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Revista Brasileira de Geociências
, Volume 33, 2003
Carlos Humberto da Silva et al.
407
Revista Brasileira de Geociências 32(4):407-418, dezembro de 2002
CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS VEIOS DE QUARTZO
AURÍFEROS DA REGIÃO DE CUIABÁ (MT)
CARLOS HUMBERTO DA SILVA1, LUIZ SÉRGIO AMARANTE SIMÕES2 &
AMARILDO SALINA RUIZ3
1 - Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista. Avenida 24A, 1515, Rio Claro-SP. CEP
13506-900. E-mail: chsilva@ms.rc.unesp.br
2 Departamento de Petrologia e Metalogenia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista.
3 - Departamento de Geologia Geral, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Mato Grosso.
Abstract STRUCTURAL CHARACTERIZATION OF GOLD QUARTZ VEINS IN THE CUIABÁ REGION, MATO GROSSO
STATE, BRAZIL The gold mineralization in the Cuiabá region occurs in quartz veins found in metasedimentary rocks (phyllites,
metasandstones, metadiamictites, marbles and metasiltstones) of the Cuiabá Group, internal zone of the Paraguai Fold Belt. Structural
analyses carried out in areas located at the overturned limb (Jardim Itália and Casa de Pedra Mining), normal limb (CPA gold field) and
hinge zone (Mineiro and Abdala gold fields) of the Bento Gomes Antiform, confirm the poliphase evolution (four deformation
phases) and shows that this fold is a first phase (Dn) related structure with an axial plane slaty cleavage and a stretching/mineral
lineation, interpreted as the X direction of the strain ellipsoid. Symmetrical linear features (pressure shadows and elongated clasts) is
considered evidence that Dn flow was essencially coaxial. Three different quartz vein types were identified: parallel to S0 (type 1);
parallel to Sn (type 2); perpendicular to Sn (type 3). The type 3 veins are also perpendicular to the stretching lineation, and appear
to be late Dn tension fractures. They are both the most abundant and the richest, with 2-5 g/ton ore grade. So, kinematics and geometric
constraints show that the type 3 veins formed related to Dn tension fractures, associated with metamorphic gold remobilisation
during late Dn.
Keywords: Gold, structural control, quartz vein, Paraguai Fold Belt
Rsesumo As mineralizações auríferas na região de Cuiabá ocorrem em veios de quartzo encaixados em rochas metassedimentares
(metarenitos, filitos, metadiamictitos, mármores e metassiltitos) do Grupo Cuiabá, situado na zona interna da Faixa de Dobramentos
Paraguai. Estudos estruturais em áreas situadas no flanco inverso (Jardim Itália e Mineração Casa de Pedra), flanco normal (Garimpo
do CPA) e zona de charneira (Garimpos do Mineiro e do Abdala) da Antiforma de Bento Gomes, confirmam o caráter polifásico
(quatro fases de deformação), e permitem caracterizar esta estrutura regional como um produto da primeira fase de deformação (Dn),
à qual associam-se uma foliação plano axial (Sn), do tipo clivagem ardosiana, e lineação de estiramento/mineral, indicadora da direção
X do elipsóide de deformação. Elementos lineares simétricos (sombras de pressão e clastos alongados) caracterizam a deformação Dn
como um fluxo essencialmente coaxial. Os veios de quartzo são agrupados nos tipos 1 - paralelo a S0; tipo 2 - paralelo a Sn, e tipo 3
- subperpendiculares à direção de Sn. Os veios do tipo 3 são perpendiculares à lineação de estiramento e relacionados às fraturas de
extensão tardias à fase Dn e são também os mais abundantes e mais ricos, com teores de ouro (2 a 5 g/t). Relações geométricas e
cinemáticas mostram que os veios do tipo 3 formaram-se nas fraturas de extensão, associados à remobilização do ouro a partir das
encaixantes, durante os estágios tardios de Dn.
Palavras-Chaves: Ouro, controle estrutural, veios de quartzo, Faixa de Dobramentos Paraguai
INTRODUÇÃO As primeiras descobertas de ouro na Baixada
Cuiabana datam do século XVIII, quando bandeirantes acharam o
metal às margens do rio Coxipó e posteriormente no córrego da
Prainha, nas encostas do morro do Rosário (atual centro da cidade
de Cuiabá). O ouro ocorria de forma irregular em aluviões e em,
veios de quartzo, sendo de tal forma abundante que a produção
em um único dia atingiu 8.340 gramas (Corrêa Filho 1969), mas caiu
abruptamente após terem sido lavrados os depósitos aluvionares
mais ricos. Tal fato, somado ao aumento da população, ao alto
custo de vida e ao rigor do fisco, provocou a dispersão de grande
parte da população de Cuiabá, que então, se estabeleceu em sua
circunvizinhança e posteriormente em locais mais distantes, a oes-
te, onde foram descobertos outros depósitos de ouro (Miranda
1997).
No decorrer dos últimos três séculos a produção de ouro na
Baixada Cuiabana oscilou em função da valorização do metal no
mercado nacional e/ou internacional. No período entre 1983 e 1985
uma grande corrida ao ouro levou à abertura de novas áreas de
exploração, com lavras em lateritas e posteriormente em veios de
quartzo encaixados em rochas do Grupo Cuiabá, o que tornou
necessário um melhor conhecimento dos controles estruturais e
litológicos desses depósitos. Apesar da existência de alguns tra-
balhos, como por exemplo, Pires et al. (1986), Campos et al. (1987),
D’el-Rey Silva (1990) e Alvarenga (1990), há uma carência de estu-
dos detalhados das feições estruturais (meso- e microscópicas) e
petrográficas dos veios mineralizados e suas encaixantes.
Este trabalho apresenta o controle estrutural e a caracterização
petrográfica dos veios de quartzo e suas encaixantes em cinco
Revista Brasileira de Geociências
, Volume 33, 2003408
Caracterização estrutural dos veios de quartzo auríferos da região de Cuiabá (MT)
localidades produtoras de ouro na região de Cuiabá (Jardim Itália,
Mineração Casa de Pedra, e os garimpos do Abdala, do Mineiro e
do CPA) selecionadas de maneira a permitir a avaliação do com-
portamento dos veios em ambos flancos e na zona de charneira de
uma dobra regional, denominada por Luz et al.(1980) de Antiforma
de Bento Gomes.
SITUAÇÃO GEOLÓGICA As áreas em estudo estão situadas
na Faixa de Dobramentos Paraguai, parte da Província Tocantins
desenvolvida do final do Neoproterozóico ao Eocambriano, na
borda sudeste do Cráton Amazônico. Esta Faixa está, em grande
parte, coberta por depósitos sedimentares fanerozóicos das baci-
as do Paraná, Parecis e Pantanal (Fig. 1). Constitui-se de sedimen-
tos metamorfizados e dobrados, que em direção ao cráton apre-
sentam variação do grau de metamorfismo e deformação. É subdi-
vidida em três domínios estruturais separados por falhas inversas
subverticais (Almeida 1984; Alvarenga & Trompette 1993): (1) Zona
Estrutural Interna, intensamente dobrada e metamorfizada em fácies
xisto verde, com intrusões graníticas; (2) Zona Estrutural Externa,
dobrada com pouco ou nenhum metamorfismo; e (3) Coberturas
sedimentares de plataforma.
O empilhamento estratigráfico proposto por Luz et al. (1980,
Fig. 2), subdivide o Grupo Cuiabá na região da Baixada Cuiabana
em 9 unidades. A base da seqüência, correspondente às unidades
1 e 2, formadas por filitos, metarenitos e metarcósios, com contri-
buições variadas de grafita e níveis de mármore. A estas seguem-
se metadiamictitos com intercalações de metarcósios, metarenitos,
calcifilitos e mármores correspondentes à unidade 3. Na unidade 4
o litotipo mais freqüente é um metadiamictito cinza escuro com
matriz silto-arenosa e clastos de quartzo, feldspato, quartzitos,
rochas graníticas e básicas. Sobre esta ocorrem filitos, com inter-
calações de metaconglomerados e metarenitos finos a grossos,
por vezes conglomeráticos, que correspondem à unidade 5. As
unidades 6 e 7 consistem de metadiamictitos de matriz areno-argi-
losa com clastos de quartzo, quartzito, feldspato, calcário, rochas
graníticas e básicas, subordinadamente lentes de metarenito. Na
unidade 8 ocorrem mármores, metamargas e filitos. Luz et al. (1980)
descreveram ainda uma unidade indivisa marcada pela ocorrência
de metadiamictitos, filitos e metarenitos.
Alvarenga (1990) interpreta as rochas do Grupo Cuiabá e as
sedimentares da Zona Externa como partes de uma mesma bacia,
depositadas em ambiente glácio-marinho nas partes proximais ao
cráton, que passam a marinho com influência de correntes de
turbidez nas áreas distais. Em sua interpretação estas rochas são
divididas em três unidaded: inferior, média e superior. As unidades
propostas por Luz et al. (1980) representariam as unidades inferior
e média de Alvarenga (1990). No presente trabalho optou-se pela
denominação de Luz et al. (1980) por permitir uma correlação direta
com as unidades litológicas mapeadas nas áreas mineralizadas.
Nas áreas mais internas da faixa ocorrem diversos plutons tardi-
orogênicos, de composição granítica a granodiorítica, intrusivos
no Grupo Cuiabá, sendo o granito São Vicente, situado a sudeste
de Cuiabá, o mais conhecido. Del’Arco et al. (1981) referem-se à
presença de rochas vulcânicas ácidas a intermediárias, cogenéticas
ao granito São Vicente, na localidade de Mimoso. Outras intrusões
graníticas tardi-cinemáticas estão parcialmente expostas ao longo
de estreita faixa entre as Bacias do Paraná e do Pantanal e são
representadas pelos granitos Taboco, Coxim, Rio Negro,
Araguaiana e Lajinha (Ruiz et al. 1999).
O estudo de estruturas das rochas do Grupo Cuiabá na Baixada
Cuiabana em escalas micro, meso e macroscópicas, realizado por
Figura 1 - Situação da Faixa Paraguai em relação às unidades
adjacentes (segundo Alvarenga 1990).
Silva (1999), permitiu caracterizar o efeito de quatro fases de defor-
mação. Dentre as estruturas identificadas na área, destaca-se a
foliação principal Sn com direção NE e mergulhos de alto ângulo
para SE e NW, que passam para médio ângulo na porção SE da
Baixada Cuiabana. Esta foliação é uma clivagem ardosiana, obser-
vada em todos os litotipos e ao longo de toda a área. A esta fase
relacionam-se a lineação de estiramento definida pelo alongamen-
to de cristaloclastos e litoclastos, a lineação mineral, definida pela
orientação de cristais de turmalina e de micas, e a lineação de
interseção entre S0 e Sn. Contemporaneamente a esta fase ocor-
reu o metamorfismo regional de fácies xisto verde, zonas da clorita
e da biotita.
