trazer graves conseqüências.
Não podemos agravar ainda mais as lesões existentes
e todo cuidado deve ser tomado para que isso não ocorra.
3) Bandagens
As bandagens são uma das formas mais importantes de
intervenção no tratamento do linfedema, ajudando na remoção
dos fluidos acumulados, reduzindo o volume do membro,
bem como na manutenção das reduções conseguidas durante
a terapia. Sobre as bandagens existem vários tipos de materiais
e de confecções. Elas podem ser divididas pelas seguintes
categorias: não elástica, baixa elasticidade (< 70%), média
Novas Opções de Tratamento
34
elasticidade (> 70-140%), alta elasticidade (>140%). Além
de serem divididas por subcategorias: não aderentes,
aderentes ou auto-adesivas.
A bandagem indicada no tratamento do linfedema é a
não elástica ou de baixa elasticidade, que permitem a redução
do edema quando associada com os exercícios ou as
atividades linfomiocinéticas. Quando estas bandagens não
estão disponíveis as de baixa elásticas podem ser utilizadas,
sendo que a medida que sobrepomos mais camadas elas
reduzem a elasticidade e tornam-se mais eficientes.
As bandagens adesivas aderem bem sobre as camadas
facilitando a sua aplicação e cada camada sobreposta torna-
as menos elásticas. Independente do tipo de bandagem
necessita-se da orientação e supervisão de um especialista.
O mecanismo de ação das bandagens elásticas é
semelhante aos das meias ou braçadeiras elásticas, exercendo
uma pressão externa constante no membro, favorecendo o
retorno venoso e linfático, sendo usadas para manutenção
do membro, após conseguida a redução. As inelásticas ou de
baixa elasticidade são recomendadas no tratamento do
linfedema porque elas aumentam a amplitude de pressão
durante o movimento e diminuem a pressão enquanto
repouso, porém elas só são eficazes com a ação do
movimento. O custo e as marcas são variáveis entre as
nacionais e as importadas, podendo ser encontradas em 5cm
e 10cm e cores variadas.
Em resumo, a compressão não elástica é a indicada no
tratamento do linfedema, porém ela só vai funcionar se ocorrer
atividade muscular, ou seja, se a paciente fizer exercícios ou
atividades com o membro.
a) Braçadeira de “Gorguron”
A braçadeira ou manga de “gorguron” foi desenvolvida
por Godoy & Godoy na busca de um material que adaptasse
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
35
a nossa realidade econômica, o nosso clima quente e ao
conforto do paciente. A facilidade na sua colocação e remoção
constituiu num dos requisitos mais importante no seu
desenvolvimento. Ela substitui as bandagens tendo a vantagem
de um custo acessível além da simplicidade no seu uso, o que
vai facilitar a adesão ao tratamento. A mudança de hábito no
sentido da compressão diária passa a fazer parte do cotidiano
na vida das pessoas com linfedema.
É sabido que as maiores dificuldades e queixas de
portadores de linfedema durante tratamento é o uso da
compressão, pelo incomodo do calor, do custo das bandagens
ou braçadeiras e ainda alguns aspectos estéticos, que causam
conflitos psicológicos, como o isolamento social. Porém o
mais importante é usar um tipo de bandagem que funcione e
fazendo a opção não pela mais bonita, mas pelo resultado
que irá proporcionar.
O tecido de “gorguron” permitiu o desenvolvimento
destas braçadeiras preenchendo alguns requisitos de
bandagens. Ele tem uma extensibilidade limitada no sentido
transversal, permite uma boa extensibilidade no sentido
longitudinal, além de ser resistente. Estes requisitos são
importantes, pois sem eles fica difícil de adaptar um tecido.
Os pacientes geralmente perguntam se podem usar
outro tipo de tecido e infelizmente não há tecido para este
tipo de braçadeira. As várias tentativas realizadas com outros
tecidos não foram satisfatória.
O “gorguron”, traz um tecido composto de fios de
poliéster macio, com cores variadas, bastante comum no
comércio e acessível quanto ao custo. Os modelos foram
adaptados para envolver o membro e a mão quando
necessário. O fechamento é com velcro para facilitar a
colocação e as mudanças no tamanho conforme a redução
Novas Opções de Tratamento
36
do membro. A confecção pode ser realizada pelo próprio
paciente, costureiras da comunidade ou loja especializada.
A braçadeira de “gorguron” tem o objetivo de diminuir
o edema, manter as reduções conseguidas com a terapia, além
de proteger o membro de ferimentos, picadas e outras
eventualidades, porém só vai ter efeito com o uso e o
movimento, seja com os exercícios linfomiocinéticos ou com
as atividades linfomiocinéticas.
A confecção das braçadeiras é individualizada e vai
depender do tamanho do membro. Na seqüência será
mostrado um modelo e os cuidados a serem tomados durante
a confecção, sendo que cada detalhe é importante. Ela precisa
ficar bem justa no membro, caso contrario, não terá função,
portanto o paciente estará perdendo tempo em utilizá-la.
Fotos irão mostrar passo a passo como se confecciona
e deve ser a colocação nas primeiras vezes, que em geral
Foto 1
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
37
dependem do auxílio de uma outra pessoa, porém com o
treino, o paciente se torna independente. O acessório poderá
ser retirado ou não na hora de dormir, além de poder ser
deixado de lado em alguns momentos, como por exemplo
numa festa, porém não poderá esquecê-lo, assim que voltar
às suas atividades diárias e aos exercícios recomendados pelo
profissional de sua confiança.
O tecido de “gorguron” é canelado, para a confecção
da braçadeira, o corte e a costura devem ser no sentido
horizontal, pois neste sentido o tecido tem pouca
extensibilidade, o que o torna de baixa elasticidade.
As fotos a seguir mostram o melhor sentido da costura.
As fotos 1 e 2. Orientam sobre o sentido do tecido em
que devem ser confeccionadas as braçadeiras.
Na confecção, aconselha-se que a costura seja externa,
pois internamente pode machucar o braço, no linfedema há
uma sensibilidade muito maior da pele. Aconselha-se ainda
uma abertura não mais que 5cm a nível de prega do cotovelo
que é relatado o local mais sensível do braço. Esta abertura
permite uma maior ventilação e maior conforto. Na extensão
Foto 2
Novas Opções de Tratamento
38
do cotovelo pode-se colocar um sistema de forro de tecido
de algodão para evitar atrito e incômodos. A braçadeira deve
ser o mais confortável possível, para que a pessoa faça uso
continuo dela. O fechamento é feito com velcro, largura 3cm
ou 5cm, para facilitar sua colocação e o ajuste necessário,
pois ela necessita estar aderente a pele, para funcionar como
uma proteção rígida que vai ajudar a bombear o fluido com
os movimentos que o paciente realizar.
Foto 3 e 4. Ilustram a costura externa e a abertura a
nível de prega de cotovelo.
Para confeccionar uma braçadeira a pessoa deve ter
em mãos de 60 a 80 cms de tecido, mesma medida para velcro.
Uma costureira ou a própria pessoa que realize a costura em
overloque, devido o acabamento. Não devemos utilizar
elásticos nos acabamentos de mão, punho e braço. Para o
linfedema que não tenha edema de mão e dedos podem ser
Foto3
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
39
feitas somente com apoio de polegar, aquelas com edema de
mão devem ser feitas com dedos, ou seja, braçadeiras com
luvas.
Foto 4
Foto 5
Novas Opções de Tratamento
40
As braçadeiras são feitas sobre medida,
individualizadas, porque cada membro chega com um
determinado tamanho e padrão. Na figura abaixo veja como
ter as medidas. As fotos ilustram o molde e o fechamento das
braçadeiras.
Foto 6
Foto 7
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
41
Foto 8
Fotos 5 e 6. Ilustram o molde para confecção da
braçadeira
Fotos 7 e 8. Ilustram as luvas as braçadeiras com luvas
ou luvas isoladas para o edema de mão.
Foto 9. Ilustra o fechamento com velcro.
Figura 1. Ilustra os pontos de medidas para luva, dedos
, prega de polegar e punho.
Figura 2. Ilustra as medidas para braçadeira, base do
polegar, punho e cada 10cms, até região axilar. Lembre-se a
abertura (5cms) a nível de prega do cotovelo.
VANTAGENS DO USO DA COMPRESSÃO
- É uma forma de tratamento que quando associado a
atividades ou exercícios linfomiocinéticas permitem a redução
do linfedema.
- Melhorar o retorno linfovenoso do membro.
- Mantêm as reduções de volume conseguidas com a
terapia.
