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Reflexões sobre Jornalismo e História Oral: um campo com mais convergências do que dissonâncias

Authors:

Abstract

Este artigo reflete sobre as aproximações entre o jornalismo e a história oral, concentrando-se em três eixos. O primeiro é o mapeamento de um breve comparativo históricos dos métodos, onde fica clara a importância das entrevistas radiofônicas para o desenvolvimento da história oral. O segundo aborda a noção da veracidade que permeia as áreas, enfatizando que tanto formas mais aprofundadas do jornalismo − caso do Jornalismo Literário − e a história oral têm uma visão compreensiva e abrangente da realidade, por entenderem que os entrevistados, ao se basearem em sua memória, transitam numa esfera subjetiva. Finalmente, o terceiro eixo é dedicado à questão da autoria, que difere nas duas abordagens. Acima de tudo, sugere-se que se tratam de práticas complementares, cujo uso combinado supera lacunas em cada um dos métodos.
ISSN nº 2447-
4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
RESUMO
E
ste artigo reflete sobre as aproximações entre o jornalismo e a história oral,
concentrando-
se em três eixos. O primeiro é o mapeamento de
1
Doutora em Ciências da
Comunicação pela ECA
pesquisa pós-
doutoral junto ao departamento de R
IAMC
R (International Association for Media and Communication Research) e ICA (International
ambientes digitais, livros-
reportagem e documentários. Contato: monica.martinez@prof.uniso.br.
Conteúdo. Su
as pesquisas contemplam igualmente a interface com outras áreas do saber, como
martinez.monica@uol.com.br
.
2
Endereço de contato da
autor
Gradua
ção em Comunicação e Cultura.
18023-
000. Sorocaba, São Paulo, Brasil.
Reflexões sobre
Jornalismo e História
Oral: um campo com
mais
convergências do
que dissonâncias
4266
Vol. 2, nº 1, Janeiro
-
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
-
4266.2016v2n1p76
Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
Monica Martinez
1, 2
ste artigo reflete sobre as aproximações entre o jornalismo e a história oral,
se em três eixos. O primeiro é o mapeamento de
Comunicação pela ECA
-USP, tem pós-
doutorado pela UMESP e estágio de
doutoral junto ao departamento de R
á
dio, Televisão e Cinema da Universidade do Texas.
Tem mestrado em Ciências da Comunicação pela ECA
-
USP e graduação em Comunicação
pela UMESP. É docente do Programa de Pós
-
Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade
de Sorocaba (Uniso), onde é colíder do Grupo de Pesquisa em Narrativas Midiáticas (NAMI). É diretora
científica da SBPJor (Associação Brasileira de Pes
quisadores em Jornalismo), onde é colíder da Rede de
Narrativas Midiáticas Contemporâneas, e coordenadora adjunta do GP de Teorias do Jornalismo da
Intercom. Integra o Cisc (Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia) e, no exterior, a
R (International Association for Media and Communication Research) e ICA (International
Communication Association). Seus interesses na área de pesquisa em Comunicação e do Jornalismo
envolvem aspectos epistemológicos e metodológicos relacionados às narrati
vas e suas relações com o
mundo contemporâneo. Dedica
-
se ao estudo do Jornalismo Literário em variados suportes, como
reportagem e documentários. Contato: monica.martinez@prof.uniso.br.
Pesquisa narrativas biográficas, caso de Me
mórias, Perfis e Biografias. Esses estudos estão
relacionados ao contexto das relações de gênero e dos sistemas midiáticos no âmbito dos BRICS. Do
ponto de vista metodológico, atualmente concentra
-
se no emprego de História de Vida e Análise de
as pesquisas contemplam igualmente a interface com outras áreas do saber, como
Mitologia, Psicologia, Neurociências, Criatividade e Escrita Criativa. E
.
autor
a (por correio):
Universidade de Sorocaba (Uniso)
ção em Comunicação e Cultura.
Cidade Universitária,
Rod. Raposo Tavares, Km 92.5
000. Sorocaba, São Paulo, Brasil.
Reflexões sobre
Jornalismo e História
Oral: um campo com
convergências do
que dissonâncias
On Journalism and Oral History:
a field with more convergences
than dissonances
Reflexiones sobre periodismo y
la historia oral: un campo con
más convergencias que
disonancias
-
Abril. 2016
4266.2016v2n1p76
Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
76-91, jan.-abr. 2016
ste artigo reflete sobre as aproximações entre o jornalismo e a história oral,
se em três eixos. O primeiro é o mapeamento de
um breve
doutorado pela UMESP e estágio de
dio, Televisão e Cinema da Universidade do Texas.
USP e graduação em Comunicação
(Jornalismo)
Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade
de Sorocaba (Uniso), onde é colíder do Grupo de Pesquisa em Narrativas Midiáticas (NAMI). É diretora
quisadores em Jornalismo), onde é colíder da Rede de
Narrativas Midiáticas Contemporâneas, e coordenadora adjunta do GP de Teorias do Jornalismo da
Intercom. Integra o Cisc (Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia) e, no exterior, a
R (International Association for Media and Communication Research) e ICA (International
Communication Association). Seus interesses na área de pesquisa em Comunicação e do Jornalismo
vas e suas relações com o
se ao estudo do Jornalismo Literário em variados suportes, como
reportagem e documentários. Contato: monica.martinez@prof.uniso.br.
mórias, Perfis e Biografias. Esses estudos estão
relacionados ao contexto das relações de gênero e dos sistemas midiáticos no âmbito dos BRICS. Do
se no emprego de História de Vida e Análise de
as pesquisas contemplam igualmente a interface com outras áreas do saber, como
Mitologia, Psicologia, Neurociências, Criatividade e Escrita Criativa. E
-mail:
Universidade de Sorocaba (Uniso)
. Programa de Pós-
Rod. Raposo Tavares, Km 92.5
- CEP
On Journalism and Oral History:
a field with more convergences
than dissonances
Reflexiones sobre periodismo y
la historia oral: un campo con
más convergencias que
disonancias
ISSN nº 2447-
4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
comparativo
históricos dos métodos, onde fica clara a importância das entrevistas
do jornalismo − caso
do Jornalismo Literário
tudo, sugere-
se que se tratam de práticas complementares, cujo uso combinado
PALAVRAS-CHAVE:
Comunicação; narrativas; jornalismo; jornalismo literário;
história oral.
ABSTRACT
methods, in which
it is clear the importance of radio interviews for the development
emphasizing that the in
-
and oral histor
y have a comprehensive view of reality, because they understand that
approaches. Above
all, it is suggested
KEYWORDS:
Communication; narratives; journalism; literary journalism; oral history.
RESUMEN
oral,
centrándose en tres ejes
históricos
de los métodos
permea las áreas
, haciendo hincapié en que las formas más a fondo de periodismo
4266
Vol. 2, nº 1, Janeiro
-
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
históricos dos métodos, onde fica clara a importância das entrevistas
radiofônicas para o desenvolvimento da história oral. O segundo aborda a noção da
veracidade que permeia as áreas, enfatizando que tanto formas mais aprofundadas
do Jornalismo Literário
− e a hist
ória oral têm uma visão
compreensiva e abrangente da realidade, por entenderem que os entrevistados, ao
se basearem em sua memória, transitam numa esfera subjetiva. Finalmente, o terceiro
eixo é dedicado à questão da autor
ia, que difere nas duas abordagens.
se que se tratam de práticas complementares, cujo uso combinado
supera lacunas em cada um dos métodos.
Comunicação; narrativas; jornalismo; jornalismo literário;
This article reflects on the similarities between journalism and oral history, focusing
on three axes. The first is the mapping of a brief historical comparative
it is clear the importance of radio interviews for the development
of oral history. The second deals with the notion of truth that permeates
-
depth forms of journalism -
the case of literary journalism
y have a comprehensive view of reality, because they understand that
the respondents, being based on
their memories, are on
a subjective sphere. Finally,
the third axis is dedicated to the question of authorship, which differs in the two
all, it is suggested
here
that these are complementary practices
whose combined use exceeds gaps in each
one of the methods.
Communication; narratives; journalism; literary journalism; oral history.
El presente artículo reflexiona sobre las similitudes entre el periodismo y la historia
centrándose en tres ejes
. El primero es
la asignación de un breve comparativos
de los métodos
, donde es evidente la importancia de entrevistas de radio
para el desarrollo de la historia oral.
El segundo trat
a de la noción de verdad que
, haciendo hincapié en que las formas más a fondo de periodismo
el caso del periodismo literari
o -
y la historia oral tienen una visión global y completa
de la realidad, porque entienden que los
entrevistados
, que se basan en su memoria,
-
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
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históricos dos métodos, onde fica clara a importância das entrevistas
radiofônicas para o desenvolvimento da história oral. O segundo aborda a noção da
veracidade que permeia as áreas, enfatizando que tanto formas mais aprofundadas
ória oral têm uma visão
compreensiva e abrangente da realidade, por entenderem que os entrevistados, ao
se basearem em sua memória, transitam numa esfera subjetiva. Finalmente, o terceiro
ia, que difere nas duas abordagens.
Acima de
se que se tratam de práticas complementares, cujo uso combinado
Comunicação; narrativas; jornalismo; jornalismo literário;
This article reflects on the similarities between journalism and oral history, focusing
on three axes. The first is the mapping of a brief historical comparative
on both
it is clear the importance of radio interviews for the development
of oral history. The second deals with the notion of truth that permeates
both fields,
the case of literary journalism
-
y have a comprehensive view of reality, because they understand that
a subjective sphere. Finally,
the third axis is dedicated to the question of authorship, which differs in the two
that these are complementary practices
Communication; narratives; journalism; literary journalism; oral history.
El presente artículo reflexiona sobre las similitudes entre el periodismo y la historia
la asignación de un breve comparativos
, donde es evidente la importancia de entrevistas de radio
a de la noción de verdad que
, haciendo hincapié en que las formas más a fondo de periodismo
-
y la historia oral tienen una visión global y completa
, que se basan en su memoria,
ISSN nº 2447-
4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
la autoría, que difiere
en los dos enfoques.
uno de los métodos.