Outra estrutura que sobressai nas áreas estudadas é o
acamamento sedimentar (S0), que encontra-se dobrado por Dn,
porém bem preservado. Localizadamente, afetando a clivagem Sn,
são reconhecidas duas fases, Dn+1 e Dn+2, representadas princi-
palmente por crenulações ambas coaxiais às dobras Dn. Algumas
vezes desenvolvem clivagem de crenulação (Sn+1, Sn+2) que di-
ferem na orientação, tendo Sn+1 mergulhos de baixo ângulo para
NW, e Sn+2 mergulhos de médio a alto ângulo para SE. A fase
Dn+3 é caracterizada por dobras suaves com planos axiais de
mergulhos íngremes para NE ou SW, paralelo aos quais ocorre
intenso fraturamento. Esta evolução é coincidente com observa-
ções realizadas por Alvarenga (1990) e Alvarenga & Trompette
(1993). Um modelo tectônico envolvendo escamamento através
de falhas de empurrão com vergência para NW em uma fase D1,
seguido pela formação de retrocalvagamento, para SE, em fases
progressivas D2 e D3 foi proposto por Del’Rey Silva (1990). Entre-
tanto a ausência de estruturas penetrativas de baixo ângulo na
porção norte do domínio interno, e a geometria em leque da foliação
principal, que passa progressivamente de mergulho para médio a
suave para NW na porção sul do domínio interno, para mergulho
íngreme para SE na porção norte, indicam que o modelo não é
válido para explicar a evolução tectônica da Faixa Paraguai nesta
região. O modelo apresentado por Del’Rey Silva (1990) também foi
descartado nos trabalhos mais recentes que tratam da evolução
P
n
r
o
v
í c
i
a
S
e
r
r
a
n
a
18ºS
58ºW 56ºW
Cuiabá
Fi
g
ura 2
Rondo
nopólis
Brasil
Bolívia
Cacéres
2
1
Baixada Cuiabana
Bacia do Parecis
Bacia
do
Para
050
100km
BaciaDo Pantanal
16ºS
San Juan de Lomero
+
+
+
+
+
45ºW
35ºS
5ºN
65ºW
Província
Tocantins
Figura 1
Coberturas Fanerozóicas
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Carlos Humberto da Silva et al.
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tectônica da Faixa Paraguai (Alvarenga & Trompette 1993, Silva
1999, Alvarenga et al. 2000) com base em argumentação seme-
lhante à apresentada acima.
São poucas as datações radiométricas do Grupo Cuiabá. Uma
única idade em filitos pelo método Rb/Sr fornece um valor de 481
± 19 Ma (Ri = 0,743, Barros et al. 1982), sendo interpretada como a
idade do final da evolução orogênica da Faixa Paraguai. Outra
datação, realizada no Granito São Vicente tido como tardi-orogênico
fornece idade de 504 + 12 Ma (Hasui & Almeida 1970). Já as rochas
vulcânicas de Mimoso foram datadas em 480 Ma pelo método Rb/
Sr por Del’Arco et al. (1981).
CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS ESTUDADAS Para o le-
vantamento dos aspectos estruturais e petrográficos dos veios
de quartzo e de suas encaixantes, foram escolhidas cinco localida-
des produtoras de ouro (Fig. 2): Garimpo do Abdala, Mineração
Casa de Pedra, Garimpo do CPA, Garimpo do Mineiro e Jardim
Itália (antigo garimpo). Estas áreas representam diferentes situa-
ções estruturais na Antiforma de Bento Gomes, uma estrutura que
possui um flanco normal com mergulho suave para NW (N45-70E/
10-15NW) e um flanco invertido com mergulho íngreme também
Figura 2 - Mapa geológico do Grupo Cuiabá na Baixada Cuiabana, modificado de Luz et al.(1980). Encontram-se localizadas as
principais áreas produtoras de ouro (garimpos e/ou minerações): 1. Francês; 2. Pari; 3 CPA; 4. Mineiro; 5. Abdala; 6. Capão
Grande; 7. Tereso; 8. Termisa; 9. Zé Bigode; 10. Adolfo alemão; 11. Conceição; 12. Sossego; 13. Alcimar; 14. Adélio; 15. Bragato; 16.
Andrade; 17. Ari; 18. Guido; 19. José Luiz; 20. Adalberto; 21. Seu Jeca; 22. Adécio; 23. Sarita Baracat; 24. Quilombo; 25. Pedra
Branca; 26. Tanque Fundo; 27. Azulão; 28. Carandá; 29. Avelino; 30. Udo; 31. Jatobá; 32. Fazenda Matoveg; 33. Fazenda
Abolição; 34. Casa de Pedra; 35. Jardim Itália (segundo Santos 1984, Miranda 1997, Silva 1999).
para NW (N45-70E/60-80NW). A foliação Sn, plano axial à dobra,
exibe uma geometria em leque com mergulhos íngremes no flanco
normal (N60-85E/70NW) e médios no flanco inverso (N40-70E/30-
60NW). A linha de charneira tem atitude N40E/10-15. As áreas do
CPA, Mineiro e Jardim Itália foram selecionadas ao longo do fe-
chamento da dobra na unidade 5, próximas ao contato com a uni-
dade 6, sendo situadas, respectivamente, no flanco normal, zona
de charneira e flanco inverso. O garimpo do Abdala situa-se na
zona de charneira na unidade 3. Já a Mineração Casa de Pedra está
no flanco inverso da estrutura na unidade indivisa.
Estratigrafia Na área do Jardim Itália (Fig. 3a) a seqüência
estratigráfica é composta por rochas da Unidade 5 (Luz et al.1980),
representadas por metapelitos seguidos por uma alternância entre
metassiltitos, filitos e metarenitos finos. Sobre estas ocorrem
metarenitos quartzosos de granulação fina a grossa com camadas
localizadas de filitos esverdeados. No topo da seqüência ocorrem
quartzo filitos finamente laminados em contato abrupto com os
metadiamictitos com matriz pelítica, com intercalações de
metarenitos feldspáticos correspondentes à Unidade 6. Os três
últimos litotipos também foram observados no Garimpo do Minei-
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, Volume 33, 2003410
Caracterização estrutural dos veios de quartzo auríferos da região de Cuiabá (MT)
Figura 3 - Mapas geológicos do Jardim Itália (a) e do Garimpo
do Mineiro (b), mostrando os perfis utilizados para o
levantamento quantitativo dos veios do tipo 3.
ro (Fig. 3b), sendo possível estabelecer uma correlação entre as
colunas estratigráficas das duas áreas.
No Garimpo do CPA (Fig. 4), a unidade inferior consiste de inter-
calações de filito sericítico, metassiltito e metarenito fino, sobre-
postos por metarenitos de granulação média com intercalações
localizadas de filito esverdeado, que, em direção ao topo, passam
a quartzo filitos laminados róseos. Este empilhamento é, em parte,
coincidente com o descrito no Garimpo do Mineiro e no Jardim
Itália, mas, no Garimpo do CPA, ocorrem metarenitos grossos
intercalados nos metarenitos e não ocorre o contato do quartzo
filito com o metadiamictito. Assim, é possível que a seqüência
observada, embora ocorra próxima ao contato com a unidade 6,
represente um nível estratigraficamente inferior ou corresponda a
uma variação lateral de fácies do mesmo nível descrito nas outras
áreas.
No Garimpo do Abdala (Fig. 5) são reconhecidos dois conjun-
tos litológicos. O primeiro é composto por filitos com seixos caí-
dos, que em geral apresentam tons esverdeados, claros a escuros,
definido acamamento proeminente, com lâminas de aproximada-
mente 10 cm. Petrograficamente, a matriz é formada por mica bran-
ca, clorita, biotita e quartzo. O tamanho dos clastos varia de seixo
a matacão e a composição é diversa, incluindo quartzo de veio,
Figura 4 - Mapa geológico do Garimpo do CPA, mostrando a
localização dos perfis utilizados para o levantamento dos veios
do tipo 3.
feldspato, quartzito, rochas graníticas e básicas, e filitos. O segun-
do conjunto litológico é composto por filitos intercalados a cama-
das centimétricas de metarenitos e metacalcários. Os filitos variam
de verde claro a escuro sendo basicamente compostos por mica
branca, quartzo, carbonato, biotita e clorita. Os metarenitos são
usualmente brancos e consistem de quartzo com quantidades su-
bordinadas de mica branca. Os metacalcários são brancos a cinza
claros, são compostos basicamente por carbonato, quartzo e opa-
cos, além de finas palhetas de mica branca.
Na Mineração Casa de Pedra ocorre uma intercalação decamétrica
entre metassiltitos e filitos. Os metassiltitos são esbranquiçados a
amarelados, muito finos e compostos por mica branca, clorita,
quartzo e carbonato. Os filitos são cinza a cinza escuro, localmente
605,0km E
200m
0
55
80
60
90
45
70
74
65
50
65
40
70
b)
05
70
70
30
65
75
70 67
35
71
64
80
30
40 70
40
N
N
050m
600,3kmE 600,7kmE
8286,0km N
604,0km E
8285,5km N
8275,8kmN
a)
8275,7kmN
70
74
LEGENDA
Quartzo filito finamente laminado, geralm ente alterado.
Metadiamictito com matriz pelítica e clastos de quartzo,ocorrem intercalações
subordinadas de metarenitos.
Metarenitos quartzosos com intercalações de
metarenitos conglomeráticos e filitos sericíticos.
Filitos intercalados a metarenitos finos e metassiltitos
Traço axial de antiforma invertida.
Atitude do acamamento (S0).
Atitude do acamamento (S0)
invertido.
Atitude da foliação (Sn).
Perfil de levantamento de veios do tipo 3
abc
Veios Amostrados:
a) com comprimento superior a 5 m;
b) com comprimento entre 2 e 5 m;
c) com comprimento inferior a 2 m.
80
Filitos sericíticos cinza esverdeado, finamente laminados.
65 5
3
70
80 5
50
5
60
75 10
20
40
20 32
40
90
42
30
15
20
20
60 520
40
65 35
10 20
10
75
52
30
20
30
10
50
80
25
15
40
20
75
60
60
85 14
10
80
15
10
85 15
30
0
25
50m
N
8282 800N
602 250E
602 550E
602 550E
70
10
74
LEGENDA
Metarenito quartzoso de granulação média com intercalações de
filitos sere cíticos.