Novas Opções de Tratamento
42
- Mantêm o membro protegido contra ferimentos,
picadas e outras situações que vão agravar o linfedema.
contra indicação para o uso da compressão
- Lesões cutâneas infectadas.
- Alergias por materiais com os quais são
confeccionadas as meias e bandagens.
O paciente deverà consultar seu mèdico sobre a
indicação e uso em seu caso. Cada caso apresenta
condiçôes e respostas diferentes ao tratamento, seja na
compressâo e ou outras formas de terapias.
Foto 9
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
43
Figura 2
Figura 1
Novas Opções de Tratamento
44
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
45
Capitulo V
Orientações Gerais Sobre Atividade de
Vida Diária e Atividade
Linfomiocinética.
Atividades de Vida Diária
Podemos conceituar Atividades da Vida Diária (AVD)
como todas aquelas atividades básicas (de higiene pessoal,
vestuário e refeição), domésticas e gerais da vida cotidiana.
Neste capitulo vamos aprender como é possível utilizar as
atividades da vida diária no tratamento do linfedema de
membro superior.
O objetivo no tratamento do linfedema é prevenir o
agravamento da doença e reduzir os sinais e sintomas clínicos,
pois a cura total ainda não é possível, porém podemos com o
tratamento ficar sem os sinais e sintomas da doença. Outro
objetivo é proporcionar ao paciente o maior grau de liberdade
e independência frente aos problemas diários. Então as
adaptações, o conhecimento dos limites impostos pela doença,
se podemos ultrapassar estes limites e como, será de
fundamental importância para o convívio com a doença.
A orientação e avaliação do especialista, ou melhor, de
uma equipe que realiza o tratamento do linfedema será
fundamental para o sucesso do tratamento. É a partir de
exames clínicos e de testes que se avalia a parte funcional e
testa as habilidades nas diversas atividades diárias que poderão
ser úteis no tratamento do linfedema.
A partir dessa identificação a paciente poderá utilizar
destes afazeres como mais uma forma de tratamento do
linfedema. Como observado anteriormente não existe uma
única forma de tratamento do linfedema que seja por si só
Novas Opções de Tratamento
46
eficiente, portanto a associação de tratamentos é o que
proporciona um melhor resultado.
A avaliação do profissional permite identificar uma série
de dificuldades enfrentadas pelo paciente além de incluir o
treinamento e as orientações para sua casa, trabalho e lazer.
Desde as coisas mais simples até as mais complexas
devem ser avaliadas. Um exemplo é o posicionamento do
membro, os cuidados a serem tomados em relação ao
ambiente doméstico, e seus aspectos gerais, como: tipo de
solo; pisos; acesso a substâncias químicas nas atividades
domésticas, devido a grande sensibilidade da pele e evitar
processos alérgicos e lesões de pele; seu banho e higiene,
prestando especial atenção aos obstáculos físicos, devido ao
peso do membro e a limitação da amplitude de movimentos;
entrada e saída de ducha, solo com pisos escorregadios que
podem causar quedas e fraturas nesse membro; saída de água
e controle de temperatura, amplitude, apoios quando
necessitar para maior seguridade em casos onde a limitação
do movimento é grande pelo tamanho e peso do membro; e
supervisão quanto aos cuidados pós-banho com a pele e as
dobras da pele. Na cozinha/alimentação os principais cuidados
devem ser quanto ao posicionamento do braço, utensílios,
materiais cortantes, utilização de fornos e exposição excessiva
a calor; as orientações para alimentar-se principalmente
quando é muito difícil movimentar o braço pelo peso e as
contraturas.
No tocante ao vestuário é necessário atenção: aos tipos
de tecidos que irão causar menos irritação; as orientações
para uso de acessórios no outro membro, presença de elásticos
não é benéfico, ajudas necessárias, alterações para se vestir e
tirar as roupas.
E na deambulação, o desejo de caminhar, até então
como muita dificuldade, normalmente pelo peso excessivo
do membro, dores e contraturas, vai marcar o ponto dos
cuidados gerais, como postura correta, as adaptações das
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
47
braçadeiras e a necessidade de uma vida saudável e com
qualidade.
As atividades de vida diária devem fazer parte do
tratamento, evitando o agravamento da doença,
principalmente com os cuidados básicos, e possibilitar que o
paciente realize com independência suas atividades,
oferecendo-lhe uma boa qualidade de vida.
Conhecendo as Orientações para Atividades de Vida
Diária
Podemos planejar algumas estratégias que devem ajudar
a prevenir complicações. Comecemos por orientar cuidados
básicos frente as seguintes atividades:
Na Cozinha
1- A pessoa com linfedema deve evitar ferir-se com
materiais cortantes, como talheres, abridores de condimentos,
ferimentos com embalagens alimentícias e outras, para isso a
sua braçadeira irá também ajudá-lo a proteger seu braço.
2- Evitar aproximar-se de fornos aquecidos, pois o calor
pode provocar um grau de queimadura na pele do membro
afetado.
3-Cuidado com líquidos e alimentos muito quentes,
mesmo com utensílios de cozinha (panelas, xícaras, pratos,
etc.) muito aquecidos. Utilização de luvas para retiradas de
alimentos do forno.
Estas são ações cotidianas simples, mas que necessitam
serem adaptadas para melhorar a vida diária.
Foto 10 e 11. Ilustram os cuidados que a pessoa deve
ter quando estiver cozinhando. Sempre utilizando a braçadeira
Novas Opções de Tratamento
48
e luvas associadas para forno. De preferência dispor de alguém
que possa retirar as coisas do forno, e não dispensar luvas de
látex para evitar contato direto com o vapor das panelas.
Não há problemas em realizar as tarefas diárias, porém
com devidos cuidados.
Foto 11
Foto 10
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
49
Limpeza de sua casa
O ideal seria que o portador do linfedema pudesse
dispor de auxiliares para as tarefas, porém nem sempre isto é
possível. Assim sendo, deve-se em primeiro lugar, preparar
uma rotina semanal, afim de que não se sobrecarregar,
dividindo tarefas de acordo com as prioridades. Não
sobrecarregar é poupar os indivíduos de grandes esforços
físicos, evitando vícios posturais durante a realização das
tarefas, afim de que não aumente dores articulares, causadas
pelo peso já existente do membro.
Outro cuidado a ser tomado é em relação aos produtos
de limpeza utilizados A composição química pode provocar
alergias e inflamações na pele. No linfedema o membro é
mais vulnerável a reações alérgicas e inflamatórias, o que
deve agravar o quadro.
Durante a limpeza e higiene de banheiros o uso de
luvas é imprescindível, pois trata-se de um ambiente com
maior número de bactérias.
Fotos 12 e 13. Ilustram uma atividade de limpeza que
normalmente utiliza produtos químicos. O produto pode
causar alergia e irritação do membro, por isso são necessários
cuidados especiais com os membros, que devem estar
protegido pela braçadeiras e luvas de borracha.
Cuidados com vestuários (lavar e passar roupas)
O ato de lavar exige, às vezes, força física e uma maior
amplitude de movimento, o que pode provocar certo grau de
desconforto e dor, portanto, se for uma atividade necessária,
faça de uma maneira que não exija muito esforço pessoal,
optando por movimentos mais lentos, que não explorem a
força física.
Novas Opções de Tratamento
50
O cuidado deve ser especial no tocante ao uso de água
aquecida. É recomendável utilizar e sabões neutros e ficar
atento para micoses provocadas pela pele úmida,
principalmente quando a pessoa se esquece de lavar bem e
enxugar entre os dedos após suas tarefas.
Foto 12
Foto 13
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
51
Ao realizar atividades com o ferro de passar roupas,
procurar uma posição confortável, lugar fresco e ventilado,
e sendo possível, diminuir o tempo de realização desta
atividade, e realiza-la preferencialmente pela manhã.
Cuidados com as plantas (jardinagem)
Nas atividades cotidianas é normal que a pessoa se
dedique as plantas, sendo necessário alguns cuidados básicos.
Para lidar com as plantas deve-se usar mangas longas com
tecidos leves e antialérgicos, para proteção contra picadas
de insetos, além de gels ou protetores solares, porém atenção
para alguma alergia a esses produtos.
Redobrar atenção com materiais cortantes, dispondo
de luvas de borracha ou látex, sobreposta a braçadeira para
proteger o membro. Entre as atividades é importante estar
ciente que é necessário dar um intervalo para o descanso.
Se necessário utilizar recursos para não se esquecer
dos cuidados básicos, deixando sempre a vista luvas de
borracha, chapéu para o sol, protetor solar entre outros
acessórios úteis.