PALABRAS CLAVE:
Comunicación; narrativas; periodismo; periodismo literario;
historia oral.
Recebido em:
4266
Vol. 2, nº 1, Janeiro
-
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
actúan en una esfera subjetiva
. Por último, el tercer eje está dedicado a la cuestión de
en los dos enfoques.
Sobre
todo, se sugiere que se
prácticas complementarias cuyo uso combinado
pode superar
las brechas
Comunicación; narrativas; periodismo; periodismo literario;
Recebido em:
28.02.2016. Aceito em: 13.03.2016
. Publicado em: 30.04.2016.
-
Abril. 2016
4266.2016v2n1p76
Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
76-91, jan.-abr. 2016
. Por último, el tercer eje está dedicado a la cuestión de
todo, se sugiere que se
tratan de
las brechas
de cada
Comunicación; narrativas; periodismo; periodismo literario;
. Publicado em: 30.04.2016.
ISSN nº 2447-
4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
Introdução
Desde o final dos anos 1990, estudamos o embricamento
de
finitiva. Antes, propõe uma base para o diálogo, sempre aberto e plural como deve
ser a
relação entre duas representantes de duas importantes áreas do conhecimento.
Humanas.
Do ponto de vista de
bibliográfica
(LOPES, 2003)
noção da veracidade
que permeia as áreas e a questão da autoria.
1.
A gênese da História Oral
Do ponto de vista histórico,
ascensão
nos anos 1950
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Vol. 2, nº 1, Janeiro
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http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
Desde o final dos anos 1990, estudamos o embricamento
áreas: o Jornalismo e a História Oral. Ao longo deste tempo, percebemos na prática,
por meio de estudos teóricos e empíricos, que se trata de um fértil campo de estudo
para reflexões e aprimoramentos em ambas disciplinas. Mais do que um
revisão de literatura, portanto, este artigo compartilha algumas noções que a nosso
ver se tratam da essência do aprendizado e das discussões realizadas nessas duas
décadas. A reflexão aqui condensada, portanto, não se pretende conclusiva nem
finitiva. Antes, propõe uma base para o diálogo, sempre aberto e plural como deve
relação entre duas representantes de duas importantes áreas do conhecimento.
O Jornalismo, da área das Ciências Sociais Aplicadas. E a História, das Ciências
Do ponto de vista de
método, esse estudo
se trata de uma pesquisa
(LOPES, 2003)
.
Do ponto de vista de relações, nosso argumento é
baseado em três elementos básicos: um breve comparativo históricos dos métodos,
que permeia as áreas e a questão da autoria.
A gênese da História Oral
Do ponto de vista histórico,
a
história oral surge após a Segunda Guerra
Mundial, com a confluência de dois fatores importantes. O primeiro foram os avanços
tecnológicos, notadamente os associados à captação,
à
armazenamento de áudios e i
magens midiáticas.
Convém lembrar que
rádio estava na era de ouro
(MOREIRA, 2011) e a
TV só iniciaria sua
nos anos 1950
. Não é por acaso, portanto,
que as entrevistas jornalísticas
-
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
76-91, jan.-abr. 2016
Desde o final dos anos 1990, estudamos o embricamento
entre duas grandes
áreas: o Jornalismo e a História Oral. Ao longo deste tempo, percebemos na prática,
por meio de estudos teóricos e empíricos, que se trata de um fértil campo de estudo
para reflexões e aprimoramentos em ambas disciplinas. Mais do que um
a profunda
revisão de literatura, portanto, este artigo compartilha algumas noções que a nosso
ver se tratam da essência do aprendizado e das discussões realizadas nessas duas
décadas. A reflexão aqui condensada, portanto, não se pretende conclusiva nem
finitiva. Antes, propõe uma base para o diálogo, sempre aberto e plural como deve
relação entre duas representantes de duas importantes áreas do conhecimento.
O Jornalismo, da área das Ciências Sociais Aplicadas. E a História, das Ciências
se trata de uma pesquisa
Do ponto de vista de relações, nosso argumento é
baseado em três elementos básicos: um breve comparativo históricos dos métodos,
a
que permeia as áreas e a questão da autoria.
história oral surge após a Segunda Guerra
Mundial, com a confluência de dois fatores importantes. O primeiro foram os avanços
à
distribuição e ao
Convém lembrar que
nessa época o
TV só iniciaria sua
iniciava sua
que as entrevistas jornalísticas
ISSN nº 2447-
4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
(MARTINEZ, 2015).
O segundo
tinham no período
de registrar as experiências vividas pelos envolvidos no conflito
Guerra Mundial, com
elementos
Nesse contexto, o
arquivo, oficializando
o termo
do uso e da divulgação
de entrevistas
De Columbia, a história oral se expandiu para
expandindo-
se para outros países.
pessoas "comuns" (
ordinary people
poderia
ser um recurso novo, mas a história oral é antiga como a própria história
(THOMPSON, 2002).
Um dos programas pioneiros no uso do método da História Oral no Br
o
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (
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radiofônicas tenham exercido grande influência no
surgimento da história oral
O segundo
fator importante foi a intenção
que os historiadores
de registrar as experiências vividas pelos envolvidos no conflito
mundial, como combatentes e sobreviventes
(MEIHY, 1998).
A ferocidade da Segunda
elementos
históricos
inéditos, como a bomba atômica jogava
sobre o Japão e os campos de concentração
europeus
que exterminaram cerca de
seis milhões de judeus e outras minorias, como homossexuais, alertavam os
pesquisadores da importância
de que as narrativas
dos sobreviventes não se
perdessem nas brumas do esquecimento. Preservar a memória era uma forma de
deixar um alerta vivo para a humanidade sobre a importância do diálogo e
possibilidade da extinção da própria espécie humana.
Nesse contexto, o
ano de nascimento da história oral é tido como
quando Allan Nevis organizou, na
Universidade de Colúmbia, em Nova York
o termo
, desde então
indicativo de uma nova postura diante
de entrevistas
(MEIHY, 1998).
De Columbia, a história oral se expandiu para
outros campi
nos anos 1960, como a Universidade da Califórnia em
Berkeley (UCLA), daí
se para outros países.
Paul Thompson, introdutor do método na
Universidade de Essex, Inglaterra,
já com o viés de acolher os depoimentos de
ordinary people
),
lembra que o uso de aparatos de registro
ser um recurso novo, mas a história oral é antiga como a própria história
Um dos programas pioneiros no uso do método da História Oral no Br
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (
da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Devido ao regime militar imposto no
país a partir de 1964, que restringia a liberdade de expressão
algo decididamente
associado a um método que prima pela coleta
e divulgação
-
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
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surgimento da história oral
que os historiadores
de registrar as experiências vividas pelos envolvidos no conflito
A ferocidade da Segunda
inéditos, como a bomba atômica jogava
que exterminaram cerca de
seis milhões de judeus e outras minorias, como homossexuais, alertavam os
dos sobreviventes não se
perdessem nas brumas do esquecimento. Preservar a memória era uma forma de
deixar um alerta vivo para a humanidade sobre a importância do diálogo e
da
ano de nascimento da história oral é tido como
1947,
Universidade de Colúmbia, em Nova York
, um
indicativo de uma nova postura diante
outros campi
estadunidenses
Berkeley (UCLA), daí
Paul Thompson, introdutor do método na
já com o viés de acolher os depoimentos de
lembra que o uso de aparatos de registro
ser um recurso novo, mas a história oral é antiga como a própria história
Um dos programas pioneiros no uso do método da História Oral no Br
asil foi
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (
CPDOC)
da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Devido ao regime militar imposto no
algo decididamente
e divulgação
de opiniões e
ISSN nº 2447-
4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
depoimentos o
todo
que em outros países.
A historiadora
consulta do público"
(ALB
jornalística teria surgido em 1836, de acordo com Mário Erbolato
Outros
exemplos de programas
USP (NEHO-
USP), implantado em 1995 pelo
Memórias do ABC
Núcleo de Pesqu
Ferreira Perazzo
, entre outros.
Podemos dizer que, no início do século XXI, o uso do método da História Oral
2. A noção da
veracidade
A questão da
veracidade
relação ao jornalismo.
Destacamos
3
A primeira entrevista foi realizada pelo rep
do crime (ERBOLATO, 1984).
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Vol. 2, nº 1, Janeiro
-
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
todo
iniciou
aqui na década de 1970, portanto
A historiadora
Verena Alberti,
decana no uso,
implantação de um "programa de história oral se caracteriza por desenvolver
projetos de pesquisa fundamentados na p
rodução de entrevistas como fonte
privilegiada e, simultaneamente, constituir um acervo de depoimentos para a
(ALB
ERTI, 2005, p. 27).
Se considerarmos que a entrevista
jornalística teria surgido em 1836, de acordo com Mário Erbolato
exemplos de programas
são o Núcleo de Estudos em História Oral da
USP), implantado em 1995 pelo
historiador
José Carlos Sebe Meihy, e o
Núcleo de Pesqu
isas e de Produções Midiáticas da Universidade
Municipal de São Caetano do Sul (USCS)
, criado em 2003 pela historiadora Priscila
, entre outros.
Podemos dizer que, no início do século XXI, o uso do método da História Oral
está consagrado e, talvez mais importante, consolidado na área de Comunicação.
Isso porque oferece "um suporte metodológico nos estudos da memória e das
narrativas orais de histór
ia de vida, e também possibilitam a compreensão de
processos comunicacionais e sua intersecção com a cultura"
(PERAZZO, 2015, p. 123)
veracidade
veracidade
é um diferencial importante
da história oral
Destacamos
dois picos apenas desta questão
primeiro é o jornalista como filtro social, que o faz diferente da mera transmissão de
A primeira entrevista foi realizada pelo rep
órter norte-
americano James Gordon Bennet que, em vez
de apenas relatar um assassinato, teria feito perguntas à proprietária do prostíbulo novaiorquino, cena
-
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
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aqui na década de 1970, portanto
mais tarde do
decana no uso,
lembra que a
implantação de um "programa de história oral se caracteriza por desenvolver
rodução de entrevistas como fonte
privilegiada e, simultaneamente, constituir um acervo de depoimentos para a
Se considerarmos que a entrevista
jornalística teria surgido em 1836, de acordo com Mário Erbolato
(MARTINEZ, 2008)
3
,
são o Núcleo de Estudos em História Oral da
José Carlos Sebe Meihy, e o
isas e de Produções Midiáticas da Universidade
, criado em 2003 pela historiadora Priscila
Podemos dizer que, no início do século XXI, o uso do método da História Oral
está consagrado e, talvez mais importante, consolidado na área de Comunicação.
