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Universidade de Vigo
Faculdade de Ciências Sociais e da Comunicação
A Importância da Comunicação para a
Atribuição, Divulgação e Preservação do
Título de Património Mundial no Âmbito
da UNESCO aos Centros Históricos
Urbanos
Artur Santos
Orientadora: Professora Doutora Aurora García González
Pontevedra, 2006
2
A Deus
Por toda a inspiração que me
deu em tempos de escuridão
intelectual.
Pelos iluminação da
sapiência que me guiou no
caminho incerto da acção
investigadora
Por viver…
3
Agradecimentos
À Professora Doutora Aurora García González, por toda a sua
“generosidade” nas aulas que ministrou, na orientação deste trabalho, na
simpatia e amizade demonstradas ao longo do tempo.
À minha sempre companheira e esposa Marta Loureiro dos Santos, por
tudo.
Tino Nóvoa, responsável pelo arquivo de La Voz de Galicia
Serviços da Biblioteca Central da Universidade de Vigo, Campus de As
Lagoas Marcosende e serviços da Biblioteca Central do Campus de
Pontevedra.
4
Índice
I. Introdução Páginas
Título Descritivo do Projecto 5
Formulação do Problema 7
Objectivos da Investigação 10
Justificação 12
Limitações 18
II. Marco de Referência
Fundamentos Teóricos 20
Antecedentes do Problema 37
Elaboração de Hipóteses 49
III. Metodologia
Desenho e Técnicas de Recolha de Informação 52
População e Amostra 55
Técnicas de Análise 56
Trabalho de Campo 58
III. Parte Aplicada ou Experimental
Desenvolvimento do Projecto 59
Exposição do Trabalho 60
Principais Contribuições 70
IV. Conclusões 72
V. Bibliografia 74
VI. Anexos 77
5
I. Introdução
1. Título Descritivo do Projecto
Inserido na linha de investigação “Comunicação de Serviço Público”,
este trabalho, elaborado com o intuito de obter o Doutoramento em
Comunicação, Relações Públicas, Publicidade e Protocolo, pela
Faculdade de Ciências Sociais e da Comunicação, da Universidade de
Vigo, Galiza, Espanha, tem como objectivo aprofundar o estudo da
temática da importância da Comunicação na atribuição do título de
“Património Mundial”, sob a égide da UNESCO (United Nations
Educational, Scientific and Cultural Organization) ao centros históricos
urbanos, a sua preservação e divulgação, investigação iniciada aquando
da elaboração da tese de suficiência investigadora, para obtenção do
diploma de Estudos Avançados.
Esta obra terá como finalidade uma maior fundamentação teórica
necessária para reforçar a importância da Comunicação Interna e
Externa, das Relações Públicas e do Marketing como mecanismos
necessários para a transmissão da ideia de importância de se preservar
o património, alcançar, através da união de esforços entre várias
instituições públicas e privadas, a classificação de Património Mundial
para o espólio histórico edificado do centro histórico de uma cidade e por
fim para divulgações com fins turísticos desse legado secular e de
apresentação de trabalho de campo quanto à importância da
comunicação para a obtenção da classificação como Património Mundial
no âmbito da UNESCO, divulgação e preservação do espólio universal
dos centros históricos urbanos, apresentando um estudo comparativo
entre dois periódicos diários, um português e outro o galego, Jornal de
Notícias e La Voz de Galicia, jornais de relevo para as cidades do Porto e
de Santiago de Compostela respectivamente, urbes que pela sua beleza
6
histórica e arquitectónica são exemplos extraordinários de património
universal, fazendo ambas parte da restrita Lista do Património Mundial, e
que servirão como base a este estudo comparativo que terá como
amostras as publicações destes dois jornais desde 2000 até 2004,
depois de uma pesquisa efectuada aos arquivos e hemerotecas destes
dois órgãos de comunicação, com objectivo de perceber qual a
importância e destaque que os dois jornais dão às temáticas
relacionadas com o património mundial em geral mas sobretudo com o
património presente nos centros históricos de cada uma das cidades
respectivamente.
No que concerne ao trabalho de campo, para além do estudo
comparativo entre o Jornal de Notícias e La Voz de Galicia serão
publicados entrevistas efectuadas a personalidades ligadas ao estudo da
Comunicação e das Relações Públicas, jornalistas, autarcas e
responsáveis públicos e privados responsáveis ou que tenham estado
envolvidos em candidaturas ao título de Património Mundial, membros do
Centro do Património Mundial, da UNESCO, membros do ICOMOS
(International Council on Monuments and Sites) e ainda personalidades
ligadas ao turismo.
Finalmente será apresentado um estudo relacionado com os novos
conteúdos web, tipos de plataformas audiovisuais de divulgação e
publicidade relacionadas com o Património Mundial e ainda abordar as
procuras mais significativas no motor de busca Google”, quais os títulos
mais utilizados na procura de páginas e notícias sobre o Património
Mundial.
7
2. Formulação do Problema
Se o estudo da História permitiu, ao longo do tempo, compreender
as questões da comunicação nos seus mais variados aspectos e
vaticínios, alcançamos o momento em que as teorias ou ciências da
comunicação possibilitam não só o desenvolvimento em si mesmo do
estudo da História, pela capacidade actual de rápida deslocação de
conhecimentos à escala global, mas sobretudo pela propagação e pela
promoção da História não só com intuito científico mas também com
objectivos lúdicos e ou de saber empírico mas também com objectivos
económicos e turísticos de todos aqueles que, apesar de não estarem
intimamente ligados às questões do estudo da História a um nível
investigatório, sentem a necessidade de aprofundar os seus
conhecimentos e, por sua vez, fazem da promoção da história e dos
monumentos históricos a sua empresa. Os média, ao criarem conteúdos
audiovisuais, por exemplo, saciam a vontade de uma massa de pessoas
sequiosas de saberem mais, de forma a esquecerem um pouco a sua
vida rotineira do dia-a-dia, dos seus problemas e assim vestirem a pele,
nem que por momentos, de um “pseudo” estudioso das matérias ligadas
à História.
Algo semelhante aconteceu, por exemplo com a astronomia, e diga-
se, de uma forma inovadora e mesmo motivante, já que este exemplo
está na base da proliferação de conteúdos documentais e mesmo da
criação de canais temáticos ligados às ciências e à História, como
defende Richard Dixon Ulmidge1. Em 1980, um dos astrónomos
contemporâneos mais importantes, Carl Sagan, lança o desafio de se
produzir uma série televisiva de documentários sobre astronomia, que
viria a ter o título de “Cosmos”. Através de uma linguagem poética mas
apelativa, Carl Sagan conseguiu incutir nos telespectadores o desejo e o
1 Ulmidge, Richard Dixon (1982). The Development of Scientific and Cultural Contents
in Television. Atlanta: Social Studies Events. Trad.
8
gosto pelas temáticas que rodeavam o estudo da astronomia,
transformando essa série num rotundo êxito à escala planetária. Ulmidge
salienta que “a série “Cosmos” teve o condão de despertar no
espectadores uma curiosidade insaciável, de tal forma que esta série
chegou a alcançar 70 por cento de share de audiências” 2.
Assim, se demonstra que os média podem contribuir sem dúvida
para a criação de uma consciência e de uma atenção nas massas, e
porque não no que concerne à particularidade e mesmo singularidade do
património histórico e do seu importante contributo para o estudo e
preservação das raízes históricas do local ou do país, levando-as, na
melhor das hipóteses, a redescobrirem o centro histórico das suas
cidades, o seu património nativo, criando nelas um sentimento de
protecção, manutenção e cuidado e, numa perspectiva economicista, ver
no património arquitectónico de importância histórica uma “mina” de
atracção turística, conduzindo naturalmente a uma espiral de
desenvolvimento, com a criação de equipamentos hoteleiros (hotéis,
restaurantes, entre outros) e culturais (cinemas teatros, galerias de arte,
entre outros) e, claro está, de postos de trabalho, gerando desta forma
uma evolução no sentido económico, social e mesmo cultural do local ou
do país.
É essencial saber de que forma é que um dos principais esteios dos
média, os jornais, vêm a divulgação do património. Partilharão os jornais
da ideia de que a divulgação do património histórico arquitectónico
poderá ser uma chance de desenvolvimento e de captação de novas
mais-valias, nomeadamente no que diz respeito à publicidade? Será que
este tipo de matérias, no que se refere à criação de notícias, interessa
aos jornais, particularmente? Será que o público normalmente assíduo
destes jornais é sensível a este tipo de temáticas. Valerá a pena,
perguntam os periódicos, publicar notícias referentes a este tema?
2 Ulmidge, Richard Dixon (1982). Op. Cit., p. 34. Trad.
9
Neste trabalho pretende-se exactamente levantar questões teórico-
práticas quanto a estas questões, utilizando dois importantes exemplos
da imprensa ibérica: o Jornal de Notícias, edição fundamental para a
população portuense, do norte de Portugal e cada vez mais de todo país;
a La Voz de Galicia, publicação essencial no universo da imprensa
galega, de suma importância para os habitantes da “Cidade do Apóstolo”,
Santiago de Compostela.
Saber se estes dois jornais são sensíveis a este tipo de matérias ou
conteúdos é o mote para este trabalho. Até que ponto chega o interesse
destes dois exemplos no que diz respeito aos temas relacionados com o
património mas mais concretamente com aquele que é classificado pela
UNESCO com Património Mundial (ou da Humanidade) é essencial para
a formulação da tese de que as questões relacionadas com a
Comunicação (comunicação institucional, relações públicas, publicidade
e mesmo protocolo) têm um papel capital na atribuição do título de
Património Mundial no âmbito da UNESCO às cidades com centro
histórico, não bastando para isso ter somente um “valor universal
proeminente do ponto vista da história, arte ou ciência”3 e podem estar
na base de uma melhor e eficiente candidatura das cidades a um título
tão importante para a projecção internacional do património histórico
dessas urbes.
De referir que o centro histórico da cidade do Porto é o membro
número 755 da Lista do Património Mundial4, obtendo o seu título em
1996, e que o “casco” histórico de Santiago de Compostela tornou-se
onze anos antes, em 1985, no membro número 347 da referida lista, que
contém em todo o mundo apenas 830 lugares rotulados como Património
da Humanidade.
3 UNESCO (1972). Convention concer n i n g t h e Pr o t e c t ion o f t h e W or l d
Cultural and Natural H e r i t a g e. P a r is : UNES C O , p. 2 . T r a d .
4 UNESCO (1996). Report of the 20th Session of the Committee. Paris: UNESCO
10
3. Objectivos da Investigação
Este trabalho de investigação tem como objectivo levar a cabo um
estudo comparativo, tendo como objectos de estudo dois periódicos de
relevo no universo jornalístico da Península Ibérica mas em concreto das
regiões onde se inserem as cidades do Porto e de Santiago de
Compostela respectivamente: Jornal de Notícias e La Voz de Galicia.
Este estudo comparativo, que terá como base as notícias publicadas
nestes dois jornais entre o ano de 2000 e 2004, notícias essas que se
referem intimamente a todas as temáticas que se relacionem de uma
forma ou de outra com o título de Património Mundial da UNESCO e ou
com o património classificado do Porto e de Santiago de Compostela,
visando sobretudo responder às seguintes questões: são os temas
relacionados com o património histórico e mais concretamente com o
património classificado como Património Mundial no âmbito da UNESCO
suficientemente relevantes para serem alvos de cobertura noticiosa por
parte destes dois diários. De que forma é desenvolvida essa mesma
cobertura. Qual é o espaço que cada um destes jornais dispensa para a
publicação das notícias relacionadas com estes temas? Qual o formato
dessas notícias. Serão apenas notícias breves ou terão, na sua maior
percentagem direito a meia ou mesmo uma página inteira, ilustradas com
fotografia.
Qual dos dois periódicos dá mais destaque a estas matérias, isto é
qual dos dois jornais dedicou, entre o ano 2000 e 2004, mais espaço
para notícias relacionadas com o Património Mundial.
Depois de encontradas as respostas para estas premissas, o
objectivo é sugerir conclusões que provem (ou não) que os dois diários
dão importância a estas temáticas de tal ponto que formam uma alínea
notória no conjunto de notícias publicadas.
Também é objectivo deste trabalho apresentar uma fundamentação
teórica, baseada em alguns dos maiores especialistas no estudo
11
Comunicação Institucional, que suporte a tese de que é necessário ter
em conta os vários aspectos da comunicação institucional (em particular
a comunicação interna e comunicação externa, relações públicas e
também o marketing) para se sensibilizar para a importância da
preservação do património, para obter de forma mais eficaz o título de
Património Mundial para as cidades com centro histórico e valorização
turística desse legado histórico.
Outra parte essencial da investigação prende-se com a elaboração
de diversas entrevistas a personalidades ligadas à comunicação, à
UNESCO, organismos nacionais e internacionais de tutela do património
e ainda ao sector privado, nomeadamente ao sector turístico.
Estas entrevistas terão o objectivo concreto de avaliar a opinião dos
vários sectores descritos quanto à importância dos média, das relações
públicas, da divulgação institucional e da publicidade para a formulação
da candidatura, classificação, divulgação e preservação do título de
Património Mundial no âmbito da UNESCO.
Apresentar ainda exemplos de conteúdos multimédia de divulgação
e publicidade relacionados com o Património Mundial visa reforçar a
cada vez maior aposta das indústrias de conteúdos, dos média e dos
sectores público e privado ligados ao turismo neste século XXI.
E porque muito da comunicação que se desenvolve hoje em dia
produz-se via Internet é essencial investigar sobre esta temática na web,
tendo como ponto de partida o motor de busca Google para avaliar a
extensão de promoção desta matéria em sites de notícias, em blogs ou
nas industrias de conteúdos on-line.
12
4. Justificação
É essencial, como desafio para transmitir os conteúdos históricos e
as raízes culturais da nossa cidade, região ou país às gerações
vindouras, levar a cabo todos os esforços para que se preservem os
testemunhos palpáveis da nossa evolução histórica, isto é, os
monumentos que espelham a identidade de um povo ou comunidade e
que nos torna únicos na conjuntura global actual. Não o fazer seria pagar
um preço demasiado alto, estaríamos a desperdiçar um capital de
valores, de conhecimentos culturais e por que não dizer científicos que
nos prendem a nós mesmos e a todos com que nos identificamos.