Fotos 14 e 15. Ilustram cuidados com plantas com o
uso da braçadeira e a proteção necessária para evitar pequenos
incidentes e provocar uma grave infecção.
Fazendo compras
É uma atividade normal para muitas pessoas, mas para
o portador de linfedema pode ser incomodo, seja pela
condição física, ou pela própria condição do ambiente, que
proporciona muito calor, limitação do movimento para
alcançar objetos em prateleiras, peso para carregar, entre
outros fatores.
Novas Opções de Tratamento
52
Considerando estes fatos orienta-se para que a pessoa
com linfedema não se prive de atividades cotidianas, mas as
adeqüe: limite o número de itens que vá carregar em sacolas,
utilize serviços de supermercados com carregadores e
Foto 15
Foto 14
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
53
carrinhos de compras. São considerações simples que ajudam
bastante.
Fotos 16, 17 e 18. Ilustram seqüência de atividades
diárias, as quais a pessoa não deve abrir mão. O paciente
com linfedema pode ir as compras, mas deve evitar sacolas
ou cestas pesadas. Isso tanto para o membro doente como
para o sadio. Pois poderá acarretar dores e problemas osturais
piores.
Foto 16
Foto 17 Foto 18
Novas Opções de Tratamento
54
Fotos 19 e 20. Ilustram como a pessoa deve carregar
suas compras, seja utilizando carrinhos ou solicitando ajuda
para distribuição do peso, todos esses cuidados simples vão
ajudar muito.
Foto 19
Foto 20
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
55
A pessoa com linfedema não pode se esquecer que o
uso da braçadeira vai ajudar a proteger seu membro
contra ferimentos e prevenir o agravamento do linfedema.
Por isso, é necessário que ela faça parte da vida do doente.
Atividades de higiene pessoal
Dentre as atividades de vida diária estão os cuidados
pessoais. No banho faça o uso de toalhas sempre limpas e se
possível de algodão para não ferir a pele. Os sabonetes e
cremes de banho devem ter pH balanceado, sem fragrâncias
e hipoalérgicos.
Quanto aos cuidados com unhas das mãos, corte-as de
forma quadrada que não provoca formação de cantos evitando
infecção, e ai invés de retirar a cutícula apenas empurre-as
com cremes.
Procure sempre a orientação do médico para o uso de
produtos adequados.
Materiais sugeridos para sua higiene
Água: em temperatura ambiente “nunca aquecida em
demasiado”, limpa.
Sabão: neutro
Toalhas: bem limpas e macias, podendo ser pequenos
pedaços de malhas, porém bem limpas.
Cremes hidratantes: neutro, sem álcool, cânforas ou
ácidos. Não são necessários produtos de alto custo, podem
ser utilizados vaselina, óleo de amêndoa ou outros.
Esterilize suas tesouras para corte de suas unhas.
Novas Opções de Tratamento
56
Foto 22
Foto 21
Fotos 21 e 22 ilustram os cuidados diários que podem
evitar uma infecção e o agravamento de seu linfedema.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
57
Escolhendo um vestuário conveniente
A vaidade é natural a todo ser humano. Embora
algumas vezes associada de forma negativa, mas com bom
senso ela pode ser transformada em um fator motivante.
Homens e mulheres criam seus estilos, é um fato natural.
Porém o linfedema normalmente faz com que as pessoas
modifiquem sua percepção de auto-imagem, pois seu corpo
alterou uma forma estética, a dimensão que os seus membros
adquiriram é muito alterada.
No dia-a-dia a condição não é muito atrativa para
manter-se criativo nos seus estilos; até porque existe a
necessidade de mudança no seu vestuário desde medidas até
adequação do material a ser confeccionado.
Acreditamos que o papel dos profissionais especialistas
(médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo,
assistente social, nutricionistas e outros) é mostrar que embora
haja dificuldades, também existem alternativas que não deixam
o paciente perder seu estilo.
1-Vestuário
Evite vestuários fatigantes, peças apertadas podem
prejudicar a circulação dos vasos linfáticos já doentes. Roupas
confeccionadas com tecidos leves e mais soltos não vão fazer
com que a pessoa perca o estilo.
O material das roupas intimas também devem ser
considerados. Não pode causar alergia. Para mulheres, as
alças suporte (soutiens) não podem comprimir. Prefira as não
elásticas, lembrando que alças e bandas devem ser somente
para segurança.
Novas Opções de Tratamento
58
Foto 23. Lembre-se não use acessórios elásticos
(principalmente em soutiens) que vão comprimir seu membro,
prefira as alças e tecido de algodão sem elástico.
Foto 23
Foto 24
Foto 24. Dê preferência a roupas confeccionadas com
tecidos mais leves e com abotoamentos na frente, torna-se
mais prático para sua colocação diária.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
59
Foto 25
Foto 25. Ilustra presença de uma manga sobre a
braçadeira, tecido leve para a pessoa se proteger do sol e de
picadas de insetos.
*Quando optar por fazer passeios em sítios e fazendas,
não se esqueça dos cuidados necessários. Passear é
importante, nunca deixe de ir a lugares por medo de piorar o
membro.
2-Acessórios
O uso de pulseiras, anéis e relógios com correias
apertadas devem ser evitados sobre o membro afetado.
Foto 26, Foto de relógio e anel no braço com linfedema.
Foto 27, no outro braço. Foto 28, simulação de injeção no
membro com linfedema. Foto 29, no outro braço.
Novas Opções de Tratamento
60
Foto 26 Foto 27
Foto 28 Foto 29
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
61
Foto 30. Ilustra os cuidados, protegendo seus dedos(
dedal).
*Quando for realizar algumas atividades, como costurar,
arrematar, fazer pequenos consertos em roupas, utilizando
agulhas e tesouras, utilize um dedal. São cuidados simples,
mas evitam um corte, uma picada de agulha e principalmente
uma infecção.
Lembre-se que apesar dos cuidados não é necessário
mudar seu estilo.
Em todas as atividades orientadas, embora possa
parecer que existe uma mudança radical no estilo de vida de
uma pessoa com linfedema, deve-se conscientizar que os
cuidados são necessários e que essas adaptações se tornarão
parte do cotidiano e as dificuldades serão vencidas.
Foto 30
Novas Opções de Tratamento
62
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
63
Capítulo VI
Atividades Linfomiocinéticas
Define-se as atividade linfomiocinéticas como toda
atividade que envolve o trabalho muscular, principalmente
dos grupos que estimulam o retorno venolinfático. Quando
estas atividades são programadas constituem exercício
muscular, porém, quando feitas de modo aleatório, constituem
atividades linfomiocinéticas. Estas atividades entram em ação
toda vez que esses músculos são requeridos para qualquer
tipo de deslocamento, como por exemplo, a marcha,
movimentar o membro, enfim quase todas as atividades que
fazemos diariamente.
É possível explorar essas atividades como forma de
tratamento e prevenção do linfedema, portanto devemos
identificar os movimentos de maior eficácia nessa forma de
tratamento. Além disso, deve-se analisar a forma como serão
realizados e a intensidade que devem ser feitos, além de
constatar se podem potencializar os seus resultados.
Entretanto, no tratamento do linfedema aconselha-se à
associação de terapias, pois se obtém um melhor resultado.
Neste caso as bandagens são as recomendadas para realizar
estas atividades. Por outro lado, as dificuldades com relação
às bandagens, que às vezes limitam essa prática, podem se
tornar num empecilho. Pois elas trazem uma serie de
problemas que tem sido resolvido nestes últimos anos, dentre
eles, as dificuldades em colocá-las, a inexistência de
profissionais treinados e capacitados e o custo.
Visando amenizar parte destes problemas Godoy &
Godoy desenvolveram uma braçadeira confeccionada com
Novas Opções de Tratamento
64
tecido de “gorguron” que traz uma série de benefícios aos
pacientes. Elas podem substituir as bandagens e possibilitar
que os pacientes tenham a liberdade de colocar e retirar com
certa facilidade, quando quiserem. Vamos detalhar mais
adiante sobre esta bandagem.
As atividades linfomiocinéticas associadas à braçadeira
vão se transformar em importante forma de tratamento e às
vezes são suficientes para manter o membro em condições
de normalidade.
