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Revista Brasileira de Cartografi a (2015), Edição Especial de Cartografi a Histórica: 715-728
Sociedade Brasileira de Cartografi a, Geodésia, Fotogrametria e Sensoriamento Remoto
ISSN: 1808-0936
A EVOLUÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE A PARTIR
DA CARTOGRAFIA
The Evolution of the Greater Recife Through Cartography
Lucilene Antunes Correia Marques de Sá & Thatiana Lima Vasconcelos
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Programa de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Departamento de
Engenharia Cartográfi ca
Av. Acadêmico Hélio Ramos, s/n – 50740-530 - Cidade Universitária – Recife – Pernambuco
lacms@ufpe.br
tlvasconcelos@gmail.com
Recebido em 12 de Janeiro, 2012/ Aceito em 14 de Fevereiro, 2012
Received on Januaryl 12, 2014/ Accepted on February 14, 2012
RESUMO
A cartografi a pode contar a história de um povo, de uma cidade e de um país. Os mapas históricos estão relacionados
aos eventos que marcam uma era. Esta pesquisa teve como objetivo recuperar a cartografi a do Recife para mostrar
o processo de criação da cidade. Recife foi fundada pelos Portugueses e mais tarde dominada pelos holandeses. Os
mapas mostram-nos como aconteceu o domínio holandês no Recife e no resgate da cidade por brasileiros, ainda no
domínio Português. A metodologia utilizada foi baseada em pesquisa bibliográfi ca e análise de antigos documentos
cartográfi cos. O resultado é uma exposição com a visualização cartográfi ca da evolução de um povo e de uma das
principais capitais do Brasil.
Palavras-Chaves: Cartografi a, Região Metropolitana do Recife, Mapas Históricos.
ABSTRACT
The cartography can tell the story of a people, a city, and a country. The historic maps are related to events that mark
an era. This research was aimed at recovering the cartography of Recife to show the process of creating the city. Recife
was founded by the Portuguese and later dominated by the Dutch. The maps show us how happened the Dutch domain
in Recife and the rescue of the city by Brazilians, still in the Portuguese domain. The methodology used was based on
literature search and collection of ancient cartographic documents. The result is an exhibition with the cartographic
visualization of the evolution of a people and one of Brazil’s main cities.
Keywords: Cartography, Recife Metropolitan Region, Historical Maps.
1. INTRODUÇÃO
Nos primeiros anos do descobrimento
do Brasil não havia por parte de Portugal a
preocupação em implantar povoados para
colonização. Esta fase da história brasileira foi
marcada pelo extrativismo. As feitorias eram
responsáveis pelo escoamento dos produtos
obtidos na colônia enviados ao reino. Para facilitar
o transporte fi cavam próximas aos portos.
Em março de 1534 foram criadas as
Capitânias Hereditárias, que tinham como objetivo
povoar a colônia para proteger as terras descobertas
de invasores. O Brasil foi dividido em Capitânias
Hereditárias, formada por faixas lineares de terra,
Sá L. A. C. M. & Vasconcelos T. L.
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indivisíveis e inalienáveis, que partiam do
litoral prolongando-se até a linha do Tratado de
Tordesilhas ignorando os acidentes geográfi cos.
(Figura 1)
Na região litorânea as capitânias Itamaracá
e Pernambuco desenvolveram povoados que
se tornaram vilas, e hoje formam um grande
aglomerado urbano onde está inserida a Região
Metropolitana do Recife – RMR. O Recife é
a capital do estado de Pernambuco, a RMR é
formada por 14 (catorze) municípios.
2. A FORMAÇÃO DA RMR
Nas primeiras décadas do século XVI,
iniciava-se o processo de colonização da
capitânia de Pernambuco. A atual Região
Metropolitana do Recife - RMR teve suas terras
divididas em duas capitânias: Pernambuco e
Itamaracá. A Capitânia de Pernambuco fi cou com
a maior porção territorial da RMR, chegando a
cerca de 60 léguas ao Sul do Sítio dos Marcos,
onde ainda hoje, existe o marco de pedra que
dividia as Capitânias.
Ao navegador Duarte Coelho Pereira foi
entregue a capitânia de Pernambuco. Quando
chegou à região subiu o canal de Santa Cruz
até atingir o rio Igarassu, percorreu mais seis
quilômetros continente adentro, enquanto o
rio apresentava condições para navegação das
embarcações. Neste local existia uma pequena
colina, onde foram construídas as primeiras
habitações e uma igreja dedicada aos santos
Cosme e Damião. O porto fi cava próximo e
as terras alagadas na maré alta e cobertas pelo
mangue fi cavam distantes.