Quartzo filitos laminados de coloração rósea.
Alternância entre filitos sericíticos, metasiltitos e metarenitos finos.
Traço axial antiforma
Traço axial sinforma
Acamamento (S0)
Foliação Sn
Lineação de interseção
entre Sn e S0
Perfil de levantamento de veios do
tipo 3
abc
Veios Amostrados:
a) com comprimento superior a 5 m;
b) com comprimento entre 2 e 5 m;
c) com comprimento inferior a 2 m.
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laminados. Seus minerais compreendem clorita e mica branca, com
quartzo subordinado, e porfiroblastos de carbonato.
Estruturas O elemento estrutural marcante nas áreas estudadas
é a foliação Sn, uma clivagem ardosiana observada em todos os
litotipos. Além desta foliação identifica-se nos afloramentos o
acamamento sedimentar (S0), definido por variações na granulação
ou na composição mineralógica da rocha.
No Garimpo do CPA, o acamamento sedimentar define dobras
de comprimento de onda decamétrico, que formam um conjunto
de sinformas e antiformas abertas, inclinadas, com orientação dos
eixos N40E/05, cuja superfície envoltória tem atitudes N70E/15NW.
O pacote dobrado mostra assimetria em Z, olhando para NE, coe-
rente com o flanco NW da Antiforma de Bento Gomes. A foliação
Sn plano axial destas dobras apresenta atitude preferencial N70E/
70NW (Figs. 4 e 6).
Dados coletados no Jardim Itália mostram que S0 exibe mergu-
lho íngreme, com atitude preferencial N50E/80NW. A clivagem Sn
apresenta mergulhos mais suaves para o mesmo quadrante, com
atitude preferencial N70E/30NW. Em algumas camadas
metapelíticas, ocorrem dobras parasitas com assimetria de S para
NE. São apertadas, inclinadas, com o eixo N50E/08, indicando fe-
chamento de antiforma para NW (Figs. 3a e 6).
Na área do Garimpo do Mineiro, o acamamento S0 e a clivagem
Sn definem três domínios com relações angulares diferentes (Figs.
3b e 6). No domínio SE, S0 apresenta atitude N45E/75NW e clivagem
Figura 5 - a) Bloco diagrama apresentando a relação entre as dobras Dn e os veios mineralizados (tipo 3) no Garimpo do Abdala;
b) Perfil NW-SE demonstrando a relação entre S0, Sn e os veios do tipo 1.
ardosiana Sn orienta-se N45E/50NW, indicando situação de flanco
inverso. No domínio central, a atitude da clivagem Sn é N45E/
80NW e S0, apresenta-se subperpendicular a esta, com atitude em
torno de N60W/5NE. No domínio NW, Sn (N30E/70NW) é mais
íngreme do que S0 (N50E/30NW), indicando flanco normal. Com
base nos mapas geológicos, apresentados nas figuras 2 e 3b e nas
relações S0 e Sn determinados no Garimpo do Mineiro, pode-se
caracterizar esta área como a zona de charneira, relacionada à
Antiforma de Bento Gomes.
O acamamento no Garimpo do Abdala desenha dobras Dn
decamétricas, inclinadas, abertas a apertadas, com flancos de mer-
gulho para NW e SE e com Sn plano axial. A envoltória das dobras
mostra mergulho com valores em torno de 40-60 para SE, e a
clivagem Sn tem atitude N50E/60NW. As dobras apresentam
assimetria em Z quando observadas em direção a NE. A relação
angular entre S0 e Sn indica que esta área situa-se na zona de
charneira ou próxima a ela (Figs. 4 e 6).
Na área da Mineração Casa de Pedra, a foliação Sn é orientada
em N70E/15NW. O acamamento S0 é centimétrico a decimétrico,
com dobras Dn apertadas, invertidas e envoltória orientada N70E/
70NW (Fig. 6). A relação angular entre S0 e Sn indica posição de
flanco invertido.
A interpretação macroscópica da dobra baseada na relação an-
gular entre a superfície dobrada (S0) e a foliação plano axial (Sn),
bem como na simetria de dobras parasíticas (meso e microscópi-
cas), permite considerar que as áreas estudadas situam-se em dife-
0
3 metros
SE
Le
g
enda
Filitos com seixos pingados, com a matriz pelítica e
clastos principalmente de quartzo.
Interca la ção centim étrica de filitos, metarenitos finos e
metacalcários.
Traço do Acamamento S0
Veio de quartzo sub-paralelo a S0 (Tipo 1)
Traço da foliação Sn
Traço de falha tardi-Dn
b)
Veios Explorados
Tra
ç
o de S0
Tra
ç
o de Sn
Figura 5b
N
a)
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Caracterização estrutural dos veios de quartzo auríferos da região de Cuiabá (MT)
Figura 6 - Desenhos esquemáticos de estruturas mesoscópicas e estereogramas de S0 e Sn das áreas estudadas. Ilustra as relações
angulares do acamamento S0 e da clivagem Sn. Estereogramas de rede equiárea, hemisfério inferior com isovalores de 1, 6 e 20%
(Garimpo do Mineiro e Jardim Itália);1, 6 e 12 % (Garimpo do Abdala); e 3, 6 e 9% (Mineração Casa de Pedra e Garimpo do CPA).
rentes posições na antiforma de Bento Gomes, correspondendo o
Garimpo do CPA ao flanco normal, o Jardim Itália e a Mineração
Casa de Pedra ao flanco inverso e os Garimpos do Mineiro e do
Abdala à zona de charneira.
As principais feições lineares associadas à fase Dn são lineações
de estiramento (Le), dadas pela elongação de clastos em
metadiamictitos, metaconglomerados e metarenitos; mineral (Le),
definida pela orientação preferencial de micas e turmalina; e de
interseção da foliação Sn com os planos de acamamento S0 (Fig.
7). Apresentam orientações coincidentes, com caimentos suaves
para NE, subparalelos aos eixos das dobras Dn. As lineações de
estiramento e mineral são interpretadas como indicadoras da
direção X do elipsóide de deformação da fase Dn. Em cortes per-
pendiculares a Sn e paralelos a Lm/Le a trama da rocha é marcada
por abundantes feiçòes simétricas, dadas por sombras de pres-
são, em torno de cristaloclastos e litoclastos, e pela forma alongada
dos grãos, que em geral tem maior dimensão paralela a Sn. Por
vezes podem ocorrer em pequeno ângulo com Sn, porém sem de-
finir uma assimetria. Esta feição de simetria na trama de Sn é inter-
pretada como indicadora de que o evento Dn representa, nesta
área, um processo de deformação essencialmente coaxial (Fig. 8,
Silva et al. 1999).
Tipologia de Veios Os veios descritos nas áreas estudadas
foram classificados em função de sua relação geométrica com S0 e
Sn: Tipo 1 – subparalelos a paralelos a S0; Tipo 2 - paralelos a Sn;
e Tipo 3 – perpendiculares a subperpendiculares a Sn. Os veios
tipos 1 e 2 são popularmente conhecidos como travessões e os do
tipo 3 denominados de filão (Fig. 9).
Os veios de quartzo são semelhantes nas áreas estudadas, com
apenas algumas variações locais de suas características. As áreas
situadas no contato entre as unidades 5 e 6 (Jardim Itália, Garim-
pos do Mineiro e CPA) apresentam um grande número de veios do
tipo 3, com larguras médias de 15 cm. Já no Garimpo do Abdala, os
veios deste tipo são menos abundantes porém com larguras médi-
as maiores (50 cm). Nestas áreas predominam veios do tipo 3, cuja
característica geral é a sua forma tabular. Na Mineração Casa de
Pedra, os veios mais freqüentes são paralelos a Sn (tipo 2), os do
tipo 3 são delgados, com largura média de 2 cm, ocorrem em feixes
e, junto às paredes, as encaixantes estão alteradas, como indica a
sua mudança de cor. Nas cinco áreas estudadas são explorados os
veios do tipo 3, sendo os demais tipos desprezados.
VEIOS SUBPARALELOS A S0 (TIPO 1) São paralelos a
subparalelos ao acamamento, geralmente tabulares e ocasional-
mente exibem formas variadas, sub-esféricas, rods e outras. Apre-
sentam largura predominante entre 1 e 3 cm, comprimento prefe-
rencial entre 1 e 2 m, não superiores a 10 m, e terminações lentiformes.
Predomina o quartzo leitoso e, por vezes o hialino. As suas pare-
des são estreitas faixas compostas por mica branca, apatita,
feldspato e opacos (pirita e/ou magnetita), e se destacam quando
o veio é encaixado em rochas quartzosas. Nestes casos as faixas
são interpretadas como resíduo da dissolução do quartzo da
encaixante que é precipitado para formar o veio. Estes veios são
comumente dobrados e com foliação Sn plano axial. No Garimpo
do Abdala ocorrem veios aparentemente paralelos a S0, com lar-
gura entre 5 e 10 cm e comprimento de 2 a 3 m. Em detalhe apresen-
tam pequeno ângulo em relação a S0 (Figs. 9a e 10b). Nos Garim-
pos do Mineiro e do CPA ocorrem veios de quartzo de 3 a 4 cm de
largura e 1 a 2 m de comprimento, situados preferencialmente no
contato entre metarenitos e filitos. Na zona de charneira de algu-
mas dobras no Garimpo do Mineiro ocorrem veios tabulares, com
largura entre 10 e 30 cm, dispostos de modo paralelo ao eixo das
dobras e, assim, interpretados como saddle reef (Hodgson 1989).
VEIOS PARALELOS A SN (TIPO 2) Os veios do tipo 2 ocorrem
Cuia
010km
N = 168
N = 163 5 metros
NW SE
Sn
S0
S0
Sn
N = 62
Mineração
Casa de Pedra
N = 53
S0
Sn
NW SE
S0
Sn N = 106
N = 93
SE
50 metros
0,5 m
NW
Garimpo
do CPA
N =50
En
50 metros
N =102
NW SE
Sn
S0
S0 Sn
En
Garimpo
do Mineiro
S0
Sn
0,5m
2 metros
0,5m
N=56
N=60
NW SE
En
En
En
10 metros
Jardim
Itália
Garimpo
do
Abdala
Revista Brasileira de Geociências
, Volume 33, 2003
Carlos Humberto da Silva et al.