A drenagem linfática também deve ser associada a esta
abordagem, porém é necessário escolher um profissional
treinado e especializado na pratica. Observa-se que muitos
profissionais realizam certos tipos de massagem e denominam
de drenagem linfática, porém essa pratica pode piorar ainda
mais as condições do membro. Além disso, uma forma de
tratamento inadequado pode dificultar o tratamento
posteriormente. No tratamento do linfedema deve ocorrer
uma constante melhora do membro, na maioria dos casos,
dificilmente se detecta piora. Tudo isso deve servir de alerta
para que a paciente procure um centro especializado de
tratamento. As pacientes com linfedema têm direito
assegurado ao tratamento, e devem busca-lo junto ao serviço
de saúde local exigindo seus direitos.
As atividades linfomiocinéticas são mais uma opção
no tratamento que vai favorecer a drenagem linfovenosa
durante todo o tempo em que se utiliza o braço, com as
orientações já realizadas, além de ajudar na prevenção do
edema e as contraturas quando não se utiliza seu membro.
O que se sabe é que é difícil disponibilizar tempo
necessário para os exercícios diários, o que sempre dificulta
parte dos resultados, assim as atividades linfomiocinéticas
oferecem ao paciente a possibilidade de realizar exercícios
com as atividades cotidianas, como nas tarefas de casa ou
ocupacionais e associados ao tempo que ele pode dispor,
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
65
obtendo assim uma somatória de atividades e exercícios
específicos, potencializando o resultado, e proporcionando
um grau de normalidade do membro e manutenção.
Conhecendo as atividades linfomiocinéticas
A seguir poderemos ver fotos ilustrativas de
atividades que podem ajudar a identificar quais
movimentos o paciente faz com mais freqüência e como
poderá se beneficiar durante o tratamento e prevenção
do linfedema.
Cozinhando
Durante atividades cotidianas como o cozinhar o
paciente poderá tirar proveitos dos movimentos para seu
tratamento. A todo o momento mexe-se com os braços e
estes movimentos (atividades linfomiocinéticas), quando
associados a braçadeiras, podem fazer parte do seu
tratamento. Outra coisa a ser analisada é quanto ao peso dos
objetos, panelas cheias e pesadas devem ser evitadas. Nesse
caso é aconselhado dividir o que você esta sendo preparado
em duas porções com pesos menores. São necessários
cuidados, mas se os movimentos são feitos com critérios
geralmente trazem benefícios.
O que é necessário você usar para esta atividade:
braçadeiras; luvas de borracha ou látex para evitar molhar as
braçadeiras e ajudar na proteção das mãos. As luvas de látex
não causam desconforto com as braçadeiras, além de ter um
custo menor que as de borracha.
Novas Opções de Tratamento
66
Foto31. Mostra a atividade de cozinhar, onde o doente
deve usar sua braçadeira e uma outra proteção.
Foto 31
Gráfico 1. Retrata o resultado de um estudo onde está
confirmado os efeitos benéficos das atividades
linfomiocinéticas durante a atividade de cozinhar, usando
braçadeira de “gorguron”.
*É importante estar atento ao calor e vapor das panelas.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
67
Lavando louças
Durante esta pratica, que quase toda mulher realiza,
vários movimentos vão compor as atividades linfomiocinéticas
e desses movimentos devem ser retirados os maiores
proveitos. Os melhores são aqueles que utilizam a flexão e
extensão do braço, portanto, sempre que você tiver a
oportunidade de realizá-lo, você deve fazê-lo.
São necessários cuidados essenciais como o uso de água
aquecida, a temperatura deve ser controlada, além dos
cuidados com esponjas com fios de aços, pois seus fios podem
atravessar o tecido da braçadeira e ferir a mão, prefira esponjas
macias e de espuma.
Utilize por cima da braçadeira luvas de borrachas, pois
elas protegem contra os fios de aço e objetos cortantes. Nesta
atividade acontece uma série de movimentos repetitivos, por
tempo prolongado, como o ato de escovar um alumínio para
dar brilho, mas nem sempre esses movimentos podem ser
úteis. Portanto são necessários cuidados para que possamos
realizá-los com menos intensidade. Também não use força,
isso vai piorar.
O que é necessário usar para esta atividade: braçadeiras;
luvas de borracha ou látex para evitar molhar as braçadeiras
e ajuda na proteção das mãos.
Movimentos realizados: rotação de punho; abdução de
braço e antebraço; flexão e extensão de braço e antebraço.
Novas Opções de Tratamento
68
Foto 32 e 33. Mostram atividades na cozinha, que
normalmente fazem parte do cotidiano e realizamos
automaticamente, porém para o linfedema os movimentos
com o membro, irão ajudar muito.
Foto 32
Foto 33
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
69
Limpeza da casa
Nem sempre dispomos de ajuda nas tarefas cotidianas,
ou até mesmo acumulamos com as realizadas fora de casa.
Mas devemos tirar bom proveito delas, já que podemos. Cada
uma das atividades como varrer, tirar o pó dos móveis, lavar
o piso, azulejos, arrumar camas, faz com que você trabalhe
várias cadeias musculares, inclusive as que favorecem a
drenagem linfática e venosa. Então podemos aproveitar essas
tarefas para ajudar no tratamento do braço. Porém não é
recomendável exagerar, evitando segurar peso, arrastar
móveis, adapte a melhor posição para vassoura, rodo, cuidado
com a postura ao tentar limpar em baixo de dos móveis, e
quando for utilizar produtos de limpeza, não se esqueça da
braçadeira e das luvas de borracha. Lembre-se sempre que
as atividades diárias são importantes, porém não exagere,
pois o edema pode piorar.
O que é necessário usar para esta atividade: braçadeiras.
Movimentos realizados: Rotação de punho; abdução
de braço e antebraço; e flexão e extensão de braço e antebraço.
*Seguem fotos ilustrativas de como se deve proceder
nessas atividades, nunca se esquecendo que você é a melhor
pessoa para adaptar suas necessidades.
Foto 34. Mostra varrendo a casa movimentando a
vassoura com membro sadio, tal atividade é menos eficaz do
que deslocar a vassoura com membro doente.
Gráfico 2. Estudo mostra as variações de pressão
de trabalho da braçadeira quando utilizado o membro
normal para segurar a vassoura.
Foto 35. Mostra varrendo a casa, utilizando o membro
doente no deslocando a vassoura.
Novas Opções de Tratamento
70
Foto 35
Foto 34
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
71
Gráfico 3. Estudo mostra o resultado da atividade
utilizando o braço doente para movimentar a vassoura,
esta forma de varrer permite maiores variações de
trabalho da braçadeira.
Fotos 36 e 37. Mostram atividades que fazem parte do
dia a dia, e que são muito importantes, pois com elas, o doente
faz flexão, extensão com o braço, trabalhando com o
movimento de seu punho e mão.
Lavando suas roupas
É uma atividade permitida e que pode ajudar desde
que, realizada com cuidado. De maneira geral para qualquer
mulher durante as atividades cotidianas são recomendados
doses de equilíbrio, não exagerar na força, no peso, cuidado
com a postura, com as quedas, entre tantas outras que também
nos expõem à riscos.
Gráfico 2
Gráfico 3
Novas Opções de Tratamento
72
Para utilizar de forma adequada os movimentos na hora
de lavar roupas, realize as atividades lentamente. Não explore
toda sua força física ao necessitar esfregar a sujeira de uma
roupa, lave peças mais leves, procure não torcer, utilize o
outro membro para ajudar. Nesta atividade também é
Foto 37
Foto 36
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
73
necessário cuidado com uso de água aquecida. Utilize sabões
neutros e esteja atento para micoses provocadas pela pele
úmida.
O que é necessário para realizar esta atividade: uso de
braçadeiras; uso de luvas de borracha sobrepostas às
braçadeiras, para proteger as mãos de sabões que podem
provocar alergias.
Movimentos realizados: flexão e extensão de braço e
antebraço.
*As fotos abaixo ilustram movimentos que irão ajudar
no tratamento, como na foto 8 e 9, onde as roupas são peças
pequenas, normalmente seu vestuário, porém não será útil
como na foto 10, peças pesadas e a utilização de força.
Foto 38. Lavando peças pequenas e leves.
Foto 39.Enxágüe de peças pequenas e com ajuda do
outro membro.
Foto 40. Ilustra a lavagem de peças pesadas e o uso de
esponja dura, utilizada para roupas bastante sujas, onde são
exigidas forças e não será benéfico para o paciente.
Foto 38
Novas Opções de Tratamento
74
Foto 39
Foto 40
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
75
Passando suas roupas
A atividade de passar roupa é permitida e vai ser muito
útil para ajudar no tratamento, pois serão utilizados vários
movimentos e acionados vários músculos. Ela exige alguns
cuidados essenciais, entre elas a escolha do horário adequado,
geralmente o período da manhã e em pequenas quantidades.