Dois anos após sua chegada, no ano de
1537, o donatário Duarte Coelho decide encontrar
o local ideal para a construção da sede da
Capitânia. Uma privilegiada posição geográfi ca
facilitadora da defesa contra invasores, a cerca
de 30 quilômetros mais ao Sul, em uma colina
que lhe permitiria vigiar toda região deltática
dos rios Capibaribe e Beberibe. Neste local foi
fundada a cidade de Olinda.
Olinda cresceu descendo a encosta do
chamado morro da Misericórdia até a margem
do rio Beberibe. O local foi denominado como
Varadouro das Naus, onde foi construído um
pequeno porto.
A Figura 2, intitulada Prerspectiva. Do
Recifee, e Villa, de Olinda é de autoria de João
Texeira Albernaz I, o mapa original manuscrito
integra o códice Razão do Estado do Brasil no
Governo do Norte.
Goulart (1997), faz a seguinte descrição da
gravura apresentada na Figura 2: “ No primeiro
plano vemos o Forte do Picão ou da Laje,
construído nos primeiros anos do século XVII,
com projeto de Tiburcio Spanochi, sob direção de
Francisco de Frias de Mesquita, sendo as obras
executadas por Cristóvão Álvares. O Recife não
apresenta muita diferença quando comparado
ao desenho que ilustra a “Relação das Praças
Fortes”, do mesmo Diogo de Campos Moreno,
de 1609. À sua frente, na península, o forte de
São Jorge, de terra. Olinda aparece cercada pelo
que seria uma paliçada extensa, junto ao mar, e
uma segunda linha de defesa terminando ao redor
do convento do Carmo (letra B) ”
A Figura 2 também demonstra a preocupação
portuguesa em cartografar os rios que serviam de
entrada para o interior e escoamento da produção.
A delimitação da vegetação é bem visível
com distinção entre as áreas alagadas e matas.
Quatro áreas estão bem defi nidas: a urbana com
Olinda; a rural, com os engenhos ao longo da
Várzea do Capibaribe; as áreas de plantação de
cana-de-açúcar e o porto do Recife.
A p esar d o r á p ido cr escimen to
e consolidação de Olinda, como capital,
localizada próxima ao rio Beberibe e ao porto
do Varadouro das Naus, era através de um canal
de aproximadamente 7km ao Sul, que fi cava a
saída para o mar, pois dava condições para a
navegação das embarcações de maior porte. Era
Fig. 1- Capitânias Hereditárias, Mapa de 1574,
cartógrafo Luiz Teixeira.
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um ancoradouro natural que se comunicava com
o rio Capibaribe, o qual permitia subir cerca de
10km a Oeste em direção ao cinturão de morros
terciários oriundos da Formação Barreira. Na
península situada a frente deste privilegiado
ancoradouro natural, consolidou-se um pequeno
povoado em função das atividades de exportação
do açúcar.
O donatário da capitânia de Itamaracá,
Figura 3, o navegador Pero Lopes de Sousa
estabeleceu a sede da capitânia sobre uma colina
na Ilha de Itamaracá, no vilarejo chamado Nossa
Senhora da Conceição. A vila é conhecida hoje
como Vila Velha. No local ainda são mantidas as
características da época, com poucas casas e uma
igreja. O vilarejo de Goiana tornou-se à capital
de Itamaracá, posteriormente.
A Figura 3 mostra a costa pernambucana
no início do século XVII, trata-se de um original
manuscrito encontra-se no Arquivo Nacional
Algemeen Rijksarchief em Haia na Holanda.
Ao centro, pode-se observar a vila de Nossa
Senhora da Conceição em Itamaracá, tendo
à frente o Forte Orange. Do lado esquerdo,
sobre uma colina, um acesso por via fl uvial (rio
Igarassu), e a vila de Igarassu. No extremo norte
da capitânia de Pernambuco, poucos anos antes
de ser dominada pelos Holandeses, especula-se
que a vila de Igarassu tenha sido parcialmente
destruída.