Isso porque oferece "um suporte metodológico nos estudos da memória e das
ia de vida, e também possibilitam a compreensão de
(PERAZZO, 2015, p. 123)
.
da história oral
em
dois picos apenas desta questão
complexa. O
primeiro é o jornalista como filtro social, que o faz diferente da mera transmissão de
americano James Gordon Bennet que, em vez
de apenas relatar um assassinato, teria feito perguntas à proprietária do prostíbulo novaiorquino, cena
ISSN nº 2447-
4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
jornalismo inclui o processo de seleçã
ocorreu."
(RUDIN; IBBOTSON, 2008, p. 5)
seja a avaliação da
validade, veracidade e representatividade das ações ou
comentários" (idem).
Neste sentido,
O segundo elemento, ligado a este, seria a questão da
jornalismo. A
mais conhecida
certa
fundamentação maniqueísta, na
entre o bem e o mal
como sen
preto e o branco. os
historiadores orais têm
qual
cabe ressaltar: "Cada sujeito, ao narrar sua trajetória de vida, se revela uma
p. 123). O objetivo
do método da história oral, portanto, não é a
de si mesmo." (idem).
A nosso ver, essa
diferenciais do método
empregado pelos
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
informações como ocorreria na cobertura de uma TV Senado, por exemplo. "O
jornalismo inclui o processo de seleçã
o e edição de informações, comentários e
acontecimentos de modo que seja reconhecido diferentemente da forma pura como
(RUDIN; IBBOTSON, 2008, p. 5)
.
Para os autores, acima de tudo,
validade, veracidade e representatividade das ações ou
Neste sentido,
podemos dizer que no jornalismo noticioso
ou convencional uma visão de neutralidade possível, típica do século 19, no qual se
atribui ao jornalista uma presumida
capacidade de análise imparcial.
O segundo elemento, ligado a este, seria a questão da
mais conhecida
talvez seja a de
watch dog,
isto é, de cão sentinela,
responsável pela fiscalização dos poderes públicos, da liberdade de expressão de
indivíduos e, sobretudo, minorias sociais, bem como guardiã da transparência e
responsabilidade da sociedade como um todo. Esta vigilância seria
fundamentação maniqueísta, na
qual haveria uma distinção clara
como sen
ão houvessem múltiplas nuances de cinza entre o
historiadores orais têm
uma proposta menos dicotômica
cabe ressaltar: "Cada sujeito, ao narrar sua trajetória de vida, se revela uma
testemunha e um artífice da história. Essas narrativas orais não são menos
verdadeiras, nem menos ficcionais do que muitas histórias oficiais"
do método da história oral, portanto, não é a
mas de algo que ainda gera polêmica no campo jornalístico
: a compreensão de que
"(...) cada sujeito narra a partir de sua subjetividade, uma vez que cada um o
objeto a partir do seu lug
ar no mundo e constrói sua narrativa de forma seletiva,
marcando sua trajetória de acordo com sua concepção de mundo e sua percepção
A nosso ver, essa
premissa da
abertura parece ser
empregado pelos
historiadores orais:
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
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informações como ocorreria na cobertura de uma TV Senado, por exemplo. "O
o e edição de informações, comentários e
acontecimentos de modo que seja reconhecido diferentemente da forma pura como
Para os autores, acima de tudo,
"(...) talvez
validade, veracidade e representatividade das ações ou
podemos dizer que no jornalismo noticioso
ou convencional uma visão de neutralidade possível, típica do século 19, no qual se
capacidade de análise imparcial.
O segundo elemento, ligado a este, seria a questão da
função social do
isto é, de cão sentinela,
responsável pela fiscalização dos poderes públicos, da liberdade de expressão de
indivíduos e, sobretudo, minorias sociais, bem como guardiã da transparência e
responsabilidade da sociedade como um todo. Esta vigilância seria
baseada em uma
qual haveria uma distinção clara
e distinta
ão houvessem múltiplas nuances de cinza entre o
uma proposta menos dicotômica
, na
cabe ressaltar: "Cada sujeito, ao narrar sua trajetória de vida, se revela uma
testemunha e um artífice da história. Essas narrativas orais não são menos
verdadeiras, nem menos ficcionais do que muitas histórias oficiais"
(PERAZZO, 2015,
do método da história oral, portanto, não é a
busca da "verdade",
: a compreensão de que
"(...) cada sujeito narra a partir de sua subjetividade, uma vez que cada um o
ar no mundo e constrói sua narrativa de forma seletiva,
marcando sua trajetória de acordo com sua concepção de mundo e sua percepção
abertura parece ser
um dos principais
ISSN nº 2447-
4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
Não raro, esta versão é romanceada, numa tentativa imaginativa, consciente
ou não, de “salvar a preciosa consciência da injustiça do mundo". O termo
empregado para esta questão, idealizado em 1973 pelo historiador ital
Alessandro Portelli, é o de ucronia, no sentido de uma utopia sobre o
passado ou, como ele diz, “uma expressão narrativa possível de recusa da
ordem da realidade existente. (...) A forma ucrônica permite ao narrador
‘transcender’ a realidade dada e re
ordem existente” (PORTELLI, 1991, p. 108). “Ucronia, assim, economiza a
preciosa consciência da injustiça do mundo existente, porém fornece os
meios de resignação e de reconciliação” (PORTELLI, 1991, p. 116). “Embo
ventile as chamas de descontentamento por revelar a contradição da
realidade e desejo, ele ajuda a manter essa contradição de sair de um
conflito aberto” (idem).
Fato ou ficção? Esta
historiador oral
, como visto no conceito de ucronia proposto pelo historiador oral
entrevistador.
Evidentemente, esta visão compreensiva
jornalismo, sendo mais presente em modalidades mais abrangentes, como o
jornalismo literário
(LIMA, 2009)
2.1 A questão d
o gênero
Marques de Melo observa que na metade do século XX, estudiosos como
comuns entre o jornal
ismo e a literatura
várias noções de memória como gênero narrativo, mas para fins de
4266
Vol. 2, nº 1, Janeiro
-
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
-
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
Não raro, esta versão é romanceada, numa tentativa imaginativa, consciente
ou não, de “salvar a preciosa consciência da injustiça do mundo". O termo
empregado para esta questão, idealizado em 1973 pelo historiador ital
Alessandro Portelli, é o de ucronia, no sentido de uma utopia sobre o
passado ou, como ele diz, “uma expressão narrativa possível de recusa da
ordem da realidade existente. (...) A forma ucrônica permite ao narrador
‘transcender’ a realidade dada e re
cusar ser identificado e satisfeito com a
ordem existente” (PORTELLI, 1991, p. 108). “Ucronia, assim, economiza a
preciosa consciência da injustiça do mundo existente, porém fornece os
meios de resignação e de reconciliação” (PORTELLI, 1991, p. 116). “Embo
ventile as chamas de descontentamento por revelar a contradição da
realidade e desejo, ele ajuda a manter essa contradição de sair de um
conflito aberto” (idem).
(MARTINEZ, 2015, p. 81)
Fato ou ficção? Esta
linha tênue
não é uma inquietação que move o
, como visto no conceito de ucronia proposto pelo historiador oral
italiano Alessandro Portelli
(PORTELLI, 1991)
. Antes, talvez seja o respeito pelo modo
de perceber e relatar a realidade do
depoente, seja
ele endossado ou não pelo do
Evidentemente, esta visão compreensiva
(KÜNSCH, 2014)
jornalismo, sendo mais presente em modalidades mais abrangentes, como o
(LIMA, 2009)
, que trabalham com contextos mais aprofundados
de tempo e espaço narrativo.
o gênero
Marques de Melo observa que na metade do século XX, estudiosos como
Alceu Amoroso Lima, Barbosa Sobrinho e Antônio Olinto debatiam a natureza dos
gêneros, as especificidades brasileiras e a existência de um território com elementos
ismo e a literatura
(MELO; LAURINDO; ASSIS, 2012)
ver, no caso da história or
al, há um embricamento maior entre duas instâncias
memória do indivíduo e a entrevista, que discutiremos a seguir.
várias noções de memória como gênero narrativo, mas para fins de
simplificação adotaremos aqui a do resgate do indivíduo de acontecim
-
Abril. 2016
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Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 1, p.
76-91, jan.-abr. 2016
Não raro, esta versão é romanceada, numa tentativa imaginativa, consciente
ou não, de “salvar a preciosa consciência da injustiça do mundo". O termo
empregado para esta questão, idealizado em 1973 pelo historiador ital
iano
Alessandro Portelli, é o de ucronia, no sentido de uma utopia sobre o
passado ou, como ele diz, “uma expressão narrativa possível de recusa da
ordem da realidade existente. (...) A forma ucrônica permite ao narrador
cusar ser identificado e satisfeito com a
ordem existente” (PORTELLI, 1991, p. 108). “Ucronia, assim, economiza a
preciosa consciência da injustiça do mundo existente, porém fornece os
meios de resignação e de reconciliação” (PORTELLI, 1991, p. 116). “Embo
ra
ventile as chamas de descontentamento por revelar a contradição da
realidade e desejo, ele ajuda a manter essa contradição de sair de um
não é uma inquietação que move o
, como visto no conceito de ucronia proposto pelo historiador oral
. Antes, talvez seja o respeito pelo modo
ele endossado ou não pelo do
(KÜNSCH, 2014)
existe em
jornalismo, sendo mais presente em modalidades mais abrangentes, como o
, que trabalham com contextos mais aprofundados
Marques de Melo observa que na metade do século XX, estudiosos como
Alceu Amoroso Lima, Barbosa Sobrinho e Antônio Olinto debatiam a natureza dos
gêneros, as especificidades brasileiras e a existência de um território com elementos
(MELO; LAURINDO; ASSIS, 2012)
. A nosso
al, há um embricamento maior entre duas instâncias
, a
várias noções de memória como gênero narrativo, mas para fins de
simplificação adotaremos aqui a do resgate do indivíduo de acontecim
entos da vida,
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memória poderia
mobilizar igualmente conteúdos inconscientes, sejam eles de
natureza pessoal
− como na perspectiva psicanal
Por entrevista, destacamos a diversidade de abordagens possíveis,
aberta, que tem
como ponto de partida um tema ou questão mais ampla e
(DUARTE, 2005, p. 62-
83)
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em geral ligados a emoções, colocados numa sequencia temporal
BARONTO, 2008, p. 68)
. Destacamos que entendemos emoções no sentido
psicológico do termo, como afetos, isto é, event
os que tocam, afetam a pessoa
desencadeando uma emoção
.