Naturalmente que, vivendo numa sociedade global onde a fronteira
cai por terra e como “as culturas se difundem umas com as outras em
tempos de globalização, pasteurizando-as a favor de um mercado
económico mundial” 5, como defende Cristiane Pimentel Neder, apostar
nas técnicas e nos meios de comunicação social são a melhor forma a
talvez a arma mais importante para a difusão de qualquer ideia ou acto
consciencioso ou simplesmente a transmissão de uma ideia que se
aceita e se quer preservar e, na melhor das hipótese, propalar, no
sentido de “ganhar adeptos para as causas”, e, como refere Adriano
Rodrigues “a comunicação não é um produto, mas um processo de troca
simbólica generalizada, processo de que se alimenta a sociabilidade, que
gera os laços sociais que estabelecemos com os outros” 6, ou uma fonte
de propagação. Também a ideia de se preservar o património deve se
constituir numa causa. E para que se propague essa ideia, é essencial
que as instituições (museus, centros nacionais e internacionais de defesa
do património, centros de investigação para o estudo da arqueologia,
entre outros) que de alguma forma atentem à defesa do património
5 Neder, Cristiane Pimentel (2001). As Influências das Novas Tecnologias de
Comunicação Social na Formação Política. Tese de Mestrado não publicada. Escola
de Comunicação e Artes da Universidade de S. Paulo, p. 4
6 Rodrigues (1999). Adriano Duarte, Comunicação e Cultura. A experiência cultural na
Era da Informação, Lisboa: Editorial Presença, p. 22
13
edificado olhem sempre para a vertente comercial e empresarial,
entrando desta forma em contacto, no formato da comunicação
institucional ou de relações públicas, contacto entre as variadas
organizações com o sector privado que orbita em volta de monumento
emblemáticos e de procura turística. Falamos de hotéis, salas de lazer,
agências de turismo, etc. Porque serão essa mesmas instituições que
poderão, conjuntamente, custear todo o esforço de publicitação não só
do património mas também da união das instituições em volta de um
objectivo comum que é a preservação do património referente, num a
clara estratégia de marketing e de relações púbicas, já que, no que diz
respeito às relações públicas, pode-se tratar também uma “acção sobre a
opinião pública”7, como podemos ler em Jaime de Urzaíz e Fernandez
del Castillo. E, como defende este autor “se a opinião pública consiste na
manifestação de altitudes colectivas que predominam na sociedade, no
que diz respeito ao problemas de interesse geral”, também o mesmo se
pode suceder com o “problema” do património, isto é, tornar a
importância da sua preservação num “problema de interesse geral” 8 para
a opinião pública.
Para que tal venha a ser realidade é, porém, essencial, convencer
os parceiros privados de que defender o património e apostar na difusão
de ideias de preservação dos monumentos edificados no seio da opinião
significa perspectivas de lucros a curto ou médio prazo. E de que o facto
de se unirem no sentido de se organizar um dossier capaz de convencer
os peritos da UNESCO a classificar o centro histórico da sua cidade com
Património da Humanidade poderá constituir propaganda gratuita, já que
a própria UNESCO desenvolve roteiros turísticos e publicita-os em
algumas das mais importantes agências de viagens de todo o mundo,
atraindo desta forma turistas em catadupa para o local classificado.
Quando se fala em convencer a UNESCO é necessário aclarar de que
7 De Urzáiz y Fernández del Castillo, Jaime (1997). De las Relaciones Públicas a la
Comunicación Social Integral, Una Nueva Estrategia Comunicativa para las empresas
y Instituciones. Madrid: Editorial San Martin, S.L., p. 87
8 De Urzáiz F. C., J., Ídem.
14
não se trata de levar a cabo uma ideia de pressão muito menos se essa
for política. O que se deseja é que as instituições, reunidas com o
objectivo de criarem o melhor dossier possível de candidatura no sentido
de sensibilizar os peritos da UNESCO e restantes organismos que
colaboram com esta (ICCROM: Sigla para “International Centre for Study
of the Preservation and Restoration of Cultural Property”9. Fundado em
Nova Deli, em 1956 e sedeado em Roma desde 1959 este organismo
intergovernamental dedica-se a prestar “aconselhamento especializado
de como conservar os lugares classificados, bem como cursos em
técnicas de restauro”10.
- ICOMOS: sigla para “International Council on Monuments and
Sites”11. De acordo com o site desta instituição, o ICOMOS “é uma
associação civil, não-governamental, com sede em Paris. É ligado à
UNESCO, onde propõe os bens que receberão classificação de
Património Cultural da Humanidade. O ICOMOS foi criado em 1964,
durante o II Congresso Internacional de Arquitectos, em Veneza, ocasião
em que foi escrita a declaração internacional de princípios norteadores
de todas as acções de restauro”12. É um dos mais importantes parceiros
da Rede de Informação do Património Mundial, já que é este organismo
que providencia ao Comité para o Património Mundial as suas avaliações
sobre as propriedades culturais de um monumento a ser inscrito na Lista
do Património Mundial.
- IUCN: sigla para “International Union for Conservation of Nature
and Natural Resources”13, esta instituição, fundada em 1948, e
vulgarmente intitulada como “World Conservation Union”, é uma
organização não-governamental, que, no que diz respeito ao Património
Mundial, orienta o Comité para o Património Mundial na selecção de
9 Trad: Centro Internacional de Estudo para a Preservação e Restauro do Património
Cultural
10 UNESCO (2000), Public Infokit – World Heritage. Paris. UNESCO, p. 17. Trad.
11 Trad: Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios
12 ICOMOS (2005), O que é ICOMOS. Extraído em 21 de Fevereiro de 2005 do sítio da
ICOMOS: http://www.icomos.org.br/icomos.htm
13 Trad: União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais
15
lugares considerados património natural. Com uma rede global de
cientistas voluntários o IUCN vai mantendo o Comité informado do
estado de conservação desse mesmo património classificado.
- ICOM: sigla para “International Counsil of Meuseums”, é uma
instituição que se dedica à promoção e desenvolvimento dos museus e
da profissão de museólogo à escala mundial. Fundada em 1946 colabora
com a UNESCO na preservação dos museus inscritos na Lista do
Património Mundial).
Principalmente se pensarmos que no processo de preservação
levado a cabo pela UNESCO existem duas listas diferentes de nomeação
do património: a primeira diz respeito ao património de valor fundamental
e universal e que merece, por isso, se destacado, estudado e visitado; a
outra lista diz respeito ao património em risco, isto é, aquele património
que se em num estado de degradação que põe em risco a sua própria
existência temporal (como por exemplo as estátuas de Buda, quase
destruídas pelo regime talibã, no Afeganistão), disponibilizando a
UNESCO verbas avultadas para salvar esse mesmo património.
Mas para que as instituições se capacitem da verdadeira
importância de unir esforços não só para a difusão de ideias que
promovam a preservação do património histórico e da mais-valia que
significa a classificação desse mesmo património, é necessário provar
essa mesma importância. Demonstrando por exemplo que este tipo de
assuntos interessa ao público e consequentemente aos órgãos de
comunicação social, como os jornais, canais de televisão e rádio, entre
outros. Sabendo que este tipo de assuntos são “produto” para a opinião
pública e que os meios de comunicação social porventura vêm estes
conteúdos como passíveis de serem “vendidos”, não só o sector privado
mas também as instituições públicas sentir-se-ão tentadas a participar de
projectos e a serem parceiros da divulgação do património histórico
edificado, não só como parceiros estratégicos mas também actuando no
campo do mecenato que é, para Fernandez del Castillo, “uma forma de
16
comunicar”, que data, como defende este autor, desde a antiguidade, há
que “grandes obras-primas da Humanidade foram possíveis graças à
ajuda prestada pelos Papas, os soberanos, os senhores poderosos da
terra ao longo da sua história” 14.
E porque não então preservar essas grandes obras da Humanidade,
classificadas pela UNESCO, e utilizar os média para a divulgação dessa
mesma preservação. E já existem alguns bons exemplos, na
comunicação social portuguesa, de colunas de opinião (“Passeio
Público”, uma crónica de opinião publicada todas as semanas com o
intuito de opinar sobre questões que se prendem com a preservação do
património portuense e ainda “À descoberta do Porto”, uma coluna
publicada a todos os Domingos, também no Jornal de Notícias, pelo
jornalista e historiador Germano Silva, acerca de temas relacionados
com a história da cidade do Porto e dos seus monumentos mais
relevantes) e de reportagens desenvolvidas por jornalista e repórteres
(um dos melhores exemplos é a reportagem desenvolvida pelo jornalista
João Paulo Menezes, que se intitula “Fechado para Obras”, emitida a 24
de Junho de 2006, na rádio portuguesa “TSF”, e que relatava o desalento
da população do centro histórico do Porto, classificado como Património
Mundial, face à degradação, nos últimos dez anos, do património
edificado), demonstrando-se com estes exemplos que os meios de
comunicação prestam atenção a este tipo de assuntos, sabem que estas
matérias têm audiências, existem massas afectas às questões
relacionadas com o património, muitas vez não há é informação para
difundir visto que as instituições não se aglutinam num esforço conjunto
para a divulgação das actividades que dizem respeito à preservação e
contínua divulgação do património histórico-cultural edificado
Assim, ao criar este projecto de investigação, encerrei, ao criá-lo, o
objectivo de, já que não existem muitos estudos relacionados com a
quantificação da importância que os meios de comunicação social dão a
14De Urzáiz F. C., J., Ibd. p. 277
17
este tipo de temas, explorar um campo que, para além de ser uma “porta
aberta” no que diz respeito ao desenvolvimento à futura tese de
doutoramento, mas sobretudo, uma forma, se bem que humilde, de
despertar para a atenção deste tipo de assuntos, principalmente em
locais onde haja um menor conhecimento destes assuntos como é
exemplo, infelizmente, Portugal, e que tão rico património tem, já que só
agora desperta para as matérias aqui em estudo.
Ao conceber um estudo comparativo entre dois periódicos de suma
importância como são o Jornal de Notícias e a La Voz de Galicia, o
primeiro como um dos principais ícones históricos da cidade do Porto e
da importância desta cidade na construção da opinião pública
portuguesa, o segundo, La Voz de Galicia, pela qualidade deste
periódico e pela ampla cobertura regional na Galiza a que se inclui
Santiago de Compostela, assumindo importância significativa nesta
cidade, no contexto da divulgação de conteúdos noticiosos. Duas
cidades que se intimamente ligadas por um “Eixo Atlântico”: associação
transfronteiriça de Municípios, integrada pelas 18 principais cidades do
Norte de Portugal e da Galiza que configuram o sistema urbano da euro-
região”15, criado a um de Abril de 1992, no Porto, mas que começou
muito atrás, com uma única região, com os vestígios castrejos celtas e
com um “Caminho de Santiago” que ainda hoje une estas cidades.
Neste contexto espera-se que esta obra seja uma ferramenta útil
para investigadores ligados à comunicação, ao estudo, preservação e
divulgação do património edificado, responsáveis autárquicos e de
organismos internacionais ligados ao património mas também para
dirigentes privados relacionados com o turismo e hotelaria, já que, como
aposta Amílcar Soromenho Cabral “o turismo será a grande empresa, a
alavanca do desenvolvimento social, motor económico e industrial do
século XXI”16
15 Organização do Eixo Atlântico. História do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular.
Extraído em 6 de Junho de 2006. http://www.eixoatlantico.com/historia1.asp
16 Cabral, Amilcar (1999). Turismo. A Indústria do Próximo Século. Coimbra: Editorial
Folha Académica, p. 12
18
5. Limitações
Só o facto da temática da comunicação e do património não ser uma
matéria ainda sobejamente desbravada (apesar de em Portugal já haver
uma instituição de ensino superior – Centro de Estudos Politécnicos de
Torres Novas, do Instituto Politécnico de Tomar - que desenvolve um
curso de pós-graduação em Comunicação e Património) já em si se
considera uma limitação. Contudo, não foram muitas as limitações. As
que houveram centraram-se principalmente na busca de material para os
anexos, isto é, cópias das páginas que continham notícias provenientes
dos dois periódicos em estudo e, naturalmente, que tivessem a ver com
esta temática.
Foi difícil, de início, garantir as cópias de páginas da La Voz de
Galicia, isto porque o arquivo deste periódico não se encontrava aberto
para pesquisas e investigação e cópia de artigos. Foi necessário a
colaboração de um dos responsáveis do arquivo, Tino Nóvoa, para
desbloquear a investigação. As cópias dos artigos obtive na Biblioteca
Central da Universidade de Vigo, em As Lagoas Marcosende, através de
material informático pertencente à hemeroteca da La Voz de Galicia.
Se obter material “galego” foi difícil, pior foi com o material
respeitante ao Jornal de Notícias, apesar de toda a colaboração dos
responsáveis do arquivo. Aliando a falta de tempo à desorganização
latente do arquivo “português” foram necessários quatro meses para
obter todo o material necessário. Num facto que não abona para o nome
deste periódico, os custos inerentes à cópia do material, exigidos pelo
Jornal de Notícias era de tal forma incomportável que foi necessário
obter o material na Biblioteca Nacional do Porto, e em microfilme.
Quanto à organização de toda a matéria teórica envolvida, não
houve qualquer limitação, a não ser à pouca bibliografia existente no que
concerne a estudos comparativos, principalmente se pensarmos que
existem muito poucos em Portugal e nenhum deles se encontra
19
publicado. Tal facto pode-se dizer que foi um obstáculo tremendamente
difícil de ultrapassar, tendo sido necessário “calcorrear” as bibliotecas
das principais universidades portuguesas à procura de artigos de
investigação, teses ou ensaios relacionados com o estudo comparativo
entre jornais. E mesmo os encontrados, foi vetada qualquer hipótese no
que respeita a obter uma cópia do material investigado.
Quanto à elaboração das entrevistas, as limitações prenderam-se
com os dramas habituais por que passa qualquer investigador: a agenda
dos entrevistados. Foi sobretudo difícil entrevistar responsáveis
autárquicos ou ligados ao Estado. Já obter entrevista com
investigadores, jornalistas ou membros do sector privado foi de uma
rapidez que a todos os níveis me surpreendeu.