A crescente demanda no mercado Europa
pelo açúcar aliada as condições naturais de solo
e clima favoráveis ao plantio da Cana de Açúcar,
incentivaram a implantação de diversos engenhos
por toda a capitânia. Sangrentos confl itos foram
travados com os indígenas que procuravam
defender suas terras, mas que sempre acabavam
por ser escravizados ou afugentados para locais
mais distantes.
Assim, o início do XVII fi cou marcado
pelo surgimento de vilarejos e de engenhos de
açúcar. Alguns engenhos foram se instalando
ao longo rio Capibaribe, que se fi rmou como
hidrovia de escoamento da produção até o porto
natural próximo a sua foz. Os povoados de São
Lourenço da Mata e Várzea merecem destaque
nessa época.
Ao Sul da capitânia de Pernambuco a
ocupação também se consolidou através da
penetração de dois importantes rios da região,
o Jaboatão e o Ipojuca. O povoado de Santo
Amaro de Jaboatão surgiu junto ao rio Jaboatão
Fig. 2 – Recife e Olinda – 1616.
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e no trecho do baixo do rio Ipojuca, surge a
localidade de Ipojuca. Nesta mesma região
destaca-se a formação das cidades de Cabo de
Santo Agostinho e de Serinhaém. Jaboatão teve o
seu povoado fundado a partir de 1593, por Bento
Luiz Figueira, terceiro proprietário do Engenho
São João Batista, hoje, Usina Bulhões.
A Figura 4 mostra uma descrição do
momento das lutas no ano de 1634, para a
tomada, pelos holandeses, da ilha em frente ao
Cabo de Santo Agostinho e mostra a povoação de
Nossa Senhora de Nazaré, conservada por algum
tempo pelos portugueses. A ilha foi denominada
Walcheren, pelos seus novos ocupantes. Nazaré
é representada esquematicamente, mas as
posições das tropas, das fortificações e dos
navios são indicadas com detalhes. Isto reforça
a tônica militar da produção cartográfi ca desta
época. O original deste mapa encontra-se no
arquivo Deventer, Holanda, cujos habitantes
foram contribuintes da Companhia das Índias
Ocidentais (WIC).
Uma das imagens mais antigas que se
tem registro de Olinda e da então Ribeira
Marinha dos Arrecifes, datada de 1609, tem
sua autoria atribuída a Diogo Moreno, com
o título de “Prespectiva da Vila de Olinda de
Pernambuco”. Neste documento cartográfi co é
possível visualizar a povoação do Recife, com a
ilha de Marcos André já com o convento de Santo
Antônio e algumas casas na linha de costa. É
possível visualizar à esquerda, o canal entre a ilha
de Marcos André e a ilha André de Albuquerque.
O original encontra-se no Arquivo Nacional
Torre do Tombo em Lisboa, Portugal.
Até a chegada dos holandeses em 1630,
a ocupação daquelas terras não se modifi caria
muito, permanecendo restrita ao trecho próximo
ao. Mas, a partir de 1638 passa a ser conhecida
como Velha Maurícia.
Fig. 3 - Itamaracá e Igarassu – 1630.
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A Evolução da Região Metropolitana do Recife
No in í ci o do séc ul o XV I I t êm-
se informações da consolidação de alguns
povoados, que mais tarde viriam a fazer parte
dos municípios da Região Metropolitana de
Recife: Igarassu, Ipojuca, Itamaracá, Jaboatão
dos Guararapes, Olinda, Recife e São Lourenço.
Porém, é durante o período de dominação
holandesa, que segue este momento da história,
que alguns destes povoados realmente passaram
grandes transformações urbanas.
2.1 As transformações do período holandês
Neste período da história, Recife vive as
maiores transformações em seu espaço físico,
mangues são aterrados, pontes são construídas,
camboas são drenadas. De 1630 a 1654, com
todas as melhorias, o Recife passa a ser capital de
Pernambuco. Olinda é destruída por um incêndio
em 1630.
Os Holandeses precisavam conhecer o
espaço físico do Recife isto era imprescindível
para construírem suas habitações e fortifi cações.
Dois el em ent os s ão i mp ortan tí ss imo s
testemunhos da paisagem de Recife e Olinda
daquela época: a pintura de Gillis Peeters e a
carta de Andreas Drewisch Bongesaltensis.