413
Figura 8 - Exemplos de indicadores cinemáticos relacionados à
fase Dn. Nas fotos destacam-se sombras de pressão e clastos de
quartzo que apresentam um caráter simétrico. Amostra de filito
com seixos caidos da Unidade 4 no Garimpo do Abdala. Lâmina
confeccionada a partir de corte paralelo a lineação de
estiramento e perpendicular à foliação Sn. A foto apresentada
em b) é um detalhe da foto a).
Figura 7 - Estereogramas de lineações relacionadas à fase Dn,
para todas as áreas estudadas. a) lineação de interseção entre
S0 e Sn; b) lineação de estiramento. Rede equiárea, hemisfério
inferior com isovalores de 3, 15 e 19%
a)
b)
N = 105
Máximo N38E/08
a)
N = 109
Máximo = N35E/10
b)
NN
encaixados nos planos de foliação Sn, apresentam formas e tama-
nhos variados, sendo mais freqüente a tabular com espessuras
entre 1 e 2 cm (Figs. 9d e 10c). Ocorrem também escalonados (Fig.
9b). Na Mineração Casa de Pedra ocorrem veios de 10 e 20 cm
subparalelos à foliação Sn. Têm comprimento variável, geralmente
superior a 10 m, e predominam nesta área. Ocorrem também, de
maneira mais restrita, nos Garimpos do Mineiro e do CPA e no
Jardim Itália.
VEIOS SUBPERPENDICULARES A SN (TIPO 3) Os veios do
tipo 3, exceto na Mineração Casa de Pedra, são os predominantes,
perfazendo 60 a 90% do total dos veios. Em geral são tabulares ou
lenticulares, de espessura entre 5 e 40 cm, podendo alcançar até 2
m (Figs. 9e-i, 10e-f). Mais raramente, apresentam arranjo escalonado
(Fig. 9f). Os veios são orientados N30-70W com mergulhos íngre-
mes para NE ou SW sendo que nas cinco áreas estudadas a atitu-
de predominante é N55W/68SW (Fig. 11).
Apresentam estrutura planar ao plano da foliação (Sn) da
encaixante, que examinadas em detalhe são definidas pela orienta-
ção de cristais de quartzo. Ao microscópio esta orientação é
marcada tanto por cristais alongados de quartzo (0,5 a 2mm) for-
mados contemporaneamente à abertura dos veios, quanto por
zonas de recristalização que afetam estes cristais. Estas zonas de
recristalização são predominantemente paralelas ao plano da
foliação Sn da encaixante, e os novos grãos recristalizados tam-
bém têm orientação preferencial paralela a Sn. Em alguns locais
estes veios apresentam dobras, com esta foliação em posição pla-
no axial, que por isso são interpretadas como tardi-Dn.
Os veios freqüentemente possuem feições de crescimento de
cristais fibrosos de quartzo perpendiculares às suas paredes. Em
alguns casos foi observado um padrão de crescimento misto, nas
bordas exibem textura fibrosa e no centro, em contatos retos e
abruptos observa-se uma textura maciça. Este padrão de cresci-
mento é simétrico, indicativo de processo de crack-seal.
Na Mineração Casa de Pedra, os veios do tipo 3 são pouco
espessos (entre 1 e 3 cm), porém de comprimento superior a 3 m.
Localmente formam feixes com largura em torno de 50 cm e compri-
mento superior a 10 m, associada à intensa alteração na encaixante,
que exibe significativa mudança na cor que passa de cinza para
amarelada. Também associadas a estas zonas ocorrem filossilicatos,
principalmente mica branca e clorita, carbonato e pirita.
Outra forma de ocorrência que pode ser incluída neste tipo, são
veios alojados em necks de boudins de camadas metareníticas
(Figs. 9c e 10d).
O Garimpo do Mineiro destaca-se pela extrema abundância de
veios do tipo 3, mostrando também uma maior dispersão da orien-
tação dos veios, em função de fraturas subsidiárias (Fig. 11). Den-
tre as famílias subsidiárias há uma com orientação N45W/45SE,
representada por veios poucos espessos (1 a 4 cm) que parece ter
teores de ouro mais elevados que os demais, pois é preferencial-
mente explorada pelos garimpeiros.
Nas áreas estudadas o ouro é extraído dos veios do tipo 3, com
teores médios entre 1 e 5 g/t, ocasionalmente ocorrem bonanzas
com teores superiores a 100 g/t. Os demais tipos são desprezados,
contudo, estudos conduzidos por Costa et al. (1998) na Fazenda
Salinas, nas proximidades de Poconé, indicam que os veios dos
tipos 1 e 2 também são mineralizados. Não se exclui a possibilidade
de todos os veios serem mineralizados. Provavelmente não são
explorados por apresentarem pequeno volume.
MINERALOGIA DOS VEIOS Análises petrográficas indicam
Revista Brasileira de Geociências
, Volume 33, 2003414
Caracterização estrutural dos veios de quartzo auríferos da região de Cuiabá (MT)
Figura 9 - Bloco diagrama ao centro ilustrando as relações geométricas dos vários tipos de veios com uma dobra Dn. Os desenhos
foram confeccionados a partir de fotos e observações de campo e estão fora de escala. A dobra Dn no bloco diagrama é esquemática.
a) veio dobrado subparalelo a S0 (tipo 1) em corte; b) arranjo de veios escalonados subparalelos a Sn (tipo 2) em corte; c) veios em
neck de boudin (tipo 3) em planta; d) veio subparalelo à foliação Sn (tipo 2) em corte; e) veio tabular subperpendicular a Sn (tipo
3) em planta; f) veio tabular subperpendicular a Sn (tipo 3) em planta, apresenta-se dobrado, com Sn em posição plano axial; g) veio
tabular subperpendicular a Sn (tipo 3) em corte vertical, apresenta várias ramificações; h) vários veios tabulares subperpendiculares
a Sn (tipo 3) em corte vertical; i) veios tabulares subperpendiculares a Sn (tipo 3) em planta.
20 cm
50 cm
Sn
Veio
g)
S0
Sn Veio
h)
Sn
Veio
Sn
0,30 m
0,30 m
Veio
Veio
i)
f)
Veio
Sn
1 m
S0
Sn
Veio
a)
Veio
S0
Sn
b)
Filito
Metarenito S0
Sn
c)
d)
e)
Sn Veio
20 cm 20 cm
NE
NE
NE
SE
SE
SW
SW
SW
NW
NW
NE
NE NE
SW
SW SW
NW SE
1 m
30 cm
que os diferentes tipos de veios são compostos por quartzo (94 a
99%). Nos veios dos tipos 1 e 2, o quartzo que tem contatos
poligonais e tamanhos entre 0,3 e 0,4 mm, devido à recristalização.
Também ocorrem biotita, carbonato, clorita, albita, muscovita, pirita,
apatita, hematita e magnetita.
Nos veios do tipo 3, o tamanho dos grãos de quartzo situa-se
entre 1-2 mm, com contatos irregulares e retos. Ocorrem cristais de
quartzo fibroso subperpendiculares às paredes dos veios. O quart-
zo tem extinção ondulante e lamelas de deformação e em muitos
grãos é possível reconhecer zonas de recristalização (Figs. 12 a-
b). Mica branca, biotita e clorita são freqüentes e ocorrem princi-
palmente próximo aos contatos com a encaixante, em fraturas ou
como inclusões em quartzo. Pirita, hematita e ouro são intersticiais
ao quartzo. Ocorrem ainda aglomerados de material alterado, de-
nominados pelos garimpeiros de “borra de café”, que provavel-
mente consistem de agregados de sulfetos e carbonatos, onde é
freqüente a ocorrência de ouro.
A análise mineralógica de concentrados de bateia do Garimpo
do Abdala e da Mineração Casa de Pedra, revelou a presença de
quartzo, hematita, magnetita, limonita, ouro e pirita, similar ao ob-
servado por Porphírio & Lins (1992) na Mineração Casa de Pedra.
Veios x Deformação Nas áreas situadas na zona periclinal da
Antiforma de Bento Gomes foram conduzidos estudos visando
comparar a associada à formação dos veios de quartzo no flanco
normal (Garimpo do CPA), flanco invertido (Jardim Itália) e na zona
de charneira (Garimpo do Mineiro).
Foram levantados perfis paralelos à estruturação regional (N60E)
para caracterizar os veios do tipo 3 (Tabela 1) e outros perpendicu-
lares (N30W) para caracterizar os veios dos tipos 1 e 2 (Tabela 2).
Registrou-se a largura, o comprimento, a orientação, a forma e a
litologia encaixante do veio. Para o comprimento foram arbitradas
três classes, visando otimizar os trabalhos de campo: p compri-
mento menor que 2 m; m entre 2 e 5 m; e g maiores que 5 m.
Para o cálculo de extensão associada aos veios foram utilizados
os seguintes parâmetros:
Sv - somatório dos valores da largura de todos os veios no
perfil;
l1 - comprimento total do perfil, corresponde ao valor final após
a extensão relacionada ao alojamento do veio;
l0 - comprimento inicial pré-extensão, dado pela diferença entre
o comprimento final (l1) e a somatória da largura dos veios (Sv);
e - valor da elongação expresso em % calculada pela razão, Sv/
l0 multiplicado por 100;
Os levantamentos realizados e os dados expostos nas tabelas 1
e 2 mostram que:
- em todas as áreas estudadas a estimativa visual indica que os
veios do tipo 3 são expressivamente mais abundantes que os dos
tipos 1 e 2, as medidas realizadas no garimpo do CPA comprovam
isto;
- embora ocorram em praticamente todos os litotipos, os veios
em geral têm forte controle litológico, por exemplo, no Garimpo do
CPA são mais abundantes nos metarenitos do que nos metapelitos;
- não foi identificada nenhuma diferença significativa entre os
flancos (Garimpo do CPA e Jardim Itália) da Antiforma de Bento
Gomes, porém o volume dos veios é expressivamente maior na
zona de charneira (Garimpo do Mineiro).
DISCUSSÃO Os autores que estudaram esta região (Luz et al.
1980, Pires et al. 1986, Campos et al. 1987, Alvarenga 1990, Del’Rey
Silva 1990); interpretam os veios do tipo 3 como posteriores à
foliação principal (Sn deste trabalho), e às crenulações com eixos
Revista Brasileira de Geociências
, Volume 33, 2003
Carlos Humberto da Silva et al.