Observamos também que, em história oral, em geral
estamos abordando o resgate de conteúdos conscientes, uma vez que o método não
tem premissa terapêutica
− embora o pr
óprio fato de mobilizar conteúdo
tenha o poder de levar o indivíduo a ressignificá
-los
. Isso porque
mobilizar igualmente conteúdos inconscientes, sejam eles de
− como na perspectiva psicanal
ítica, que teriam sido reprimidos por
traumas, em geral na infância
−, bem
como pessoais e coletivos
abordagem analítica, que não teriam
sido
rebaixados da consciência por diversos
motivos, inclusive a falta de es
paço para estocá-
los, como também porque
pertenceriam a um conjunto de conteúdos arquetípicos, arcaicos, herdados e
compartilhados pela espécie como um todo
(JUNG, 2012).
Por entrevista, destacamos a diversidade de abordagens possíveis,
dependendo da área empregada. Jorge Duarte propõe três categorias de entrevistas:
como ponto de partida um tema ou questão mais ampla e
livremente; semiaberta, que parte de um roteiro de questões, mas pode ser alterada
no decorrer da entrevista; e fechada, feita a partir de questionários estruturados
83)
.
Essas noções, evidentemente, são esquematizadas para fins
didáticos, pois a entrevista jornalística pode tanto ser feita de forma precisa e
objetiva, por meio de um questionário fechado, e devido
à
propícia interação entre
entrevistado e entrevistador, pro
duzir conteúdo aprofundado. Quanto, por outro
lado, pode partir de uma proposta aberta e, por não
favorecer
resultado superficial. Contudo, evidentemente, do ponto de vista ideal,
aqui com o conceito de entrevista dialógica,
no qual há um encontro entre seres
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em geral ligados a emoções, colocados numa sequencia temporal
(LANDEIRA;
. Destacamos que entendemos emoções no sentido
os que tocam, afetam a pessoa
,
Observamos também que, em história oral, em geral
estamos abordando o resgate de conteúdos conscientes, uma vez que o método não
óprio fato de mobilizar conteúdo
s psíquicos
. Isso porque
o despertar da
mobilizar igualmente conteúdos inconscientes, sejam eles de
ítica, que teriam sido reprimidos por
como pessoais e coletivos
caso da
rebaixados da consciência por diversos
los, como também porque
pertenceriam a um conjunto de conteúdos arquetípicos, arcaicos, herdados e
Por entrevista, destacamos a diversidade de abordagens possíveis,
dependendo da área empregada. Jorge Duarte propõe três categorias de entrevistas:
como ponto de partida um tema ou questão mais ampla e
flui
livremente; semiaberta, que parte de um roteiro de questões, mas pode ser alterada
no decorrer da entrevista; e fechada, feita a partir de questionários estruturados
Essas noções, evidentemente, são esquematizadas para fins
didáticos, pois a entrevista jornalística pode tanto ser feita de forma precisa e
propícia interação entre
duzir conteúdo aprofundado. Quanto, por outro
favorecer
esta interação, ter
resultado superficial. Contudo, evidentemente, do ponto de vista ideal,
trabalhamos
no qual há um encontro entre seres
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DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
1990, 2003).
Ora, é just
amente neste ponto que reside a principal diferença dos
de História Oral
(ALBERTI, 2005; MEIHY, 1998)
jornalismo, pelo menos no brasileiro. O livro de Alberti, por exemplo, traz instruções
jorn
alismo privilegia a premissa de trabalho solo do repórter, esquecendo
qual a notícia não seria
corretamente processada e publicada
3. A questão da
autoria
Há uma premissa básica em jornalismo: o texto é de responsabilidade do
repórter
. Por isso, sabe
Janet Cooke no jornal
The Washington Post
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humanos e, portanto, ocorre um ponto ótimo de interação entre ambos
amente neste ponto que reside a principal diferença dos
historiadores que empregam o método da história oral. Há, de fato, um método, que
deve ser seguido para que o conteúdo coletado seja considerado válido para a área.
Para fins de ilustração, lembramos que dois dos livros mais citados do campo
contempla a palavra manual no título, tendo sido nomeados igualmente de
(ALBERTI, 2005; MEIHY, 1998)
− algo que seria impens
jornalismo, pelo menos no brasileiro. O livro de Alberti, por exemplo, traz instruções
bastante precisas da prática do método, dando orientações
sobre o desenho do
projeto, a seleção e a relação com os entrevistados escolhidos, o número ideal para a
formação do corpus e a seleção do tipo de entrevista, entre outros.
dicas para a formação da equipe que trabalhará no projeto, uma vez qu
pesquisadores, ela pode ser composta de consultores, técnicos de som, indivíduos
responsáveis pelo processamento das entrevistas e editores.
constatação de que um projeto de história oral é um trabalho de equipe, enquanto o
alismo privilegia a premissa de trabalho solo do repórter, esquecendo
demais colaboradores do processo, como pauteiros, editores, fotógrafos,
copidesques, revisores e
pessoal da arte
para a mídia impressa, por exemplo, sem o
corretamente processada e publicada
.
autoria
Há uma premissa básica em jornalismo: o texto é de responsabilidade do
. Por isso, sabe
-se que o
processo de apuração pode tanto derrubar
presidentes, como no caso Watergate, em 1974
(WOODWARD; BERNSTEIN, 2014)
quanto acabar com a carreira dos próprios
profissionais
, se pegos em fraude, como
The Washington Post
em 1980, Jason Blair no jornal
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humanos e, portanto, ocorre um ponto ótimo de interação entre ambos
(MEDINA,
amente neste ponto que reside a principal diferença dos
historiadores que empregam o método da história oral. Há, de fato, um método, que
deve ser seguido para que o conteúdo coletado seja considerado válido para a área.
Para fins de ilustração, lembramos que dois dos livros mais citados do campo
contempla a palavra manual no título, tendo sido nomeados igualmente de
Manual
− algo que seria impens
ável em
jornalismo, pelo menos no brasileiro. O livro de Alberti, por exemplo, traz instruções
sobre o desenho do
projeto, a seleção e a relação com os entrevistados escolhidos, o número ideal para a
formação do corpus e a seleção do tipo de entrevista, entre outros.
inclusive
dicas para a formação da equipe que trabalhará no projeto, uma vez qu
e, além dos
pesquisadores, ela pode ser composta de consultores, técnicos de som, indivíduos
responsáveis pelo processamento das entrevistas e editores.
Há, portanto, a
constatação de que um projeto de história oral é um trabalho de equipe, enquanto o
alismo privilegia a premissa de trabalho solo do repórter, esquecendo
-se dos
demais colaboradores do processo, como pauteiros, editores, fotógrafos,
para a mídia impressa, por exemplo, sem o
Há uma premissa básica em jornalismo: o texto é de responsabilidade do
processo de apuração pode tanto derrubar
(WOODWARD; BERNSTEIN, 2014)
,
, se pegos em fraude, como
em 1980, Jason Blair no jornal
The New
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DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
York Times
em
2003 e, mais recentemente, Sabrina Rubin Erderly na revista
Stones
em
2014 (embora, neste caso, o editor, Will Dana, há 19 anos na posição,
1995).
Ele é, portanto, considerado o autor da história.
no método da h
baseada em suas
lembranças
pelo depoente.
Um exemplo é a quantidade de vezes que se permitirá ao depoente
significado é
bastante claro: o depoente é o autor da narrativa, tendo poder inclusive
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2003 e, mais recentemente, Sabrina Rubin Erderly na revista
2014 (embora, neste caso, o editor, Will Dana, há 19 anos na posição,
tenha assumido responsabilidade por ter permitido a pub
licação da reportagem e
apresentado sua carta de demissão).
(MARTINEZ; CORREIA; PASSOS, 2015)
e precisão na apuração, portanto, são fundamentais na
prática
jornalística
Ele é, portanto, considerado o autor da história.
no método da h
istória oral, o depoente narra sua versão da história,
lembranças
.
Essas memórias são subjetivas, pois se baseiam na
percepção do indivíduo, não se esperando, evidentemente, que haja qualquer
objetividade neste processo de resgate de conteú
dos. Há, por parte do pesquisador
ou do responsável por esta etapa, a necessidade de que a transcrição seja feita de
forma precisa, para se garantir a fidelidade ao relato. Pode haver copidescagem no
processo, para se garantir a correção das normas gramati
cais em um texto impresso,
por exemplo, fase necessária para a adequação do relato à leitura. Contudo, antes da
liberação para a consulta, isto é, antes que o áudio ou vídeo editados ou o relato
transcrito seja integrado a um acervo, são necessários dois p
importantes. O primeiro é a conferência pelo entrevistado, momento no qual o texto,
áudio ou vídeo trabalhado é encaminhado para aprovação. Trata
delicada do processo, por isso os manuais de história oral alertam para a nece
de se estabelecer negociações prévias sobre o que exatamente pode ser alterado
Um exemplo é a quantidade de vezes que se permitirá ao depoente
fazer sugestões de alteração no texto.