O mapa preparado por Andreas Drewisch
Bongesaltensis (Figura 6) foi profundamente
investigado por Gonçalves de Mello, que
pressupõe ser a primeira planta do Recife após
a ocupação holandesa. Drewisch teria viajado
para o Recife em setembro de 1630. A sua
presença é comprovada através de documentos
que datam de janeiro de 1631. A carta do Recife,
de sua autoria, é de julho de 1631. Até o ano de
1635, há notícias de sua permanência no Recife.
MELLO (1976).
A planta (Figura 6) mostra cuidadosamente
as defesas holandesas levantadas no Recife e na
Ilha de Antônio Vaz e indica uma série de obras
realizadas pelos holandeses. Os Fortes do Picão
(conhecido também como Forte do Mar) e de
São Jorge foram construídos pelos portugueses.
Uma das fortifi cações mais importantes, o Forte
Ernesto, foi construído ao redor do Convento
Franciscano de Santo Antônio, servindo de sede
para a administração militar do local. Ao Sul da
ilha de Antônio Vaz, foi construída uma linha de
fortifi cações (hornaveque). Nas proximidades
existe uma casa onde residiu Maurício de
Fig. 4 - Foz do rio Ipojuca e do Capibaribe, Pedro Nunes Tinoco, 1636.
Fig. 5 – Trecho da “Prespectiva da Villa de
Olinda” de Diogo de Campos Moreno – 1609.
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Nassau, entre 1637 e 1642. Outra importante
construção militar, segundo a carta, foi o Forte do
Brum (de Bruyn) ao Norte do Forte de São Jorge,
construído segundo projeto de Commersteijn.
Na extremidade mais ao Sul da ilha está o
Forte Fredrick Henrick, conhecido, hoje, como
Forte das Cinco Pontas. De igual importância
defensiva foi à construção da muralha ao redor
do Recife. Esta obra em alvenaria era protegida
por estacas nos limites com a água.
O desenho de Drewisch mostra o Recife na
invasão holandesa. Maurício de Nassau efetuou
obras urbanas que alteraram o aspecto físico
da cidade. É um trabalho de caráter técnico,
bem elaborado e com rigor métrico pertinente a
técnica da época.
A imagem pintada por Peeters (Figura 7) é
uma maravilhosa imagem de Recife a partir de
Olinda, mostrando uma intensa movimentação
de embarcações no porto, e os fortes do Brum e
do Buraco, o povoado do porto, as construções
espalhadas pela Ilha de Antônio Vaz, e ainda, os
fortes do Ernesto e das Cinco Pontas. A pintura
se assemelha muito ao mapa de 1631.
Com a chegada do conde alemão, João
Maurício de Nassau-Siegen, em janeiro de 1637,
aconteceram os primeiros melhoramentos no
porto e a execução do primeiro plano urbanístico
da cidade do Recife.
Neste momento o governo passou a
residir no Recife, onde estava erguida a cidade
Maurícea (Mauritzstadt) segundo os moldes
norte-europeus, sobre a então chamada ilha de
Antônio Vaz (atual bairro de Santo Antônio e
uma parte do bairro de São José). A Ilha era
basicamente guarnecida por duas fortalezas:
ao Norte pelo Forte Ernesto, ao Sul, pelo Forte
das Cinco Pontas como pode ser observado na
Figura 8.
Porém era necessário ligar a ilha de
Antonio Vaz ao porto do Recife e ao continente
para tanto, foram construídas duas pontes. Uma
ligava a Cidade ao istmo e a outra, a ponte da
Boa Vista, ligava a Ilha ao continente, ambas
construídas em 1644. Profundas transformações
se sucederam no espaço físico recifense,
indicando que neste momento a cidade começa
a crescer sobre as águas.
Segundo Barreto (1994) na “área central
de Antônio Vaz, foram abertos ou fechados,
conforme houvesse necessidade, camboas,
canais, ou ainda, aterrados, locais alagadiços
e encharcados, incorporando novos espaços à
expansão urbana. Do mesmo período, foram o
saneamento e a arborização da ilha, apontados
pelos estudiosos como os primeiros do continente
sul-americano. O saneamento do solo feito com
a abertura de canais, além de drenar a cidade,
fornecia material de aterro para a ampliação de
terra fi rme, favorável às construções.