No que diz respeito à procura da informação on-line esta provou ser
extremamente morosa e difícil já que o volume de informação disponível
é na realidade imenso, mas também é verdade de que muita da
informação encontrada carecia de rigor informativo ou científico. A
temática do Património Mundial encontra-se sem dúvida disseminada,
contudo muito dos conteúdos surge da mão de pessoas que apenas
opinam sobre questões sobretudo políticas e económicas e que na sua
maioria das vezes nada têm a ver ou pouco conhecem da realidade do
património edificado.
20
II. Marco de Referência
1. Fundamentos Teóricos
“Os nossos antepassados sabiam talvez que os jardins de Kahore, as
mesquitas do Cairo, a Catedral de Amiens e os hipogeus de Malta eram
monumentos sumptuosos, raros, estranhos. Por vezes mostravam-se
sensíveis ao esplendor de uma montanha, de um grande rio e até de
uma selva povoada de animais selvagens e chegavam a admitir que
estes elementos pudessem fazer o orgulho de um povo e testemunhar a
nobreza da sua história ou que estes acidentes geográficos pudessem
simbolizar uma nação, suas aventuras e suas desventuras. Mas não lhes
teria ocorrido a ideia de que isso tivesse um «valor universal»”
UNESCO17
De acordo com os registos históricos da UNESCO, a ideia de criar
uma organização internacional que “batalhasse” pela preservação do
património cultural bem como o património natural, surgiu no final da
Primeira Guerra Mundial, por altura da Criação da Sociedade das
Nações. Apesar da vontade de vários estados-membros dessa extinta
organização se sentirem sensibilizados para a criação de um organismo
que tutelasse a preservação do património histórico-cultural universal,
essa ideia não vingou, caindo lentamente no esquecimento.
O acontecimento que despertou o interesse internacional por esta
problemática foi, afirma a UNESCO “a decisão de construir a barragem
de Aswan, no Egipto, o qual inundaria o vale que contém os templos de
Abu Simbel, um tesouro da antiga civilização egípcia. Em 1959, após um
apelo dos governos do Egipto e do Sudão, a UNESCO decidiu lançar
uma campanha internacional de protecção. A pesquisa arqueológica nas
áreas a serem inundadas foi acelerada. Sobretudo, os templos de Abu
Simbel e de Philae foram desmontados, movidos para terra seca e
17 UNESCO, Comissão Nacional (1992), O que é: A Protecção do Património Mundial,
Cultural e Natural (Lisboa, C.N. UNESCO), p. 3.
21
remontados” 18. Esta campanha custou, segundo os mesmos registos, 80
milhões de dólares americanos, com metade desta quantia a ser doada
por cerca de 50 países.
O sucesso desta iniciativa levou a novas a campanhas em Veneza
(Itália), Moenjodaro (Paquistão) e Borobodur (Indonésia), entre outras.
Com a ajuda do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios
(ICOMOS)19, a UNESCO leva a cabo tentativas para a criação de uma
convenção que tutelasse, a nível mundial, as matérias relacionadas com
a preservação do património cultural e o património natural universal.
Assim, foi em 1972 que a Organização das Nações Unidas, no âmbito
da UNESCO, criou a “Convention concerning the Protection of the World
Cultural and Natural Heritage”20, convenção elaborada com o intuito de,
citando a UNESCO “garantir, quanto possível, a adequada identificação,
protecção, conservação e apresentação do património insubstituível do
Mundo” 21. Objectivo colossal na tentativa de preservar um património
que está, afirma a UNESCO “entre as possessões mais preciosas e
insubstituíveis, não só de cada nação, mas também da humanidade
como um todo”, já que declara esta organização das Nações Unidas22 “a
perda por deterioração ou desaparecimento destas mesmas preciosas
possessões constitui um empobrecimento da herança das pessoas de
todo o mundo” 23.
E urge defender o património, raiz que nos liga à terra onde nascemos,
e que se encontra em perigo, como desabafa André Desvallées,
Conservador Geral Honorário do Património:
18 UNESCO, World Heritage Centre (2005), Brief History. Extraído em 13 de Fevereiro
de 2005 do sítio da UNESCO: http://whc.unesco.org/pg.cfm?cid=169. Trad.
19 Título original da organização em língua inglesa: International Council on Monuments
and Sites (ICOMOS).
20 Trad: Convenção Relativa à Protecção Universal do Património Cultural e Natural.
21 UNESCO, World Heritage Centre (2005), World Heritage, Introduction. Extraído em
13 de Fevereiro de 2005 do site da UNESCO: http://whc.unesco.org/pg.cfm?cid=264
22 UNESCO, World Heritage Centre (2005), Idem. Trad.
23 UNESCO, World Heritage Centre (2005), Idem. Trad.
22
“Desde há pelo menos duzentos anos, e particularmente com a
aplicação do espírito das Luzes, pelos protagonistas da Revolução
Francesa, tornou-se consciência do facto de que o que era
propriedade pessoal poderia tornar-se, ao menos moralmente,
património colectivo, de início nacional ou comunitário, em seguida
universal (com o estabelecimento pela UNESCO, em 1972, da
Convenção para a protecção do património mundial cultural e
natural). No último século, o património cultural converteu-se num
dos domínios mais importantes da cultura. Mas, ao mesmo tempo,
um duplo perigo começou, ou continuou, a ameaçar este património:
por um lado, o da sua degradação física, podendo conduzir ao seu
desaparecimento; por outro lado, o da sua transformação em
mercadoria”24.
Toda a informação relativa ao esforço levado a cabo pela UNESCO no
sentido de preservar o valioso espólio histórico e natural universal, está
presente aos olhos de todos os que desejem consultá-la, e encontra-se
patente em vários suportes, desde o livro, ao “website”, com recursos a
vídeos, sons e manifestos, não só para pessoas comuns mas sobretudo
para investigadores, organismos públicos e privados e população
escolar, são o exemplo da política de comunicação desenvolvida pela
UNESCO, o que nos dias de hoje, se torna essencial no que respeita à
difusão das actividades organizadas, mas sobretudo na construção de
um espírito de sensibilização acerca destas matérias. Carlos Sotelo
Enríquez aposta na proposição de que:
“A política de comunicação institucional, de acordo com uma
filosofia integradora, leva-se cabo nos âmbitos interno y externo. É
um processo simultâneo, e por tanto, não sucede primeiro no interior
da organização, para depois difundir-se no exterior, tal como
24 Desvallés, André (2003). Que Futuro para os Museus e para o Património Cultural
na Aurora do Terceiro Milénio. Revista Lugar em Aberto, 1, 47
23
pretendiam algumas doutrinas. Reconhecer a participação de outras
pessoas físicas e jurídicas, além dos membros da instituição, no
desenvolvimento da identidade, supõe abrir a organização a outras
relaciones informativas que ocorrem ao mesmo tempo” 25.
É através deste pressuposto defendido por Sotelo Enríquez que se
defende que uma instituição, seja de carácter público ou privado não
pode viver enclausurada em si mesmo, e que essa mesma questão mais
se põe quando falamos de uma organização cujo o fundamental objectivo
é a defesa de algo, nesta caso do património, não se tratando, na sua
génese da venda de um produto, mas sobretudo para a sensibilização de
conteúdo histórico-cultural.
Essa mesma opção de utilizar as teorias da comunicação como forma
de se dar a conhecer no exterior servem muito bem para atingir
resultados e objectivos no seio da empresa ou organismo em si mesmo,
quer dizer, este tipo de organizações devem “falar”, no sentido de motivar
aqueles que trabalham ou colaboram para estes organismos e, de
seguida, evocar o contacto com quem orbita à volta ou fora mesmo deste
tipo de organizações. E muito do que se produz para difundir para o
exterior, começa bem no coração da empresa. José Maria La Porte
defende que:
“Es cierto que campañas publicitarias destinadas a los públicos
externos pueden también – de hecho es así – influir en los
empleados, al igual que pueden ser influidos desde fuera de la
empresa, por ejemplo, como consecuencia de un programa
filantrópico que ésta ha puesto en marcha en una ciudad: un centro
educativo, un museo, una muestra o cualquier otra iniciativa.” 26
25 Sotelo Enríquez, Carlos (2001). Introducción a la Comunicación Institucional.
Barcelona: Editorial Ariel., p. 187. Trad.
26 La Porte, José Maria (2001). Entusiasmar a la Própria Institución. Gestión y
Comunicacion Interna en las Organizaciones Sin Ánimo de Lucro. Madrid: Ediciones
Internacionales Universitarias, p. 37
24
Se pegarmos no exemplo de que possivelmente os funcionários
correm alguns riscos, e não poucas vezes, quando são solicitados pela
UNESCO a estudar este ou aquele património que por se encontrar em
perigo obriga a que esses mesmos funcionários se desloquem a locais
onde decorrem conflitos. Tome-se o exemplo dos necessários estudos
de restauração que uma dezena de especialistas teve que desenvolver
aquando da quase irreparável destruição que os elementos do regime
talibã, no Afeganistão influíram nas milenares e gigantescas estátuas,
cravadas em montanha, de Buda. Como é sabido o Afeganistão
encontra-se numa região do globo de extrema “fricção” política e
estratégica a que a sociedade ocidental não fica indiferente. Pensarem
os funcionários que todo o trabalho elaborado, bem como o risco vivido
será em vão, e ao não verem o seu trabalho reconhecido provocará de
certeza um misto de sentimentos de frustração e desilusão. Toda a
divulgação do êxito obtido pelos técnicos do “World Heritage Center”
(WHC) da UNESCO na preservação desse património não só serviu para
difundir a importância da existência deste tipo de organizações que se
dedicam à preservação e conservação do património histórico mas
também motiva os próprios funcionário a não desistirem e a não virarem
a cara quando outro cenário semelhante lhes fizer frente.
Explicado que estão os fundamentos que dizem respeito à explicação
da classificação do título de Património Mundial no âmbito da UNESCO e
no sentido de aprofundar ainda mais este trabalho, dando-lhe uma
fundamentação teórica estruturada, é necessário apresentar uma
definição de comunicação interna e, e essencialmente também de
comunicação externa, honrando a perspectiva das instituições de
carácter não lucrativo como é, em si mesma, a UNESCO, sem esquecer
a perspectiva da divulgação das suas actividades ou missões tendo em
conta as questões das relações públicas e mesmo do marketing.
25
Porquê abordar neste projecto a ideia de “comunicação interna”, se
para muitos o que se aborda é a importância de estratégias concertadas
das organizações que se interessam pelas questões relacionadas com o
património classificado e da divulgação deste. A resposta é simples: Para
que haja uma organização concertada entre instituições é necessário
primeiro que todos aqueles que trabalham no interior da organização
sintam o património como parte de si, da sua cultura, da sua raiz
enquanto cidadão de uma cidade, de um país que se orgulha de
preservar e projectar o seu “relicário” histórico, vendo na obra organizada
pela instituição como um benefício para si mesmo, porque tem o
objectivo de manter “vivo” uma parte de si e da sua história como
elemento integrante de uma sociedade que preza a cultura e a identidade
histórica presente no património edificado. Como podem as instituições,
por elas mesmas ou em conjunto com outras defender a divulgação do
património se os seus funcionários não estão sensibilizados para esta
matéria É necessário que aqueles que colaboram com estas
organizações, algumas de âmbito não lucrativo, outras de espírito
puramente empresarial, vejam para além da ideia de elaborar algo que
seja apenas esquemático e organizativo. Tem que haver um sentimento,
uma ideia de “vestir a camisola” face ao património da sua terra, do seu
lugar, fazendo com o defender do seu património seja uma forma de
mais se identificar com a sua cidade, com o seu país, mas sobretudo
com a organização que proporcionou para a preservação do património
em causa, levando a uma espécie de “agradecimento perpétuo”27, como
escreve Saramago, por parte do funcionário da instituição. E esse
sentimento só pode ser difundido através da estruturação cuidada de
comunicação interna.
Vejamos então de que forma é que essa comunicação pode ser
desenvolvida através da explicação de alguns dos principais
investigadores nesta matéria.
27 Saramago, José (1990). Memorial do Convento. Lisboa: Caminho-o Campo da
Palavra., p. 68
26
La Porte define esta alínea da comunicação institucional da seguinte
forma:
“La comunicación interna favorece el funcionamiento y l éxito de
una institución porque fomenta el espíritu de equipo; desarrolla la
atmósfera de trabajo. Favorece a la circulación de información
valiosa; cohesiona y reduce las posibilidades de un conflicto;
favorece la circulación de información valiosa; cohesiona y
redúcelas posibilidades de un conflicto; favorece la creatividad y
hace que cada empleado sea consciente de su lugar en el conjunto
y de la aportación que él hace a la empresa o institución sin ánimo
de lucro.” 28
Tomás Alvarez e Mercedes Caballero defendem, ainda no âmbito da
comunicação interna que:
“Comunicación interna es un departamento que está aún estado
embrionarios en muchas organizaciones, pero que se revela como
absolutamente necesario en una estructura moderna, habida cuanta
de su capacidad para dinamizar el entramado social de la entidad,
dotándolo de una filosofía de acción, una identificación con la
dirección, y logrando canalizar las energías interiores de cada uno
de los integrantes para una mayor eficacia y competitividad.” 29
Estes dois autores expõem ainda que:
“El objetivo básico es el de conseguir la implicación de los
distintos componentes de la empresa o institución en una filosofía
global de la misma. El éxito de la dirección de la identidad depende
28 La Porte, José Maria (2001). Op. Cit., p. 42
29 Álvarez, Tomás & Caballero, Mercedes (1998). Vendedores de Imagen.Los retos de
los nuevos Gabinetes de Comunicación. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica
27
de la capacidad de motivar a las personas, logrando con ello
incorporar la creatividad, el compromiso, el talento de cada
individuo. Este enfoque parte de una base: el descubrimiento del
valor de los recursos humanos del colectivo, y conforma a la
comunicación interna como el agente de un contrato social entre el
individuo y la identidad.” 30
Fernando Martín Martin apresenta uma concreta definição de
comunicação interna:
“Conjunto de actividades efectuadas por cualquier organización,
para la creación y mantenimiento de buenas relaciones con y entre
sus miembros, a través del uso de diferentes medios de
comunicación, que los mantengan informados, integrados y
motivados, para contribuir con su trabajo al logro de los objetivos
organizacionales.” 31
Falar deste temática de agregar um conjunto de instituições públicas
e privadas em torno de um objectivo comum que é o de preservar e
divulgar turisticamente um património classificado pela UNESCO é
sobretudo abordar a teoria relacionada com a comunicação externa e
com as relações públicas. Senão vejamos: Se, por exemplo, uma
Câmara Municipal, ciente de que o centro histórico da sua cidade possui
um património de “valor universal”, avalizado por historiadores,
arquitectos e especialistas em arqueologia, deseja candidatar esse
mesmo centro a Património Mundial o que deve fazer, com quem deve
falar? Quem apoiará esta mesma candidatura. Será apenas o executivo
camarário a desejar essa classificação? Qual a opinião das forças vivas
da cidade? Que impacto é que essa classificação terá na economia
30 Álvarez, T & Caballero M. Idém
31 Martín Martín, Fernando (1998). Comunicación Empresarial e Institucional. Madrid:
Editorial Universitas, p. 28
28
local? E o que tem o sector privado a dizer sobre isso. Só através de
uma estratégia concertada, iniciada por uma instituição e finalizada num
conjunto mais ou menos homogéneo é que se verão, talvez, estas
questões respondidas. Tudo graças a uma construção minuciosa da ideia
de comunicação externa, para as empresas e mesmo para a população
da cidade, que por verem as instituições unidas num desígnio de
prestígio, aumentam os níveis de confiança em relação a essas mesmas
organizações.