De toda forma, essa fase existe e seu
bastante claro: o depoente é o autor da narrativa, tendo poder inclusive
de veto em sua divulgação, mesmo na fase final do processo. Não por acaso,
preciso colher também uma carta de cessão, por meio da qual o depoente autoriza a
liberação do conteúdo.
Essa validação, sem dúvida, pode ser considerada um
diferencial complexo, porém importante, do método, permitindo que pequenos
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2003 e, mais recentemente, Sabrina Rubin Erderly na revista
Rolling
2014 (embora, neste caso, o editor, Will Dana, há 19 anos na posição,
licação da reportagem e
(MARTINEZ; CORREIA; PASSOS, 2015)
. Exatidão
jornalística
(KRAMER,
istória oral, o depoente narra sua versão da história,
Essas memórias são subjetivas, pois se baseiam na
percepção do indivíduo, não se esperando, evidentemente, que haja qualquer
dos. Há, por parte do pesquisador
ou do responsável por esta etapa, a necessidade de que a transcrição seja feita de
forma precisa, para se garantir a fidelidade ao relato. Pode haver copidescagem no
cais em um texto impresso,
por exemplo, fase necessária para a adequação do relato à leitura. Contudo, antes da
liberação para a consulta, isto é, antes que o áudio ou vídeo editados ou o relato
transcrito seja integrado a um acervo, são necessários dois p
rocedimentos
importantes. O primeiro é a conferência pelo entrevistado, momento no qual o texto,
áudio ou vídeo trabalhado é encaminhado para aprovação. Trata
-se de uma etapa
delicada do processo, por isso os manuais de história oral alertam para a nece
ssidade
de se estabelecer negociações prévias sobre o que exatamente pode ser alterado
Um exemplo é a quantidade de vezes que se permitirá ao depoente
De toda forma, essa fase existe e seu
bastante claro: o depoente é o autor da narrativa, tendo poder inclusive
de veto em sua divulgação, mesmo na fase final do processo. Não por acaso,
é
preciso colher também uma carta de cessão, por meio da qual o depoente autoriza a
Essa validação, sem dúvida, pode ser considerada um
diferencial complexo, porém importante, do método, permitindo que pequenos
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DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
No caso de uma matéria jornalística, o autor, após ouvir o entrevistado
fotografias e outros
, para criar o texto da
entende que
exercerá um poder de atração do leitor. Já o historiador oral, devido ao
Pode
autorizado pelo colaborador é fator primordial para o estabelecimento de
um texto que reflita a vontade de quem se dispõe a contar. Embutido nesse
comportamento respeitoso ao que o "o
da
aceitação
dito e o que se tornará registro definitivo. Supondo que
fazer valer
parâmetro lógico, racional, coerente ou coeso, o que se tem é a relativização
do conceito de verdade. Sabe
Tudo interessa em um relato: a falsidade, a fantasia, o engano, o embuste, a
distorção. Numa primeira etapa, fazendo o discurso valer por si, o que deve
vigorar não é a busca de evidências e nem mesmo a comprovação dos fatos.
Lugar expressivo da vontade de quem fala, a subjetividade determina o
rumo dos fatos expostos em entrevista
conferência da entrevista. O diálogo ou ação dialógica da conversa fica
submetido ao pressuposto da vontade soberana do entrevistado.
RIBEIRO, 2011, p.
Nesse tipo de produção de conhecimento, a fase da validação exige
que narre experiênc
ias de contato com espíritos ou seres extraterrestres
RIBEIRO, 2011, p. 112)
. Como o objetivo do método da história oral não é o da busca
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enganos sejam corrigidos a partir da premissa de que a produção de conhecimento
se estabelece numa parceria entre depoente e
pesquisador:
No caso de uma matéria jornalística, o autor, após ouvir o entrevistado
supondo que ele esteja redigindo uma matéria com uma única fonte
liberdade de usar outros recursos, como pesquisa em acervos, documentos,
, para criar o texto da
melhor forma que
conceber
habilidade, grandemente baseada no estilo adotado pelo profissional, que
exercerá um poder de atração do leitor. Já o historiador oral, devido ao
próprio método, está limi
tado à transcrição, que em geral
se restringe à edição do
depoimento para eliminar repetições ou ruídos
(MARTINEZ, 2008)
vertentes de história oral permitam intervenções mais amplas
.
Pode
-
se mesmo dizer que o respeito absoluto a tudo que foi dito e depois
autorizado pelo colaborador é fator primordial para o estabelecimento de
um texto que reflita a vontade de quem se dispõe a contar. Embutido nesse
comportamento respeitoso ao que o "o
utro" diz reside o pressuposto ético
aceitação
do papel do oralista, que atua como
mediador
dito e o que se tornará registro definitivo. Supondo que
fazer valer
ou
à ação de tornar efetivo,
o que independe de qualquer
parâmetro lógico, racional, coerente ou coeso, o que se tem é a relativização
do conceito de verdade. Sabe
-
se que não existe mentira em história oral.
Tudo interessa em um relato: a falsidade, a fantasia, o engano, o embuste, a
distorção. Numa primeira etapa, fazendo o discurso valer por si, o que deve
vigorar não é a busca de evidências e nem mesmo a comprovação dos fatos.
Lugar expressivo da vontade de quem fala, a subjetividade determina o
rumo dos fatos expostos em entrevista
s e fixados em acordos acertados na
conferência da entrevista. O diálogo ou ação dialógica da conversa fica
submetido ao pressuposto da vontade soberana do entrevistado.
RIBEIRO, 2011, p.
111).
Nesse tipo de produção de conhecimento, a fase da validação exige
maturidade do oralista, pois o conteúdo apurado pode não fazer parte de seu
sistema de crenças e valores. Ribeiro e Meihy citam, como exemplo, um entrevistado
ias de contato com espíritos ou seres extraterrestres
. Como o objetivo do método da história oral não é o da busca
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enganos sejam corrigidos a partir da premissa de que a produção de conhecimento
No caso de uma matéria jornalística, o autor, após ouvir o entrevistado
e
supondo que ele esteja redigindo uma matéria com uma única fonte
− , tem a
liberdade de usar outros recursos, como pesquisa em acervos, documentos,
conceber
. Aliás, é esta
habilidade, grandemente baseada no estilo adotado pelo profissional, que
se
exercerá um poder de atração do leitor. Já o historiador oral, devido ao
se restringe à edição do
(MARTINEZ, 2008)
, embora algumas
se mesmo dizer que o respeito absoluto a tudo que foi dito e depois
autorizado pelo colaborador é fator primordial para o estabelecimento de
um texto que reflita a vontade de quem se dispõe a contar. Embutido nesse
utro" diz reside o pressuposto ético
mediador
entre o que foi
dito e o que se tornará registro definitivo. Supondo que
validar
equivale a
o que independe de qualquer
parâmetro lógico, racional, coerente ou coeso, o que se tem é a relativização
se que não existe mentira em história oral.
Tudo interessa em um relato: a falsidade, a fantasia, o engano, o embuste, a
distorção. Numa primeira etapa, fazendo o discurso valer por si, o que deve
vigorar não é a busca de evidências e nem mesmo a comprovação dos fatos.
Lugar expressivo da vontade de quem fala, a subjetividade determina o
s e fixados em acordos acertados na
conferência da entrevista. O diálogo ou ação dialógica da conversa fica
submetido ao pressuposto da vontade soberana do entrevistado.
(MEIHY;
Nesse tipo de produção de conhecimento, a fase da validação exige
maturidade do oralista, pois o conteúdo apurado pode não fazer parte de seu
sistema de crenças e valores. Ribeiro e Meihy citam, como exemplo, um entrevistado
ias de contato com espíritos ou seres extraterrestres
(MEIHY;
. Como o objetivo do método da história oral não é o da busca
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meio do qua
l o relato do indivíduo é aceito pelo analista como é, uma vez que é
justamente a compreensão dessas camadas de significado distintas que permite
fenomenológica
(MARTINEZ; SILVA, 2014)
3.1
Convergências quanto à ética
Além da maturidade, demanda
superético
na construção de sua reportagem ou história de vida, uma vez que ele é
conhecimen
to do impacto da mídia contemporânea no cotidiano do indivíduo em
uma dada comunidade.
A nosso ver, u
ma das melhores definições de ética foi dada pelo jornalista
Cláudio Abramo (1923-
1987), ao dizer que não há propriamente uma ética específica
do jornalista, pois
ela não difere da de um marceneiro, por exemplo, uma vez que os
estendendo à sua vida
do profissional
Jornalismo Literár
io Mark Kramer, quando ele aborda o que chama de pacto com
leitores em duas ins
tâncias: a relação do autor com o leitor e a relação do escritor
com suas fontes
(KRAMER, 1995)
relacionamentos éticos
, destacaremos neste artigo a relação do escritor com suas
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da certificação objetiva de fatos reais, o conteúdo das entrevistas é acolhido, ainda
que carregado de significados impressionistas. Aqui, o método da história oral se
alinha, em alguma medida, com o de verdade de outro campo, a psicologia, por
l o relato do indivíduo é aceito pelo analista como é, uma vez que é
justamente a compreensão dessas camadas de significado distintas que permite
mapear o universo único de cada ser humano.
Estamos, portanto, na esfera
(MARTINEZ; SILVA, 2014)
e não analítica dos fenômenos observados
Convergências quanto à ética
Além da maturidade, demanda
-se, do jornalista
, um posicionamento
na construção de sua reportagem ou história de vida, uma vez que ele é
responsável pelo conteúdo que será divulgado
.
É, portanto, de inteira
responsabilidade do autor deixar claras as consequências que a reportagem pode
causar na vida do entrevistado, sobretudo dos menos favorecidos, seja do ponto de
vista de educação formal, mental ou financeiro. Até porque é o jornalista que tem um
to do impacto da mídia contemporânea no cotidiano do indivíduo em
ma das melhores definições de ética foi dada pelo jornalista
1987), ao dizer que não há propriamente uma ética específica
ela não difere da de um marceneiro, por exemplo, uma vez que os
princípios e valores que norteiam o indivíduo não podem ser fragmentados,
do profissional
como um todo
(ABRAMO, 1988)
ponto de vista jornalístico, destacamos a perspectiva do estudioso estadunidense de
io Mark Kramer, quando ele aborda o que chama de pacto com
tâncias: a relação do autor com o leitor e a relação do escritor
(KRAMER, 1995)
. Do ponto de vista de discussão sobre
, destacaremos neste artigo a relação do escritor com suas
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da certificação objetiva de fatos reais, o conteúdo das entrevistas é acolhido, ainda
que carregado de significados impressionistas. Aqui, o método da história oral se
alinha, em alguma medida, com o de verdade de outro campo, a psicologia, por
l o relato do indivíduo é aceito pelo analista como é, uma vez que é
justamente a compreensão dessas camadas de significado distintas que permite
Estamos, portanto, na esfera
e não analítica dos fenômenos observados
.