Na carta de 1639 (Figura 8), pertencente
ao Atlas Vingboons, pode-se observar o plano
urbanístico da Cidade Maurícea elaborado
por Pieter Jansz Post (1608 – 1669) foi um
arquiteto e pintor holandês e irmão mais velho
de Frans Post. Ele foi o criador do estilo barroco
neerlandês junto com Jacob Campen. Segundo
Mello (1987), onde se lê em holandês: de nieu
afgesteecken Stadt ou “a nova cidade projetada”,
mais tarde conhecida como Nieuw Mauritsstadt
ou Nova Cidade Maurícia. A sua localização
atual seria o bairro de São José. O palácio de
Fig. 6 – Carta Comemorativa da Conquista de Pernambuco por Hessel Gerritsz em 1630.
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Maurício de Nassau é representado com jardins
na extremidade à direita da ilha de Antônio Vaz
com as pontes que ligavam o bairro do Recife
ao continente e à ilha. O plano urbanístico de
previa ainda a ampliação da cidade Maurícia
com a inclusão de um número maior de fi leiras
de quadras e uma praça central, dividida ao meio
por um canal.
MELLO NETO (1987) afi rma que ainda
não foi possível determinar o quanto dessa Nova
Maurícia foi efetivamente construído e presume
que os mapas existentes mostram apenas os
projetos e não o que havia na realidade. É sabido
que por questões de segurança quase tudo o
que havia entre a atual igreja do Espírito Santo
(construída no lugar da igreja calvinista) e o forte
das Cinco Pontas foi demolido a partir de 1645,
principalmente as habitações que Maurício de
Nassau teria mandado construir para a população
pobre.
O estudo do Inventário dos Prédios
verificou que a maior parte das edificações
existentes em Antônio Vaz em 1654 (em torno de
80% do total) localizavam-se na Velha Maurícia,
o que parece comprovar que a área do atual bairro
de São José não estava totalmente ocupado ao
fi nal do domínio holandês. Por essa época, foram
inventariados os palácios mandados construir
por Nassau: o da Boa Vista (‘t huijs Boa Vista
genaemt – a casa chamada da Boa Vista) e
o de Vrijburg ou Friburgo; os fortes Ernst e
Cinco Pontas; a Porta Sul de Maurícia e alguns
redutos próximos ao aterro dos Afogados (atual
rua Imperial) e algumas casas pertencentes a
judeus, holandeses e portugueses. (NEVES e
MENDONÇA JÚNIOR, 2007)
O mapa da Figura 9 mostra o Recife, a
cidade Maurícia, Olinda e parte da Várzea,
datado de 1648, a melhor representação gráfi ca
do Recife elaborada durante o domínio holandês.
O autor deste mapa, Golijath, estava no Brasil
desde 1635. No início da década de 1640 era
o cartógrafo do governo em Pernambuco. Os
trabalhos de levantamento para elaboração
dos mapas foram iniciados em 1638 e existem
referências ofi ciais de remessa para a Holanda
dos desenhos, em abril de 1639, por iniciativa
do Conde Maurício de Nassau.
A descrição inclui uma vasta área ao
redor do Recife e de Olinda, com referências
detalhadas de uma série de informações sobre
a localização de engenhos importantes, e o
cemitério dos judeus. Em Olinda é registrada
a presença de uma obra importante, o canal de
pedra, que conduzia água do Beberibe para a
cidade, construído pelo Governador-Geral Diogo
Botelho, entre 1602 e 1603. A obra com mais
de uma légua de extensão foi representada com
precisão no mapa.
A cidade de Olinda apresenta algumas
áreas construídas em frente a Igreja Matriz.
Destaca-se o parcelamento do solo, em área onde
o desenho mais antigo apresenta vegetação, como
na parte da gravura em que o autor aproveitou
para escrever Civitas Olinda. A quadra, que
fi ca a seguir ao Norte e duas outras a Oeste da
Misericórdia, estão subdivididas e, em algumas
partes, foram hachuradas, como se já tivessem
sido edifi cadas.
3. DO SÉCULO XVIII AO INÍCIO DO SÉ-
CULO XX
Mesmo após a expulsão dos holandeses,
o progresso no aglomerado central não parou
e, em 1709, Recife passou à condição de
vila, o que motivou a Guerra dos Mascates
devido à rivalidade com Olinda, então sede da
Capitania.
No início do século XVIII o núcleo central
estava bem consolidado com a cidade crescendo
lentamente de forma tentacular, partindo do
centro para o interior acompanhando as vias
de circulação que se desenvolviam obedecendo
aos condicionantes topohidrográficos, bem
como através de hidrovias e ferrovias (
Maxambomba). Os engenhos destas áreas foram
aos poucos subdividindo-se em sítios e lotes que
posteriormente foram dando origem a alguns
bairros: Madalena, Torre, Derby, Beberibe,
Apipucos e Várzea.