No que concerne à teoria relacionada com a comunicação externa
Fernando Martín Martín advoga que “sem a comunicação interna nunca
poderia existir uma boa comunicação externa, e que antes de difundir
uma informação ao exterior, há que conhecer, coordenar e canalizar um
determinado plano estratégico de comunicação, assim como a sua
cultura corporativa” 32, referindo ainda que “a comunicação interna é o
suporte prévio e básico da comunicação externa e que a comunicação
externa é uma extensão da comunicação interna”, explicando, citando
Horácio Andrade, que:
Comunicação Externa: «Conjunto de mensajes emitidos por
cualquier organización hacia sus diferentes públicos externos,
encaminados a mantener o mejorar sus relaciones con ellos, a
proyectar una imagen favorable o a promover sus actividades,
productos o servicios».”33
Para Carlos G. Ramos Padilla a comunicação externa “é a que se
origina entre um ou vários dos membros da organização com as pessoas
que não pertencem a ela. Esta comunicação pode efectuar-se dentro ou
fora das instituições da organização. Como exemplos pode citar-se a
edição de revistas promocionais, comunicados de imprensa, campanhas
32 Martín Martín, Fernando (1998). Op. Cit. M p. 29. Trad.
33 Martín Martín, Fernando (1998). Op. Cit. , p.28-29
29
de publicidade, convites pessoais ou grupais, projecções audiovisuais,
etc.” 34
Para Benigno Sanabria toda a instituição deve-se dar a conhecer à
sociedade em que se insere:
“Toda institución, cualquiera que sea su objetivo (comercial,
institucional, gubernamental, de producción, servicios, educacional,
etc.) es creada para satisfacer necesidades sentidas, creadas o
reales de una comunidad; y sea cual fuere la situación económica,
política o social imperante, la institución necesita detectar cuáles son
los escenarios en que la comunidad se esta moviendo, para crear
las bases motivacionales a proyectar, con el fin de mantenerse allí
en un espacio, un posicionamiento o un nicho productivo. La
dinámica es una sola: la organización requiere amoldarse a las
condiciones existentes en la comunidad, sin ver hacia atrás, sólo
hacia el futuro.” 35
Se lembrarmos o último trecho desta citação da obra de Carlos G.
Ramos Padilla, reparamos na ideia de divulgação das actividades da
organização através de publicações e forma de publicidade, vemos que
esta seria a forma ideal de divulgar os conteúdos relacionados com o
património classificado no sentido de para ele atrair não só mais turismo,
bem como, que por arrasto mais negócio, no sentido a que o património
se auto-financiasse, visto que a preservação de qualquer património
edificado custa muito dinheiro, dinheiro esse que muitas vezes as
Câmaras Municipais não dispõem, os países muitas vezes não estão
sensibilizados para estes temas e que as organizações, que sobre o
património orbitam, não têm capacidade de captar. Prova-se assim a
importância da comunicação, a todos os espectros, para o
34 Ramos Padilla, Carlos G. (1991). La Comunicación: Un punto de Vista
Organizacional. México: Editorial Trillas. , pp. 29-30. Trad.
35 Sanabria, Benigno E.. Alicea (2003). Comuicación Empresarial Ejecutiva. Porto Rico:
Centro de Competências da Comunicação da Universidade de Porto Rico., p. 7
30
desenvolvimento das capacidades respeitantes à manutenção do
património, bem como a divulgação da sua classificação.
A demonstrar os cuidados com a informação e comunicação, não é
por acaso que a UNESCO reuniu em 1969, na cidade de Montreal, como
referem Sarah Núñez de Prado, Alfonso Braojos, Enrique Rios e Elena
Real “um grupo de especialistas da comunicação com o fim de estudar
esses problemas e o seu relatório de 1970 constata a dependência
cultural dos países não desenvolvidos, a centralização das fontes e a
distribuição informativa em alguns poucos países desenvolvidos”36.
Foram assim desenvolvidos por esta organização internacional uma série
de estudos que culminou com a aceitação da UNESCO, em 1979, de
criar o Programa Internacional para o Desenvolvimento da Comunicação.
Quanto aos fundamentos teóricos que dizem respeito às relações
públicas, estas podem ser definidas, refere Padilla, “como um conjunto
de elementos coordenados entre si, cujo propósito é influir na opinião
pública. Em outras palavras é a arte ou técnica de expressar os
argumentos essenciais a uma audiência específica, través de um meio
adequado, com a maior frequência possível”.37
Este autor refere ainda, num ponto de vista mais profundidade, que:
“La función primordial de las relaciones públicas radica en
ejercer una influencia favorable en la opinión pública mediante una
actividad aceptable y ejerciendo una comunicación recíproca.
Si es necesario, las relaciones públicas pueden valerse de
variadas aplicaciones publicitarias y medios impresos (prensa) con
el inmediato interés de obtener una respuesta, una comunicación en
ambos sentido.”38
36 Núñez de Prado, Sara, Braojos, Alfonso, Rios, Enrique & Real, Elena (1993).
Comunicación Social y Poder. Madrid: Editorial Universitas., p. 360. Trad.
37 Ramos Padilla, Carlos G. (1991). Op. Cit., p. 45. Trad.
38 Ramos Padilla, C. G.. Ídem
31
A ideia que diz respeito às aplicações publicitárias e aos meios
impressos cobre-se de suma importância no caso do estudo da
importância da comunicação na atribuição do título de Património
Mundial, visto que esta é uma das perspectivas que se tenta provar, isto
é, de que forma a divulgação do património e o desejo deste ser
classificado com tal marca certificada, através de meios publicitários ou
por intermédio da publicação de notícias referentes a este tema pode
influir na decisão final da UNESCO, já que esta perspectiva de
divulgação nunca pode ser apanágio de uma só organização. Para além
de dispendioso, seria estruturar uma candidatura pouco sólida, já que é
necessário, de forma a cumprir todos os pressupostos da candidatura, de
um saber conjunto que só a união de várias organizações num só
objectivo poderia alcançar.
Ainda aprofundando a matéria que diz respeito às relações públicas,
Padilla “interpreta” esta da seguinte forma:
“Es una actividad, función o técnica que estima y aprecia las
actividades y actitudes públicas; identifica las normas, políticas y
procedimientos de un individuo o de una organización con interés
público, y crea o formula programas de acción para obtener la
aceptación pública y beneficiarse con ella.” 39
Analisando esta ideia à luz do tema desenvolvido neste projecto
significa que para se divulgar o património que perfaz o centro histórico
de uma cidade é necessário que a organização ou o conjunto de
organizações que pretendem essa mesma promoção, nem que seja
primeiro para fins de obter a classificação da UNESCO mas para depois
angariar fundos por via da industria do turismo têm que criar projectos,
formas de acção concertada para desta forma “obter a aceitação
pública”. Só credibilizando a iniciativa de promover o património,
39 Ramos Padilla, C. G. Ibd., p. 46
32
desviando de qualquer ideia propagandística, colada a um partido político
de poder autárquico ou a empresas que apenas se interessem por lucros
rápidos, é que se ganha o apoio do público para a causa da defesa do
património.
Este facto aconteceu com o exemplo da candidatura da cidade Do
Porto a Património Mundial. Foram organizadas várias palestras com
alguns dos mais prestigiados e renomados especialistas em História
(Germano Silva, Hélder Pacheco, José Hermano Saraiva), Arquitectura
(Fernando Távora, Sisa Vieira), Arqueologia (Domingos Pinho Brandão),
o executivo camarário portuense aderiu em massa para motivar e
informar a cidade quanto à importância de classificar o centro histórico da
cidade invicta, foram levadas campanhas de sensibilização nas principais
escolas do “burgo”. Em suma, as forças vivas da cidade uniram-se para
então “obter a aceitação pública” da população e do sector comercial e
empresarial. Na continuação da fundamentação teórica da reflexão do
que são as relações públicas, Carlos Sotello Enríquez apresenta uma
explicação para as origens deste conceito:
“Si bien se datan sus orígenes entre finales del siglo XVIII y
comienzos del XIX, es un fenómeno cuyo despegue y consolidación
ha acontecido a lo largo de la presente centuria. Al contrario de la
propaganda – cuyo discurrir simultáneo dentro de sistemas político-
informativos dispares ha causado controversia en trono a sus
características-la relaciones publicas han pervivido sujetas a
regímenes en los cuales existía libertad de información, tanto para
difundir y recibir informaciones como para crear empresas
informativas.” 40
Como em qualquer actividade ou organização, as relações públicas
tornam-se parte preponderante na execução de qualquer projecto que se
40 Enriquéz, Carlos Sotelo (2001). Op. Cit. , p. 81
33
mova no seio de um grupo ou sociedade. No sentido de emitir (passível
ou não de filtragem) informações a essa sociedade, é necessário que se
o faça com cuidado mas sobretudo com a dinâmica que se impõe
quando se tem por objectivo passar uma mensagem que se deseja
“banhar-se” de credibilidade.
Uma das premissas é cogitar se será esta “ferramenta da
comunicação”41 a melhor forma para persuadir uma população a aderir à
“causa” do património? Fernández del Castillo acredita que sim e refere
as instituições passíveis de utilizar esta técnica:
“Mientras bastante gente comprende lo que es la Publicidad,
muy pocas personas son conscientes de que las Relaciones
Públicas son una herramienta mucho más poderosa. El arte de
persuadir a otros, especialmente se trata de masas, es hoy
inevitable en cualquier organización sea esta comercial o
institucional. Todos, absolutamente todos necesitamos Relaciones
Públicas. Pequeñas empresas y gigantescas multinacionales,
municipios, organizaciones de caridad, funcionarios, políticos,
abogados, médicos, los propios hombres de las Relaciones Públicas
las necesitan. La necesidad de la técnica de las Relaciones Públicas
se ha extendido a todos los rincones de la sociedad moderna.” 42
Mas mesmo nas questões da preservação e divulgação do
património, seja com o intuito de ver este classificado, seja por apenas
alcançar lucros provenientes do turismo, são necessárias
desenvolverem-se medidas que propiciem alcançar um largo espectro de
possíveis “clientes”, na medida em que é necessário criarem-se
estratégias de marketing que possibilitem atrair essa “clientela.
Serão as campanhas de marketing ideais para este tipo de
actividade. Vejamos os fundamentos que teorizam a noção do marketing,
41 Del Castillo, Jaime de Urzáiz y Fernández (1997). Op. Cit., p. 137. Trad.
42 Del Castillo, J. U. F. Idém
34
no sentido de se apurar a sua efectiva utilidade nas questões da
divulgação do património.
Fernández del Castillo assinala que “o marketing ocupa-se de tudo o
que ajuda à colocação do produto no mercado” 43.
Tomás Alvarez e Mercedes Caballero colocam comunicação e
marketing em desafio:
“Qué está primero?
Una visión anticuada de la empresa (o cualquier tipo de
institución productora de bienes, servicios o ideas) tenderá,
inevitablemente, a situar la labor comunicativa por debajo del
marketing, como un elemento más de éste y subordinado en
propiedades y tiempo. En este análisis, la entidad, como en un acto
bíblico del Génesis, da a luz un producto, una idea o un servicio, y
luego comunica su existencia a la sociedad. La comunicación
depende y es derivado del proceso productivo. Será como el paso
final de una cadena productivo-comercial, el último acto. Primero se
decide qué se hace, luego se hace y se comunica. La comunicación
se reduce a eso, la gestión de la imagen de los productos o
servicios: una liturgia final.” 44
Reforçando ainda mais esta ideia surge Pascale Weil que expõe:
“La Primacía del marketing sobre la comunicación reposa en
una visión materialista de la empresa. Pero para innovar, el mercado
necesita valorar la inteligencia, las ideas y los hombres, elementos
que demandan la comunicación y en el momento de la concepción
del producto.” 45
43 Urzáiz y Fernandez del Castillo, Jaime de (1997). Op. Cit., p. 125. Trad.
44 Álvarez, Tomás & Caballero, Mercedes (1998). Op Cit., p. 73
45 Weil, Pascale (1992). La Comunicación Global. Comunicación Institucional y de
Gestión. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica
35
Partindo da definição de Tomás Alvarez e Mercedes Caballero será
então de pensar que para melhor promover será necessário um misto do
melhor que estas ferramentas têm: É necessário divulgar, promocionar,
dar a conhecer à sociedade os aspectos que se querem transmitir acerca
do património, executando uma consciente e funcional campanha de
marketing, mas também não deixa de ser necessário prosseguir com
uma boa gestão da imagem dos conteúdos relacionados com o
património, que se conseguiu alcançar por mérito dessa mesma
campanha de marketing.
Surge-nos a questão de se o património será um produto passível
ou terá produtos com perspectiva de serem vendidos.