Adapte o dispositivo (mesa, tabua de roupa) onde irá passar
roupa, posicionando uma boa altura que possibilite passar
roupa sentada. O profissional que auxilia o paciente, pode
ajuda-lo a criar essas adaptações.
O que será necessário você usar para esta atividade:
Braçadeiras - com ela a pessoa evita de se queimar e
ainda movimenta o braço com a compressão necessária que
vai estar ajudando na drenagem venosa e linfática.
Foto 41. Ilustra movimentos úteis que o paciente vai
realizar.
Foto 42. Ilustra adaptação de posicionamento e altura
da mesa para que o paciente não exija tanto de seu membro
e seu corpo.
Colocando roupas no varal
O paciente pode usar essa atividade em favor próprio
sem sobrecarregar o braço com o peso das roupas que serão
estendidas, bem como o ombro, com varal tão alto. A paciente
deve pedir ajuda de seus familiares ou outras pessoas, não se
Novas Opções de Tratamento
76
Foto 41
Foto 42
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
77
incomodando com isso. Adapte o varal na altura exata para
evitar dor no ombro, respeitando a amplitude do seu
movimento. Mesmo que o grau de movimento seja pequeno,
com o dia a dia o verá progresso. O importante nessa atividade
é poder realizá-la, os movimentos devem estar aliados a
braçadeira. Para pendurar roupas pesadas a pessoa deve pedir
ajuda ou ajudar com o outro membro, desde que não cause
uma sobrecarga que poderá trazer problemas posturais e dores
contralateral.
O que é necessário para você estar usando nesta
atividade: braçadeiras.
Movimentos realizados: elevação do ombro; flexão e
extensão de braço e antebraço; e abdução de braço e
antebraço.
As fotos 43,44,45 e 46 ilustram a maneira correta de
realizar a atividade, adaptando o varal e utilizando o outro
membro para ajudar.
Fazendo tricô/crochê/digitando em seu computador
Atividades, como costura, tricô, crochê, digitação,
devem continuar fazendo parte da vida do paciente, mas como
são movimentos repetitivos, exigem cuidados essenciais como
utilizar uma cadeira confortável com braços. Se possível
coloque-a em um local bem arejado e tranqüilo, faça uma
adaptação para os braços, pode ser com um travesseiro ou
mesmo dois lençóis em forma de rolo, presos a estes braços,
aonde serão apoiados os do paciente. Atividades repetitivas
devem ser realizadas em intervalos para que o paciente
descanse o membro sem sobrecarrega-lo ao final do dia, o
que poderá trazer dores.
Novas Opções de Tratamento
78
Foto 43
Foto 44
Foto 45
Foto 46
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
79
Dúvida Freqüente: atividades exigem movimentos
repetitivos podem ser realizadas?
Sim, desde que a atividade seja avaliada pelo
profissional que cuida do paciente, e sendo prescrita, deve-
se tomar sempre o cuidado com o posicionamento do membro
e o tempo de realização. Fazer intervalos de descanso do
membro com elevação, pois caso realize a atividade várias
horas seguidas, perceberá um aumento do edema e dores no
membro.
Ouso da braçadeira é fundamental para melhorar a ação
durante a atividade.
Veja a seguir fotos ilustrativas de atividades que o
paciente deve continuar realizando e que irá ajudá-lo no
tratamento desde que tomados os devidos cuidados.
Foto 47 e 48. Ilustram atividades que podem fazer parte
do cotidiano, com adaptações e posicionamento necessários
para serem bem realizadas.
Não esqueça de controlar o tempo de realização, não
exagere, sabemos que o que dá prazer faz-nos esquecer do
tempo, mas temos que estar atento.
Cuidando das plantas
Cuidar das plantas é uma atividade que nem sempre
faz parte do cotidiano das pessoas, seja pelo local onde mora,
ou pelo próprio gosto das pessoas. Porém, se fizer parte do
cotidiano do paciente, é uma atividade que pode ajudar no
tratamento do edema. Quando a pessoas está cuidando das
plantas pode arejar sua mente e utilizar os movimentos,
principalmente aqueles de flexão e extensão do braço, para
ajudarem na melhora do edema. As atividades indicadas aqui
Novas Opções de Tratamento
80
são para ajudar no tratamento do edema, diminuindo as dores,
proporcionando independência nas atividades diárias, mas
nunca deixando de lado os cuidados essenciais. O paciente
Foto 47
Foto 48
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
81
não deve transportar peso de um canteiro para outro,
utilizando mangueira para regar as plantas e não de baldes
pesados, evitar o sol, redobrar os cuidados com os pesticidas
que podem causar alergia.
Neste caso o essencial é o movimento que será realizado
com o braço e o prazer de lidar com suas plantas.
O que é necessário utilizar para esta atividade:
braçadeiras; chapéus/bonés e blusas de manga longa de tecido
macio e leve para proteção do sol, quando estiver trabalhando
em jardins, hortas; luvas de látex com as braçadeiras para
evitar o contato com a terra. Movimentos realizados: rotação
de punho; abdução de braço e antebraço; flexão e extensão
de braço e antebraço.
Fotos 49,50 e 51. Ilustram como a pessoa pode cuidar
das plantas, arejando a mente e utilizando os movimentos,
principalmente aqueles de flexão e extensão do braço que
ajudam a melhorar o edema.
Cuidados pessoais
Nos cuidados pessoais também é possível favorecer o
tratamento, utilizando o membro, com a braçadeira para
realizá-los. O ato de pentear-se, escovar os dentes, fazer a
maquiagem, faz com que a pessoa trabalhe várias cadeias
musculares que com a compressão favorecem a drenagem
linfovenosa. É importante que a paciente se cuide e se sinta
mais bonita.
Novas Opções de Tratamento
82
Foto 51
Foto 50
Foto 49
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
83
Fotos 52 e 53. Ilustram alguns cuidados pessoais que
podem favorecer no tratamento quando a paciente usa o
membro com linfedema para realizá-lo.
Sobre a sua atividade de trabalho fora de seu lar
A pessoa não deve afastar-se da vida de trabalho fora
do lar, a ocupação pode se transformar numa forma
terapêutica para o linfedema. Quando o paciente procura
orientação sobre os movimentos, a melhor maneira de realiza-
los, a adaptação da braçadeira e quais cuidados deve tomar
para a prevenção de infecções, o trabalho vai proporcionar
uma vida mais produtiva, e econômica.
Foto 52
Foto 53
Novas Opções de Tratamento
84
Importante: Usar a braçadeira como uma aliada na
realizaçâo de suas tarefas vai potencializar a drenagem
linfovenosa do braço durante o tempo que o mesmo
estiver em movimento. No final do dia o paciente vai se
sentir muito melhor, sentido o braço muito mais leve.
Alerta:
As mulheres devem realizar todas as atividades diárias,
seguindo as orientações e cuidados básicos, que envolvem
as atividades linfomiocinéticas como uma forma de terapia
do linfedema. Esta opção tem demonstrado ser muito útil no
tratamento do linfedema, principalmente para mulheres com
muitos afazeres dentro de casa, e com trabalho fora. As
atividades da vida normal agem de forma terapêutica, fazendo
bem à paciente que se sentirá mais produtiva, útil e
independente e isso gera boa qualidade de vida que é o
objetivo de todo o tratamento.
DICAS UTEIS
Não esquecer: usar a medicação preventiva para
infecção conforme a orientação do médico; beber muita água
durante o dia; fazer uma alimentação balanceada, a obesidade
piora o linfedema; procurar ter uma boa noite de sono; evitar
o álcool, pois ele piora o edema; evitar o fumo, ele não deixa
a pele respirar e faz mal a saúde.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
85
Capitulo VII
Exercícios Linfomiocinéticos
O exercício linfomiocinético tem como objetivo a
aquisição de movimentos e a melhora funcional do membro.
Portanto, os exercícios constituem no grande instrumento
que vai facilitar a drenagem linfovenosa. No linfedema duas
regras fundamentais devem ser obedecidas para realização:
conhecer individualmente as necessidades de cada caso (o
grau do edema, a localização, grau de contratura, força
muscular, capacidade respiratória e cardíaca) e a intensidade
de como serão realizados os exercícios.
Associando essas regras a esses fatores pode-se definir
o tipo de exercício a ser criado e adaptado a cada paciente.
Para isso, é importante a orientação e acompanhamento de
profissionais especializados em linfedema.
Os exercícios deverão favorecer a drenagem e manter
as reduções do tamanho do membro conseguidas no
tratamento. É importante fazer uso contínuo das meias de
baixa elasticidade, as de “gorguron”, para realizar os
exercícios em casa e na clinica de tratamento, pois elas agem
intensamente no exercício, favorecendo a drenagem
linfovenosa.