415
Figura 10 - Fotografias com características dos veios descritos nas áreas estudadas. a) Aspecto em corte oblíquo de veio sub-
paralelo a S0 (tipo 1) apresenta-se dobrado com Sn plano axial. Garimpo do Abdala. b) Corte no Garimpo do Abdala apresentando
metapelitos com intercalações de metacalcários e metarenitos, no qual ocorrem veios sub-concordantes ao acamamento S0 (tipo 1).
c) Afloramento de metarenito exibindo um veio de quartzo sub-paralelo aos planos da foliação Sn (tipo 2). Foto em corte vertical no
Jardim Itália. d) Afloramento de filito com intercalação de metarenito, mostrando camada de metarenito boudinada, apresentando
veios de quartzo nos necks dos boudins. Garimpo do Mineiro, vista em planta. e) Corte vertical mostrando veios perpendiculares à
foliação Sn (tipo 3), explorados no Garimpo do Abdala. f) Afloramento de metarenito conglomerático no Garimpo do Mineiro
mostrando veios perpendiculares a Sn (tipo 3), em corte vertical. g) Aspecto em perspectiva de veio perpendicular a Sn (tipo 3),
encaixado em metarenito. Garimpo do CPA. h) Aspecto em planta de veio perpendicular a Sn (tipo 3), exibindo uma dobra com plano
axial paralelo à foliação Sn presente na encaixante. Metarenito, Garimpo do CPA.
Revista Brasileira de Geociências
, Volume 33, 2003416
Caracterização estrutural dos veios de quartzo auríferos da região de Cuiabá (MT)
Figura 11 - Estereogramas dos veios perpendiculares a Sn
(tipo3), para o garimpo do CPA (a), Jardim Itália (b) e garimpo
do Mineiro (c). O estereograma em (d) apresenta as atitudes dos
veios das 3 áreas. Estereogramas de rede equiárea, hemisfério
inferior com isovalores de 1, 3, 6 e 12% para o Garimpo do CPA;
1, 3 e 6% para o Jardim Itália e Garimpo do Mineiro; 1, 3, 6 e 9%
no de todas as áreas.
Figura 12 - Fotomicrografias de veios do tipo 3. Consistem qua-
se exclusivamente de quartzo com deformação denotada pela
extinção ondulante, bandas de deformação e formação de novos
grãos por recristalização. Estas microestruturas marcam a
foliação Sn nestes veios. O desenho mostra a posição na qual
foram obtidas as lâminas. a) lâmina de veio do Garimpo do
Abdala; b) lâmina de veio do Garimpo do Abdala.
a) b)
n = 200
n = 204
n = 239 n = 643
c) d)
Tabela 1 - Dados do levantamento de veios do tipo 3 realizados
nos Garimpos do CPA (CPA), Jardim Itália (JI) e Garimpo do
Mineiro (GMN). Medidas lineares em metros
No. Da Seção Σvl1loe (%)
CPA-01 1,64 143,50 141,86 1,16
CPA-02 2,40 146,55 144,15 1,66
CPA-03 4,77 146,00 141,23 3,38
CPA-04 2,25 101,00 98,75 2,28
CPA-05 4,43 137,00 132,57 3,34
CPA-06 4,39 180,00 175,61 2,50
JI-1 1,12 99,00 97,88 1,15
JI-2 1,96 69,30 67,34 2,92
JI-3 2,20 70,00 67,80 3,24
GMN-1 37,04 120,70 83,66 44,28
No. Da Seção Σvl1loe (%)
CPA-07 0,96 360,00 359,04 0,27
CPA-08 0,29 340,00 339,71 0,09
Tabela 2 - Dados do levantamento de dos tipos 1 e 2 realizados
no Garimpo do CPA (CPA). pendiculares à foliação Sn e à lineação de estiramento da fase Dn
(Fig. 13), correspondendo às fraturas de extensão desta deforma-
ção, interpretada com resultante de fluxo coaxial, como denotam
as feições simétricas da petrotrama da encaixante;
2) - O quartzo dos veios exibe significativa recristalização, além
de extinção ondulante nos grãos não recristalizados;
3) - em alguns veios há uma estrutura planar, marcada por zonas
de recristalização de quartzo, subparalela à foliação Sn presente
na encaixante;
4) - alguns veios estão dobrados, com plano axial paralelo à
foliação Sn;
5) - maior abundância de veios na zona de charneira da Antiforma
de Bento Gomes;
6) - a formação desses veios exige intensa atividade de fluidos
aquosos para mobilização da sílica a partir da rocha encaixante,
NE (Dn+1 e Dn+2) que afetaram Sn. Associam a sua origem à
deformação que gerou fraturas verticais NW e as crenulações
com planos axiais com direção NW e mergulhos íngremes, para
NW-SE. As evidências levantadas ao longo deste trabalho, e re-
sumidas abaixo, indicam que os veios do tipo 3 são contemporâ-
neos ao desenvolvimento da foliação Sn, em estágio tardio da
fase Dn.
1) - Os veios estão orientados preferencialmente em planos per-
Folia
ç
ão
Sn
Veio “tipo 3”
Lâmina
0,50m m
0,25m m
Revista Brasileira de Geociências
, Volume 33, 2003
Carlos Humberto da Silva et al.
417
Figura 13 - Interpretação cinemática das estruturas relaciona-
das à fase Dn. Máximos no estereograma, veios do tipo 3 = N60W/
80SE, foliação Sn = N70E/80NW, lineação Ln/Le = N35E/10.
processo este evidente em estruturas sin-Dn, e praticamente
inexpressivo nos eventos pós-Dn.
Além disso, existem algumas evidências que desfavorecem a
hipótese dos veios do tipo 3 estarem associados às fases pós-Dn:
1) - Nas áreas onde os veios foram quantificados, detectou-se
grande diferença de volume dos mesmos entre o Garimpo do Mi-
neiro e as áreas do Garimpo do CPA e Jardim Itália, entretanto, não
se observa diferença de freqüência e/ou intensidade das estrutu-
ras pós-Dn nestas áreas;
2) - As estruturas pós-Dn (dobras, crenulações, foliação e fa-
lhas) são praticamente inexpressivas nas três áreas, apesar da
abundância de veios do tipo 3.
3) - As deformações pós-Dn, principalmente Dn+2 e Dn+3, são
fracas e, em geral, não promovem deformação expressiva nos grãos
de quartzo da encaixante, o que é incompatível com a observada
nos cristais dos veios.
Estes argumentos indicam que os veios do tipo 3, portadores do
ouro nas áreas estudadas, foram gerados em um estágio tardio da
fase principal de deformação (Dn).
Os veios do tipo 1 têm ao menos em parte, sua origem relaciona-
da a um processo de deslizamento flexural, entre as camadas du-
rante o dobramento Dn. Este processo permite a formação de vei-
os paralelos e oblíquos aos planos de acamamento, bem como os
veios do tipo saddle reef (Hodgson 1989) nas charneiras de do-
bras Dn, como é o caso de alguns veios no Garimpo do Mineiro.
O mecanismo de formação dos veios do tipo 2 reside na
percolação volumosa de fluidos metamórficos, facilitada pelo de-
senvolvimento da foliação Sn. A precipitação do quartzo pode
estar associada a aumento da pressão de fluidos ao longo destes
planos, talvez durante a atenuação dos esforços Dn.
Luz et al. (1980) discutem três possíveis fontes das mineralizações
de ouro: a) hidrotermal vinculada às intrusões ácidas em São
Vicente e Barão de Melgaço; b) ouro coloidal depositado em ambi-
ente de sedimentação argilosa e/ou em horizontes ferruginosos,
remobilizados veios de quartzo das encaixantes durante o
metamorfismo, e c) remobilização metamórfica do ouro a partir de
rochas ígneas básicas, que embora não ocorram na Baixada
Cuiabana, são conhecidos na seqüência metassedimentar em ou-
tras regiões, como por exemplo Nova Xavantina (Batista &
Martinelli 1990).
Os dados aqui aresentados favorecem à hipótese de que as
mineralizações foram geradas pela remobilização metamórfica,
síncrona à deformação Dn (tardi-Dn). Os protolitos sedimentares
provavelmente já continham ouro em baixo teor e, durante o
metamorfismo, o metal foi lixiviado e precipitado com o quartzo em
veios. Estudos das isográdas metamórficas (Silva 1999) indicam
que o auge do metamorfismo ocorreu nos estágios finais de Dn,
pelo menos após a configuração inicial da Antiforma de Bento
Gomes. Este é o período mais provável para a maior percolação de
fluidos metamórficos, o que também é um argumento favorável à
interpretação da origem dos veios do tipo 3 como tardi Dn.
Algumas questões permanecem pendentes, dentre elas a possi-
bilidade dos veios dos tipos 1 e 2 serem mineralizados. Em alguns
locais esses veios são mineralizados, como na Fazenda Salinas,
nas proximidades de Poconé, onde encontram-se teores de até 5
g/ton (Costa et al. 1998). Por outro lado, segundo informações
verbais obtidas no garimpo do Abdala e na Mineração Casa de
Pedra os veios travessões não são mineralizados. É possível que
estes veios não sejam explorados por serem menos freqüentes e
volumosos que os do tipo 3 .
Outra questão é a possibilidade das encaixantes exercerem al-
Lineação Ln
Foliação Sn
Veios
Extensionais
Tipo 3
Z
Z
X
X
Traço da
Foliação Sn
Lineação de
Estiramento e/ou
Mineral (Dn)
Veios
Extensionais
(Tipo 3)
N
guma influência no controle das mineralizações. Nos garimpos do
CPA e do Mineiro seguramente onde ocorrem metarenitos e
metarenitos conglomeráticos, os veios do tipo 3 são mais
freqüentes, espessos e volumosos. Informações verbais obtidas
no Garimpo do Abdala, revelam que há um controle litológico
sobre o teor de ouro nos veios do tipo 3, que é mais elevado onde
as encaixantes são os filitos com intercalações de metarenitos e
metacalcários.
A família de veios do Garimpo do Mineiro que possuem médio a
baixo ângulo de mergulho e que parece ser preferencialmente ex-
plorado pelos garimpeiros, não é compatível com as fraturas
extensionais, perpendiculares ao eixo X do elipsóide de deforma-
ção Dn. É possível que estes veios ocupem fraturas extensionais
secundárias, perpendiculares ao eixo Y do elipsóide de deforma-
ção, ou controladas pela anisotropia dos planos de acamamento,
ou ainda, que sejam relacionados a uma outra fase de deformação.
CONCLUSÕES Confirmando as observações de outros auto-
res, este trabalho mostra que as encaixantes das mineralizações de
ouro são rochas metassedimentares sem indícios de contribui-
ções vulcânicas, constituídas principalmente por metarenitos fi-
nos a conglomeráticos, metadiamictitos, filitos e metassiltitos.