Cees Van Riel específica que “a comunicação de marketing inclui a
publicidade, promoção de vendas, direct-mail, sponsorizações, venda
pessoal e elementos promocionais.” 46
No caso concreto da divulgação do património, isso acontece na
prática mas muitas vezes sem se pensar que se está a desenvolver uma
efectiva estratégia de marketing. Se sempre que formos à cidade de
Piza, na Itália, e trazemos uma miniatura da famosa torre tombada, aqui
aparece-nos automaticamente um ícone que nos remete para esse
património que é a torre, por si valendo não sói como uma recordação
como outra qualquer mas sobretudo se cria o efeito que se pretende:
publicitar o património. Desde os mais vulgares postais, passando pelas
visitas e passeios que se organizam, patrocínio de um qualquer banco ou
empresa presente em “outdoor” numa fachada de um edifício classificado
que esteja a ser restaurado. Tudo isto são manobras de marketing que
visam não só promover o património como também as organizações que
eventualmente as apoiem. Não esqueçamos as inúmeras vezes que os
executivos camarários colocam “outdoors” informativos sobre a
preservação do património no sentido de dar ao eleitor a perspectiva de
46 Van Riel, Cees (1995). Principles of Corporate Communication. Hempstead: Prentice
Hall, p. 8. Trad.
36
que a Câmara faz trabalho, induzindo no cidadão a credibilidade que se
necessita para ganhar votos.
Assim, são muitas as noções ao nível das teorias da comunicação e
imagem corporativa que se pode elaborar em volta da ideia da
divulgação do património, com vista à sua preservação, classificação
como Património Mundial e naturalmente proveitos económicos
derivados do turismo.
Cedo se conclui que as organizações devem-se agrupar no sentido
de que juntas possam encetar uma estratégia de comunicação interna,
de relações públicas, de marketing, para que possam alcançar os
intentos a que se propõem.
João Paulo Sacadura e Rui Cunha, acreditam que a cidade do
Porto, é, pára já, no contexto da tentativa de preservação e divulgação,
exemplo a seguir:
“O Porto não ficou de mãos a abanar; se já havia a Fundação
para o Desenvolvimento da Zona Histórica, apostada na sua
requalificação urbana e social, logo após a classificação constituiu-
se a Associação Porto Histórico, que visa promover o turismo na
mesma zona. Um exemplo a seguir, a bem do património e das
gentes que o habitam.” 47
Se pensarmos em todo o potencial económico que a aposta no
património poderá conter, é fundamental que se tenha em atenção todas
alíneas referentes à comunicação, no sentido de se aliarem esforços no
exercício da compreensão do desenvolvimento da comunicação nestas
temáticas, tendo como alicerces os antecedentes destas questões, bom
como no esforço futuro de compreensão e desenvolvimento.
47 Sacadura, João & Cunha, Rui (2006). Património da Humanidade em Portugal. Vol
II. Lisboa: Editorial Verbo, p. 195.
37
2. Antecedentes do Problema
Muitos têm sido actualmente os casos de recusa por parte da
UNESCO de classificar um determinado centro histórico candidato por
falta de apresentação de um dossier cuidado, completo, dinâmico e
sintomático do esforço levado a cabo pelos responsáveis de uma cidade
ou de um país. Inúmeros são os exemplos que povoam a relação do
património português com as instâncias reguladoras da UNESCO no que
diz respeito a esta matéria. Alguns exemplos são tidos como exemplo de
inércia por parte das instituições, brotando a ideia de classificar o
património existente mas sem dar os passos essenciais limitam ao
abandono esse mesmo património, levando quase à ruína. Veja-se o
caso sintomático do património riquíssimo existente no Buçaco, que
surgido nos anos 90 a ideia de classificar as ermidas, estas foram
votadas ao abandono, encontrando-se actualmente em ruínas. Muitas
têm sido as críticas levantadas, empurrando as culpas umas instituições
para as outras sobre a não preservação desse espólio, numa completa
falta de comunicação entre organizações públicas (Câmaras Municipais,
entidades estatais de preservação do património) e privadas (empresas
ligadas ao sector do turismo e da hotelaria).
Um dos casos mais actuais tem a ver com a candidatura da vila de
Marvão (vila alentejana localizada perto da fronteira com Espanha) que
viu retirada a sua candidatura, diz-se, por falta de apoios credíveis à
execução desta ideia, apesar de o processo ter começado a ser
preparado nos finais de 1998. Surgem, contudo, já ideias no horizonte
que passam pela elaboração de um plano conjunto que irá sentar à mesa
portugueses e espanhóis com o desígnio de classificar um espólio
patrimonial de maior monta no sentido de ver este classificado como
“único” pela UNESCO, como referiu ao site de informação Portugal
Diário o coordenador da comissão técnico-científica da candidatura,
Domingos Bucho:
38
“A comissão da candidatura de Marvão está a equacionar a
possibilidade de avançar com um processo conjunto com outros
sítios de igual valor patrimonial em Portugal ou Espanha. Estão em
estudo várias hipóteses e poderemos avançar, quando ainda não
sabemos, se o Governo português e a UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) mostrarem que
vale a pena continuar a trabalhar.” 48
Como exemplo de falta de comunicação neste caso específico
subsiste nas declarações do mesmo responsável à RTP (Rádio
Televisão Portuguesa):
“A UNESCO pediu-nos um estudo comparativo entre Marvão e
outras situações similares na Península Ibérica, para
fundamentarmos o valor excepcional do bem, e o ICOMOS disse
que o estudo devia ser feito a nível europeu. Seria bom que o
ICOMOS e a UNESCO se entendessem nesta questão, porque nós
estamos no meio.”49
Caso mais actual ainda prende-se com o facto de o Porto vir a perder
o seu lugar na lista do Património Mundial para passar a vigora na lista
do Património em risco: o Centro do Património Mundial e criou, no
sentido de se preservar, defender e divulgar o património de valor
universal, duas listas conforme as características físicas e locais do
património, seja neste caso edificado ou natural. Assim, exista a “Lista do
Património Mundial”, onde se inserem o património que se encontra
dentro dos limites dos parâmetros aceitáveis de conservação, passíveis
48 Portugal Diário (2006), “Marvão já não se Candidata a Património Mundial”. Extraído
em 26 de Junho de 2006 do sítio de Portugal Diário:
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=695317&div_id=291
49 Rádio Televisão Portuguesa (2006). “Coordenador da Candidatura de Marvão critica
ICOMOS”. Extraído em 13 de Junho de 2005 do sítio da Rádio Televisão Portuguesa:
http://www.rtp.pt/index.php?article=244738&visual=6
39
desta forma de serem divulgados, sem prejuízo para a vulgarização da
marca de qualidade e referência que é o título de património classificado.
A outra lista tem como nome “Lista do Património em Risco”, que, como
o nome indica, é reservada para todo aquele património edificado ou
natural que se encontre em estado considerável e preocupante de
degradação, seja por condicionalismos naturais, seja por ser
encontrarem num local assolado pelo estigma da guerra ou outros
conflitos humanos, seja aquele património que se esteja a deteriorar por
pura falta de interesse de inépcia das autoridades competentes pela
preservação desse espólio. Existe ainda uma terceira lista, que por sinal
é a primeira lista a constituir-se. Intitula-se “Lista Indicativa” é uma lista
organizada por cada Estado-membro da Convenção do Património
Mundial (São considerados Estados-membros apenas os países que
assinaram a “Convention Concerning the Protection of the World Cultural
and Natural Heritage”50. No seio desta convenção, cada Estado-membro
está comprometido, como diz este documento a “reconhecer que o dever
de assegurar a identificação, protecção, conservação, apresentação e
perpetuação para as futuras gerações dos património cultural e natural
(…) situado no seu território, pertence primariamente ao seu Estado e
fará tudo o que está ao seu alcance para este fim”51. Concordando em
identificar e nomear lugares do seu território nacional para serem
incluídos na Lista do Património Mundial, estes Estados devem
apresentar detalhadamente as características dos lugares escolhidos e a
forma como tenciona protegê-los, de forma periódica), que como próprio
nome alude é constituída pelo património indicado por cada país a
candidatar-se à classificação, isto é, de dez em dez anos cada Estado-
membro constrói uma lista onde colocará exemplos nacionais de
património candidato à classificação da UNESCO.
50 Trad: Convenção Relativa à Protecção Universal do Património Cultural e Natural.
51 UNESCO (1972), Convention concer n i n g t h e Pr o t e c t ion o f t h e W or l d
Cultural and Natural H e r i t a g e. Paris: UNESCO, p. 3 . T ra d .
40
Perante o impasse portuense já existe nesta cidade um movimento
de “forças-vivas” que planeia uma estratégia consertada de preservação
e divulgação do património portuense nos circuitos internacionais do
turismo, já que as autoridades públicas têm-se imiscuído dessa
responsabilidade.
Desta forma, com estes exemplos se enunciam os antecedentes do
problema que se anseia ter fim à visto, isto quer dizer, a necessidade de
haver uma comunicação estrita entre as instituições público-privadas no
sentido de se construírem projectos consertados que possibilitem uma
preservação eficaz de um espólio que é de todos nós e uma mais eficaz
divulgação do património que mercê ser visitado e vislumbrado.
Começam actualmente a surgirem focos de interesse pelas
questões da comunicação aliadas ao património, mas para já numa base
do património cultural, também chamado de imaterial ou intangível
(literatura, tradições regionais, gastronomia, registo de lendas e
narrativas locais), principalmente na organização de seminários relativos
a esta temática:
“El Instituto Nicaragüense de Cultura a través de la Dirección de
Patrimonio Cultural realizó esta semana el Seminario de Medios de
Comunicación y Patrimonio Cultural. Después de inaugurar el Lic.
Clemente Guido Martínez, Director General del INC, se debatieron
las siguientes ponencias: Fundamentos básicos sobre Patrimonio
Cultural bajo la responsabilidad de la Lic. Verónica Hermida,
responsable de Normas y Procedimientos. Relación institucional
para la protección del Patrimonio Cultural a cargo del Lic. Salvador
Baltodano, Director de Patrimonio Cultural del INC. Aplicación de las
leyes sobre Patrimonio cultural, casos prácticos expuso el Lic. Noel
Carcache, responsable de Procesos Legales y Registro de bienes
culturales a cargo de la Lic. Blanca Arauz.
41
Durante los últimos años, las acciones concernientes a
salvaguardar el patrimonio Cultural Nacional se han incrementado,
creando las estructuras legales necesarias para proteger
institucionalmente los bienes artísticos, históricos, arqueológicos y
paleontológicos de Nicaragua, también se han aplicado por primera
vez desde su nacimiento legal, los decretos 1.142 y 1.237 de
protección al Patrimonio Cultural de la Nación y sus reformas,
obteniendo con su aplicación rigurosa, resultados efectivos tanto en
la vía legal como administrativa.
La ciudadanía en general ha conocido estos avances, las
investigaciones sobre descubrimientos y la promoción de nuestro
acervo cultural, gracias a los medios de comunicación y a la
transmisión de los conocimientos sobre esta problemática.
Si los medios de comunicación no contribuyen con la
salvaguarda y promoción del matrimonio cultural, la población
prescindirá de la información ‘para conocer su acervo cultural,
valorado e interiorizado desde una óptica cultural y científica más de
lo comercial.
Este seminario tiene como objetivos transmitir a los
comunicadores culturales los conocimientos básicos e
indispensables para poder desarrollar en el ámbito de la difusión del
Patrimonio Cultural. Dar a conocer a los comunicadores los
aspectos básicos referentes al patrimonio cultural en lo concerniente
a criterios de clasificación, criterios de declaración, medidas legales
de protección, conservación y preservación desde el estudio y
análisis del Decreto 1142. Así también permitir los conocimientos
fundamentales adquiridos por los comunicadores culturales en la
materia del Patrimonio cultural, sean utilizados para promover el
periodismo cultural de mayor cobertura e incidencia dentro del sentir
social con respecto a la labor de salvaguarda de nuestro acervo
cultural.
42
La importancia de los medios de comunicación para inculcar
valores en la población y determinar el requerimiento de pautas de
conducta, han sido tan relevantes y destacando que constituyen uno
de los principales pilares para la protección, promoción y valoración
de la cultura nacional.
Si hay una información adecuada sobre problemas que afectan
al Patrimonio Cultural, partiendo de la base conceptual que tengan
los comunicadores culturales, podremos prevenir la destrucción total
o parcial a los bienes muebles e inmuebles que lo conforman.
Asimismo, a través de los medios de comunicación se conocen
cuáles son las situaciones que por la ley deben velar para
salvaguardar los bienes culturales, lo que permite poder acudir ante
la autoridad respectiva cuando conozcan hechos ilícitos contra algún
o algunos bienes patrimoniales o para solicitar determinada
información respecto a la protección o promoción de los mismos.
Los comunicadores son sin duda un medio por excelencia para
trasmitir valores y conocimientos en todos los ámbitos de la vida
nacional, y en el caso del valor cultural, se necesita de una
información integral e innovadora que no sólo informe, permita de
los receptores tomar conciencia de la importancia de nuestro
Patrimonio Cultural.” 52
Outro exemplo de seminário relativo à discussão destas matérias
ainda relacionadas com o património mundial foi o “VI Encuentro para la
Promoción y Difusión del Patrimonio Inmaterial de los Países Andinos”,
que decorreu na cidade colombiana de Medellín, de quatro a dez de
Setembro de 2005. Um seminário de tal forma relevante que suscitou
uma comunicação de apoio do Director Geral da UNESCO, Koishiro
Matsuura:
52 El Nuevo Diário (1999). Seminários Médios de Comunicación y Património Cultural.
Extraído a 13 de Novembro de 2005: http://archivo.elnuevodiario.com.ni/1999/junio/12-
junio-1999/cultural/cultural2.html
43
“La UNESCO está convencida de la valiosa y significativa
contribución que podría constituir tal encuentro para promover la
diversidad cultural y fomentar la salvaguarda del patrimonio cultural
intangible, me complace, por lo tanto, acordar el patrocinio de la
UNESCO a este importante evento.” 53
O responsável máximo da UNESCO havia já feito anteriormente
uma comunicação, por alturas do Seminário Internacional de Meios de
Comunicação e Património Imaterial, que teve lugar desta feita a
Cartagena das Índias, também na Colômbia, entre dois e quatro de 2002,
destacando a importância do diálogo constante acerca destas temáticas
da comunicação e do património:
“Uno de los desafíos impuestos por la mundialización es, sin
duda alguna, la preservación de la diversidad cultural, pues los
riesgos de uniformización de la cultura y de la pérdida de las
identidades culturales son inminentes. La UNESCO, única
organización del sistema de las Naciones Unidas que tiene en su
ámbito de competencia la responsabilidad de orientar la acción de la
comunidad internacional para la preservación de la diversidad
cultural desempeña un papel de gran importancia en esta labor
fundamental.