Fig. 7 - Recife e seu porto, Gillis Peeters,1637.
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Fig. 8 – Recife – 1639 – Ilha de Antonio Vaz.
Fig. 9 – Perfect Caerte der Gelegen theyt van Olinda de Pharnambuco Mauritsstadt ende t’Reciffo
de Cornelis Goliath, de 1648.
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A Evolução da Região Metropolitana do Recife
A Figura 10 é de 1771, refere-se ao
Plano da Villa de Santo Antonio do Recife de
Pernambuco. É um desenho que guarda estreita
relação com o levantamento existente no Arquivo
Distrital de Évora (PERNAMBUCO, 1998) e
com o original de Antonio Albino de Amaral, de
1775, existente no Arquivo Histórico do Exército
no Rio de Janeiro. A data pode ser estimada,
comparando-se as instalações existentes no
bairro da Boa Vista. A esquerda do mapa as
áreas construídas estão indicadas nos mapas de
Vilhena (1773-1803) e de Antonio Albino do
Amaral (1775).
No início do século XIX, houve um grande
desenvolvimento na cidade, em especial no
bairro da Boa Vista que cresceu em direção ao
Derby e Santo Amaro (neste momento existia a
ligação com Santo Antônio e São José através
das pontes da Boa vista e Princesa Isabel, em
homenagem a princesa. Em 1823 a vila do Recife
passou a ser cidade e, fi nalmente, em 1827 foi
elevada à condição de capital. O crescimento
da cidade foi indiretamente ligado ao fato da
“abertura dos portos às Nações Amigas”, em
função da chegada da família real portuguesa
ao Brasil. Posteriormente, no fi nal do século
XIX a abolição da escravatura gerou um grande
movimento migratório dos escravos para a
cidade em busca de melhores condições de vida,
surgindo então, os Mocambos.
Neste momento da história, as áreas mais
adensadas da cidade eram Santo Antônio e
São José, que já mostravam uma malha urbana
consolidada e bem defi nida, apresentando ruas
longas que se orientavam no sentido longitudinal
(norte/sul), sendo cortados ortogonalmente por
travessas e ruas de menor porte. O bairro de
São José começava a confi rmar sua vocação
para o comércio, pois parte de seus sobrados
apresentavam comércio no pavimento térreo e
habitação nos superiores, bem como a presença
do Mercado de São José. A malha urbana está
bem defi nida e apresenta alguns pátios e o largo
do mercado.
A cartografia mais importante deste
período a segundo Barreto (1994, p. 49) é uma
planta da cidade do Recife e seus Arrabaldes
de 1870, sendo uma litografia de Francisco
Henrique Carls retirada do Livro Arredores do
Recife, cujo autor é F. A. Pereira da Costa. A
planta confi rma o crescimento tentacular da
cidade e mostra a consolidação de importantes
elementos de penetração do continente, como
a Av. Caxangá, o rio Capibaribe, o projeto da
estrada férrea de Jaboatão e a estrada do sul.
A cartografi a mais importante do início
do século XX é este mapa de 1906 intitulada
“Planta da Cidade do Recife” (Figura11), escala
de 1:10.000, reproduzido dos levantamentos da
cidade feitos por Sir. Douglas Fox e Sócios &
H. Michell Whitley, membros do Instituto de
Engenharia Civil de Londres.
4. DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCU-
LO XX ATÉ HOJE
Na primeira metade do século, o Recife
assume o caráter de um grande centro de atração
de imigrantes. Entre outros motivos que explicam
este fato, estão o processo de industrialização e a
desarticulação dos antigos sistemas de produção
rural. Esta desarticulação privilegiou os grandes
latifundiários expulsando os menores que, sem
condições de produzir, vendiam suas terras e
vinham em busca de melhores condições de vida
na cidade grande.
Entre os anos 20 e 40 o Recife teve um
crescimento populacional da ordem de 46%, no
entanto, a oferta de bens e serviços coletivos
não cresceu na mesma proporção. É importante
ressaltar que em 1938, o então prefeito, Novaes
Filho, proibiu a
construção de mocambos e as favelas
passaram a ser reconhecidas ofi cialmente nas
estatísticas e na Cartografi a da cidade.