Ocorrem três tipos de veios de quartzo: paralelos a subparalelos a
S0 (tipo 1), paralelos a Sn (tipo 2) e subperpendiculares a perpen-
diculares Sn (tipo 3). Predominam estes últimos, que nas áreas
estudadas são os portadores das mineralizações auríferas. A mi-
neralogia dos veios, mineralizados ou não, consiste basicamente
de quartzo com quantidades subordinadas de mica branca, biotita,
clorita, pirita, magnetita, hematita, carbonato e ouro.
Adicionalmente, conclui-se que, associadas à foliação Sn (fase
Dn), ocorrem lineações de estiramento e mineral, indicadoras da
direção X do elipsóide de deformação Dn. Em cortes paralelos à
lineação e perpendiculares à foliação Sn observam-se indicadores
cinemáticos simétricos, sugerindo que esta fase corresponde a
um fluxo coaxial. A quantificação dos veios do tipo 3 na Antiforma
de Bento Gomes indica que a zona de charneira desta estrutura
exibe maior volume de veios que os flancos. Mostra também que
rochas quartzosas influem na maior concentração de veios.
Com base nas relações geométricas dos veios do tipo 3, e pelo
fato de sua formação exigir a mobilização de grande volume de
sílica, processo este identificado no desenvolvimento da foliação
Sn, conclui-se que estes veios são contemporâneos ao evento
Revista Brasileira de Geociências
, Volume 33, 2003418
Caracterização estrutural dos veios de quartzo auríferos da região de Cuiabá (MT)
Almeida F.F.M. 1984. Província Tocantins - setor sudoeste. In: F.F.M.
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tim, 80.
Manuscrito A-1240
Recebido em10 dde julho de 2001
Revisão dos autores em15 de deembro de 2002
Revisão aceita em28 de dezembro de 2002
Referências
deformacional que gerou a foliação principal (Sn), ocupando pre-
ferencialmente as fraturas extensionais, tardi-Dn. As evidências
apontam para a remobilização do ouro, a partir da encaixante, du-
rante o metamorfismo principal sin-Dn.
Agradecimentos Este trabalho é parte da dissertação de mestrado
do primeiro autor que agradece à CAPES, através da Pró-Reitoria
de Ensino e Pesquisa de Pós-Graduação da Universidade Federal
do Mato Grosso, pela concessão da bolsa de mestrado. À FAPESP
(Processo Nº98/0683-9) pelo financiamento do projeto de pesqui-
sa, à Sra. Leide Lúcia de Almeida e ao Sr. José Priuli, por facilitar o
acesso ao Garimpo do Mineiro e a Mineração Casa de Pedra. Aos
colegas Ana Costa e Audiney dos Santos pelo auxílio nos traba-
lhos de campo. A Vanderlei Maniesi e aos revisores da RBG pelas
sugestões ao manuscrito.
... Na região, as camadas rochosas depositadas em paleoambientes marinhos e glaciais estão verticalizadas, metamorfizadas e, frequentemente, encontram-se truncadas por veios e filões auríferos (Silva et al., 2002). Além de ocorrências de ouro documentadas desde o início da colonização, depósitos auríferos ainda são lavrados atualmente em garimpos e minas em Cuiabá, fazendo com que seja a única capital brasileira com produção ativa de minerais metálicos. ...
... Esta igreja preserva amostras com ouro em seu interior, cujas paredes estão cobertas com cascalho aurífero do Córrego da Prainha (Costa et al., 2021a). Outras construções coloniais vizinhas apresentam elementos da geodiversidade local, sendo frequente a utilização de fragmentos de veios de quartzo, fonte primária do ouro em Cuiabá, como revestimento (Silva et al., 2002, Costa et al., 2021b. Em campo, nota-se ainda que os morros, especialmente os ocupados por igrejas jesuíticas, são geomorfologicamente estruturados por veios de quartzo auríferos, o que demonstra o poder do clero sobre a sociedade e seu papel gestor dos recursos minerais à época (Santos, 2018). ...
... Em paralelo, a exaustão dos depósitos tem forçado cooperativas e garimpeiros a investir em pesquisa de depósitos primários, sendo os de interesse imediato aqueles hospedados em veios e filões de quartzo. Tal tendência reproduz o que vem ocorrendo na Baixada Cuiabana nas últimas quatro décadas, com a intensificação da produção de ouro em veios e filões (Silva et al., 2002) ou, mais recentemente, incluso em sulfetos disseminados nas rochas metassedimentares (Silva et al., 2020). Na década de 2020, a produção aurífera se dá em filões auríferos na zona rural de Cuiabá e de expansão urbana de Várzea Grande e é mantida por pequenas e médias empresas. ...
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O presente trabalho objetiva explorar as relações entre a mineração e a construção do território mato-grossense, ao longo de mais de 300 anos de colonização. Para tal, foram congregadas informações obtidas em fontes primárias dos séculos XVIII (correspondências oficiais) e XIX (notícias de jornal), em trabalhos de campo e levantamento bibliográfico. O eixo de análise central se baseia em momentos históricos que remetem à ocupação de regiões com relevantes recursos minerais ou episódios de migração motivados pela descoberta de ouro ou diamante. Em Mato Grosso, os primeiros núcleos de ocupação foram iniciados e mantidos por causa da mineração e garantiram a expansão do território brasileiro a oeste, em uma dinâmica de “corridas” por ouro e diamantes, que ainda se repete atualmente.
... Recently, the region was investigated by several authors in different studies geochemical and stratigraphic aspects (Alvarenga & Saes, 1992;Boggiani et al., 1993 and structural aspects (Luz et al., 1980;Alvarenga, 1984;Pires et al., 1986;Broggi et al., 1994;Costa et al., 1998;Silva, 1999;Migliorini, 1999;Hortensi, 1999;Silva et al., 2002 and an important contribution to tectonic evolution was reported by Alvarenga & Trompette (1993), Alvarenga et al., , 2006. ...
... The ore is comprised of quartz veins and disseminations in the host diamictitic rocks of the Cuiabá Group. According to Alvarenga (1990) and Silva et al. (2002), there are three structural types of quartz veins in some deposits of the region (including the Casa de Pedra), where the first and the second type are in the NE direction and the third is in the NW direction. The first type (1) is parallel to the S0 bedding, the second type (2) is parallel to Sn, and the third (3) is orthogonal (NW) to the regional structure. ...
... The first type (1) is parallel to the S0 bedding, the second type (2) is parallel to Sn, and the third (3) is orthogonal (NW) to the regional structure. Regionally, type 1 and 2 quartz veins are parallel (Alvarenga, 1990 andSilva et al., 2002). Geraldes et al. (2018) reported Ar-Ar ages for the mineralizing process about 541.6 ± 0.4 Ma to 531 ± 0.6 Ma and define the cooling period of regional metamorphic event related to the collision between the Amazonian craton and Paranapanema block, the final stages of the western Gondwana assembly (Barboza et al., 2005). ...
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- Paraguay Belt occupies the western portion of the Tocantins Province, surrounding the Southeast of the Amazonian Craton and the eastern border of the Rio Apa Block, suggesting continuity with Tucavaca Belt in Bolivia. The rocks of the Paraguay belt were initially deposited in a glaciomarine environment in sites proximal to the cratonic area and deeper marine under the influence of turbidite flows in distal sites (Cuiabá Group, Bauxi and Puga Formation). The cap carbonates, thick limestone and dolostone succession of the Araras Group and siltstones and diamictites of the Serra Azul Formation related to Glaskiers glaciation overlay these diamictites (related to Marinoan glaciation). On the top there are terrigenous sediments of the Alto Paraguay Group, represented by sandstones of Raizama and claystones of Diamantino formations, respectively. The belt can be divided into three distinct structural zones: The Internal Domain is comprised of turbidite and glaciogenic sequences. Glaciogenic rocks on the base and carbonaceous and terrigenous sediments on the top occur in the External Domain. Horizontal platformal cover on the Amazonian Craton rocks are characterized by open folds. Structural studies allowed characterization of continuous deformational phases: the main deformational phase generated regional inverse folds with a NE-SW trend and fan geometry. Several regionally widespread lode-type gold deposits related to four types of the quartz veins were identified: type 1 is in concordance to bedding, type 2 is parallel to Sn, type 3 is parallel to Sn+2, and vertical Type 4 (Au-rich) is orthogonal to Sn. Late deformation developed in the Cuiabá region, recorded the closure of the ocean and the invertion where the hydrothermal fluids are the responsible for the orebodies formation. Keywords: Paraguay Belt, Structural, Stratigraphy, Metalogenesis.
... Existe consenso entre alguns dos principais autores de estudos sobre esta região (e.g., Alvarenga & Trompete, 1993;Silva et al., 2002;Vasconcelos et al., 2015) de que a Faixa Paraguai registra uma deformação mais intensa relativa às fases deformacionais iniciais, coaxiais com direção NE e que apresenta ao menos uma fase tardia ortogonal às primeiras. Contudo, de acordo com Alvarenga & Trompette (1993) e Silva et al. (2002), ocorreram quatro fases deformacionais na Faixa Paraguai, enquanto Vasconcelos et al. (2015) associa à evolução estrutural na região do lineamento Cangas-Poconé três fases deformacionais, com pico de deformação e metamorfismo na primeira fase, caracterizado pelo encurtamento principal e metamorfismo de fácies xisto verde zona da biotita e de maior encurtamento progressivo com as fases seguintes. ...
... Existe consenso entre alguns dos principais autores de estudos sobre esta região (e.g., Alvarenga & Trompete, 1993;Silva et al., 2002;Vasconcelos et al., 2015) de que a Faixa Paraguai registra uma deformação mais intensa relativa às fases deformacionais iniciais, coaxiais com direção NE e que apresenta ao menos uma fase tardia ortogonal às primeiras. Contudo, de acordo com Alvarenga & Trompette (1993) e Silva et al. (2002), ocorreram quatro fases deformacionais na Faixa Paraguai, enquanto Vasconcelos et al. (2015) associa à evolução estrutural na região do lineamento Cangas-Poconé três fases deformacionais, com pico de deformação e metamorfismo na primeira fase, caracterizado pelo encurtamento principal e metamorfismo de fácies xisto verde zona da biotita e de maior encurtamento progressivo com as fases seguintes. Bittencourt et al. (2003) descrevem os depósitos auríferos da região de Cuiabá e Poconé como depósitos do tipo filoneanos, encaixados em fraturas e falhas, associados ao preenchimento de dessas estruturas por quartzo (tipo crack-and-seal), com pirita subordinada. ...