Os exercícios realizados em posições que proporcionam
a redução da pressão gravitacional, são fundamentais e trazem
grandes vantagens em relação aos resultados, pois a contração
dos músculos deve vencer uma menor pressão. É por esse
motivo que quando quando o paciente deita com o braço
edemaciado, elevando um pouco, melhora o edema. Nesse
caso a única coisa que fizemos foi retirar o efeito da pressão
gravitacional.
Novas Opções de Tratamento
86
Deve-se evitar os exercícios de impacto, mesmo que o
paciente consiga fazer alguma coisa sem que ele traga um
edema imediato, porém com o tempo a tendência é uma
deteriorização do sistema linfático e esses mesmos exercícios
que o paciente tolerava passa a não tolerar mais. É comum o
surgimento do edema estar associado a algum tipo de impacto.
Em resumo, os exercícios são importantes no
tratamento do linfedema, principalmente associados com as
bandagens, porém o paciente necessita de orientação de um
profissional especializado no tratamento do linfedema.
Cuidados com a nutrição
Os cuidados nutricionais mais importantes referem-se
ao ganho de peso que é um fator agravante para o surgimento
do linfedema bem como para o seu tratamento. A ansiedade
e outros fatores podem contribuir para o desequilíbrio
nutricional que deve ser monitorizado desde o inicio do
tratamento. A orientação com endocrinologista e nutricionista
pode ser útil. A pessoa deverá manter uma alimentação
saudável e peso correto, pois o excesso de peso vai piorar o
linfedema. O membro ficará mais pesado, se tornando difícil
para manuseá-lo, além de outros problemas de saúde que
podem ocorrer da obesidade.
Desta maneira, é útil que profissionais especializados
avaliem as necessidades calóricas e a dieta correta para cada
paciente.
Dicas Uteis
Consultar um médico e uma nutricionista, faça a
avaliação do caso e siga corretamente as orientações.
Dietas sem orientação profissional pode trazer danos a
saúde.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
87
Não abuse de álcool e cigarro.
Hidrate-se bem, tome bastante água.
Tenha sempre uma boa noite de sono.
Aspectos psicológicos-grupos de ajuda
Quando a pessoa têm um linfedema, passa a enfrentar
um novo caminho de vida, às vezes diferente de outras
pessoas. É natural o sentimento de raiva, tristeza, não
aceitação da doença. Muitas vezes o problema surge após
um evento que já foi traumático, como o câncer. É natural
que os problemas físicos alterem as emoções do paciente.
Neste primeiro momento, quando a pessoa se depara
com o linfedema é importante uma atitude de busca sobre o
que esta acontecendo, como esta doença evolui, quais as
formas de tratamento, o que se deve fazer para contribuir
com o tratamento.
Será importante uma atitude otimista, contando com a
ajuda de familiares, amigos, profissionais especializados e
grupos de apoio. Em alguns casos pode ocorrer a depressão
e esta deve ter a intervenção médica e psicoterapeutica. Com
a depressão a pessoa sente-se sozinha, desanimada frente à
vida, com crises de choros freqüentes, dificuldade para se
concentrar entre outros sintomas. É difícil a auto consciência
dos sintomas, portanto neste caso a ajuda dos familiares e
amigos é fundamental.
Em relação às opressões emocionais, o suporte
psicológico com psicoterapia e grupos terapêuticos, sempre
com a presença de um profissional especializado, no caso
um psicólogo, será bem vinda. Neles se terá a oportunidade
de expressar seus sentimentos, dividir experiências com
pessoas que já enfrentaram problema semelhante e como
foram resolvidos.
Novas Opções de Tratamento
88
Nem todas as pessoas conseguem se expressar em
grupos, mostrar suas emoções, desta forma, a terapia
individual deve ser benéfica. O importante é que a pessoa
tenha em mente o que poderá ajudar-lhe.
Como começar a frequentar um grupo de apoio
1- Através do médico especialista procure
informações sobre a existência de um grupo de atendimento
de linfedema que tenha vários profissionais especializados.
2- Marque o primeiro atendimento, exponha o
problema. Os profissionais irão encaminhá-la para o
atendimento necessário.
3- Procure seguir o atendimento corretamente, se
proponha a melhorar.
4- Busque também se interar sobre a existência de
grupos de iniciativas privadas ou voluntárias onde acontecem
encontros entre pessoas com o mesmo problema. No caso
da cidade não oferecer o serviço, peça apoio a equipe de
saúde que esta te atendendo, órgão municipais e outras
pessoas ou entidades e tente formar um grupo.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
89
Capitulo VIII
Câncer de mama
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais
freqüente no mundo e o primeiro entre as mulheres (cerca de
um milhão de casos novos estimados). Mais da metade dos
casos novos ocorrem em países desenvolvidos. A incidência
por câncer de mama feminina apresentou um crescimento
contínuo na última década, o que pode ser resultado de
mudanças sócio-demográficas e acessibilidade aos serviços
de saúde. Seu prognóstico é relativamente bom se
diagnosticado nos estágios iniciais. Estima-se que a sobrevida
média geral cumulativa após cinco anos seja de 65% (variando
de 53 e 74%) nos países desenvolvidos, e de 56% (variando
de 49 e 51%) para os países em desenvolvimento. Na
população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de
61%.
No Brasil, dados do Instituto Nacional do Câncer,
refere-se que o número de casos novos de câncer de mama
esperados para o Brasil em 2005 é de 49.470, com um risco
estimado de 53 casos a cada 100 mil mulheres. Dados
específicos regionais relatam que na região Sudeste, o câncer
de mama é o mais incidente entre as mulheres, com um risco
estimado de 73 casos novos por 100 mil. Sem considerar os
tumores de pele não melanoma, este tipo de câncer também
é o mais freqüente nas mulheres das regiões Sul (71/100.000),
Centro-Oeste (38/100.000) e Nordeste (27/100.000). Na
região Norte é o segundo tumor mais incidente (15/100.000).
Sobre as medidas práticas específicas de prevenção
primária do câncer de mama aplicável à população parecem
não serem efetivas, embora se sugere que a prevenção do
tabagismo, alcoolismo, obesidade e sedentarismo reduzem o
risco de câncer de mama. Avanços tecnológicos têm sido
Novas Opções de Tratamento
90
direcionados para o diagnóstico precoce e o tratamento no
sentido de melhorar a sobrevida das pacientes.
No Brasil mesmo com as campanhas preventivas para
o diagnóstico precoce e tratamento ainda é alta a taxa de
mortalidade, atribuindo ainda o diagnóstico em estágios
tardios. Com base nas informações disponíveis dos Registros
Hospitalares do INCA, no período 2000/2001, 50% dos
tumores de mama foram diagnosticados nos estádios III e
IV. O Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco
e Morbidade referida de Doenças e Agravos não
Transmissíveis do Ministério da Saúde, desenvolvido pelo
INCA em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde,
mostrou que para as 16 localidades brasileiras analisadas (15
capitais e o Distrito Federal) a cobertura estimada de
realização de mamografia variou entre 37% e 76%.
Entretanto, o percentual de realização deste exame pelo SUS
variou entre 17% e 54% do total, o que em parte explica o
diagnóstico tardio e as altas taxas de mortalidade. (INCA,
2005).
Confira na tabela abaixo, oferecida pelo INCA, os dados
sobre o câncer de mama no Brasil.
Tabela 1. Estimativas para o ano 2005 das taxas brutas de
incidência por 100.000 e de número de casos novos por
câncer, em mulheres, segundo localização primária. * INCA,
2005. www.inca.gov.br
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
91
1) Cuidados pós-operatórios
Aproximadamente 70 % ou mais das mulheres que
fizeram tratamento para câncer de mama não desenvolverão
linfedema clinico. Portanto, elas não necessitarão de drenagem
linfática em momento algum. Não se aconselha fazer
drenagem linfática no sentido de prevenir o linfedema. Por
outro lado é muito difícil para o oncologista garantir com
100% de certeza que a paciente está curada. A grande contra
indicação da drenagem linfática é a possibilidade de favorecer
a metástase de células cancerosas e assim disseminar o câncer.
As pacientes que não tiveram os seus linfonodos
retirados durante a cirurgia tem menor risco de linfedema
devido ao procedimento. Entretanto, as mulheres que tiveram
a ressecção de linfonodos apresentam maior risco.
No pós-operatório é importante manter os movimentos
do membro e para isso os recursos fisioterápicos e da terapia
ocupacional são fundamentais.