, um posicionamento
na construção de sua reportagem ou história de vida, uma vez que ele é
É, portanto, de inteira
responsabilidade do autor deixar claras as consequências que a reportagem pode
causar na vida do entrevistado, sobretudo dos menos favorecidos, seja do ponto de
vista de educação formal, mental ou financeiro. Até porque é o jornalista que tem um
to do impacto da mídia contemporânea no cotidiano do indivíduo em
ma das melhores definições de ética foi dada pelo jornalista
1987), ao dizer que não há propriamente uma ética específica
ela não difere da de um marceneiro, por exemplo, uma vez que os
princípios e valores que norteiam o indivíduo não podem ser fragmentados,
(ABRAMO, 1988)
. Isto dito, do
ponto de vista jornalístico, destacamos a perspectiva do estudioso estadunidense de
io Mark Kramer, quando ele aborda o que chama de pacto com
tâncias: a relação do autor com o leitor e a relação do escritor
. Do ponto de vista de discussão sobre
, destacaremos neste artigo a relação do escritor com suas
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DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
longa duração,
podendo ger
T
ambém repórter literário,
Kramer
aponta dois tipos de acesso menos problemáticos
objetivo de sua matéria
. O primeiro é o de
retratados o que n
a sociedade
(KRAMER, 1995, p. 26).
modalidades, como o
jornalismo investigativo, que, naturalmente,
outras estratégias
para obter
Contudo, como aponta Denise Casatti, essa relação
4.
Considerações finais: a
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fontes, uma vez que esta modalidade implica em apurações que por vezes são de
podendo ger
ar
relacionamentos intensos com os entrevistados.
ambém repórter literário,
Kramer
costumava principiar seus contatos com
uma carta de intenções, n
a
qual deixava claro sua proposta e, também, a intervenção
que permitiria ao entrevistado. Dependendo do caso, contudo, ele chega
a assinatura de acordos, bem como a exposição de exemplos de reportagens ou
livros já publicados de autoria do jorn
alista (KRAMER, 1995
, p. 26
é que a relação evidentemente pode desembocar numa amizade, mas o entrevistado
tem de ser alertado de que está revelando informações não a um “amigo”, mas a um
profissional, que o vê como uma fonte
− por mais que se acarinhe dele.
aponta dois tipos de acesso menos problemáticos
não quer falsear as intenções, isto é, quer agir de forma sincera e honesta quanto ao
. O primeiro é o de
buscar
indivíduos que gosta
a sociedade
da alta visibilidade
contemporânea abrange um
número cada vez maior de
pessoas
. O segundo é o de personagens exemplares, que,
engajados em boas iniciativas e ações, podem ter interesse em divulgar suas causas
Não estamos discutindo aqui,
é preciso ficar claro
jornalismo investigativo, que, naturalmente,
para obter
as informações necessárias.
Contudo, como aponta Denise Casatti, essa relação
entrevistado
complexa. O jornalista que ouve pode se transformar no narrador e compartilhar suas
próprias memórias. E a fonte pode deixar seu lugar de fala para se transformar no
ouvinte, que escuta, silencia, retoma a palavra
(CASATTI, 2006, p. 110)
evidentemente, de uma relação dialógica.
Considerações finais: a
p
ossibilidade de diálogo entre as áreas
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fontes, uma vez que esta modalidade implica em apurações que por vezes são de
relacionamentos intensos com os entrevistados.
costumava principiar seus contatos com
qual deixava claro sua proposta e, também, a intervenção
que permitiria ao entrevistado. Dependendo do caso, contudo, ele chega
va a sugerir
a assinatura de acordos, bem como a exposição de exemplos de reportagens ou
, p. 26
). A grande questão
é que a relação evidentemente pode desembocar numa amizade, mas o entrevistado
tem de ser alertado de que está revelando informações não a um “amigo”, mas a um
− por mais que se acarinhe dele.
aponta dois tipos de acesso menos problemáticos
quando o jornalista
não quer falsear as intenções, isto é, quer agir de forma sincera e honesta quanto ao
indivíduos que gosta
riam de ser
contemporânea abrange um
. O segundo é o de personagens exemplares, que,
engajados em boas iniciativas e ações, podem ter interesse em divulgar suas causas
é preciso ficar claro
, outras
jornalismo investigativo, que, naturalmente,
lança mão de
entrevistado
-fonte é
complexa. O jornalista que ouve pode se transformar no narrador e compartilhar suas
próprias memórias. E a fonte pode deixar seu lugar de fala para se transformar no
(CASATTI, 2006, p. 110)
. Trata-se,
ossibilidade de diálogo entre as áreas
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A nosso ver, um campo fértil para diálogo entre jornalistas e historiadores
campos, uma marca d
o método da história oral. "
grupo social"
(MARTINEZ, 2008, p. 28)
e porque n
ão, até os
ainda que decupar
o material continue sendo uma das tarefas mais árduas do
jornalismo
, sobretudo o praticado em idiomas como o português. No caso da língua
processo de transcrição.
Evidentemente,
esse protocolo pode ser usado
seu escritório
(TALESE, 2004)
Talvez um avanço bem
alguma
medida, no texto
relação. Por isso, "[o]
utra prática bem
vist
o que o trabalho não deixa de ser uma parceria de pelo menos duas pessoas que
momento histórico."
(MARTINEZ, 2008, p. 28)
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A nosso ver, um campo fértil para diálogo entre jornalistas e historiadores
orais, que muito pode beneficiar
ambas áreas.
Do lado jornalístico, destacamos
rigor na coleta de dados,
que pode ser exemplificada pelo uso de cadernos de
o método da história oral. "
O próprio recurso da gravação, que
por vários motivos caiu em desuso no dia
-a-
dia das redações, resulta numa alta
fidelidade à fala do personagem, permitindo utilizar diálogos e expressões pessoais
que deixam a narrativa saboros
a, ajudando a compor a
person
(MARTINEZ, 2008, p. 28)
. Há que se lembrar que os gravadores digitais
ão, até os
smartphones
facilitaram muito o processo de grava
o material continue sendo uma das tarefas mais árduas do
, sobretudo o praticado em idiomas como o português. No caso da língua
franca acadêmica, o inglês, já há mecanismos, como aplicativos, que facilitam o
esse protocolo pode ser usado
nos casos em que a gravação
se faz necessária, uma vez que nunca é demais lembrar a práxis do jornalista
estadunidense Gay Talese
, que usa a memória para anotar impressões e falas,
correndo para o computador (na época, máquina de escrever) quando chegava em
(TALESE, 2004)
. Para ele, aparatos el
etrônicos interferiam na relação
com o entrevistado, criando uma barreira desnecessária.
Talvez um avanço bem
-
vindo seja o de considerar a matéria um projeto
conjunto entre entrevistado e fonte. Neste sentido, ambos têm direito a intervir, em
medida, no texto
é a "medida", portanto, que deve ficar clara no início da
utra prática bem
-
vinda, abominada pela maioria dos jornalistas,
é a conferência do texto pelo entrevistado. Na verdade, trata
-
se de um auxílio salutar,
o que o trabalho não deixa de ser uma parceria de pelo menos duas pessoas que
têm como objetivo contar uma história, seja pessoal, grupal, temática ou sobre um
(MARTINEZ, 2008, p. 28)
. Um acordo prévio possível é que o
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A nosso ver, um campo fértil para diálogo entre jornalistas e historiadores
Do lado jornalístico, destacamos
o
que pode ser exemplificada pelo uso de cadernos de
O próprio recurso da gravação, que
dia das redações, resulta numa alta
fidelidade à fala do personagem, permitindo utilizar diálogos e expressões pessoais
person
a
do indivíduo ou
. Há que se lembrar que os gravadores digitais
facilitaram muito o processo de grava
ção,
o material continue sendo uma das tarefas mais árduas do
, sobretudo o praticado em idiomas como o português. No caso da língua
franca acadêmica, o inglês, já há mecanismos, como aplicativos, que facilitam o
nos casos em que a gravação
se faz necessária, uma vez que nunca é demais lembrar a práxis do jornalista
, que usa a memória para anotar impressões e falas,
correndo para o computador (na época, máquina de escrever) quando chegava em
etrônicos interferiam na relação
vindo seja o de considerar a matéria um projeto
conjunto entre entrevistado e fonte. Neste sentido, ambos têm direito a intervir, em
é a "medida", portanto, que deve ficar clara no início da
vinda, abominada pela maioria dos jornalistas,
se de um auxílio salutar,
o que o trabalho não deixa de ser uma parceria de pelo menos duas pessoas que
têm como objetivo contar uma história, seja pessoal, grupal, temática ou sobre um
. Um acordo prévio possível é que o
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4266
DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
Seja jornalismo ou história oral, o
(PORTELLI, 2011)
talvez sintetize o que é mais importante na hora de interagir com
outro ser humano
, quando diz que
durante uma entrevista
é
não
entramos nesse processo para "estudar" um
comunidade, mas
simplesmente
conosco. E não o que,
do alto de nossa vaidade,
Referências
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A regra do jogo e a ética do marceneiro
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4266
Vol. 2, nº 1, Janeiro
-
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entrevistado faça correções quanto ao conteúdo,
deixando a escritura
parte técnica do trabalho
− confiada
à competência do jornalista.