O documento cartográfi co que mostra esta
realidade é a Planta da Cidade do Recife e seus
Arredores do ano de 1932 (Figura 12) produzida
pela Prefeitura do Recife. Esta planta traz
informações sobre o processo de consolidação
de alguns bairros populares e da penetração da
população em direção ao Sul e Oeste.
A planta permite observar que a parte
central da cidade crescia em direção a Afogados
até os bairros do Ipiranga, Estância e Areias
sempre pelo eixo das já existentes Avenida
José Rufino e Rua São Miguel. Para o Sul
deslocava-se pelo Cabanga, atingido o Pina.
Nas avenidas Herculano Bandeira e a Beira Mar
haviam habitações esparsas, com uma maior
concentração só próximo à Igreja Nossa Senhora
da Boa Viagem.
A maior concentração urbana se localizava
Sá L. A. C. M. & Vasconcelos T. L.
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Fig. 10 – Recife e Cidade Maurícia – 1771.
Fig. 11 – Recife e São José, Santo Antônio, Boa Vista e parte de Santo Amaro
725
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A Evolução da Região Metropolitana do Recife
às margens do Capibaribe, direcionando-se
para o Derby, Capunga, Ilha do Leite, Coelhos,
Graças, Aflitos, Espinheiro, Santo Amaro,
Encruzilhada e Campo Grade, estes três últimos
mais próximos à bacia do Beberibe.
A cid ade cr esceu acel erada mente,
“incorporando antigos mangues, alagados,
aterrando o leito dos rios, ou mesmo subindo
os morros, onde até então, o verde da Mata
Atlântica refl etia sereno nas águas que cortavam
a planície” (BARRETO, 1994).
A ocupação dos morros, notadamente os
da zona Norte da cidade, deu-se também em
função da política de erradicação dos mocambos
promovida pelo então governador Agamenon
Magalhães.
Durante o início da segunda metade do
século XX, o Recife ainda apresentava um certo
crescimento que foi diminuindo, sensivelmente,
como mostra a Tabela 1.
A Planta da Cidade do Recife e seus
Arredores do ano de 1951 (Figura 13), escala
1:20.000, é um elemento importante para a
análise do início do processo de Conurbação
Urbana entre Recife e os municípios de Jaboatão
e Olinda.
Outros elementos importantes a serem
observados na Figura 13 são a consolidação da
zona Sul da Cidade, que além das vias próximas
ao mar, apresenta a Avenida Mascarenhas de
Morais com a malha urbana dos bairros da
Imbiribeira bem defi nida. Nota-se a presença
do Aeroporto Internacional dos Guararapes. A
Sudoeste observa-se a existência do Jordão,
da BR 101, e das atuais Unidades Residenciais
-UR. 1, 2 e 3.
Jaboatão por sua vez vem ao encontro do
Recife fundindo-se nos morros dos bairros de
Tejipió, Coqueiral, Sancho e Alto da Bela Vista.
Ao Norte do município observa-se o
principio da ocupação nos morros, como Morro
da Conceição, Alto José do Pinho, Alto Santa
Teresinha, do Deodato, da Esperança, Nova
Descoberta, Vasco da Gama e Córrego do
Boleiro.
A partir da década de 70, o processo de
metropolização da cidade começa a se consolidar
tornando-se uma grande mancha. Para gerir este
processo foi criada pela Lei Complementar nº.
14 de 09/06/73, a RMR vinculando municípios e
mantendo-os independentes administrativamente.
Os Conselhos Deliberativos e Consultivos
da Região Metropolitana do Recife foram
instituídos. Em 03/07/75 foi criada a Fundação
de Desenvolvimento da Região Metropolitana do
Recife – FIDEM - como órgão de apoio técnico
para estes conselhos.
Quando a FIDEM foi fundada, doze
municípios eram legalmente reconhecidos:
Abreu e Lima, Camaragibe, Cabo, Itapissuma,
Itamaracá, Igarassu, Jaboatão, Moreno, Olinda,
Paulista, Recife e São Lourenço da Mata.
Atualmente, estão agregados a RMR, os
municípios de Ipojuca, Igarassu e Araçoiba,
totalizando quatorze.
Com a FIDEM a Cartografi a no Recife teve
um imenso impulso de reprodução e na qualidade.