A utilização do membro é aconselhada, porém com
limitações e cuidados. As pacientes devem ser orientadas
quanto às atividades que podem realizar e como realizar e de
que maneira tirar proveito dessas atividades.
2) Principais Problemas Encontrados por Pacientes com
Câncer de Mama e Sugestões
O câncer é percebido ainda hoje como uma condenação,
como um castigo - merecido ou não - estando ainda
fortemente associado à idéia de morte. A partir desta vivência,
a pessoa, que se sabe portadora de câncer, tende a se isolar
procurando esconder dos outro e, por vezes, até de si mesma,
a sua doença.
O surgimento de uma doença como o câncer é um
evento traumático na vida de
Novas Opções de Tratamento
92
qualquer pessoa, seja pelo estigma que a doença carrega de
morte, dor e solidão, seja pelos tratamentos, na maioria das
vezes, agressivos, ou mesmo pelas limitações da medicina
em uma área onde ainda há muito a ser descoberto. A
interrupção de planos futuros, as mudanças físicas e psíquicas,
do papel social e do estilo de vida, bem como as preocupações
financeiras. Cada fase da doença modifica a dinâmica de
vida do paciente, sua rotina diária, ocupação, estrutura
familiar e conjugal, relações interpessoais, lazer, entre outras.
Quando se recebe o diagnóstico de câncer de mama,
cada mulher reage de uma maneira, em geral depende dos
parâmetros médicos da doença, o que a paciente realmente
escuta ou quer escutar de seu médico, suas habilidades de
enfrentamento, disponibilidade emocional, sua estabilidade
familiar e suporte financeiro.
O câncer de mama afeta muitos aspectos, dentre eles a
sexualidade feminina. A mama é considerada um atributo da
feminilidade na nossa sociedade e perder este atributo é sentir-
se menos desejada. A sexualidade é algo amplo, envolve a
percepção da auto-imagem, vontade de viver e a maneira de
se relacionar com outras pessoas.
A mastectomia, seja ela parcial ou radical, implica um
comprometimento na auto-imagem corporal, podendo
acarretar danos ao conceito que se tem de si próprio, e a
aceitação ou não da própria sexualidade dentro do
relacionamento sexual, medo de não aceitação do parceiro,
sentimento de inferiorização em relação a outras mulheres.
Por conta disso, a própria mulher se afasta de seu
parceiro, gerando às vezes uma cobrança por parte desses, e
não havendo um entendimento naturalmente, vai existir um
conflito e o afastamento do parceiro.
Nós vivemos em uma sociedade culturalmente
machista, onde o homem quando é rejeitado sexualmente por
sua parceira, independente do problema, busca novas opções.
É muito comum em relatos de mulheres mastectomizadas, o
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
93
abandono ou a separação durante o tratamento ou durante o
processo de reabilitação. Em alguns casos devido à própria
formação cultural o casal permanece no “mesmo teto”, porém
cada um com sua vida independente. O que parece não ser
compreendido nesta relação é que além da física, existe a dor
emocional, com a mutilação, medo da não aceitação do
parceiro, familiares e a discriminação por parte da sociedade.
Normalmente se tenta resolver esta dor isoladamente,
esbarrando no que seria o pior dos inimigos, que é o silêncio,
o que faz que o casal se distancie cada vez mais. Não
compartilhar traz dor e distanciamento nas relações familiares
e sociais, criando uma barreira entre a paciente e o mundo.
Todo este distanciamento se deve a falta de um apoio
psicológico de enfrentamento das mudanças físicas, psíquicas
e da consciência da real limitação para não transformar o
problema em uma forma de ganho secundário, como atenção
na sua totalidade por parte das pessoas que a cercam.
Nas queixas sobre as mudanças na vida após a
mastectomia, é comum a presença do desenvolvimento do
edema, a limitação do braço, a dor cervical pelo peso do
membro, postura incorreta, prostração, às vezes pelo próprio
estado de depressão, dificuldades para realizar as atividades
cotidianas. Muitas paciente apresentam aumento do peso
corporal, por passar mais tempo em casa, utilizam o alimento
como fonte de prazer, e diminuição das atividades
ocupacionais, que na maioria das vezes pedem afastamento,
passam também a serem rejeitadas por estarem obesas.
Com isso, torna-se necessário a reabilitação
interdisciplinar, ou seja a iniciar pela equipe de médicos que
a assistiram durante o diagnóstico, cirurgia, quimioterapia e
/ou radioterapia com o encaminhamento para a equipe
adequada, além de oferecer orientações iniciais para a família
sobre todo o caminho que esta paciente vai percorrer.
Durante a reabilitação é importante que a equipe
conheça bem a paciente, e tenha formação específica para
Novas Opções de Tratamento
94
este tipo de reabilitação, utilizando técnicas adequadas. Nos
primeiros atendimentos onde a paciente esta mais fragilizada
é importante receber todo apoio e afetividade por parte dessa
equipe, levando uma conscientização sobre a importância da
reabilitação e a necessidade da adesão ao tratamento.
As avaliações iniciais devem verificar as queixas, o que
modificou na vida cotidiana, familiar, social, ocupacional, e
como ela gostaria que voltasse a ser. A partir desses relatos é
possível iniciar a reabilitação que deve visar à independência
nas atividades cotidianas, na ocupação e nas relações
familiares e sociais.
É comum que muitas pacientes se sintam incapazes de
retomar a vida cotidiana, optando por se isolarem dentro de
casa. Cabe aos profissionais e familiares apoiar a paciente
em busca da reabilitação. Ressaltando a necessidade de voltar
à vida normal, e o benefício que a independência conseguida
vai trazer. A mulher mastectomizada e ainda seguido de todas
complicações, edema, dor entre outras sente medo frente às
atividades cotidianas por parecer que vai piorar toda a situação
do membro. Normalmente ela deixa de realizar as atividades,
nem que seja parcialmente.
Existe muita cobrança e incompreensão familiar e
social, porque é próprio do ser humano ser produtivo e nossa
sociedade cobra, principalmente da mulher com ocupação
centrada em casa, que não aja diminuição da mesma, chegando
a condena-la. Isso agrava as relações e os sentimentos
negativos causados pela doença.
Aconselha-se a realização das atividades normais,
porém com cuidados específicos, o que nem sempre é seguido
pelo fato dessas incompreensões sociais e familiares ou
decisões próprias, e a mulher se remete a condições de
agravamento físico, sensações de inutilidade, raiva, negação.
Esta condição emocional reflete diretamente na
evolução do tratamento e nas orientações, treinamentos para
prática normal das atividades, volta à vida ocupacional.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
95
Esta volta nem sempre é bem aceita, assim como a volta
às atividades cotidianas, porque elas sempre vão ser
acompanhadas de cuidados com o membro, mas esta ação é
muito importante para vida de um modo geral e para a própria
reabilitação do braço, que vai utilizar os movimentos para
melhorar a funcionalidade.
As braçadeiras servem como um suporte que irá
favorecer a drenagem linfovenosa, proteger o membro e
manter o volume do mesmo, porém são grandes as
dificuldades de uso pelas condições climáticas, o desconforto,
a vergonha de usá-las perante a sociedade, por causar
curiosidade, além de que um membro com um volume maior
já é um motivo de atenção por parte das pessoas. Porém não
se deve dispensá-la, ela é muito importante no tratamento. O
entendimento e aceitação da paciente em todas as etapas e a
necessidade de alguns suportes, como as braçadeiras são
fundamentais.
A depressão é um sintoma comum durante todas essas
alterações por isso, é necessário o suporte de um profissional
da saúde, um psicólogo especializado, para avaliar e ajudar
nesse momento. Muitas vezes necessita-se da intervenção
do médico com acompanhamento medicamentoso.
Normalmente estes sentimentos são percebidos pelo
paciente, mas ele não consegue procurar ajuda sozinho, sente
medo.
Atualmente não se pode pensar somente no tratamento
da doença, mas também nos aspectos que afetam de forma
global as pessoas que passam por esta dificuldade e pensar
também quais conseqüências posteriores vão afetar a vida
dessas pessoas. Há uma necessidade eminente da presença
de uma equipe especializada para o atendimento e orientação,
antes, durante e após a cirurgia, trabalho que deve se seguir
posteriormente para resolver possíveis complicações.
A orientação familiar consciente em todas as etapas
dificuldades do tratamento, a necessidade do carinho, apoio
Novas Opções de Tratamento
96
e incentivo para volta a suas atividades são os fatores
primordiais para a qualidade de vida dessas pessoas.