... As mineralizações podem ocorrer nos veios V 2 , contudo são mais abundantes nos veios V 3 , principal produto de exploração dos depósitos (Silva et. al., 2002) e que, todavia, são pouco presentes no nível estratigráfico das mineralizações disseminadas, ficando restrito a níveis superiores. A presumível origem metamórfica dos fluídos hidrotermais, associado ao controle estrutural das disseminações e veios são comparáveis a feições comuns em depósitos de Ouro Orogênico (Groves et al., 2003). ...
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The gold mining activity has been traditional in the central-south region of the state of Mato Grosso since the 18th century, when initially the gold extraction took place in the alluviums and currently, they are concentrated in free gold-bearing lodes. However, recent surveys reported the presence of disseminated mineralization, an unusual form of occurrence in the region, in two deposits, Adão Roduí and Jonas Gimenez, respectively located in the municipality of Poconé and the District of Cangas. The main ore consists of gold, in remarkable levels, associated with pyrite and with minor magnetite. This work presents the first characterization of disseminated gold ore contained in these deposits, in concentrations up to 25.15 ppm in total rock and 560.25 ppm in concentrated sulfides. The ore is hosted in rocks of the Cuiabá Group, located in the Paraguay Flexure Belt, of Neoproterozoic age and related to the Brasiliano-Pan African Orogeny. The rocks were metamorphosed at green-schist facies and show evidence of intense hydrothermal alteration type disseminated, veins and stockwork, forming quartz, pyrite, magnetite and gold. The host rocks are thick packages of phyllites and metarhythmites, affected by an intense silicification zone, with preserved sedimentary bedding, superimposed by three progressive deformation phases (D1, D2, and D3), that controlled the pathways for mineralizing hydrothermal fluids. The D1 phase generated the foliation plane-parallel to the sedimentary bedding S1, as well as F1 recumbent folds and a quartz vein family V1 oriented to NE. The second deformational phase D2 is related to a high-angle penetrative foliation S2, axial-plane with open to gentle, asymmetric, and reclined folds F2 and a set of foliated quartz veins V2 of NE direction. The D3 phase has predominantly brittle features and is represented by a set of NW-oriented foliations S3, locally filled with quartz, forming non-foliated V3 veins. The geological aspects of the studied deposits, such as strong structural control, connection with a regional orogenic event, hydrothermally-altered metasedimentary host rocks, and association with quartz veins, are relatable to features observed in deposits classified as Orogenic Gold type, showing similarities with the Paracatu deposit, in Minas Gerais State, including host rocks, hydrothermal alteration, ore minerals, tectonic environment, and age.
... The region has been the target of investigations on tectonic (Alvarenga andTrompette 1993, Trompette 1994;Nogueira et al., 2003;Geraldes et al., 2018), stratigraphic and geochronological studies (Luz et al., 1980;Barros et al., 1982;Pires et al., 1986;Alvarenga and Saes, 1992;Alvarenga and Trompette, 1992;Boggiani et al., 1993;Broggi et al., 1994;Costa et al., 1998;Hortensi, 1999;Alvarenga et al., 2000;Geraldes et al., 2001Geraldes et al., , 2003Silva et al., 2002;Alvarenga et al., 2004;Boggiani and Alvarenga, 2004;Barboza et al., 2006;Tokashiki and Saes, 2008;Dantas et al., 2009) and metallogenetic estudies (Campos et al 1987;Alvarenga, 1990;Pinho, 1990;Miranda 1997;Martinelli 1998;Silva et al 2006;Geraldes et al., 2008;Barboza et al., 2018). ...
... Quartz veins with the best gold content are orthogonal to the Paraguay Belt structure and were interpreted as late-orogenic by Pires et al. (1986), Silva (1990), Alvarenga (1990), Alvarenga and Gaspar (1992), and Alvarenga and Trompette (1993). Subsequently Silva et al. (2002) used structural aspects as criteria and suggested that orthogonal veins are extensional structures related to the first phase of deformation. Data obtained in this work allowed to verify that the spatial orientation, geometry and field relations allowed to recognize three types of quartz veins (Fig. 3). ...
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The Cangas-Poconé deposits are hosted in the metasedimentary rocks of the Cuiaba Group, into the inner portion of the Paraguay Belt (Brazil). They occur in a belt (~1200 m) where the host rocks are graphitic phyllites, metadiamictites, metasiltites and sandstones metamorphosed in greenschist facies. In these deposits gold occurs free or included in pyrite related to three types of quartz veins, parallel to Sn (V1), parallel to Sn+1 (V2) and orthogonal (V3) which are rich in gold. The study of outcrops in regional profiles, open mines for gold exploration and drilling holes in the Cangas-Poconé alignment indicate that the preferential location of gold mineralization at (Cangas Facies) is related to the existence of strong lithological control of the mineralizations. The Cangas facies present low permeability of rhythmite, structural arrangement of permeability barriers S0 and S1 at high angle with respect to the fluid migration path and mainly the presence of ferruginous levels acting as geochemical barriers for precipitation of metals in solution in the fluid. The knowledge that gold concentration is related to sedimentary control is important for regional exploration and is a guide for local miners.
... Evans (1894) described folded sedimentary rocks in the northern sector of the belt. The Paraguay belt has been subject of several studies focusing different features as whole-rock geochemistry (Alvarenga and Saes, 1992;Alvarenga and Trompette, 1993;Boggiani et al., 1993;Boggiani et al., 1999;Alvarenga et al., 2004, Boggiani andSilva et al., 2002;Nogueira et al., 2007;Romero et al., 2012;Bandeira et al., 2012;Babinski et al., 2012), stratigraphy (Silva et al., 2002;Alvarenga et al., 2000;Nogueira and Riccomini, 2006;Babinski et al., 2006), and magmatism (Martinelli, 1998;Martinelli and Batista., 2006). Also, tectonic aspects of the Paraguay Belt have been discussed in Alvarenga and Trompette (1993), Trompette (1994), Tohver et al., (2006), Nogueira et al. (2003) and Barboza et al. (2005). ...
... Evans (1894) described folded sedimentary rocks in the northern sector of the belt. The Paraguay belt has been subject of several studies focusing different features as whole-rock geochemistry (Alvarenga and Saes, 1992;Alvarenga and Trompette, 1993;Boggiani et al., 1993;Boggiani et al., 1999;Alvarenga et al., 2004, Boggiani andSilva et al., 2002;Nogueira et al., 2007;Romero et al., 2012;Bandeira et al., 2012;Babinski et al., 2012), stratigraphy (Silva et al., 2002;Alvarenga et al., 2000;Nogueira and Riccomini, 2006;Babinski et al., 2006), and magmatism (Martinelli, 1998;Martinelli and Batista., 2006). Also, tectonic aspects of the Paraguay Belt have been discussed in Alvarenga and Trompette (1993), Trompette (1994), Tohver et al., (2006), Nogueira et al. (2003) and Barboza et al. (2005). ...
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The Paraguay Belt is composed by sediments deposited due to extensional events followed by inversion with deformation and magmatism and lastly collision of the Amazonian Craton and Paranapanema Block. The marine sedimentation, with Neoproterozoic ages, should have occurred in a continental shelf region, at about 800-550 Ma, when the closing of many oceans gave place to the amalgamation of the Gondwana supercontinent. Three areas were selected for this study which configuration define the perpendicular profile of the Paraguay Belt and allow the characterization of the main regional structures. The structural analysis in the sites here reported and surrounding areas allow suggesting that three deformational events are recorded in the rocks of this region. The sedimentary bedding S0, marked by alternations of dark gray and whitish coloration in the seritic phyllites is folded and the axial plane (Sn) is marked by a cleavage of ardosian. These surfaces are cut by two other deformations, Sn + 1 surface that plunges at high angles to SE as fracture cleavage and Sn + 2 that is orthogonal to the previous deformations and has NW-SE direction with vertical dips, where sometimes occurs quartz veins with high gold content. The Paraguay Belt fan geometry observed in the Sn foliation was developed during the closing of a Brazilian ocean that evolved between the Paranapanema Block and the Amazonian Craton.
... Based on previous geological studies of the region (Luz et al. 1980;Alvarenga and Trompette 1993;Migliorini 1999;Silva et al. 2002) and a survey of the geodiversity elements present in the central part of Cuiabá (Costa et al. 2019), it was found that in the Morro do Seminário (the hill where the Church of Nossa Senhora do Bom Despacho (Figure 7) was built, there is a 'reverse fault', typical of areas where a rock deformation activity occurred. Currently, the fault wall is covered by a large masonry wall supporting the hill slope, which makes it impossible to observe the fault's structural elements. ...
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Gold was abundant in the city of Cuiabá and was the starting point for is emergence and development. Bandeirantes (explorers/fortune hunters during the colonial period), mostly coming from São Paulo, made their expeditions into inland Brazil firstly to capture and enslave natives and, in this process, discovered important alluvial deposits associated with the rivers in the region. Today, this precious metal is still present and being prospected in the Baixada Cuiabana region, and is found preserved (impregnated and visible) in the plaster of the walls of the Church of Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, for example. Many buildings in the central areas were built and adorned with ex situ geological material such as ironstone and blocks of milky quartz, and some of these buildings are identified in this work as an example of the use of geodiversity as a constructive and historical element. Ironstone is described as a solid, reddish sedimentary rock resulting from a chemical alteration process (lateritization), and the quartz blocks come from gold veins that cut the rocks of the Cuiabá Group, in the Baixada Cuiabana region. In addition to these materials that are present in some locations and represent geodiversity elements, an in situ example of geodiversity is described. It is an exposed geological fault that stands out in the landscape, located in an aligned hill where historic constructions were built. Because it is of unique geoscientific interest and preserved within the central urban boundary of the city of Cuiabá, this place can be considered the first geosite, which is described in the present work.
... The gold occurrences in the Cuiabá Group are related to the sedimentary protolith (clastic origin) or concentrated in quartz veins that cross-cut metasedimentary units of hydrothermal origin (Pires et al., 1986;Silva et al., 2016). In addition, gold occurs in lateritic sedimentary covers, which are resulted of supergenic processes, related to the evolution of lateritic eluvial covers on lithologies previously mineralized (Del'Rey Silva, 1990). ...