Foram produzidos diversos documentos
cartográfi cos, em diferentes escalas. Ao longo
das últimas décadas alguns recobrimentos
aerofotogramétricos foram executados para a
construção das bases cartográfi cas, notadamente
sobre a Região Metropolitana do Recife.
Os principais vôos fotogramétricos
realizados foram os descritos naTabela 2.
O vôo 1974, deu origem as Ortofotocartas
de 1978 na escala de 1:10.000.
As cartas de nucleação que apresentavam
defasagem em relação aos municípios mais
extremos da RMR notadamente a Araçoiaba e
Ipojuca foram atualizadas com o vôo de 97/98
Com estes vôos foi possível elaborar
documentos cartográfi cos que cobrissem toda
a RMR.
A FID EM há algum tempo já vem
disponibilizando as plantas da UNIBASE em
mídia magnética. Mais recentemente, no ano de
2001 esta autarquia disponibilizou as cartas de
nucleação atualizadas em mídia magnética nos
formatos de arquivos CAD.
Tabela 1: Crescimento Populacional
ANO POP (1.000 hab)
1913 230.9
1950 468.6
1960 797.2
1970 1.084.4
1980 1.209.2
1991 1.298.2
2000 1.421.9
Sá L. A. C. M. & Vasconcelos T. L.
726 Revista Brasileira de Cartografi a, Rio de Janeiro, N0 67/4 p. 715-728, Jul/Ago/2015
Fig. 12 – Mapa de Recife de 1932.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O melhor entendimento do presente
acontece quando se tem conhecimento do
passado. A representação do espaço conhecido
pelo homem é traduzida através de documentos
cartográfi cos que são instrumentos importantes
quando se pretende estudar a evolução do espaço.
Quando Portugal se estabeleceu no Novo
Mundo teve difi culdade em se adaptar a esse
ambiente e desenvolveu técnicas para o uso do
espaço e estratégias geopolíticas de domínio.
Na RMR com o domínio holandês, o
espaço foi ainda mais explorado, pois foi
apropriado por uma empresa que buscava lucro
e desde cedo se preocupou em registrar todo o
conhecimento necessário para alcançar o êxito
que começou com a invasão do Recife em 1630.
Do Sul, a cidade de Jaboatão por sua vez vem
ao encontro de Recife fundindo-se nos morros
dos bairros de Tejipió, Coqueiral, Sancho e Alto
da Bela Vista. No Norte, a cidade de Olinda se
encontra com Recife às margens do rio Beberibe.
Hoje a RMR é a maior metrópole do
Nordeste e 5ª (quinta) maior do Brasil que
concentra 65% do PIB estadual, sua área de
infl uência abrange todo o estado de Pernambuco,
além dos estados da Paraíba, Alagoas, a parte sul
do Rio Grande do Norte, e o interior dos estados
do Piauí, Maranhão e Bahia. A RMR é formada
pelos municípios de Abreu e Lima, Araçoiaba,
Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu,
Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão
dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Recife
e São Lourenço da Mata, onde vivem 3.688.428
de habitantes. Os maiores municípios são o Recife
(1.536.934), Jaboatão dos Guararapes (644.699),
Olinda (375.559) e Paulista (300.611). O litoral
da Região Metropolitana do Recife possui a
densidade demográfi ca é uma das maiores do
País sendo 1.332hab./km² (IBGE, 2010).
727
Revista Brasileira de Cartografi a, Rio de Janeiro, N0 67/4 p. 715-728, Jul/Ago/2015
A Evolução da Região Metropolitana do Recife
Fig. 13 – Mapa do Recife de 1951.
Tabela 2: Vôos realizados
VÔO SOLICITANTE EXECUTOR ESCALA ANO
Projeto 8/FAB SUDENE 1º / 6º GVA/FAB 1:30.000 1970
Projeto 0-291 CONDEPE /
RMR
Serviços Aerofotogramétricos
Cruzeiro do Sul 1:6.000 1974
Projeto 07 FAB /
FIDEM FIDEM 1º / 6º GVA/FAB 1:6.000 82, 83, 86, 88 e
1989
Projeto FIDEM FIDEM Prospec S.A. 1:6.000 96, 97 e 1998
Sá L. A. C. M. & Vasconcelos T. L.
728 Revista Brasileira de Cartografi a, Rio de Janeiro, N0 67/4 p. 715-728, Jul/Ago/2015
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