Uma outra forma de apoio são os grupos formados
por voluntários da comunidade onde se troca experiências
vivenciadas. Participam profissionais da saúde e pessoas que
já vivenciaram o problema. O objetivo é dar um suporte para
o enfrentamento das adversidades ocorridas na doença. Por
outro lado podem ser desenvolvidas atividades comunitárias,
visitas a pessoas que estão em recuperação, palestras, entre
outras, tudo para fortalecer o sentimento de ser útil e
produtivo.
A mastectomia às vezes traz complicações, como o
linfedema, mas isso não pode ser um estigma na vida de uma
pessoa. Todas as mudanças e dificuldades enfrentadas pelo
paciente, deve servir para mudar seu estilo de vida, melhorar,
aprender e adaptar-se as coisas novas que a vida oferece e
que talvez as pessoas que não passaram por isso não terão
oportunidade de conhecer.
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-Andrade MFC. Linfedema: Epidemiologia,Classificação e
fisiopatologia. In Maffei FHA, Lastoria S, Yoshida W, Rollo
Há Doenças Vasculares Periféricas. São Paulo: Medsi 2002.
p.1641-6.
2-Belczak CEQ. Compressão por Ataduras e Meias nas
Enfermidades Venosas e Linfáticas. In Godoy JMP, Belczak
CEQ, Godoy MFG. Reabilitação Linfovenosa. Rio de
Janero:DILivros, 2005. p.61-113.
3-Brizzio EO, Stemmer R, Allegra C, et al. CD de la
Compresión en Medicina. Biblioteca Médica digital BMD.
Dirección científica da AMA (Asociación Médica Argentina).
Prof Dr Elias Hurtado Hoyo. Produzido e distribuído por
Data Visión S.A. 2002.
4-Casley-Smith JR. Psycho-Social and Psysical Issues
Affecting Patients with Lymphoedema. The European Journal
of Lymphology and related problems 2001; 9(34):73.
5-Casley-Smith Judith R. & Casley-Smith JR. Complex
Decongestive Physical Therapy. Adelaide: Lymphoedema
Association of Australia; 1995.
6-Ciucci Jl, karapp JC, Soracco JE, Aygoavella J,
Marcovecchio LD, Salvia C, et al. Clinica e Evolução na
Abordagem Terapêutica Interdisciplinar em 640 Pacientes
com Linfedema Durante 20 anos. Journal Vascular Brasileiro
2004;3(1):72-6.
7-Foldi M, Foldi E, kubik S. Textbook of Lymphology.
Munchen: Elsevier, 2003.p.689.
8-Gardner E, Gray DJ, O’Rahilly R. Anatomia - Estudo
Regional do Corpo Humano. 4a ed. Rio de Janeiro. Guanabara
Koogan. 1978; p.43-45, 98-103, 198-201, 698-699.
9-Godoy JMP. Fisiopatologia do Sistema Linfático. In Godoy
JMP, Belczak CEQ, Godoy MFG. Reabilitação Linfovenosa.
Rio de Janeiro:DiLivros, 2005. p.37-41.
Novas Opções de Tratamento
98
10-Godoy JMP, Godoy MFG. Tratamento do Linfedema. In
Godoy JMP, Belczak CEQ, Godoy MFG. Rio de
Janeiro:DILivros, 2005.p.49-52.
11- Godoy JMP, Godoy MFG. Drenagem Linfática Manual.
In Godoy JMP, Belczak CEQ, Godoy MFG. Rio de
Janeiro:DILivros, 2005. p.109-113.
12- Godoy JMP, Godoy MFG Auto-Aplicação da Drenagem
Linfática Manual. In Godoy JMP, Belczak CEQ, Godoy MFG.
Rio de Janeiro:DILivros, 2005. p.121-4.
13- Godoy MFG. Atividades de Vida Diária no Tratamento
do Linfedema. In Godoy JMP, Belczak CEQ, Godoy MFG.
Rio de Janeiro:DILivros, 2005. p.139-42.
14- Godoy JMP, Godoy MFG, Valente FM. Exercícios
Miolinfocinéticos. In Godoy JMP, Belczak CEQ, Godoy
MFG. Rio de Janeiro:DILivros, 2005. p.135-38.
15-Godoy JMP, Godoy MFG. Drenagem Linfática.Um Novo
Conceito. Jornal Vascular Brasileiro 2004;3(1):77-80.
16-Godoy JMP, Godoy MFG. Bandagem Co-Adesiva no
Tratamento do Linfedema. Revista de Angiologia e Cirurgia
Vascular 2003.
17-Godoy JMP, Godoy MFG. Avaliação de Meia de Tecido
não Elástico No Tratamento do Linfedema de Membros
Superiores. Lymphology 2002/03; 35(Suppl 2): 256-263.
18-Godoy JMP, Godoy MFG. Atividades de Vida Diária em
Portadores de Linfedema. Lymphology 2002/3; 35(Suppl 2):
211-17.
19-Godoy JMP, Godoy MFG. Bandagens no Tratamento do
Linfedema.HB Científica 2002; 9(3): 180-2.
20-Godoy JMF, Godoy MFG, Batigalia F. Preliminary
Evaluation Of A New, More Simplified Physiotherapy
Technique For Lymphatic Drainage. Lymphology 2002; 35:
91-93.
21-Godoy JMP, Braile DM, Godoy MFG. A Thirty-month
Follow-up of the Use of a New Technique for Lymph Drainage
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
99
in Six Patients. European Journal Vascular Endovascular
Surgery 2002, 3: 91-3.
22-Godoy JMP, Godoy MFG, Braile DM, Jr. Longo O. Qualiy
of Life and Peripheral Lymphedema. Lymphology 2002;
35(2):72-5.
23-Godoy JMP, Godoy MF, Valente A, Camacho EL, Paiva
EV. Lymphoscintigraphic Evaluation in Patients After
Erysipelas. Lymphology 2000; 33:177-180.
24-Godoy JMP, Godoy MFG. Drenagem Linfática Manual.
Uma Nova Abordagem. São José do Rio Preto: Lin
Comunicação, 1999.
25-Guedes HJN. Linfedema-Classificação-Etiologia-Quadro
Clínico e Tratamento não Cirúrgico. In Brito CJ, Duque A,
Merlo I, Rossi M, Lauria F, Filho V. Cirurgia Vascular. Rio
de Janeiro: Revinter, 2002. p. I- 228-35.
26- INCA (Instituto Nacional de Câncer). Estimativas da
incidência e mortalidade por câncer. Rio de Janeiro: Ministério
da Saúde; 2005.
27-Ingrid Kurz. Textbook of Dr. Vodder’s Manual Lymph
Drainage. Heideberg: Haug Verlarg; 1997.
28-Nieto S. Kinesioterapia del Linfedema. Memórias del
Symposium ZYMA sobre Linfedema. V Congreso de la
Sociedad Panamericana de Flebología y Linfología, 21 de
Mayo de 1992, Buenos Aires (Argentina).Ed. ZYMA S.A.
Barcelona, 1993.
29-Witte CH. Quality of Life. Lymphology 2002; 35(2):44-
5.
30-World Health Organization. Global cancers rates could
increase by 50% to 15 million by 2020. Geneva, 2003.
Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/releases/
2003/pr27/en/print.html
Novas Opções de Tratamento
100
INDICE REMISSIVO
A
Atividade(s)
da vida diária no tratamento do linfedema,--
adaptações,--
lazer,--
domésticas,--
miolonfocinéticas,--
trabalho muscular, --
retorno venolinfático, --
agravamento,--
auto-drenagem linfática, --
aspectos psicológicos, --
Grupo de apoio, --
B
Bandagem
não elástica, --
baixa elasticidade, --
média elasticidade, --
alta elasticidade, --
Braçadeira “ Gorguron”, --
C
Contra indicação, --
-uso da compressão, --
Câncer, --
Cuidados pós operatório, --
D
Drenagem linfática manual, --
E
Elefantíase, --
Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy e Profa. Maria de Fátima Guerreiro Godoy
101
Exercícios miolinfocinéticos, --
F
Linfedema, --,--
G
Gorguron, --
M
Mecanismo de ação, --
Miolinfocinéticas, --
N
Nutrição, --
O
Orientações
-AVDs, --
-cozinha, --
limpeza de casa, --
vestuário, --
jardinagem, --
compras, --
higiene pessoal, --
S
Sistema circulatório, --
Sistema linfático, --
Sinais,sintomas, --
T
Técnica Godoy, --
Teste de pressão nas atividades linfomiocinéticas, --
V
Vasos, --
artérias, --
veias, --
linfáticos, --