Seja jornalismo ou história oral, o
historiador
italiano Alessandro Porteli
talvez sintetize o que é mais importante na hora de interagir com
, quando diz que
a coisa mais importante que
é
a nossa ignorância e o nosso
desejo de aprender
entramos nesse processo para "estudar" um
entrevistado ou
simplesmente
para aprender
sobre e, sobretudo, com
lembra que é justamente o que
não sabemos
que encoraja as pessoas a falar
do alto de nossa vaidade,
imaginamos saber
A regra do jogo e a ética do marceneiro
. São Paulo: Companhia das
Manual de História Oral
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Jornada do Herói: estrutura narrativa mítica na construção de
histórias em jornalismo
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o: Annablume/Fapesp, 2008.
MARTINEZ, M. A história de vida como instância metódico
-
técnica no campo da
-
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deixando a escritura
por ser a
à competência do jornalista.
italiano Alessandro Porteli
talvez sintetize o que é mais importante na hora de interagir com
a coisa mais importante que
temos a oferecer
desejo de aprender
. Para ele,
entrevistado ou
uma dada
sobre e, sobretudo, com
eles. Portelli
que encoraja as pessoas a falar
em
imaginamos saber
sobre eles.
. São Paulo: Companhia das
. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
Viagem ao outro: um estudo sobre o encontro entre jornalistas e
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. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
Todos os homens do presidente
. São Paulo: Três
... Considerando las nuevas posibilidades discursivas de las teorías de McCombs y Shaw, cuyo estudio de angulación aquí introducirse en un delicado escenario de control social, la cárcel, ambiente que trae implicaciones de variadas órdenes, por ejemplo, la libertad de prensa, la ética periodística, los derechos de la población presa, que no se contemplan en edicto de prisión o condenación… estos ejemplos de vectores reclamantes de profundización investigativa dirigida y, sin duda, todos con marcas claras de los procesos comunicativos que revelan el modus operandi que la teoría de la planificación de agenda viene mostrando y (re)construyéndose (Porto Junior y Moraes, 2017; Nunes et al., 2017;Reis, 2017;Moio y Vieira, 2017;Melo, 2017;Rovai, 2017;Martinez, 2016;Alonso, 2016;Almeida, 2016). ...
... Às vezes, os espaços parecem não ser aproveitados não pela sua ausência, mas pela falta de planejamento. Um exemplo são as efemérides de cobertura anuais, como dia das mães e pais, que poderiam ser mais bem aproveitadas se os responsáveis planejassem um calendário anual que previsse o tratamento mais aprofundado e criativo nestas ocasiões, a exemplo do que ocorre nas publicações estadunidenses (MARTINEZ, 2016apud GAPY, 2018. ...
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Este trabalho consiste no relato do projeto de pesquisa, extensão e ensino do Laboratório de Experimentação Comunicacional (Comunicalab), realizado em 2018 pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (Uniso). O projeto consistiu na produção de vinte narrativas audiovisuais da trajetória pessoal e profissional de sorocabanos, tendo sido desenvolvido a partir de pesquisa das histórias de vida e entrevistas. O trabalho de coleta e gravação de dados foi dividido em três blocos, com respectivas equipes três professores e alunos responsáveis. O resultado final será disponibilizado à comunidade por meio digital gratuito. PALAVRAS-CHAVE: Projeto de extensão; Narrativa midiática; História de vida; Cidades; Sorocaba. ABSTRACT The aim of this article is to report the research project conducted by the Communicational Experimentation Laboratory (Comunicalab), in 2018, at the Graduate Program in Communication and Culture of the University of Sorocaba (Uniso). The project consisted in the production of twenty audiovisual narratives of personal and professional trajectory of inhabitants of the city of Sorocaba, using as methodological approach life histories and interviews. The work of data collection and recording was divided into three blocks, with respective teams represented by three professors and respective students. The final result will be made available to the community through free digital means. KEYWORDS: Extension project; Media narrative; Life stories; Cities; Sorocaba. RESUMEN Este trabajo consiste en el relato del proyecto de investigación, extensión y enseñanza del Laboratorio de Experimentación Comunicacional del Laboratorio de Comunicación (Comunicalab), realizado en 2018 por el Programa de Postgrado en Comunicación y Cultura de la Universidad de Sorocaba (Uniso). El proyecto consistió en la producción de veinte narrativas audiovisuales de la trayectoria personal y profesional de sorocabanos, habiendo sido desarrollado a partir de investigación de las historias de vida y entrevistas. El trabajo de recolección y grabación de datos fue dividido en tres bloques, con sus respectivos equipos tres profesores y alumnos responsables. El resultado final se pondrá a disposición de la comunidad por medio digital gratuito. PALABRAS CLAVE: Proyecto de extensión; Narrativa mediática; Historia de vida; ciudades; Sorocaba.
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RESUMO – Procedendo a uma sistematização realizada a partir de revisão bibliográfica, o artigo focaliza o jornalismo literário, prática situada na confluência do jornalismo com a literatura, buscando compreendê-lo em suas manifestações. As possibilidades e divergências conceituais que o cercam, na miríade de termos relacionados, transmitindo distintas noções e ênfases. Os antecedentes no Brasil, EUA e mundo de maneira geral, e alguns caminhos para o aprofundamento a partir das questões norteadoras do lead, segundo a metodologia de Roberto Herrscher. O distanciamento do jornalismo literário em relação ao hegemônico jornalismo de pirâmide, sem a pretensão de substituí-lo, assim como as duas facetas com as quais se expressa: realista/empiricista (narrador como observador da realidade) versus modernista/fenomenologista (narrador como cocriador da realidade). ABSTRACT – Proceeding to a systematization carried out based on a bibliographical review, the article focuses on literary journalism, a practice situated at the confluence of journalism and literature, seeking to understand it in its manifestations. The conceptual possibilities and divergences that surround it, in the myriad of related terms, convey different notions and emphases. The background in Brazil, the U.S., and the world in general, and some ways to go deeper based on the guiding questions of the lead, according to Roberto Herrscher's methodology. The distancing of literary journalism from the hegemonic pyramid journalism, without intending to replace it, as well as the two facets with which it expresses itself: realist/empiricist (narrator as an observer of reality) versus modernist/phenomenologist (narrator as co-creator of reality). RESUMEN – Procediendo a una sistematización realizada a partir de una revisión bibliográfica, el artículo se centra en el periodismo literario, práctica situada en la confluencia del periodismo y la literatura, buscando comprenderlo en sus manifestaciones. Las posibilidades y divergencias conceptuales que lo rodean, en la miríada de términos relacionados, que transmiten diferentes nociones y énfasis. Los antecedentes en Brasil, EE. UU. y el mundo en general, y algunas formas de profundizar a partir de las preguntas orientadoras del lead, según la metodología de Roberto Herrscher. El distanciamiento del periodismo literario del periodismo piramidal hegemónico, sin pretender sustituirlo, así como las dos facetas con las que se expresa: realista/empirista (narrador como observador de la realidad) versus modernista/fenomenólogo (narrador como cocreador) de la realidad).
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O tema central desse estudo diz respeito sobre a mídia e seu poder influenciador. É fato que a mídia exerce significativa influência na sociedade, impondo regras e moldando opiniões. A verdade que ela hoje desempenha um importante papel informativo e social, influenciando diretamente a opinião de qualquer indivíduo, alfabetizado ou não, causando forte impacto em vários aspectos da vida social. Diante disso, discute-se sobre esse poder de influencia que a mídia possui. Para limitar a sua atuação, nessa pesquisa será analisada o seu poder por meio da televisão. Assim, analisa-se a mídia televisiva e seu impacto. No entanto, para melhor discussão dessa temática, apresenta-se a influência que a mídia televisiva possui para a área da Cultura. Frente a isso, o objetivo desse estudo é discorrer sobre de que modo a mídia televisiva influencia a cultura brasileira e comportamento das pessoas. Além disso, vamos conversar esses temas aos capítulos de Barbeiro, onde fala exatamente sobre essa temática. Palavras-chave: Mídia, Televisão, Influência. RESUME The central theme of this study concerns the media and its influencing power. It is a fact that the media has a significant influence on society, imposing rules and shaping opinions. The truth that it today plays an important informative and social role, directly influencing the opinion of any individual, literate or not, causing a strong impact on various aspects of social life. Therefore, it is discussed about this power of influence that the media has. To limit its performance, this research will analyze its power through television. Thus, the television media and its impact are analyzed. However, for a better discussion of this theme, the influence that the television media has for the area of Culture is presented. Given this, the objective of this study is to discuss how the television media influences Brazilian culture and people's behavior.In addition, we will discuss these topics in the chapters of Barbeiro, where he talks about exactly this theme. Keywords: Media, Television, Influence. RESUMEN El tema central de este estudio se refiere a los medios y su poder de influencia. Es un hecho que los medios tienen una influencia significativa en la sociedad, imponen reglas y dan forma a las opiniones. La verdad de que hoy desempeña un importante papel informativo y social, influyendo directamente en la opinión de cualquier individuo, alfabetizado o no, causando un fuerte impacto en varios aspectos de la vida social. Por lo tanto, se discute sobre este poder de influencia que tienen los medios. Para limitar su rendimiento, esta investigación analizará su poder a través de la televisión. Así, se analizan los medios de televisión y su impacto. Sin embargo, para una mejor discusión de este tema, se presenta la influencia que los medios de televisión tienen para el área de Cultura. Ante esto, el objetivo de este estudio es discutir cómo los medios de televisión influyen en la cultura brasileña y el comportamiento de las personas.Además, discutiremos estos temas en los capítulos de Barbeiro, donde habla exactamente sobre este tema. Palabras clave: medios, televisión, influencia.
Article
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As comunidades em geral, e as tradicionais em específico, surgiram no decorrer dos séculos, perdendo seus territórios e sofrendo com a violência cultural imposta pela sociedade, observando a dissolução de suas práticas culturais, traços culturais e crenças em decorrência da fortaleza dos elementos provindos da sociedade, no que lhe diz respeito de maneira geral traçada no consumo e no individualismo da sociedade que altera a sociabilidade com as comunidades tradicionais que são formadas pela afetividade entre os indivíduos que possuem características próprias na sua organização ocupando e usando os territórios e recursos naturais com condição de desenvolvimento cultural, social e religioso. Dessa forma o trabalho busca abordar de que maneira a violência cultural afeta a sociabilidade entre as comunidades tradicionais e a sociedade através de uma revisão de literatura dos temas sociabilidade, comunidades tradicionais e violência cultural. PALAVRAS-CHAVE: Sociabilidade. Cultura. Violência cultural.