Aunque la Convención de la UNESCO para la Protección del
Patrimonio Mundial Cultural y Natural de 1972 ha demostrado
durante casi treinta años toda su utilidad y pertinencia, este
instrumento no cobija las formas de expresión culturales que
constituyen el patrimonio inmaterial, fuente esencial de la identidad
de los pueblos. Por lo tanto, persistía un desequilibrio geográfico en
53 VI Encuentro para la Promoción y Difusión del Patrimonio Inmaterial de los Países
Andino (2005). Extraído a 22 de Março de 2006 do sítio da Universidade de Antioquia:
http://internacional.udea.edu.co/prog2005final.pdf
44
la Lista del Patrimonio Mundial que consistía en una mayor
representación de las culturas de los países desarrollados con
respecto a las culturas de los países en desarrollo, más
representativas del patrimonio inmaterial. Este desequilibrio
denotaba cierta fragilidad en nuestro dispositivo de salvaguardia del
patrimonio cultural, que se concentraba en proteger el patrimonio
material en detrimento del inmaterial. La UNESCO no podía
entonces cumplir cabalmente con su misión de aportar una
respuesta equilibrada y eficaz a la preservación del patrimonio
cultural sin tener en cuenta estos dos aspectos: el patrimonio
material y el inmaterial. En los últimos años, el patrimonio cultural
inmaterial ha alcanzado reconocimiento internacional como factor
vital para la reafirmación de la identidad de los pueblos. Por eso la
UNESCO le ha otorgado especial importancia. En la actualidad, la
preservación de la diversidad cultural y del patrimonio inmaterial,
que es sin duda uno de los aspectos más vulnerables de la
diversidad cultural, constituye una de las prioridades estratégicas de
la Organización para el próximo quinquenio. Gran parte de estas
formas de expresión cultural inmaterial corre el riesgo de
desaparecer, debido principalmente a la uniformización, los
conflictos armados, el turismo, la industrialización, el éxodo rural, las
migraciones y el deterioro del medio ambiente.
El patrimonio cultural inmaterial es un factor fundamental en la
defensa de la diversidad cultural. Su salvaguardia depende de la
acción eficaz de todos los implicados en esta tarea: gobiernos,
organismos internacionales, medios de comunicación, asociaciones,
gestores culturales, comunidades locales y público en general.
Teniendo en cuenta el poderoso papel que desempeñan los medios
de comunicación en la construcción de la conciencia social y
colectiva, la UNESCO consideró pertinente suscitar una reflexión
sobre el tema y convocar una reunión de expertos internacionales y
45
profesionales de dichos medios, que aportaría los instrumentos para
definir pautas de difusión y promoción de esta vulnerable forma de
patrimonio. La cita se realizó en la hermosa ciudad de Cartagena de
Indias, del 2 al 4 de mayo de 2002. Los resultados obtenidos
auguran perspectivas nuevas, tanto en el ámbito nacional como
regional e internacional. El lanzamiento de campañas de
sensibilización nacional sobre la base de experiencias pioneras,
como la de Colombia; la organización de foros de discusión
transdisciplinarios; la creación de redes de intercambio de
experiencias y el establecimiento de políticas de difusión que tengan
en cuenta la especificidad del patrimonio cultural inmaterial son
algunas de las actividades que han de derivarse de este importante
encuentro.
En el mundo actual, donde la preservación de las identidades
culturales de los pueblos se ha convertido en un reto planetario, la
misión de la UNESCO es, más que nunca, obrar por la salvaguardia
de la diversidad cultural. Fuente inestimable de nuestra diversidad
creadora, el patrimonio cultural inmaterial expresa una parte
fundamental de la vida espiritual y social de los pueblos. Su
preservación constituye una responsabilidad individual y colectiva
hacia las generaciones futuras.” 54
Contudo, têm já surgido bons exemplos, principalmente organizados
pelo Centro do Património Mundial, de colóquios e seminários que
referem a importância da gestão, preservação e divulgação do património
arquitectónico dos centros históricos:
54 Ministerio de Cultura de la Republica de Colombia (2002). Informe del Seminario
Internacional de Medios de Comunicación y Patrimonio Inmaterial. Extraído a 23 de
Março de 2006:
http://www1.mincultura.gov.co/patrimonio/patrimonioinmaterial/secciones/descargas/do
cumentos_ministerio/seminario_medios_patrimonio_inmaterial.pdf
46
“MEXICO CITY, MEXICO
[6 to 8 November 2002]
Heritage Management of Historic Cities: Planning for Mixed
Use and Social Equity
Among the 104 World Heritage sites in the Latin American and
Caribbean Region, 32 are historic cities, including 9 in Mexico. While
conserving the “outstanding universal value” for which these cities
were inscribed, they must also cater to the modern needs of their
inhabitants and the growing number of visitors. Local authorities and
investors have a decisive role to play in determining the future of
these cities, which depend on the choice of the development
strategy. Tourism pressures and property speculation have often
resulted in the marginalization of the poor inhabitants, notably
through their displacements from their traditional homes. Other
pressing problems are depopulation of historic city centres, the ever-
increasing numbers of street vendors and the deteriorating security
situation. To retain the lively character of these historic cities, which
cannot be separated from their inhabitants, rehabilitation policies
should focus on participatory processes aiming for mixed use, mixed
tenure and social equity.
All of these questions were discussed in the context of a Historic
Cities Heritage Week in Mexico City. This week of activities was
made up of two main events, the first being a workshop entitled
Valoración del Patrimonio del Centro Histórico de la Ciudad de
México: La integración del Patrimonio en el Desarrollo
Económico y Social (Mexico City 4 to 6 November 2002). The
event took place at the National Museum of Cultures in the
Historic Centre of Mexico City. The case of Mexico City is
emblematic in Latin America for the mere dimension and
complexity of the challenge that the revitalization of the Historic
47
Centre poses. The aim of the workshop was to create a platform
for discussion for the members of the Fideicomiso del Centro
Histórico de la Ciudad de México, six international experts and
stakeholders of the Historic Centre. At the beginning of this
year the City Government dedicated substantial funds for the
revitalization of the Historic Centre. The Fideicomiso is the
entity coordinating and executing the extensive works
undertaken to improve the Historic Centres infrastructure and
image. The presentations of comparable experiences from Quito
(Equator), Lima (Peru), Havana (Cuba), Santo Domingo
(Dominican Republic) and from several sites in Brazil served as
input for the consideration of small working-groups. The results
of the discussions in the groups were presented to the
Fideicomiso for deliberation. The workshop ended at lunch-time
on Wednesday 6 November 2002. In the afternoon of the same
day the Mexico City Virtual Congress event started. There the
overall results of the workshop were presented to the
participants of the Virtual Congress and served as background
for all further discussions.
The regional meeting in Mexico City intended to demonstrate
the usefulness of new technologies in integrated urban development
planning. Organized by INAH (National Institute of Anthropology and
History), the Mexican Association of World Heritage Cities, the
Ministry of Education of Mexico, the UNESCO Mexico Office and the
UNESCO World Heritage Centre, this three-day conference looks
specifically at case studies that highlight the possibilities new
technologies offer in the context of Heritage Management of Historic
Cities e.g. in the elaboration of heritage inventories, virtual
museums, cartography, education or planning.
48
During the three-day conference three general presentations
and 13 case studies from six countries were heard and discussed.
The participants were given an opportunity to interact with the
international and national experts in small workshops that focused on
the following subjects:
1) Integrated Management
2) Indicators and Monitoring
3) Inventories
4) Impact of Tourism and Regional Planning” 55
Torna-se desta forma, e olhando à luz dos antecedentes desta
problemática, prosseguir com um estudo mais aprofundado das questões
que abordam não tanto os itens que se relacionam com o património
cultural, mas sobretudo com o património edificado que abunda nos
centros históricos das mais antigas cidades do mundo.
55 Virtual World Heritage (2002) Heritage Management of Historic Cities :Planning for
Mixed Use and Social Equity. Extraído a 12 de Novembro de 2006:
http://www.virtualworldheritage.org/index.cfm?pg=Events&s=Mexico
%20City&d=Details&l=en
49
3. Elaboração de Hipóteses
Abordar a temática da preservação, classificação e divulgação do
património arquitectónico dos centros históricos das cidades é falar de
um tema que chama a atenção, neste caso - e tendo por base o estudo
comparativo entre dois periódicos - aos meios de comunicação social
impressos, radiofónicos ou televisivos. Questiona-se se os assuntos
relacionadas com o património terão suficiente impacto ou notoriedade
na sociedade que levem os meios de comunicação a explorar estes
assuntos.
Pergunta-se se o património é passível de ser objecto de destaque
pelos órgãos de comunicação social, de que forma são desenvolvidos os
conteúdos transmitidos pelos média. Terão uma exposição mediática
assinalável no cômputo generalizado das temáticas abordadas pelos
média, será uma exposição excessiva ou pelo contrário diminuta.
Será que os média têm como objectivo a criação de programas,
reportagens, peças jornalísticas intimamente ligadas ao património. Se
sim é porque têm público afecto a este tipo de assuntos. É porque as
audiências interessam-se pelos assuntos que dizem respeito não só à
preservação de um bem público, espelho da história e da ideia de
nacionalidade de cada país e de cada região. É porque as pessoas têm
necessidade de beber o que é intimamente seu por herança histórico-
cultural. Ou porque pensam que a classificação do centro histórico da
sua cidade pela UNESCO granjeará o centro histórico da sua amada
cidade de um título de enorme prestígio, imagem de marca e de
qualidade certificada como é o título de Património Mundial. Ou por seu
turno saberem que o simples facto de o património da cidade, por estar
classificado, trará mais e logo mais receitas monetárias.
Ou será que poderá ser exactamente o contrário. Os meios de
comunicação social poderão virar costas a factos relacionados com o
50
património, com a sua preservação, classificação e divulgação. Pensarão
os média de que provavelmente estes assuntos não terão grande
procura por parte da opinião pública. Que apostar na divulgação do
património por intermédio da criação de conteúdos específicos não será
assim tão vantajoso, nem para o meio de comunicação em causa nem
mesmo para a economia da cidade, da região ou até mesmo do país.
Talvez falar do património não seja suficientemente aliciante para se
desenvolver uma cobertura noticiosa, para ocupar uma página de um
jornal ou nem sequer se criar uma peça radiofónica.
Colocando então as hipóteses em número de graus:
•Hipótese de Primeiro grau: os dois periódicos estudados dão
relevância às matérias relacionadas com o património e a
classificação da UNESCO ao centro histórico das suas cidades.
•Hipótese de Segundo Grau: se os jornais vêm na publicação de
notícias correspondentes ao Património é porque existe, na
população que habitualmente compram o Jornal de Notícias e a La
Voz de Galicia a necessidade de explorar os factos que dizem
respeito à preservação, classificação e promoção do seu
património e do Património Mundial. Desta forma os jornais vêm a
necessidade de saciar a curiosidade dessa população com a cada
vez maior aposta em publicar sobre estas matérias ao longo do
tempo
•Hipóteses de Terceiro Grau: havendo por parte dos dois jornais
interesse na publicação destas matérias, por via dos seus leitores
terem a necessidade de verem exploradas as temáticas
relacionadas com o título de Património Mundial dos seus centros
históricos, é porque existe actualmente por parte de franjas da
população de Porto e de Santiago de Compostela uma consciência
quanto à preservação, importância da classificação e da difusão do
seu espólio arquitectónico; o facto de se comprovar que um dos
51
periódicos publica mais artigos do que o outro é sinal que os
leitores de um têm mais interesse por estas questões do que
segundo e que existe mais consciência da importância do
património numa cidade do que noutra.
•Hipótese nula: O número de artigos publicados é escasso,
demonstrando que estes periódicos não demonstram interesse
nestas matérias, sinal de que os leitores não estão despertos para
as questões do património.
Não creio que este estudo comparativo vá desvendar as respostas a
todas estas hipóteses, mas poderá auxiliar na construção de uma ideia
de quanta relevância poderão dar os média, partindo do exemplo destes
dois importantes periódicos como são o Jornal de Notícias e a La Voz de
Galicia, no sentido de este estudo ser uma veia iniciática para a criação
de novos estudos comparativos no seio desta matéria.
52
III. Metodologia
1. Desenho e Técnicas de Recolha de Informação
Como referido anteriormente este projecto de investigação visa
sobretudo (apesar de levar a cabo também uma superficial mas correcta
definição do que é o título de Património Mundial no âmbito da UNESCO
e da importância da classificação dos centros históricos das cidades que
naturalmente tenham um espólio de importância universal, bem como
uma abordagem à importância de se criarem estratégias de comunicação
interna externa, aliadas às relações públicas e ao marketing com vista ao
sucesso da candidatura desse espólio bem com a sua posterior
divulgação) elaborar uma análise comparativa entre dois periódicos:
Jornal de Notícias e La Voz de Galicia. Um é português, conotado com a
cidade do Porto, o outro é galego, de referência para a cidade de
Santiago de Compostela, ambos os burgos detentores de um espólio
classificado como Património Mundial pela UNESCO e membros
associação transfronteiriça de Municípios “Eixo Atlântico”.
Essa análise comparativa tem como objectivo saber qual o volume,
em notícias publicadas no período compreendido entre um de Janeiro de
2000 e 31 de Dezembro de 2004, de importância que estas duas
publicações dão às temáticas relacionadas com o Património Mundial em
geral e com o espólio classificado de cada uma das suas cidades
respectivamente, em particular, bem como apurar qual dos dois jornais
publica mais notícias referentes a este tema e se essa diferença é
significativa.