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The state of Mato Grosso (MT) is the fifth largest gold producer in Brazil, with much of it coming from the Baixada Cuiabana region. In this region, gold occurs in primary deposit associated with quartz veins and their host metasedimentary rocks of the Cuiabá Group and secondary sedimentary deposits (such as colluviums, alluviums and eluviums), the latter being quite profitable and easy to exploit. The gold exploitation in these areas often results in deforestation of the Pantanal biome, as mining uses random subsoil scarification to locate the deposits. In this study, the Ground Penetrating Radar (GPR) geophysical method was applied to differentiate and locate alluvial, colluvial and eluvial deposits. This may help to mitigate the local deforestation process. Thus, the acquisition of GPR data took place in a gold mine located in the municipality of Nossa Senhora do Livramento. The GPR recordings were done with a 200 MHz shielded antenna, along with ditches and gravel exposures. The results show variability of the electromagnetic wave velocity between 0.085 to 0.146 m/ns, with normalized amplitudes of-1 to 1 ranging between maximum values of-0.8 and 0.8. The lowest velocity values were found for gravels of alluvial origin. The intermediate velocity of 0.090 m/ns is associated with eluviums and the highest velocity (0.146 m/ns) is associated with gravel of colluvial origin. GPR was efficient to distinguish secondary sedimentary deposits in the Baixada Cuibana, becoming a prospective alternative for the region.
... Four deformation phases have been proposed to affect the rocks of the Northern Paraguai Belt (Luz et al. 1980;Souza 1981;Alvarenga 1986Alvarenga , 1990Pires et al. 1986;Del'Rey Silva 1990;Alvarenga & Trompette 1993;Silva 1999a, b;Silva et al. 2002;Costa et al. 2015;Vasconcelos et al. 2015). The first phase (D 1 ) is thought to be responsible for the main deformation of rocks of the Cuiabá Group, exposed in the Internal Zone as isoclinal to tight folding, with an associated NE-SW-trending cleavage (S 1 ) and NE-SW reverse faults. ...
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The Northern Paraguai Belt, at the SE border of the Amazonian Craton, central Brazil, has been interpreted as a Brasiliano–Pan-African (c. 650–600 Ma) belt with a foreland basin, recording collisional polyphase tectonism and greenschistfacies metamorphism extending from the late Precambrian to the Cambrian–Ordovician. New structural investigations indicate that the older metasedimentary rocks of the Cuiabá Group represent a Tonian–Cryogenian basement assemblage deformed in two contemporaneous fault-bounded structural sub-domains of wrench-dominated (rake <10°) and contraction-dominated (rake ∼30–40°) sinistral transpression, with tectonic vergence towards the SE. The younger late Cryogenian to early Cambrian sedimentary rocks lying to the NW of the Cuiabá Group are non-metamorphic and display only pervasive brittle transtension characterized by normal-oblique faults, fractures and forced drag folds with no consistent vergence pattern. Our analyses suggest that an unconformity separates the metasedimentary Cuiabá Group basement of the Northern Paraguai Belt from the unmetamorphosed sedimentary cover. It is proposed that the latter units were deposited during a post-glacial marine transgression (after c. 635 Ma) in a post-collisional basin. The Paraguai Belt basement and its post-collisional sedimentary cover share a number of significant geological similarities with sequences in the Bassarides Belt and Taoudéni Basin in the SW portion of the West African Craton.
... The petrographic characterization combined with X-ray diffraction data allowed the identification of minerals associated with lowgrade metapelitic rocks, such as sericite and albite, and they were observed to be in equilibrium with graphite; kaolinite and tosudite being weathering products. The temperature range identified in this study is slightly lower than the greenschist facies recorded in the internal zone of the Paraguay Belt (e.g., Almeida, 1964Almeida, , 1965Alvarenga and Trompette, 1993;Silva et al., 2002) and suggests a decreasing metamorphic grade towards its external zone. ...
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The Peresopolis graphite deposit is located northeast of Brasilândia Town in Mato Grosso State (Brazil). It consists of an 1800 m long, 200 m wide low-crystallinity graphite-bearing tabular layer that trends ENE and dips 65°ESE. The deposit is hosted in carbonaceous phyllites, which along with basal metadiamictites and upper metarenites make up the upper unit (Coxipó Formation) of the Cuiabá Group in the late Cryogenian to Cambrian Paraguay Belt (ca. 650-500Ma). The carbonaceous phyllites show a mineral assemblage consisting mostly of graphite-quartz-muscovite-albite and pyrite and dolomite to a lesser extent; alteration minerals include tosudite and kaolinite. XRD analysis confirmed the gangue material and defined the graphite as low-order crystallinity. Carbon isotope data for graphite ore returned a light and very restricted range of δ¹³Corg between −29 and −28‰ suggesting organic matter as the source of carbon. One hundred and sixty measurements of Raman graphite spectrum returned a well-fit between full width at half maximum parameter (FWHM) which allowed its use as a geothermometer. Resulting temperatures are in the range between 285 and 300 °C ± 30 °C, indicating low-to very-low metamorphic conditions for transformation of organic matter into amorphous graphite. The deposition of the organic matter should have taken place in an outer slope of a glaciomarine system and its transformation into the ore occurred because of deformation and low-grade metamorphism related to the development of the Neoproterozoic Brasiliano/Pan-African Orogeny (850-500Ma).
Conference Paper
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RESUMO: O comportamento dos solos na região da Baixada Cuiabana são típicos de solos tropicais, onde existe um neosolo residual, que aflora praticamente em toda a porção central e norte das cidades de Cuiabá e Várzea Grande e corresponde a um solo argilo-siltoso. Estes solos são formado por metargilitos ou filitos de cor cinza esverdeada a marrom avermelhada, normalmente sericíticos, estratificações plano-paralelas e clivagem ardosiana. Sua mineralogia predominante são argilominerais do tipo 2:1, portanto, estes solos são potencialmente expansivos. Este trabalho analisa a estabilidade dos taludes de corte de uma obra em Cuiabá, MT de modo determinístico, traçando assim um plano de segurança dos taludes e dos operários na escavação neste tipo de solo. As simulações foram realizadas a partir de dados de ensaios de laboratório e geometria da obra, para rupturas globais e locais. Os resultados foram satisfatórios para os taludes com angulos de mergulho da xistosidade a favor da segurança. Taludes com angulo de mergulho desfavorável à segurança obtiveram coeficientes de segurança baixos para rupturas planares e locais, porém estes coeficientes alcançados foram sempre maior que 1. PALAVRAS-CHAVE: Estabilidade de Taludes, Expansão, Solos Residuais, Fator de Segurança.
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BRAS1LIANO TECTONIC EVOLUTION OF THE PARAGUAY BELT: THE STRUCTURAL DEVELOPMENT OF THE CUIABÁ REGION. Late Proterozoic sediments and metasediments are present along the tranS1tion zone between the Amazonian Craton to the northwest and the Paraguay Belt to the southeast in the Cuiabá region, Mato Grosso. In the Paraguay Belt, these rocks have been affected by the BraS1liano Orogeny, characterized by increaS1ng deformation and metamorphism from the craton towards the fold belt The metamorphic evolution is determined by the illite crystallinity index. Four closely related phases of deformation (D1 to D4) are distinguished in the Paraguay Belt. The trend directions of Dl, D2 and D3 are almost identical (NE-SW) whereas D4 is transverse (NW-SE). The first phase Dl is the most preeminent, and is contemporaneous with the regional metamorphism. It produced tight and isoclinal Fl folds to the east and open folds F1 to the west, and associated S1 cleavage. The D2 and D3 phase conS1st mainly of local crenulation cleavages (S2 and S3). D4 phase is characterized by regional slight transverse folds. RESUMO Sedimentos e metassedimentos do Proterozóico Superior estão presentes ao longo da zona de tranS1ção entre o Cráton Amazônico à noroeste e a Faixa Paraguai, a sudeste, na região de Cuiabá, Mato Grosso. Na Faixa Paraguai, as rochas foram afetadas pela Orogênese Brasiliana que apresenta características de aumento da deformação e do metamorfismo da região cratônica em direção a faixa dobrada. A evolução metamórfica foi determinada pelos índices de cristalinidade da illita. Quatro episódios sucessivos de deformação progressiva (D1 a D4) são identificados na faixa. As três primeiras fases (D1 a D3) são quase co-axiais com direção NE-SW, enquanto a fase D4 é transversal (NW-SE). A primeira fase D1 é a mais proeminente, e contemporânea com o metamorfismo regional. Ela inclui dobras fechadas e isoclinais (sudeste) a dobras abertas (noroeste) com associada clivagem S1. As fases D2 e D3 estão representadas principalmente por uma clivagem de crenulação de caráter local (S2 e S3). A fase D4 é caracterizada por amplos dobramentos regionais. Palavras-chave: Orogênese BraS1liana, Geologia Estrutural, Mato Grosso, Faixa Paraguai.
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The structure of vein-type gold deposits is defined by the shapes and geometrical relationships of mineralized bodies, the form of the mineralization making up these bodies, and the sequence of vein-forming events. Most mineralized zones occur within, or are spatially associated with shear zones, especially shear zones in larger systems of intersecting shear zone sets. They range in shape from tabular to linear, and in form from disseminated, to breccia, to stockwork or sheeted veinlet zones, to single veins. There typically is a complex history of mineral deposition which overlaps, and is genetically related to, the deformation that generated the host structural zone. The purpose of this paper is to consider the structural features of vein-type deposits in relation to the geometrical properties and evolution of veinhosting fractures, particularly shear zones. The evidence indicates that veins are localized by tectonically-generated dilatancy in an environment of low mean stress caused by high fluid pressure. It is proposed that a major cause of tectonic dilation of shear zones is the interference between intersecting shears during bulk, inhomogeneous flattening by movement on systems of intersecting shear zone sets.
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Late Proterozoic (probably early Vendian, 610-590 Ma) glaciogenic and turbiditic sediments and metasediments are present along the transitional zone between the Amazonian Craton to the northwest and the Paraguay Belt to the southeast, in the Cuiabá region, Mato Grosso, Brazil. A few exposures of diamictites are associated with conglomerates and graded pebbly sandstones on the cratonic fringe and pass southeastwards into fine-grained sediments deposited in the deeper part of the probably marine basin. In the Paraguay Belt, these rocks have been affected by the Brasiliano Orogeny, possibly around 570 Ma. They show increasing deformation and metamorphism from the craton towards the fold belt.
Ouro no Grupo Cuiabá Mato Grosso: Controles estruturais e implicações tectônicas
  • Rey Del
  • L J H Silva
Del'Rey Silva L.J.H. 1990. Ouro no Grupo Cuiabá, Mato Grosso: Controles estruturais e implicações tectônicas. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 36., Natal, 1990, Anais, 6: 2520-2534.
Caracterização de mineralizações auríferas do Grupo Cuiabá: estudos preliminares
  • C H Silva
  • L S A Simões
Silva C.H. & Simões L.S.A. 1998. Caracterização de mineralizações auríferas do Grupo Cuiabá: estudos preliminares. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 40, Belo Horizonte, Anais, 126.