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Este trabalho trata de cinema e teve como objetivo estimular os estudantes da Escola pública a produzirem vídeos e fotografias a partir da realidade. Foram realizadas oficinas com estudantes e professores da Escola Silva Dourado e da UFT Campus de Arraias sobre como ler fotografias e produzir vídeos. O projeto se insere na proposta Inventar com a diferença- Cinema e direitos humanos, tendo como base uma cartilha didática produzida pela Universidade Federal Fluminense. Foram realizadas ao todo 16 oficinas sendo 10 com professores e estudantes da UFT e 6 na Escola. A experiência foi bastante proveitosa para aproximar Universidade e Comunidades escolares bem como para favorecer a reflexão sobre os Direitos Humanos, os quais correspondem, a tudo o que está relacionado a vida humana.O uso do cinema tem sido usado como um recurso fundamental para discutir a vida e suas diferentes nuances, principalmente quando se tratam de Direitos Humanos. O projeto desenvolvido nas escolas e universidade, conforme pudemos constatar além de aproximar estudantes e professores da prática cinematográfica favoreceu um olhar poético sobre a vida humana e tudo o que a rodeia a partir da realidade. PALAVRAS-CHAVES: Inventar com a diferença. Cinema. Direitos humanos. Fotografias.
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Este mapeamento aborda quase 6 mil textos da cobertura trans publicados na Folha de S.Paulo entre 1960 e 2017 e parte da compreensão da mídia como agente fundamental na esfera das representações, influenciando diretamente a dinâmica das sociedades contemporâneas. A reflexão sobre os discurso e narrativas veiculadas nesse periódico, em que as travestis e transexuais paulatinamente migram das associações às artes e espetáculos (23,19% das ocorrências), publicadas no caderno Ilustrada, passando a ser associadas à marginalidade e criminalidade (36,88% do total), no Cotidiano, revela fluxo discursivo das citações em direção aos anúncios de prostituição, fato que nos convida a percorrer essa narrativa histórica a fim de problematizar como tais conteúdos se configuram na atualidade.
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Analisamos, em A guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Aleksiévitch, o método pelo qual a autora reconstruiu as narrativas das combatentes do Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial. A hibridização narradora-personagem caracteriza sua escritura. Estudos da memória, da história oral e do jornalismo compõem os referenciais. Os resultados sugerem: a) a força da obra reside na inclusão das vozes das mulheres excluídas nas narrativas de guerra; b) transformadas em narrativas, essa memória oral ressignifica o passado, atualiza o presente, cria vínculos de confiança entre depoentes, narradora e leitores.
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A crítica de alguns autores quanto ao papel da escola na nova realidade educativa perante as possibilidades de interação e informação, chega a extremos. Há autores que consideram que a escola, diante dos avanços tecnológicos capazes de distribuir com eficiência a informação, perde a razão de existir (PERELMAN, 1992). Embora entenda que este seja um posicionamento reducionista e obtuso, uma vez que o papel da escola não é ou não pode ser apenas o de informar. No contexto deste artigo propomos um viés para o debate educacional para a educação no século XXI: por um lado as tecnologias digitais de comunicação e informação que abalam as estruturas centenárias da educação e por outro a autonomia que esta tecnologia possibilita contrasta com o modelo de escola e da educação oficial que temos. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias digitais; autonomia, educação. ABSTRACT The critique of some authors regarding the role of the school in the new educational reality towards the possibilities of interaction and information, reaches to extremes. There are authors who consider that the school, given the technological advances capable of efficiently distributing information, loses its existence reason (Perelman, 1992). Although understands that this is a reductionist and obtuse position, since the role of the school is not or cannot be just to inform. In the context of this article we propose a bias towards the educational debate for education in the 21st century: on the one side the digital technologies of communication and information that undermine the centennial structures of education and on the other the autonomy that this technology allows contrasts with the school model and the official education we have. KEYWORDS: Digital technologies; autonomy, education. RESUMEN La crítica de algunos autores respecto al rol de la escuela en la nueva realidad educativa delante de las posibilidades de interacción e información, llega a extremos. Hay autores que consideran que la escuela, frente a los avances tecnológicos capaces de repartir con eficiencia la información, pierde la razón de existir (PERELMAN, 1992). No obstante entienda que este sea un posicionamiento reduccionista y obtuso, una vez que el rol de la escuela no es o no puede ser solamente el de informar. En el contexto de este artículo proponemos un sesgo para el debate educacional hacia la educación en el siglo XXI: por un lado las tecnologías digitales de comunicación e información que tiemblan las estructuras centenarias de la educación y por otro la autonomía que esta tecnología posibilita y contrasta con el modelo de escuela y de educación oficial que tenemos. PALABRAS CLAVE: Tecnologías digitales; autonomía, educación.
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Em áreas do conhecimento como a filosofia, a fenomenologia é compreendida como uma proposta teórica. No âmbito da comunidade científica da Comunicação, no entanto, não há este consenso: a fenomenologia tanto é entendida como uma teoria quanto, mais comumente nos últimos anos, como um método. A questão é que esta ambiguidade pode resultar numa certa fluidez do emprego da abordagem, uma vez que a ausência de uma proposta mais bem definida pode levar ao questionamento dos resultados dos estudos que a empregam como método. Neste contexto, este artigo tem como objetivo discutir esta temática, fazendo um breve levantamento histórico sobre a fenomenologia, debatendo esta relação teórico-metódica, e sugerindo uma proposta de sete passos para o método fenomenológico. Finalmente, esta proposta é usada como uma chave para se analisar estudo feito com este método, cujo resultado revela que a explicitação das técnicas empregadas (como entrevista aprofundada e observação participante) poderia melhorar a compreensão do método na comunidade científica da área de Comunicação.
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Trata-se de apresentar a metodologia das Narrativas Orais de Historias de Vida e suas relacoes com comunicacao e inovacao, considerando as narrativas orais dos sujeitos artifices da propria historia, suas subjetividades e suas memorias. O objetivo e discutir como os relatos de historias de vida, expressos pela narrativa oral do sujeito, podem ser objetos da comunicacao e identificar o aspecto de inovacao desse metodo na comunicacao. Parte de uma discussao teorica da bibliografia e conclui que a subjetividade e o principal elemento inovador da comunicacao nessa proposta metodologica.
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Este texto analisa a historia de vida como instância metodico-tecnica de pesquisa em Comunicacao. Focaliza as origens da pratica, estabelecendo seus vinculos com o campo, em especial o Jornalismo. Reflete sobre o uso da historia de vida em outras areas do conhecimento, em particular a Sociologia e a Historia Oral. Aponta sua possivel usabilidade e, sobretudo, seus limites. Finalmente, sugere a impossibilidade do registro em bases objetivas ou amparado no conceito de verdade absoluta, uma vez que a fonte primaria destas coletas sao seres humanos, paradoxais e idiossincraticos por natureza.
ALBERTI, V. Manual de História Oral CASATTI, D. Viagem ao outro: um estudo sobre o encontro entre jornalistas e fontes
  • C Abramo
  • Regra
ABRAMO, C. A regra do jogo e a ética do marceneiro Letras, 1988. ALBERTI, V. Manual de História Oral CASATTI, D. Viagem ao outro: um estudo sobre o encontro entre jornalistas e fontes. [s.l.] Universidade de São Paulo, 2006.
Os arquétipos e o inconsciente coletivo
  • Erbolato Comunicação
  • M Técnicas De Codificação Em Jornalismo
e técnicas de pesquisa em Comunicação ERBOLATO, M. Técnicas de Codificação em Jornalismo JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo 2012.
Jornada do Herói: estrutura narrativa mítica na construção de histórias em jornalismo MARTINEZ, M. A história de vida como instância metódico A regra do jogo e a ética do marceneiro
  • E P Lopes
  • M I V De
  • Pesquisa
  • Martinez Comunicação
LIMA, E. P. Páginas ampliadas: o livro e da literatura. 4. ed. São Paul: Manole, 2009. LOPES, M. I. V. DE. Pesquisa em Comunicação MARTINEZ, M. Jornada do Herói: estrutura narrativa mítica na construção de histórias em jornalismo MARTINEZ, M. A história de vida como instância metódico A regra do jogo e a ética do marceneiro. São Paulo: Companhia das
Os arquétipos e o inconsciente coletivo
  • Técnicas De Codificação Em Jornalismo
  • Petrópolis
Técnicas de Codificação em Jornalismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1984. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
Jornada do Herói: estrutura narrativa mítica na construção de histórias em jornalismo
  • J L Landeira
  • L E Baronto
  • Tempo Dos Gêneros. São
  • Paulo
LANDEIRA, J. L.; BARONTO, L. E. O tempo dos gêneros. São Paulo: Salesiana, 2008. Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jo . 4. ed. São Paul: Manole, 2009. Pesquisa em Comunicação. 7. ed. Rio de Janeiro: Loyola, 2003. Jornada do Herói: estrutura narrativa mítica na construção de histórias em jornalismo. 1. ed. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2008.
Jornada do Herói: estrutura narrativa mítica na construção de histórias em jornalismo MARTINEZ, M. A história de vida como instância metódico Manual de História Oral. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV
  • E P Lima
  • M I V Lopes
  • De
  • Martinez Pesquisa Em Comunicação
LIMA, E. P. Páginas ampliadas: o livro e da literatura. 4. ed. São Paul: Manole, 2009. LOPES, M. I. V. DE. Pesquisa em Comunicação MARTINEZ, M. Jornada do Herói: estrutura narrativa mítica na construção de histórias em jornalismo MARTINEZ, M. A história de vida como instância metódico Manual de História Oral. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2005. Viagem ao outro: um estudo sobre o encontro entre jornalistas e . [s.l.] Universidade de São Paulo, 2006.