De referir que, aquando da recolha de informação, foram tidos em
conta somente as notícias que diriam respeito ao património, a
preservação, divulgação, investimentos relativos ao espólio, processos
de candidatura, classificação, em suma apenas matérias referentes ao
assunto do património, não tendo sido levadas em contas as notícias que
53
por uma razão ou por outra tenha surgido expressões relacionadas com
“Património Mundial”
Assim, a recolha de informação foi desenvolvida da seguinte forma:
•Recolha de dados referentes a notícias publicadas no Jornal
de Notícias entre o dia um de Janeiro de 2000 e 31 de
Dezembro de 2004, recorrendo à hemeroteca física presente
na sede deste periódico na cidade do porto, bem como à
hemeroteca informática do referido jornal, tendo como base de
busca as expressões “Património mundial”, Património da
Humanidade”, “Património Universal” e “Património Cultural da
Humanidade” (com esta ordem exacta), enunciações comuns
quando se trata de definir a classificação da UNESCO. As
notícias encontradas foram lidas uma a uma, no sentido de
verdadeiramente se apurar se estas diziam respeito ao tema
abordado, de forma a que a investigação não sofresse
“contágio” por outras notícias que, apesar de porventura
conterem uma das já referidas expressões de busca, nada
tivessem a ver com o tema em estudo.
•Recolha de dados referentes a notícias publicadas em “La
Voz de Galicia entre o dia um de Janeiro de 2000 e 31 de
Dezembro de 2004, recorrendo à hemeroteca física presente
na sede deste periódico na cidade de A Corunha, bem como à
hemeroteca informática do referido jornal, presente em
suporte digital na Biblioteca Central da Universidade de Vigo,
no pólo Universitário de As Lagoas Marcosende, em Vigo
tendo como base de busca as expressões “Patrimonio
Mundial”, Patrimonio de la Humanidad”, “Patrimonio Universal”
e “Patrimonio Cultural de la Humanidad” (com esta ordem
exacta), bem como o cruzamento das mesmas entre si (já que
em vários textos surgem por vezes uma ou mais expressões
ide identificação desta classificação, com o objectivo de
54
aprimorar o texto jornalístico) enunciações comuns quando se
trata de definir a classificação da UNESCO. As notícias
encontradas foram lidas uma a uma, no sentido de
verdadeiramente se apurar se estas diziam respeito ao tema
abordado, de forma a que a investigação não sofresse
“contágio” por outras notícias que, apesar de porventura
conterem uma das já referidas expressões de busca, nada
tivessem a ver com o tema em estudo.
•Recolha de fundamentação teórica em autores que
expressam a importância da comunicação no
desenvolvimento das empresas e das instituições e do
contacto destas com a sociedade. José Maria la Porte, com a
sua obra Entusiasmar a la propia institución. Gestión y
comunicación interna en las organizaciones sin Ánimo de
Lucro foi um dos autores preponderantes para o estudo da
importância das técnicas de comunicação para sensibilizar à
preservação do espólio de um centro histórico, para a
construção de um melhor e mais completo dossier de
candidatura ao Título de Património Mundial, bem como
outros autores significativos e obras preponderantes, descritas
na bibliografia.
55
2. População e Amostra
População: Jornal de Notícias (Cidade do Porto)
La Voz de Galicia (Santiago de Compostela)
Amostra: Notícias, publicadas no espaço de tempo compreendido
entre um de Janeiro de 2000 e 31 de Dezembro de 2004, relacionadas
com o título de Património Mundial em geral, as actividades
desenvolvidas pela UNESCO neste âmbito e dos CENTROS
HISTÓRICOS CLASSIFICADOS DE Porto e de Santiago de Compostela
em particular, encontradas depois de extensiva procura nos arquivos
físicos e na hemeroteca informática das duas publicações
O volume de amostra consultado no Jornal de Notícias foi de 1447
notícias, sendo 909 notícias alvos de estudo no âmbito das temáticas já
referidas.
O volume de amostra extraído do jornal La Voz de Galicia foi de
1729, sendo 1505 notícias alvos de estudo no âmbito das temáticas já
referidas.
Nota-se uma discrepância entre o volume de amostras dos dois
periódicos. A razão é a de que a hemeroteca do jornal La Voz de Galicia
apresenta uma melhor organização dos conteúdos presentes no arquivo
deste jornal, já que a sua facilidade de consulta permitiu um volume
extenso de informação, visualizando um conjunto de “Cd-roms”
cuidadosamente divididos em anos e dias de publicação, ao passo que o
arquivo do Jornal de Notícias, para além de difícil consulta, englobada
num sistema informático demasiado complexo e disperso.
56
3. Técnicas de análise
Através da análise estatística descritiva e estatística indutiva, tendo
como base tabelas de série cronológica, com as variáveis
- Tabela 1 (Jornal de Notícias - notícias de carácter geral) -
Património Mundial; Património da Humanidade; Património
Universal; Património Cultural da Humanidade; Textos que tenham
uma ou mais expressões em simultâneo.
- Tabela 2 (Jornal de Notícias - notícias relacionadas com o
património portuense) - Património Mundial; Património da
Humanidade; Património Universal; Património Cultural da
Humanidade; Textos que tenham uma ou mais expressões em
simultâneo.
- Tabela 3 - (La Voz de Galicia - notícias de carácter geral) -
Patrimonio Mundial; Património de la Humanidad; Património
Universal; Patrimonio Cultural de la Humanidad; Textos que
tenham uma ou mais expressões em simultâneo.
- Tabela 3 - (La Voz de Galicia - notícias relacionadas com o
património “Santigueño” - Patrimonio Mundial; Património de la
Humanidad; Património Universal; Patrimonio Cultural de la
Humanidad; Textos que tenham uma ou mais expressões em
simultâneo.
Através do estudo dos dados presentes nestas tabelas procura-se
responder às seguintes questões:
•Qual dos dois periódicos publica mais notícias relacionadas
com o título de Património Mundial em geral, as actividades
desenvolvidas pela UNESCO neste âmbito.
57
•Qual dos dois jornais publica mais notícias intimamente
relacionadas com o centro histórico classificado da sua
cidade.
•Saber, em cada um dos jornais, quais os anos que as notícias
relacionadas com o Património Mundial em Geral e centros
históricos classificados em particular foram publicadas em
maior número e apurar as razões.
58
4. Trabalho de Campo
Num trabalho de campo que envolveu várias horas de pesquisa às
hemerotecas dos dois jornais, com sucessivas viagens a La Coruña e As
Lagoas Marcosende, em Vigo, foram dispendidas cerca 155 horas na
procura de todo o material necessário para o desenvolvimento deste
projecto.
Na procura de dados relacionados com o Jornal de Notícias foram
consultados os arquivos deste jornal, a sua hemeroteca digital, bem
como os arquivos da Biblioteca Municipal da Cidade do Porto, numa
recolha iniciada a 20 de Novembro de 2005 e terminada a 15 de
Dezembro desse mesmo ano, com um total de horas dispendidas de 73,
num universo de 1.447 notícias consultadas.
Na procura de dados relacionados com a La Voz de Galicia foram
consultados os arquivos deste jornal, a sua hemeroteca digital compilada
em cd-roms, examinados na biblioteca central da Universidade de Vigo,
em As Lagoas Marcosende, no pólo de Vigo, numa recolha iniciada a 16
de Dezembro de 2005 e terminada a 18 de Janeiro de 2006, com um
total de horas dispendidas de 82, num universo de 1729 notícias
consultadas.
Foram dispendidas, com o intuito de construir a fundamentação
teórica, na leitura da bibliografia de referência para este projecto 38
horas ao todo.
59
III. Parte Aplicada ou Experimental
1. Desenvolvimento do Projecto
Com o intuito de demonstrar que as questões relacionadas com a
comunicação podem de sobremaneira contribuir para o desenvolvimento
de uma maior consciencialização para a preservação do património, mas
acima de tudo, pode contribuir para a construção e organização de um
dossier mais completo de candidatura ao título de Património Mundial no
âmbito da UNESCO a um centro histórico de uma cidade, este projecto
de investigação debruçou-se na procura de uma fundamentação teórica
capaz de comprovar ou refutar essa mesma utilidade, bem como
apresentar um estudo comparativo entre dois jornais do noroeste
peninsular como prova ou não de que os meios de comunicação estão
atentos a este tipo de matérias e que a sua audiência é receptível a este
tipo de temáticas.
Desenvolvido com a sensação de busca incessante de evoluir no
campo científico das ciências da comunicação, este trabalho mune-se de
tremenda importância ao ligar dois pólos (o das Ciências da
Comunicação e o estudo da Histórias), de interesse e extraordinária
necessidade para a compreensão da sociedade contemporânea.
Este projecto foi desenvolvido em apenas seis meses, por
imperativos profissionais que não permitiram uma maior enfoque neste
trabalho.
60
2. Exposição do Trabalho
Apresentada que está a fundamentação teórica na secção própria a
deste projecto, assente em autores como José Maria La Porte, Jaime de
Urzáiz y Fernández Del Castillo, Cees Van Riel, Carlos G. Ramos
Padilla, Carlos Sotelo Enríquez, Tomás Álvarez e Mercedes Caballero,
Fernando Martín Martín, Benigno E.Alicea Sanabria, Pascale Weil, Sara
Núñez de Prado, Alfonso Braojos, Enrique Rios e Elena Real, e suas
obras presentes na bibliografia deste projecto, segue-se a explanação do
estudo comparativo entre os periódicos Jornal de Notícias e La Voz de
Galicia.
•Dados obtidos no Jornal de Notícias
Tabela 1
Expressões de Referência e Procura de Dados de Notícias de Carácter Geral
Património
Mundial
Património
da
Humanidade
Património
Universal
Património
Cultural da
Humanidade
Textos que tenham
uma ou mais
expressões em
simultâneo
2000 145 33 0 11 8
2001 133 49 2 13 14
2002 156 68 2 19 16
2003 95 43 0 13 6
2004 77 44 0 6 12
Total 606 237 4 62 56
61
Tabela 2
Expressões de Referência e Procura de Dados de Notícias relativas
à cidade do Porto
Património
Mundial
Património da
Humanidade
Património
Universal
Património
Cultural da
Humanidade
Textos que tenham
uma ou mais
expressões em
simultâneo
2000 54 12 0 1 1
2001 49 23 0 0 4
2002 50 14 0 4 3
2003 45 13 0 2 4
2004 48 15 0 1 3
Total 246 77 0 8 15
•Dados obtidos em La Voz de Galicia
Tabela 3
Expressões de Referência e Procura de Dados de Notícias de Carácter Geral
Patrimonio
Mundial
Patrimonio
de la
Humanidad
Patrimonio
Universal
Patrimonio
Cultural de la
Humanidad
Textos que tenham
uma ou mais
expressões em
simultâneo
2000 10 175 2 2 102
2001 16 212 13 1 42
2002 20 222 10 5 37
2003 22 212 2 1 35
2004 56 255 4 11 38
Total 124 1076 31 20 254
Tabela 4
62
Expressões de Referência e Procura de Dados de Notícias relativas à cidade de
Santiago de Compostela
Patrimonio
Mundial
Patrimonio de
la
Humanidad
Patrimonio
Universal
Patrimonio
Cultural de la
Humanidad
Textos que tenham
uma ou mais
expressões em
simultâneo
2000 12 42 3 0 29
2001 21 39 1 0 19
2002 16 36 2 4 20
2003 12 22 1 0 9
2004 9 31 2 3 17
Total 70 170 9 7 94
Assim, nestes quatro tabelas temos uma distribuição de variáveis
que são idênticas em todo o conjunto, diferenciando apenas na tradução
em espanhol para as duas tabelas relacionadas com a informação
relacionada com La Voz de Galicia.
Distribuídos os valores por ordem cronológica, iniciando o conjunto
de tabelas em 2000 e terminado em 2000, perfazendo cinco linhas de
informação, distribuindo por sua vez a informação nas cinco variáveis
“Património Mundial”, Património da Humanidade”, Património Universal”,
Património Cultural da Humanidade”, expressões vulgarmente utilizadas
para classificar o título nomeado pela UNESCO, a que se junta uma
quinta variável “Textos que tenham uma ou mais expressões em
simultâneo”, de forma a despistar os textos que por sinal contenham, no
sentido de aprimorar o “léxico jornalístico”, uma ou mais expressões de
identificação do assunto em questão. De referir que esta última variável
partiu sempre como primeira variável “Património Mundial” no que
concerne ao Jornal de Notícias e “Património de la Humanidad” em La
Voz de Galicia, utilizando como suporte as outras variáveis seguintes.
Podemos mesmos começar por abordar a questão do “léxico”
quando nos deparamos com o facto de que surgem no Jornal de Notícias
mais notícias com a variável “Património Mundial”, 606 (número que
63
contém as 246 notícias referentes ao centro histórico do Porto), ao passo
que nas tabelas referentes à La Voz de Galicia a expressão mais usual é
“Património de la Humanidad”, 1.046 ao todo, não esquecendo de
contabilizar neste número as 175 notícias referentes ao centro histórico
de Santiago de Compostela.
Para uma procura mais abrangente é essencial contudo focalizar a
razão para esta diferença no que respeita ao rótulo a adoptar pelos dois
periódicos, já que esta existe.
Quando a seis de Dezembro de 1985 foi decretado pela Nona
Sessão do Comité do Património Mundial, em Paris, a atribuição do título
de Património Mundial”, essa denominação era vulgarmente intitulada em
Espanha de “Património da Humanidade”, expressão que por ser muito
“humana” se adaptava à necessidade de sensibilização e
consciencialização dos Estados e das populações para a conservação de
um património pertencente a toda a humanidade e não só um país. Só a
partir dos anos 90 é que expressão “património Mundial se começou a
vulgarizar em Espanha.
É de salientar que estas duas expressões são as que
verdadeiramente identificam esta classificação, já ambas preenche no
conjunto das quatro tabelas o total de 2043 textos encontrados
(606+237+124+1076), ao passo que todos os outros juntos perfazem
apenas 125 (62+4+8).
Mas explorando verdadeiramente o cariz deste projecto pode-se
rapidamente retirar uma conclusão, depois de cuidada exploração das
tabelas em estudo: O periódico La Voz de Galicia foi o periódico que
permitiu encontrar um maior de número de informação relativo à temática
do património (124+1076+31+20+254=1505), não esquecendo que
nestes números estão englobados os textos relativos a Santiago de
Compostela (70+170+9+7+94=350). A uma distância considerável do
primeiro periódico fica o Jornal de Notícias, com um menor volume de
64
informação (606+237+4+62+56=905), contabilizando as notícias
referentes ao centro histórico do Porto (246+77+0+8+15=346).
Quanto à questão que diz respeito em saber quais foram os anos
em que mais se encontram informações acerca desta temática, as
tabelas dizem-nos o seguinte:
Para o Jornal de Notícias 2002 foi o ano em que as matérias
relacionadas com o património tiveram mais destaque com o volume de
informação encontrado cifrado em 261, ao passo que o ano mais fraco, o
de 2004, quedou-se por 139. No que respeita à informação focalizada no
centro histórico do Porto, o ano mais “mediático” foi o de 2001.
Quanto à La Voz de Galicia, o ano em que encontramos mais
informação referente às variáveis relacionadas com o património em
geral foi o de 2004, com 364 textos encontrados, com o pior ano a
revelar ser 2003, enquanto que informação ligada ao centro histórico de
Santiago tem o seu melhor ano a 2000.
No que concerne ao volume total de informação encontrada no
Jornal de Notícias, a média total de informação, juntando os valores de
média de todos os anos perfaz cerca de 38,6 textos por ano
(39,4+42,2+52,2+31,4+27,8), muito longe da média de “La Voz” que se
cifrou em quase o dobro: 60, 2 (58,2+56,8+58,8+54,4+72,8).
No conjunto dos dois periódicos foram identificados 1805
documentos (124+1076+31+20+254)+(70+170+9+7+94)=1.805.
Olhando ao volume de informação e identificando as questões que
estes podem levantar, notamos que a La Voz de Galicia é o periódico
que mais se dedicou a divulgar a temática do Património Mundial com
mais do triplo de notícias identificadas do que o Jornal de Notícias.
Desvende-se então a razão dessa discrepância.
Identificamos também os anos mais “mediáticos em cada um dos
periódicos. Porque razão é que foram identificados mais documentos
publicados em 2002 no Jornal de Notícias, enquanto que em La Voz de
Galicia 2004 foi o mais preponderante? Porque razão o centro histórico
65
do Porto teve direito a mais “direito de antena” em 2001 do que nos
outros anos, enquanto que 2000 foi o mais importante para Santiago de
Compostela, apesar de em ambos os caso a diferença não ser muita.
Respondendo à primeira questão, diga-se que o diário regional La
Voz de Galicia, desde a sua fundação em 1882, por Juan Fernandez
Latorre56 (em conjunto com Antonio Prieto Puga e José Manuel Martínez
Pérez) tem-se demonstrado, ao longo dos anos que compõem a sua
existência, como um autêntico veículo de promoção da cultura e do
jornalismo galego, como defende Mercedes Román Portas57, ao afirmar
que este periódico ocupa “um posto tão importante na imprensa galega e
também no jornalismo espanhol contemporâneo”.
Como exemplo dessa defesa da cultura e da especificidade galega
no seio do reino de Espanha, atente-se ao exemplo histórico
apresentado por Mercedes Román Portas, referente ao papel de La Voz
de Galicia, no processo de constituição do Estatuto de Autonomia da
região da Galiza face ao poder central de Madrid, nos anos 30 do século
passado:
“A nuestro juicio, y por muchas razones que nos darían materia para
un largo alegato, la capitalidad de Galicia no puede vincularse sino en La
Coruña… Hay, aparte los motivos geográficos, sociales, culturales,
comerciales y económicos que pudiéramos exponer en favor de La
Coruña, una circunstancia que debe ser decisiva en este momento
republicano: la de ser nuestra Coruña el baluarte más firme de la libertad
en tierras de Galicia, como lo demuestra su historia…”58
Sendo assim, e porque o património edificado ao longo dos séculos
ajuda e muito a construir o retrato histórico de um povo e de uma cultura
ancestral como a galega, este jornal, como “Voz”, que quer ser, dessa
56 Román Portas, Mercedes (1997). História de La Voz de Galicia (1882-1939). Vigo:
Servicio de Publicacións da Universidade de Vigo
57 Román Portas, Mercedes (1997). Idem, p. 5
58 Román Portas, M. (1997). Ibd., p. 465
66
imensa cultura não poderia esquecer a importância desse espólio de
preponderância milenar, se pensarmos principalmente da importância
que o centro histórico de Compostela (classificado pela UNESCO em
1985) e o Caminho de Santiago (classificado o traçado correspondente
ao “caminho francês” em 1993) representam para os cristãos de todo o
mundo como local obrigatório de peregrinação, as muralhas romanas de
Lugo (classificadas em 2000), a Fortaleza de La Ilustración, em Ferrol, ou
Torre de Hércules ou de Breogán, em La Coruña (estes dois últimos
estão já em fase adiantada de candidatura ao título de Património
Mundial) têm para as gentes e para identidade galega.
A Galiza, pelos seus monumentos e beleza paisagista, representa
um verdadeiro paradigma, um exemplo a seguir no esforço pela
conservação de espaços e lugares que construíram a história galega
desde as raízes celtas á actualidade. E o jornal La Voz de Galicia explora
esta temática abundante, respeitando de facto a sua condição de
periódico regional. Esta é a razão porque este jornal dá tanto enfoque às
questões do património. Não só porque há muito para falar na Galiza
sobre este tema, mas porque explora esse mesmo cariz de periódico
regional.
Uma condição que o Jornal de Notícias, fundado seis anos depois
de La Voz de Galicia, em 1888, por José Diogo Arroio, José Moreira
Fonseca e José Guilherme Pacheco, já deteve, ao ter sido apenas,
durante muitas décadas, a voz mais visível do norte de Portugal e da
cidade do Porto em particular no panorama jornalístico português
passando depois a cotar-se como um diário verdadeiramente nacional,
como afirma Oliveira Ramos:
“Desde a sua fundação até ao fim da ditadura salazarista, o
Jornal de Notícias confinava-se às estreitas ruelas do Porto, aos
subúrbios cada vez mais entupidos desta cidade, estendia-se às
vezes aos limites do Minho, não alcançava a gente sem letras de
67
Trás-os-Montes e temia a sempre marcante fronteira que o rio Douro
sempre representou.
Com o 25 de Abril de 1974, mercê do desenvolvimento da
própria cidade do Porto e da necessidade da sociedade em se
informar, o Jornal de Notícias, graças a investimentos acertados e a
uma política de expansão sustentada pôde finalmente galgar a
“fronteira fluvial”, para se afirmar como o mais vendido jornal
português da actualidade.” 59
Desta forma na actualidade, com a condição de ser
verdadeiramente uma “máquina de fazer dinheiro”, como disse um dia o
economista Antunes Rebelo Soutinho, mantém-se ainda ligado à cidade
do Porto, mas por já não ter um cariz regional, dedica-se sobretudo a
temáticas relacionadas com a política e o desporto nacionais.
Porém, é o jornal que mais destaque oferece, já que, como foi dito,
anteriormente, publica semanalmente duas rubricas que visam explorar
as problemáticas relacionadas com o património portuense e a sua
história (“À Descoberta do Porto” e “Passeio Público”), inseridos num
caderno apenas publicado no Porto.
Não é então de estranhar que, face aos diferentes objectivos dos
dois jornais (um é diário regional, o outro é um diário de dimensão
nacional), os valores nos apareçam com discrepância relevante, por via
da missão de cada um destes periódicos.
Quanto à existência, no conjunto das tabelas apresentadas,
haverem valores que nos mostram que houve anos em destaque no que
respeita ao volume de informação encontrada, esse facto explica-se
desta forma:
O ano de 2002 foi o ano em que foram publicadas mais notícias
respeitantes ao património no Jornal de Notícias. Esse facto explica se
pelo facto de ter sido nesse ano que foram iniciados os estudos com
59 Ramos, Luís A. De Oliveira (2000). História da Cidade do Porto. Porto: Porto Editora.
3ª Edição, pp 492-493
68
vista à elaboração da nova “Lista Indicativa” portuguesa a entregar em
2004 ao Centro do Património Mundial da UNESCO, em Paris, e que
estará em vigor durante dez anos. Foram, desta feita, publicados nesse
ano de 2002, vários artigos relativos ao património a estudar para
possível inclusão nessa referida lista, concluída com os seguintes
espólios: Arrábida; Baixa Pombalina de Lisboa; Cerca dos Carmelitas
Descalços, Buçaco Costa Sudoeste; Fortificações de Elvas; Palácio,
Convento e Tapada de Mafra; Universidade de Coimbra.
Existe uma razão plausível para que 2001 tenha sido ano em que
foram publicados mais artigos relacionados com o centro histórico do
Porto. 2001 foi o ano em que a cidade do Porto dividiu com a cidade
holandesa de Roterdão o estatuto de Capital Europeia da Cultura, tendo
por isso sido alvo de uma maior cobertura mediática, por via de várias (e
intermináveis) obras realizadas em vários locais emblemáticos da cidade
e da realização de palestras e conferências ligadas ao estudo do
riquíssimo património arquitectónico da invicta.
Para La Voz de Galicia, o ano de 2004 foi o mais notório no que
concerne à publicação de notícias relativas ao património. Porquê.
Porque nesse mês ano finalizou a “Lista Indicativa Espanhola”, onde em
23 espólios candidatos figurava apenas um exemplar galego, a Ribeira
Sacra (Lugo e Ourense), tendo ficado “um amargo na boca” pela não
conclusão novamente da Torre de Hércules ou o espólio “ferrolano”.
Assim, foram publicados artigos com reacções de alguns quadrantes da
sociedade galega.
Para Santiago de Compostela o ano de 2000 foi o que, na
perspectiva do património, mais destaque teve, não só porque o centro
histórico desta cidade celebrava 15 anos desde a classificação outorgada
pela UNESCO, mas sobretudo porque nesse ano Compostela foi Capital
Europeia da Cultura.
69
3. Principais Contribuições
Depois do desenvolvimento deste projecto se constata, pela leitura
dos autores já mencionados, não só nas fundamentações teóricas mas
também ao longo deste trabalho que as principais contribuições no
campo do conhecimento científico são:
Este trabalho de investigação tem a humilde pretensão de
sensibilizar os investigadores ligados às ciências da comunicação a
apostarem no estudo das temáticas que porventura relacionam o
património, a sua necessidade de preservação, a necessidade de o
“certificar” com a mais importante e prestigiante marca de qualidade
existente, o título de Património Mundial sobre a égide da UNESCO, não
esquecendo a sua divulgação.
É um campo ainda pouco explorado, aquele que relaciona as
instituições que se dedicam ao património e a importância de apostarem
nas técnicas de comunicação empresaria, institucional, organizacional ou
corporativa.
São ainda poucas (pelo menos no que respeita a Portugal) as
instituições que orbitam os aspectos do património a levarem a sério a
importância de uma cuidada organização da comunicação interna, e da
comunicação externa, dos benefícios produzidos com o investimento nas
relações públicas e na necessidade de se organizarem estratégias fortes
de marketing, para assim proporcionar não um melhor desenvolvimento
do trabalho dos seus colaboradores, de uma maior “aceitação pública”
pelos temas relacionados com o património mas também do papel da
própria instituição, bem como alcançar uma divulgação que permita o
incremento do turismo, necessário para obter fundos para a preservação
do mesmo património.
70
Este projecto visa também contribuir com uma introdução à
fundamentação teórica que sustente o papel preponderante da
comunicação em todos os aspectos relacionados com o património.
Ao apresentar um estudo comparativo entre dois periódicos diários,
eminentes cada um da sua cidade, da sua região e da euro-região que
representa o noroeste peninsular, este projecto de investigação visa
sobretudo explorar a ideia de que os meios de comunicação social têm a
responsabilidade social de divulgarem o património histórico e cultural. E
essa responsabilidade social efectivamente existe nos dois jornais
estudados, porque também esses jornais seculares são exemplo desse
património Como também existe a ideia de que efectivamente os leitores
destes jornais se interessam pela temática do património, tal foi o volume
de artigos encontrados sobre o tema do património.
Existe terreno para desenvolver projectos que explorem a relação
dos meios de comunicação social com o património tal é o enfoque que
os média dão, a julgar pelo menos com o exemplo destes dois
emblemáticos jornais diários
Este trabalho talvez abra a porta para futuros estudos comparativos
mas sobretudo para a implementação de futuros projectos
transdisiciplinares não só dentro da investigação em comunicação mas
sobretudo em contacto com o meio científico ligado ao estudo do
património da história e da arqueologia, para que o património não se
torne numa mera “mercadoria” da comunicação.
71
IV. Conclusões
A necessidade de se preservar o património, para assim transmitir
às gerações vindouros o testemunho de uma história por vezes
construída a ferros, e aliar as ciências da comunicação a esse esforço
que é o de perpetuar nos laços tumultuosos a identidade de um povo
reveste-se de importância quando se imagina que se encontram em risco
centenas e centenas de vestígios históricos de civilizações que ajudaram
a construir a nossa própria civilização. Que as teorias da comunicação
podem contribuir para a consciencialização da opinião pública para
urgência de se manter vivo esse património rico que são os centros
históricos urbanos, os quais o centro histórico da cidade do Porto e o
“casco viejo” de Santiago de Compostela são exemplares únicos de um
“Património Mundial” que é um bocadinho de todos nós.
Utilizando as ciências da comunicação como alavanca de propulsão
para a divulgação do património, fazendo das instituições que orbitam o
campo desta temática verdadeiras “máquinas” comunicacionais, cientes
de extrema importância das relações públicas, do marketing e de toda
uma comunicação empresarial e institucional virada para a conjugação
de esforços consertados entre vários organismos, públicos ou privados,
sem fins lucrativos ou com fins monetários, empresas ligadas ao turismo,
instituições culturais, câmara municipais, em prole de um bem tangível
que se não se cuidar deixa de o ser, ficando preso por pontas na raiz
histórica e nos baús estreitos da memória.
Assim, e utilizando as ciências da comunicação como “serviço
público” mas também como motor dinamizador de indústria que é esta a
do turismo cultural alicerçados nas características únicas do património
classificado, importa então aprofundar ainda mais o papel preponderante
da comunicação relacionada com o património, facto que o será na futura
tese doutoral, tanto ao nível de uma ainda maior fundamentação teórica,
tendo não só como base autores espanicos mas também especialistas
72
anglo-saxónicos, franceses e brasileiros, bem como uma exposição
prática da importância da comunicação no contexto da preservação e
divulgação do património classificado dos centros históricos urbanos,
através de entrevistas as autoridades nacionais e internacionais ligadas
ao património bem como a responsáveis por instituições ligadas ao
património, autores de candidaturas a “Património Mundial”